“O homem é, basicamente, um criador de imagens, e nossa substância psíquica consiste de imagens; nossa existência é imaginação. Somos de fato de igual matéria da qual os sonhos são feitos”. James Hillman Poesia como gênero literário Poesia como olhar imaginativo arte que se manifesta, esteticamente, através da palavra e cuja origem confunde-se com a origem da própria linguagem Transver: o verbo da imaginação “O olho vê, a lembrança revê e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo”. (Manoel de Barros) “O rio que fazia uma volta atrás da nossa casa era a imagem de um vidro mole... Passou um homem e disse: Essa volta que o rio faz... se chama enseada... Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás da casa. Era uma enseada. Acho que o nome empobreceu a imagem”. (Manoel de Barros) Transver é vivenciar a alma das coisas. E alma não é uma substância, é uma perspectiva. (Hillman) “As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis: Elas desejam ser olhadas de azul”. (Manoel de Barros) A poética em lugar da ciência; A desliteralização do mundo; A importância das imagens; «Hoje eu atingi o reino das imagens, o reino da despalavra. Daqui vem que os poetas devem aumentar o mundo com suas metáforas. Daqui vem que os poetas podem compreender o mundo sem conceitos. Que os poetas podem refazer o mundo por imagens, por eflúvios, por afeto.» (Manoel de Barros) “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra” (Adélia Prado) As imagens têm importância central para a psicologia junguiana, seriam elas a linguagem que a alma se utiliza para falar de si própria. Jung dá grande importância aos mitos, contos de fada, sonhos e fantasias, por acreditar que estas imagens trazem consigo elementos arquetípicos que constituem os fundamentos da alma. As imagens são também a base da psicologia Arquetípica de Hillman. A ambiguidade da imagem impossibilita a cilada de um caminho único, de um destino enrijecido pela cegueira do olhar imaginativo. processo que envolve mais desconstrução do que construção; dessaber do que saber. “Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma”, como sugere Manoel de Barros. “O homem, não podendo mais sonhar, pensou” Ernest La Jeunesse Na perspectiva junguiana, o Self é uma imagem arquetípica do potencial mais pleno do homem e a unidade da personalidade como um todo. Para Jung, ele ocupa a posição central de autoridade com relação à vida psicológica e, portanto, do destino do indivíduo. Atualmente, há vasta discussão sobre o tema, olhares divergentes, divergências que podem muito bem caminhar, juntas, ao encontro da essência. O Self na perspectiva poética: o Grande Poeta Evocado pela Poesia, podemos personificar o Self, atribuindo-lhe a função de Mensageiro, através da emanação de imagens poéticas. A existência é a imaginação, conforme intuiu Hillman. O Grande Poeta irá nos presentear com poemas tecidos com os fios de nossa singularidade, e então conheceremos pequenos êxtases, restituiremos a vida das coisas, da nossa história, das experiências vivenciadas e dos sentimentos verdadeiramente sentidos. “Tudo o que não invento é falso” Manoel de Barros