Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... Marketing Interativo - Do Marketing Direto à Internet Walter Longo Em primeiro lugar gostaria de agradecer muito o convite feito pela Revista de Vendas para participar deste evento. E agradecer ainda mais pela oportunidade de fazer a palestra inicial do Seminário. Afinal, quando se é o primeiro a falar, evitamos comparações com o que já foi apresentado e isso deixa qualquer palestrante mais a vontade. Fico feliz também por esta sessão ser neste horário. Como disse Jean-Paul Sartre, três da tarde é sempre muito cedo ou muito tarde para qualquer coisa que se queira fazer . Outra vantagem desse horário é que sendo após o almoço, encontro aqui uma platéia satisfeita. E, sem dúvida, a melhor platéia do mundo é aquela formada por gente inteligente, bem educada e um pouco bêbada. Falar de marketing direto é uma enorme satisfação. Acredito, pratico e recomendo. Eu gostaria de iniciar essa nossa conversa, fazendo uma breve digressão, e relembrando um pouco o meu início de carreira. Quando comecei a trabalhar em comunicação, na McCann em 69, a minha função de aprendiz de redator já me fazia prestar atenção no que havia de novo, de intrigante, de eficiente no processo de comunicação. Me lembro como se fosse hoje quando em determinado dia, durante o expediente, o Diretor de Criação recebeu na sua mesa uma caixa de papelão de tamanho médio com uns furinhos no lado. Aberta a caixa, foi com grande surpresa que se descobriu seu conteúdo: um coelho branco, e uma carta acompanhando. No texto da carta havia mais ou menos o seguinte: O nome desse coelho é Carlinhos. Ele é um excelente animal de estimação, muito dócil e ideal para brincar com crianças. Caso você não tenha filhos, e a situação esteja difícil, sugiro que tente a profissão de mágico e terá nele um parceiro ideal. PT Saudações. Lá estava o pobre diretor, com um coelho no colo, sem saber o que fazer com ele. Uma semana depois, o episódio já estava quase esquecido, quando uma nova caixa foi deixada na mesa dele. Dentro dela outro coelho e mais uma carta acompanhada de um guia: - Este é o Marquinhos, irmão do Carlinhos e também um animal muito simpático e cândido. Nossa sugestão é que você inicie uma criação de coelhos, e por isso estamos enviando em anexo o Manual do Cunicultor. Caso você não queira entrar nesse ramo de criador, no final do manual você encontrará várias receitas culinárias de como preparar um bom coelho. Bons lucros, ou bom apetite. A cara do Diretor era um misto de surpresa, pânico e desânimo. E lá foi ele para casa no final do expediente com a caixa embaixo do braço. Mais uma semana se passou, e numa manhã bem cedinho lá estava a terceira caixa de papelão em cima da mesa. Dentro da caixa, mais um coelho e um bilhete lacônico: - Este é o Joãozinho, primo do Carlinhos e do Marquinhos. Caso você não ligue para nós e marque uma visita de nosso representante para uma apresentação de nossos produtos, 1 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... estaremos semanalmente lhe enviando mais um parente até completar toda a família. Telefone ligue já e etc. Não é preciso dizer que o Diretor ligou no mesmo instante para a empresa marcando a reunião para o dia seguinte. Essa história tragicômica serve bem para ilustrar em primeiro lugar a eficiência da interatividade através do marketing direto e da comunicação dirigida. Sou capaz de apostar que o índice de resposta dos que receberam essas peças promocionais foi próximo de 100%. Mas serve também para deixar claro, que a criatividade utilizando as técnicas de resposta direta não é algo novo, nem inédito. A comunicação interativa, ou por diálogo, é tão antiga quanto o próprio homem. Antes da era da produção em massa, todo processo de comunicação era através do diálogo pessoal e direto. Nos últimos 100 anos, pelo menos, assistimos o surgimento e crescimento da comunicação de massa, ou por monólogo. Afinal, não havia outro jeito de se comunicar com o grande mercado consumidor que havia se desenvolvido. Hoje, graças ao fantástico desenvolvimento da informática, e a brutal redução de custos ocorrida nesse setor, é possível novamente uma comunicação direta, individualizada, e interativa com cada um de nossos clientes, independente de seu volume. Essa possibilidade de volta para o futuro, traz para todos nós a chance de reiniciar com nossos clientes um diálogo que havíamos interrompido há um século atrás. E o diálogo é, sem duvida, a mais eficiente das formas de comunicação. Eu posso garantir que nada é mais importante do que o diálogo na tarefa de persuadir. Por isso, empresas de todo o mundo tem cada vez mais o seu interesse despertado pela criação de data bases, e por ferramentas de comunicação que permitam a identificação de um potencial interessado no seu produto ou serviço, e a partir daí o início de um permanente diálogo e relacionamento. Na verdade, todo processo de vendas, ou de marketing, tem como objetivo construir uma ponte de relacionamento com seus consumidores. E hoje, falando dessa engenharia do relacionamento, temos no mercado os mais diversos tipos de ponte construídas pelas empresas na busca desse encontro com seu público alvo. Algumas pavimentadas e outras de terra, onde atravessar é sempre uma aventura. Há também as que, independente do tempo, são sempre estáveis e seguras enquanto outras, qualquer garoa ou crise, já se tornam bastante escorregadias. Outro caso comum é vermos pontes construídas pela metade, ainda em obras, e já solicitando, não o habite-se, mas o trafegue-se, antes de sua conclusão. Isso tudo sem falar das empresas que cobram um alto pedágio para esse diálogo, independente se antes, no meio, ou depois das travessia. Em nossa conversa de hoje estaremos tratando do último exemplo de pontes, as de mão única e as de duas mãos. Optar se minha empresa quer estabelecer com seus clientes uma relação de monólogo ou mão única, ou abrir oportunidade para o diálogo através de uma via de duas mãos, é uma decisão aparentemente fácil, mas de difícil execução. Difícil por que não se trata de um problema técnico, mas sim uma decisão 2 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... estratégica de longo alcance, e de profunda repercussão nos destinos da organização. Existe muita empresa grande que, em vez de pontes, tem construído pinguelas na relação com seus clientes. Construções efêmeras e inconstantes, que fatalmente estão levando não ao diálogo, e sim ao bate boca com seu consumidor. Por isso, acho importante discutirmos aqui, mais do que os erros ou acertos da venda interativa (que é o título da palestra), mas quais os cuidados, quais os pontos mais importantes para uma eficiente utilização do Marketing Interativo. 1. O primeiro ponto a ser destacado, por sua importância, é o de que o Marketing Interativo é uma postura, e não uma técnica. Muita empresa acredita que a simples atitude de remeter folhetos, ou ter um depto. de telemarketing em sua estrutura já a credencia como praticante do Marketing Interativo. Isso não é verdade. Os meus vários de experiência em empresas de comunicação e marketing direto foram importantes para mostrar que o marketing interativo não se caracteriza por nenhuma dessas ações isoladas. É, antes de tudo, uma forma de encarar o mercado, uma postura ativa de priorizar o relacionamento permanente e crescente com seus clientes, buscando estabelecer uma relação estável e duradoura com o mercado. E o primeiro passo para essa postura, é entender que existem várias fases distintas no relacionamento com o mercado, e que cada uma delas possui características também distintas e especiais. É preciso ficar bem claro que, cada pessoa tem em relação a determinado produto, diferentes estágios previsíveis e sequenciais de relacionamento. Essas fases vão desde a ignorância total sôbre a existência desse produto, passando pela consideração latente em conhecê-lo, pelo interesse em saber mais detalhes, passando pela atitude de ir à loja ou chamar um vendedor, até o estágio de já ser um proprietário ou usuário desse bem ou serviço. SUSPECTS/ PROSPECTS/ BUYERS/ CLIENTS A tarefa diária de todos nós profissionais de marketing e vendas, nossa responsabilidade maior, resume-se em transportar pessoas do box da esquerda para o box da direita, ou seja, transformar consumidores potenciais em prospects interessados, motivá-los a adquirir o produto e, finalmente colocá-los no grupo dos clientes satisfeitos. Por isso eu sempre digo que trabalhamos no ramo do transporte público, movendo pessoas da esquerda para a direita, e depois como segunda missão, fazendo tudo que é possível para que eles nunca mais saiam de lá. E esse conceito serve indistintamente tanto para produtos quanto serviços. Fica claro, portanto, que não faz nenhum sentido nós nos comunicarmos da mesma maneira, usando uma mesma mensagem, através de um mesmo veículo, com pessoas que estão em diferentes fases ou estágios de relação com nosso produto. E isso nos remete ao segundo ponto importante para uma eficiente utilização do Marketing Interativo. 2. Mais importante que a frequência, é a sequência 3 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... Assim como no sexo, dizemos que o marketing interativo é mais dependente para seu sucesso da sequência, que da frequência. E quem já tentou no seu processo de abordagem alterar a sequência, sabe bem o que eu estou falando. Mais importante que falar com o público certo, é passar a mensagem certa, no momento certo, e na dose certa. E isso só o Marketing Interativo permite. Desconhecer esse conceito, é como chegar em casa todos os dias e se apresentar novamente à sua esposa! E é isso exatamente o que fazem milhares de anunciantes na utilização maciça da propaganda tradicional, que utiliza apenas na sua análise os conceitos de alcance e frequência. O marketing interativo, através da comunicação por diálogo, utiliza três dimensões: alcance, frequência e sequência. 3. O terceiro conceito relevante para o marketing interativo, é que satisfazer o cliente é importante, mas não suficiente. Quanto mais me dedico ao aprofundamento dessa análise, mais claro fica que a busca da satisfação do cliente, até hoje considerada o objetivo maior de qualquer organização, começa agora a já não ser suficiente na acirrada disputa de mercado. Afinal de contas, atender bem, oferecer um bom produto, a preços adequados, e no prazo combinado deixou de ser um objetivo e passou a ser uma obrigação. Daqui para a frente, o fundamental é surpreender o cliente, ir além do combinado, ter uma relação repleta de surpresas. Só assim será possível conquistar, e principalmente manter, sua preferência. Como os conselheiros matrimoniais já vem dizendo há muitos anos, o elemento surpresa, o fator inesperado, é um ingrediente indispensável para a manutenção de qualquer relação. Eu gostaria de ilustrar este ponto contando a vocês alguns casos recentes que aconteceram na TVA Como resultado da implantação dessa filosofia na empresa, basta citar que em 1993, das 30 mil assinaturas vendidas naquele ano, apenas 5% eram originadas por recomendação de já assinantes. Em 1996, das 200.000 assinaturas vendidas no ano, 37% vieram de indicação dos já assinantes. Isso demonstra de maneira evidente que o resultado da implantação dessa política de ir além do simples cumprimento de nossas obrigações junto aos clientes traz resultados imediatos. É importante enfatizar, no entanto, que essa decisão exige transformações estruturais na empresa, sem as quais essa postura será somente um fato isolado e exercido apenas por alguns funcionários de boa vontade. A mudança estrutural mais importante, é deixar de trabalhar por função, e passar a trabalhar por processo. Cada empregado da empresa, seja ele o vice-presidente, ou a telefonista, tem que ser concientizado não das suas funções, mas de sua importância no processo. Atuando por processo, cada funcionário da empresa passa a perceber sua importância relativa, e o impacto real de sua atitude. Quando se trabalha por processo, o microcosmo de cada setor tem uma noção muito mais clara de sua importância, e deve ser recompensado não só pelo cumprimento de sua função, mas pela sua capacidade de 4 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... contribuição a esse processo. Pensando assim, estamos de certa forma dividindo a empresa em dois grandes grupos. Um grupo responsável por abrir a porta da frente e colocar clientes para dentro. O outro é responsável por fechar a porta do fundo e não deixar o cliente sair mais de jeito nenhum. Com essa nova configuração da empresa, antigas funções como marketing são divididas em duas, mas os responsáveis por vendas se transformam em relationship managers, onde vender é apenas parte de sua responsabilidade. Com tudo isso, não apenas alguns, mas todos passam a entender que agradar e satisfazer o cliente é a nossa obrigação. Mas surpreendê-lo, ir além do esperado, isso é a nossa missão. E nessa missão a utilização do Marketing Interativo é fundamental. 4. Isso tudo nos leva ao quarto ponto importante : Marketing Interativo não é ter um depto. de atendimento ao cliente, ou serviço de atendimento ao consumidor. A opção pela aplicação de uma ponte de duas mãos na relação com o consumidor, é antes de tudo uma postura empresarial que deve permear toda a organização. Numa empresa orientada para o Marketing Interativo, ninguém pode passar ao lado de um telefone tocando, sem atendê-lo. E deve ir até o fim na busca da resposta desejada. Não existe o conceito isso não é comigo, ou ligue para outro departamento. Todos são responsáveis pelo atendimento dos anseios do consumidor, e todos devem estar comprometidos nessa tarefa. O diálogo é uma eficiente ferramenta de pesquisa e um fascinante instrumento de avaliação do seu produto ou serviço: 5. O quinto ponto relevante do Marketing Interativo é que a tecnologia ajuda, mas sua falta não deve ser desculpa para a sua não implementação. De um grande computador, a uma agenda telefônica, qualquer instrumento que concentre os dados relevantes de seus clientes, e permita estabelecer um contato direto com eles, deve ser utilizado na prática do Marketing Interativo. 6. Uma das mais importantes recomendações para quem quer se utilizar do Marketing Interativo, é não comece um diálogo se você não pretende continuá-lo. Marketing Interativo é um caminho sem volta. Existem centenas de empresas abarrotadas de sacos de cartas, fruto de ações táticas de relacionamento. Isso porque em vez de praticarem o Marketing Interativo, praticam o Marketing Intermitente. Cabe aqui um alerta importante: No marketing interativo, a abundância é tão perigosa quanto a escassez. O caso mais flagrante de abundância é o dos cartões de crédito. Por isso, acho que muitos de vocês se lembram do famoso Regulador Xavier, elixir feminino, e que deveria ser usado também por usuários do Marketing Interativo. 5 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... 7. Marketing Interativo exige uma visão estratégica, e não tática. Infelizmente, nos últimos anos, os táticos assumiram o poder nas organizações. A busca por resultados imediatos que tomou conta das empresas, privilegiou hierarquicamente o profissional tático e de visão curta. A razão disso é que se confundiu e associou estratégia com longo prazo, e tática com curto prazo. O que no fundo é uma bobagem enorme, e não tem nada uma coisa a ver com a outra. É possível ser estratégico a curto prazo, e tático a longo prazo. A comunicação por diálogo utilizada no Marketing Interativo é, na verdade, um sistema de ações táticas definidas e mensuráveis, mas que no conjunto devem formar um processo estratégico cumulativo de longo alcance, e de grande impacto no resultado da empresa. Tanto a curto, quanto médio e longo prazos. No fundo, praticar o Marketing Interativo é como atirar num pato em pleno vôo. não adianta mirar onde ele está, mas sim onde ele vai estar. Do contrário, não acertaremos nunca. 8. Público interno, ou intermediário, é tão importante quanto público final. Uma das maiores miopias empresariais é prestar quase ou nenhuma atenção ao público interno, ou intermediário. É ele que, no fundo, pratica o Marketing Interativo com seu público final. Ele é a cara que sua empresa tem lá fora, e esquecer-se disso, é garantir uma feição esquizofrênica, independente do esforço de comunicação via mídia que esteja sendo feito. Não confundir endomarketing com egomarketing. 9. Diálogo só é bom quando interessa aos dois lados. Estou falando aqui de capacidade de empatia e noção de relevância. De cada 100 peças de Marketing Direto, ou chamadas via telemarketing, ou visitas de vendedores que eu recebo, apenas uma delas realmente vem ao encontro de meus interesses e desperta minha atenção. Parece que ainda estamos na fase do "atira para cima e vê o que acerta". Em todo processo de marketing interativo, é fundamental você só estabelecer o contato quando tiver certeza que o que vai dizer é relevante para o receptor da mensagem. Do contrário, você estará apenas praticando o monólogo, travestido de diálogo, e depois vai ficar reclamando da crise pela falta de resposta e resultado do processo. 10. Vender é fácil, fidelizar é difícil. Os estudiosos afirmam que o futuro do Marketing será determinado pela produção taylor made, distribuição individualizada e mídia segmentada e interativa, alterando completamente as regras da concorrência e redefinindo o conceito de liderança de mercado. Em vez de market share, o objetivo será conquistar o client share, o pedaço da preferência de cada consumidor ao nosso produto, individualmente. Não se pensará mais na escala da operação de marketing, e sim no alcance, no scope, no âmbito dessa operação. 6 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... As empresas deixarão de tentar vender um determinado produto para o maior número de consumidores possível, e passarão a ter como objetivo vender para um determinado consumidor o maior número possível de produtos, durante todo seu ciclo de vida. A verdadeira medida do sucesso das empresas, portanto, deixará de ser market share e passará a ser client share. A razão básica disso tudo, é que é muito mais barato manter um cliente do que conquistar outro: Conquista Vs. Retenção Custo de Aquisição de um novo cliente: US$20 Custo de Manutenção de um atual cliente: US$4 Se tomarmos como exemplo duas organizações, uma com ênfase na conquista de novos clientes e outra na manutenção dos atuais, fica claro identificar qual delas está no caminho certo: Ênfase na Aquisição Ênfase na Manutenção 6 novos clientes: $120 3 novos clientes: $ 60 5 atuais clientes: $ 20 20 atuais clientes: $ 80 Custo Total: $140 Custo Total: $140 Total Clientes: 11 Total Clientes: 23 A verdade é que os profissionais de marketing estão descobrindo que consumidores são como rádios, não possuem apenas o botão liga-desliga, mas também o botão de sintonia e volume. Cabe às empresas, buscar uma melhor sintonia com seus atuais clientes, e ir gradativamente aumentando o volume de consumo. Caso essa sintonia sofra qualquer interferência, seguramente o botão de volume será acionado para baixo, ou até desligado. De acordo com o Princípio de Pareto, 80% dos negócios de qualquer empresa são realizados com apenas 20% de seus clientes. Os índices podem variar de segmento para segmento, mas o princípio permanece. De acordo com James Putten da área de information management da American Express, os heavy users de cada setor investem na proporção de 16/1 no varejo, 13/1 em restaurantes, 12/1 em passagens aéreas e 5/1 em estadias de hotel. E são eles exatamente que respondem mais favoravelmente à qualquer esforço de girar o seu botão de volume.Os programas de frequent flyer são baseados no Princípio de Pareto 7 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... Outro dado importante é que pessoas estão exigindo cada vez mais respeito a sua individualidade. Tanto das outras pessoas, quanto de marcas e produtos. Querem ser tratados como indivíduos, e não como massa ou grupos. Ao mesmo tempo em que tem medo de fidelizar relações de qualquer espécie estão, na verdade, em busca de relacionamentos mais estáveis, num mundo cada vez mais instável. Pesquisas demonstram que, em períodos de incerteza, cresce a fidelidade em bens duráveis, e decresce em produtos de consumo de massa. Essa esquizofrenia aparente revela, no fundo, uma compensação psicológica de grande impacto no comportamento do consumidor, e que pode ser positivamente aproveitada pelas marcas e produtos empenhados na busca do client share. Outra razão importante para a busca da fidelidade do consumidor, é que as pessoas estão vivendo mais tempo e começando a consumir mais cedo. A vida média de consumo dobrou nos últimos 30 anos. E com ela, dobrou também a importância e eficiência do conceito de client share. Segundo Carl Sewell, escritor e revendedor de automóveis, cada cliente potencial que entra no show room de sua revendedora representa um potencial de consumo médio de 300 mil dólares durante toda sua vida. Esse cálculo leva em conta o preço médio de todos os carros que esse consumidor vai adquirir até o fim de sua vida, além dos serviços e peças que vai consumir nesse mesmo período. Já a General Motors estima o valor médio de um cliente fiel, incluindo aí os produtos financeiros como financiamento e seguro ao redor de US$400 mil. E essa mesma análise vale para todos os outros segmentos de mercado. De acordo com a empresa de consultoria americana, o instituto TARP, um fiel cliente de um supermercado gasta em média três mil e oitocentos dólares por ano, e para uma cia. aérea, o valor estimado de viagem de negócios durante uma vida útil profissional é de mais de 100 mil dólares. Tudo isso faz com que o conceito de client share cresça em importância para os anunciantes, e acabe forçando agências e veículos à se preparar para essa nova cultura de marketing que, sem dúvida, vai influenciar profundamente os destinos da mídia. Ainda sobre o aspecto de fidelizar o consumidor ao seu produto ou serviço, cresce cada vez mais a importância da ferramenta marketing direto como veículo mais adequado não somente para vender, mas também para conquistar a preferência definitiva do público-alvo. E a razão principal disso, é que o marketing direto tem a propriedade de transformar produtos em serviços, trazendo com isso comodidade e individualidade na relação. Por falar em Marketing Direto, convém ressaltar que em sua definição está indicado claramente que se trata de um sistema pelo qual uma empresa estabelece uma relação direta com o consumidor de seus bens ou serviços, através da comunicação interativa. E é uma pena que ainda exista em nosso mercado gente que pensa estar utilizando mala direta, 8 de 9 15/08/2008 17:46 Marketing Interativo 97 http://www.walterlongo.com.br/palestras/Marketing%20Interativ... chama isso de marketing direto, mas no fundo está apenas fazendo propaganda por correio. E, pior que tudo, sente-se participante do mundo do Marketing Interativo. A verdade é que, até pouco tempo, as empresas faziam um grande esforço para passarem de uma estrutura product oriented para marketing oriented. Hoje já se vislumbra um novo desafio para as organizações: passar de traditional marketing driven para relationship marketing driven. Isso está exigindo grandes alterações estruturais nas empresas integrando gerência de produto com área de sistemas, criando mecanismos de incentivo para ações de cross-selling entre marcas ou produtos, e redefinindo os conceitos de lucratividade por depto. ou setor. Por isso, assumir uma postura de utilização do marketing interativo, construir e aperfeiçoar data bases, mensurar resultados de cada ação implementada, transformaram-se em pontos chaves para todos nós. A conclusão que se chega é que é muito mais fácil, dá muito menos trabalho, exige muito menos esforço manter a aura e prestígio de uma empresa através do monólogo. Ou seja, manter nossa relação com o mercado através de uma via de mão única, onde a comunicação é orientada num só sentido, e, por isso, com menos riscos. O problema é que com o monólogo você ganha a admiração mas não a preferência. Ganha o respeito, mas não o carinho. E eu sinceramente não acredito que qualquer empresa possa ser bem sucedida daqui para frente, apenas conquistando a admiração e o respeito do mercado. 9 de 9 15/08/2008 17:46