Os Empreendedores Pobres Falam: Fatores que Devem Ser Considerados para Facilitar
o Acesso dos Mais Pobres ao Microcrédito.
Autoria: Marcos Gilson Gomes Feitosa, Elza Fagundes Gonçalves
RESUMO. Ampliar o acesso às populações menos favorecidas promovendo desenvolvimento
humano tem sido a motivação histórica das microfinanças. Favorecer cada vez mais este
acesso está relacionado com os fatores que afetam (dificultando e facilitando) o acesso dos
mais pobres a estes serviços. A literatura aponta a necessidade de serem estudadas as
necessidades dos clientes, com vistas a criar produtos adequados a eles. Inspirado nisto o
artigo mostra os fatores que facilitam e dificultam o acesso ao microcrédito na perspectiva dos
empreendedores pobres que acessaram o crédito em três organizações estudadas: CEAPE,
Banco da Mulher e Visão Mundial. Os resultados obtidos apontam essencialmente o seguinte:
a) A necessidade de constante reflexão das instituições sobre as práticas e seus resultados com
vistas a uma constante inovação; b) estudo cuidadoso do contexto das comunidades a serem
alcançadas é crucial para desenvolver metodologias; c) parcerias devem ser buscadas no criar
a infra-estrutura que criam condições para o crescimento do empreendimento; d) o
crescimento da carteira e a melhor qualidade do serviço oferecido é diretamente proporcional
à criação de produtos voltados à população alvo e a um estabelecimento de um programa
contínuo de ambiente favorável ao crescimento dos negócios na comunidade.
INTRODUÇÃO
Favorecer o acesso às populações menos favorecidas promovendo desenvolvimento humano
tem sido a motivação histórica do movimento mundial de microfinanças. Em contextos de
muita pobreza, mas onde existia espírito empreendedor, os pobres sempre ficavam à mercê
dos agiotas, o que lhes tirava toda possibilidade de sucesso ou crescimento do seu pequeno
negócio. A própria idéia de microfinanças e os primeiros registros históricos apontam para
serviços voltados para os mais pobres (ARAICA e TORRES, 1999; YUNUS, 1997).
Aqueles que tem se dedicado à pesquisa nesta área reconhecem que o expandir o acesso aos
mais pobres encontra uma série de obstáculos e desafios. Um deles é como elaborar
metodologias que realmente levem em conta a realidade deste grupo, e não seja simplesmente
uma adaptação do que existe no sistema bancário tradicional a este contexto. Um outro
desafio importante é a sobrevivência da IMFs.1 Considerando as limitações financeiras e de
garantias destas pessoas, a IMF interessada em prover este produto tem de elaborar estratégias
metodológicas que viabilizem este serviço garantindo de alguma forma a sustentabilidade. E,
às vezes, as IMFs se sentem tentadas a colocar a ênfase na sustentabilidade, especialmente
considerando a responsabilidade na prestação de contas dos fundos obtidos nos órgãos
financiadores que permitiram a operação. Isto pode ir de encontro ao favorecer os mais pobres
que não podem oferecer as condições exigidas para satisfazer as garantias e proporcionar de
alguma forma essa sustentabilidade. No estágio atual, já é consensual não se conceber mais
serviços de microfinanças sem a lógica da sustentabilidade dos processos. Como este aspecto
é fundamental, o favorecer o acesso se torna um duplo desafio. Primeiro porque para
viabilizar o próprio crescimento e sustentabilidade da carteira, é necessário expandir as bases.
E segundo, porque se faz necessário investigar melhor o contexto dos mais pobres e entender
as reais dificuldades e limitações que eles têm especialmente no que respeita às garantias que
podem colocar em risco o alcance da sustentabilidade. Se for fundamental a sustentabilidade,
a pergunta que se faz necessária é: como aumentar o acesso e ao mesmo tempo alcançar a
sustentabilidade dos serviços?
Na opinião de Marguerite Berger (1992:2), há compatibilidade entre a preocupação com
sustentabilidade e o alcançar os empresários potenciais mais pobres. Para ela, é preciso haver
preocupação com eficiência. E como obter isso? Com o estudo do contexto dos mais pobres,
na identificação de elementos que possam ser considerados na elaboração de metodologias
que ao mesmo tempo em que facilitem o acesso dos mais pobres, viabilizem estes mesmos
serviços. Para isso é necessário estudar a partir da perspectiva daqueles que lutam por obter
estes empréstimos, quais os elementos que eles vêm como dificultadores e facilitadores no
processo de obtenção do crédito. Redgeld (2001) corrobora com isto sugerindo que as
organizações precisam escutar o que os pobres têm a dizer, que suas dificuldades de acesso
sejam ouvidas deles mesmos. Inspirado nisto é que nosso trabalho foi elaborado procurando
responder a seguinte questão de pesquisa: “Quais são os fatores que interferem (facilitando
e dificultando) no acesso dos empreendedores mais pobres ao Microcrédito na
perspectiva dos próprios clientes atendidos pelas IMFs pesquisadas?”
A necessidade de um estudo como esse já foi apontada, e, além disso, existe escasso material
teórico e científico sobre microcrédito em geral, e menos ainda sobre as metodologias
utilizadas. A indústria das microfinanças pode também se beneficiar com estudos como esse,
ajudando-a a ter uma melhor compreensão de suas práticas, especialmente entendendo os
fatores que dificultam o acesso na perspectiva de quem está do outro lado. Pode também
entender melhor os mecanismos operacionais e ter elementos para otimizar suas
metodologias, tornando-as mais eficientes tanto na sustentabilidade quanto no favorecer o
acesso aos mais pobres, que é, em última análise, o objeto da atenção principal das
microfinanças.
MARCO TEÓRICO
Com a pergunta que temos, qual a melhor maneira de organizarmos nosso marco teórico?
Nossa opção foi organizá-lo observando alguns conceitos fundamentais tais como:
desenvolvimento, sustentabilidade, pobreza, e uma compreensão dos conceitos de
microfinanças e microcrédito.
Desenvolvimento e Sustentabilidade
Inúmeras têm sido as discussões sobre desenvolvimento. A palavra tem sido usada em muitos
sentidos. Desenvolvimento, especialmente o econômico, tem sido entendido dentro de um
processo histórico e têm neste processo incluído outras dimensões, como a política, a social e
cultural. A questão básica não é só desenvolvimento, mas desenvolvimento para que e em
direção a que? As sociedades desenvolvidas eram assim chamadas por terem um
desenvolvimento que podia ser caracterizado como auto-sustentado. Mas o desenvolvimento
de alguns não gerava conseqüências sociais e humanas satisfatórias para todos
(CASTORIADIS, 1987:136). É a partir dos anos 80 que uma crítica ao modelo
desenvolvimentista toma forma e uma perspectiva industrialista e economicista passa a ser
substituída por outra, que incluísse os qualificativos humano e sustentável à palavra
desenvolvimento. A experiência histórica tem mostrado que crescimento econômico e todo o
aparato que normalmente o acompanha não desembocam necessariamente no
desenvolvimento humano. Amartya Sen (2000) é um dos defensores desta posição. O
conceito de desenvolvimento sustentável surge primeiro com fortes vínculos ambientais, uma
vez que o modelo industrialista estava visceralmente conectado à destruição de recursos
naturais. O conceito desenvolve-se e com a percepção do que ele implica e de que é fruto,
passa a incluir as dimensões sociais, políticas e culturais. Com a falência do Estado como
motor de desenvolvimento, as organizações não governamentais assumem a idéia e passam a
promover desenvolvimento humano baseado nesta premissa. No entanto, mesmo tendo a idéia
de sustentabilidade ampla base de aceitação no mercado, as outras ênfases, tais como a
preocupação do desenvolvimento humano e social, não gozam do mesmo conceito por não se
coadunarem com a lógica do mercado (GUIMARÃES, 1995:113-14).
Agora, pensar em desenvolvimento sustentável no contexto das microfinanças, é preciso
muito mais que formulação de políticas públicas compensatórias para os pobres. Llorens
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(2001) e Berger (1999) indicam que é fundamental promover desenvolvimento local
sustentável endógeno, que estimule iniciativa e autonomia dos pobres frente às suas
dificuldades e não favorecendo ações assistencialistas. Esta tarefa terá de incluir o todo da
sociedade; os governos, a sociedade civil organizada, as empresas, as organizações. O
propósito é criar um contexto impulsionador das potencialidades dos empreendedores pobres,
favorecendo o desenvolvimento tanto deles quanto das comunidades onde eles estão. Sem um
contexto para venda e escoamento de produção não existirá desenvolvimento. O
desenvolvimento requerido então deve ser integrado, estimulando as capacidades e os
recursos individuais e promover maneiras e estratégias de desenvolvimento das comunidades,
fornecendo as condições mínimas necessárias para a possibilidade de desenvolvimento dos
micro-negócios. Só isto será capaz de gerar a autonomia e sustentabilidade tanto dos
negócios, quanto do desenvolvimento da própria comunidade (LLORENS, 2001:12).
Pobreza
Na sociedade capitalista em que vivemos, o Estado tem se mostrado incompetente para cuidar
dos pobres e promover desenvolvimento. O Brasil vem liderando as estatísticas na questão
das desigualdades sociais. No Nordeste e Sudeste do país, por exemplo, a taxa de mortalidade
infantil para as crianças dos 20% mais pobres é 10 vezes mais elevada do que a taxa para as
crianças dos 20% mais ricos. Mesmo considerando a vitória do controle da inflação, o país
ainda ostenta o título de nação com um dos piores níveis de distribuição de renda do planeta.
Narayan (2000) diz que apesar dos programas e discursos políticos, os índices de pobreza
continuam a crescer. Embora alguns a vejam como inevitável, pobreza, para Milton Santos
(1979), é sempre relativa à sociedade que a tem, e é, portanto, historicamente determinada, e
por expressar carência de direitos e possibilidades de um grupo da sociedade, deixa de ser só
categoria econômica e se torna também categoria política. Embora esteja sempre vinculada à
fome, ela tem dimensões psicológicas importantes como a impotência, a falta de voz, a
vergonha de submeter-se a um estilo de vida, e a falta de esperança.
No entanto, fala-se muito de recursos e oportunidades para os pobres. O que impede os pobres
a ter acesso aos recursos e oportunidades proclamados pelos discursos governamentais e pelas
agencias mundiais de desenvolvimento? O que se tem percebido (Fagundes e Feitosa, 2004) é
que os discursos oficiais tendem a associar pobreza apenas à dimensão monetária, focalizada
na distribuição de renda e no indivíduo. Daí a ineficácia do Estado em tratar do problema. O
que se percebe é que diminuir o flagelo da pobreza implica mais que estabelecer políticas
macroeconômicas. É necessário enfrentar os diversos mecanismos na sociedade capitalista
que geram desigualdade e exclusão social. É preciso pensar em possibilidades de acesso dos
mais pobres aos recursos. Amartya Sen (1984) já apontava há algum tempo atrás, o papel
fundamental das instituições no limitar ou ampliar estas possibilidades de acesso.
Redgeld (2001) aponta a importância deste tema, indicando a necessidade de investigar com
propriedade a relação entre as organizações que já atendem a estes pobres e eles mesmos, com
o propósito de entender melhor o acesso aos recursos e assim servir melhor ao
desenvolvimento deles. Ele sugere que as dificuldades de acesso dos pobres têm de ser
expostas a partir da perspectivas deles. As instituições irão lucrar compreendendo o outro lado
da questão e vendo como as instituições e os produtos e as metodologias são percebidas por
eles.
Quem são, portanto, os pobres deste nosso estudo? Como é um estudo situado, bastou, bastou,
para os propósitos da pesquisa realizada, definí-los praticamente no contexto de microcrédito.
Embora entendendo que para nosso estudo os pobres serão aqueles que se encontram na
vizinhança da linha de pobreza. A proposta para definir a linha de pobreza foi a de Takagi et
al. (2001), tomando como valor US$1.08 per capita. Embora entendendo que esta é a visão
tradicional e dominante nos estudos do Banco Mundial (SPOSATI, 2000), e que pobreza
3
inclui muito mais que isso, por questões práticas e por tratarmos essencialmente de aspectos
financeiros, nos restringiremos a essa definição.
Um breve retrospecto da história das microfinanças como uma alternativa de redução
de pobreza.
Segundo Fagundes e Feitosa (2004), as primeiras experiências em Microcrédito, que se tem
notícia, remontam ao ano de 1846 quando o pastor Raiffeinsen, no sul da Alemanha, criou a
Associação do Pão, com a finalidade de apoiar agricultores endividados no sul da Alemanha,
devido a um rigoroso inverno. O objetivo da ação era cessão de farinha de trigo para
fabricação e comercialização do pão. A Associação cresceu e transformou-se numa
cooperativa de crédito. A racionalidade por trás desta iniciativa era a da preocupação com a
dignidade e subsistência de homens, mulheres e crianças assolados pela fome.
Logo depois, com o mesmo tipo de motivação, no ano de 1900, um jornalista da Assembléia
Legislativa na cidade de Quebec no Canadá, criou as Caísses Populaires com um capital
inicial de 26 dólares aportados por 12 amigos, com a finalidade de emprestar microcrédito
para os mais pobres. Em 1953, nos EUA, Walter Krump, presidente de uma metalúrgica em
Chicago, criou o “fundo de ajuda” cuja finalidade era atender aos associados necessitados.
Cada empregado contribuía com um dólar mensalmente para o fundo. O “fundo de ajuda”
cresceu e se transformou na “Liga de Crédito”, sendo posteriormente criadas outras ligas que
terminaram dando origem à “Federação das Ligas de Crédito”, que atualmente opera em
diversos países.
Possivelmente, entre os anos de 1846 a 1976, muitas outras manifestações pontuais e isoladas
devem ter ocorrido ao redor do planeta com características similares a ação do microcrédito,
porém o grande marco que desenvolveu, difundiu e serviu de modelo e que popularizou o
termo microcrédito foi a experiência iniciada em 1976 em Bangladesh, pelo Professor
Muhammad Yunus, em Bangladesh. Yunus, após seus estudos e uma visita à cidade de Recife
onde existia já desde 1973 um projeto de micro empréstimos a empreendedores pobres (o
Projeto Uno), voltou para Bangladesh e resolveu emprestar pequenas quantias a pequenos
empreendedores das aldeias próximas à universidade onde lecionava, para que eles se
livrassem dos agiotas que cobravam juros extorsivos. A experiência humanitária cresceu,
recebendo aportes financeiros de bancos e instituições privadas, e em 1978 foi criado o
Grameen Bank, estabelecendo as bases para o modelo atual de microcrédito (YUNUS, 2000).
A partir da experiência do Grameen Bank, a filosofia do microcrédito se espalhou pelo
mundo, e baseadas no modelo de inspiração de Bangladesh, inúmeras experiências foram
criadas em 60 países, dando origem ao movimento de Microfinanças que culminou com a
realização da Conferência Global de Microcrédito (Microcredit Summit).
No Brasil hoje, tem sido uma das ênfases do governo estimular as microfinanças como parte
de estratégia de desenvolvimento. Apesar disso, a dúvida que permanece é se, apesar da
revolução causada pelo microcrédito, realmente os mais pobres têm sido realmente atingidos.
É vital responder essas questões assim como compreender os conceitos e definições que estão
por trás da filosofia de serviço financeiro aos mais pobres e desfavorecidos.
Microcrédito e Microfinanças
Historicamente, a diferença fundamental entre microfinanças e microcrédito está na sua
abrangência. Enquanto microfinanças incorpora outros serviços financeiros não produtivos, o
microcrédito destina-se exclusivamente para atividades econômicas produtivas, limitando-se a
cessão do microcrédito. Segundo o Banco do Nordeste, o microcrédito é uma estratégia de
atendimento aos que estão fora do mercado de trabalho tradicional e buscam sobrevivência
(FREIRE, 2003). E como o mercado busca por garantias que não podem ser oferecidas por
estas pessoas, o microcrédito se situa como uma opção aos que não têm acesso ao sistema
formal de crédito (sistema bancário). Ele tem se valido de metodologias que incentivam a
4
responsabilidade a auto-estima e a auto-suficiência financeira. Ele tem sido concedido com
base principalmente na análise sócio-econômica do cidadão, onde pesa, principalmente, a
avaliação subjetiva relativa às intenções e caráter do cliente realizada pelo Agente de Crédito,
um personagem importante dentro do processo operativo de Microcrédito.
De acordo com Fagundes e Feitosa (2004), microfinanças constitui-se numa estratégia para o
desenvolvimento mais ampla, que além de agregar microcrédito, oferece outros serviços
financeiros como captação de depósitos, poupança, empréstimos de moradia, seguros, contas
bancárias. No Brasil apesar do conceito ser amplamente discutido e utilizado, ainda não é
integralmente praticado pelas organizações, pois a atual regulamentação veta tais operações,
diferentemente da prática da grande maioria dos países da América Latina.
O governo brasileiro tem apoiado e contribuído para criar uma institucionalidade, de forma a
viabilizar e potencializar a “Industria de Microcrédito” no Brasil, potencializando os recursos
colocados a disposição das IMFs. O desafio perseguido pelo governo brasileiro através da
ação do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social tem sido
proporcionar serviços diferenciados, com grande capilaridade, profissionais capacitados e
estruturas organizacionais. Associado a isto, já ocorre um ordenamento jurídico com
aprovação das leis e resolução do Banco Central do Brasil, de modo a dar caráter institucional
ao crescimento da “Industria de Microcrédito” no Brasil.
Em reunião organizada pelo Conselho da Comunidade Solidária, para tratar sobre
“Alternativas de Ocupação e Renda”, realizada em Agosto de 1997, onde se debateu de forma
ampla o tema do microcrédito, foram aprovados dois consensos2 básicos em relação ao
microcrédito:
1) O chamado microcrédito pode cumprir um papel estratégico no campo das políticas de
trabalho e renda – visto não como uma política compensatória, mas como elemento de uma
perspectiva mais ampla de integração de empreendimentos populares ou de pequeno porte no
processo de desenvolvimento, dentro de uma ótica não-excludente.
2) O crédito popular só conseguirá se expandir para cumprir o seu papel estratégico se for
tratado de forma diferenciada do crédito tradicional.
No entanto, percebendo a oportunidade de mercado e alcance estratégico do setor, as
instituições financeiras tradicionais se fizeram presentes. Esta mesma competição está
estimulando as ONGs a repensarem sua estratégia de presença neste mercado. As ONGs ainda
possuem vantagens competitivas significativas de compromisso com a filosofia de
microfinanças e um forte conhecimento e inserção da base de seus clientes potenciais. No
entanto, tais vantagens podem não ser suficientes para manterem as ONGs no mercado das
microfinanças. Quatro possíveis alternativas são apresentadas por RHYNE e CHRISTEN
(s.d.) para um reposicionamento das ONGs diante deste desafio: competir frontalmente,
buscar novas fronteiras, prestar serviços técnicos em microfinanças, e sair do mercado.
Em relação à prestação de serviços técnicos em microfinanças algumas ONGs têm atuado a
serviço de instituições financeiras, como por exemplo, os bancos chamados de segundo piso
(bancos de desenvolvimento) que mesmo não conhecendo a gestão operacional do
microcrédito, operam através de ONGs tradicionais, das ONGs Oscips, das SCMs,
computando os resultados em seus indicadores de atendimento aos microempreendedores.
Ainda segundo Fagundes e Feitosa (2004), a motivação original que impulsionava a expansão
das microfinanças parece ir pouco a pouco mudando seu foco de desenvolvimento para
lucratividade. No inicio, os governos, doadores e ONGs, desejavam melhorar a qualidade de
vida dos pobres. Mesmo expressando isto de maneira variada, os gerentes das organizações
sabiam que o propósito maior era contribuir para aliviar a pobreza, para aumentar a criação de
empregos e fomentar o desenvolvimento do empreendedor pobre. Hoje, tanto as organizações
já na indústria quanto as entrantes possuem motivações mais centradas em torno do tamanho
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de mercado consumidor e principalmente na lucratividade. O grande desafio será garantir que
o caráter original da filosofia seja mantido apesar das evidências atuais de competição por
mercado. Se já existiam questionamentos se os mais pobres estavam sendo realmente
beneficiados com as experiências de microfinanças antes iniciadas pelas ONGs, agora com o
ingresso dos novos atores na “Industria de Microfinanças” com caráter diferenciado das
ONGs, os mais pobres continuarão sendo atendidos? Ou a tendência é que paulatinamente
eles irão cada vez mais perdendo espaço pela adoção de metodologias mais preocupadas em
seguir os ditames do mercado que em promover o desenvolvimento? Estas são perguntas
importantes que necessitam obter respostas para estabelecer estratégias que garantam a
permanência da essência do caráter de microfinanças.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Como acontece em toda pesquisa, o processo de coleta e obtenção de dados não se processa
sem dificuldades. Os poucos documentos que foram colocados à disposição pelas IMFs foi
um deles, uma vez que não são considerados pelas próprias instituições como de caráter
público. E num contexto de alto crescimento onde cada vez mais essas instituições disputam
umas com as outras o mercado, essas informações tendem a ser cada vez mais consideradas
privadas e sigilosas, principalmente aquelas que lidam com metodologias de acesso aos mais
pobres. Além disso, muitas dessas instituições ainda estão num processo inicial de
sistematização de suas informações sobre as operações de microcrédito, o que tornou mais
trabalhosa a classificação dos clientes para serem localizados e entrevistados. A dificuldade
de encontrar um sistema de medição de pobreza que contemplasse as disparidades regionais
brasileiras e pudesse oferecer um padrão aceitável e homogêneo foi solucionada aceitando a
proposta de Takagi et al.(2001).3
A escolha das IMFs foi feita baseada na tipologia sugerida por LUCANO e TABORGA
(1998), que aponta três tipos: Instituições financeiras especializadas, ONGs especializadas e
ONGs com múltiplos propósitos. Baseada nesta tipologia foram escolhidas três organizações:
uma OSCIP conformada em rede, especializada em Microcrédito, o CEAPE (Centro Nacional
de Apoio às Pequenas Empresas), uma ONG especializada em Microcrédito (Banco da
Mulher) e a terceira, uma ONG/OSCIP com qualificação de OSCIP com múltiplos propósitos
(Visão Mundial). Similaridade de propósito, tamanho e trajetória histórica foram os critérios
para a escolha destas instituições. Todas, independentes do formato jurídico que assumem
atualmente, iniciaram suas atividades como ONGs.
As instituições são as seguintes:
O CEAPE – Centro Nacional de Apoio às Pequenas Empresas - Atualmente com 13 unidades
localizadas em diversos estados do Brasil – com maior concentração no nordeste.4 A VISÃO
MUNDIAL é uma ONG Cristã, com o título de Utilidade Pública Federal (Decreto-Lei
90.564 de 27/11/84) e Conselho Nacional de Assistência Social. Presente no país desde 1975
faz parte da parceria internacional World Vision, que atua em mais de 90 países com
desenvolvimento, ajuda e socorro em situações de emergências em favor de mais de dois
milhões de crianças e 60 milhões de pessoas. O compromisso da Visão Mundial é com a
promoção humana integral visando o desenvolvimento local integrado e sustentável. A
operacionalização do Microcrédito faz parte da estratégia de ação da Visão Mundial no
desenvolvimento das comunidades conveniadas. A Associação Nacional para o
Desenvolvimento da Mulher - BANCO DA MULHER foi criado em 1984 por iniciativa do
Conselho da Mulher Executiva da Associação Comercial do Rio de Janeiro, a Associação
Nacional para o Desenvolvimento da Mulher, mais conhecida como Banco da Mulher (BM),
entidade filiada a Women’s World Bank (WWB) – fundada em 1979 na Holanda. A filosofia
do Banco da Mulher é: Tentar modificar o panorama atual de responsabilidades,
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transformando, na medida do possível, as mulheres, de vítimas merecedoras de atenção social,
para empreendedoras num mercado de desenvolvimento.
Após a escolha das organizações que seriam foco do estudo, o passo seguinte foi realizar
análise das políticas e metodologias adotadas pelas organizações. Para este fim solicitamos de
cada organização investigada material disponível que oferecesse informações sobre as
metodologias utilizadas, as políticas e os processos operacionais na concessão de
Microcrédito aos empreendedores pobres.
Em seguida, procedemos a pesquisa na literatura relacionada a Micro-crédito no contexto do
Brasil que possibilitou agregar informações para o entendimento e análise do nosso tema.
Por fim, elaboramos um roteiro de entrevistas para ser aplicado a uma amostra de
empreendedores que se enquadrassem no perfil de clientes desejado. A idéia era ter, a partir
da perspectiva dos clientes, quais os problemas que eles enfrentaram como pobres para obter
crédito e que fatores eles percebiam como facilitadores e dificultadores do acesso que
tiveram.
O universo destas entrevistas foi o grupo de clientes que se enquadra na linha de pobreza e
abaixo dela. Devido à impossibilidade de investigar todo o universo, e considerando as
dificuldades encontradas e já mencionadas, selecionamos uma amostra de 30 clientes que
obtiveram acesso. Os critérios para seleção dos clientes foram: estar a mais de seis meses com
crédito; ter obtido mais de um crédito, estar enquadrado na linha de pobreza definida por esta
pesquisa e por último, ter disponibilidade em responder a entrevista. De cada instituição
foram selecionados 10 clientes. De todos os clientes que se enquadraram nos três primeiros
critérios foram selecionado os dez primeiros que se dispuseram a responder a entrevista. O
passo seguinte foi elaborar a análise dos dados coletados. Os resultados foram devidamente
categorizados e aparecem na seção seguinte.
RESULTADOS
Da pesquisa documental
Essencialmente não há diferença entre os procedimentos operacionais da concessão de crédito
em todas as organizações pesquisadas. As organizações tentam primar por simplicidade e, no
entanto todas cuidam para que o processo não coloque em risco a carteira. O primeiro passo é
a composição de um cadastro. Os dados fornecidos tanto de ordem pessoal como do negócio,
são checados juntos ao sistema de proteção ao crédito, SPC e SERASA. Fundamental neste
processo é o comprovante de residência (para futura visita do agente) e referências pessoais
(com possibilidades de se tornar avalista).
O que segue é a visita pelos agentes da instituição ao pequeno negócio para coleta de
informações visando análise da viabilidade do negócio. Os agentes são treinados para que na
visita atenção especial deva ser dada ao nível de envolvimento e percepção do caráter do
empreendedor. Embora esta seja uma tarefa que pode cair num subjetivismo por parte do
agente, alguns indicadores existem e podem dar algum critério mais objetivo, tais como:
organização das contas, arrumação da casa, clareza no que o empreendedor quer realizar,
como ele(a) antecipa as vendas e como planeja fazer o pagamento, etc. Neste momento as
organizações sugerem que o agente pode aproveitar a oportunidade para verificar a
possibilidade de consolidação do grupo solidário, caso a metodologia escolhida tenha sido
esta.
O passo seguinte acontece na própria instituição. Após conhecer o empreendimento, as
informações coletadas são apresentadas no Comitê de Crédito, que é formado por agentes e
pelo pessoal administrativo da organização. Cada caso é apresentado pelo agente e por um
analista de crédito que o acompanha nas visitas, normalmente uma pessoa da instituição com
algum conhecimento ou experiência no tipo de negócio do empreendedor solicitante. O
Comitê procede a análise e autoriza ou não o crédito.
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O perfil dos clientes destas organizações é caracterizado por pessoas que possuem pequenos
empreendimentos (mais de 80% informais) que visam primariamente gerar renda familiar. As
mulheres empreendedoras são a maioria entre os que solicitam e recebem crédito e são
aquelas não absorvidas pelo mercado formal de trabalho. A mão de obra empregada
normalmente vem da própria família e o empreendedor acumula tanto as funções produtivas
quanto as gerenciais.
É bastante heterogêneo o tipo de atividades assim como o nível de estruturação desses
empreendimentos. Algumas são de subsistência, onde tudo que é produzido é consumido pela
unidade familiar; outras são consideradas acumuladas simples, onde só existe a garantia da
continuidade do negócio; e a ampliada (FAGUNDES e FEITOSA, 2004), que começa a
mostrar sinais de evolução e que precisa do crédito para acelerar seu crescimento, como por
exemplo, na aquisição de algum maquinário, construção de um ambiente maior, etc.
São raros os casos nos quais o empreendedor percebe uma idéia nova e investe; a maioria
deles monta seu empreendimento ao redor de um ofício que aprendeu no seio da família ou
como aprendiz em outro empreendimento formal ou informal. A gerência do negócio é
geralmente intuitiva, faltando-lhe os elementos e noções básicas para conduzir seu negócio de
forma que alcance um nível mais permanente e sustentável.
As metodologias empregadas pelas instituições
Uma das possíveis aplicações posteriores deste estudo seria identificar elementos que
pudessem contribuir para a elaboração de novas metodologias que favorecessem ainda mais o
acesso dos mais pobres. No entanto, é reconhecido que parte do razão do crescimento das
operações de microcrédito pode ser atribuída a metodologias que diferem das adotadas pela
banca tradicional. Elas são idealizadas e estruturadas para diminuir o custo dos empréstimos
pequenos. Elas podem se dividir em basicamente dois modelos: a de crédito individual e de
grupos.
A metodologia de crédito individual recebe garantias que a metodologia solidária não recebe
atende invariavelmente a empreendedores com melhores condições de oferecer à organização
as tradicionais garantias do crédito. O empreendedor se dirige a organização, apresenta um
cadastro individual, bem como cadastro do seu avalista que é analisado e aprovado. Em
seguida o agente de crédito visita o empreendimento, levanta dados socioeconômicos sobre os
negócios e encaminha ao comitê de crédito que analisa a proposta. Após aprovação do comitê
os contratos legais são emitidos, o cliente apresenta seu avalista para conclusão do processo
do crédito. Normalmente esta metodologia é utilizada por clientes com perfil de estrutura de
acumulação simples ou ampliada.
A metodologia de modelo grupal ou solidário vem sendo utilizada pelas organizações e tem se
adequado especialmente àqueles clientes com maiores dificuldades em oferecer garantia real
ou avalista/fiador, portanto, os advindos do segmento mais pobre. A essência da metodologia
solidária é em suma a conjunção de vários fatores: interesses compartilhados através da autoseleção, potencialização de atitudes de participação, organização, responsabilidade mútua e
integração. Cada membro do grupo tem direito a um crédito, cujos valores podem ser
diferenciados. A soma dos créditos individuais constitui o crédito do grupo; no entanto os
valores são aprovados individualmente, conforme necessidade e capacidade de endividamento
de cada negócio. É considerada também, a capacidade potencial de cada membro assumir o
aval solidário. As organizações dão assim oportunidade para o grupo consolidar as relações e
fortalecer a credibilidade intragrupal e com a instituição visando à permanência no sistema de
crédito. Este era o caso nas instituições pesquisadas, que se interessam em criar capital
humano nas comunidades para o benefício deles, mas não é necessariamente o mesmo em
outras que oferecem os mesmos serviços. Para algumas, a solidariedade para obtenção do
crédito é simplesmente uma maneira de obter garantia recíproca de que o empréstimo será
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pago, se não pela pessoa que o fez, então pelo grupo que se solidarizou e foi avalista. Ao obter
o crédito em grupo, o indivíduo é tomador e também avalista. Portanto, os documentos de
formalização do crédito deverão registrar e tomar as assinaturas, considerando os duplos
papéis (devedor e avalista). A dívida só será considerada quitada após sua amortização total
pelo grupo. Não sendo quitada em trinta dias, todos os membros do grupo são registrados no
Serviço de Proteção ao Crédito - SPC - até que esteja regularizado o crédito do grupo.
RESULTADOS.
Fatores pessoais que dificultam o acesso ao microcrédito.
Não ter documentação pessoal. Uma das maiores dificuldades apontadas pelos clientes foi a
falta de documentos pessoais. É um fato intrigante, mas a falta de documentos é um problema
comum entre pessoas que constituem a camada social que usa o serviço de microcrédito.
Embora haja serviços públicos que incentivam a legalização pessoal, o perfil destes clientes
segue o mesmo adotado para a gestão das pequenas empresas que se estabelecem na
informalidade. Esta mesma postura vista nestas pequenas empresas se manifesta na vida
pessoal. A falta desta mesma documentação e a exigência por parte das organizações termina
por causar dificuldades no acesso. Uma das dificuldades também percebidas é quando se dá a
formação do grupo solidário e um dos membros não possui documentos pessoais, isto
contribui muito para atrasar o processo de constituição e liberação do crédito para o grupo.
Este problema crônico foi apontado pelos entrevistados como possível de ser resolvido se
houvesse um trabalho anterior por parte das instituições nas comunidades.
Dificuldades em apresentar garantias. A garantia no processo de crédito é algo importante
para as instituições que necessitam diminuir o risco do crédito e ela é demandada
independentemente da metodologia que é adotada. A garantia é um problema dificultador
apontado pelos clientes. Se eles acessam ao crédito individual, precisam encontrar alguém
externo com o qual tenham uma relação de confiança e queira avalizar o crédito que
solicitam; se acessarem o crédito com a metodologia do crédito solidário também não é fácil,
pois precisam se associar com 4 ou 5 pessoas e estabelecer laços de confiança para estabelecer
o aval solidário diante da instituição. Se eles já mantêm na comunidade estes laços de
confiança, se já existe um capital social razoavelmente estabelecido, o processo é facilitado.
Como nem sempre nas comunidades onde os clientes pesquisados vivem isso acontece, o
apresentar garantias é visto como um fator dificultador.
Falta de tempo para ir à instituição enfrentar o processo administrativo. Falta de tempo
para deixar o negócio e ir a organização operadora do microcrédito é uma dificuldade real
levantada pelos entrevistados, haja vista que o perfil dos empreendedores dos microempreendimentos é de pessoas que estão envolvidas com o negócio em tempo integral. O
empreendedor é responsável por todas as etapas de operação do negócio desde a produção,
comercialização, venda, recebimento de clientes, sobrando pouco ou nenhum tempo para
realizar atividades externas ao negócio. A dificuldade de deslocamento por falta de tempo foi
apontada especialmente porque as organizações estudadas não tinham presença nas
comunidades dos empreendedores entrevistados. A distancia da comunidade até a agência
onde se efetua o processo administrativo é grande, causando uma grande perda de tempo
durante todo o processo de crédito, uma vez que o empreendedor se desloca várias vezes.
Este fator foi fortemente enfatizado pelos clientes como um real fator dificultador do acesso
deles ao microcrédito e que acontece não só no processo de solicitação e de obtenção do
crédito, mas também no pagamento.
Estar inscrito no SPC-Serviço de Proteção ao Crédito. O serviço de proteção do crédito
tem a função de proteger a operação do crédito reduzindo os riscos. Ele tem impedido que os
empreendedores que estão inadimplentes no mercado acessem ao crédito. Isto tem funcionado
como fator dificultador para aqueles empreendedores que estão inscritos no serviço, ou
9
avalistas que se dispõem a avalizar os empreendedores. Entre os entrevistados, não foram
muitos os que se situavam nessa condição, mas eles levantam a questão como um fator
dificultador, pois algumas das pessoas que buscaram para ser avalistas já tinham estado
registrados no SPC.
Fatores da insitutição que dificultam o acesso ao microcrédito.
O valor do crédito é baixo. Um dos fatores dificultadores mais apontados pelos
empreendedores está relacionado com o valor do crédito. O valor do crédito operado pelas
organizações estudadas, segundo os empreendedores é baixo e alguns apontam que não é
suficiente para atender as necessidades dos empreendedores. Eles se inscrevem e o obtém
porque sem o empréstimo ficaria ainda mais difícil.
Falta de posto avançado das organizações nas comunidades do empreendedores. Os
entrevistados levantam como uma dificuldade de acesso a falta de postos avançados das
organizações nas comunidades onde operam seus negócios. É consenso entre os entrevistados
que a falta de postos das organizações nas comunidades tem dificultado muito o acesso, dado
os impedimentos naturais que os empreendedores tem de largar seus negócios e se
deslocarem, além da dificuldade de encontrar a agencia central destas mesmas organizações
que muitas vezes não se encontram em locais muito conhecidos e de fácil acesso.
Burocracia excessiva no processo de cessão de crédito. Não bastasse a dificuldade da
distância mencionada no item anterior os clientes também apontam para a burocracia do
processo de cessão de crédito. Por burocracia eles querem dizer o excesso de documentos para
o cadastro e muita papelada para ser preenchida. No entendimento deles esta mesma
burocracia causa demora na liberação do crédito. Esta burocracia causa vários
desdobramentos, um deles as repetidas vindas à organização tanto do cliente quanto do
avalista, mesmo estando com nome limpo.
Sugestões dadas pelos empreendedores quanto ao processo de cessão de crédito
Garantia. Entende-se que no sistema de microcrédito, mesmo sendo diferenciado do sistema
tradicional bancário, as garantias são necessárias. A mais comum delas é o aval. Os
entrevistados sugerem que as organizações poderiam criar maneiras mais flexíveis de solicitar
garantias. Uma das apontadas é que o aval fosse considerado somente para o primeiro crédito.
Eles externam também o desejo de poder acessar ao crédito sem precisar que outra pessoa
esteja garantindo o crédito sendo seus próprios avalistas pois acham que são capazes de
fornecer a garantia que é a capacidade de pagamento. Como operacionalizar isso eles apontam
que deveria ser tarefa das instituições; refletir e pensar maneiras de transpor esta dificuldade.
Rapidez no processo de cessão de crédito. Os entrevistados sugerem para as organizações
que ajudaria muito uma maior agilidade em todo o processo administrativo. Isto poderia se
manifestar de várias formas: reduzir o número de papel tanto para o tomador do empréstimo
quanto para o avalista, que o crédito fosse liberado mais rapidamente reduzindo o número de
dias do processo, que o recebimento do empréstimo fosse na mesma comunidade, com a
colocação de pessoas da instituição que entendam bem do processo para ajudar na agilização.
Aumentar o valor do crédito. É consenso entre os entrevistados que mesmo reconhecendo
as vantagens do microcrédito, o valor que é recebido fica aquém das necessidades que eles
têm. Eles sugerem que as organizações avaliem a possibilidade de aumentar o valor do
financiamento de forma a atender plenamente aos empreendedores em seus projetos de
investimento.
Redução da taxa de juros. É reconhecido que a taxa de juros guarda relação direta com
diversos fatores tais como: o custo do capital que a organização capta para operar, com o fator
sustentabilidade, custo da operação do microcrédito, contexto macro econômico do país. No
entanto, os clientes entrevistados sugerem uma redução das taxas de juros e extinção da taxa
de abertura de crédito adotada pelas organizações estudadas. Embora os clientes não tenham
10
bem clara a compreensão da situação macroeconômica do país, sinalizam pelo menos a
necessidade de se estudar uma menor taxa de juros possível.
Divulgação. Um dos fatores que interferem no acesso ao crédito segundo os clientes tem forte
relação com a divulgação. Quanto mais a comunidade tem conhecimento sobre o serviço e
seus produtos, maior será o interesse dos empreendedores em conhecer e acessar ao
microcrédito. Os empreendedores entrevistados sugerem uma diversidade grande de
mecanismos de divulgação que as organizações poderiam adotar. Uma delas é a divulgação na
própria comunidade através de palestras comunitárias, faixas e cartazes nos negócios dos
empreendedores. Outra é a propaganda pessoal mais conhecida como “boca a boca”. Os
entrevistados também sugerem utilização de rádios comunitárias ou divulgadoras como são
mais conhecidas. Sugerem também outros tipos de mídias, embora desconhecendo o custo
que elas significam para um programa de microcrédito são eles: Televisão, rádio, outdoor,
outbus.
Percepção dos empreendedores quanto ao tomar financiamento. Percebeu-se que os
entrevistados tem uma perspectiva positiva da experiência de tomar empréstimo, mesmo
considerando os riscos implicados na gestão de um negócio (sucesso do empreendimento,
capacidade de pagamento do empréstimo, possibilidades de sinistros, etc.). Os entrevistados
indicam que o financiamento foi importante e os ajudou muito na aquisição de mercadorias à
vista, o que possibilitou a eles comprar e vender com melhores preços e conseguir melhor
margem de lucro. Indicam também que o financiamento tem sido um dos fatores essenciais
para o crescimento da empresa, senão o mais importante. Outro beneficio é que funciona
como capital de giro que serve não só para gestão da empresa como para gestão da família, o
que é natural em empreendimentos informais. Além destes, é percebido por todos que o
financiamento do microcrédito é uma forma excelente de ajuda aos empreendedores mais
pobres que não tem acesso ás linhas tradicionais de crédito em banco.
O que mais atraiu os clientes para se candidatarem a obtenção do microcrédito. Mesmo
tendo apontado a necessidade de juros mais baixos, quando perguntados sobre o que mais
atraiu para se candidatar ao microcrédito, um dos pontos mais apontados pelos
empreendedores foi a taxa de juros que eles consideram muito boa. Eles percebem que ao
saber as taxas de juros do mercado para financiamentos de alto risco, como as taxas adotadas
pelas financeiras tradicionais, a taxa de juros do microcrédito das instituições pesquisadas é a
melhor e tem sido um atrativo para os empreendedores conforme eles mesmos
testemunharam.
Bom atendimento. Embora seja lugar comum e ponto dado como fundamental em todas as
instituições, os clientes apontaram a importância do bom atendimento, do trato cortês, da
preocupação em orientar bem o cliente em todos os detalhes do processo, em fazê-lo sentir-se
importante. Eles falaram que nem todas as instituições têm pessoas com essa postura, mas
quando existe um elo de confiança normalmente demonstrado por um interesse consistente
em ajudar, isto facilita todo o processo. Bom atendimento atrai e retêm clientes na instituição
que os financia.
Foi percebido nas entrevistas que as outras razões que atraíram para a obtenção do
microcrédito foram: necessidade de dinheiro, curiosidade por saber como seria tomar
financiamento de instituições deste gênero, possibilidade ter dinheiro para comprar a vista,
agilidade do processo de cessão do crédito e o prazo de pagamento.
Considerando todos este achados frutos da nossa coleta de dados, passaremos à parte final de
nossa dissertação apresentando a seção de Discussão e Conclusão.
CONCLUSÕES.
O objetivo central de nossa pesquisa foi identificar quais são os fatores que interferem
(facilitando e dificultando) o acesso dos empreendedores pobres ao Microcrédito na
11
perspectiva dos clientes que obtiveram acesso ao microcrédito nas instituições pesquisadas.
Uma vez detectados estes fatores ainda resta o desafio de refletir sobre eles e aprender o que
eles ensinam.
A necessidade de constante reflexão sobre as práticas e seus resultados com vistas a uma
constante inovação. As metodologias usadas no microcrédito inovaram, mas o que se
percebe é que não se aprofundaram suficientemente nas inovações que fossem apropriadas ao
setor. Como vimos no início deste trabalho, o microcrédito surge da preocupação de pessoas e
de organizações de facilitar o acesso ao crédito a empreendedores pobres que não tinham
acesso ao sistema formal de crédito e que desejavam montar ou ampliar seu pequeno negócio.
Por isso precisavam de capital de giro, e o sistema bancário tradicional, com suas ênfases em
garantias, solidez do negócio, patrimônio do solicitante e histórico financeiro do pleiteante,
tornava impossível a obtenção do empréstimo. Quando foram pensadas as metodologias para
o microcrédito algumas mudanças fundamentais aconteceram. No sistema tradicional, o
cliente tem de ir ao banco, no do microcrédito o agente vai até o cliente; no sistema
tradicional as normas e procedimentos garantidores do empréstimo pesam muito, enquanto
que no microcrédito, a avaliação do agente é determinante. No entanto, os critérios usados na
análise “subjetiva” do agente guardam certa similaridade com os do sistema bancário
tradicional: análise da capacidade de pagamento, garantias e aval, uma certa história de
sucesso já com o empreendimento, etc. Ou seja, parece ter havido uma adaptação do sistema
bancário tradicional sem ter considerado outras viabilidades criativas. No final das contas,
terminam sendo atendidos pelo sistema do microcrédito, os empreendedores que já possuem
um negócio, e que, portanto, se já não passaram, estão passando acima do limite da linha de
pobreza.
Uma metodologia que facilite o acesso dos clientes mais pobres ao microcrédito tem de
considerar em primeiro lugar, quem são estes clientes mais pobres. Obviamente, como pode
ser deduzido deste trabalho e especialmente da literatura, o mais pobre aqui não é o
simplesmente pobre, é o pobre que tem idéias, que pode ter idéias, e que tem algum potencial
para desenvolver uma postura empreendedora. O sistema de microcrédito destina-se, como
vimos, não ao consumo (o que só dificultaria o pagamento, uma vez que as pessoas não
teriam fonte de onde pagar), mas à produção. Em segundo lugar, é necessário considerar quais
são os elementos que precisariam ser diligentemente estudados para que uma alternativa mais
eficiente (tanto para a instituição que precisa sobreviver como para satisfazer as necessidades
dos clientes) seja encontrada.
As dificuldades que precisam ser analisadas para serem encontradas soluções que facilitem o
acesso se situam umas no lado do cliente e outras no da instituição.
Reflexão Sobre as Dificuldades em Relação ao Cliente.
Mesmo com todos os avanços sobre cidadania e direitos, as instituições não podem esperar
que os seus clientes pobres potenciais tenham toda a documentação exigida, um dos
indicadores básicos de cidadania. O próprio estilo de vida do cliente que se quer alcançar é
comumente desorganizado. Isto parece indicar que uma metodologia que queria ampliar suas
bases deve ter como sua estratégia um trabalho prévio de infra-estrutura nas comunidades que
deseja alcançar. Com a ênfase crescente em priorizar carteiras com um volume de transações
alto, pouco a pouco a preocupação com desenvolvimento e criação de infra-estrutura
desaparece, como já se evidencia desde algum tempo em alguns documentos, alegando que
prover estes serviços torna a operação insustentável (UNDP, 1997). No entanto, quando não
houver esta infra-estrutura ela deveria ser buscada tanto no estimular as condições da
comunidade para sua organização, buscando as associações e vinculando estes esforços com
ações cidadãs, como também em relação aos órgãos municipais, comunidades religiosas, de
12
bairro, buscando antever parcerias e criar um contexto a médio e longo prazo para
desenvolvimento das atividades econômicas dos empreendedores destas comunidades.
Na questão da garantia, o aval solidário parece ser a maneira mais eficiente. O que poderia ser
feito é favorecer neste mesmo trabalho a possibilidade de cooperativas e bancos de poupança
comunitários, que podem criar alternativas mais eficientes e geradoras de autonomia não só
para os clientes como para toda a comunidade. É necessário levar em conta que nas
comunidades mais pobres, os hábitos de saúde e organização pessoal e familiar não estão
assim tão estabelecidos. Há muita desestruturação familiar e carências. As organizações
religiosas cumprem um papel educador que poderia ser utilizado pelas instituições de
microcrédito para criação tanto de capital humano quando de capital social, de organização
pessoal e familiar. Tanto as garantias seriam facilitadas com a formação de capital social e
fortalecimentos dos laços comunitários como a organização familiar (casa limpa,
documentação em ordem, limpeza, postura ética e todos os outros valores enfatizadas pelas
comunidades religiosas e também itens de avaliação dos agentes de crédito), redundando em
um aceleramento e fortalecimento das condições facilitadoras da obtenção do crédito.
Reflexão Sobre as Dificuldades em Relação às Instituições.
Em relação às instituições, os clientes apontaram o valor do crédito como baixo. No entanto,
esta é a dificuldade apontada por todos que buscam empréstimos. Sempre se precisa mais do
que se é capaz de obter e garantir. As instituições por seu lado poderiam se firmar na prova
empírica do reembolso de milhões de clientes em microfinanças como evidência que os
pobres são “merecedores de crédito” e do crédito. E ao mesmo tempo, estabelecer um
escalonamento de empréstimos que desde o início oriente o cliente que uma garantia para
créditos maiores será baseado em reembolsos bem sucedidos anteriores.
As organizações parecem estabelecer estratégias elaboradas a médio e longo prazo para
obtenção de fundos para operacionalizar seus produtos, mas algumas das dificuldades
apontadas pelos clientes parecem indicar que falta ainda pensar a operação toda. O cliente não
tem sido considerado como devia. A falta de posto avançado nas comunidades, por exemplo,
revela ignorância ou entendimento de como é o dia-a-dia do cliente e do pequeno
empreendimento, obrigando o cliente a largar seus negócios e ter deslocamentos
consideráveis que terminam prejudicando sua própria capacidade de reembolso do
empréstimo e encorajando atraso e inadimplência.
As instituições deveriam também estabelecer grupos de trabalho para estudar e refletir sobre
como melhorar os processos de solicitação de crédito, simplificando os procedimentos,
coletando a informação fundamental e diminuindo a papelada, eliminando assim a burocracia
desnecessária, com vistas a fornecer o crédito rapidamente. Os clientes pobres potenciais já
estão acostumados a conseguir com agiotas empréstimos de maneira quase imediata. A
dificuldade mostrada pela burocracia da instituição pode levar o cliente a buscar o agiota
outra vez.
A divulgação é outro elemento que as instituições precisam refletir e aí elaborar estratégias
mais focadas e precisas. O primeiro fator a ser considerado é conhecimento das necessidades
dos clientes e relacionar isso, com eficiência e numa linguagem contextualizada, com o
serviço e os produtos oferecidos. Os meios apontados pelos clientes indicam uma sabedoria
popular que as instituições precisam levar mais em conta: a necessidade de imersão no
contexto; através de palestras nas próprias comunidades, faixas e cartazes no comércio dos
empreendedores, etc. Todos percebem o financiamento como um meio de crescimento
financeiro e relacionar o sucesso de um empreendimento com a instituição financiadora,
estimula os outros a seguirem o exemplo. Os meios de divulgação devem estar relacionados
com a própria comunidade, tais como a bicicleta de som, que circunscreve a propaganda à
própria área da comunidade. Alguns empreendedores apontaram que poderiam ter se
13
envolvido muito tempo antes. Um trabalho de divulgação nas comunidades não só sobre o
crédito, mas sobre empreendedorismo e iniciativa, pode trazer resultados mais que
satisfatórios, despertando vocações latentes.
Tanto no microcrédito quanto em qualquer outro negócio similar, o bom atendimento é
fundamental, manifestado tanto na simpatia e disposição de ajudar do agente como nas
facilidades que podem tornar a vida do empreendedor mais simples e descomplicada. Como
foi dito bom atendimento atrai e retêm clientes, e é isso os que as instituições querem e
precisam. Treinamento e seleção de pessoal com perfil apropriado é essencial. As instituições,
que têm também necessidade de potencializar suas carteiras devem portanto considerar que a
demanda pode estar sendo reprimida simplesmente pela falta de flexibilidade das políticas e
da pouca percepção do que os clientes necessitam.
O fundamental em todo este processo por parte das instituições é entender que as operações
de microcrédito para serem realmente eficazes tanto no oferecer serviços sustentáveis quanto
para promover desenvolvimento humano, devem se situa num contexto mais amplo. É
necessário incluí-lo num processo de desenvolvimento estratégico no contexto maior da
comunidade de sorte que os produtos e serviços dos empreendedores consigam encontrar um
terreno fértil capaz de promover o desenvolvimento dos mais pobres. E se ela não tem
condições ou capacidade para realizar isso, pode obter parcerias neste processo. Microcrédito
por si só não é capaz de promover desenvolvimento, mas a associação de outras ações é capaz
de produzir um impacto duradouro nas vidas das pessoas que acessam o crédito.
De fato, Fagundes e Feitosa (2004) já mostraram que uma metodologia que fosse capaz de
possibilitar acesso aos empreendedores mais pobres teria de considerar em primeiro lugar a
necessidade de promover o desenvolvimento da pessoa da situação em que está para um nível
em que ela seja capaz de se organizar e também de gerir seu próprio negocio com
sustentabilidade na comunidade em que ela está inserida. Em segundo lugar ela teria de
promover um ambiente favorável à sobrevivência dos pequenos negócios. E por ultimo viria o
crédito como um dos elementos fomentadores do desenvolvimento do negócio e da
comunidade local. Uma metodologia informada com esta preocupação teria que tomar em
conta os seguintes elementos numa preparação que antecedesse a cessão de crédito:
motivação empreendedora; qualificação profissional; institucionalização do crédito com o
controle popular (modelos cooperativos); produção; comercialização; melhoria da qualidade
de vida. Só superando todo este ciclo o empreendedor estará mais apto a acessar o crédito
com condições de promover o desenvolvimento de seu empreendimento e conseqüente
qualidade de vida de sua família.
Clareza e precisão no comunicar a proposta do microcrédito são essenciais. Linguajar
simples, familiar à clientela, tocando em aspectos sensíveis e motivadores ao público alvo é
fundamental. Clareza e transparência no transmitir as regras do financiamento evitarão a
sensação dos clientes se sentirem enganados e ajudará na maior possibilidade deles
cumprirem o que é esperado deles, além de cooperar muito na consolidação da imagem de
confiabilidade da instituição.
Enfrentar o desafio não pede a abolição de metodologias e procedimentos de sucesso, mas
uma constante reflexão sobre o contexto dos mais pobres, das suas necessidades, do que é
realmente possível ser feito por eles e pela instituição, e ousadia no elaborar ou aprimorar
metodologias cujo sucesso indique que ela surgiu de ouvidos atentos às necessidades dos
clientes e a capacidade de adaptação e de criatividade das IMFs. É nossa intenção neste
trabalho oferecer uma contribuição nesta direção.
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em http:/www.comunidadesolidaria.org.br
3
Como o foco da nossa pesquisa está direcionado para Recife e Salvador, utilizamos o
índice relativo ao Nordeste como base, por considerar a região mais pobre do país, utilizandonos o índice com base no Recife para regionalização da linha de pobreza.
4
Porto Alegre (1987), Maranhão (1989), Rio Grande do Sul (1989), Sergipe (1992),
Pernambuco (1992), Distrito Federal (1992), São Paulo (1993), Paraíba (1994), Goiás (1994),
Bahia (1995), Pará (1995), Piauí (1997) e Espírito Santo (1997).
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Os Empreendedores Pobres Falam: Fatores que Devem