Luis Eduardo Genovez Nonato Efeito da Contagem de Células Somáticas na Composição e Qualidade do Leite São Carlos 2007 Luis Eduardo Genovez Nonato Efeito da Contagem de Células Somáticas na Composição e Qualidade do Leite Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para o cumprimento de atividades referentes ao Curso de Especialização Latu Sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal - UCB, sob orientação da Profa. Dra. Georgiana Sávia Brito Aires. São Carlos 2007 LISTA DE FIGURAS FIGURA PG 1 CASOS DE MASTITE: (A) CLÍNICOS 07 2 CASOS DE MASTITE: (B) SUBCLÍNICOS 07 3 DIAGNÓSTICO DE MASTITE: (A) CLÍNICA 08 4 DIAGNÓSTICO DE MASTITE: (B) SUBCLÍNICA 08 5 PROGRAMA DE PAGAMENTO DO LEITE POR QUALIDADE 19 6 CÉLULAS COM PRESENÇA DE NEUTRÓFILOS 21 7 CÉLULAS COM PRESENÇA DE MACRÓFAGO 21 8 ÚBERE TIPO ORDENHADEIRA MECÂNICA 23 9 ÚBERE TIPO EM DEGRAU 23 10 ÚBERE TIPO DE CABRA 23 11 ÚBERE PRIMITIVO 23 iii LISTA DE TABELAS TABELA PG 1 PADRÕES INTERNACIONAIS DE CCS 04 2 ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO LEITE ASSOCIADAS AO AUMENTO DA CSS 06 ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO LEITE CAUSADAS PELA MASTITE 09 EFEITO DO LEITE COM ALTAS CONTAGENS DE CÉLULAS SOMÁTICAS SOBRE OS PRODUTOS LÁCTEOS 17 CCS DO TANQUE, PERDA DE LEITE E PREVALÊNCIA DE MASTITE 20 3 4 5 iv SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS iii LISTA DE TABELAS iv SUMÁRIO v 1. INTRODUÇÃO 01 2. REVISÃO DE LITERATURA 02 2.1 SOBRE A QUALIDADE DO LEITE 02 2.2 CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS 03 2.3 MASTITE 05 2.3.1 SOBRE A DOENÇA 05 2.3.2 OUTROS FATORES RELACIONADOS À MASTITE 05 2.3.3 CLASSIFICAÇÃO DA MASTITE 06 2.3.4 ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO LEITE 09 2.3.5 NORMAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA DOENÇA 10 2.4 CCS E USO DE ANTIBIÓTICO 11 2.5 COMPOSIÇÃO DO LEITE: REFLEXO DA QUALIDADE NA 2.6 ALIMENTAÇÃO DO ANINAL 13 ARMAZENAGEM E TRANSPORTE DO LEITE 14 2.6.1 FATORES RELACIONADOS À ARMAZENAGEM E AO TRANSPORTE 14 2.6.2 DO TRANSPORTE AO CONSUMO 15 2.6.3 IMPACTO SOBRE A SAÚDE PÚBLICA 15 2.7 CONSEQÜÊNCIAS TECNOLÓGICAS – DERIVADOS DE LEITE 16 2.8 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 18 2.9 CCS NO LEITE DE BÚFALAS 20 2.9.1 PREÂMBULO 20 2.9.2 VALORES DE CCS OBSERVADOSNO LEITE DE BÚFALAS 21 2.9.2.1 DIFERENÇA: LEITE DE BÚFALAS X LEITE DE VACAS 21 2.9.3 ORDEM DE PARTO 22 2.9.4 CONFORMAÇÃO DO ÚBERE 22 3. CONCLUSÃO 25 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFRICAS 27 V 1. Introdução O setor leiteiro é um dos mais importantes no agronegócio brasileiro e vem atravessando um período de evolução. As principais mudanças têm sido a implementação da nova legislação para os padrões de qualidade, o aumento nas exigências de qualidade do leite por parte das indústrias e a diferenciação do pagamento ao produtor com base na qualidade. A adequação dos produtores a esse novo cenário tem sido a grande preocupação voltada para a sustentabilidade da atividade leiteira, principalmente em nível da produção rural familiar (PRATA, 1998). O Estado do Paraná possui grande destaque no cenário leiteiro brasileiro. Segundo o IBGE, em 2004 o Paraná foi o terceiro maior produtor de leite do país com 2,395 bilhões de litros produzidos (aproximadamente 10% da produção nacional), tendo a região Oeste como a maior produtora do Estado (IBGE, 2004). O sistema agro-industrial do leite, devido à sua enorme relevância social, é um dos mais importantes do país. A atividade é praticada em todo o território nacional em mais de um milhão de propriedades rurais e, somente na produção primária, gera acima de três milhões de empregos e agrega mais de seis bilhões ao valor da produção agropecuária nacional. Três importantes fatores marcaram o setor leiteiro nacional, principalmente na última década: a) o aumento da produção; b) a redução do número de produtores; e c) o decréscimo dos preços recebidos pelos produtores (VILELA et al., 2002). No que se refere à matéria-prima (leite cru resfriado), a mais nova proposta em termos de melhoria de qualidade se deve à Instrução Normativa nº. 51/2002, que fixou requisitos físicos, químicos, microbiológicos, resíduos químicos e de contagem de células somáticas. Além dos vários problemas relacionados à contagem microbiana e aspectos físicoquímicos do leite, o alto índice de contagem de células somáticas tem revelado perda de qualidade da matéria-prima, causando inúmeros prejuízos às indústrias de laticínios, por afetarem de forma direta a composição do leite, diminuindo o tempo de vida de prateleira dos seus derivados, causando perdas irreparáveis à indústria e, conseqüentemente, ao produto final. O objetivo deste trabalho foi abordar através de uma revisão da literatura o efeito da contagem de células somáticas (CCS) na composição e qualidade do leite. Com esse objetivo, foram analisadas e interpretadas literaturas disponíveis sobre o tema, bem como foram feitas investigações e comparações de estudos e de pesquisas já realizadas. 2. Revisão de Literatura 2.1 Sobre a Qualidade do Leite A busca pela qualidade na cadeia produtiva do leite no Brasil tem sido uma constante. Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade dos alimentos, tanto em relação aos aspectos nutritivos, quanto sensoriais do produto final, incluindo os produtos lácteos. Estes aspectos são devidos principalmente ao nível de qualidade da matéria-prima. O leite é considerado o mais nobre dos alimentos, por sua composição rica em proteína, gordura, carboidratos, sais minerais, vitaminas e proporcionam nutrientes e proteção imunológica para o neonato. Além de suas propriedades nutricionais, o leite oferece elementos anticarcinogênicos, presentes na gordura, como o ácido linoléico conjugado, esfingomielina, ácido butírico, β caroteno, vitaminas A e D. Os percentuais de gordura e proteína do leite também podem ter uma variação ampla de um animal para outro, bem como entre raças, estágios de lactação e condições de infecção intramamária (SISCHO & BURNS, 1993). Ao abrir o Simpósio Internacional da Qualidade do Leite, realizado em Curitiba, PR, Brasil, no final de 1998, o professor e pesquisador Nelson Philpot, da consultoria Philpot Associates Internacional, de Lousiana, EUA, advertiu que o principal objetivo dos programas de qualidade de leite deve ser o de preservar as qualidades nutricionais, sabor e aparência do leite, ao mesmo tempo impedindo que os microrganismos nocivos ou adulterantes estejam presentes em sua composição. Ele completa o conceito, dizendo que os consumidores estão cada vez mais exigindo que todos os alimentos, incluindo produtos lácteos, sejam seguros, nutritivos e frescos ao consumo (PHILPOT, 1998). O primeiro ponto dessa questão remete ao fato de que a qualidade do leite que chega à indústria de processamento é determinada pela qualidade do leite que sai da fazenda. Processadores de leite não podem melhorar a qualidade do leite cru que recebem, pois mesmo que pasteurizado adequadamente, as enzimas dos microrganismos ainda estarão presentes nos produtos lácteos e continuarão a degradar a proteína, o açúcar e a gordura, observa o professor. Dessa forma, salienta que todos os esforços devem ser feitos para assegurar que o leite que sai da propriedade seja de alta qualidade, pois este fator terá um efeito positivo na durabilidade dos produtos processados e, conseqüentemente, aumentará o consumo (PHILPOT, 1998). Quando isso ocorre, todos ganham. Os consumidores, porque têm acesso a um produto mais nutritivo, mais seguro, com aroma e sabor conhecido e uma larga vida útil; os laticínios, porque seus produtos serão de maior qualidade, resultando num aumento no consumo e na lucratividade e, completando, os produtores, porque ocorre um aumento na demanda do seu produto, o que acaba resultando em preços mais altos, melhores bonificações e maior lucro consumo (PHILPOT, 1998). É de conhecimento que o leite e produtos lácteos podem levar a distúrbios alimentares causados por uma variedade de microrganismos, que encontram no produto um meio ideal de crescimento. No entanto, a pasteurização se constitui numa barreira de proteção para os consumidores, desde que o processo aconteça antes da contaminação. Sabe-se também que as células somáticas do leite não indicam um fator de risco para a saúde humana, já que todos os patógenos da mastite são também destruídos pela pasteurização consumo (PHILPOT, 1998). A qualidade do leite vem sendo discutida desde a criação do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite, proposto em 1997, com profundas mudanças e melhorias em termos de qualidade em toda a cadeia produtiva. Esses avanços e a necessidade de requisitos que determinem padrões mínimos de qualidade do leite, em toda sua cadeia produtiva permearam a criação da Instrução Normativa nº. 51/2002 (IN 51), que foi implementada a partir de julho de 2005 (DÜRR, 2004). 2.2 Contagem de Células Somáticas Células somáticas são todas as células presentes no leite, que incluem as células originárias da corrente sangüínea, como os leucócitos e células de descamação do epitélio glandular secretor. Os leucócitos, em sua maioria, são mobilizados da corrente sangüínea para o tecido mamário diante de alterações na permeabilidade capilar. O aporte destas células se intensifica na quarta semana pré-parto, diminuindo gradativamente até uma semana pós-parto. Na secreção láctea de vacas com infecção intramamária ocorre um aumento no número de células de defesa, passando a predominar neutrófilos, seguidos por macrófagos, linfócitos e o número de células epiteliais permanece inalterado (PHILPOT e NICKERSON, 1991). As células somáticas são, normalmente, células de defesa (leucócitos) do organismo, que migram do sangue para o interior da glândula mamária, com o objetivo de combater agentes infecciosos, mas podem ser também células secretoras descamadas (HARMON, 1994; MACHADO et al., 1999; SHALLIBAUM, 2001). Um dos problemas de qualidade na matéria-prima é o alto índice de contagem de células somáticas. Elevados índices de CCS causam inúmeros prejuízos às indústrias de laticínios, por afetarem de forma direta a composição do leite, diminuindo o tempo de vida de prateleira dos seus derivados (FONSECA e SANTOS, 2000). A Tabela 1, ilustrada a seguir, apresenta os padrões de CCS em diversos países. Tabela 1 Padrões internacionais de CCS Comunidades Internacionais CCS x 103 células/ml União Européia 400 Nova Zelândia 400 Austrália 400 Canadá 500 Estados Unidos da América 750 Fonte: Adaptado de FONSECA e SANTOS (2000) A qualidade do leite in natura é influenciada por diversas variáveis, destacando-se os fatores zootécnicos associados ao manejo, alimentação, potencial genético dos rebanhos e fatores relacionados à obtenção e armazenagem do leite. Uma das causas que exerce influência extremamente prejudicial sobre a composição e as características físico-químicas do leite é a mastite, acompanhada por um aumento na contagem de células somáticas. Com o aumento da CCS, a composição do leite, a atividade enzimática, o tempo de coagulação, a produtividade e a qualidade dos derivados lácteos são influenciados negativamente (KITCHEN, 1981). A contagem das células somáticas no leite tem sido considerada um dos principais critérios de qualidade, pois está correlacionada com a composição, com o rendimento industrial e com a segurança alimentar. Para os produtores, a CCS do leite indica a sanidade das glândulas mamárias das vacas, podendo sinalizar perdas significativas de produção e alterações na qualidade do leite (HARMON, 1994; SANTOS, 2002; BUENO et al., 2005). Para MÜLLER (2000), a CCS no leite de animais individuais ou de tanque é uma ferramenta valiosa na avaliação do nível de mastite subclínica no rebanho, na estimativa das perdas quantitativas e qualitativas de produção do leite e derivados, como indicativo da qualidade do leite produzido na propriedade e para estabelecer medidas de prevenção e controle da mastite. Uma dessas medidas pode ser a implantação de protocolos de manejo de ordenha (FONSECA; SANTOS, 2000). Elevadas CCS em leite de tanques provocam perdas na produção e a manutenção de baixas CCS indica boa saúde da glândula mamária dos animais do rebanho (SCHUKKEN et al., 1990). 2.3 Mastite 2.3.1 Sobre a Doença A mastite é uma inflamação da glândula mamária caracterizada por alterações no tecido glandular, causando distúrbios funcionais no quarto mamário afetado. Tais distúrbios resultarão em uma diminuição da produção de leite e alterações em suas características físico-químicas, bacteriológicas e sensoriais (GERMANO, 2001). Pode ser causada por agentes físicos ou químicos, mas na maioria dos casos, a inflamação é resultado de uma infecção microbiana. Diversos microrganismos podem causar mastite, porém os agentes bacterianos são os responsáveis por 90% dos casos (DUVAL, 1997; LADEIRA, 2001). 2.3.2 Outros Fatores Relacionados à Mastite Diversos fatores, tais como o manejo, a nutrição, a higiene, o homem, o animal e o meio ambiente, isoladamente ou associados, podem influenciar ou determinar o surgimento de mastite (TORRES, 1992; DUVAL, 1997; MENDONÇA, 1999). Devido ao fato de ser a forma subclínica a mais comum, estas características fazem da mastite bovina uma doença de difícil controle e erradicação. O verão é o período com a maior incidência de mastite clínica, principalmente a de origem ambiental. O estresse das altas temperaturas e a umidade, também aumentam a susceptibilidade às infecções e o número de patógenos, aos quais as vacas são expostas (HARMON & RENEAU, 1993; HARMON, 1998). Além do aumento do número de células, a mastite provoca alterações nos três principais componentes do leite: gordura, proteína e lactose. As enzimas e os minerais também são afetados. A extensão do aumento da CCS e as mudanças na composição do leite estão diretamente relacionadas com a superfície do tecido mamário atingido pela reação inflamatória. Portanto, há uma relação direta entre a CCS e a concentração dos componentes do leite (SCHÄELLIBAUM, 2000). Em relação às proteínas, ocorre uma redução naquelas sintetizadas na glândula mamária (α e β caseína, α-lactoalbumina e β-lactoglobulina) e um aumento das proteínas de origem sangüínea (albumina sérica e imunoglobulinas), em virtude do aumento de permeabilidade vascular secundário ao processo inflamatório. A proteína total do leite tem pouca variação, mas a concentração de cada tipo de proteína varia acentuadamente (KITCHEN, 1981). A Tabela 2 mostrada a seguir apresenta as principais alterações na composição do leite associadas ao aumento da CCS. TABELA 2 Alterações na composição do leite associadas ao aumento da CCS. Constituintes Leite Normal (%) Sólidos 8,90 Gordura 3,50 Lactose 4,90 Proteína Total 3,61 Caseína Total 2,80 Proteína do Soro 0,80 Albubina Sérica 0,02 Lactoferrina 0,02 Imunoglobulinas 0,10 Sódio 0,06 Cloro 0,09 Potássio 0,17 Cálcio 0,12 * Sólidos Fonte: adaptados de KITCHEN, 1981. Leite com Variação alta Ccs (%) (%) 8,80 99 3,20 91 4,40 90 3,56 99 2,30 82 1,30 162 0,70 350 0,10 500 0,60 600 0,11 184 0,15 161 0,16 91 0,04 33 Desengordurados Normalmente existe tendência de queda na concentração de gordura à medida que aumenta a CCS. Nos casos em que a produção de leite diminuiu em uma proporção maior que a síntese da gordura, a percentagem de gordura aumenta em animais com altas CCS em função do efeito da concentração. A mastite, acompanhada de altas CCS, está associada à diminuição da concentração de lactose no leite. O potássio, mineral predominante no leite, decresce devido ao dano celular, enquanto há uma elevação nos níveis de sódio e cloro que passam do sangue para o leite (KITCHEN, 1981; HARMON, 1994; PEREIRA et al. 1999; SCHÄELLIBAUM, 2000). Algumas Universidades e indústrias possuem contadores eletrônicos de células somáticas e também equipamentos que determinam o teor de gordura, proteína, lactose e sólidos totais no leite, que atualmente atendem cooperativas e um expressivo número de fazendas, sendo realizadas milhares de análises por mês, muitas vezes realizando convênio com associação de criadores de várias raças, visando facilitar o acesso dos mesmos ao laboratório. 2.3.3 Classificação da Mastite As infecções da glândula mamária podem apresentar-se sob duas formas: a clínica e a subclínica (Figuras 1 e 2). A forma subclínica é normalmente a que prevalece, sendo responsável por aproximadamente 70% das perdas, podendo reduzir a secreção de leite em até 45%. Os microrganismos envolvidos na etiologia da mastite bovina podem ser classificados em patógenos “maiores” e “menores”. Na primeira categoria estão incluídos os agentes que provocam maiores CCS, alterações significativas na composição do leite e, conseqüentemente, grande impacto econômico. Os principais patógenos “maiores” são os Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, coliformes, estreptococos, enterococos, Pseudomonas sp., Actinomyces pyogenes e Serratia sp.. Os estafilococos coagulase negativos e Corynebacterium bovis são considerados patógenos “menores” que promovem inflamação moderada, com CCS no máximo duas a três vezes superior a dos quartos sadios (HARMON, 1994; LAFFRANCHI, 2000). Figuras 1 e 2.Casos de Mastite: (A) Clínico e (B) Subclínicos Adaptado de Nelson Philpot, Mastitis Management, 1978. Outra classificação de interesse epidemiológico reúne os microrganismos em dois grupos, segundo a fonte de infecção e modo de transmissão, quais sejam: a) microrganismos contagiosos (ou vaca dependentes), transmitidos principalmente durante a ordenha; e b) microorganismos ambientais, ubiquitários, presentes no ar, cama, água e fezes. No primeiro grupo encontram-se o Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus e Corynebacterium bovis e no segundo grupo, Streptococcus uberis e outros estreptococos, enterobactérias, Actinomyces pyogenes, Pseudomonas sp., além de fungos, principalmente leveduras, e algas clorofiladas do gênero Prototheca sp. (COSTA, 1998). (Figuras 3 e 4). Figuras 3 e 4 Diagnóstico de Mastite: (A) Clínica – (B) Subclínica Fonte: COSTA, 1998. A crescente competitividade do mercado nacional, somada à pretensão do Brasil em se inserir de vez no mercado internacional de lácteos, faz com que as indústrias de lacticínio busquem cada vez mais tecnologias que as tornem mais eficientes. Isto implica em produzir um produto final de excelente qualidade, a um baixo custo e com o maior rendimento industrial possível (COSTA, 1998). 2.3.4 Alterações na Composição do Leite O quadro inflamatório na glândula mamária causa lesões nas células secretoras, que as tornam menos eficientes reduzindo assim a produção. O metabolismo celular também é alterado, prejudicando a síntese dos componentes do leite (CERÓN; MUÑOZ et al., 2002). Ocorre ainda um aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos e da rota paracelular de secreção de constituintes do sangue no leite (MOUSSAQUI et al., 2002; SILVA, 1999). Como conseqüências, serão observadas alterações na composição centesimal do leite (Tabela 3), tais como: elevação do número de células somáticas (leucocitárias e epiteliais), elevação da carga microbiana, redução nos teores de gordura, proteína e lactose, aumento de frações do soro sanguíneo no leite, desequilíbrio salino, aumento do pH e diminuição da estabilidade das proteínas nativas do leite (SILVA, 1999; BUENO 2005). Tabela 3 Alterações na composição do leite causadas pela mastite Componente Leite normal (%) Leite mastítico (%) Gordura 3.5 3.2 Lactose 4.9 4.4 Proteína total 3.61 3.56 Caseína total 2.8 2.3 Proteína do soro 0.8 1.3 Albumina sérica 0.02 0.07 Lactoferrina 0.02 0.1 Imunoglobulinas 0.1 0.6 Sódio 0.057 0.105 Cloreto 0.091 0.147 Potássio 0.173 0.157 Cálcio 0.12 0.04 Fonte: Fonseca & Santos, 2000 2.3.5 Normas de Prevenção e Controle da Doença Para que isso seja possível, é imprescindível produzir a matéria-prima, o leite, com excelente qualidade. A criação da Instrução Normativa 51 (BRASIL, 2002) comprova essa nova realidade, passando a adotar parâmetros de qualidade pouco utilizados no passado. Dentro destes parâmetros estão: a) a contagem de células somáticas (CCS); b) a contagem padrão em placas (CPP); e c) ausência de resíduos de antibióticos, entre outros. Dentro desse contexto, o controle da mastite adquire grande importância no sistema de produção de leite. A mastite apresenta uma alta prevalência, estando presente em mais de 50% dos efetivos leiteiros do mundo, provocando diminuição total ou parcial na produção leiteira. Além dos enormes prejuízos econômicos causados por essa doença, ela também determina alterações físico-químicas, sensoriais e na composição centesimal do leite, comprometendo sua qualidade final. É também um sério problema para a saúde pública, pois o leite proveniente de vacas com mastite apresenta-se contaminado com microrganismos nocivos a saúde, podendo conter enterotoxinas e, principalmente, resíduos de antibióticos (RIBEIRO et al., 2000). Os programas de prevenção e controle da mastite têm por objetivo limitar a prevalência das infecções e por conseqüência diminuir os impactos econômicos na atividade leiteira. Um bom programa de controle deve ter como metas principais, erradicar as mastites contagiosas por Streptococcus agalactiae, controlar as por Staphylococcus aureus, manter baixos os índices de mastites ambientais, contagens de células somáticas abaixo de 200.000 ml/leite, menos de 2% de episódios clínicos ao mês e 85% das vacas livres de mastite subclínica. Para alcançar estas metas é necessário atuar sobre a fonte de infecção, detectando corretamente as vacas com mastite clínica e subclínica, tratando-as corretamente, e eliminando os animais com infecções crônicas. Em relação aos animais susceptíveis, procurar a seleção de vacas naturalmente mais resistentes e propiciar o fornecimento de alimentação equilibrada aos animais. Deve-se atuar ainda sobre as vias de transmissão da mastite, implantando um correto manejo e higiene de ordenha e manter as vacas em ambiente seco e limpo. Vários programas foram propostos para diminuir a ocorrência de mastite. Entre as principais medidas estão o monitoramento dos índices de mastite, pré e pós-imersão dos tetos em solução anti-séptica, conforto ambiental, tratamento das vacas secas, tratamento dos casos clínicos, descarte de vacas com infecções crônicas, higiene, manejo e manutenção dos equipamentos de ordenha (CULLOR, 1983; PHILPOT & NICKERSON, 1991; NICKERSON et al., 1995; NICKERSON, 1998; MÜLLER, 1999; FONSECA & SANTOS, 2000). Para um bom e eficiente programa de prevenção e controle da mastite, deverão ser observados os seguintes critérios: Mão de obra especializada; Monitoramento dos índices de mastite; Higiene ambiental; Tratamento da mastite clínica; Tratamento de vaca seca; Eliminação de vacas com infecções crônicas; Manejo e higiene de ordenha; Teste da caneca; Limpeza dos tetos com água clorada; Imersão dos tetos em solução anti-séptica por 30 segundos; Secagem dos tetos; Retirada dos insufladores; Imersão dos tetos em solução anti-séptica; Desinfecção dos insufladores; Ordem de ordenha; Higienização e manutenção do equipamento de ordenha; Vacinação; Concluindo, a conscientização por parte do produtor dos prejuízos causados pela mastite, a adoção criteriosa e persistente das medidas preventivas e de controle anteriormente citadas e a aceitação de novas técnicas de prevenção e controle dos produtores e técnicos, farão com que as infecções da glândula mamária não afetem negativamente a renda do produtor. Essas medidas permitirão a obtenção e o fornecimento de um leite de melhor qualidade para a indústria e por conseqüência ao consumidor. 2.4 CCS e Uso de Antibiótico Uma tese sobre a aplicabilidade dos conjuntos para detecção de resíduos de antibióticos no leite em propriedades leiteiras, realizado em 2000 por C.H. CORASSIN e C.A.F. OLIVEIRA, do Departamento de Nutrição e Produção Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, relata que a ocorrência de resíduos de antibióticos no leite tem sido objeto de preocupação constante por parte das autoridades sanitárias, sobretudo devido aos efeitos tóxicos destes compostos sobre a saúde humana, além da possibilidade de favorecer o desenvolvimento de formas de resistência de microrganismos patogênicos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990). Por isso, é recomendado o monitoramento freqüente de resíduos de medicamentos e seus derivados metabólicos no leite, adotando-se, como referência, os limites estabelecidos através de agências internacionais (BOECKMAN & CARLSSON, 1997). A contagem de células somáticas aumenta no leite durante a infecção intramamária, acompanhada de uma rápida elevação de componentes do plasma, devido à resposta inflamatória (SPREER, 1991). Estes componentes mantêm-se em níveis elevados mesmo após o tratamento e, dependendo do principio analítico do teste, poderão interferir no resultado (CARLSSON et al., 1989). Não são ainda conclusivos os efeitos da CCS sobre a ocorrência de resultados falsospositivos não são ainda conclusivos. A amostragem do leite também constitui fator relevante para uma boa realização do teste. Recomenda-se desprezar os primeiros jatos de leite, uma vez que estes são geralmente ricos em CCS, em comparação à composição total do leite produzido pela vaca e, conseqüentemente, podem acarretar uma maior proporção de falsos-positivos em relação ao leite de mistura (CULLOR, 1992; VAN EENENNAAM et al., 1993). É importante ressaltar que os conjuntos de reativos necessitam de condições adequadas de armazenagem e execução, pois, como materiais biológicos, são sensíveis às variações do ambiente. Assim, deverão ser mantidos em temperatura recomendada para conservação, bem como o teste deverá ser realizado em sala apropriada para esta finalidade, evitando a ocorrência de resultados falsos-positivos. Além disso, as orientações fornecidas pelo fabricante devem ser seguidas rigorosamente, principalmente no que se refere à alíquota de leite tomada para o ensaio, ao uso adequado dos reagentes e cumprimento dos períodos de incubação, quando necessários (CULLOR, 1992). De acordo com CULLOR (1992), em propriedades rurais, a implantação de um programa efetivo de controle de mastites constitui a principal forma de reduzir o uso de antibióticos nos animais e, conseqüentemente, o risco de ocorrência de resíduos no leite. Deste modo, os programas devem contemplar, o monitoramento de resíduos através da utilização de sistemas analíticos apropriados, considerando-se os critérios: a) após o tratamento, observar e respeitar o período de carência da droga; b) escolher o conjunto apropriado para a detecção dos antibióticos usados na propriedade; c) testar apenas o leite que se encontra aparentemente normal, sem grumos e floculações; d) se o resultado for positivo, repetir o teste em amostras duplicadas; e) se persistir o resultado positivo, confirmar com nova amostragem após 24 horas, verificando a ocorrência de altos níveis de CCS; f) caso haja confirmação do resultado positivo, enviar uma amostra para análise na usina processadora de leite. A adoção de tais procedimentos pode, de fato, reduzir as perdas econômicas decorrentes de resultados falsos-positivos. Isto é particularmente importante para os produtores, no cumprimento das normas quanto aos critérios de qualidade do leite recebido pelas usinas, que estabelecem limites de tolerância para resíduos de antibióticos ß-lactâmicos. Contudo, a interpretação dos resultados destes conjuntos deve ser cuidadosa, devido à sua natureza qualitativa. Pesquisas são necessárias para o desenvolvimento de conjuntos mais específicos, que determinem a sensibilidade adequada aos limites de tolerância para os diversos tipos de antibióticos empregados na produção leiteira (CULLOR, 1992). Contudo, o uso indiscriminado dos antibióticos tem ocasionado o aparecimento de resíduos no leite e nos seus derivados (BRITO, 2000). A presença desses resíduos, além de ser um risco para a saúde pública, tem importantes implicações tecnológicas como inibição de fermentos lácteos, acarretando problemas na fabricação de queijos, iogurtes e manteigas (SILVA, 1999). Em resumo, todos os esforços devem ser feitos para garantir que o leite que sai da propriedade rural seja de alta qualidade, já que este fator terá um efeito positivo na durabilidade dos produtos processados e, conseqüentemente, aumentará o consumo, proporcionando um ganho efetivo para todos, ou seja: os consumidores, que terão um produto mais nutritivo, mais seguro, com aroma e sabor conhecidos e uma longa vida útil; os laticínios, porque seus produtos serão de melhor qualidade, resultando num aumento do consumo e na lucratividade e; os produtores, porque haverá maior demanda de seu produto, o que acaba resultando em preços mais altos, melhores bonificações e maior lucro (CULLOR, 1992). 2.5 Composição do Leite - Reflexos da Qualidade na Alimentação do Animal Um estudo feito sobre os efeitos da ingestão de feno de alfafa e de tifton-85 e silagem de milho na produção e composição do leite de vacas da raça holandesa, multíparas, com peso vivo médio de 460 kg, em início de lactação, num experimento em triplo quadrado latino, simultâneo, com três linhas (vacas) e três colunas (volumoso), revelou que não houve efeito dos diferentes volumosos na produção e na composição do leite, nem nas porcentagens e produções de gordura, de proteína, de lactose e de sólidos totais. Também a contagem de células somáticas não foi afetada pelos tratamentos. Os resultados da análise econômica mostraram que a silagem de milho proporcionou maior margem líquida na produção por litro de leite/dia (JOBIM et al.; 2002). A alimentação de vacas leiteiras tem grande importância para a produção e qualidade do leite. Dietas pobres em fibra determinarão menor tempo de ruminação, com conseqüente redução na produção de saliva e substâncias tampões. Nessa situação o pH ruminal tem tendência a baixar levando à acidose (AMÉDEO, 1997). O equilíbrio no ambiente ruminal é um ponto essencial na nutrição de vacas em lactação. Portanto, deve-se buscar equilíbrio na ração para obter-se a máxima eficiência. Segundo VAGNEUR (1998), isso será possível com altos níveis de energia e adequados níveis de nitrogênio. A energia é obtida de cereais, alimentos ricos em amido e também da fração de fibra digestível das forragens. Cabe destacar que a proteína bruta pode contribuir também para a complementação das necessidades energéticas do animal. Assim, volumosos com altos teores de proteína como o feno de alfafa, por exemplo, poderão ser de grande importância na dieta de vacas em lactação (JOBIM et al, 2002). A gordura do leite é, em parte, sintetizada pela glândula mamária a partir dos ácidos acético e butírico, sendo esses ácidos graxos produzidos no rúmen, a partir da fermentação da dieta (PEREIRA, 1999). As silagens e outros alimentos mal conservados podem modificar o sabor do leite. Porém, o maior risco é em relação às alterações na fermentação ruminal, como é o caso das silagens com alta umidade. Isso determina a importância de compactar bem, vedar adequadamente os silos e evitar a contaminação com a terra. Esse procedimento evita o desenvolvimento de fungos com conseqüente produção de toxinas, as quais poderão contaminar o leite (CODAGNONE, 1988). A qualidade higiênica da dieta, em relação ao uso de silagem ou feno, pode ter efeito na CCS, que denota o nível de mastites e os danos correspondentes à qualidade do leite. Neste estudo, os animais alimentados com silagem de milho apresentaram valores de CCS considerados baixos (<200.000 células/ml de leite) e os com feno de tifton-85 os valores de CCS estiveram próximos aos encontrados no estudo da silagem de milho. Entretanto, estas quantidades de CCS não deveriam alterar os componentes do leite, uma vez que mudanças nas concentrações dos componentes do leite ocorrem a partir de 1000000 células/ml para gordura e 500000 células/ml para proteína e lactose (MACHADO et al., 2000). 2.6 Armazenagem e Transporte do Leite 2.6.1 Fatores Relacionados à Armazenagem e ao Transporte Apesar das regras a serem seguidas, conforme a Instrução Normativa 51, grande parte do leite produzido em fazendas leiteiras é colocado em latões, os quais são recolhidos por caminhões e levados até postos de refrigeração para serem transportados até a usina de beneficiamento. Este sistema vem sendo utilizado por várias décadas e constitui ainda hoje a principal forma de captação de leite pelas indústrias (SILVESTRIN, 1985). 2.6.2 Do Transporte ao Consumo De acordo com BARBANO (2006) o aumento na CCS está associado a diversas conseqüências negativas sobre o leite fluido e derivados, com destaque para as perdas no rendimento industrial de fabricação de produtos lácteos e para diminuição do seu respectivo “tempo de prateleira” (shelf-life). As alterações no “tempo de prateleira” ocorrem no leite fluido e em produtos derivados. Este fenômeno deve-se, principalmente, à ação de enzimas proteolíticas, as quais, em grande parte, são termoestáveis, permanecendo ativas mesmo após os processos usuais de pasteurização do leite. Os principais efeitos destas enzimas manifestam-se na forma de alterações do sabor dos produtos lácteos. As enzimas proteolíticas geram um sabor amargo no leite e em seus derivados armazenados, enquanto que as enzimas lipolíticas predispõem à ocorrência de sabor rançoso, em função da quebra dos ácidos graxos de cadeia curta (MURPHY, 1989; RENEAU & PACKARD, 1991). 2.6.3 Impacto sobre a Saúde Pública O leite ocupa lugar de destaque na nutrição humana. Contudo, há o permanente risco do leite servir como veiculador de microrganismos patogênicos ou de ser alvo de fraudes durante seu processamento. Em ambas as circunstâncias o produto passa a ser prejudicial à saúde do consumidor (BRASIL, 2002). É fundamental o controle higiênico-sanitário dos rebanhos e da ordenha, para garantir a composição ideal do leite e reduzir o risco de transmissão de agentes de doença. A adequada refrigeração pós-ordenha e o correto transporte ao lacticínio permitem aumentar a durabilidade do produto, sendo necessário que os produtores façam investimentos de ordem zootécnica nos rebanhos, nas instalações e nos equipamentos destinados à ordenha; que os responsáveis pelos lacticínios agilizem e modernizem o sistema de transporte do leite das propriedades para as plataformas de recepção do produto e que haja nos lacticínios o controle adequado do leite recebido, bem como que os demais procedimentos assegurem a qualidade final do produto (BRASIL, 2002). O artigo 7º do capítulo I da IN 51 prevê que: “É obrigatória a produção do leite em condições higiênicas desde a fonte de origem, seja qual for à quantidade produzida e seu aproveitamento”. O parágrafo único deste artigo estipula que: “Esta obrigatoriedade se estende ao trato do gado leiteiro, aos vasilhames, ao transporte e ao transportador” (BRASIL, 2002). A Resolução nº 065/2005 - Regulamento da Inspeção Sanitária e Industrial para Leite e seus Derivados, em seu art. 106, do capítulo V da Inspeção do Leite e seus Derivados, estabelece que o leite deverá ser analisado no mínimo uma vez ao mês nas propriedades rurais ou nos tanques comunitários para contagem de células somáticas e bacteriana total, conforme estabelece a IN 51, respeitados os específicos padrões estabelecidos pelo art. 4º do Regulamento. O parágrafo primeiro prevê que as análises deverão ser realizadas em laboratório de referência credenciado pelo Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento; o parágrafo segundo determina que os estabelecimentos industriais sejam responsáveis pela coleta das amostras e o seu envio ao laboratório de referência (SEAB, 2007). As indústrias deverão monitorar a qualidade da matéria-prima nos termos da IN nº 51, encaminhando as amostras de leite para um dos Laboratórios da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite (RBQL), que foi constituída pela IN 37/2002 (BRASIL, 2002). A Portaria nº 166, de 5 de maio de 1998, do Ministério da Agricultura, com base em discussões anteriores que constataram a insuficiente qualidade do leite produzido no país, criou um grupo de trabalho para propor um programa de medidas visando o aumento da competitividade e a modernização do setor lácteo nacional. Esse grupo desenvolveu uma primeira versão do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL), projeto que vinha sendo desenvolvido desde 1996, e o submeteu à consulta pública por intermédio da Portaria nº 56, de 7/12/1999, da Secretaria de Defesa Agropecuária. O resultado desses procedimentos foi a elaboração da Instrução Normativa nº 51, que determinou novas normas na produção, identidade e qualidade de leites tipos A, B, C, pasteurizado e cru refrigerado, além de regulamentar a coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a granel (BRASIL, 2002). 2.7 Conseqüências Tecnológicas – Derivados de Leite Todas as alterações na composição do leite apresentam grandes impactos sobre a qualidade dos derivados lácteos. A primeira e mais bem estudada é a queda da qualidade e do rendimento na fabricação de queijos (BARBANO et al, 1991; KLEI et al.,1998). No queijo produzido com leite contendo alta CCS ocorre um aumento do tempo de coagulação, diminuição da firmeza do coágulo, defeitos na textura e alterações sensoriais (KLEI et al., 1998; MUNRO et al., 1984). MATIOLI et al. (2000) demonstraram que, com o aumento da CCS, o queijo Minas Frescal apresentou menor acidez e maior perda de gordura e proteínas solúveis através do soro. O leite contendo alta CCS também afeta o processo de fabricação e a qualidade final do iogurte. Além de apresentar menores concentrações de lactose há, ainda, o efeito negativo sobre o crescimento das culturas lácteas. De acordo com FERNANDES et al. (2002), há uma correlação negativa significativa entre log CCS e a consistência e sabor do iogurte. No caso do leite UHT, a gelificação ocorre mais rapidamente nos produtos fabricados com leite apresentando elevada CCS, quando comparado com aqueles fabricados com leite com CCS normal (AULDIST et al., 1996). MACHADO et al (2000) comprovaram que a elevação da CCS no leite aumenta a atividade proteolítica e lipolítica, causando alterações sensoriais indesejáveis no leite fluido, tais como rancidez e gosto amargo. Os pesquisadores demonstraram também que o leite pasteurizado com alta CCS desenvolveu rancidez entre 14 e 21 dias após o processamento, enquanto o controle (baixa CCS) não apresentou este defeito. O efeito da alta CCS no leite sobre os produtos lácteos pode ser visualizado na Tabela 4. Tabela 4 - Efeito do leite com altas contagens de células somáticas sobre produtos lácteos PRODUTO PROBLEMA Leite condensado / leite evaporado Diminui a estabilidade ao calor Leite em pó Gosto de queimado / outros sabores estranhos Aumento no tempo de coagulação Diminuição da firmeza do coágulo Leite fluido Queda no rendimento Leite UHT Alteração do sabor na estocagem Gelificação provocada pelo aumento da Queijo atividade proteolítica Produtos fermentados Inibição do crescimento das culturas lácticas, principalmente de Lactobacillus acidophilus, devido ao atividade fagocitária Manteiga Diminuição do rendimento aumento da Aumento da rancificação Fonte: SILVA, 1999 2.8 Importância Econômica A mastite é uma doença cosmopolita que provoca enormes prejuízos econômicos em rebanhos leiteiros do mundo inteiro. Em países como a Dinamarca, é a causa de 30 a 40% das intervenções veterinárias (DUVAL, 1997). Os índices mundiais de mastite subclínica estão em torno de 40% (LADEIRA, 2001; GREEN, 2002). No Brasil, a prevalência média da forma clínica é de 17,45% e da forma subclínica 72,56% (LADEIRA, 2001). Índices elevados acarretam enormes perdas econômicas, devido à redução de até 50% da produção de leite (LADEIRA, 2001). Nota-se claramente (Tabela 4) que os prejuízos estão relacionados principalmente com a queda na produção. Em 2000, FONSECA e SANTOS estimaram uma perda de 2,5 bilhões de litros de leite em relação a uma produção anual de 20 bilhões de litros. Com a Instrução Normativa 51 espera-se uma redução desses valores. Observam-se, ainda na Tabela 4, perdas significativas com o descarte do leite impróprio para o consumo e com a reposição de animais que, nos casos crônicos, o tratamento pode não ser eficaz (GERMANO, 2001). Além dos prejuízos na produção primária, a mastite também é um problema para as indústrias de laticínios. A utilização de leite de baixa qualidade tem implicações tecnológicas relevantes como, por exemplo, o baixo rendimento na fabricação dos derivados, a diminuição da vida de prateleira dos produtos e alterações nas características originais do leite e dos derivados (SILVA, 1999). Segundo RYSANEK e BABAK (2005), a CCS do leite tem sido empregada como critério de pagamento pela qualidade do leite, o que a torna uma ferramenta de gestão e monitoramento da qualidade e tem cada vez mais espaço dentro da propriedade leiteira, pois está diretamente relacionada com programas de redução de perdas de produção e oportunidades de maior remuneração do leite. Muitas empresas do setor lácteo estão remunerando o leite de acordo com sua qualidade, onde uma das variáveis é a contagem de células somáticas (RYSANEK e BABAK,2005). Estudos realizados no Brasil e em outros países mostram queda da produção com o aumento da CCS. A perda pode variar de 100 a 500 Kg durante a lactação (FONSECA e SANTOS, 2000). A figura 5 ilustra o programa de pagamento do leite por qualidade. Segundo informações da Elege Alimentos, as quedas verificadas nos índices podem ser devidas a diminuição no teor de extrato seco total do leite, refletindo, possivelmente, uma deficiente alimentação do rebanho, o que é duplamente preocupante, já que os teores mínimos de gordura e proteína estabelecidos no índice podem ser considerados como baixos (MÜHLBACH,2007). PROGRAMA DE PAGAMENTO DO LEITE POR QUALIDADE 100 90 80 (ÍNDICE) 70 60 50 40 30 20 10 Mai/97 Jun/97 Jul/97 Ago/97 Set/97 Out/97 Nov/97 Dez/97 Jan/98 Fev/98 Mar/98 Abr/98 Mai/98 Jun/98 Jul/98 Ago/98 Set/98 Out/98 Nov/98 Dez/98 Jan/99 Fev/99 Mar/99 Abr/99 Mai/99 Jun/99 Jul/99 Ago/99 Set/99 Out/99 Nov/99 Dez/99 0 Figura 5 Fonte: Elegê Alimentos, (MÜHLBACH, 2007). Segundo FONSECA e SANTOS (2000), por meio de análise do leite do tanque, é possível ter uma estimativa da perda de produção, bem como da prevalência de mastite no rebanho (Tabela 5). Tabela 5 CCS do tanque, perda de leite e prevalência de mastite CCS (x 1000/ml) Perda do leite % Vacas infectadas % 200 0 15-20 500 8 35-60 1000 18 > 75 ________________________________________________________________________ Fonte: FONSECA e SANTOS, 2000 2.9 CCS no Leite de Búfalas 2.9.1 Preâmbulo A CCS, sendo uma expressão direta da severidade do processo inflamatório, é um parâmetro usual para avaliar a saúde do úbere com relação à qualidade e higiene do leite e serve como monitoramento em programas de controle de mastites (HARMON, 1994). Búfalas com elevada CCS apresentam redução da produção de leite, (PETROVA e TZANKOVA, 1999; CERON-MUÑOZ et al., 2002b; TRIPÁLDI et al., 2003), alterações dos teores de seus constituintes (PETROVA e TZANKOVA, 1999; TRIPALDI et al., 2003) e alterações no tempo de coagulação do leite no processo de fabricação de queijos, comprometendo a qualidade, processamento e rendimento industrial (SINGH e SINGH, 1981; TRIPALDI et al., 2003). Para evitar tais alterações é importante manter o limiar de células somáticas em até 200.000 células/ml (TRIPALDI et al., 2003). Os trabalhos que avaliaram os tipos de células somáticas presentes no leite de búfalas sadias são divergentes quanto à porcentagem de cada tipo celular predominante. DHAKAL et al. (1992), relataram à predominância de células epiteliais (48,42%), seguidas pelos linfócitos (29,28%), neutrófilos (20,98%) e monócitos (1,62%). Por outro lado, SILVA e SILVA (1994) verificaram os seguintes valores: neutrófilos (56%), linfócitos (28%), macrófagos (8%), células epiteliais (5%) e eosinófilos (1%); e DELLA LIBERA (2002), que encontrou 61,1% de monócitos/macrófagos, 32,9% de neutrófilos, 5,3% de linfócitos e 0,7% de eosinófilos. Já no leite originado de búfalas com mastite, DHAKAL et al. (1992) relataram a maior ocorrência de neutrófilos (67,33%), seguidos por linfócitos (20,40%), células epiteliais (10,80%), e monócitos (2,10%). DELLA LIBERA (2002) concorda com o trabalho relatado por GUARINO et al (1994), ao verificar a predominância de macrófagos no leite normal de búfalas, e GUARINO et al (1994) com o trabalho de DHAKAL (1992), ao encontrarem predominância de neutrófilos no leite de búfalas com mastite. Pode ser observada a presença de células somáticas no leite normal de búfalas em lâminas de leite coradas com o Corante de Rosenfeld (Figuras 6 e 7). Figura 6: Presença de Neutrófilos Figura 7: Presença de Macrófagos Fonte: Amaral, 2005 Fonte: Amaral, 2005 2.9.2 Valores de CCS observados no leite de búfalas 2.9.2.1 Diferença: Leite Búfalas x Leite Vacas Os valores médios das contagens de células somáticas no leite normal de búfalas apresentam resultados variáveis, situando-se entre 50.000 e 375.000 células/ml, com média de 140.000 células/ml (SILVA & SILVA, 1994), entre 50.000 e 100.000 células/ml (GALIERO & MORENA, 2000) e valores médios de 100.000 células/ml para amostras negativas ao CMT, segundo SINGH e LUDRI (2001). DELLA LIBERA (2002) encontrou valores médios de 13.000 células/ml para CCS de amostras de leite de búfalas negativas ao CMT e ao exame bacteriológico. A provável diferença entre a CCS encontrada para amostras de leite normal de búfalas, deve-se às diferentes metodologias empregadas pelos autores. Em vacas, considera-se normal o leite proveniente de quartos mamários não infectados e inflamados, apresentando quase sempre a contagem inferior a 100.000 células/ml. A CCS entre 100.000 e 199.999 células/ml representa uma média de contagem difícil de se atribuir a uma inflamação e/ou infecção intramamária, e acima de 200.000 células/ ml, é um claro indicativo de mastite subclínica (SMITH, 2002). No Brasil, CERÓN-MUÑOZ et al. (2002a), ao analisarem 5931 dados referentes a CCS do leite de 773 búfalas em lactação provenientes de nove rebanhos no Estado de São Paulo, verificaram que 89% das amostras analisadas apresentaram a CCS inferior a 140000 células/ml, e destas, 38% apresentaram CCS de até 17000 células/ml, com resultado médio geral de 79000 células/ml. Em outro estudo, CERON-MUÑOZ et al. (2002b), analisando 2693 amostras de leite de búfalas pertencentes a um único rebanho, verificaram que 80% apresentaram CCS abaixo de 70000 células/ml e apenas 3,2% das amostras excederam 282000 células/ml, apresentando valores médios de 63000 células/ml. AMARAL et al. (2004b) ao estudar, na Região do Alto São Francisco, Minas Gerais, a CCS em 1293 amostras individuais de leite de 283 búfalas e 164 amostras de leite total de búfalas de 19 rebanhos bubalinos, encontraram valores médios de CCS de 24000 células/ml e 22000 células/ml respectivamente. Estes valores são menores do que os valores referenciados como padrão de normalidade do leite de búfalas sendo que esta baixa CCS pode ser considerada como reflexo do bom estado de saúde do úbere das búfalas da região, com conseqüente produção de leite de boa qualidade, quanto a esse parâmetro (SILVA e SILVA, 1994; GALIERO e MORENA, 2000; SINGH e LUNDRI, 2001). 2.9.3 Ordem de Parto A CCS no leite de búfalas apresenta valores crescentes da primeira ordem de parto para os partos seguintes (CERON-MUÑOZ et al., 2002a, 2002b), porém tais autores não relataram se estas diferenças foram significativas. Em bovinos, os animais mais velhos tendem a ter maiores CCS que animais mais jovens, e a evidência é que a relação entre idade e incremento da CCS é de origem microbiológica, ou seja, existe uma relação positiva entre a ordem de parto e a incidência de mastite. O que ocorre é que os animais mais velhos têm maior oportunidade de exposição aos patógenos da mastite, resultando em gradual incremento do número de quartos infectados, além de terem infecções mais longas, o que causa danos mais extensos nos tecidos da glândula mamária; por outro lado, não observaram alterações significativas entre a CCS no leite de búfalas e a ordem de parto, provavelmente por tratar-se de animais sadios e com baixa CCS (RENEAU, 1986; O’ROURKE e BLOWEY, 1992; SINGH e LUNDRI, 2001e AMARAL, 2005). 2.9.4 Conformação do úbere Outro fato a ser considerado é que determinadas formas das mamas e tetos favorecem o contágio, migração e estabelecimento de infecção bacteriana. Mamas grandes, muito pendulosas ou distendidas, flácidas (Figuras 8, 9, 10 e 11), cujos tetos roçam com freqüência contra o solo, resultando em ferimentos, têm maior susceptibilidade à ocorrência de mastite, quando comparadas às mamas com melhor conformação (HEIDRICH e RENK, 1969). Figura 8: Úbere tipo ordenhadeira mecânica Fonte: Amaral, 2005 Figura 9: Úbere tipo em degrau Fonte: Amaral, 2005 Figura 10: Úbere tipo de cabra Fonte: Amaral, 2005 Figura 11: Úbere primitivo Fonte: Amaral, 2005 Devem ser realizadas mais pesquisas nesse campo, a fim de estabelecer os parâmetros aceitáveis da CCS no leite de búfalas e a dinâmica das infecções subclínicas que podem estar influenciando a elevação da CCS (AMARAL et al., 2004). É importante salientar que falta uma legislação específica federal para determinar o padrão de identidade e qualidade do leite de búfalas. Somente o Estado de São Paulo possui uma legislação para alguns parâmetros de qualidade do leite bubalino, estabelecendo valores mínimos de 4,5% para o teor de gordura, não fazendo referências para lactose, proteína, sólidos totais (SÃO PAULO, 1994). O comportamento da variação dos componentes entre as amostras de leite total do rebanho e individual foi semelhante, sendo que as maiores variações ocorreram para o teor de gordura, teor de proteína e teor de sólidos totais, com os maiores percentuais para o teor de gordura na primavera, e os menores no outono e verão; os maiores percentuais para o teor de proteína no verão e os menores, no inverno. Para o teor de sólidos totais os maiores percentuais foram observados na primavera e os menores no outono-inverno. A variação do teor de sólidos totais se deu em função do teor de gordura, que foi o constituinte que mais variou. A lactose apresentou teor inferior na primavera não apresentando resultados divergentes nas demais estações (SINGH e LUDRI, 2001). O fato das búfalas apresentarem o comportamento reprodutivo sazonal com estação de monta concentrada no outono e conseqüente estação de parição concentrada no verão, pode explicar algumas alterações da composição do leite em função da fase da lactação em que se encontra o animal e a respectiva estação do ano (BARUSELLI e CARVALHO, 2002). Apesar do maior valor nutritivo e rendimento industrial do leite de búfalas, quando comparados com o leite de vacas, associado ao crescimento de sua exploração no país, pouco se tem feito para regulamentação de normas de padrão de identidade e qualidade do leite bubalino, o que dificulta a realização de medidas de controle e fiscalização aliadas à falta de padrões a serem seguidos (AMARAL et al, 2004). 3. Conclusão Neste trabalho foram investigados os fatores que podem causar elevados índices de CCS no leite. Para tanto, entre estes aspectos, foram estudados desde as condições de higienização na fonte de origem do leite, a prevenção, manutenção e controle de doenças, até o transporte e armazenamento do produto final, inclusive na prateleira. Foram feitas também, comparações sobre o efeito da CCS na qualidade do leite de vacas e do leite de búfalas. A Instrução Normativa nº 51 traz a possibilidade de transformar gradativamente a cadeia produtiva de leite em padrões excelentes de qualidade, colocando o Brasil, suas indústrias e seus produtores lácteos em padrões internacionais elevados. Considerando os índices de CCS determinados pela IN 51 e comparando aos índices dos Estados Unidos da América, o alcance dos padrões mundiais só poderá ser atingido pelo Brasil a partir da segunda implementação, prevista para julho de 2008. Níveis de maior excelência, como de países europeus, somente serão contemplados na terceira implantação, prevista para julho de 2011. Alcançar tais padrões não requer tão somente critérios de inspeção e vigilância, mas a disseminação de uma política de qualidade que envolva todos os participantes do processo. A norma determina padrões, mas as mudanças em prol da qualidade exigem a consciência e o aculturamento da indústria e do produtor. Dessa forma, considera-se que a IN 51 permitirá com sua implantação gradual, que esta consciência, mesmo que de forma imposta legalmente, seja colocada em prática. Pode ser citado neste estudo que, no Brasil, embora a ANVISA e os setores responsáveis pela vigilância sanitária exerçam controles sobre a qualidade do leite, ainda existem produtores e lacticínios que fornecem produtos com índices elevados de CCS e há casos em que se é comprovada a adulteração da composição do leite, como a adição de componentes, visando maior lucratividade. Esses fatos tornam a indústria inadequada à norma e por sua vez, sujeita inclusive a prováveis penalidades atribuídas pelos órgãos de vigilância e controle, sendo imprescindível que sejam tomadas medidas imediatas. A mais drástica seria a suspensão do fornecimento de matériaprima, aplicável ao produtor que não apresentar índices de CCS compatíveis com a IN 51. Assim, é papel importante nesta situação apoiar e intensificar a redução dos índices de CCS nas propriedades, implementando, em conjunto com os produtores, programas eficazes de controle, que permitam identificar as causas dos elevados índices, tornando efetiva sua redução e, conseqüentemente, o atendimento aos padrões determinados pela IN 51. 4. Referências Bibliográficas AMARAL, F.R. et al, Qualidade do leite de búfalas: composição, Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, MG, v.29, n.2, p.106-110, abril / jun 2005. Disponível em: www.cbra.org.br AMARAL, F.R. et al. 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