PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO - UFSC
DISCIPLINA: COMPLEXIDADE E CONHECIMENTO NA SOCIEDADE EM REDES
SEMINÁRIO VII
A MENTE CORPÓREA
CIÊNCIA COGNITIVA E EXPERIÊNCIA HUMANA
Francisco Varela
Evan Thompson
Eleanor Rosch
Equipe: Andreza, Juliana, Paulo e
Soraya
UFSC, 2012
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
PARTE V
MUNDOS SEM FUNDAMENTO
A VIA INTERMEDIÁRIA
ESTABELECENDO UMA VIA AO CAMINHAR
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
A VIA INTERMEDIÁRIA
• “A nossa viagem trouxe-nos agora ao ponto em que podemos
apreciar o fato de que aquilo que tomamos por uma base
sólida é na realidade mais como areia movediça debaixo dos
nossos pés.”
• Descobrimos que a nossa cognição emerge do pano de fundo
de um mundo que se estende para além de nós mas não pode
ser encontrado separadamente da nossa corporalidade.
• As formas de ausência de fundamento são na realidade uma
só: organismo e ambiente embrulham-se um com o outro e
desembrulham-se um do outro na circularidade fundamental
que constitui a própria vida.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
A VIA INTERMEDIÁRIA
• Os autores agora buscam analisar diretamente a ausência de
fundamento sobre a qual fizeram inúmeras referências.
• “Se o nosso mundo apresenta uma ausência de fundamento,
como é possível compreender a nossa experiência cotidiana
nele?”
• “Como poderíamos não experimentar o mundo como
independente e com fundamentos sólidos?”
• A nossa situação histórica requer não apenas que
abandonemos o fundacionalismo filosófico, mas igualmente
que aprendamos a viver num mundo sem fundações.
• A ciência por si só é incapaz de executar essa tarefa.
• A tradição Madhyamika (budismo) tem como ponto focal a
ausência de fundamento.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
AS DUAS VERDADES
A análise da mente em elementos básicos e fatores mentais
estão divididos em duas distinções:
• Verdade absoluta: composta pelo elemento básico que é a
existência, onde a experiência podia ser analisada e a verdade
relativa ou convencional, que era a experiência comum.
• Verdade relativa: é o mundo fenomenal, cadeiras, pessoas,
espécies e a concorrência disso ao longo do tempo.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
A AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO NO PENSAMENTO
CONTEMPORÂNEO
• O mundo contemporâneo tornou-se altamente sensível à
questão da ausência de fundamento, devido a inúmeras
razões históricas, políticas, arte, ciência e a reflexão filosófica.
• A tradição ocidental, baseada em raciocínio filosófico e nas
práticas científicas, e a tradição do pensamento budista,
baseados nas experiências do mundo através da atenção e da
conscientização.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
INTERPRETACIONISMO
• O interpretacionismo fornece uma crítica penetrante do
objetivismo. Para ser objetivo, diz o interpretacionalista, seria
necessário ter algum conjunto de objetos independentes da
mente, para serem designados pela linguagem ou conhecidos
pela ciência.
POTENCIAL TRANSFORMADOR
• “A verdade absoluta não pode ser ensinada separadamente das
práticas diárias. Sem compreender a verdade absoluta, a
liberdade não é atingida.” Nagarjuna
• Um sentimento sincero de interesse compadecido pelos outros
pode substituir a ansiedade constante e a irritação da
preocupação egoísta.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
CIÊNCIA E EXPERIÊNCIA EM CIRCULAÇÃO
• Neste capítulo final, os autores retornam ao que disseram no
prefácio, que o tema do livro seria a circulação entre ciência
cognitiva e experiência humana.
• E indicam que ambos os extremos do absolutivismo e do
niilismo podem ser vistos na ciência cognitiva contemporânea:
• O extremo absolutista é fácil de encontrar, uma vez que, apesar de
outras diferenças, as variedades do realismo cognitivo partilham a
convicção de que a cognição é baseda na representação de um
mundo preestabelecido por um sujeito preestabelecido.
• O extremo niilista é menos aparente, mas já vimos que surge
quando a ciência cognitiva descobre a não unidade do self, embora
ignore a possibilidade de uma abordagem transformadora da
experiência humana.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
O NIILISMO E A NECESSIDADE DE PENSAMENTO
PLANETÁRIO
• O niilismo está de fato profuntamente ligado ao objetivismo,
uma vez que o niilismo é uma resposta extrema ao colapso do
que parecia fornecer um ponto de referência seguro e absoluto.
• No coração da filosofia e na prática da via intermédia no
budismo, está uma apreciação da fonte comum do objetivismo
e do niilismo. Os autores dizem que estamos simplesmente mal
informados quando partimos do princípio de que a
preocupação com o niilismo é um fenômeno moderno de
origem greco-europeia.
• Atualmente, o niilismo é uma questão tangível não apenas para
a nossa cultura ocidental mas para o planeta como um todo.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
NISHITANI KEIJI
• Os autores trazem as constatações de uma das figuras centrais da
filosofia japonesa do século XX, Nishitani Keiji.
• Os autores afirmam que
• A ciência objetivista, pelos seus próprios ideiais, bem como pelo seu próprio
contexto histórico na nossa sociedade, manteve um papel de neutralidade
ética, que foi progressivamente posta em causa no discurso social do nosso
tempo. A necessidade de um pensamento planetário força-nos a considerar
a ausência do fundamento, quer seja evocada pela ciência cognitiva ou pela
experiência em toda a sua abrangência num contexto humano total. Não foi
o self considerado o detentor de uma potência moral e ética? Se pusermos
em causa a ideia do self, o que é que perdemos no mundo?
• A dimensão ética do ego e da ausência do ego estão no âmago da
tradição budista.
SEMINÁRIO VII – A MENTE CORPÓREA
ÉTICA E TRANSFORMAÇÃO HUMANA
• A construção planetário requer a corporalidade da
preocupação pelo outro, com quem atuamos no mundo. A
tradição de atenção/consciencialização oferece uma via
através da qual isto pode realmente ser obtido.
• O estudante da atenção/consciencialização trabalha de forma
precisa o que a mente está a fazer, o seu apego impaciente e
perpétuo, momento a momento. Isto permite ao estudante
eliminar algum do automatismo dos seus padrões habituais, o
que conduz uma atenção mais profunda, começa a verificar
que não existe qualquer self na sua experiência real.
COMPAIXÃ; MUNDOS SEM FUNDAMENTO
• Já estamos direcionados para o outro mesmo na nossa
condição mais negativa e egocêntrica;
• Nesta pespectiva, o nosso impulso natural é o da compaixão,
mas foi obscurecido por hábitos de apego ao ego;
• No entanto o efeito último dessas práticas de
atenção/conciencialização é eliminar todos os hábitos
egocêntricos de modo que o praticante possa entender o
estado de sabedoria e a ação compassiva possa surgir direta e
espontaneamente da sabedoria.
ATITUDE DE PREOCUPAÇÃO
• Uma atitude de preocupação deverá ser desenvolvida e
incorporada através de uma disiciplina que faculita o largar de
habitos de centralização no ego e permite que a compaixão
se torne espontânea e automatica.
• Os indivíduos deverão descobrir pessoalmente e admitir o seu
próprio sentido de ego para poderem ir para além dele.
Embora isto aconteça ao nível individual, apresenta aplicações
para a ciência e para asociedade.
O caminho para uma resolução redicalmente diferente
• Tomar a ausência de fundamento como negativa, como uma perda,
conduz a um sentimento de alienação, de desespero, perda de
ânimo e niilismo. A cura indicada na nossa cultura é encontrar um
novo fundamento ou regressar a fundamentos mais antigos;
• A tradição de atenção/consciencialização indica o caminho para uma
resolução radicamente diferente. No budismo temos o caso de que
quando a ausencia de fundamento é adaptada e seguida até as
ultimas conclusões, o resultado é um sentimento incondicional de
bondade intrínseca que se manifesta no mundo sob a forma de
compaixão espontânea;
• O entendiemnto da ausencia de fundamento como capacidade de
resposta não egocêntrica obriga a que reconheçamos o outro com
quem co-originamos dependentemente.
“ Se a nossa tarefa nos anos que se seguem, conforme
acreditamos, é a de construir e habitar num mundo
planetário, então deveremos aprender a desenraizar e libertar
a tendência para o apego, especialmente no âmbito das suas
manifestações coletivas.”
FIM
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