INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE TEXTO CONCEITO DE TEXTO O texto é passível de duas bases indissociáveis: 1- A estrutural . 2- A discursiva. 1- Estrutural É a maneira como se organiza o texto a partir dos mecanismos estruturais que o compõem e de procedimentos que levam à combinação desse mecanismos. É uma análise interna em que a língua é um código, e o texto um elemento a ser decodificado pela capacidade linguística de cada um de nós. O sentido (compreensão) do texto nasceria da capacidade de decodificar (entender) uma mensagem. 2 - Discursiva. Nesta vertente, o texto é como se fosse um elemento de comunicação, fator de interação entre sujeitos, levando em consideração fatores externos ao objeto: produção e recepção textual, relação entre os sujeitos, objetivos da produção. É uma abordagem que traz o sentido de algo construído pela interação entre os sujeitos, exige mais do estudante, pois não basta apenas a competência linguística, é necessário um vasto conhecimento de mundo (informações) que o que ler tenha sentido (entendimento). Partindo destas idéias, vem uma ´grande dúvida: O que vem a ser texto? O senso comum imagina a parte verbal (linguístico), mas analisando pela parte interna (como um código a ser decifrado) e o contexto inserido (situação que envolve o uso), o texto também é uma produção não-verbal - gravuras, charges, dança, vestuário; ou ainda, uma mistura de produtos cruzando-se em várias linguagens - filmes, músicas, HQ. Todas estas modalidades serão estudadas nas próximas aulas, inclusive com suas marcas formais e discursivas. TEXTO E CONTEXTO Textum, do Latin significa “entrelaçamento”, “tecido”, então, o nosso texto tem a idéia de entrelaçamento de partes, obtido de uma ação trabalhosa e meticulosa. Nos aspectos estruturais e discursivos, dizemos que texto é uma voz que se pronuncia sobre um mundo em que vivemos, através de unidades menores articuladas entre si determinando sentido. Todos os textos têm algo a dizer, não sendo apenas a constituição interna do texto que diz algo sobre seu sentido. Ler de maneira competente é apreender as relações internas que vêm da articulação das partes do texto; num segundo momento também é perceber a atuação dessa unidade do texto em sua realidade histórica. Veja o trecho da música do ultraje a rigor p. 2. TEXTO 1 A gente não sabemos escolher presidente. A gente não sabemos tomar conta da gente A gente não sabemos nem escovar os dente Tem gringo pensando que nós é indigente Inútil... A gente somos inútil. Ultraje a Rigor, Inútil. Quando essa música foi escrita (anos 80) fez muito sucesso, mas as autoridades leram de outra maneira, era algo que desqualificava e auto-estima do povo brasileiro, foi proibida em rádios e televisões. O sentido da recepção do texto variou conforme o momento em que ela foi enfocada. Nos anos 80 possuía conotação contestadora, hoje nem tanto. Os desvios propositais criam sentido crítico em relação à imagem do povo brasileiro. Estes desvios propositais valorizam as “deficiências” do enunciador, reproduzindo um preconceito cristalizado na sociedade. Podemos dizer então que contexto é uma unidade m aior que está dentro de uma menor, o contexto define o sentido da unidade menor. Então, ler de modo competente é apreender relações internas advindas da articulação das partes do texto, e perceber a colocação desta unidade em sua realidade histórica. OS FORMADORES DE SENTIDO DE UM TEXTO A percepção das relações estabelecidas num texto não surge de uma hora para outra, é algo processual, é o resultado do contato que tivemos ao longo de nossa vida com variadas fontes de informações. O saber letrado sempre foi prestigiado, além de ser instrumento de elevação intelectual e social. Se ler bem um texto significa ler melhor o mundo que nos rodeia, é tarefa de cada um cuidar ou recuperar o que falhou na formação intelectual, selecionando o que dispensável e o que é útil aos interesses, começando com a palavra, procurando conhecê-la melhor. O PERCURSO DE SENTIDO DO TEXTO. O texto é uma grande articulação entre:palavras>frases>parágrafos resultando nos elementos que farão as relações de sentido. AS PALAVRAS - a escolha das palavras de um texto vai dar o sentido do texto. Numa piada, é sempre uma palavra que detona o sentido engraçado. A recorrência de um repertório vocabular típico de um grupo caracteriza o enunciador e nos dá pistas de seu comportamento ou intenções. FATORES DE COESÃO - certas palavras num contexto estabelecerão relações que definirão o sentido do conjunto e apontarão para as intenções do enunciador. (ordem das palavras, conectivos, palavras referenciais, elipse). FRASE E PARÁGRAFO - a frase dentro de um parágrafo significa a “costura” que a sentença realiza dentro do conjunto, ela assume um valor acionando outros valores para o conjunto. O parágrafo funciona como espaço em que se estabelecem tais relações, ele também articula com com outras partes gerando sentido. Estes assuntos serão vistos detalhadamente nas aulas seguintes. TIPOLOGIA TEXTUAL TIPOS DE TEXTO Os textos são resultado de diferentes propósitos, por isso apresentam características distintas. Permitindo estabelecer uma tipologia variada, desde a distinção entre prosa e verso, a diferença entre textos expositivos e argumentativos, objetivos ou subjetivos, verbais ou nãoverbais, chegando até ao texto artístico e o científico. Há dois tipos que convivem nas páginas de revistas e jornais, e também referências para as provas de redação narração e dissertação. Eles se mesclam e transformam de acordo com a necessidade, podemos dizer que a partir destes dois tipos todos os outros como a descrição, que é um caso particular de narração. NARRAÇÃO - o mundo relatado Leitura do texto p. 7. Texto que primou pala informação, a progressão cronológica - relato de coisas que ocorreram com o passar do tempo, é uma reportagem ou matéria - notícia. DISSERTAÇÃO - o mundo discutido. Leitura do texto p. 8. Este não se limitou aos fatos, o autor usou o texto original para desenvolver um raciocínio, a intenção não é apenas informa, mas valer-se da informação para um comentário, em que se mostre a opinião do autor, é um texto dissertativo. Atividades pp. 3, 4, 5, 8, 9, 10, 11, 12.