PESQUISA Problema rotodinâmico de autovalor (parte 2): sistema giroscópico amortecido Victor Prodonoff *e Adhemar Castilho** Resumo Apresenta-se um novo método para o desacoplamento das equações de movimento de um sistema rotodinâmico amortecido. São utilizadas as matrizes de massa, rigidez, amortecimento e giroscópica, no seu estado original de espaço padrão (n x n), não sendo necessária a duplicação das matrizes para o espaço estado (2n x 2n). São usados no desacoplamento os autovetores complexos conjugados e biortogonais da matriz soma das matrizes giroscópica e de amortecimento. As matrizes de massa e rigidez são simétricas e as matrizes giroscópica e de amortecimento são não simétricas. Palavras-chave Autovalor, autovetor, efeito giroscópico, amortecimento modal, desacoplamento, sistemas amortecidos, sistemas giroscópicos amortecidos. Introdução Em artigo anterior[1] dos autores, foi mostrado que as matrizes modais, [U] da matriz giroscópica G e [V] de sua transposta GT= -G, formam um conjunto biortogonal [V]T [U] = [I] que, usadas em conjunto, desacoplam um sistema não amortecido com equações giroscópicas. Neste artigo nos propomos a mostrar que os autovetores biortogonais [U] e [V] da matriz modal da soma de [C] + [G] = [D], sendo [C] a matriz de amortecimento, desacoplam as equações do sistema giroscópico amortecido. A proposta é válida quando as matrizes de massa M e de rigidez K são simétricas, como no caso largamente empregado dos elementos finitos. Nos casos em que o amortecimento é relativamente baixo, como em mancais de rolamento, a solução do problema de autovalor pode ser simplificada, com a ajuda do conceito de amortecimento proporcional.[3] Nesses casos a matriz de amortecimento C é substituída por uma combinação linear entre M e K, fornecendo a equação matricial .. . . [M]{q}+([αM+βK]) {q} + Ω[G] {q} + [K]{q} = {Q(t)} (1) * ** 4 Ph. D., Cefet/RJ – Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro. D.Sc., Petróleo Brasileiro SA, Petrobras. 2o QUADRIMESTRE DE 2008 sendo q = vetor de deslocamento, Q = vetor de forças, α e β são escalares convenientemente escolhidos de modo a satisfazer o amortecimento em freqüências previamente escolhidas.[3] O mesmo método usado no artigo anterior[1] pode ser aqui usado, isto é, utilizam-se as matrizes biortogonais de G para desacoplar o sistema. No caso geral de amortecimento em mancais de deslizamento, ou amortecimento localizado, não podemos mais considerar a matriz C como simétrica, e, assim, o método indicado acima não produzirá o desacoplamento desejado das equações. Desacoplamento das Equações de Movimento – Sistema Giroscópico Amortecido Como a matriz [D] não é simétrica, considere o sistema adjunto formado pela matriz transposta de [D]. [M]{&q&} + [D]T {q& } + [K ] {q} = {0} , (4) A solução harmônica {q} = {v}.e.i.ω.t, sendo {v} o vetor de deslocamentos modais de [D]T, para a freqüência ω, fornece − ω2 [M] {v} + iω.[D] {v} + [K ]{v} = {0} . T (5) Considerando duas soluções distintas: i, j sendo i ≠ j, as equações (3) e (5) fornecem: − ωi .[M].{u i } + i.ωi .[D].{u i } + [K ].{ui } = {0} 2 { } { } (6a) { } − ω j [M] v j + iω j .[D] v j + [K ] v j = {0} 2 a) Diagonalização das matrizes do sistema Nesta seção prova-se que os autovetores adjuntos da matriz [D] = [C] + [G] desacoplam as equações de um sistema rotodinâmico amortecido. As matrizes modais adjuntas [U] de [D], e [V] de [D]T, além de diagonalizarem [D], também diagonalizam M e K. A prova dessa propriedade é feita para um modelo de n graus de liberdade, usando-se apenas matrizes (n x n), não sendo necessário converter o sistema para o espaço estado (2n x 2n). Considere o sistema dinâmico representado pela seguinte equação homogênea: [M]{&q&} + ([C + G]) {q& } + [K ] {q} = {0} , [D] = [C + G] (2) A solução harmônica {q} = {u}.e.i.ω.t , sendo {u} o vetor de deslocamentos modais de [D], para a freqüência ω, quando substituída em (2), fornece o sistema algébrico abaixo: – ω2[M]. {u} + iω.[D]{u} + [K]{u} = {0} (3) T (6b) Pré-multiplicando (6a) por {vj}T e (6b) por {ui}T, obtém-se: 2 { }T [M]. {ui }+ iωi.{v j }T [D]{ui } + {v j }T [K]{ui } = 0 − ωi v j (7a) { } { } { } − ω j {ui } [M] v j + iω j .{ui } [D] v j + {ui } [K] v j = 0 (7b) 2 T . T T T Cada parcela das equações (7a) e (7b) são termos escalares, portanto iguais a seu transposto. Assim sendo, transpondo a equação (7b) e dela subtraindo (7a), encontramos a relação: (ω i 2 2 ){ } [M] {u }− i(ω − ω ){. v } [D]{u }+ 0 = 0 − ωj v j T . T i i j j i (8) uma vez que [M] = [M] e [K ] = [K ] , T T { } { }T [M].T {ui } ; e considerando que {ui }T [M]. v j = v j {ui }T [K ]. {v j } = {v j }T [K ]. {ui } . Como {vj} e {uj} são T autovetores adjuntos de [D], portanto {vj}T[D]{uj} = 0, 2o QUADRIMESTRE DE 2008 (9) 5 [V]T [M]. [U]{&η&}+ [V]T [D][U]{η&} + [V]T [K][U]{η} = [V]T {Q} logo: {v j }T [M]{ui } = 0 (15) (10) sendo: Retornando à equação (7a) mostrada anteriormente, vemos que para todos os casos nos quais i ≠ j, {vj}T[M]{ui} = 0 e {vj}T[D]{ui} = 0 serão nulos, bem como {v j }T [K ]{ui } = 0 [V ]T [D]. [U] = [λ] [V ]T [M]. [U] = []I (11) Mostramos que os autovetores {ui} da matriz [D] e os autovetores {vj} de [D]T desacoplam as equações do sistema giroscópico amortecido. Dessa forma fica provado que os autovetores adjuntos {u} de [D] e {v} de [D] T, além de diagonalizarem D, também diagonalizam M e K e desacoplam as equações de movimento. b) Equações modais [V]T [K][U] = [k] Matriz com autovalores de [D] (16a) Matriz de massa normalizada (16b) Matriz de rigidez diagonalizada (16c) Substituindo os valores acima na equação, teremos: []I {η&&} + [λ]{η& } + [k]{η} = [V]T {Q} (17) Este sistema é formado de equações desacopladas do tipo && i + λ i η& i + κ i ηi = fi ; η Partindo da equação matricial [M]{&q&} + [D]{q& } + [K ] {q} = {Q} fi = {v}i {Q} ⇒ i = 1,2,3...,n T (12) onde [M] = [M]T, [K] = [K]T, [D] = [C + G] e [D] ≠ [D] T e fazendo a transformação linear q = [U]{η} (14) Pré-multiplicando (14) por [V]T, onde [V] é a matriz dos autovetores de [D]T, obtém-se o sistema desacoplado mostrado a seguir 6 2o QUADRIMESTRE DE 2008 Dessa forma fica alcançado o objetivo de desacoplar as equações simultâneas de movimento. Isto é conseguido em virtude de os autovetores adjuntos de [D] são os mesmos de M, D e K, conforme demonstrado em (1). (13) sendo [U] a matriz dos autovetores de [D] e {η} o vetor de variáveis modais, obtém-se o sistema alternativo [M]. [U]{η&&} + [D][U]{η& } + [K][U]{η} = {Q} (17a) Exemplo literal A investigação da solução de um problema giroscópico amortecido, em sua forma padrão, será feita por intermédio da observação no plano XY, do movimento de uma massa m com reação elástica k e submetida a um amortecimento viscoso c, que incorporem as propriedades giroscópicas e de amortecimento ao modelo físico mostrado a seguir, de forma independente. a) Autovalores e autovetores da matriz giroscópica amortecida D Considere o problema de autovalor da matriz [D]: ⎛⎡ c u} = {0} ⇒ ⎜⎜⎢2 m Ω [[D] −λ[]I ] {{u} ⎝⎣ ⎡ c−λ ⇒ ⎢2 mΩ−0 ⎣ −2 m Ω⎤ ⎡1 0⎤⎞ ⎧u1⎫ ⎧0⎫ ⎥−λ..⎢ ⎥⎟ ⎨ ⎬ ⎨ ⎬ 0 ⎦ ⎣0 1⎦⎟⎠ ⎩u2⎭= ⎩0⎭ ⇒ −2 mΩ −0⎤⎧u1⎫ ⎧0⎫ ⎥.⎨ ⎬=⎨ ⎬ 0−λ ⎦⎩u2⎭ ⎩0⎭ (23) Figura 1 – Exercício giroscópico amortecido. que fornece As matrizes representativas desse sistema são:[4] . . −2 m Ω⎤ ⎧x&⎫ ⎡K− mΩ2 ⎡m 0⎤ ⎧&x&⎫ ⎡ c 0 ⎤⎧x⎫ ⎧0⎫ ⎥⎨ ⎬ = ⎨ ⎬ ⎢ ⎥ ⎨&&⎬+ ⎢ ⎥ ⎨&⎬+ ⎢ 0 ⎦ ⎩y⎭ ⎣⎢ 0 K−mΩ2⎦⎥⎩y⎭ ⎩0⎭ ⎣0 m⎦ ⎩y⎭ ⎣2 m Ω ⎡ c − λ − 2mΩ⎤ ⎥=0 −λ ⎦ ⎣ Det. ⎢2mΩ (24) A equação característica ⇒ λ2 − cλ + 4m 2 Ω 2 = 0 tem as raízes (18) (25) 2 λ .1,2 = ⎧ u1 ⎫ ⎧x ⎫ Trocando ⎨ ⎬ por {q} = ⎨u ⎬ y ⎩ 2⎭ ⎩ ⎭ (19) C CRIT. = 4mΩ ; . ⎡c 0 ⎤ T e sendo [C ] = ⎢ ⎥ = [C ] ; ⎣0 0 ⎦ [G] = ⎡⎢ 0 ⎣2mΩ && u ⎩u2⎭ u& ⎩u2⎭ (20) − 2mΩ ⎤ ⎥ 0 ⎦ u ⎩u2⎭ ⎩0⎭ ξ = ξ rr = &} + [K].{q} = {0} ⇒ [M].{&q&} + [D].{q ⎣2m Ω Ω ωrr (27) 2 c 2 2 ⎛c⎞ λ.2 = − iq , onde q= 4.m .Ω −⎜ ⎟ , 2 ⎝2⎠ c c = 4Mrr ωrr C CRIT ⇒ fator de amortecimento modal (29) (21) A matriz giroscópica amortecida c c λ.1 = +iq; 2 rr = (26) (28) [M].⎧⎨&&1⎫⎬ + [D].⎧⎨&1⎫⎬ + [K].⎧⎨ 1⎫⎬ = ⎧⎨0⎫⎬ ⇒ [D] = [C] + [G] = ⎡⎢ c ⎛c⎞ ± ⎜ ⎟ − 4.m2. Ω2 2 ⎝2⎠ . − 2m Ω ⎤ T ⎥ ≠ [D ] (22) 0 ⎦ é não simétrica, e, por causa disto, um novo método de desacoplamento é apresentado. Portanto os autovalores de D são complexos conjugados. Expandindo (23), obtemos um sistema homogêneo de equações algébricas nas incógnitas dos autovetores u1 e u 2 ⎧(c − λ).u1 − 2m Ω u2 = 0 ⎨ ⎩ 2 m Ω. u1 − λ u 2= 0 (30a,b) 2o QUADRIMESTRE DE 2008 7 Substituindo inicialmente o autovalor c λ.1 = +iq em (30a) e arbitrando u 2 =1 encontra2 Equação característica ⇒ λ2 − cλ + 4m 2 Ω 2 = 0 , a mesma da matriz D. c c Substituindo λ1 = + iq e λ 2 = − iq em 2 2 mos o autovetor: 2mΩq ⎫ ⎧ m.c.Ω + i. ⎪ ⎪ ⎧a + ib⎫ 2 2 2 2 c c ⎨ ⎬= ⎨ + + q q ⎬ {u}1 = ⎪ 2 2 ⎪ ⎩ 1 ⎭ 1 ⎩ ⎭ ( ) ( ) (34a) e arbitrando v 2 =1 nos dois casos, encontramos os autovetores {v}1 e {v}2 (31) 2 mΩ q ⎫ ⎧ − m .c. Ω − i. ⎪ 2 ⎪ ⎧− a − ib⎫ 2 c + q2 c + q2 ⎬ ⎨ ⎨ ⎬ = 2 1=⎪ 2 ⎪ ⎩ 1 ⎭ 1 ⎩ ⎭ Substituindo igualmente o autovalor c λ.2 = −iq em (30a) e arbitrando u 2 =1, encontra2 ( ) ( ) (32) Podemos mostrar que esses autovetores [u}1 e {u}2 não são ortogonais: m.c.Ω ( 2) (33) A não ortogonalidade dos autovetores da matriz D é plenamente esperada, na medida em que essa matriz é não simétrica. É importante destacar que a operação [U]T [D][U] não diagonaliza a matriz D. b) Determinação dos autovetores adjuntos de D ⎡ c −λ ⎣ 2 m Ω⎤ ⎥ =0 ⇒ −λ ⎦ 8 2o QUADRIMESTRE DE 2008 2 +q 2 2mΩq ( 2) c 2 +q 2 = = ⎡ [U] = ⎢ξ + i ⎣⎢ ⎡ ⎣⎢ (34a,b) (36) m.c.Ω 4m Ω 2 2 2m.Ωq 4m 2 Ω 2 = c C CRIT. (37) =ξ = 1− ξ2 (38) (39) A substituição de (38) e (39) em (31), (32), (35) e (36) fornece a forma admensional das matrizes dos autovetores [U] e [V]. 1− ξ2 ξ − i 1− ξ2 ⎤ ⎥; 1 1 ⎦⎥ [V ] = ⎢− ξ − i ⎧(c − λ).v1 + 2 m Ω v2 = 0 ⇒ ⎨ 2 m Ω.v + λ.v = 0 1 2 ⎩ ( ) (35) Da mesma forma que no caso anterior, {v}1 e {v}2 são complexos conjugados e não são ortogonais entre si. Mas vamos mostrar que existe a biortogonalidade, ou seja, [v]T[U] é uma matriz diagonal. Usaremos, a partir desse ponto, quantidades admensionais, como abaixo. c Det. [D]T = Det. ⎢− 2m Ω ( ) {v} C CRIT. = 4mΩ ; Assim sendo [U] = ⎡⎢a + ib a − ib⎤⎥ ⇒ [U ]T [U ] = 1 ⎦ ⎣ 1 ⎡(a2 − b2 + 1) + 2ia.b ⎤ a2 + b2 + 1 ⎥ = ⎢ 2 2 2 2 a + b +1 (a − b + 1) − 2ia.b⎦⎥ ⎣⎢ ( ) 2mΩ q ⎫ ⎧ − m .c. Ω + i. ⎪ ⎧− a + ib⎫ ⎪ 2 2 2 c c ⎨ + q + q2 ⎬ = ⎨ ⎬ 2 2=⎪ 2 ⎪ ⎩ 1 ⎭ 1 ⎭ ⎩ mos o autovetor: 2 mΩ q ⎫ ⎧ m.c.Ω ⎪ 2 2 −i. 2 2 ⎪ ⎧a − ib⎫ {u}2 = ⎨⎪ c2 +q c2 +q ⎬⎪ = ⎨ 1 ⎬ ⎭ ⎩ 1 ⎩ ⎭ ( ) {v} 1− ξ2 1 − ξ + i 1− ξ2 ⎤ ⎥ 1 ⎦⎥ (40) Podemos então verificar a biortogonalidade existente entre [U] e [V]. [V]T[U] = [U]T[V] = 2⎢(1−ξ )−iξ 1− ξ ⎡ 2 ⎢⎣ 2 0 ⎤ 0 2⎥ 1− ξ + iξ 1− ξ ⎥ ⎦ (40a) ( ) 2 onde [U] é a matriz dos autovetores de [D] e {η} o vetor de coordenadas modais, obtemos: [M]. [U]{&η&} + [D][U]{η& } + [K][U]{η} = {0} (42) c) Desacoplamento das equações diferenciais Pré-multiplicando por [V]T Voltando à equação (21), fazendo a transfor& } e { &q&} = [ U]{ &η&} mação linear {q} = [ U]{ η}, {q& } = [ U]{ η [V]T [M]. [U]{&η&} + [V]T [D][U]{η& } + [V]T [K][U]{η} = {0} (41) (43) Calculando cada um dos produtos das matrizes M, D e K, teremos: ⎡− ξ −i 1− ξ2 1⎤ ⎡m 0⎤ ⎡ ξ + i 1− ξ2 ξ −i 1− ξ2 ⎤ ⎥ ⇒ [V ] [M][U] = ⎢⎢− ξ + i 1− ξ2 1⎥⎥ ⎢⎣0 m⎥⎦.⎢⎢ 1 ⎥⎦ 1 ⎣ ⎣ ⎦ T ( ) ⎤ ⎡⎡ 2 2⎤ 0 ⎥ ⎢.⎢⎣1− ξ − iξ 1− ξ ⎥⎦ 2m .⎢ ⎥ ⇒ [V ]T [M][U] = ⎢ 0 .⎡1− ξ2 + iξ 1− ξ2 ⎤⎥ ⎢⎣ ⎥⎦⎦ ⎣ ( ) (44) Procedendo de forma semelhante ⎡− ξ − i 1− ξ2 1⎤ ⎡ c − 2 m Ω⎤ ⎡ξ + i 1− ξ2 ξ − i 1− ξ2 ⎤ ⎥ ⇒ [V ] [D][U] = ⎢⎢− ξ + i 1− ξ2 1⎥⎥.⎢⎣2 m Ω 0 ⎥⎦.⎢⎢ 1 ⎥⎦ 1 ⎣ ⎣ ⎦ T ( ) ⎡⎡⎛ 2⎞ ⎡ 2 2 ⎤⎤ ⎢.⎢⎜⎝2ξ Ω +2 i Ω 1−ξ ⎟⎠.⎢⎣.1− ξ −iξ 1−ξ ⎥⎦⎥ ⎣ ⎦ 2 m.⎢ D U = ⎢ 0 ⎢⎣ ⇒ [V ]T [ ][ ] ⎤ ⎥ ⎥ ⎡ ⎤ .⎢⎛⎜2 ξ Ω−2 iΩ 1−ξ2 ⎞⎟.⎡.1−ξ2 +iξ 1−ξ2 ⎤⎥⎥ (45) ⎥⎦⎦⎥⎦ ⎠ ⎢⎣ ⎣⎝ 0 ( ) Da mesma forma ⎡− ξ −i 1− ξ2 1⎤ ⎡k −m Ω2 0 ⎤ ⎡ξ + i 1− ξ2 ξ −i 1− ξ2 ⎤ ⎢ ⎥.⎢ ⎥ ⇒ [V ] [K ][U] = ⎢− ξ +i 1− ξ2 1⎥ ⎣⎢ 0 k −m Ω2⎥⎦⎥.⎢⎢ 1 ⎥⎦ 1 ⎣ ⎣ ⎦ T ( )( ) ⎡ .2 ⎤ .2 ⎡ 2 2⎤ 0 ⎢ ω. − Ω .⎢⎣. 1− ξ − iξ 1− ξ ⎥⎦ ⎥ 2 m.. ⎢ ⎥ ⇒ [V ]T [K ][U] = .2 .2 ⎡ 2 2⎤ ⎢ ω. − Ω . . 1− ξ + iξ 1− ξ ⎥ 0 ⎢ ⎥ ⎣ ⎦⎦ ⎣ ( )( ) .2 onde foi usado a freqüência ω = k m . (46) (47) 2o QUADRIMESTRE DE 2008 9 A substituição de (44), (45) e (46) na equação (43) fornece duas equações independentes em η1 e η 2 . As expressões 1 − ξ 2 ± iξ 1 − ξ 2 são nulas somente quando ξ = 1 ou seja c = C CRIT , no caso de amortecimento crítico. Como estamos estudando o caso em que c < C CRIT , podemos dividir as equações de η1 e η 2 pela expressão entre colchetes, resultando finalmente as equações ( ( ) ) && 1 + 2Ω⎛⎜ ξ + i 1 − ξ 2 ⎞⎟.η& 1 + ω 2 − Ω 2 .η = 0 η 1 ⎠ ⎝ (48a) ( ) radicandos das raízes (50) e (52). Isto em nada diminuirá a generalidade da solução, uma vez que numericamente as raízes podem ser calculadas exatamente. Considerando-se ξ << .1, ou seja, um pequeno amortecimento, esta simplificação faz com que 2 ⎛ξΩ ± iΩ 1− ξ2 ⎞ − (ω2 − Ω2 ) = ±iω ⎜ ⎟ ⎝ ⎠ (53) As raízes ficarão com a forma mostrada abaixo: r1 = −ξΩ + i(−Ω 1− ξ2 + ω) precessão retrógrada (54) && 2 + 2Ω⎛⎜ ξ − i 1 − ξ 2 ⎞⎟.η& 2 + ω 2 − Ω 2 .η = 0 η 2 ⎠ ⎝ (48b) r2 = −ξΩ − i(Ω 1 − ξ + ω) precessão síncrona (55) d) Solução das equações diferenciais s1 = −ξΩ − i(−Ω 1− ξ2 + ω) precessão retrógrada A solução da equação homogênea é do tipo &&1 = r 2 e .rt . (49) η1 = e .rt ; η& 1 = re.rt ; η Substituindo esses valores na equação (48a), teremos as raízes s 2 = −ξΩ + i(Ω 1 − ξ + ω) precessão síncrona 2 (56) ⎛ r.1,2 = −⎛⎜ξΩ + iΩ 1− ξ2 ⎞⎟ ± ⎜ ⎝ ⎠ ⎜ ⎝ 2 ⎞ ⎛ξΩ + iΩ 1− ξ2 ⎞ − (ω2 − Ω2) ⎟ ⎜ ⎟ ⎟ ⎝ ⎠ ⎠ 2 (57) Com as raízes acima, as variáveis modais assumem a forma η1 = C1e .r.1t + C2e .2 ⇒ C1e−ξ.Ω . t.ei.(−Ωc +ω)t + C2e−ξ.Ω.t .e−i.(Ωc + ω)t .r t (58) (50) .s.2t A solução da equação homogênea (48b) é && 2 = s 2 e .st do tipo η2 = e.st ; η& 2 = se s.t ; η (51) Substituindo esses valores, teremos as duas outras raízes ⎛ s.1,2 = −⎛⎜ξΩ − iΩ 1− ξ2 ⎞⎟ ± ⎜ ⎝ ⎠ ⎜ ⎝ 2 ⎞ ⎛ξΩ − iΩ 1− ξ2 ⎞ − (ω2 − Ω2) ⎟ ⎜ ⎟ ⎟ ⎝ ⎠ ⎠ (52) Para que possamos continuar com uma solução analítica e ter um melhor sentimento físico do resultado, vamos fazer uma simplificação nos 10 2o QUADRIMESTRE DE 2008 η2 = D1e.s.1t +D2e ⇒D1e−ξ.Ω.t .e−i.(−Ωc + ω)t +D2e−ξ.Ω . t.ei.(Ωc +ω)t (59) onde, Ω c = Ω 1 − ξ 2 (60) Voltando ao vetor original q = [U]η, equação (41), e substituindo q da equação (19), U da equação (40): x ⎫ ⎧⎪⎛⎜ ξ + i 1 − ξ 2 ⎬ = ⎨⎝ ⎩y ⎭ ⎩⎪ {q} = ⎧⎨ ⎞η + ⎛ ξ − i 1 − ξ 2 ⎟ 1 ⎜ ⎠ ⎝ η1 + η 2 ⎞η ⎫⎪ ⎟ 2 ⎠ ⎬ ⎪⎭ (61) A solução final nas variáveis x c ( t ) e y c ( t ) apresenta movimentos harmônicos com freqüências de precessão síncrona e retrógrada. x c ( t ) = e −ξ.Ω.t . [E1 cos (Ω c + ω ).t + F1 sen (Ω c + ω ).t + G1 cos (− Ω c + ω ).t + ( ) H1 sen (− Ω c + ω ).t ] (62) ] (63) y c ( t ) = e −ξ.Ω.t . [E 2 cos (Ω c + ω ).t + F2 sen Ω c + ω .t + G 2 cos (− Ω c + ω ).t + H2 sen (− Ω c + ω ).t As expressões ξ ± i 1 − ξ 2 , por serem constantes, foram incorporadas às constantes de integração. Existem apenas quatro constantes indeterminadas de integração, uma vez que elas relacionam-se entre si na forma abaixo: E1 = ξ.E 2 − 1 − ξ 2 F2 (64) F1 = ξ.F2 + 1 − ξ 2 E 2 (65) G1 = ξ.G 2 + 1 − ξ 2 H 2 (66) H1 = ξ.H2 − 1 − ξ 2 G 2 (67) As equações (62) e (63) mostram que o movimento nas direções x e y são vibrações harmônicas amortecidas; o fator e −ξ.Ω.t fará com que as amplitudes de vibração decresçam exponencialmente com o tempo. As freqüências naturais são alteradas em relação ao movimento não amortecido. Essa freqüência é reduzida no caso da precessão síncrona e aumentada no caso da precessão retrógrada. O objetivo principal desse exemplo literal foi mostrar o desacoplamento das equações nas variáveis modais conforme equações (48). Nesse caso particular, não há a possibilidade delas ficarem acopladas pelas matrizes de massa ou rigidez, duas a duas, uma vez que os autovalores da matriz D não serem complexos conjugados puros, ou seja: ω j = −a + ib , ω j+1 = −a − ib , para j ímpar e, portanto, ω j + ω j+1 = −2a ≠ 0 . Mesmo no casos em que não há amortecimento, os pares de equações modais, correspondentes aos autovalores conjugados puros ωi,i+1 = ±i.ω, são desacoplados também, quando as matrizes de massa e rigidez possuem submatrizes diagonais (2 x 2), ao longo das três diagonais centrais, como na discretização em Elementos Finitos, pois m i,i = m i+1,i+1 e mi,i+1 = m i+1,i = 0, onde i = 1,3,5..., o mesmo acontecendo para a matriz de rigidez. Veja detalhes em [1] e [2]. Conclusões Um novo método está sendo proposto para desacoplamento de um sistema simultâneo de equações diferenciais de movimento rotodinâmico amortecido. O desacoplamento é realizado no espaço padrão, com matrizes (n x n) somente, evitando, dessa maneira, o grande esforço computacional para o cálculo dos autovalores quando o sistema é transformado para o espaço estado (2n x 2n). São utilizadas as matrizes de massa M e de rigidez K, ambas simétricas, e a matriz giroscópica amortecida D não simétrica, sendo esta última a soma da matriz de amortecimento C e da matriz giroscópica G. Devido ao fato da matriz D não ser simétrica, é necessária a solução de dois problemas conjugados, o primeiro envolvendo M, D, K e o segundo, a matriz transposta de D, ou seja, M, DT, K. A existência de dois problemas conjugados não apresenta esforço computacional adicional, uma vez que os autovalores dos dois sistemas 2o QUADRIMESTRE DE 2008 11 são os mesmos. Os autovalores da matriz isolada D são diferentes dos autovalores fornecidos pelo sistema, porém seus autovetores são os mesmos. O desacoplamento das equações diferenciais é obtido da seguinte forma: a) Diagonaliza-se a matriz D através dos autovetores de D e de sua transposta DT, que formam um sistema biortogonal; b) Sendo esses autovetores os mesmos do sistema D, M e K, como conseqüência, eles também diagonalizam as matrizes M e K. Dessa forma são obtidas as n equações diferenciais independentes nas variáveis modais. Um exemplo em forma literal mostra todas as fases do desacoplamento, dando ainda as soluções nas variáveis originais, onde se pode perceber a possibilidade das duas precessões, a síncrona e a retrógrada. Referências [1] CASTILHO, A., PRODONOFF, V., LOPES, T. A. P. Problema Rotodinâmico de Autovalor (Par te 1): Sistema Giroscópico Não Amor tecido. [2] CASTILHO, A., 2007, “Uma Visão Global da Rotodinâmica de Turbomáquinas: Ênfase no Método de Elementos Finitos e na Propriedade dos Autovetores Giroscópicos de Desacoplaram as Equações de Movimento”, Tese de D. Sc., Programa de Engenharia Oceânica, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. [3] ZEPK A, S., 1981, Resposta Dinâmica de Torres Estaiadas, Tese de Mestrado, Programa de Engenharia Mecânica, Instituto Mili tar de Engenharia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. [4] MEIROVITCH, L.,2000, Principles in Techinique of Vibrations, Prentice-Hall International (UK) Limited, London. [5] MEIROVITCH, L., A Modal Analisys for the Response of Linear Gyroscopic Systems, Journal of Applied Machanics, vol 42, n 2, 1975, pp 446-450. [6] ZHENG, Z., REN, G.,WILLIAMS, F. W., The Eigenvalue Problem for Damped Gyroscopic Systems, Int. J. Mech. Sci., vol 39, n 6, 1997, pp 741-750. [7] SAWICKI, J. T., GENTA, G., Modal Uncoupling of Damped Gyroscopic Systems, Journal of Sound and Vibration vol 244, n 3, 2001, pp 431-451. Lista de símbolos C, [C] Matriz de amor tecimento q Vetor de coordenadas generalizadas G, [G] Matriz giroscópica Q(t) Vetor força ex terna [G] Matriz giroscópica transposta t Tempo gi, j Coeficiente da matriz giroscópica U, u Autovetor de [D] ci, j Coeficiente da matriz de amor tecimento V, v Autovetor de [D]T D, [D] Soma das matrizes giroscópica e de amor tecimento XYZ Referencial Inercial, Fixo ou Global di, j Soma de ci, j + g i, j xyz Referencial Móvel solidário à roda [I] Matriz uUnitária η Vetor de coordenadas modais i ; j = √-1 Unidade no campo complexo ξ Razão de amor tecimento K, [K] Matriz de rigidez ωi Freqüência Natural ki, j Coeficiente da matriz de rigidez [λ] M, [M] Matriz de Massa λi =- ωi mi, j Coeficiente da matriz de massa Ω T 12 2o QUADRIMESTRE DE 2008 Matriz de Autovalores 2 Autovalor Freqüência de Rotação da roda