PERCEPÇÃO DOS GESTORES ESCOLARES SOBRE A
UTILIZAÇÃO DO MODO À PÉ PARA ACESSO DOS
ALUNOS À ESCOLA
Viviane Leão da Silva Onishi
Suely da Penha Sanches
PERCEPÇÃO DOS GESTORES ESCOLARES SOBRE A UTILIZAÇÃO DO MODO À
PÉ PARA ACESSO DOS ALUNOS À ESCOLA
Viviane Leão da Silva Onishi
Suely da Penha Sanches
Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana
Universidade Federal de São Carlos
RESUMO
Este estudo tem como objetivo identificar a percepção dos gestores escolares (diretores, coordenadores e
professores) sobre a utilização do modo de transporte a pé para acesso à escola. A pesquisa será desenvolvida
com foco em alunos do ensino fundamental de escolas públicas e particulares em uma cidade brasileira de porte
médio. Os dados a serem coletados incluem, entre outros: as crenças dos gestores sobre a importância das
viagens a pé para a saúde das crianças, a percepção dos obstáculos para acesso à escola e a percepção das
habilidades de pedestre das crianças. Pretende-se realizar estudos comparativos entre os resultados obtidos em
diferentes escolas, em função de sua localização e sua administração (pública ou particular).
1. INTRODUÇÃO
As cidades brasileiras apresentam, nas últimas décadas, uma mudança significativa no modo
de transporte utilizado pelas crianças para acesso à escola. Verifica-se que a maioria das
viagens, que ha alguns anos eram realizadas a pé, são hoje feitas por modos motorizados.
Esta mudança do modo de transporte para a escola representa um problema crescente, tanto na
área de Transportes como de Saúde Pública.
As atuais políticas de mobilidade urbana incentivam o uso de modos de transporte menos
poluentes, como a pé e por bicicleta. Especificamente no que se refere a viagens para a
escola, o tema tem sido estudado em todo o mundo, considerando aspectos ambientais, de
mobilidade e saúde.
O modo de transporte escolar ativo tem diminuído consideravelmente nas últimas décadas,
como opção modal das crianças e dos jovens, nos países ocidentais (Kelly e Fu, 2013). Por
outro lado, crianças e jovens que são transportados por automóvel na maioria de suas viagens
tornam-se menos independentes e têm menor capacidade e resistência física (Trocado, 2012).
No Brasil, há diversos estudos que abordam questões de atividade física relacionadas ao
deslocamento à escola. Na cidade de João Pessoa, PB foi realizado estudo com escolares
entre 7 a 12 anos, onde se constatou que os estudantes que se deslocavam de forma passiva
(por modos motorizados) à escola apresentavam maior frequência de excesso de peso, gordura
corporal e pressão arterial em relação aos que seguiam de forma ativa (Silva e Lopes, 2008).
Pesquisa realizada em Fortaleza-CE apontou conflitos de circulação e acessibilidade e suas
relações com o crescente número de crianças com idade inferior a 14 anos, envolvidas em
acidentes de trânsito, constituída por alunos do ensino fundamental no trajeto casa-escola-casa
(Moreira e Holanda, 2007).
O sucesso de iniciativas visando incentivar a utilização de modos ativos à escola requer o
apoio e colaboração das partes interessadas, incluindo pais, escola e governo local (Mathews
et. al., 2010). Alguns estudos destacam a importância dos educadores no desenvolvimento de
atitudes mais conscientes com os princípios do desenvolvimento sustentável, dentre eles sobre
a mobilidade urbana. (Trocado, 2012).
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De acordo com Humpel et al (2002), existem sete classes de fatores que podem influenciar
nos padrões de viagens ativas: demográficos e biológicos, psicológicos, cognitivos e
emocionais, sociais e culturais, percepções da atividade física (esforço e intensidade
percebidos) e percepções do ambiente de caminhada. Esta pesquisa não pretende abordar os
aspectos relacionados ao ambiente de caminhada (segurança, conforte e conveniência) que
são objeto de outra pesquisa que está sendo realizada simultaneamente.
Uma revisão inicial da literatura não identificou qualquer pesquisa realizada no Brasil, com
gestores escolares, abordando seu conhecimento e percepção do uso dos modos não
motorizados para viagens à escola. Na literatura internacional foram encontrados os trabalhos
de Sparks (2007), Mathews et al (2010) e Price et al (2011) que têm enfoques similares à
pesquisa que está sendo desenvolvida.
Neste contexto, esta pesquisa visa investigar a percepção de gestores escolares sobre a
utilização do modo a pé para acesso à escola, as principais barreiras percebidas e outros
aspectos a serem considerados para aumentar o número de crianças que utilizam os modos
ativos para acesso à escola.
1.1 Objetivo
O objetivo desta pesquisa é identificar as percepções dos gestores escolares (diretores,
coordenadores e professores) quanto à utilização pelas crianças do modo a pé para acessar as
escolas. O foco da pesquisa são as escolas de ensino fundamental, públicas e privadas,
localizadas em uma cidade brasileira de porte médio.
As seguintes perguntas devem ser respondidas pela pesquisa:
• Qual o nível de conhecimento do gestor sobre os modos de transporte utilizados pelas
crianças para acessar a escola?
• Qual a percepção dos gestores sobre a importância de usar modos de transporte
sustentáveis?
• Qual o nível de conhecimento dos gestores sobre os impactos causados pelo uso
intensivo de modos motorizados de transporte?
• Qual a atitude do gestor com relação às crianças utilizarem modos ativos para viagens
à escola?
• Quais são as principais barreiras percebidas pelo gestor com relação às crianças
utilizarem modos ativos para viagens à escola?
• Quais aspectos os gestores consideram que devem ser abordados para aumentar o
número de crianças que utilizam modos ativos para acesso à escola?
2. METODOLOGIA
A pesquisa será desenvolvida de acordo com as seguintes etapas:
2.1. Revisão da literatura
O presente trabalho inicia-se com uma revisão bibliográfica sobre a utilização dos modos
ativos de transporte, a importância da atividade física em crianças e sua relação com os modos
ativos de transporte para acesso à escola, sobre os aspectos que influenciam o deslocamento
ativo e sobre como a atitude dos gestores com relação aos seus próprios deslocamentos pode
interferir em sua percepção sobre o deslocamento das crianças.
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2.2. Definição do instrumento de pesquisa (questionário)
Os tópicos a serem abordados neste instrumento de pesquisa são os que possibilitam
responder às perguntas de pesquisa:
• Nível de conhecimento do gestor sobre os modos de transporte utilizados pelas
crianças para acessar a escola
• Atitude do gestor com relação às crianças utilizarem modos ativos para viagens à
escola
• Principais barreiras percebidas pelo gestor com relação às crianças utilizarem modos
ativos para viagens à escola.
• Quais aspectos devem ser considerados para aumentar o número de crianças que
utilizam modos ativos para acesso à escola
2.3. Teste do instrumento de pesquisa (estudo piloto)
Esta etapa visa avaliar a confiabilidade do instrumento e sua compreensão pelos respondentes
2.4. Coleta de dados (aplicação do instrumento de pesquisa)
Esta etapa inclui:
• Definição das escolas onde serão aplicadas as pesquisas (pretende-se aplicar em 42
escolas municipais, 37 escolas estaduais e 60 escolas particulares situadas no
município de são José do Rio Preto/SP).
• Contato com os gestores para permissão de aplicação da pesquisa
• Aplicação da pesquisa
2.5. Análise dos dados
Serão utilizadas ferramentas estatísticas para analise descritiva e inferencial dos dados
obtidos.
3. RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se identificar as percepções dos gestores escolares com relação aos modos ativos de
deslocamento para acesso à escola, bem como as crenças sobre a saúde das crianças e a
percepção dos obstáculos para acesso à escola.
Verificar a hipótese de que a porcentagem de crianças que se deslocam ativamente à escola
seja influenciada pelas políticas e crenças praticadas pelos gestores escolares.
Os resultados dessa pesquisa poderão subsidiar a criação de políticas para o desenvolvimento
e incentivo para a utilização dos modos ativos para acesso às escolas.
REFERÊNCIAS
Humpel, N.; Owen, N.; Leslie, E. (2002) Environmental factors associated with adults’ participation in physical
activity. American Journal of Preventive Medicine, 22(3), p.188-199.
Kelly, J A e Fu, M. (2014) Sustainable school commuting – understanding choices and identifying opportunities.
A case study in Dublin, Ireland. Journal of Transport Geography. V. 34, p.221-230.
Mathews, A.; Pluto, D.; Ogoussan, O.; Banda, J. (2010) Active travel to school: policies and attitudes of school
and district leaders. Journal of Activity and Health. V.7, p.13-19
Moreira, M.; Holanda, D. (2007) A localização das escolas na visão global e integrada para um processo de
planejamento de rede escolar. In: 16º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito – ANTP , Maceió.
Price, A.; Pluto, D.; Ogoussan, O.; Banda, J. (2011) School administrators’ perceptions of factors that influence
children’s active travel to school. J Sch Health, 81, p. 741-748.
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Silva, K e Lopes, A. (2008) Excesso de Peso, pressão arterial e atividade física no deslocamento à escola.
Arquivos Brasileiros de Cardiologia. V.91, n.2, p.93-101.
Sparks, J.(2007) School principal’s perceptions of walking or bicycling to school. 106f. (Master of Education).
University of Cincinnati.
Trocado, P.(2012) As deslocações casa-escola e a mobilidade das crianças e jovens: uma breve reflexão.
Cadernos do curso de doutoramento em geografia, Porto, v.4, p.123-137.
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