ELOÍSA GABRIELA PENTEADO COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E PERCENTUAL DE GORDURA DE UMA EQUIPE DE FUTSAL MASCULINO DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA, PARANÁ GUARAPUAVA 2009 ELOÍSA GABRIELA PENTEADO COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E PERCENTUAL DE GORDURA DE UMA EQUIPE DE FUTSAL MASCULINO DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA, PARANÁ Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado ao Departamento de Nutrição, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientador (a): Prof.(a) Indiomara Baratto Co-orientador (a): Prof.(a) Ms. Rosangela da Silva GUARAPUAVA 2009 2 COMPARAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E PERCENTUAL DE GORDURA DE UMA EQUIPE DE FUTSAL MASCULINO DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA, PARANÁ COMPARISON BETWEEN BODY MASS INDEX AND BODY FAT PERCENTAGE OF MALE ATHLETES FROM FUTSAL IN THE CITY OF GUARAPUAVA, PARANÁ 1 PENTEADO, Eloísa Gabriela 2 BARATTO, Indiomara 3 SILVA, Rosangela da RESUMO O futsal é um esporte amplamente difundido no Brasil, e sendo importante ter atletas com estado nutricional adequado para o melhor rendimento das equipes, torna-se fundamental se estabelecer formas específicas de avaliação nutricional para estes. O objetivo do estudo foi comparar dois métodos utilizados na avaliação nutricional de atletas do futsal, sendo o índice de massa corporal (IMC) em relação ao percentual de gordura (% G). Participaram do estudo 13 atletas com idade entre 17 e 32 anos, de uma equipe de futsal masculina do município de Guarapuava-PR. As variáveis antropométricas utilizadas foram: o peso e a estatura para obtenção do IMC, e dobras cutâneas para a obtenção do % G. Os resultados foram analisados pelo coeficiente de variação e de correlação linear de Pearson e o teste quiquadrado. A partir dos resultados obtidos de acordo com o IMC, observou-se 76,92% de atletas eutróficos, 15,38% com sobrepeso e 7,70% de obesos, apresentando um coeficiente de variação de 0,12. Observou-se para o % G 38,46% de indivíduos em % G ideal, 38,46% saudáveis, 15,39% baixo de % G e 7,69% com sobrepeso, tendo um coeficiente de variação de 0,31. Quando comparados e analisados, pelo coeficiente linear de Pearson existe correlação moderada entre as variáveis, de 0,62. Quanto à proporção de concordância o IMC apresentou uma classificação de adequado de 76,92%, sendo para o % G de 38,46%, tendo um p<0,01. Desta forma, conclui-se que o IMC não é um bom parâmetro para classificar o estado nutricional de atletas de futsal quando comparado ao percentual de gordura. PALAVRAS-CHAVE: estado nutricional, composição corporal, antropometria. 1 2 Acadêmica do 4° ano de Nutrição da Universidade do Centro-Oeste - UNICENTRO Professora assistente do Departamento de Nutrição – DENUT da Universidade do Centro-Oeste - UNICENTRO 3 Professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL 3 ABSTRACT Futsal is a sport widely used in Brazil, and it is important to have athletes with adequate nutritional status for the best performance of the teams, it is crucial to establish specific forms of nutritional assessment for these. The objective of the study was to compare two used methods in the nutritional evaluation of futsal athletes, the body mass index (BMI) in relation to the body fat percentage (BF%). Thirteen athletes ages from 17 to 32 years old from the male futsal team of the city of Guarapuava-PR participated in the study. The anthropometric variables used were: weight and height to obtain the BMI, and skin folds to obtain the BF %. The results were analyzed by the Pearson’s variation coefficient and the linear correlation and the chi-square test. From the obtained results according to the BMI, it was observed 76,92% were eutrofic, 15,38% were overweight and 7,70% were obese, showing a variable coefficient of 0,12. According to the BF %, it was observed that 38,46% of the individual had the ideal BF %, 38,46% were healthy, 15,39% had low percentages and 7,69% overweight, having a variable coefficient of 0,31. When compared and analyzed, by the Pearson linear coefficient there is a moderated correlation among the variables of 0,62. About the compliance proportion the BMI showed a proper classification of 76,29%, being the %BF of 38,46%, having a p<0,01. By this way, it was concluded that the BMI is not a good parameter to classify the nutritional status of futsal athletes when compared to the body fat percentage. KEY-WORDS: nutritional status, body composition, anthropometry INTRODUÇÃO O futsal é uma modalidade esportiva relativamente nova no Brasil, porém é atualmente uma das mais praticadas, tanto para fins de lazer quanto de competição1. As equipes de futsal buscam atletas de alto nível, que suportem uma carga de treinamentos intensivos. Porém para que o atleta atinja essa condição, é necessário que ele seja respaldado por profissionais altamente capacitados em sua área de atuação, visando ao máximo o rendimento deste atleta2. A nutrição possui papel importante para a manutenção do estado nutricional do atleta, estando relacionada diretamente com a melhora da sua saúde e performance1. Uma alimentação adequada é necessária para suprir a demanda energética requerida pelo exercício, podendo otimizar o desempenho atlético, e quando equilibrada pode reduzir a fadiga, o que permitirá que o atleta treine por mais tempo, ou que se recupere mais rapidamente entre as seções de exercícios. Possivelmente a nutrição pode reduzir lesões ou repará-las mais rapidamente, 4 afetando a situação do treino, e otimizando as reservas de energia para a competição, podendo ser essa a diferença entre o primeiro e o segundo lugar 3. Assim, a nutrição, possui o seu papel confirmado diante da documentação que comprova os efeitos benéficos para a saúde, mudanças favoráveis da composição corporal e aprimoramento do desempenho desportivo de atletas, decorrente do manejo dietético4. A avaliação nutricional do atleta em modalidades coletivas é importante para que se conheça a composição corporal do atleta e que se estabeleçam as suas necessidades nutricionais, peso adequado, percentual de gordura corporal, entre outros, baseado nos aspectos fisiológicos, antropométricos e dietéticos4,5. Para que se estabeleçam as necessidades nutricionais do atleta, devem ser levadas em consideração a modalidade esportiva praticada e função tática na equipe, a fase de treinamento, o calendário de competições e os objetivos da equipe técnica em relação ao desempenho, dados referentes ao metabolismo basal, demanda energética do treino, necessidades de modificações da composição corporal e fatores clínicos presentes4. Para a prescrição dietética de treinamentos, em modalidades coletivas, o conhecimento sobre a composição corporal do atleta, tem-se revelado imprescindível para a caracterização das exigências específicas do esporte 6. Segundo Pecararo e Greco7, o acompanhamento da composição corporal representa um meio importante no controle de um treinamento tanto para atletas como para não atletas. A avaliação da composição corporal quantifica os principais componentes do organismo humano: ossos, musculatura e gordura corporal8. Há uma necessidade de se avaliar a composição corporal em várias populações e muitas razões pelas quais profissionais conduzem avaliações de composição corporal, entre elas para monitorar: a terapia nutricional; as mudanças dos componentes corporais em resposta a programas de perda ou ganho de peso; a avaliação da aptidão física relacionada à saúde; e programas de treinamento físico9. Assim, informações sobre a composição corporal tornam-se de fundamental importância na orientação de programas de controle de peso corporal na medida em que, para um acompanhamento mais criterioso quanto ao acompanhamento nutricional e para a prescrição de exercícios físicos, há a necessidade de se fracionar o peso corporal em seus diferentes componentes na tentativa de se 5 analisar, em detalhes, as aptidões ocorridas nas constituições de cada componente. Através da avaliação da composição corporal podem-se detectar quais destes componentes variam em relação ao peso corporal total10. Os métodos de avaliação nutricional e de composição corporal devem ser bem conhecidos, e sempre que possível utilizados de maneira combinada, contribuindo para o aprimoramento do diagnóstico, planejamento e monitoramento das terapias nutricionais11. Muitos métodos são utilizados na determinação da composição corporal, variando consideravelmente em sua exatidão, instrumentos necessários e praticidade. Há três tipos de métodos, os diretos, os indiretos e os duplamente indiretos. Os métodos diretos são baseados na análise química de cadáveres humanos, onde o avaliador manipula os diversos tecidos “in vitro”. Os métodos indiretos ou duplamente indiretos são utilizados para determinar a composição em pessoas vivas, baseados em análises químicas e físicas, resultantes de métodos diretos permitindo estimar através de cálculos matemáticos derivados de regressões lineares, a densidade, a quantidade de água ou percentual de gordura diretamente12,13. Os métodos indiretos ou duplamente indiretos são procedimentos que podem ser métodos antropométricos tradicionais de fácil aplicabilidade, até sofisticadas técnicas de absormetria e marcadores de radioisótopos10. Atualmente, a técnica antropométrica é um dos procedimentos de maior aplicabilidade para avaliação nutricional de indivíduos, atletas ou não, em virtude do custo e aceitabilidade do método14. Esta técnica se utiliza de variáveis como dobras cutâneas, perímetros, idade, peso e estatura, estas sozinhas ou combinadas, são usadas para se obter índices, tais como o índice de massa corporal (IMC), ou o percentual de gordura (%G)7,15. O IMC é a relação entre peso e a estatura do indivíduo, método muito utilizado na avaliação nutricional16. Mas a utilização do IMC para praticantes de atividades físicas e principalmente para atletas pode ser limitada, especialmente porque esse índice não discrimina os componentes corporais 8.Um atleta pode ser considerado obeso erroneamente, isso se deve ao fato de essa técnica não ser capaz de identificar o quanto de massa corporal corresponde à gordura ou à massa magra, o que sugere a necessidade da escolha de modelos preditivos da composição corporal17. As pregas ou dobras cutâneas expressam a quantidade de tecido adiposo 6 corporal e, consequentemente, as reservas de energia e o estado nutricional atual, refletindo a disposição da gordura localizada na região subcutânea 11. Quanto às estratégias de interpretação, estas medidas podem ser envolvidas em equações de regressão, com intenção de predizer a densidade corporal e, posteriormente, a de gordura corporal em relação ao peso18. As medidas de espessura de dobras cutâneas no procedimento de análise da composição corporal estão alicerçadas na observação de que grande proporção da gordura corporal localiza-se no tecido subcutâneo, e dessa forma, medidas quanto à sua espessura servem de indicador da quantidade de gordura localizada naquela região do corpo. Como a disposição da gordura localizada no tecido subcutâneo não se apresenta de forma uniforme por todo o corpo, as medidas de espessura das dobras cutâneas são realizadas em várias regiões, na tentativa de obter uma visão mais detalhada quanto à sua disposição10. O percentual de gordura obtido a partir da mensuração de dobras cutâneas tem tido larga aceitação entre os pesquisadores da área, isso porque o % G obtido a partir da técnica antropométrica se associa muito bem à outras técnicas, e não difere significativamente do % G decorrente da pesagem hidrostática, que é tida como critério para validação de outras técnicas19. Com o destaque que o futsal vem recebendo nas últimas décadas, diversos autores pesquisadores têm investigado os aspectos específicos desta modalidade, as disponibilizando na literatura, mas ainda são poucos os trabalhos referentes às adequadas formas de avaliar o estado nutricional de atletas de futsal 20. Sendo o futsal, um esporte amplamente difundido no Brasil, e conhecendo a importância de se ter atletas com estado nutricional adequado para o melhor rendimento das equipes, torna-se fundamental se estabelecer formas específicas de avaliação nutricional para estes. O presente estudo teve por objetivo através da classificação do estado nutricional dos atletas de futsal, comparar o índice de massa corporal com o percentual de gordura. Quando abordamos a utilização das técnicas antropométricas, se faz necessário investigar o nível de confiabilidade das mesmas, para que profissionais de nutrição, educação física e de áreas afins, utilizem instrumentos seguros na determinação da composição corporal, tornando possível acompanhar mais criteriosamente programas de orientação nutricional e de exercícios físicos. 7 METODOLOGIA Este estudo está vinculado ao Projeto de Extensão “Avaliação e orientação nutricional à equipe do Clube Atlético Desportivo do Município de Guarapuava”, o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, ofício nº 113 (Anexo II). O estudo foi realizado junto à uma equipe de futsal masculina do município de Guarapuava, Paraná, no ano de 2009. Avaliou-se 13 atletas com idade ente 17 e 32 anos. Anteriormente ao período de avaliação, os jogadores foram esclarecidos em relação aos objetivos da pesquisa e dos procedimentos aos quais seriam submetidos, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice I). Para o atleta menor de dezoito anos, foi necessário que os seus responsáveis fossem esclarecidos dos objetivos da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta dos dados ocorreu no ginásio onde são realizados os treinos da equipe, sendo realizada por três avaliadoras treinadas, seguindo os procedimentos de avaliação descritos por Petroski21 para todas as medidas antropométricas e utilizando um instrumento de coleta condizente com a pesquisa a ser realizada (Apêndice II). O horário de avaliação foi marcado para o dia de folga dos jogadores, pois após a realização de atividade física podem ocorrer alterações de peso por perda de líquidos corporais e ocorrer a hipertrofia momentânea dos músculos, e permitindo assim a avaliação de toda a equipe em um único dia. Os dados antropométricos utilizados foram o peso em kg (massa corporal), a estatura em m e dobras cutâneas em mm (tríceps, subescapular, supra-ilíaca, abdominal, peitoral, axilar média, coxa). A massa corporal foi mensurada utilizando-se uma balança antropométrica de marca Filizolla®, de 150 kg e com precisão de 0,1 kg, e a estatura foi determinada em um estadiômetro acoplado à balança, com precisão de 0,1 cm. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado mediante a relação entre massa corporal e a estatura ao quadrado, sendo a massa corporal expressa em quilogramas e a estatura em metros, adotando-se o critério de classificação proposto pela OMS16 (Anexo I). Para estimativa do percentual de gordura (% G), foram aferidas as dobras 8 cutâneas através de um adipômetro científico de marca Cescorf ®. Todas as medidas foram realizadas no hemicorpo direito do pesquisado, três vezes em cada local, sendo considerado o valor médio obtido destas. Utilizou-se a equação proposta por Jackson e Pollock22 (Anexo I), que determina a densidade corporal, e com esta pode-se estimar o percentual de gordura corporal através da equação de Siri23 (Anexo I). A classificação do % G foi realizada de acordo com o proposto por Lohman24 (Anexo I). Por ainda não haver na literatura valores de referência específicos para atletas de futsal, adotou-se como critério de identificação de estado nutricional adequado para atletas de futsal, para os valores de IMC segundo a OMS16 sendo de 18,5 a 24,9 Kg/m², e para o % G seguindo os parâmetros de Lohman24 de 8 a 13,99%, sendo estas classificações baseadas apenas na população adulta e não atleta. Após a realização da coleta dos dados, utilizou-se estatística descritiva, com valores de média, desvio-padrão, mínimo, máximo e coeficiente de variação, para a caracterização da amostra. Os dados foram analisados para estabelecer possíveis diferenças entre os métodos comparados. Para tanto utilizou-se coeficiente de variação e de correlação linear de Pearson, seguidos da utilização do teste qui-quadrado. No que se refere ao tratamento estatístico das informações e elaboração das tabelas e gráfico, utilizouse o programa Microsoft Excel® 2003. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação às características gerais, a média da idade dos atletas é de 24,92 ± 4,73. As características gerais dos atletas investigados estão descritas na tabela 1, que contem média, desvio-padrão, mínimo e máximo e coeficiente de variação. A classificação média do estado nutricional da equipe é de eutrofia, quando analisado pelo IMC, sendo o valor encontrado de 24,44 kg/m², e a classificação média do estado nutricional quando analisado pelo % G é de ideal, com valor encontrado de 13,40%. Esses resultados são aproximados aos obtidos por Avelar et al.1, que investigou o perfil antropométrico e o desempenho motor de equipes de futsal masculino paranaense, e em seu estudo encontrou valores médios de 24,1 9 kg/m² e 9,4%, respectivamente para IMC e % G, demonstrando que os valores obtidos no presente estudo estão dentro da média entre equipes paranaenses, apresentando apenas um valor um pouco aumentado de % G, mas ainda se enquadrando em valores ideais. Esses resultados são semelhantes aos encontrados anteriormente em outro estudo feito por Dantas25, em atletas que participaram da Liga Nacional de Futsal 2000/2001. Tabela 1. Estatística descritiva da amostra estudada (n = 13). Variáveis Coeficiente Média Mínimo Máximo Idade (anos) 24,92 ± 4,43 17 32 - Massa corporal (Kg) 74,2 ± 12,01 60,9 104,7 - Estatura (cm) 1,73 ± 0,03 1,67 1,79 - IMC (kg/m²) 24,44 ± 3,09 20,30 32,67 0,12 Gordura (%) 13,40 ± 4,24 6,35 22,31 0,31 de Variação O coeficiente de variação encontrado para o IMC (CV = 0,12) é menor que o observado no % G (CV = 0,31). Isso sugere que o IMC não seja tão sensível quanto o % G nas variações da composição corporal da população, por apresentar uma variação muito baixa em seus resultados e por consequência uma pequena variação da sua classificação. O mesmo resultado é obtido pelo coeficiente de correlação linear de Pearson, que apresentou uma moderada correlação entre as duas variáveis (r = 0,62) e pode ser demonstrada pelo gráfico 1 que apresenta a dispersão entre IMC e o percentual de gordura, no qual se observa a posição de cada indivíduo. É interessante ressaltar que a dispersão dos indivíduos pelo % G foi maior do que pelo IMC. Nas tabelas 2 e 3 estão a classificação do estado nutricional dos atletas pelo IMC e % G, respectivamente, com o número de ocorrências e percentual da amostra para cada classificação. A tabela 2 aponta que 76,92% foram classificados como eutrófico, 15,38% como sobrepeso e 7,70% como obeso, quando analisada pelo IMC. O resultado obtido da maior parte dos classificados com eutrofia (76,92%), deve-se a o fato de que a população era composta por sujeitos atletas, o que leva a prevalência de indivíduos com peso adequado. Conforme Pietro26, evidências epidemiológicas 10 sugerem uma associação inversa entre a atividade física e o peso corporal, com a gordura corporal sendo mais favoravelmente distribuída nos fisicamente ativos. Ademais os indivíduos que participam de um treinamento de resistência aumentam seu peso corporal magro27. Mas para os 23,08% dos atletas com excesso de peso, não há como determinar precisamente se este valor refere-se a um acúmulo de gordura, o que acarretaria prejuízo no desempenho do atleta, ou se esse valor corresponde a um volume aumentado de massa muscular. Segundo Costa e Böhme17, um atleta pode ser considerado obeso pelo IMC, mas essa técnica não é capaz de identificar o quanto de massa corporal corresponde à gordura ou à massa magra, o que sugere a necessidade da escolha de modelos preditivos da composição corporal. Tabela 2 – Classificação do estado nutricional dos atletas pelo IMC, número de ocorrências e percentual da amostra para cada classificação, seguindo a classificação proposta pela OMS, 1998, (n = 13) IMC Ocorrências % da (kg/m²) (n) Amostra Desnutrição grau III < 16 - - Desnutrição grau II 16 a 16,9 - - Desnutrição grau I 17 a 18,4 - - 18,5 a 24,9 10 76,92 Sobrepeso 25 a 29,9 2 15,38 Obesidade grau I 30 a 34,9 1 7,70 Obesidade grau II 35 a 39,9 - - Obesidade grau III > 40 - - Diagnóstico Nutricional Eutrófico Quando o valor encontrado pelo estudo para o coeficiente de correlação linear de Pearson é elevado ao quadrado, se obtém o valor de 38, o que leva a ocorrência de correlação verdadeira em 38% dos casos, Podendo ser observado no gráfico 1, onde quanto mais se aumenta o IMC também aumentam os valores encontrados pelo % G, formando assim uma linha ascendente entre as variáveis, essa constação que pode levar a conclusão de que o IMC poderia estar relacionado com o aumento de tecido subcutâneo adiposo e não à massa magra. 11 Gráfico 1. Diagrama de Dispersão do Índice de Massa Corporal (IMC) e Percentual de Gordura Corporal (% G), (n = 13). IMC 35 33 31 29 27 25 23 21 19 17 0 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 r= 0,62 25 %G Tabela 3 – Classificação do estado nutricional para os atletas pelo percentual de gordura, número de ocorrências e percentual da amostra, seguindo a classificação proposta por LOHMAN, 1991, (n =13) %G Ocorrências % da (%) (n) Amostra <5 - - Baixo 5 a 7,99 2 15,38 Ideal 8 a 13,99 5 38,46 Saudável 14 a 19,99 5 38,46 20 a 25 1 7,70 > 25 - - Diagnóstico Nutricional Desnutrição Sobrepeso Obeso Já na tabela 3, identifica-se que 38,46% de indivíduos possuem um % G ideal, classificação que corresponde ao estado nutricional adequado para os atletas estabelecida para este estudo, 38,46% dos atletas foram classificados como saudáveis, valor aceitável para uma população adulta não-atleta mas já para atletas poderiam trazer prejuízos para o rendimento do atleta, 15,39% classificados como baixo % de G e 7,69% sobrepesados. Segundo Bello Jr.28, no futsal os menores valores de gordura corporal podem favorecer o rendimento máximo, visto que a movimentação durante as partidas é extremamente intensa, com alta exigência 12 energética. Assim a massa corporal excedente, provocada pelo maior acúmulo de tecido adiposo, denominada de massa corporal inativa, acarretará maior dispêndio energético, dificultando o processo de recuperação pós-esforço. A tabela 4 demonstra a proporção de concordância entre a classificação do estado nutricional dos atletas, utilizado como adequados para atletas de futsal, os valores de 18,5 a 24,9 Kg/m² para o IMC e de 8 a 13,99% para o % G, sendo os demais valores encontrados como inadequados. Tabela 4 – Tabela de concordância da classificação de estado nutricional adequado para o atleta de futsal entre o IMC e o % G da amostra, (n = 13) Técnicas Antropométricas Adequados Inadequados % n % n IMC 76,92 10 23,08 3 %G 38,46 5 61,53 8 p < 0,01 Pelo observado na tabela 4, o IMC apresenta uma maior porcentagem da classificação de adequados (76,92%), já para o % G ocorreu uma maior porcentagem de inadequados (61,53%). Através do teste qui-quadrado constatou-se que há relevância estatística no diagnóstico do estado nutricional, apresentando o p< 0,01, onde o IMC poderia superestimar o diagnóstico do estado nutricional adequado para o atleta de futsal na população em comparação ao % G. Desta forma, a adoção do IMC pode gerar avaliações imprecisas quando utilizado isoladamente e, consequentemente, os possíveis programas de intervenção dietética ou prescrição de atividades também não serão corretos, o que pode levar há uma diminuição do desempenho e rendimento do atleta, mas este poderia ser utilizado associado a outros métodos de referência. O mesmo resultado foi evidenciado na literatura, como o estudo de Avelar et 1 al. , indicou que o IMC é um indicador pouco sensível para avaliação de atletas de futsal. Em outros estudos feitos por Glaner15 e Moreira et al.29, também foram encontrados resultados não satisfatórios para a utilização de IMC na classificação do estado nutricional quando comparado ao % G. 13 Deve-se ressaltar que o estudo tem como principal limitação o uso de técnica indireta, pregas cutâneas, para estimar a gordura corporal e classificar o estado nutricional. O fato de não ter sido usada uma técnica considerada padrão ouro pode diminuir a validade dos resultados. No entanto, no estudo realizado por Pecararo e Greco7 foi demonstrada a validade das equações de regressão utilizadas neste estudo. Outro ponto a ser salientado é a falta de uma padronização de valor médio de % G para atletas de futsal, como já ocorre em outras modalidades esportivas. Não deixando de citar a possível ocorrência da falha pelas avaliadoras, e pelas diferenças de avaliação entre as mesmas. CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos, pode-se concluir que o IMC não seria a técnica mais fidedigna para a classificação do estado nutricional quando comparado ao percentual de gordura. Considerando a limitação do estudo, destaca-se a importância deste pelo fato de se desconhecer estudos feitos com este tipo de delineamento, envolvendo a mesma população como amostra, para comparar e/ou analisar as variáveis na classificação do estado nutricional. Sugere-se a realização de novos estudos com a mesma linha de pesquisa, com um número maior de atletas estudados, onde pudesse ser estabelecido o valor de referência de porcentagem de gordura corporal para a população ou a padronização de um método de avaliação do estado nutricional específico para atletas de futsal, o que facilitaria para os profissionais que atuam na área. REFERÊNCIAS 1. Avelar A, et al. Perfil antropométrico e desempenho motor de atletas paranaenses de futsal de elite. Rev Brás Cineantropom Desempenho Hum. 2008;10(1):76-80. 2. Mutti D. Futsal: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2003. 3. Mcmurray, RG, Anderson JJB. Intodução á nutrição no exercício no esporte. In: Wolinsky I, Hickson Jr., JF, editors. Nutrição no exercício e no esporte. 2. ed. São Paulo: Roca, 2002. 4. Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. 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Rio de Janeiro (SP): Pós-Graduação Lato Sensu Fisiologia e Avaliação Morfofuncional – Universidade Gama Filho – UGF/RJ, [s. d.]. ANEXOS E APÊNDICES ANEXO I - Fórmulas, Equações e Quadros de Referência Fórmulas e Equações: Índice de Massa Corporal (IMC): IMC= Peso (Kg) Estatura² (m) Equação de Siri: %G = [(4,95/DC) - 4,5] x 100 Onde: DC= densidade corporal. Equação de Jackson e Pollock: DC = 1,112 – 0,00043499 (∑ 7PC) + 0,00000055(∑7PC)² - 0,00028826(I) Onde: DC= densidade corporal; ∑7PC= somatório das 7 pregas cutâneas (tríceps, subescapular, supra-ilíaca, abdominal, peitoral, axilar média, coxa); I= idade. Quadros de Referência: Quadro 1. Critério de classificação do estado nutricional utilizado a partir do IMC, proposto pela OMS (1998), em kg/m². Classificação do IMC de acordo com OMS (1998) IMC Diagnóstico Nutricional < 16 Desnutrição grau III 16 a 16,9 Desnutriçõ grau II 17 a 18,4 Desnutrição grau I 18,5 a 24,9 Eutrófico 25 a 29,9 Sobrepeso 30 a 34,9 Obesidade grau I 35 a 39,9 Obesidade grau II > 40 Obesidade grau III Quadro 2. Critério de classificação do estado nutricional utilizado a partir do % G, proposto por Lohman (1991), em porcentagem (%). Classificação de % G, segundo Lohman (1991) %G Diagnóstico Nutricional <5 Desnutrição 5 a 7,99 Baixo 8 a 13,99 Ideal 14 a 19,99 Saudável 20 a 25 Sobrepeso > 25 Obeso ANEXO II – Carta de Aprovação do Comitê de Ética APÊNDICE I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TÍTULO DO PROJETO: Avaliação e Orientação Nutricional à Equipe do Clube Atlético Desportivo de Município de Guarapuava. Pesquisadora Responsável: Profa Rosangela da Silva Registro das explicações do pesquisador aos sujeitos sobre o protocolo de pesquisa: Justificativa Sabemos que uma alimentação adequada está relacionada a um estado nutricional adequado, saúde e bom desempenho físico dos atletas. Por isso, estamos desenvolvendo um projeto para avaliar o estado nutricional e a alimentação dos atletas do futsal de Guarapuava a fim de propor orientações alimentares adequadas para contribuir para a saúde e bom desempenho físico dos mesmos. Objetivo do projeto: O presente estudo tem por objetivo realizar avaliação e orientação nutricional dos atletas do futsal. Procedimentos: Serão realizadas avaliação e orientação nutricional no ambulatório de nutrição da UNICENTRO por mio de verificação de medidas de peso, estatura, circunferências do braço e cintura e medidas de dobras cutâneas (medidas da espessura de gordura com a utilização do adipômetro) e elaboração de cardápio. Pesquisador: O pesquisador responsável por este projeto é a Profa Rosangela da Silva, do Departamento de Nutrição da UNICENTRO, portadora do RG 27.952.515-1 e CPF 184,734.308-24 que pode ser contatada pelos telefones: (42) 3629-8182 e (42) 8816-7425 Departamento de Nutrição – CEDETEG/UNICENTRO – Rua Simão Camargo Varela de Sá, 03 – Vila Carli – Guarapuava-PR. Benefícios: Este projeto trará benefícios á saúde e desempenho físico, pois iremos verificar se seu estado nutricional está adequado para a sua idade e modalidade esportiva, além de fornecer orientações nutricionais para a manutenção da sua saúde e melhora de seu desempenho físico. Este projeto vai permitir um melhor conhecimento do estado nutricional dos atletas da equipe futsal masculina de Guarapuava. Riscos: Este projeto não apresenta riscos à saúde dos participantes, sendo apenas uma coleta de informações e medidas simples como o peso, estatura, medidas de circunferências e espessura de gordura. Participação voluntária: Sua participação neste projeto é voluntária. Mesmo que você autorize sua participação, terá plena e total liberdade para desistir do estudo a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer prejuízo para você. Esclarecimento de dúvidas e questões éticas: Você poderá e deve fazer todas as perguntas que julgar necessário ao pesquisador antes de concordar em autorizar sua participação neste projeto. Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO Identificação: Sua identificação será mantida em sigilo. Os resultados do projeto serão publicados sem revelar seu nome. CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIMENTO Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o projeto “Avaliação e Orientação Nutricional à Equipe de Clube Atlético Desportivo do Município de Guarapuava”. Eu discuti com a Profa Rosangela da Silva sobre a minha decisão em participar neste projeto. Ficando claros para mim quais são os propósitos de estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é voluntária e isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço. Guarapuava, _____/______________________/_________ _____________________________________________________________ Sujeito da Pesquisa Dados de identificação do sujeito da pesquisa: Nome: RG: Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste sujeito para a participação neste estudo. Guarapuava, _____/______________________/_________ _____________________________________________________________ Rosangela da Silva Pesquisadora Responsável APÊNDICE II – Material de Coleta de Dados Universidade Estadual do Centro -Oeste – Setor de Ciências da Saúde – Departamento de Nutrição – Ambulatório de Nutrição Nome: ____________________________Sexo:__DN:__/__/_Idade:___Estatura:___ ACOMPANHAMENTO DA EVOLUÇÃO NUTRICIONAL - ATLETA Data Peso Data IMC CB CMB PCT PCBi PCSe PCSi Axilar Abd Coxa Peito PCP % G Diagnóstico Nutricional Obs:________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________