Inculturação: como acontece Dinâmica da deslocação dos missionários. Existem as culturas diferentes, portanto cada missionário é diferente. Observar cautelosamente o processo de entrosamento/inculturação/adaptação do missionário. Compreender – acolher – aceitar – desafiar. EXISTEM DIVERSAS CULTURAS NO MUNDO VARIEDADE GEOGRÁFICA DO PLANETA Alguns conceitos CULTURA aculturação Transculturação Interculturação Inculturação Multiculturalidade Interculturalidade O QUE É A CULTURA? CULTURA 1. A cultura como um setor ou uma esfera das atividades humanas, ao lado da esfera sócio-política e econômica, neste caso, a cultura e considerada “ideológica” no sentido amplo (educação arte, religião e atividades espirituais). 2. A cultura como totalidade das atividades humanas incluindo as atividades sócio-politica, econômica e ideologia, seja na esfera material, intelectual, espiritual ou simbólica. SOCIALIZAÇÃO: é a assimilação de hábitos característicos do seu grupo social, todo o processo através do qual um indivíduo se torna membro funcional de uma comunidade, assimilando a cultura que lhe é própria. INCULTURAÇÃO: é um método de acrescentar a sua cultura, aspectos culturais de um determinado povo. O processo de aprender a cultura do outro. ACULUTURAÇÃO: é um processo que implica a recepção e a assimilação de elementos culturais de um grupo humano por parte de outro. Desta forma, um povo adquire uma nova cultura ou certos aspectos da mesma, usualmente em detrimento da cultura própria e de forma involuntária. A colonização costuma ser a causa externa de aculturação mais comum. O QUE É A CULTURA? TRANSCULTURAÇÃO: é o processo que ocorre quando um indivíduo adota uma cultura diferente da sua, podendo ou não implicar uma perda cultural ou em outras palavras transportar os elementos de uma cultura para outra. INTERCULTURAÇÃO: é o processo em que as culturas relacionando entre-se ao mesmo tempo. MULTICULTURALIDADE: é o reconhecimento das diferenças, da individualidade de cada um. INTERCULTURALIDADE: é o processo quando duas ou mais culturas entram em interação de uma forma horizontal e sinérgica, tendo um objetivo comum. Para tal, nenhum dos grupos se deve encontrar acima de qualquer outro que seja, favorecendo assim a integração e a convivência das pessoas. Seja pessoa sociável dentro da sua cultura de origem AMBIENTE MISSÕES Deslocado em meio a uma nova cultura, busca preencher essa lacuna estabelecendo relações e, dessa forma, criando laços com a cultura acolhedora. RELIGIOSO AD GENTES Quem não tem raízes fortes na sua própria casa se sente deslocado quando inserido em uma outra cultura (estrangeira). Três fases processuais da inculturação cultura Dificuldades na fase inicial comida solidão Três fases processuais da inculturação Mecanismos para a lidar com a situação Observação das atitudes dos Missionários e Missionárias frente à INCULTURAÇÃO Com raízes fortes na própria cultura EXCELENTE TRABALHO Sem raízes fortes na própria cultura SUPERFICIALIDADE NA MISSÃO Fases do processo de INCULTURAÇÃO 1. NOVIDADE (+ ou – 2 meses) O (A) missionário (a) sente-se feliz por estar em um país diferente. Quer conhecer as coisas. Ele é também uma novidade. 2. DOR (Depende da idade e cultura de origem - Pode durar até 2 ou 3 anos) O (A) missionário (a) se deslumbra ao defrontar-se com problemas de adaptação (língua, incerteza do futuro, sensação de deslocamento). Isso faz com que critique tudo o que existe no país hospedeiro. Pode entrar em profunda desordem, pois o que era bonito, não é mais. É importante: oração pessoal, participar das atividades comunitárias e direção espiritual. 3. INDEPENDÊNCIA (Pode durar até 2 ou 3 anos) O (A) missionário (a) já assimilou a língua e a cultura. Expressa seus pensamentos e a sensação de deslocamento vai desaparecendo. Começa a se abrir e busca se afirmar e encontrar o seu lugar. Aos poucos adquire a confiança dos outros e vai entrando na dinâmica da proposta da congregação ou entidade a que pertence. Tornar-se nativo Tornar-se gueto bom • Implica assimilar a nova cultura da maneira mais completa possível; • A nova cultura é vista como uma coisa boa e a de origem como algo inferior; • O objetivo é tornar-se o mais preciso possível com os membros da cultura hospedeira, de modo que não percebam as diferenças com muita facilidade. • A nova cultura é vista com um olhar bastante crítico e a de origem é supervalorizada; • A consequência prática é a construção de um gueto para a manutenção dos velhos hábitos da cultura de origem (comida, música, etc.); • Esse modelo parece estável. Duraria por muito tempo, mas não é uma forma alegre de viver, o missionário provoca miséria para todos os outros. • É o caminho do meio entre os extremos; • Tanto a nova quanto a cultura de origem são vistas como conjuntos que englobam aspectos positivos e negativos; • O objetivo é uma adaptação que possibilite uma relação saudável com os membros da nova cultura; Estrangeiro Três modelos da INCULTURAÇÃO Comparando os modelos explicativos do processo de adaptação e assimilação de uma nova cultura, percebemos que a inculturação se apresenta como um processo a ser confrontado e superado para o sucesso do trabalho missionário, que deve ser feito de maneira individual. Como posso ser um “bom estrangeiro”? Bom Estrangeiro • Posso tornar bom estrangeiro a partir de - sendo hóspede na casa do outro - aprendendo tirar o sapato na casa do outro - entrando no jardim cultural do outro Três imagens: bom estrangeiro Missionário como hóspede Missionário como hóspede na casa dos outros. Ao nos aproximarmos de outro povo, outra cultura e outra religião, nosso primeiro dever é tirar os sapatos - pois o lugar do qual nos estamos aproximando é sagrado. Caso contrário, podemos nos descobrir pisando no sonho de outra pessoa. Mais sério ainda: podemos esquecer que Deus lá estava antes que chegássemos. 1. Aprender tirar os sapatos O primeiro aprendizado é saber o significado de tirar os sapatos no processo de ir à cultura do outro. “Tire as sandálias dos pés, por que o lugar onde você está pisando é um lugar sagrado” (Êxodo 3:5) foi a ordem do Senhor Deus a Moisés. As sandálias representam o que está amoldado ao nosso pé, é a forma que acompanha nosso feitio, nossos calos. A ordem de tirar as sandálias significa retirar de nós o habitual que nos envolve e reconhecer que a cultura onde estamos é sagrada. No processo de socialização na nossa cultura, habituamo-nos a determinados padrões e condutas que se tornam nosso sapato. Com esse sapato caminhamos pela vida. O sapato representa a proteção indispensável entre o ser e seu meio. Nesse processo, há uma importante interação entre os pés e o sapato. Este nos protege pela sola, mas para que cada passo seja confortável ao pé e para que ele não se desapegue é preciso que o corpo do sapato vá se ajustando à forma do nosso pé. O chão é o pavimento da vida e ele não se ajusta à nossa pisada. De tanto em tanto, temos que retirar o sapato e tocar o solo com a planta do pé. 1. Aprender tirar os sapatos A natureza do missionário é estar em constante movimento. Do nosso movimento de uma cultura para outra, as nossas bagagens da cultura de origem deslocam se, como se fossem os apelos das aeromoças depois do pouso da aeronave na pista: “Cuidado ao abrir os compartimentos de bagagem, pois os objetos podem ter se deslocado durante a viagem”. Na nossa viagem missionária nada estará no lugar em que deixamos, pois as bagagens culturais, religiosas e familiares deslocam-se durante a viagem. O segredo de tirar os sapatos encontra-se no aprendizado do missionário: o que deve ser preservado e o que deve ser eliminado no processo de viagem de uma cultura para outra. 2. Aprender se tornar bom hóspede O religioso missionário, antes de tudo, é um hóspede que estabelece sua morada na casa do outro povo e de outra cultura. O hóspede, no modo geral, cria uma situação de dependência em relação a outro povo e outra cultura. O hóspede tem como obrigação apreciar e aceitar o que é oferecido, qualquer que seja a oferta, pois está numa casa emprestada. Ser hóspede é uma condição necessária para o missionário no processo de viagem. O hóspede tem que ter a consciência de que mesmo em condições melhores, mesmo em circunstâncias mais apropriadas à nossa visão de mundo, o que se viveu é parte de uma terra deixada. Um bom hóspede sempre toma consciência de um simples saber: saber deixar e saber chegar. Ninguém deve chegar a uma determinada cultura sem a disposição para o diálogo e para acolher o outro. A formação deve oferecer os momentos adequados de reflexão aos seus membros em seus traslados de uma cultura para outra, para que possam adquirir a tranquilidade e tornarem-se bons hóspedes na casa dos outros, e possam, também, compreender o significado do discipulado no seguimento de Jesus (Lc, 9, 57-58). 3. Entrar no Jardim do outro Todas as culturas apresentam o jardim como lugar de flores variadas e pequenas plantas que embelezam, principalmente, o lar das famílias ou das grandes cidades. O jardim é lugar onde se percebe a dificuldade de produzir uma bela flor e, ao mesmo tempo, sem esforço crescem as ervam daninhas. A beleza do jardim depende do capricho do jardineiro e também depende das forças da natureza e outros fatores que se encontram fora do seu controle que determinam o resultado final. A nossa imagem do jardim seria o “jardim cultural” onde em muitas culturas o status, identidade e o mundo de pensamento são associados à quantidade de flores e plantas no jardim. Enquanto o missionário tenta passar para um outro mundo cultural ele precisa ter a consciência do resultado teológico e as consequências que acompanham. Duas atitudes em relação a Jardim do outro Se a atitude inicial de alguém é aquela que, a outra cultura é um jardim de somente “ervas daninhas”, não teria muita consideração para o interesse de uma compreensão “cultural”. Isso obviamente representa uma aproximação na tabula rasa -quer dizer, removendo tudo da nova cultura e/ou religião – que foi predominante durante muitos períodos na historia da missão cristã. Entretanto, se o verbita vê o jardim contendo somente as “boas sementes”, uma posição que é teologicamente igualmente perigosa, ficaria suspenso no horizonte. Desse tipo de tendência, pode diluir o poder de “corte” das boas novas para cada sociedade e fazer cultura ao invés do evangelho normativo. Em reação para uma perspectiva anterior, severa da tabula rasa, muitos missionários, se prenderam naturalmente para o extremooposto, de uma utopia, uma visão completamente romanizada da cultura. Terceira posição em relação a jardim Uma posição teológica apropriada, que poderia chamar de diálogo profético, cai entre os dois extremos e reconhece a presença de ambos: das “boas sementes” e das “ervas daninhas” em cada jardim. Obviamente, isso se aplica igualmente para a perspectiva teológica do missionário respeitando sua própria cultura. A visão unilateral do jardim do outro, como somente boas sementes ou, como somente ervas daninhas, certamente irá ter um impacto negativo sobre a atitude e tentativa de entrar no jardim do outro. Por tanto, missionários precisam de ter a cautela, para não fazer o mesmo tipo de julgamento sobre aquilo que são “ boas sementes” e os que são “ervas daninhas” no contexto onde eles servem. Alguém não iria andar no jardim de alguém e começar, por conta própria, arrancar tudo que parece uma erva daninha. Tornar-se universal Victor Turner: a experiência da liminaridade Socialização do missionário determina a adaptação ao novo ambiente. Mudança da consciência – não é o mesmo. Tornar-se universal, cidadão universal. Duas esferas do ser humano:Integridade e proteção. O mundo animal conhece apenas a luta pela sobrevivência física. O ser humano tem que preservar não apenas seu corpo, mas também sua identidade. Qualquer ataque a estes fundamentos da identidade coloca o ser humano sob o mesmo estado de alerta como o que se encontra quando sua via está em risco. O peregrino começa pouco a pouco, a entender que o caminho dele não tem começo nem fim, é só uma caminhada. A caminhada é o que vale, independentemente de onde se vem e para onde se vai. Regras da missão: 1. Abrir nossos ouvidos para acomodar o outro e lhe dar espaço é hospedá-lo. 2. Enfatizar o que há em comum, dimensão da universalidade. 3. Acolher e respeitar as diferenças. Ao fazermos isso, a fala do outro deixa de ser pessoal e ganha entoação de uma historia. Os aprendizados com Maria Três silêncios de Maria: Antes de anunciação Durante a anunciação Depois da anunciação Duas atitudes de Maria: - Oração a si próprio - Compaixão para com o outro Como fazer os procedimentos DESERTO: Lugar de silêncio, ir ao encontro do Pai. GALILÉIA: Lugar de grande pobreza. JERUSALÉM: Centro do poder econômico, religioso e politico. SAMARIA: Lugar de abertura O “deserto” adquire novo valor, o valor da recuperação das energias e do encontro verdadeiro com Deus Salvador. Quem vai à “Galileia”, a “Jerusalém” e à “Samaria” e esquece de parar no “deserto” deixa-se arrastar pelo entusiasmo, mas cai diante das primeiras dificuldades por não contar com o alimento de uma forte espiritualidade. Quem vai somente a “Jerusalém”, sem ter no coração a situação da “Galileia”, sem a lição da “Samaria”, de abrir novos poços e sem passar pelo “deserto”, arrisca-se a cair nas amarras do poder.