8 / São José do Rio Preto, 6 de maio de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO
Comportamento
GERAÇÃO Y
Elen Valereto
[email protected]
Eles são jovens que cresceram em meio a um turbilhão
de mudanças tecnológicas, de
comportamento e cultura. Como conheceram e acompanharam cada grande evolução nesses setores, são marcados pelo
dinamismo, antenados e querem tudo para agora. Mas apesar desse imediatismo, destacam-se pela necessidade de realização pessoal sem comprometer a qualidade de vida.
Com o raciocínio e a assimilação de situações adversas muito rápida, esse grupo consegue
fazer várias atividades ao mesmo tempo, cumprindo uma
agenda lotada durante o dia. Pode ser composta por reuniões
de trabalho, cursos de aperfeiçoamento profissional, de idiomas, compromisso com os amigos e familiares, esportes, academia, sempre buscando fazer
tudo por prazer, e não tendo a
obrigação como objetivo.
Essa inquietude leva os “y”
(abreviação da palavra em inglês “young”, tradução de “jovem”) a ser mantidos sempre
ocupados, um reflexo do estímulo constante que receberam
durante a aceleração da sociedade nas últimas décadas e que,
por sinal, continuam recebendo. Tamanha velocidade criada
nessa atmosfera provocou uma
sede pela busca de mais desafios e aprendizados.
O perfil geral apresentado pela geração Y é de pessoas e profissionais com necessidade e busca
de crescimento muito rápido, afirma o psicólogo e especialista em
ciências cognitivas Fernando
Elias José. “Eles se mantêm em
desenvolvimento com uma urgência para crescer, trabalhar e
ser reconhecidos. Quando o
aprendizado de um trabalho acaba, eles se desligam e partem
em busca de outro, mesmo se o
salário for menor.”
No entanto, nessa sede de
renovação, um dos efeitos colaterais dessa geração é a efemeridade, característica desses jovens versáteis nascidos entre o
final da década de 1970 e início
dos anos 90. Com uma grande
quantidade de recursos disponíveis a eles e lançamentos frequentes, o prazo da validade da
atenção de tudo que têm em
mãos acaba muito mais rápido.
A efemeridade acompanha
esses jovens que têm dificuldade de esperar. Um resultado a
longo prazo, por exemplo, não
está previsto nos planos de um
jovem desse grupo. “São pessoas inquietas, inconstantes,
guiadas pelo prazer, pelo objetivo imediato. Dada a abundância de recursos, entediam-se facilmente, procurando constantemente novidade”, destaca a
psicóloga Vanessa Pik Quen
Lee, do Hospital Santa Cruz,
de São Paulo.
O crescimento desses jovens acompanhou a apresentação digital e a inserção no mundo virtual, fato que favoreceu o
desenvolvimento da autoestima e a facilidade de lidar com
grupos diversos e hierarquia.
As habilidades multiuso,
em contrapartida, garantem
uma valorização do individualismo aliado ao sentimento de competitividade. Essas
são outras duas fortes marcas
registradas da geração Y, afirma a psicóloga.
Para ela, é uma geração que
Criatividade e sentimento
coletivo de igualdade (mas
também imediatismo e
ansiedade) são
características do modo de
vida da juventude atual
cresceu com o apoio dos pais
preocupados em dar suporte para seus filhos. Foram criados diferente de como seus pais foram, ganharam mais atenção,
educação e recursos materiais.
“É uma geração educada para
conseguir o que quer e, para
tal, há competitividade”, diz
Vanessa.
Senso moral
Apesar da geração Y ter
uma tendência para a competição, o comportamento apresentado por esses jovens destaca-se
na criação de laços de igualdade e com respeito à diversidade. Na visão deles, os privilégios e as diferenças de tratamento não devem existir.
O respeito deve vir pela experiência, competência, não pela simples submissão à hierarquia, na opinião da geração que
cresceu em meio a preocupações ambientais e sociais. De
acordo com a psicóloga do hospital paulistano, os jovens gostam de se tratar de igual para
igual nas relações entre pai e filho, chefe e empregado, experiente e aprendiz.
“É uma geração de liberdade
individual, de moral liberal, menos preconceituosa, mas de fortes
valores éticos e coletivos. Existe
respeito por aqueles que os respeitam e que entendem que todos podem aprender, trocar experiência
para crescer”, destaca.
Download

Criatividade e sentimento coletivo de igualdade (mas também