de aprendizagem
NÚMERO 26
Maturidade
Sérgio Wagner de Oliveira
2012
ASSOCIANDO MATURIDADE COM...
Afirmam alguns autores que maturidade está associada com idade. Há
controvérsias. A adolescência, hoje, tem prazo de validade maior que há alguns anos.
Aos dezoito anos abrem-se várias possibilidades como se a idade transformasse,
repentinamente, um adolescente em adulto. Na realidade há muita coisa mais importante
que a idade na avaliação do grau de maturidade do indivíduo, como ensina Nelson
Pilettii,são suas várias dimensões: emocional, social e intelectual.
Entretanto existem comportamentos considerados maduros para cada faixa etária e
pode-se dizer que a maturidade está associada, também, à cultura em razão da
existência de critérios diferentes em função da diversidade cultural. O exemplo clássico
em Psicologia Educacional é o das diferenças existentes entre a cultura ocidental e
oriental, embora a globalização esteja minimizando isto. Mas, alguns critérios parecem
difíceis de ser mudados apesar de todo o contato disponibilizado por redes sociais e das
informações midiáticas em geral.
MATURIDADE EMOCIONAL
Não significa apenas capacidade de controle das emoções. Vai muito além disso. É
a capacidade de expressar os comportamentos emocionais em acordo com os usos e
costumes da sociedade em que vive.
Não existe vida sem sentimentos e emoções. Não existe vida em quem é
puramente racional.
Citamos Lockeii como suporte filosófico para afirmá-lo: “O homem que não tiver
domínio sobre suas tendências, que não souberem aguentar a insistência do prazer ou da
dor que estiverem à vista e que se contente somente com o que a razão lhe diz o que
deve fazer, está em falta com os verdadeiros princípios da virtude da prudência,
dispondo-se a, jamais, ser bom em coisa alguma”.
Então, razão + emoção = vida com qualidade.
Segundo Jersild (Apud: Pfromm Neto, S.iii), maturidade quer dizer também
capacidade de usar recursos emocionais a fim de obter satisfação por coisas agradáveis,
ser capaz de amar e de aceitar o amor, experimentar cólera frente a contrariedades que
provocariam a ira em qualquer pessoas razoáveis, aceitar e compreender o significado de
medo, buscar e alcançar o que a vida pode oferecer, apesar dos riscos de ganho/perda e
de alegria/tristeza.
Para Staton (Apud: Pfromm Neto, S. Op. cit., p. 136), a conquista da maturidade
emocional envolve oito objetivos: objetivação, percepção de valores relativos, dedicação a
objetivos de longo prazo, aceitação de responsabilidade, tolerância de frustração,
empatia/compaixão, gradação de reação e socialização das respostas. A cada objetivo
corresponde, segundo ele, um processo envolvido.
MATRUIDADE SOCIAL
Somos socialmente maduros na medida em que nos relacionamos de forma
eficiente com outras pessoas e com grupos a que pertencemos; na medida em que
integramos nossas necessidade e intenções com as da sociedade, no que se refere ao
bem comum; em que contribuímos para o bem estar social; em que participamos da
tomada de decisões referentes aos destinos da sociedade.
Torna-se maduro socialmente o indivíduo que consegue relativa liberdade com
relação ao domínio dos pais, aceita responsabilidades pelos seus atos e pelos de outras
pessoas, consegue sensibilidade social, é capaz de enfrentar várias situações sem
sacrificar seus valores básicos e padrões de conduta apenas para “ser aceito”, consegue
ajustamento sexual não somente pelos aspectos biológicos, avalia as questões a partir de
seu efeito a longo prazo de um ponto de vista não egoísta e participa com efetividade de
relações sociais variadas.
MATURIDADE INTELECTUAL
Para Piaget, a capacidade de realizar operações formais, abstratas, é o ponto
culminante do desenvolvimento cognitivo.
De maneira geral os psicólogos entendem que o desenvolvimento
mental/intelectual tem a característica de envolver a ampliação de horizontes intelectuais,
temporais e espaciais: só se compreende o universo a partir da compreensão do espaço
mais próximo.
Além disso, o desenvolvimento mental envolve aumento da capacidade para lidar
com abstrações e símbolos, capacidade de concentração por períodos cada vez mais
longos e o declínio do devaneio e da fantasia.
Envolve o desenvolvimento da memória e o aumento da capacidade de raciocínio,
que será menos ingênuo e egocêntrico (característica do raciocínio infantil).
CONCLUINDO O RACIOCÍNIO
O conhecimento de si mesmo e do mundo e a que deve haver entre o pensamento
e a ação tem sido considerados aspectos ligados à maturidade humana.
Ele é necessário para que o indivíduo possa viver na sua totalidade, considerando
que, primeiro, deva conhecer-se profundamente (suas possibilidades e limitações), tenha
objetivos claramente definidos, cultive seus próprios valores e tenha convicções, embora
sempre esteja disposto ao diálogo.
Em segundo lugar não se pode dispensar o conhecimento do outro e do mundo, de
forma interdependente do autoconhecimento. Um não poderá existir sem o outro.
A coerência entre pensamento e ação é resultante de uma condição indispensável
chamada reflexão que, quando ocorre concomitantemente com a ação, leva a uma vida
coerente e equilibrada.
Ação e reflexão mantêm uma relação dialética: toda ação leva a uma reflexão e
toda reflexão a uma nova ação.
i
PILETTI, Nelson. Psicologia educacional. Ilustrações Edvar Santo Godines. São Paulo: Ática, 2003. 336 p.
LOCKE, John. Pensamientos sobre la educación. Madrid, Espanha: Akal S/A, 1986. 383 p.
iii
PFROMM NETTO, S. Psicologia da adolescência. 2.ª ed. São Paulo: Pioneira, 1971.
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