VI Simpósio de Pós-Graduação e Pesquisa em Nutrição e Produção Animal – VNP – FMVZ – USP – 2012 AVALIAÇÃO DO ACUMULO DE GORDURA SUBCUTÂNEA ATRAVÉS DE ULTRASSONOGRAFIA EM EQUINOS SUBMETIDOS A EXERCÍCIO AERÓBIO E SUPLEMENTADOS COM GAMA-ORIZANOL Paulo Sanchez1, Iaçanã Valente Ferreira Gonzaga1, Rafael Françoso1, Thiago Natal Centini1, Fernanda Melo Pereira Taran1, Fernanda Panseri Rodrigues2, Júlia Rizzo de Medeiros Ferreira2, Yasmin N. Bortoletto3, Alexandre Augusto de Oliveira Gobesso4 1 Pós-graduandos em Nutrição e Produção Animal – FMVZ/USP Graduanda em Medicina Veterinária - FMVZ/USP 3 Graduanda em Medicina Veterinária - FZEA/USP 4 Professor Associado do Dpto. de Nutrição e Produção Animal – FMVZ/USP 2 INTRODUÇÃO As respostas induzidas pelo treinamento relacionadas com a capacidade de trabalho físico parecem ser semelhantes em atletas equinos e humanos (DE GRAAFROELFSEMA et al., 2007). Segundo Kearns et al. (2002a), a ultrassonografia consolidouse sensível suficiente para mensurar alterações na gordura corporal em equinos (WESTERVELT et al., 1976) ou animais recebendo agentes específicos. Além disso, a portabilidade e a natureza não invasiva do equipamento o tornam ideal para mensurações dos animais durante provas de enduro (LAWRENCE et al., 1992) ou corrida (KEARNS et al., 2002b), por exemplo. OBJETIVO Este estudo teve como objetivo identificar possíveis alterações musculares em equinos suplementados com gama-orizanol e submetidos ao exercício aeróbio, através de mensurações ultrasonográficas e avaliação do escore corporal. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Pesquisa em Alimentação e Fisiologia do Exercício em Equinos (LABEQUI), pertencente à FMVZ/USP, situado no Campus Administrativo de Pirassununga. Foram utilizados dez equinos do sexo masculino, castrados, da raça Puro Sangue Árabe, com idade de 35±8,15 meses e peso corporal de 375±22,78 Kg, no início do período experimental, divididos em dois grupos: controle e tratamento (gama). Foi adotado o consumo diário individual de 2% do peso corporal, em matéria seca, sendo 50% concentrado e 50% volumoso, divididos em duas refeições diárias. As dietas foram compostas por feno de gramínea Cynodon sp, variedade Tifton 85 e concentrado comercial, além de sal mineralizado e água ad libitum. O grupo tratamento recebeu 5,0 g de gama-orizanol, na forma de pó, dissolvido em 50 mL de óleo de linhaça, por refeição. O grupo controle recebeu a mesma dieta, do mesmo modo, excetuando-se a adição do gama-orizanol. Todos os animais foram exercitados cinco vezes por semana, durante sessenta minutos, na velocidade máxima de 12 km/h, em exercitador circular mecânico para cavalos controlado eletronicamente. O período experimental é de 180 dias, com avaliações a cada 45 dias, e até o momento foram realizadas quatro observações mensurações ultrasonográficas (D0, D45, D90 e D135), com aparelho de ultrassom da marca Pie-Medical®, modelo Falco 100, com -1- transdutor linear de 5 Mhz. As avaliações foram relacionadas com a espessura da camada de gordura (EGL) e da camada muscular (EML) no corte transversal do músculo Longissimus dorsi, entre a 17ª e a 18ª costela; e a espessura da camada de gordura na região de inserção da cauda (EGC), a 5 centímetros (cm) lateral ao eixo da coluna vertebral e 7 cm cranial a base da cauda. Os cavalos também foram avaliados em relação ao Escore de Condição Corporal (ECC), de acordo com o modelo proposto por Henneke et al. (1983), o qual classifica os animais em escala de um a nove, dependendo da quantidade de gordura depositada em seis áreas específicas do corpo: pescoço, espádua, costelas, coluna, lombo e garupa. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo, e a análise estatística foi realizada através do programa computacional SAS (SAS, 2009) pelo procedimento de modelos mistos. O nível de significância utilizado foi de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados relacionados com as avaliações ultrasonográficas (EGC, EML e EGL) e com o ECC estão demonstrados na tabela 1. Tabela 1. Valores médios das medidas ultrasonográficas (em milímetros) e de Escore de Condição Corporal (ECC), para os grupos controle e gama Variável Tratamento Controle Gama EGC 15,76 17,71 EML 82,06 EGL ECC EPM Valor de P Tratamento Tempo Interação 1,18 0,3050 0,3057 0,4178 81,74 1,83 0,9113 0,4101 0,2801 3,39 3,61 0,15 0,3473 0,6819 0,7972 5,98 5,92 0,07 0,5648 < 0,0001* 0,3447 (EGC = espessura de gordura na base da cauda; EML= espessura do músculo Longissimus dorsi; EGL= espessura de gordura do músculo Longissimus dorsi; EPM= erro padrão da média) Foi observada diferença entre os grupos para o escore de condição corporal ao longo do tempo. Embora os valores médios de escore corporal sejam numericamente semelhantes (5,98 para o grupo controle e 5,92 para o grupo gama), o grupo gama teve redução no escore, o que pode ter ocorrido devido à perda de massa gorda, mobilizada pelo exercício ao longo do tempo. As variáveis ultrasonográficas não apresentaram diferença ao longo do período, o que pode ser explicado pela baixa intensidade do exercício, corroborando com dados de Martins (2011). D´Angelis et al (2004) em estudo com equinos Puro Sangue Árabe, submetidos a esforço de alta intensidade e suplementação com creatina, revelaram aumento no tamanho da área do músculo longissimus dorsi, e redução da gordura periférica lombar (17°-18° costela) nos grupos experimentais, ao longo do treinamento de alta intensidade em esteira, constatando que o treinamento induziu esse aumento, por aumentar a massa livre de gordura. CONCLUSÕES -2- Podemos concluir que a suplementação com gama-orizanol em equinos submetidos ao exercício aeróbio pode alterar o escore de condição corporal ao longo do tempo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS D‘ANGELIS, F. H. F.; DA MOTA, M. D. S.; FREITAS, E. V. V.; FERRAZ; G. C.; ABRAHÃO, A. R.; LACERDANETO, J. C.; QUEIROZ-NETO, A. Ultra-sonografia do músculo longissimus dorsi de eqüinos da raça Puro-sangue Árabe em treinamento de resistência associado à suplementação prolongada com creatina. Revista Brasileira de Ciências Veterinárias, v. 12, n. 1-3, p. 142-146, 2004. DE GRAAF-ROELFSEMA, E; KEIZER, H. A.; VAN BREDA, E; WIJNBERG, I. D; VAN DER KOLK, J. H. Hormonal responses to acute exercise, training and overtraining:a review with emphasis on the horse. Veterinary Quartely, v.29, p.82–101, 2007. HENNEKE, D. R.; POTTER, G. D.; KREIDER, J. L.; YEATS, B. F. Relationship between body condition score, physical measurements and body fat percentage in mares. Equine Veterinary Journal, v. 15, n. 4, p. 371-372, 1983. KEARNS, C. F.; McKEEVER, K. H.; ABE, T. Overview of horse body composition and muscle architecture: implications for performance. The Veterinary Journal. v. 164, p. 224-234, 2002a. KEARNS, C. F.; McKEEVER, K. H.; KUMAGAI, K.; ABE, T. Fat-free mass is related to one mile race performance in elite Standardbred horses. The Veterinary Journal, v. 163, p. 1-7, 2002b. LAWRENCE, L. M.; JACKSON, S.; KLINE, K.; MOSER, L.; BIEL, M. Observations on body weight and condition of horses in a 150-mile endurance ride. Equine Veterinary Science, v. 12, p. 320-324, 1992 MARTINS, R.A.D.T. Avaliação de escore corporal em equinos através da ultra-sonografia. 2011. 81f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2011. SAS. STATISTICAL ANALISYS SYSTEM. SAS User’s guide: statistics. Version 9.1 Cary: SAS Institute Inc., 2004. 1040 p. WESTERVELT, R.G.; STOUFFER, J. R.; HINTZ, H. F.; SCHRYVER, H. F. Estimating fatness in horses and ponies. Journal of Animal Science, v. 43, p. 781-785, 1976. -3-