PROPOSTA PARA UMA SESSÃO DIRIGIDA NO COBENGE 2011 TEMA: Aprendizagem Baseada em Projetos: uma nova abordagem para a Educação em Engenharia COORDENADOR: Prof. Dr. Luiz Carlos de Campos - [email protected] Diretor da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP RELATOR: Prof. Dr. João Mello da Silva - [email protected] Coordenador de Engenharia de Produção Faculdade de Tecnologia Universidade de Brasília – UNB 1. OBJETIVOS O objetivo desse trabalho é criar um espaço para apresentação e discussão de experiências e abordagens da educação em engenharia no Brasil e no mundo. O nosso propósito é criar um ambiente de debate e reflexão que leve à descoberta de novas possibilidades e caminhos para a educação em engenharia, a partir do conhecimento das abordagens que estão sendo implementadas, atualmente, em algumas unidades de ensino de engenharia da América, Europa, Ásia, África e Oceania. Dentre as várias experiências encontradas, este artigo destaca a aprendizagem baseada em projetos tutorados (Project Led Education)[2][4][5][6][7] ou não (Problem Based Learning[8][9][10][11]. A aprendizagem baseada em projetos contribui para o desenvolvimento de habilidades, competências técnicas e transversais, aprendizagem do trabalho em equipe, comunicação oral e escrita, preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social e a ética profissional. 2. ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS A Resolução N 11/2002 (CFE/CES) que estabeleceu as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos Cursos de Graduação em Engenharia, definiu em seu Art. 3, o perfil do egresso para atender às demandas atuais da sociedade. Essas diretrizes tiveram como objetivo promover mudanças que pudessem reduzir deficiências na educação do engenheiro já encontradas àquela época, conforme apontou o documento da Confederação Nacional da Indústria – CNI (2006)[1]. A educação em engenharia deve estar alinhada com a globalização, considerando-se que este fenômeno envolve alterações significativas na vida humana. O avanço tecnológico e o crescimento econômico mundial estão tornando as relações internas e externas entre os países e regiões mais complexas, o que demanda competências e habilidades diferentes do período anterior. Os profissionais de engenharia deverão estar cada vez mais preparados para apresentar soluções para demandas variadas e com níveis de complexidades crescentes. Toda essa transformação passa, além da formação e treinamento dos docentes envolvidos nesse desafio de mudança de paradigma, pelo apoio institucional e o crédito de seus gestores. Segundo Powell & Weenk (2003)[2], as principais competências a serem desenvolvidas na educação em engenharia são conhecimento, habilidades e atitudes. Para tanto, a abordagem educacional deve ser mudada não o conteúdo. É preciso que o professor estimule a mudança de atitude do aluno fazendo-o trabalhar arduamente, efetivamente e com entusiasmo. É um fato notório entre a comunidade educacional (professores, estudantes e gestores acadêmicos), as empresas, os políticos e a sociedade em geral o crescente interesse no desenvolvimento de novos currículos para a educação superior. A aprendizagem ativa se projeta como alternativa viável para a educação superior. A engenharia, dada a sua natureza, apresenta os requisitos para tirar maior 1 proveito desta abordagem do processo educacional, visto que o engenheiro lida, cotidianamente, com projetos, os quais demandam atitude ativa. Segundo o PMI (2008)[3] um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A sua natureza temporária indica um inicio e um término bem definidos. No desenvolvimento de um projeto deve-se ater para o seu gerenciamento adequado com a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. Uma vez que todos os projetos têm um início e um fim bem definidos as atividades específicas conduzidas nesse ínterim deverão obedecer rigorosamente ao tempo estipulado, isto é, o ciclo de vida do projeto com suas fases sequenciais cumprindo ao organograma de trabalho. 3. DESCRIÇÃO DE ALGUMAS EXPERIÊNCIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO PBL NA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA Na Europa, o Grupo de Trabalho no Desenvolvimento de Currículos da Sociedade Européia para a Educação em Engenharia (SEFI – CEWG) tem focado suas atividades nos conteúdos curriculares e nos métodos de ensino e aprendizagem na educação em engenharia, enquanto que o Departamento de Produção e Sistemas da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, Portugal, tem buscado uma parceria com instituições dos países ibero-americanos no sentido de discutir a implantação, o acompanhamento e a avaliação do processo ensino-aprendizagem com base em projetos. O PLE (Project Led Education) o PBL (Project Based Learning) têm sido os principais focos da discussão não apenas como abordagem de aprendizagem ativa, mas como alternativa para se elaborar currículos e se adotar práticas inovadoras na educação em engenharia[4][5][6]. Van Hattum-Janssen[4] desenvolve um trabalho com uma visão geral da abordagem em projeto na educação em engenharia, discutindo as características benéficas para a aprendizagem dos alunos, as mudanças do papel dos professores e de suas preparações diante do novo contexto de ensino e aprendizagem. Lima et al. (2009)[5] desenvolveram métodos que permitem a aplicabilidade e a avaliação de aprendizagem em engenharia centrada em projetos tutorados com base no tempo, na gestão das equipes e na comunicação durante o processo. O método foi adotado em 2004 e, desde então, vem sendo continuamente aperfeiçoado com base numa análise crítica das experiências obtidas a cada semestre. Fernandes, Flores e Lima[6] trabalham nos pressupostos sobre a avaliação dentro de uma experiência de inovação pedagógica, a metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos Interdisciplinares. Weenk e van der Blij[7] participam da experiência de implementação do projeto PLEE (Project Led Engineering Education) no curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Twente, Países Baixos, focado no trabalho em equipe. Campos, Manrique e Dirani[8][9] fazem parte da equipe que está desenvolvendo a experiência na implementação do curso de Engenharia Biomédica da PUC-SP, utilizando a metodologia PBL (Problem Based Learning), onde a organização da estrutura curricular, o perfil dos tutores, o processo e os instrumentos de avaliação e a análise da primeira avaliação do curso, são partes dos principais desafios que a equipe de implementação do processo está encontrando. Balthazar e Mello da Silva[10] trabalham com a proposta de implantação no curso de Engenharia de Produção na UnB com base na concepção metodológica da Aprendizagem Baseada em Problemas, onde o currículo foi estruturado de forma a privilegiar a atividade de projeto. Xiangyun e Stojcevski[11] desenvolvem o método PBL para engenharia na Universidade de Victoria, Melbourne - Austrália, onde o “P” significa mais que aprendizagem baseada em problema. Ele define aprendizagem baseada em Problema/Projeto/Prática (P3BL). 2 Puente, Jongeneelen e Terrenet[12] desenvolvem um projeto de coordenação de um grupo de apoio para o desenvolvimento de competências didáticas para os professores de engenharia da Eindhoven University of Technology (TU/e). Arvid Andersen[13], Dinamarca, criou o projeto EPS (European Project Semester), como um programa para graduandos em engenharia, com grupos de estudantes internacionais que trabalham, durante um semestre, em projetos interdisciplinares cuidadosamente selecionados, atendendo as necessidades reais das empresas, visando desenvolver as capacidades e especializações, assim como as comunicações inter-culturais e habilidades de trabalho em grupo. Atualmente, este projeto está sendo implementado em dez universidades europeias. 4. CONCLUSÕES Para vencer todos os desafios que aparecem com a implementação de uma nova metodologia de ensino/aprendizagem, é essencial o desenvolvimento de um modelo de gestão de ensino e do corpo docente envolvido, além de uma revisão na matriz curricular. Outras dificuldades encontradas estão relacionadas com os processos de avaliação discente. Os diversos instrumentos de avaliação utilizados devem contemplar além do caráter formativo dos alunos, o aprimoramento do curso e superação dos desafios que se interpõem constantemente. Além disso, uma maior interação entre os docentes, alunos e gestores contribui para o trabalho num ambiente agradável, dinâmico e produtivo para a formação do profissional em engenharia. A função da coordenação do curso, dos gestores institucionais e dos docentes deverá estar continuamente em discussão e análise crítica visando atingir os objetivos propostos. 5. REFERÊNCIAS [1] Confederação Nacional da Indústria –CNI- (2006). “Propostas para a modernização da Educação em Engenharia no Brasil”, Inova Engenharia, Athalaia Gráfica e Editora, ISBN 85-87257-21-8, Brasília, DF. [2] Powell, P., & Weenk, W. (2003). Project-Led Engineering Education. Ultrech: Lemma. [3] PMI (2008). A Guide to the Management Body of Knowledge (PMBOK Guide) Fourth Edition. PA, Project Management Institute (PMI). [4] Van Hattum-Janssen, N. (2009). ”Staff Development for Project Led Engineering Education: the Portuguese case”. Proceedings of 2nd International Research Symposium on PBL, Melbourne, Australia. [5] Lima, R. M., et al. (2009). “Management of interdisciplinary Project Approaches in Engineering Education: a case Study”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches in Engineering Education – PAEE2009, UMINHO, Portugal. [6] Fernandes, S., Flores, M. A., Lima, R. M. (2009). “Engineering Students’ Perceptions about Assessment in Project-Led Education”. In International Symposium on Innovation and Assessment of Engineering Curricula, Curriculum Development Working Group (CDWG), European Society for Engineering Education (SEFI). Valladolid, Spain. [7] Weenk, W., van der Blij, M. (2009). “Students Teamwork in Project Led Engineering Education (PLEE)”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches in Engineering Education – PAEE2009, UMINHO – Portugal. [8] Campos, L.C., et al (2009). “PBL in the teaching of biomedical engineering: a pioneer proposal in Brazil”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches in Engineering Education – PAEE2009, Uminho, Portugal. [9] Campos, L. C.; Manrique, A. L.; Dirani. E. A. T (2009). “Desafios na implementação do curso de engenharia biomédica em PBL na PUC-SP”. III Congreso Mundial sobre las Competências Laborales – COMCOM2009 – Bogotá, Colômbia. 3 [10] Balthazar, J. C. e Mello da Silva, J. (2010). “A Aprendizagem Baseada em Projeto no Curso de Engenharia de Produção da Universidade de Brasilia”. 2nd IberoAmerican Symposium on Project Approaches in Engineering Education – PAEE2010, Barcelona, Spain. [11] Xiangyun D., Stojcevski, A. (2009). “Educational Innovation – Problem – Project – Practice Approaches in Engineering Education”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches for Engineering Education – PAEE2009, UMINHO,Portugal. [12] Puente, S. M. G.; Jongeneelen, C. J. M.; Perrenet, J. C. (2009).”The different roles of the tutor in Design-Based Learning”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches in Engineering Education – PAEE2009, UMINHO, Portugal. [13] Andersen, A. (2009). “The European Project Semester -EPS”. 1st Ibero-American Symposium on Project Approaches in Engineering Education -(PAEE2009). UMINHO, Portugal. Outros pesquisadores que trabalham com a temática e que contribuirão com o desenvolvimento da SD proposta: 1) Prof. Dr. Rui M. Lima – [email protected] Departamento de Produção e Sistemas da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, Portugal. 2) Prof. Dr. José de Souza Rodrigues – [email protected] Coordenador do Curso de Engenharia de Produção Faculdade de Engenharia UNESP – Bauru 3) Profa. Dra. Maria Cláudia Ferrari de Castro – [email protected] Departamento de Engenharia Elétrica Centro Universitário da FEI 4) Prof. Dr. Ângelo Sebastião Zanini – [email protected] Diretor da Faculdade de Engenharia Universidade São Judas Tadeu 5) Prof. Dr. André Luiz Aquere de Cerqueira e Souza – [email protected] Departamento de Engenharia Civil e Ambiental Universidade de Brasília 4