PERFIL DO PROFESSOR DE ENGENHARIA:
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS NOS CONTEXTOS DE
APRENDIZAGEM ATIVA
Diana Mesquita – [email protected]
Universidade do Minho
Instituto de Educação
Braga – Portugal
Renato Neves – [email protected]
Universidade Federal do Pará
Engenharia Civil
Belém - Brasil
Resumo
Nas últimas décadas o Ensino Superior tem sido marcado por
mudanças políticas e sociais com impacto nas questões curriculares
e pedagógicas, conduzindo a uma mudança de paradigma
educacional. A literatura internacional aponta diversos pontos de
discussão acerca das mudanças vigentes no Ensino Superior, tais
como a qualidade dos programas de ensino (Barnett & Coate, 2005),
estratégias de melhoria dos processos de ensino e aprendizagem
(Ramsden, 2004) ou a forma como os professores podem inovar a
sua prática pedagógica (Cowan, 2006).
A Educação em Engenharia tem vindo, igualmente, a discutir
estas questões no que diz respeito à formação do engenheiro. A
título de exemplo, o relatório da UNESCO para a Engenharia sugere
mudanças curriculares no processo de ensino e aprendizagem a fim
de potenciar o desenvolvimento de competências dos alunos de
forma articula à prática profissional: “university courses can be made
more interesting through the transformation of curricula and
pedagogy using such information and experience in more activity project and problem-based learning, just-in-time approaches and
hands-on application, and less formulaic approaches that turn
students off” (UNESCO, 2010, p. 32).
Este contexto de mudança vem colocar importantes desafios à
Educação em Engenharia, nomeadamente vem reconfigurar o papel
dos principais agentes do processo de ensino e aprendizagem. Por
outras palavras, o paradigma educacional prevê que seja concedido
ao aluno um papel ativo, através de situações e experiências
educativas que o coloquem a descobrir, a pesquisar, a propor, a
questionar, a problematizar. Desta forma, envolve-se no processo de
aprendizagem, tornando-a mais significativa, motivadora e
participativa. Neste sentido, o papel do professor passa por
proporcionar as situações e experiências educativas que permitam
aos alunos desenvolver competências. O professor é, portanto, um
agente decisivo na inovação curricular e pedagógica (Cowan, 2006),
na medida em que, uma lógica curricular por competências implica
que a escolha do professor considere metodologias centradas na
aprendizagem do aluno.
O campo de pesquisa neste domínio é vasto, nomeadamente
no que diz respeito à implementação de metodologias ativas em
contextos de formação inicial de engenheiros, tais como problem and
project based learning (Kolmos & Holgaard, 2010), peer instruction
(Mazur, 1997), inquiry based learning (Bateman, 1990). De acordo
com os resultados de vários estudos internacionais, as metodologias
ativas contribuem significativamente para a motivação e
envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem (Fernandes,
Mesquita, Flores, & Lima, 2014), para o desenvolvimento de
competências associadas à prática profissional (Mesquita, Lima, &
Flores, 2013) e também para o sucesso académico dos alunos
(Spronken-Smith, Walker, Batchelor, O’Steen, & Angelo, 2012).
Todavia, existem estudos que apontam para as dificuldades
inerentes à implementação das metodologias ativas, nomeadamente
ao nível do trabalho docente (van Hattum-Janssen, 2012).
É, neste sentido, que se justifica o investimento em formação
pedagógica dos professores dos cursos de engenharia, no sentido
de os preparar para os desafios que os contextos de aprendizagem
ativa colocam (Mesquita, Flores, & Lima, 2014). Assim, importa que
a formação pedagógica seja contextualizada, ou seja, considerando
“a resolução de problemas pedagógicos emergentes a cada
situação” (Esteves, 2008, p. 108), de modo a potenciar a melhoria
dos processos de ensino/aprendizagem e o desenvolvimento de
competências dos docentes. A questão que se coloca é: Quais as
competências que fazem parte do perfil dos professores de
engenharia?
Esta sessão dirigida tem como objetivo contribuir para uma
explicitação das competências do professor de engenharia em
contextos da aprendizagem ativa, a partir da partilha de experiências
e situações de ensino que permitam contextualizar as dificuldades,
os constrangimentos, as estratégias, os desafios inerentes ao
trabalho docente.
Referências
Barnett, R., & Coate, K. (2005). Engaging the Curriculum in Higher
Education. Maidenhead: Open University Press / Society for
Research Into Higher Education.
Bateman, W. (1990). Open to Question: The Art of Teaching and
Learning by Inquiry. San Francisco: Jossey-Bass.
Cowan, J. (2006). On Becoming an Innovative University Teacher:
Reflection in Action (2nd ed.). Maidenhead: The Society for
Research into Higher Education.
Esteves, M. (2008). Para a excelência pedagógica do ensino
superior. sísifo / revista de ciências da educação(7), 101110.
Fernandes, S., Mesquita, D., Flores, M. A., & Lima, R. M. (2014).
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Kolmos, A., & Holgaard, J. E. (2010). Responses to Problem Based
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Mazur, E. (1997). Peer instruction : a user’s manual. Upper Saddle
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Mesquita, D., Lima, R. M., & Flores, M. A. (2013, 8-9 July 2013).
Developing professional competencies through projects in
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Fifth International Symposium on Project Approaches in
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between University and Industry, Eindhoven, The
Netherlands, [1-7]ID103.
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Spronken-Smith, R., Walker, R., Batchelor, J., O’Steen, B., & Angelo,
T. (2012). Evaluating student perceptions of learning
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Retrieved
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http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001897/189753e.pdf
van Hattum-Janssen, N. (2012). The role of Teachers in Projects. In
L. Campos, E. Dirani & A. Manrique (Eds.), Project
Approaches to Learning in Engineering Education The
Practice of Teamwork (pp. 161 - 176). Rotterdam: Sense
Publishers.
Lista de Participantes
Coordenadora
Nome
Diana Mesquita
Relator
Renato Neves
Participante 1
Valquíria Villas-Boas
Participante 2
Participante 3
Participante 4
Marco Pereira
Luiz Carlos Campos
Marinez
CargninStieler
José Lourenço
Octavio Mattasoglio
Neto
Participante 5
Participante 6
Instituição
Universidade do Minho,
Portugal
Universidade Federal do
Pará
Universidade de Caxias do
Sul
USP – Lorena
PUC – São Paulo
UNEMAT
UNISAL – Lorena
Instituto Mauá