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UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DO DOCENTE QUE LECIONA NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)
GT1: Educação de Crianças, Jovens e Adultos
Priscila Dantas Fernandes I
Kecia Karine Santos de Oliveira II
Resumo
Este artigo tem o objetivo analisar a formação do docente que leciona na Educação de Jovens e
Adultos. A metodologia adotada nesta pesquisa foi através de entrevistas com três professores, no
intuito de analisar sua formação, experiência com EJA, atuação em outros níveis de ensino, e as
principais dificuldades vivenciadas nessa modalidade. Para analisar as práticas pedagógicas desses
docentes, observamos três aulas de três turmas e podemos constatar com as entrevistas e as
observações, que a maioria dos professores remetia ao método de Paulo Freire, em que a relação de
professor-aluno e aluno-aluno era de interação e dialogicidade. A formação dos alunos de EJA deve
visar uma capacitação tendo em vista o desenvolvimento não somente intelectual, mas cognitivo,
social e político. No entanto, o profissional desta área, muitas vezes, não está altamente capacitado
para que o desenvolvimento aconteça de maneira agradável tanto para o aluno quanto para o professor.
Palavras-chave: Formação de professores. Educação de Jovens e Adultos. Práticas pedagógicas.
Summary
This article aims to analyze the professor who teaches in the Education of Youth and Adults. The
methodology adopted in this research was through interviews with three teachers, in order to analyze
their training, experience with adult education, performance in other levels of education, and the main
difficulties experienced in this modality. To examine the pedagogical practices of these teachers, there
were three classes and three classes can see from the interviews and observations that most teachers it
referred to the method of Paulo Freire, in which the relationship of teacher-student and student-student
was interaction and dialogical. The training of students in adult education should target a training in
view of the development not only intellectual, but cognitive, social and political. However, the
professional in this area often are not highly skilled so that development happens so enjoyable for both
the student and the teacher.
Keywords: Teacher training. Education for Youth and Adults. Pedagogical practices.
I
Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática (NPGECIMA) pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail:
[email protected]
II
Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática (NPGECIMA) pela Universidade Federal de Sergipe. E-mail:
[email protected]
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Introdução
Um dos papéis da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é fornecer uma educação aos
que não tiveram acesso em idade própria e/ou reintegrar os que não concluíram. No entanto,
para que isso ocorra é necessária uma formação específica por parte dos professores como
também entender como se procede esse segmento de ensino.
O ensino oferecido pela modalidade EJA foi um pouco distinto do ofertado pelo
ensino regular, tanto por causa dos educandos atingidos, como pela realidade diferenciada.
Segundo o Parecer CEB 15/98, as características dos estudantes dessa modalidade:
[...] são adultos ou jovens adultos, via de regra mais pobres e com vida
escolar mais acidentada. Estudantes que aspiram a trabalhar, trabalhadores
que precisam estudar, a clientela do ensino médio tende a tornar-se mais
heterogênea, tanto etária quanto socioeconomicamente, pela incorporação
crescente de jovens adultos originários de grupos sociais, até o presente, sub
– representados nessa etapa da escolaridade.
Neste sentido, esses alunos possuem necessidade educacional especialIII, de modo que
vão para a escola após um longo dia de trabalho, se sentem desmotivados e cansados, pois os
alunos, a maioria trabalha o dia inteiro, pegam ônibus lotado, muitas mulheres não trabalham
fora, porém trabalham em casa, diferentemente de uma criança, que não tem preocupações
com a família, como os adultos.
Assim sendo, o número de evasão na EJA é muito grande, sendo fundamental que os
professores sejam ativos e dinâmicos, aproximem o conteúdo à realidade do aluno, procurem
sempre inovar e não criem barreiras para afastar esses alunos. É de suma importância
conhecer o perfil destes alunos, para tentar entender por que se dá esta evasão.
Inúmeras são as causas da evasão na EJA, podemos destacar: o cansaço após um dia
de serviço; a distância entre casa e escola; o apoio da família que nem sempre existe; o apoio
III
Mesmo não tendo nenhuma deficiência. Assim, para Bieler (2004) a perspectiva da educação inclusiva vai
além da deficiência. Esta é apenas uma das áreas que seriam beneficiadas com ela (educação inclusiva) A
qualidade da educação é que está em debate porque hoje não se considera (nos sistemas educacionais) a
diversidade dos alunos, os níveis de necessidade e as características individuais. A proposta da educação
inclusiva melhoraria a qualidade do ensino para todos. Não se trata só de incluir deficientes nas salas de aula.
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do governo, da escola, direção; os professores muitas vezes não estimulam os alunos; e
também o desinteresse interfere sobre esta questão.
Outro fator que causa evasão nesta modalidade, é a auto-estima muito baixa, devido as
experiências de vida, então, os alunos criam um bloqueio, por isto o professor deve estar
seguro para tentar quebrar estes bloqueios, traçando práticas adequadas para incentivá-los a
motivaçãoIV.
A maioria destes alunos têm a necessidade de retornar a escola com a intenção de se
sentir incluído na sociedade, buscam melhores condições de vida, melhores cargos no
trabalho, ou, buscam realização pessoal, principalmente os mais idosos que às vezes são
motivos de “avacalhações” por estarem estudando nesta fase da vida.
Partindo desse pressuposto, o papel do educador é de suma importância para o
reingresso desse aluno no ambiente escolar. Mas será que os profissionais da EJA estão
capacitados para atuar e enfrentar as diversas realidades trazidas pelos alunos?
Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar a formação do docente que
leciona na Educação de Jovens e Adultos. Para tanto, a metodologia adotada nesta pesquisa
foi através de entrevistas com professores, no intuito de analisar, no caso do docente, sua
formação, experiência com EJA, atuação em outros níveis de ensino, e as principais
dificuldades vivenciadas nessa modalidade, bem como analisar a prática pedagógica dos
mesmos.
Observação das aulas
Analisamos três aulas com a intenção de observar a prática pedagógica adotada. A
turma A e B fazem parte do Programa Sergipe Alfabetizado que:
Foi implantado pela Secretaria de Estado da Educação de Sergipe com a
finalidade de reduzir as taxas de analfabetismo no Estado, por meio de uma
metodologia diversificada, visando atender a população pouco ou não
alfabetizada de diferentes segmentos sociais que estejam em situação de
exclusão ou de extrema vulnerabilidade social. O seu público alvo são
IV
As turmas da EJA funcionam geralmente a noite que é o horário disponível para pessoas que trabalham
diariamente, deve haver muita força de vontade e incentivo para jovens e adultos concluírem o curso.
4
jovens e adultos, conforme faixas etárias, de 15 a 29 anos e acima de 29
anos.V
A turma A tinha como objetivo central da aula aguçar o aluno a desenvolver um
pequeno texto levando-o a conhecer novas palavras. O número total de alunos matriculados
eram 19, sendo quinze mulheres (entre 18 a 70 anos) e quatro homens (23 a 60 anos). Mas no
dia da observação da aula estavam dez mulheres e somente um homem.
Alunos matriculados
21%
79%
Feminino
Masculino
O professor desta turma havia separado 50 palavras que não são comuns no cotidiano
vivido pelo aluno, e distribuiu entre eles. Logo em seguida, entregou-lhes um texto, com uma
temática já discutida em aulas anteriores. O aluno, então, teria como função encaixar as
palavras no texto. Para auxiliar os alunos o professor contava com a presença de um
dicionário, caso o aluno desconhecesse o significado da palavra.
Já na turma B, o professor adotou como tema “A importância dos documentos”, com a
finalidade de esclarecer aspectos contidos nos documentos que são desconhecidos por eles. A
classe atendia a quinze pessoas, de idade entre 24 e 75 anos, sendo a maioria mulheres, como
mostra o gráfico acima, sendo oito no total e sete homens.
V
Disponível em: < http://www.se.gov.br/index/leitura/id/47/Sergipe_Alfabetizado.htm>. Acesso em 14 de abril
de 2013
5
Alunos matriculados
47%
53%
Femininos
Masculinos
Quando fomos observar a aula, tinham seis mulheres e quatro homens. Segundo o
professor B, a frequência maior era de mulheres, visto que os homens, a maioria trabalhava na
roça, chegavam à noite e por isso, preferiam descansar, a ir às aulas.
A metodologia utilizada foi aula expositiva, contanto com um material de apoio, a
exposição de alguns documentos da própria professora. Percebe-se que os alunos trazem a
vivência de mundo deles para dentro da escola, socializando-se com eles mesmos e com a
professora.
Desta forma, deve-se ter em mente que a escola não é o único lugar que se aprende e
que o aluno traz o seu conhecimento de mundo para dentro da sala de aula. Por esta razão é
que Paulo Freire (1996) propõe os Temas Geradores os quais são extraídos da prática de vida
dos educandos. Percebeu-se que, nas duas turmas, quando os professores levavam atividades
que faziam parte do cotidiano dos alunos, em que estes percebiam a utilidade do que eles
aprendiam na escola, na vida deles, os educandos se interessavam mais pelas aulas,
diminuindo assim, a evasão escolar e aumentando o desejo em aprender.
A turma C faz parte uma turma da primeira etapa de Educação de Jovens e Adultos. A
classe era composta por vinte e dois alunos, sendo dez do sexo masculino e doze do sexo
feminino.
Alunos matriculados
45%
55%
Femininos
Masculinos
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A maioria deles estava na faixa etária de quinze a dezenove anos, e apenas dois
educandos tinham mais de trinta anos. Apesar do número significativo de discentes
matriculados, no dia em que foi feita a pesquisa, estavam presentes somente onze estudantes,
destes, cinco eram mulheres e seis, homens.
A professora iniciou dizendo aos seus alunos que eles iriam ajudá-la a conjugar o
verbo “estudar” em todos os tempos verbais. Um dos discentes afirmou que não gostava de
estudar e outros falaram que não sabiam responder. Ela pediu que fizessem a atividade
proposta para nos mostrar que sabiam responder e à medida que concluíssem, lhe entregassem
o caderno para ela dar o visto, pois valia ponto.
Posteriormente, ela pediu a um aluno que fosse ao quadro e conjugasse o verbo
“estudar” no presente do indicativo, depois solicitou a mais dois estudantes a conjugação do
verbo no pretérito-perfeito e no mais-que-perfeito. Em seguida, a professora deu continuidade
à conjugação, pedindo sempre a ajuda de seus alunos. Se um discente encontrasse
dificuldades para responder a atividade proposta, ela o ajudava da maneira mais fácil possível.
A metodologia empregada pela docente foi uma aula expositiva, envolvendo sempre a
participação dos estudantes, apesar da dispersão de alguns. Quanto aos recursos didáticos,
foram utilizados somente o quadro e o piloto. Foi possível observar também que há uma
relação de confiança e amizade entre a professora e os alunos.
Formação do docente que leciona EJA
O caderno de Orientações Pedagógicas para as classes de EJA, criado pelo Ministério
da Educação (MEC) em 2001, intitulado “Trabalhando com Educação de Jovens e Adultos:
Alunos e Alunas de EJA” ressalta que,
O papel do(a) professor(a) de EJA é determinante para evitar situações de
novo fracasso escolar. Um caminho seguro para diminuir esses sentimentos
de insegurança é valorizar os saberes que os alunos e alunas trazem para a
sala de aula. O reconhecimento da existência de uma sabedoria no sujeito,
proveniente de sua experiência de vida, de sua bagagem cultural, de suas
habilidades profissionais, certamente, contribui para que ele resgate uma
auto-imagem positiva, ampliando sua auto-estima e fortalecendo sua
autoconfiança (BRASIL, 2001, p. 18-19).
Ao tratar da formação de professores para a modalidade da EJA, deve-se levar em
consideração a trajetória de vida dos estudantes, sejam jovens ou adultos. Ou seja, a bagagem
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cultural que é um elemento crucial para que os professores reconheçam e utilizem no espaço
escolar. Assim, sua formação deverá partir deste entendimento, como cita Souza (2007, p.
97):
Assim, o processo de formação dos educadores era o momento de “melhorar
a qualidade da intervenção do educador”. Contudo, tal processo não e
simples, ele exige tempo e disposição para aprender, pois exige formação
permanente, algo que nem sempre é possível na EJA, diante dos programas
com duração limitada e com frágil reconhecimento profissional.
Partindo dessa premissa, os professores não sentem-se seguros para assumir a
responsabilidade em lecionar na EJA pela falta de experiência e pela falta de disciplinas na
graduação. Para tanto, Gadotti aponta que: “A formação do educador depende muito mais de
sua inserção social e no político do que numa boa reformulação dos currículos e de cursos”
(GADOTTI, 2000, p. 64)
Nesse sentido, acredita-se que os profissionais da educação envolvidos no processo
educacional na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, pressupõem sujeitos que
possibilitem momentos de profundas reflexões sobre a sociedade atual e analisam as
contradições existentes no contexto social. Logo, os estudantes que vivenciam tal prática
reflexiva, estarão preparados para confrontar a realidade vigente para mobilizar mudanças na
sua prática socialVI.
Pensando na importância do professor que leciona na modalidade EJA, entrevistamos
os professores que lecionaram as aulas observadas. O professor da turma A é estudante de
Habilidades em Artes Visuais da Universidade Federal de Sergipe. Relatou que nunca teve a
experiência de lecionar uma aula, apesar disto, confessou que gostava do que fazia e pretendia
conciliar a exposição de suas obras com a docência. Descreveu que recebeu uma capacitação
de quatro dias e ao longo do contrato de oito meses ele tiveram mais oito capacitações
continuada. A única dificuldade narrada pelo educador foi que alguns alunos necessitavam de
óculos, o que dificultava um pouco, já que as aulas eram ministradas a noite.
O professor da turma B era formado em Pedagogia, porém não tinha formação
específica para atuar em Educação de Jovens e Adultos. Esta foi sua primeira experiência, já
VI
STIVAL, M. C. E. E.; ALESSI, E. do R. Formação dos professores: uma análise da educação de jovens e
adultos
no
núcleo
regional
de
educação
de
Curitiba.
Disponível
em:
<http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunicacoesRelatos/0345.pdf>
. Acesso em: 20 mai. 2013.
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que anteriormente trabalhou com crianças na educação infantil. As principais dificuldades
relatadas por ele foram com relação ao cansaço físico e mental dos alunos, sendo mais difícil
estimular o aprendizado e o número de faltas ocorridas durante o curso. Esclareceu também
que o professor de EJA deve ser devidamente capacitado para o cargo, pois é “totalmente
diferente de ensinar para o ensino regular”.
Para ele, as aulas de EJA deveriam sair mais do tradicional – quadro e giz – e
proporcionar aos alunos uma aula mais ativa já que eles trazem todo o cansaço para dentro da
sala de aula e se não deixar o ensino mais dinâmico, este não estimulará para o processo de
ensino-aprendizagem.
Já o professor que leciona na turma C é formada em Letras-Português, está
terminando a pós-graduação e não possui formação específica para atuar na Educação de
Jovens e Adultos. No entanto, atua nessa modalidade de ensino há um ano e três meses.
Ao falar sobre sua experiência na EJA, ela explicou que o trabalho nessa área é
diferente do aplicado no Ensino Médio. Nesta modalidade, tanto o professor quanto os alunos,
visam o vestibular. Já na EJA, o conteúdo é mais voltado para o trabalho.
A professora relatou que nesse nível de ensino não se pode exigir muito do aluno,
pois, na maioria dos casos, são pais de família, passaram muito tempo sem estudar, e que, ao
retornarem à escola, sentem dificuldade. Comentou também sobre a postura do professor em
sala de aula, que este não pode ser rígido com os estudantes, mas procurar estabelecer uma
relação de amizade e confiança com eles. Dessa forma, os estudantes se sentirão estimulados
a frequentarem as aulas, evitando, assim, a evasão escolar.
Em relação ao conteúdo, ela afirmou que na EJA, começa-se do zero, dos assuntos
básicos, como letra, alfabeto, fonema, entre outros, por isso, o discente precisa ser muito
paciente. Para ensinar “verbo”, por exemplo, a professora precisou de umas oito aulas para
eles gravarem um pouco do conteúdo. Ela relatou, ainda, que para ajudar na compreensão do
assunto, passa trabalhos e pesquisas, revisando sempre em sala.
O docente comentou que em outra escola onde também ensinava a uma turma de EJA,
uma professora não compreendia a situação de seus alunos do turno da noite. Estes
trabalhavam o dia todo e não tinham estímulo para frequentar as aulas, pois para a docente só
o que interessava era passar o conteúdo. Como consequência, os estudantes fizeram um
abaixo assinado e conseguiram tirar essa professora. Os discentes que estudam à noite,
segundo o professor entrevistado, são pessoas que trabalham em casa de família, não têm
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tempo para pesquisar ou ler um livro, não tem internet, por isso que também cabe ao professor
ter muita paciência.
Quando questionada sobre as dificuldades encontradas no dia-a-dia escolar, o
professor afirmou não ver nenhuma dificuldade. Disse que estava ali para receber, escutar e
interagir com seus alunos, os quais se educariam aos poucos. Ele contou que, muitas vezes, os
problemas em sala de aula, como o aluno que não presta atenção ou que é “danado”, por
exemplo, derivam das situações familiares do mesmo. Por isso, ressaltou a importância de o
docente se aproximar do estudante, ouvi-lo e buscar compreender sua realidade.
Em relação às sugestões de mudanças nessa modalidade de ensino, o docente falou
sobre repercussão positiva na vida dos estudantes se a escola funcionasse em dois horários.
De manhã o aluno estudaria na EJA para se formar e à tarde teria o ensino profissionalizante,
assim, ele não teria tempo de pensar em drogas ou ir para a rua, pois o tempo dele estaria
preenchido. Entretanto, essa proposta não seria possível aos alunos da turma da noite, já que
trabalham o dia todo. A professora afirmou, ainda, adorar lecionar nesse nível de ensino,
assim como adorava seus alunos.
Considerações finais
Com relação às aulas observadas, constatamos que a maioria remetia ao método de
Paulo Freire, no qual o professor, neste caso Professor A, desenvolvia momentos que
provocava o aluno a desenvolver um pequeno texto, levando-o a conhecer novas palavras. O
Professor B, mostrava aos alunos a importância de documentos, identificando os nomes e
números. Já o Professor C começa do zero, dos assuntos básicos, como letra, alfabeto,
fonema, entre outros afim de poder dar uma base mais solidificada. Foi possível destacar que
nas aulas existia uma relação de professor-aluno e aluno-aluno de interação e de
dialogicidade.
Os professores observados são de formações bastante diferentes. A é graduando de
Habilidades em Artes Visuais, tem 21 anos e nunca teve experiência em dar aula. B tem 30
anos e é formada em Pedagogia, tendo já experiência com criança antes, mas não com jovens
e adultos em fase de alfabetização. C é formada em Letras-Português, está terminando a pósgraduação e não possui formação específica para atuar na Educação de Jovens e Adultos.
Porém, apesar de todos receberem capacitação antes e/ou ao longo do percurso, será
que essa capacitação é suficiente para formar um professor de Educação de Jovens e Adultos?
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De acordo com os estudos, pode-se concluir que esta contribui, mas ainda fica uma lacuna que
necessitaria ser preenchida com cursos de formação inicial. Devido a essa problemática, o
ensino de Educação de Jovens e Adultos torna-se desvalorizado.
Enfim, a formação dos alunos de EJA deve visar uma capacitação tendo em vista o
desenvolvimento não somente intelectual, mas cognitivo, social e político. No entanto, o
profissional desta área, muitas vezes, não está altamente capacitado para que tal
desenvolvimento aconteça de maneira agradável tanto para o aluno quanto para o professor.
Desta forma, pode-se concluir que a EJA é uma iniciativa correta sim, porém, para isso, os
envolvidos neste sistema de ensino devem está devidamente habilitados.
Referências
ARROYO, M. G. Escola coerente à Escola possível. São Paulo: Loyola, 1997.
___________________. A educação de jovens e adultos em tempos de exclusão. Revista
de Educação de Jovens e Adultos, São Paulo, n.11, abr. 2001.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Trabalhando com educação de jovens e adultos: alunos e alunas de EJA. Brasília:
MEC/SEF, 2001.
FEITOSA, S. C. S. O método Paulo Freire: princípios e práticas de uma concepção
popular de educação.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 26 ed. Rio de Janeiro-RJ: Paz e Terra,
Reimpressão 2009.
_______________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa/ Paulo
Freire.
São
Paulo:
Paz
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Terra,
1996
(coleção
Leitura)
LOPES, S. P. & SOUSA, L. S. EJA: uma educação possível ou mera utopia?
LOPES, M. G. R. de A. A especificidade do trabalho do professor de educação de jovens
e adultos.
11
SOUZA, M. A. de. Educação de jovens e Adultos. Curitiba: IBPEX, 2007.
STIVAL, M. C. E. E.; ALESSI, E. do R. Formação dos professores: uma análise da
educação de jovens e adultos no núcleo regional de educação de Curitiba. Disponível em:
<http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunicacoe
sRelatos/0345.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2013.
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UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DO DOCENTE QUE LECIONA