Moçambique : Consolidando a Paz e a Reconciliação Nacional Comunicação de Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, por ocasião das celebrações do Dia da Paz e Reconciliação Nacional. Maputo, 4 de Outubro de 2014 O dia 4 de Outubro é para todos nós, moçambicanos, um dia gravado na nossa memória como um marco sublime do virar de página na nossa História de muitas honras e glórias e, sobretudo, uma História salpicada de demonstrações da nossa capacidade de vencer vicissitudes e superar desafios para continuarmos na rota da realização do nosso ideal de 25 de Junho de 1962, o ideal de um Moçambique próspero, sempre unido e em Paz e com crescente prestígio no concerto das Nações. É também uma data que assinala uma mudança de paradigma na cristalização da nossa consciência colectiva de comunhão de destino, rumo à realização desse desiderato que: v nos irmana; v nos entrelaça; e v nos orgulha, hoje e sempre. A Paz que conquistámos nesta data não foi obra do acaso mas, isso sim, resultado da vontade aglutinada de todos nós, moçambicanos, unidos do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, e no estrangeiro, filhos lídimos desta Pátria dos que ousaram lutar para nos trazerem a liberdade e a Independência. Esta Paz é o resultado da vontade aglutinada de todos nós, que continuamos hoje empenhados, dia após dia, na construção de um Moçambique cada vez melhor, mais próspero e mais atractivo para o investimento público e privado, nacional e estrangeiro. Interpretando fielmente esta nossa vontade colectiva, sempre elegemos a estabilidade política deste nosso belo Moçambique, ao longo destes quase dez anos, à frente dos destinos da nossa Pátria 1 Amada, como um dos factores primordiais para viabilizar o processo: v de consolidação da consciência cívica; v de maturação democrática; e v de melhoria constante da qualidade de vida do nosso Povo muito especial. O princípio segundo o qual “A única alternativa à Paz é a própria Paz”, informou a nossa declaração, neste local, no dia 4 de Outubro do ano passado, segundo a qual a guerra em Moçambique deve ser assunto para filmes, ficção científica e vídeo games onde tudo o que se vê e se relata é mesmo verosímil, mera simulação! Foi também informados por este princípio, que reverbera no seio do nosso maravilhoso Povo, que numa entrevista, a 19 de Agosto deste ano, em Nampula, sublinhamos que uma aeronave pode experimentar turbulência ao longo da sua rota mas isso não significa o anúncio da sua queda. Também neste prisma encarámos os desafios que nos foram impostos pelas hostilidades militares em certas regiões do nosso Moçambique. Por isso, escolhemos e persistímos na via do diálogo com a Renamo, para a superação desses desafios. Fizemo-lo com essa persistência e firmeza, mesmo perante pressões para tomarmos outro tipo de atitude que a Constituição da República e o Estado de Direito Democrático dariam total cobertura legal e o clamor e impaciência do nosso maravilhoso Povo pela Paz justificariam. Reafirmamos, hoje, a nossa satisfação que o bom senso tenha substituído a atitude de obstrução e de aposta na força das armas 2 para abrir uma nova página neste processo de consolidação da Paz e da Reconciliação Nacional, um processo iniciado a 4 de Outubro de 1992. Foi esta alvorada que abriu caminho para a assinatura do Acordo de Cessação de Hostilidades, no dia 5 de Setembro, e a sua subsequente integração no quadro jurídico nacional, através da sua aprovação pela Assembleia da República e promulgação pelo Presidente da República. Voltávamos, assim, à estabilidade no nosso voo, na rota da consolidação da Paz e da Reconciliação na Nação Moçambicana. Temos agora a grande responsabilidade de assegurar a implementação deste Acordo, no seu espírito e letra, sem subterfúgios nem delongas. O nosso Governo tem estado a fazer a sua parte neste sentido: v incutindo o valor da Paz e da Reconciliação Nacional no seio do nosso Povo; v liderando e mobilizando mais vontades e actores para a reflexão sobre o estabelecimento, estruturação, funcionamento e financiamento de um Fundo da Paz e Reconciliação Nacional; e v continuando com o diálogo com a Renamo e facilitando o trabalho dos observadores militares internacionais. Ainda informados pelo nosso compromisso com a Paz e a Reconciliação Nacional, temos estado: v a consolidar a Unidade Nacional; v a aprimorar o Estado de Direito Democrático; bem assim 3 v a cristalizar a democracia multipartidária e as instituições e práticas democráticas na nossa Pátria Amada. É, igualmente, porque informados pelo compromisso com a Paz e a Reconciliação Nacional que proclamamos o imperativo de fomentar o amor à Pátria, bem como o respeito: v pela vida humana; v pelos símbolos nacionais; e v pelas instituições. Estes são alguns dos factores de união e de identidade, entre todos nós, moçambicanos, independentemente da nossa filiação partidária, raça, crença religiosa ou origem étnica. É assim que, unidos na nossa diversidade, continuaremos a ser cada vez mais fortes, firmes e determinados a realizar o nosso ideal. Devemos, caros compatriotas, reforçar sempre o nosso orgulho de sermos moçambicanos, sendo também nosso dever transmitir este sentimento, de forma gráfica e inteligível, às actuais e às vindouras gerações. Esta é uma missão para a qual todos nós, filhos desta bela e rica Nação, somos chamados a contribuir! Tudo isto e a nossa propensão ao diálogo, à convivência e à aceitação do outro, encarando-o como “um outro eu”, deve continuar a adensar-se na matriz do nosso património cultural e a revelar-se como parte do nosso material genético. Não se trata de um conjunto de boas intenções mas, isso sim, de um conjunto de valores sublimes que fazem de nós homens e mulheres de valor, honra e glória porque integrados na nossa prática quotidiana e 4 definidores da nossa personalidade, como um Povo, como uma Nação. Minhas Senhoras e Meus Senhores, A Paz e a Reconciliação Nacional propiciam o desenvolvimento nacional e este, numa relação simbiótica, promove a sua consolidação. É neste quadro que temos centrado a nossa atenção, num conjunto de políticas que favorecem a estabilidade macroeconómica e o reforço das bases para um desenvolvimento económico impetuoso, robusto, sustentado e sustentável. Graças à Paz, temos sido capazes de apostar no desenvolvimento de infra-estruturas sociais que se traduzem numa maior e crescente facilidade de acesso e de aproximação, junto do nosso Povo, dos bens e serviços de sectores como a saúde, educação, abastecimento de água e saneamento. Temos, igualmente, estado a investir em infra-estruturas económicas e a espevitar o espírito empreendedor dos nossos compatriotas, bem como a atrair investimento privado, nacional e estrangeiro, para diferentes sectores da nossa economia. Para nós, como foi aqui também sublinhado, a Paz e a Reconciliação Nacional visam, sobretudo, a valorização integral do moçambicano e das suas capacidades de participar na construção do seu belo Moçambique. Minhas Senhoras e Meus Senhores, Gostaríamos de endereçar os nossos agradecimentos a todas as confissões religiosas pela parceria que fomos capazes de aprimorar e consolidar ao longo destes quase dez anos: 5 v na consolidação da Paz; v nas intervenções de âmbito social; e v nas acções de carácter humanitário. Gostaríamos, igualmente, de reiterar que queremos continuar a contar com a vossa participação na superação dos desafios que o Acordo de Cessação de Hostilidades nos impõe como um Povo, como uma Nação. O primeiro destes desafios prende-se com a sua implementação efectiva. Trata-se de um desafio que tem subjacente o processo de desmilitarização, desmobilização e reintegração das forças residuais da Renamo, por um lado, na vida civil, em actividades económicas e sociais, e por outro lado, nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique e na Polícia da República de Moçambique, para que este partido político se conforme com os ditames da Constituição da República de Moçambique. As confissões religiosas terão um papel fundamental para desarmar mentes e ressocializá-las para uma vida em sociedade e gerida no contexto de um Estado de Direito Democrático. O segundo desafio tem a ver com a participação das confissões religiosas, lado a lado com outros parceiros nacionais, bilaterais e multilaterais internacionais, na reflexão, liderada pelo nosso Governo, que tem em vista o estabelecimento de um Fundo da Paz e Reconciliação Nacional. Minhas Senhoras e Meus Senhores, O nosso sucesso nesta grande e honrosa empreitada, de consolidação da Paz e da Reconciliação Nacional, tem sido possível e 6 vai continuar a sê-lo com o envolvimento, empenho e dedicação de todos nós, moçambicanos. Por isso, persistamos todos, firmes e determinados, a aglutinar vontades e a congregar sinergias que nos permitam continuar na senda da construção do nosso progresso e bem-estar. Moçambique é nosso e, por isso, cabe a nós, seus filhos, desenvolvê-lo. Podemos, para o efeito, constituir as mais diversas parcerias de desenvolvimento e potenciar as já existentes, mas não podemos delegar a outrem a nossa responsabilidade nesta epopeia da nossa libertação da pobreza rumo ao progresso, sempre unidos e em paz. Que todas as confissões religiosas continuem a rezar por eleições marcadas por civismo, festa e convívio entre nós, moçambicanos. Nada, mas nada mesmo, pode justificar o vilipêndio, a chacota, a violência ou a destruição de bens! Que todas as confissões religiosas continuem a rezar por eleições livres, justas e transparentes. Muito obrigado pela vossa atenção. 7