MESA DE ABERTURA | Maria Clara Lourenço | Presidente da Direcção da ADCMoura Bom dia a todos e todas. Antes de mais, quero, em nome da parceria do projecto EPAM, agradecer-vos por estarem aqui hoje. É muito bom estar a rever tantos de vós. Aproveito para agradecer ao INIAV, na pessoa do Dr. Carlos Caldas, a gentileza de nos receber, para este encontro, na casa que é também a de muitas das pessoas com quem tivemos o prazer de trabalhar nos últimos anos, particularmente durante o anterior projecto MEDISS. Deixo igualmente o nosso agradecimento às pessoas (oradores, moderadores) que gentilmente se dispuseram a vir aqui, deste lado, partilhar as suas experiências ou ajudar a conduzir os debates que se desejam amplamente participados por todos os presentes. Quero naturalmente assinalar de modo especial a nossa satisfação com a presença do senhor Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Dr. Nuno Vieira e Brito, que tomamos como expressão do interesse que o tema proposto mereceu, por parte do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, que igualmente concedeu ao evento o seu Alto Patrocínio. É para nós muito importante que os anseios e propostas que virão hoje a debate possam perspectivar alguma tradução concreta nas estratégias e políticas que o MAMAOT e outros ministérios e organismos do Estado desenharão para os próximos anos. Nós estamos certos da relevância económica e social que a fileira das plantas aromáticas e medicinais potencialmente apresenta, no nosso país. (nota: PAM - inclui condimentares e de perfume) Novas empresas, emprego e fontes de rendimento, novos residentes em meio rural, diversificação da produção agrícola, oportunidade para a investigação (ou para a sua transferência) e a inovação, efeito demonstrativo sobre outras áreas de actividade e de produção agrícola, desenvolvimento de métodos de produção biológica ou mais “amiga do ambiente”, posicionamento para exportação… são alguns dos argumentos que rapidamente são trazidos à colacção por quem tiver a oportunidade, como eu, de observar em plano privilegiado o recente desenvolvimento do sector. Mas é precisamente essa posição que me leva a compreender a importância, para a continuidade do processo, da promoção de um debate alargado no momento presente. Pelos vistos, não apenas a mim… Para melhor concretizar a afirmação, partilharei convosco, em poucas palavras, a experiência da ADCMoura. (NOTA: ADL; 20 anos; projecto de empreendedorismo social visando o desenvolvimento dos territórios rurais, com acção concreta no domínio da animação territorial e (como neste caso) sectorial). Em Setembro de 2009, em pleno projecto MEDISS, reuníamo-nos com um conjunto de pessoas ligadas ao sector (especialmente técnicos e investigadores….), com as quais se construiu um diagnóstico breve da fileira das PAM em Portugal. O quadro traçado foi o de um sector com muito pouca expressão, em número de explorações, em quantidades produzidas; em que a informação era escassa e dispersa. Um sector sem tradição agrícola, apresentando uma ligação ténue entre a produção e a transformação, e menor ainda entre a investigação e os agentes económicos… Nos quatros anos que se seguiram, tive o privilégio de conhecer melhor, e a um nível nacional, a maior parte dos produtores e produtoras já instalados (muito poucos, assinale-se – nota para a inexistência de informação estatística) e de acompanhar alguns momentos importantes dos seus percursos, muitos deles acabados de iniciar-se também. Percebi que se afastam claramente das características gerais que as estatísticas determinam para o sector agrícola nacional; que, naquela evolução, se uniram, por pequenos núcleos de proximidade, partilhando recursos e informação; que se dirigiram, na sua maioria, para mercados externos “de topo”, por agora sobretudo ao nível das matérias-primas (produtos de elevada qualidade, em modo biológico, seco e a granel)… Desenhámos em conjunto (e realizámos!) acções para o aumento das competências nas áreas da produção, transformação e comercialização (que também passou por intercâmbios com França e Itália), para o fomento da cooperação entre centros de investigação e empresas, para o crescimento da visibilidade – interna e externa – do sector (NOTA: Portugal não é conhecido como país produtor de PAM), para a melhoria do acesso à informação, para o fortalecimento do interconhecimento e da cooperação entre produtores… Muitas delas concretizadas ou consolidadas já com o apoio do projecto EPAM, iniciado em final de 2011. Em 2012, importantes mudanças que vínhamos detectando tornam-se evidentes: muito em virtude do aumento das dificuldades de emprego, de uma recente “reabilitação” social da agricultura, da disponibilidade de apoios financeiros à instalação de jovens agricultores, mas também – diria eu - como resultado de alguma informação por vezes indutora em erro, o interesse pelo sector cresce exponencialmente. Pedidos de informação e apoio, inscrições em eventos, procura de formação especializada, etc., avolumamse, nem sempre alicerçando-se na consciência das dificuldades inerentes à instalação na actividade. O número de projectos de investimento na produção de PAM apresentados no PRODER dispara e novos desafios se colocam agora aos empresários do sector: aos mais antigos e aos recém-chegados. Cooperação, organização, diversificação de culturas e processos, posicionamento em novos mercados, desenvolvimento de produtos com maior valor acrescentado (e aqui a importância da I&DT), consolidação de relações “verticais” (lógica de fileira) entre produtores e os actores a montante e a jusante da produção são alguns dos temas que justificam a oportunidade para a reflexão e debate que procuramos concretizar com este Fórum Nacional. Cremos que é necessário construir, de modo colectivo, uma visão e uma acção estratégicas, contando com o apoio de diversos Ministérios (naturalmente em especial o da Agricultura) e com a capacidade de cooperação de múltiplos actores, com destaque óbvio para os próprios produtores. Como sempre, a ADCMoura, aqui acompanhada pela ANIMAR, se coloca no papel de agente facilitador (que não se circunscreve, como sabem, a este evento), consignando aos actores-chave da fileira a competência para construírem um sector forte, inovador e sustentável. Vamos a isso? Que seja uma excelente jornada de trabalho! Maria Clara Lourenço | ADCMoura – Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura