UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS LETICIA CARIBÉ BATISTA REIS FORMULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES BIODEGRADÁVEIS DE FÉCULA DE MANDIOCA INCORPORADOS COM POLPA DE MANGA E EXTRATO DE ERVA-MATE, E SEU EFEITO NA PRESERVAÇÃO DE ALIMENTOS Salvador -BA 2011 Sistema de Bibliotecas - UFBA Reis, Letícia Caribé Batista. Formulação e caracterização de filmes biodegradáveis de fécula de mandioca incorporados com polpa de manga e extrato de erva-mate, e seu efeito na preservação de alimentos / Letícia Caribé Batista Reis. - 2011. 151 f. : il. Inclui anexos. Orientadora: Profª. Drª. Janice Izabel Druzian. Co-orientadora: Profª. Drª. Itaciara Larroza Nunes. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Salvador, 2011. 1. Antioxidantes. 2. Filme biodegradável. 3. Embalagens. 4. Manga. 5. Erva-mate. I. Druzian, Janice Izabel. II. Nunes, Itaciara Larroza. III. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Farmácia. IV. Título. CDD - 613.286 CDU - 678.048 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Farmácia Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos Mestrado em Ciência de Alimentos FORMULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES BIODEGRADÁVEIS DE FÉCULA DE MANDIOCA INCORPORADOS COM POLPA DE MANGA E EXTRATO DE ERVA-MATE, E SEU EFEITO NA PRESERVAÇÃO DE ALIMENTOS LETÍCIA CARIBÉ BATISTA REIS Salvador 2011 1 LETÍCIA CARIBÉ BATISTA REIS FORMULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES BIODEGRADÁVEIS DE FÉCULA DE MANDIOCA INCORPORADOS COM POLPA DE MANGA E EXTRATO DE ERVA-MATE, E SEU EFEITO NA PRESERVAÇÃO DE ALIMENTOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ciência de Alimentos. Orientadora: Professora Dra. Janice Izabel Druzian Co-orientadora: Professora Dra. Itaciara Larroza Nunes Salvador 2011 2 TERMO DE APROVAÇÃO LETÍCIA CARIBÉ BATISTA REIS FORMULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES BIODEGRADÁVEIS DE FÉCULA DE MANDIOCA INCORPORADOS COM POLPA DE MANGA E EXTRATO DE ERVA-MATE, E SEU EFEITO NA PRESERVAÇÃO DE ALIMENTOS DISSERTAÇÃO APROVADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, PELA SEGUINTE BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Alessandro de Oliveira Rios _________________________________ Doutor em Ciência dos Alimentos (UNICAMP) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Profa. Dra. Lígia Regina Radomille de Santana____________________________ Doutora em Engenharia Agrícola (UNICAMP) Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Profa. Dra. Janice Izabel Druzian – Orientadora __________________________ Doutora em Ciências de Alimentos (UNICAMP) Universidade Federal da Bahia (UFBA) Salvador, 31 de março de 2011. 3 “Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém há os que lutam toda vida. Esses sim são os imprescindíveis.” Bertolt Brecht 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por me dar oportunidade e força para lutar pelos meus ideais. Aos meus pais, irmão, e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Às professoras Janice e Itaciara pelo apoio, incentivo e paciência durante a realização deste trabalho. Aos amigos mais do que especiais Carolina Oliveira, Danielle Ribeiro, Katya Karine, Luciane Sousa, Larissa Costa, Jaff Ribeiro, Marcio Inomata, Natana Sá e Jânia Betânia, pela amizade e apoio prestado. Muito obrigada!!! Vocês foram motivos de grande felicidade e que compartilharam da magia do companheirismo, nas quais sempre me recordarei com carinho. Aos estagiários, Anderson, Lívia, Aline e Emily, pela grande ajuda nas análises, vocês foram fundamentais nesse trabalho. A toda a equipe LAPESCA, que de forma direta ou indireta contribuiu para o desenvolvimento do trabalho. Aos colegas de mestrado pelo compartilhamento de dificuldades e alegrias durante toda essa jornada. Ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado. A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho. Obrigada!!! 5 SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................. 15 Referências .......................................................................................................... 18 Objetivos Gerais.................................................................................................... 20 Objetivos Específicos ............................................................................................ 20 CAPÍTULO I .......................................................................................................... 21 Revisão Bibliográfica............................................................................................. 21 1 Embalagens ....................................................................................................... 22 2 Composição de Embalagens.............................................................................. 23 2.1 Amido.......................................................................................................... 26 2.2 Aditivos à Matriz Polimérica........................................................................ 29 2.2.1 Plastificantes ........................................................................................ 29 2.2.1.1 Glicerol como Plastificante ........................................................... 30 2.2.2 Agentes Ativos ..................................................................................... 31 3 Oxidação Lipídica............................................................................................... 33 3.1 Azeite de Dendê .....................................................................................................37 4 Antioxidantes...................................................................................................... 39 4.1 Carotenóides .............................................................................................. 41 4.2 Compostos Fenólicos ................................................................................. 43 5 Fontes Naturais de Compostos Ativos ............................................................... 46 5.1 Manga......................................................................................................... 46 5.2 Erva-Mate ................................................................................................... 48 6 Caracterização de Filmes Flexíveis.................................................................... 50 6.1 Espessura................................................................................................... 51 6.2 Propriedades de Barreira............................................................................ 53 6 6.3 Propriedades Mecânicas ............................................................................ 53 Referências .......................................................................................................... 55 CAPÍTULO II ......................................................................................................... 68 Incorporação de Polpa de Manga e Extrato de Erva-mate como Aditivos Antioxidantes em Filmes Biodegradáveis a Base de Fécula de Mandioca e sua Influência na Estabilidade do Azeite de Dendê Embalado. ................................... 68 1 Introdução .......................................................................................................... 71 2 Materiais e Métodos ......................................................................................... 733 2.1 Materiais ..................................................................................................... 73 2.2 Preparação dos Biofilmes ........................................................................... 73 2.3 Moldagem dos Biofilmes............................................................................. 74 2.4 Monitoramento da Estabilidade do Produto Embalado nos Biofilmes e nos Controles Durante Armazenamento ................................................................. 74 2.4.1 Índice de Peróxidos (IP) .................................................................. 74 2.4.2 Teor de Hexanal (HE) ..................................................................... 75 2.4.3 Teor de Dienos Conjugados (DC) .................................................... 75 2.4.4 Teor de Carotenóides Totais (CT).................................................... 76 2.5 Monitoramento da Estabilidade dos Aditivos Incorporados nas Diferentes Formulações de Biofilmes Durante Armazenamento do Produto Embalado .... 77 2.5.1 Teor de Carotenóides Totais ............................................................ 77 2.5.2 Teor de Polifenóis Totais (PT).......................................................... 77 2.5.3 Teor de Flavonóides Totais (FT) ...................................................... 78 2.6 Análise Estatística ..................................................................................... 78 3 Resultados e Discussão ..................................................................................... 80 3.1 Monitoramento da Estabilidade dos Aditivos Incorporados nas Diferentes Formulações dos Filmes Durante Armazenamento do Produto Embalado ...... 80 3.2 Monitoramento da Estabilidade do Produto Embalado nos Biofilmes e nos Controles Durante Armazenamento ................................................................. 89 7 3.3 Correlações Entre os Parâmetros das Formulações de Biofilmes e do Produto Embalado Durante o Armazenamento ................................................ 95 4 Conclusões......................................................................................................... 98 Referências ........................................................................................................ 989 CAPÍTULO III ...................................................................................................... 103 Caracterização de Filmes Biodegradáveis a Base de Fécula de Mandioca e Incorporados com Polpa de Manga e Extrato de Erva-Mate. .............................. 103 1 Introdução ........................................................................................................ 106 2 Material e Métodos........................................................................................... 108 2.1 Material ......................................................................................................108 2.2 Preparação dos Biofilmes ..........................................................................108 2.3 Caracterização Mecânica dos Biofilmes ....................................................108 2.3.1 Espessura ...........................................................................................109 2.3.2 Propriedades Mecânicas.....................................................................109 2.3.3 Permeabilidade ao Vapor de Água......................................................109 2.3.4 Teor de Sólidos Totais ........................................................................110 2.4 Análise Estatística .....................................................................................110 3 Resultados e Discussão ................................................................................... 111 4 Conclusões....................................................................................................... 120 Referências ........................................................................................................ 121 Conclusões Gerais .............................................................................................. 125 ANEXO I.............................................................................................................. 127 ANEXO II............................................................................................................. 136 ANEXO III............................................................................................................ 139 ANEXO IV ........................................................................................................... 143 ANEXO V ............................................................................................................ 145 8 LISTA DE FIGURAS Capítulo I Figura 1: Composição percentual em massa dos materiais que compõem os resíduos sólidos urbanos........................................................................................23 Figura 2. Estrutura da amilose e respectiva conformação helicoidal..................26 Figura 3. Estrutura da amilopectina e seu formato de ramificações.....................26 Figura 4: Esquema do processo de autoxidação de óleos e gorduras...............35 Figura 5: Estrutura química dos flavonóides........................................................44 Figura 6: Estrutura química do ácido hidroxibenzóico (A), do ácido hidroxicinâmico (B) e resveratrol (C)....................................................................44 Capítulo II Figura 1: Reduções nos teores de Carotenóides Totais (CT)(µg/g), Polifenóis Totais (PT)(mg/g) e de Flavonóides Totais (FT)(mg/g) dos biofilmes, após 45 dias de estocagem.......................................................................................................81 Figura 2: Comportamento das reduções nos teores de Polifenóis Totais (PT)(mg/g), Flavonóides Totais (FT)(mg/g) e Carotenóides Totais (CT)(µg/g) dos biofilmes durante os 45 dias de armazenamento.................................................85 Figura 3: Superfícies de resposta da redução de Polifenóis Totais (PT)(mg/g), Flavonóides Totais (FT)(mg/g) e Carotenóides Totais (CT)(µg/g) dos biofilmes após 45 dias de estocagem do azeite de dendê..................................................88 9 Figura 4: Comportamento do aumento do Índice de Peróxido (IP)(meq/kg) do azeite de dendê embalados nos biofilmes (F1 a F11) e nos controles, C1 (PEBD), C2 (produto sem embalagem) e C3 (filmes sem aditivos) após 90 dias de armazenamento......................................................................................................91 Figura 5: Superfície de resposta do aumento do Índice de Peróxido (IP)(meq/kg) após 45 dias de armazenamento............................................ ..............................93 Figura 6: Teor de Carotenóides Totais (CT)(µg/g), Índice de Peróxido (IP)(meq/kg), Hexanal (HE)( µg/mL) e Dienos Conjugados (DC)(mg/100g) do azeite de dendê embalado nas formulações de biofilmes e nos controles, após 45 dias de armazenamento.........................................................................................94 Figura 7: Correlações lineares entre percentuais dos parâmetros dos biofilmes: Polifenóis Totais (PT)(mg/g), Flavonóides Totais (FT)(mg/g) e Carotenóides Totais (CT)(µg/g) vs os dos produtos embalados nas diferentes formulações, após 45 dias de armazenamento.........................................................................................96 Figura 8: Interação dos percentuais de redução dos parâmetros analisados nas formulações dos biofilmes: Polifenóis Totais (PT), Flavonóides Totais (FT) e Carotenóides Totais (CT) com a porcentagem de aumento no teor do Indice de Peróxido (IP) do produto embalado nas diferentes formulações, após 45 dias de armazenamento.....................................................................................................97 Capítulo III Figura 1: Comportamento da deformação (%) e de resistência à tração (MPa) do controle (C) e das formulações para 7 medidas..................................................116 10 LISTA DE TABELAS Capítulo I Tabela 1: Tempo de degradação de materiais quando descartados....................23 Tabela 2: Temperaturas de gelatinização do amido de diferentes fontes.............27 Tabela 3: Componentes minoritários de azeite de dendê.....................................38 Tabela 4: Atividade de pró-vitamínica A de azeite de dendê................................38 Tabela 5: Concentração de carotenóides totais (µg/g) em diferentes estádios de maturação de manga da variedade “Keitt” e “Tommy Atkins”...............................47 Capítulo II Tabela 1. Valores codificados e reais das variáveis independentes (teores de antioxidantes) do delineamento estatístico das diferentes formulações de biofilmes de fécula de mandioca..........................................................................................79 Tabela 2: Concentrações de Carotenóides Totais (CT)(µg/g), Polifenóis Totais (PT)(mg/g) e Flavonóides Totais (FT)(mg/g) na Polpa de Manga e no Extrato aquoso de Erva-Mate.............................................................................................81 Tabela 3: Redução nos dos teores de Polifenóis Totais (PT) em mg/g (em percentual), de Flavonóides Totais (FT) em mg/g (em percentual) e de Carotenóides Totais (CT) em µg/g (em percentual) das 11 formulações de biofilmes durante armazenamento do produto embalado nos intervalos 0 - 7, 0 15, 0 - 30 e 0 - 45 dias..........................................................................................85 11 Tabela 4: Equações do modelo e R2 (coeficiente de determinação) para a redução de Polifenóis totais (PT)(mg/g), Flavonóides Totais (FT)(mg/g) e Carotenóides totais (CT)(µg/g) dos filmes e do Índice de peróxido (IP, meq / kg) do produto embalado após 45 dias de armazenamento.........................................................86 Tabela 5: Aumentos nos teores de Índice de Peróxido (IP) em meq/kg (em percentual), Hexanal (HE) em mg/mL (em percentual) e de Dienos Conjugados (DC) em mg/100g (em percentual); e redução de Carotenóides Totais (CT) em µg/g (em percentual), do azeite de dendê embalado nas diferentes formulações de biofilmes durante armazenamento nos intervalos 0 - 7, 0 - 15, 0 - 30 e 0 - 45 dias........................................................................................................................90 Capítulo III Tabela 1. Valores codificados e reais do delineamento estatístico das variáveis independentes (teores de aditivos) incorporados às formulações de biofilmes de fécula de mandioca, (4 % m/m) e Glicerol, (1 % m/m).........................................111 Tabela 2: Médias (± desvio padrão) das análises de caracterização das formulações de biofilmes e controle (C). E (espessura - mm); ST (sólidos totais %); Umidade (%) e TPVA, (permeabilidade ao vapor de água - gH2O.µm/m2.h.mmHg)............................................................................................113 Tabela 3: Teores de Umidade (%) e Sólidos Totais (%) da polpa industrializada de manga e do extrato de erva-mate incorporados aos biofilmes.......................114 Tabela 4: Parâmetros mecânicos das formulações dos biofilmes e do controle: resistência à tração e porcentagem de alongamento..........................................119 12 Resumo O grande interesse no desenvolvimento de filmes biodegradáveis ocorre devido à sua contribuição para a preservação do meio ambiente e por serem desenvolvidos a partir de fontes renováveis. Dentre os biopolímeros, o amido de mandioca tem sido considerado como um dos biomateriais mais promissores para este fim, por ser de baixo custo e disponível em todo o mundo. O objetivo do trabalho foi avaliar o uso de polpa de manga e extrato de erva-mate como fontes de compostos ativos quando incorporados como aditivos em embalagens biodegradáveis de fécula de mandioca e plastificante glicerol, utilizando um delineamento estatístico de superfície de resposta 22 x estrela, totalizando 11 formulações. As alterações das propriedades físico-químicas e mecânicas dos biofilmes devido à incorporação dos aditivos também foram avaliadas. O armazenamento do azeite de dendê embalado nos biofilmes contendo os aditivos (0-20% m/m de polpa de manga e/ou 0-30% m/m extrato de erva-mate) foi monitorado por 45 dias sob condições de oxidação acelerada (63%UR/30ºC). Os polifenóis totais (PT), flavonóides totais (FT) e carotenóides totais (CT) dos filmes e o teor de carotenóides totais (CT), índice de peróxido (IP), dienos conjugados (DC) e conteúdo de hexanal (HE) do produto embalado (azeite de dendê) foram monitorados periodicamente, durante o armazenamento. Azeite de dendê embalado em polietileno de baixa densidade (C1), sem embalagem (C2) e em biofilmes sem os aditivos antioxidantes (C3), foram utilizados como controles. Os sólidos totais, espessura, umidade, permeabilidade ao vapor de água, elongação e resistência a tração das 11 formulações também foram avaliados. A partir do estudo, pode-se constatar que o desenvolvimento de filmes flexíveis com os aditivos naturais na matriz de amido de mandioca apresentou uma ótima atividade antioxidante, sendo mais eficaz o uso do extrato de erva-mate, uma vez que o ponto de aumento mínimo do índice de peróxido no gráfico da superfície de resposta corresponde à máxima concentração deste aditivo incorporado à matriz. A incorporação dos aditivos também provocou mudanças nas características físico-químicas e mecânicas dos filmes, com variações na espessura (de -1,77 a +10,62%), nos sólidos totais (de -0,33 a -4,12%), na umidade (de +2,59 a +32,68%), na permeabilidade ao vapor de água (de -33,26 até +11,05%), na elongação (de -1,31 até -21,53%) e na resistência à tração (de -25,09 até 74,72%). Portanto, a incorporação de polpa de manga e de extrato de erva-mate nos biofilmes de fécula de mandioca conferiu um pronunciado efeito protetor contra a oxidação lipídica, alterando as propriedades físico-químicas e mecânicas, com ênfase nas reduções da permeabilidade ao vapor de água e da resistência à tração dos biofilmes. Palavras – chaves: Antioxidante, filmes comestíveis, filme biodegradável, manga e erva-mate. 13 Abstract The great interest in developing biodegradable films is motivated by its contribution to environmental preservation, apart from being possible to produce them from renewable sources. Among the biopolymers, cassava starch have been considered as one of the most promising material for this purpose because it is inexpensive and available worldwide. The objective of this study was to evaluate the incorporation the mango pulp and yerba mate aqueous extract as a source of antioxidants compounds and plasticizer glycerol in cassava starch based edibles films using a response surface methodology design experiment. The storage of palm oil packed in films containing additives rich in active compounds (0-20% m/m of mango pulp and/or 0-30% m/m extract of yerba mate) was monitored for 45 days under accelerated oxidation (63% UR/30 º C). The total polyphenols (TP), total flavonoids (TF) and total carotenoids (TC) of films and total carotenoids (TC), peroxide index (PI), conjugated diene (CD) and hexanal (HE) content of the packaged product (palm oil) were periodically monitored. The same analysis also evaluated palm oil packed in low density polyethylene films (C1), palm oil with no package (C2), and palm oil packed in bio-based films without antioxidants additives (C3), all used as controls. The total solids, thickness, moisture, water vapor permeability, elongation and tensile strength of 11 formulations were also evaluated. From the study, it can be concluded that the flexible films developed with naturals additives in cassava starch matrix has a great antioxidant activity. However, those results were more expressive with the use of yerba mate extract, because the response surface graph indicates that the point of minimum increase of peroxide index corresponds to the maximum concentration of yerba mate. The incorporation of additives also caused changes in the physico-chemical and mechanical properties of films with variations in thickness (from -1.77 to +10.62%) in total solids (from -0.33 to -4.12%), moisture (from +2.59 to +32.68%), permeability to water vapor (from -33.26 to +11.05%), elongation (from -1.31 to 21, 53%) and tensile strength (from -25.09 to -74.72%). Therefore, the incorporation of the mango pulp and yerba mate extract in biofilms of cassava starch resulted a pronounced protective effect against lipid oxidation, altering the physico-chemical and mechanical properties, with enphasis in permeability to water vapor and tensile strength reductions of biofilms. Key-words: Antioxidant, bio-based film, edibles films, mango, yerba mate. 14 Introdução Embalagens são utilizadas para prolongar a vida de prateleira de alimentos protegendo-os mecanicamente e evitando contaminações biológicas e químicas. Entretanto, na tentativa de satisfazer consumidores cada vez mais exigentes, surgem as embalagens ativas, ou inteligentes, que além de proteger, interagem com o produto, proporcionando benefícios extras em relação às embalagens convencionais (ROONEY, 1995; BRODY, 2001; BRAGA & PERES, 2010). As embalagens ativas são, em geral, produzidas com material polimérico convencional derivado de petróleo, gerando problemas ambientais quando descartados. Como alternativa existe o crescente interesse no uso de embalagens biodegradáveis obtidas a partir de fontes renováveis como, por exemplo, os filmes produzidos a partir do amido. Filmes flexíveis obtidos a partir de amido de mandioca tem sido desenvolvidos com sucesso (VEIGA-SANTOS et al., 2007; HENRIQUE et. al., 2008; GRISI et al., 2008; SILVA, 2009; SOUZA et al., 2011), podendo ser investigados como matriz para a incorporação de novos compostos antioxidantes e antimicrobianos naturais, mantendo sua biodegradabilidade. A utilização de matrizes oriundas de matérias-primas nacionais como a mandioca, é uma forma de valorizar os produtos da agroindústria brasileira. Segundo dados da ABAM (2009), entre 2007 e 2008 a produção brasileira de amido de mandioca aumentou de 545,01 toneladas para 565,11 mil toneladas. Filmes biodegradáveis à base de amido apresentam baixa permeabilidade a gases (CO2 e O2), entretanto, sua limitação está nas propriedades mecânicas inferiores aos dos filmes convencionais e à alta permeabilidade ao vapor de água. Uma alternativa para viabilizar o uso deste biopolímero em embalagens consiste na incorporação de outros materiais que melhorem suas propriedades (YU et al., 2006). O uso do plastificante glicerol em filmes de amido possibilita uma maior porcentagem de alongamento aos biofilmes (VEIGA-SANTOS et al., 2005 a,b), melhorando a viabilidade do material, além de representar um grande impacto científico devido à capacidade atual de produção global e do Brasil de glicerina vegetal. 15 Uma das tecnologias mais promissoras para preservar alimentos sensíveis à oxidação é o emprego das embalagens ativas antioxidantes (HAYASHI, 2006; GRISI et al., 2008; SILVA, 2009; SOUZA et al., 2011). Esse sistema consiste na incorporação de substâncias antioxidantes em filmes plásticos, papéis ou sachês, de onde serão liberadas para proteger os alimentos da degradação oxidativa, inibindo as reações de oxidação ao interagirem com radicais livres e peróxidos. A oxidação constitui um dos mecanismos mais freqüentes de deterioração e redução da vida útil dos alimentos, já que além de alterar o gosto (rancificação) e a qualidade nutritiva (perda de vitaminas e ácidos graxos essenciais), geram compostos reativos e tóxicos que representam um perigo para os consumidores (CAETANO et al., 2009) Os biofilmes ativos normalmente utilizam como aditivos antioxidantes, compostos sintéticos como BHA (butil-hidroxianisol) e BHT (butil-hidroxitolueno), porém seu uso tem sido questionado, uma vez que diversos estudos alegam que estes antioxidantes podem promover efeitos tóxicos e carcinogênicos (BERNARDO-GIL et al., 2002). Devido à preocupação com a segurança alimentar da população, tem crescido a busca por produtos naturais que possam servir como fontes de antioxidantes para serem utilizados em substituição aos antioxidantes sintéticos (GRISI et al., 2008). Portanto, compostos antioxidantes naturais com ação comprovada têm sido isolados de diferentes partes de plantas tais como sementes, frutas, folhas e raízes. Esses compostos incluem flavonóides, ácidos fenólicos, terpenos, tocoferóis mixados, fosfolipídios, ácidos orgânicos polifuncionais, carotenóides e ácido ascórbico (KAUR & KAPOOR, 2001; RIBEIRO et al., 2001; SILVA et al., 2010). Dentre as frutas a manga constitui uma importante fonte de fitoquímicos antioxidantes, destacando-se os polifenóis e os carotenóides (MELO et al., 2008). O Brasil é o sétimo produtor mundial de manga, tendo como maior região produtora o Nordeste, com destaque para o polo Petrolina-Juazeiro, cuja produção, de 1990 até 2008, sempre representou pelo menos 47% da produção nacional da fruta, direcionada majoritariamente para o consumo interno, já que em média apenas 12% da produção é exportada (FAOSTAT, 2009; IBGE, 2010; FAVERO, 2008). 16 Dentre as plantas a erva-mate apresenta em sua composição química sais minerais, vitaminas, aminoácidos, saponinas triterpênicas, alcalóides (metilxantinas como cafeína, teobromina e teofilina), açúcares e compostos fenólicos como flavonóides (quercetina e rutina), ácido clorogênico e taninos (NEWALL et al., 1996; FILIP et al., 2000), sendo que sua propriedade antioxidante se deve, principalmente, a seus compostos fenólicos. O Brasil está entre os principais países produtores mundiais de erva-mate do mundo, com produção de 434.483 toneladas em 2008 (IBGE, 2010). A região Sul é a maior produtora, sendo explorada por pequenos produtores que se reúnem em cooperativas para processá-la ou comercializá-la (HECK & MEJIA, 2007). A utilização desses aditivos na elaboração de um filme que além de biodegradável pode também apresentar ação antioxidante, pode agregar valor a matérias-primas produzidas em alta escala no Brasil. Outra vantagem adicional é o fato de que todos os componentes do novo biomaterial proposto são considerados GRASS (reconhecidos como seguros para a alimentação) e, portanto não oferecem riscos ao consumidor de alimentos ou fármacos, caso sejam acidentalmente ingeridos. Este trabalho teve por objetivo desenvolver filmes biodegradáveis formulados com fécula de mandioca, glicerol, polpa de manga e extrato de ervamate, e avaliar sua ação antioxidante sobre um produto embalado, assim como, caracterizá-los quanto à permeabilidade ao vapor de água e propriedades mecânicas. 17 Referências ABAM – Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca. Produção Brasileira de Fécula de Mandioca. Disponível em <www.abam.com.br>. Acesso em 23/03/2009. BERNARDO-GIL, M. G.; RIBEIRO, M. A.; ESQUÍVEL, M. M. Produção de extractos para a indústria alimentar: uso de fluidos supercríticos. Boletim de Biotecnologia, v. 73, n. 3, p. 14-21, 2002. BRAGA, R. L; PERES, L. Novas tendências em embalagens para alimentos: revisão. B.CEPPA, Curitiba, v. 28, n. 1, p. 69-84, 2010. BRODY, A. L. What´s active in Active Packaging. Food Technology, v. 55, n. 9, 2001. CAETANO, A. C. S.; MELO, E. A.; LIMA, V. L. A. G.; MACIEL, M. I. S.; ARAÚJO, C. R. 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Objetivos específicos -Desenvolver metodologia para a elaboração de biofilmes comestíveis ncorporados com aditivos naturais; - Definir as concentrações dos aditivos naturais a serem utilizados na elaboração dos biofilmes; -Avaliar a estabilidade do produto embalado (azeite de dendê) nos biofilmes durante 45 dias de armazenamento, através das análises de índice de peróxidos, do teor de dienos conjugados, do teor de carotenóides totais e do teor de hexanal; -Avaliar a degradação dos compostos antioxidantes incorporados ao biomaterial e durante a armazenagem do produto embalado pelo monitoramento do teor de carotenóides totais, flavonóides e fenóis totais; -Definir formulações dos biofilmes com maior atividade antioxidante; - Caracterizar os biofilmes quanto à permeabilidade ao vapor de água, espessura, umidade, sólidos totais e às propriedades mecânicas. 20 Capítulo I Revisão Bibliográfica 21 1 Embalagens As primeiras "embalagens" surgiram há mais de 10.000 anos e serviam como simples recipientes para beber ou estocar. Esses primeiros recipientes, como cascas de coco ou conchas do mar, usados em estado natural, sem qualquer beneficiamento, passaram com o tempo a ser obtidos a partir da habilidade manual do homem. Tigelas de madeira, cestas de fibras naturais, bolsas de peles de animais e potes de barro, entre outros ancestrais dos modernos invólucros e vasilhames, fizeram parte de uma segunda geração de formas e técnicas de embalagem (ABRE, 2009). Atualmente o setor de embalagem apresenta-se como prioritário e vem adquirindo importância significativa na produção, distribuição e comercialização de produtos industrializados e in natura, destinados tanto ao mercado nacional como às exportações. Visualiza-se a embalagem como um excelente mecanismo que auxilia na mudança de hábitos e costumes da sociedade, sendo cada vez mais um facilitador na vida do consumidor (ITAL, 2002). Ao longo do tempo, à medida que novas necessidades vão surgindo, novas tecnologias e novos produtos passam a ser utilizados no desenvolvimento de embalagens (COLES, 2003). A crescente preocupação com a segurança alimentar, a extensão da vida de prateleira, a relação custo-eficiência, a conveniência para o consumidor e problemas ambientais, têm impulsionado o desenvolvimento de novas embalagens bem como de novas matérias-primas para a sua elaboração (AHVENAINEN, 2003; COLES, 2003). A embalagem desempenha um papel fundamental na indústria alimentar graças às suas múltiplas funções. Além de conter o produto, a embalagem é muito importante na conservação do produto, mantendo a sua qualidade e segurança, atuando como barreira contra fatores responsáveis pela deterioração química, física e microbiológica dos produtos. Além disso, o setor de embalagens constitui um alvo nas políticas de gestão de resíduos sólidos, pois representam aproximadamente cerca de 30% em peso do consumo total de acordo com dados de mercado nos Estados Unidos e Brasil (ABRE, 2009). 22 2 Composição de Embalagens Dentre os produtos mais utilizados como embalagens, destacam-se o papel, papelão e os polímeros sintéticos, conhecidos comercialmente como plásticos. O sucesso dos plásticos sintéticos pode ser explicado principalmente pelo baixo custo, fácil processamento, alta aplicabilidade e durabilidade, sendo esta última característica o ponto de maior desvantagem da sua aplicação na fabricação de embalagens descartáveis (FEIL, 1995; NAYAK, 1999; YOSHIGA, 2004). Tal fato pode ser verificado pela quantidade desses materiais descartados nos lixões e aterros municipais (Figura 1). Figura 1: Composição percentual em massa dos materiais que compõem os resíduos sólidos urbanos (YOSHIGA, 2004). A contribuição do plástico no resíduo sólido municipal é pequena se comparada a resíduos com material orgânico ou papel e papelão, entretanto o aspecto negativo é o seu volume aparente e o tempo que este tipo de resíduo necessita para se decompor (MALI et al., 2010). A Tabela 1 apresenta o tempo de degradação de alguns materiais. Tabela 1: Tempo de degradação de materiais quando descartados Material Aço (latas) Alumínio Madeira Papel Plásticos Vidro Fonte: SCHLEMMER, 2007. Tempo de degradação 10 anos 200 a 500 anos 6 meses 1 a 6 meses 450 anos Indeterminado 23 Estima-se que existam atualmente cerca de 120 produtores de polietileno no mundo, com uma capacidade média de 70 milhões de toneladas/ano; em 2010 esta capacidade deverá chegar a 88 milhões de toneladas. O crescimento médio anual desta produção, entre 1990 e 2005, foi de 3,5% nos países desenvolvidos e 9% nos países em desenvolvimento (ABRE, 2009). No Brasil, do total de plásticos rígidos e filmes flexíveis produzidos, 16,5% é reciclado, o que equivale a 200 mil toneladas por ano. A maior limitação para a reciclagem é a diversidade das resinas empregadas, o que cria dificuldades para a separação e reaproveitamento das mesmas (ABIEF, 2008). A dificuldade de reciclagem da maioria das embalagens sintéticas disponíveis tem incentivado pesquisas nacionais e internacionais no sentido de incrementar e/ou desenvolver materiais biodegradáveis com características que permitam a sua utilização em embalagens. A biodegradação é um processo natural cuja degradação do material é resultante da ação de microrganismos da natureza, e convertido em compostos mais simples, redistribuídos através de ciclos elementares como o do carbono, nitrogênio e enxofre (ROSA & FILHO, 2003). Os polímeros biodegradáveis são atacados e desintegrados por enzimas que ocorrem naturalmente em microrganismos (bactérias e fungos) encontrados no solo. A biodegradação começa quando os microrganismos se desenvolvem na superfície do polímero e secretam enzimas que quebram o polímero, transformando a macromolécula em pequenos fragmentos. O processo de biodegradação depende de diversos fatores, como a atividade microbiana no ambiente, temperatura, pH, peso molecular e cristalinidade do polímero (AVELLA et al., 2005). A biodegradação pode ocorrer em condições aeróbias ou anaeróbias, e em ambos os casos há a liberação de substâncias atóxicas e que não deixam resíduo no ambiente (DAVIS & SONG, 2006): Biodegradação aeróbia: polímero + O2 Biodegradação anaeróbia: polímero CO2 + H2O CO2 + CH4 + H2O Os polímeros sintéticos não são biodegradáveis, pois as enzimas dos microrganismos não são capazes de degradar tais polímeros. 24 De acordo com YU et al., (2006), os polímeros biodegradáveis são classificados em diferentes tipos: Polímeros naturais de origem agrícola, ex.: amido, proteínas; Polímeros produzidos a partir de microrganismos, ex.: poli (hidroxi) butirato (PHB); Polímeros produzidos sinteticamente, obtidos da indústria petroquímica, ex.: poli (capro) lactona (PCL); Polímeros sintéticos de monômeros naturais, ex.: poli (acido) lático (PLA). Entre os insumos que podem ser utilizados como matérias-primas para a produção de embalagens biodegradáveis, os materiais de origem agrícola são os mais utilizados, pois apresentam baixo custo, estão disponíveis o ano todo e provêm de fonte renovável. Dentre os produtos desse segmento, o amido recebe especial atenção, pois é um polímero natural que possui a propriedade de formar filmes e espumas quando gelatinizado e seco, dependendo do processo utilizado. Dos produtos agrícolas nacionais, a mandioca se destaca por ser uma boa fonte de amido, possuindo uma grande quantidade desse polissacarídeo em sua composição e apresenta disponibilidade associado a um baixo custo (MALI et al., 2010). A utilização de filmes e revestimentos comestíveis para a proteção de alimentos foi empregada inicilamente de forma empírica. De acordo com GONTARD & GUILBERT (1996), dentre as primeiras embalagens plásticas biodegradáveis estudadas, estavam àquelas desenvolvidas a partir da combinação de amido (5-20%) e polímeros sintéticos, porém, estes materiais apenas se fragmentavam em moléculas menores no meio ambiente, apresentando biodegradabilidade questionável. Atualmente, há o interesse no desenvolvimento de materiais termoplásticos compostos essencialmente por amido que, ao contrário dos polímeros usados em embalagens convencionais, é biodegradável e obtido a partir de fontes renováveis. 25 2.1 Amido Polissacarídeos são polímeros naturais de carboidratos, formados pela união de inúmeros monossacarídeos de fórmula estrutural Cn (H2On), como a glicose C6(H12O6). O amido é um dos polissacarídeos mais abundantes na natureza, podendo ser encontrados no milho, trigo, mandioca, arroz, inhame, batata e aveia (FEIL, 1995; ARVANITOYANNIS & BILIADERIS, 1998; THARANATHAN, 2003). O amido tem como características originar filmes e revestimentos resistentes e apresenta possibilidades de modificação química, física ou genética. Estas propriedades se devem a sua composição por dois tipos de glicose: a amilose (Figura 2) e a amilopectina (Figura 3), que está na natureza em diferentes proporções em função da sua origem botânica (KIM et al., 2000). Figura 2. Estrutura da amilose e respectiva conformação helicoidal (MAIA et al., 2000). Figura 3. Estrutura da amilopectina e seu formato de ramificações (MAIA et al., 2000). 26 Segundo SHIMAZU et al., (2007), a aplicação do amido na preparação de filmes biodegradáveis se baseia nas propriedades químicas, físicas e funcionais da amilose para formar géis e filmes. As moléculas de amilose em solução, tendem a se orientar paralelamente devido à sua linearidade, aproximando-se o suficiente para que se formem ligações de hidrogênio entre hidroxilas de cadeias poliméricas adjacentes. Como resultado, a afinidade do polímero por água é reduzida, favorecendo a formação de pastas opacas e filmes resistentes. Isto ocorre quando o amido é submetido ao aquecimento em solução aquosa, onde as ligações de hidrogênio da região amorfa são rompidas, provocando destruição da ordem molecular e mudanças irreversíveis nas suas propriedades, como a cristalização. Tal processo é conhecido como gelatinização e na tabela 2 estão apresentadas as temperaturas na qual ocorre este tipo de transformação para alguns amidos. Tabela 2: Temperaturas de gelatinização do amido de diferentes fontes. Amido Arroz Batata 68-78 59-68 T Gel (ºC) Fonte: SHIMAZU et al., 2007. Mandioca 49-70 Milho 62-72 Trigo 58-64 Segundo LAWTON (1996), dependendo da fonte do amido, os filmes apresentam diferentes propriedades atribuídas ao conteúdo de amilose, que varia entre 18 a 30%. Quanto maior o teor de amilose, melhor será o filme formado. No entanto, devido ao caráter hidrofílico, estes filmes possuem baixas propriedades de barreira a vapores de água, porém, apresentam baixa permeabilidade a gases como CO2 e O2. A propriedade mecânica também é um fator limitante, tendo em vista que comparada a filmes sintéticos, possuem flexibilidade limitada, pois o amido gelatinizado apresenta fortes ligações polares que os tornam quebradiços. A microestrutura e as propriedades dos filmes de amido dependem do tipo de material utilizado para a sua produção (CUQ et al., 1995). Quando produzidos em escala laboratorial, a obtenção de filmes biodegradáveis a partir da fécula de mandioca é baseada na sua gelificação, que ocorre com aquecimento a 70C, seguido de resfriamento. Ocorre então a retrogradação, com conseqüente formação de um filme transparente, de alto brilho, atóxico e de baixo custo (HENRIQUE et. al, 2008). 27 Nesta técnica conhecida como casting, após a gelatinização térmica dos grânulos com excesso de água, a amilose e a amilopectina se dispersam na solução aquosa e, durante a secagem, se reorganizam, formando uma matriz contínua que dá origem aos filmes. De acordo com WOLLERDORFER & BADER (1998), a estrutura cristalina dos filmes de amido, e conseqüentemente, as propriedades mecânicas e de barreira, são fortemente influenciadas pelas condições de secagem. Em filmes secos sob temperaturas superiores a 60ºC, o processo é mais rápido que a retrogradação ou recristalização (processo que conduz ao envelhecimento dos filmes), gerando materiais mais estáveis ao armazenamento que filmes secos sob menores temperaturas. A umidade relativa durante a secagem dos filmes também é um fator importante, filmes secos sob maiores umidades relativas apresentam estruturas com maior grau de cristalinidade e maior teor de umidade residual. Tal parâmetro torna os filmes mais susceptíveis a alterações durante o seu o armazenamento e utilização. Além disso, os filmes de amido são insolúveis e impermeáveis a lipídios, ou seja, podem ser empregados para embalar alimentos com altos teores de lipídios sem alteração de sua estrutura (RYU et al., 2002). As principais fontes comerciais de amido são o milho (Zea maiz), a batata (Solanum tuberosum), o arroz (Oriza sativa L.), o trigo (Triticum aestivum L.) e a mandioca (Manihot esculenta Crantz) (ELLIS et al., 1998), porém, dentre outras fontes promissoras para a obtenção de amido estão os tubérculos de inhame (Dioscorea alata) e os grãos de aveia (Avena sativa). O amido de mandioca vem sendo bastante estudado por pesquisadores brasileiros para a produção de embalagens biodegradáveis (VEIGA-SANTOS et al., 2007; ALVES, 2007; ALVES et al., 2007; HENRIQUE et. al., 2008; GRISI, 2008; SILVA, 2009; MALI et al., 2010; SOUZA et al.,2011), uma vez que a mandioca é cultivada em todos os estados brasileiros, situando-se entre os nove primeiros produtos agrícolas do País, em termos de área cultivada, e o sexto em valor de produção (EMBRAPA, 2011). Segundo dados da ABAM (2009), entre 2007 e 2008, a produção brasileira de amido de mandioca aumentou de 545,01 toneladas para 565,11 mil toneladas. Apesar das diversas vantagens, as propriedades obtidas nos filmes de biopolímeros limitam sua produção em larga escala. Assim, torna-se importante a realização de pesquisas no âmbito de melhorar suas propriedades, com 28 incorporação de diferentes compostos à matriz polimérica, visando torná-los competitivos frente aos polímeros sintéticos convencionais que prejudicam o meio ambiente. 2.2 Aditivos à Matriz Polimérica A introdução de aditivos à matriz polimérica tem o intuito de melhorar determinadas características dos filmes uma vez que estes podem modificar propriedades físicas e/ou mecânicas, gerando também a possibilidade de produção de embalagens ativas, se o aditivo apresenta alguma propriedade específica. 2.2.1 Plastificantes Filmes biodegradáveis obtidos a partir de proteínas e polissacarídeos apresentam geralmente baixa elasticidade e são quebradiços, sendo que a introdução de plastificantes tem sido uma ótima alternativa para resolver este problema. Os plastificantes são substâncias de alto ponto de fusão e baixa volatilidade, que devem ser compatíveis com o biopolímero para garantir sua eficiência. Estes compostos interagem com a interface do polímero, enfraquecendo as forças intermoleculares, dando maior mobilidade às cadeias formadoras da matriz polimérica e consequentemente, aumentando a flexibilidade dos filmes (VEIGA-SANTOS et al., 2005). Características como: resistência à luz, ausência de cor, gosto ou odor, são desejáveis aos plastificantes. Os plastificantes mais empregados na produção de filmes a base de proteínas e polissacarídeos são os polióis, tais como o glicerol e o sorbitol, que possuem boa interação com o polímero devido a sua estrutura e seu caráter hidrofílico. O aumento do teor de plastificantes pode levar também ao aumento da permeabilidade aos gases de filmes hidrofílicos, pois diminui a densidade entre as suas moléculas, facilitando a difusão dos gases através do material (VEIGASANTOS et al., 2007). Os plastificantes adicionados aos polímeros atuam como 29 solventes, umavez que suas moléculas começam a penetrar na fase polimérica, modificando seu arranjo conformacional. Se o plastificante for compatível com o polímero, toda a estrutura deste se desintegra gradualmente no decorrer da diluição, com as moléculas de plastificante se posicionando entre as macromoléculas, provocando a separação entre elas, aumentando a mobilidade das cadeias e unidades. Os grupos polares do plastificante interagem com os grupos polares do polímero, enquanto que os grupos apolares atuam como espaçadores entre os dipolos, resultando em liberdade molecular e mantendo-se a coesão global da estrutura (MALI et al., 2010). Quanto menor a molécula do plastificante, maior sua inserção na matriz polimérica e maiores seus efeitos. O amido é um polímero com três grupos hidroxilas por monômero, com diversas pontes de hidrogênio inter e intramoleculares. Quando o plastificante forma pontes de hidrogênio com o amido, as pontes de hidrogênio originais dos grupos hidroxilas da molécula de amido são destruídas, dando o efeito de plastificação (VEIGA-SANTOS et al., 1994). 2.2.1.1 Glicerol como Plastificante Depois de fortes oscilações na década de 90, o mercado do glicerol voltou a crescer a partir do ano 2000. Uma grande fonte atual é o glicerol proveniente do biodiesel (BIODIESEL, 2007). A implantação de uma recente lei federal no Brasil obrigou em 2008, o acréscimo de 2% de biodiesel no diesel comum (B2), e posteriormente, esta proporção aumentará para 5% (LDB, 2004). Conseqüentemente isto acarretará um aumento na oferta nacional de glicerol, que é cerca de 10% dos produtos formados na reação de obtenção deste biocombustível. A previsão é que a mistura de 2% de biodiesel (B2), resultará na disponibilidade de 80.000 t. de glicerol bruto por ano. No Brasil, a produção de glicerol em 2008 foi superior a 80 mil toneladas, sendo mais da metade oriunda de plantas de biodiesel. Esta produção já é muito superior ao que pode absorver o mercado tradicional do glicerol, que não passa das 30 mil toneladas/ano (ABIQUIM, 2007). A cada litro de biodiesel produzido é gerado de 100 a 200 mL de glicerol, sendo 20% dele usado em síntese de resinas e ésteres, tabaco, papéis, 30 aplicações farmacêuticas, cosméticos, alimentos e a outra parte é descartada. Uma vez que existe uma oferta maior que a demanda, este desbalanço pode se tornar ainda maior à medida que for sendo aumentada a produção de Biodiesel para atender a necessidade de adição ao diesel, de acordo com o previsto pelo plano do governo (PURIFICAÇÃO et al., 2008). Portanto, grande parte do sucesso do projeto Biodiesel está condicionada à glicerina deixar de ser um resíduo para tornar-se fonte de renda real. A dificuldade de acomodação de uma oferta de glicerol quase três vezes maior que a demanda, ocorre principalmente porque tal glicerol tem características diferentes da que é utilizada na indústria de higiene. Outra questão a ser considerada, é que ela não pode ser descartada no meio ambiente, e não pode ser queimada porque libera para a atmosfera a cloreína, composto com atividade carcinogênica. Portanto, o Brasil está diante de um impasse ambiental gerado a partir do biodiesel (CERQUEIRA & LEAL, 2007). As previsões para 2013 serão de um excedente de 150 mil toneladas ao ano de glicerol. Desse modo, é necessário se buscar novos usos para esse subproduto do biodiesel (ROCHA et al., 2008). A plastificação do amido é uma alternativa no caminho de produzir materiais biodegradáveis e mais favoráveis ao ambiente. 2.2.2 Agentes Ativos Com a busca de se obter plásticos biodegradáveis, vieram também inovações para produzir embalagens ativas como forma de preservar a qualidade e a segurança dos alimentos. Essa idéia tem como base o princípio de interação embalagem-produto, com a observação da necessidade de cada alimento (CESAR, 2010). Com a incorporação de diversos agentes ativos, são encontradas também pesquisas referentes à aplicação de biosensores, polímeros condutores, propriedades com efeitos antimicrobianos, antioxidantes, aromatizantes, pigmentos, vitaminas, dentre outros. Uma das tecnologias mais promissoras para preservar alimentos sensíveis à oxidação são as embalagens ativas antioxidantes (AZEREDO et al., 2000; LEE, 2005; BRAGA & PERES, 2010). Esses sistemas consistem na incorporação de substâncias antioxidantes em filmes plásticos, 31 papéis ou sachês, de onde serão liberadas para proteger os alimentos da degradação oxidativa, inibindo as reações de oxidação ao interagirem com radicais livres e peróxidos (VERMEIREN et al., 1999; BRODY et al., 2001; LEE et al., 2003; RODRIGUES, 2008; WU et al., 2010). Pesquisas sobre a aplicação de embalagens ativas antioxidantes e o seu efeito sobre a oxidação em alimentos estão disponíveis na literatura (GRISI et al., 2008; SILVA, 2009; MALI et al., 2010; SOUZA et al., 2011). HERALD et al., (1996) avaliaram o grau de oxidação lipídica de peru cozido embalado em filmes à base de proteína de milho incorporados com butil hidroxianisol (BHA), tendo relatado menores teores deste produto secundário da oxidação (peróxidos) nas amostras acondicionadas em presença do antioxidante. Filmes comestíveis à base de proteínas do leite que continham aditivos naturais, incluindo 1,0% de orégano, 1,0%, pimenta, ou um 1,0% da mistura dos óleos essenciais de orégano-pimenta (1:1), foram aplicadas no músculo da carne em fatias para aumentar a vida útil durante o armazenamento a 4°C. Os filmes a base de orégano estabilizou oxidação lipídica em amostras de músculo bovino, enquanto que os filmes a base de pimenta apresentou a maior atividade antioxidante (OUSSALAH et al., 2004). Filme biodegradável a base de amido e álcool polivinílico (PVA) foi desenvolvido para uso como um revestimento incorporado por aditivos com propriedades antioxidantes. Os filmes foram impregnados com catequinas extraídas do chá verde. Em um estudo modelo, a capacidade antioxidante em óleo de cozinha foi claramente alcançada quando catequinas a 500 ppm foram incorporadas ao filme. Já um nível de 1.000 ppm foi considerado suficiente para a maior atividade antioxidante na carne crua em temperaturas de refrigeração (WU et al., 2010). SALMIERI & LACROIX (2006) desenvolveram filmes à base de alginato e policaprolactona incorporados com óleos essenciais de orégano, segurelha e canela e avaliaram as suas propriedades antioxidantes por meio do teste colorimétrico do N, N-dietil-p-fenilenediamina (DPD). Os resultados demonstraram que os filmes a base de orégano exibiram as maiores propriedades antioxidantes. SOUZA et al., (2011) avaliaram o uso de polpas de manga e de acerola como fontes de compostos ativos quando incorporados como aditivos em embalagens biodegradáveis de fécula de mandioca e plastificantes. A partir do 32 estudo foi verificado que os filmes flexíveis com os aditivos naturais na matriz teve uma ótima atividade antioxidante, pois reduziu os aumentos do índice de peróxido, dienos conjugados e teores de hexanal, do azeite de dendê embalado. SILVA (2009) avaliou o uso de fontes de compostos fenólicos derivados de cacau e café como aditivos em embalagens biodegradáveis ativas de amido de mandioca e plastificantes. A partir do estudo foi verificado que a incorporação de cacau e café nos biofilmes conferiu um pronunciado efeito protetor contra a oxidação lipídica do azeite de dendê embalado, alterando as propriedades mecânicas e térmicas. Resultados semelhantes são relatados por GRISI et al., (2008), ao embalar óleo de soja em biofilmes de fécula de mandioca contendo teores máximos de azeite de dendê e fruto do dendê, resultaram em menores perdas no teor de carotenóides totais do produto embalado, indicando que as amostras contendo maiores teores de antioxidantes apresentam também maior estabilidade contra a oxidação. Além de estudos científicos, atualmente também existem patentes sobre o potencial das embalagens antioxidantes (SOARES et al., 2009). 3 Oxidação Lipídica A oxidação constitui um dos mecanismos mais freqüentes de deterioração e redução da vida útil dos alimentos (VERMEIREN et al., 1999). Além de alterar o gosto (rancificação) e a qualidade nutritiva (perda de vitaminas e ácidos graxos essenciais) dos alimentos, a oxidação resulta em compostos reativos e tóxicos que representam um perigo para os consumidores (SOARES et al., 2009). Os principais substratos da reação de oxidação lipídica são os ácidos graxos insaturados, pois as ligações duplas são os centros ativos que podem reagir com o oxigênio. Os ácidos graxos insaturados oxidam-se mais facilmente quando estão livres e o grau de insaturação também influi na velocidade da reação (ANDREO & JORGE, 2006). O principal componente do óleo e da fração lipídica do alimento é o triacilglicerídeo, que é composto de uma molécula de glicerina e três moléculas de ácidos graxos. As propriedades físicas e químicas da fração lipídica estão relacionadas principalmente com o comprimento da cadeia carbônica e o seu grau 33 de insaturação. Normalmente, quanto menor a cadeia carbônica, menor seu ponto de fusão, e quanto maior o número de insaturações dos ácidos graxos, menor será o seu ponto de fusão e sua estabilidade para a oxidação. Os ácidos graxos poliinsaturados com duplas ligações conjugadas são oxidados mais rapidamente que aqueles com duplas ligações não conjugadas (LIN, 1991). Os óleos vegetais são bastante suscetíveis a processos oxidativos, que os deterioram, e diminuem seu armazenamento. Tais processos também causam alterações organolépticas e nutricionais nos óleos (ROVELLINI et al., 1997). Os lipídios podem ser oxidados por diferentes caminhos: Reações hidrolíticas, Oxidação enzimática, Fotoxidação e Autoxidação (SILVA et al., 1999; ANDREO & JORGE, 2006; RAMALHO & JORGE, 2006). As reações hidrolíticas são catalisadas pelas enzimas lipase ou pela ação de calor e umidade, com formação de ácidos graxos livres. A oxidação enzimática ocorre pela ação das enzimas lipoxigenases que atuam sobre os ácidos graxos poliinsaturados, catalisando a adição de oxigênio à cadeia hidrocarbonada poliinsaturada. O resultado é a formação de peróxidos e hidroperóxidos com duplas ligações conjugadas que podem envolver-se em diferentes reações degradativas (SILVA et al., 1999). A fotoxidação é promovida essencialmente pela radiação UV em presença de fotossensibilizadores (clorofila, mioglobina, riboflavina e outros) que absorvem a energia luminosa de comprimento de onda na faixa do visível e a transferem para o oxigênio triplete (3O2), gerando o estado singlete (1O2) (CHORILLIM, et al., 2007). A autoxidação é o principal mecanismo de oxidação dos óleos e gorduras, e está associada à reação do oxigênio com ácidos graxos insaturados, ocorrendo em três etapas (Figura 4): • Iniciação – ocorre a formação dos radicais livres do ácido graxo devido à retirada de um hidrogênio do carbono alílico na molécula do ácido graxo, em condições favorecidas por luz e calor. 34 Figura 4: Esquema do processo de autoxidação de óleos e gorduras (SILVA et al., 1999). • Propagação – os radicais livres que são prontamente susceptíveis ao ataque do oxigênio atmosférico, são convertidos em outros radicais, aparecendo os produtos primários de oxidação (peróxidos e hidroperóxidos) cuja estrutura depende da natureza dos ácidos graxos presentes. Os radicais livres formados atuam como propagadores da reação, resultando em um processo autocatalítico. • Término – os radicais se combinam, com a formação de produtos estáveis (produtos secundários de oxidação) obtidos por cisão e rearranjo dos peróxidos (epóxidos, compostos voláteis e não voláteis) (RAMALHO & JORGE, 2006). Um dos principais problemas na conservação dos alimentos lipídicos é o desencadeamento do processo oxidativo, que resulta na produção de odores e sabores desagradáveis, tornando os alimentos inadequados para o consumo. Como resultado da reação entre o oxigênio e os ácidos graxos insaturados ocorre a formação de compostos de baixo peso molecular, que são os principais responsáveis pelo desenvolvimento de odores indesejáveis (PASSOTO et. al., 1998). Para se avaliar o estado de oxidação de óleos e gorduras, alguns métodos monitoram as alterações ocorridas na amostra mediante análises como: índice de peróxidos, análise sensorial, determinação de dienos conjugados, valor de carbonila, análise de voláteis, entre outras (ANTONIASSI, 2001). 35 Dentre estes, o índice de peróxidos é um dos métodos mais utilizados para medir o estado de oxidação de óleos e gorduras. Como os peróxidos são os primeiros compostos formados quando ocorre a deterioração de óleos e gorduras, toda gordura oxidada dá resultado positivo em tais. A oxidação dos ácidos graxos poliinsaturados ocorre com formação de hidroperóxidos e deslocamento das duplas ligações, com conseqüente formação de dienos conjugados. Os dienos conjugados absorvem a 233 nm. Os produtos secundários da sua oxidação, em particular as a-dicetonas ou as cetonas insaturadas, apresentam um máximo de absorção a 272 nm. Esta diferença permite diferenciar estados de evolução oxidativa com base na relação A272 nm/A233 nm: quanto maior o valor da absorbância a 233 nm, mais elevado será o conteúdo em peróxidos, correspondendo, portanto, ao início do processo de oxidação; pelo contrário, quanto maior for o valor de absorbância a 272 nm, maior será o teor de produtos secundários presentes (AOCS, 1993; SILVA et al., 1999). O hexanal, assim como outros compostos voláteis é um hidrocarboneto que resulta da decomposição dos produtos primários do processo oxidativo (peróxidos). Aparecem numa fase bastante precoce do ciclo degradativo e estão na origem do ranço. O hexanal é comumente analisado por cromatografia gasosa (CG) por headspace (MIRANDA & EL-DASH, 2002; GOODRIDGE et al., 2003; MARINI et al., 2005). Para evitar a autoxidação de óleos e gorduras há a necessidade de diminuir a incidência de todos os fatores que a favorecem, mantendo ao mínimo os níveis de energia (temperatura e luz) que são responsáveis pelo desencadeamento do processo de formação de radicais livres, também é importante evitar a presença de traços de metais no óleo, o máximo contato com o oxigênio e bloquear a formação de radicais livres por meio de antioxidantes, os quais, em pequenas quantidades, atuam interferindo nos processos de oxidação de lipídios (JORGE & GONÇALVES, 1998). A estabilidade oxidativa, parâmetro global para avaliação de qualidade de óleos, gorduras e produtos que os contém, não depende apenas da composição química, mas também da qualidade da matéria-prima, das condições de processamento e de estocagem (SILVA et al., 1999; ANTONIASSI, 2001). Os óleos, gorduras e alimentos gordurosos, normalmente são acrescidos de substâncias capazes de retardar ou inibir a oxidação do substrato quando 36 submetidos a altas temperaturas e, eventualmente, prolongar o armazenamento (RAMALHO & JORGE, 2006). 3.1 Azeite de Dendê O óleo da palmeira Elaeis quineensis, é conhecido no Brasil como óleo ou azeite de dendê, o qual é extraido da polpa do fruto do dendenzeiro e se caracteriza por uma coloração que vai do amarelo ao vermelho, devido à presença de grandes quantidades de carotenóides. O produto apresenta consistência semi-sólida a temperatura ambiente, devido ao alto teor de ácidos graxos saturados, que por fracionamento fornece duas frações: a oleína e a estearina (TRIGUEIRO & PENTEADO, 1993a). As variedades mais cultivadas no Brasil são a dura, a tenera e psífera, as quais são diferenciadas pela espessura da casca da semente. A variedade mais utilizada comercialmente é a tenera, produto do cruzamento das variedades dura x psífera (TRIGUEIRO & PENTEADO, 1993a). O óleo extraído consiste principalmente de glicerídeos, sendo a maior parte composta de triacilglicerídeos, com pequenas porções de diglicerídeos e monoglicerídeos. Este óleo contém também componentes menores, na proporção de aproximadamente 1% do total. Esta fração de componentes minoritários contém: carotenóides, tocoferóis, tocotrienóis, esteróis, fosfolipídeos, glicolipídeos, hidrocarbonetos terpênicos e alifáticos e outros traços não identificados. Do conteúdo total de carotenóides contido no óleo de palma, o caroteno e o caroteno representam cerca de 80-90%. As Tabelas 3 e 4 mostram, respectivamente, a composição desta fração de componentes minoritários e a atividade pró-vitamínica A dos principais carotenóides (TRIGUEIRO & PENTEADO, 1993b). 37 Tabela 3: Componentes minoritários de azeite de dendê. . Componentes ppm Carotenóides Tocoferóis e tocotrienóis Esteróis Fosfolipídeos Álcool triterpeno Metil esteróis Equaleno Álcoois Alifáticos Hidrocarbonetos alifáticos Fonte: TRIGUEIRO & PENTEADO, 1993b. 500-700 600-1000 326-527 5-130 40-80 40-80 200-500 100-200 50 Tabela 4: Atividade de pró-vitamínica A de azeite de dendê. . Carotenóide Atividade (%) caroteno caroteno -caroteno 100 50-54 42-50 Fonte: TRIGUEIRO & PENTEADO, 1993b. Os carotenóides são mais estáveis em sistemas que contenham um mínimo de oxigênio. As várias duplas ligações dos carotenóides estão sujeitas à oxidação podendo ser catalisadas pela luz, temperatura, presença de peróxidos e metais. A isomeria cis-trans, pode ocorrer especialmente durante os processos que envolvam aquecimento durante o armazenamento. No entanto, estas transformações podem ser minimizadas utilizando-se baixas temperaturas ou diminuindo-se o tempo de armazenamento, que pode levar a perdas insignificantes (ROSSO & MERCADANTE, 2007). As características físicas e químicas do óleo de dendê têm sido estudadas por diversos autores. Com relação à acidez, vários são os fatores que influenciam o aumento do conteúdo de ácidos graxos livres no óleo, como a colheita, o armazenamento, o transporte dos frutos, o processamento, quando realizados de 38 maneira inadequada e as enzimas lipolíticas, que podem provocar a hidrólise dos glicerídeos dos frutos, contribuindo de maneira significativa para este aumento. Com relação aos teores de peróxido, indicativo de grau de oxidação, a legislação brasileira estabelece limite de 10 meq/kg (TRIGUEIRO & PENTEADO, 1993b). Ultimamente, o interesse da indústria de alimentos pelo óleo de dendê tem aumentado significativamente, uma vez que esse óleo tem se mostrado mais estável frente aos fatores adversos do processamento. Sua composição química peculiar com elevado teores de ácidos graxos saturados (AGS) favorece sua termoestabilidade e o torna ideal para aplicação nos processos de fritura dos alimentos. Além disso, a presença de teores significativos de carotenóides que podem variar de 500 a 1600 mg/kg, de acordo com a variedade do fruto (ROSSO & MERCADANTE, 2007), são importantes sob o ponto de vista nutricional e na redução formação dos compostos na termodegradação. No Pará e Bahia, o óleo de palma da variedade tenera, chega a apresentar de 900 a 1140 mg/kg e de 550 a 650 mg/kg de carotenóides, respectivamente (TRIGUEIRO & PENTEADO, 1993a). 4 Antioxidantes Um antioxidante pode ser definido como um composto ou substância química que inibe a oxidação ou, qualquer substância que, quando presente em baixa concentração comparada a do substrato oxidável diminui ou inibe significativamente a oxidação do mesmo (FUKUMOTO & MAZZA, 2000). Segundo decreto nº 50.040, de Janeiro de 1961, que dispõe sobre normas técnicas reguladoras do emprego de aditivos químicos a alimentos, as substâncias ou misturas de substâncias, dotadas ou não de poder alimentício, ajuntadas aos alimentos com a finalidade de lhes conferir ou intensificar o aroma, cor, o sabor ou modificar seu aspecto físico geral ou ainda prevenir alterações indesejáveis, descreve antioxidante como a substância que retarda o aparecimento de alterações oxidativas nos alimentos (ANVISA, 2006). 39 Segundo a “Food and Drug Administration” (FDA), antioxidantes são substâncias usadas para preservar alimentos através do retardo da deterioração, rancidez e descoloração decorrente da autoxidação (ADEGOKE et al., 1998). Os antioxidantes mais comumente utilizados são os antioxidantes fenólicos sintéticos, como o Butil Hidroxianisol (BHA), Butil Hidroxituelo (BHT), ou substâncias bioativas tais compostos fenólicos (tocoferóis, flavonóides, e ácidos fenólicos), compostos nitrogenados (alcalóides, derivados da clorofila, aminoácidos e aminas), ou carotenóides, bem como ácido ascórbico (GENEMA, 2002). Ainda que a inibição completa da rancificação oxidativa não tenha sido até agora conseguida, é possível retardar essa transformação, de modo a permitir o consumo dos lipídios ou dos alimentos que os contêm, mesmo após seu armazenamento por muitos meses (RAMALHO & JORGE, 2006). Os antioxidantes podem ser classificados em produtos que atuam sobre a formação do O2, que reagem com O2, que atuam de forma competitiva em cadeia ou que atuam sobre os peróxidos, decompondo-os, de forma a produzirem compostos que não mais participam da reação em cadeia de radicais livres (RAMALHO & JORGE, 2006). Os antioxidantes naturais ou sintéticos que reagem, ou interferem na concentração do O2 ou ainda competem com os radicais livres dos ácidos graxos, são produtos que obviamente interferem na fase de iniciação da reação, fase em que devem ser usados (BOBBIO & BOBBIO, 1995; MARTINEZ-TOME, 2001; BERNARDO-GIL et al., 2002). Os sinergistas, antioxidantes removedores também de podem oxigênio, ser classificados em primários, biológicos, agentes quelantes e antioxidantes mistos. Os antioxidantes primários são compostos fenólicos que promovem a remoção ou inativação dos radicais livres formados durante a iniciação ou propagação da reação oxidativa. Os principais representantes desse grupo são os polifenóis, como Butil Hidroxianisol (BHA), Butil Hidroxituelo (BHT), Terc-Butil-Hidroquinona (TBHQ) e Propil Galato (PG). Os sinergistas são substâncias com pouca ou nenhuma atividade antioxidante, mas que podem aumentar a atividade dos antioxidantes primários quando usados em combinação adequada. Os removedores de oxigênio são compostos que atuam capturando o oxigênio presente no meio, através de 40 reações químicas estáveis tornando-os, conseqüentemente, indisponíveis para atuarem como propagadores da autoxidação (RAMALHO & JORGE, 2006). Em associação com a crescente preocupação dos consumidores quanto à segurança alimentar relacionada aos aditivos, tem crescido o interesse em se identificar fontes naturais de compostos antioxidantes para a preservação de alimentos (PESCHEL et al., 2006; JARDINI & MANCINI-FILHO, 2007). Os compostos antioxidantes naturais têm sido isolados de diferentes partes de plantas tais como sementes, frutas, folhas e raízes. Esses compostos incluem flavonóides, ácidos fenólicos, carotenóides, terpenos, tocoferóis mixados, fosfolipídios e ácidos orgânicos polifuncionais, (KAUR & KAPOOR, 2001; RIBEIRO et al., 2001). Considerando alguns compostos naturais com atividade antioxidante comprovada, destacam-se os carotenóides e os compostos fenólicos. 4.1 Carotenóides Os carotenóides pertencem a um grupo de pigmentos com mais de 600 compostos já identificados geralmente tetraterpenóides de 40 átomos de carbono, constituídos inclusive de isômeros, todos polisoprenóides e possuem uma cadeia poliênica que pode ter de 3 a 15 duplas ligações conjugadas. O comprimento do cromóforo determina o espectro de absorção e a cor do composto, por esta razão que estas moléculas são pigmentos que variam entre o amarelo, laranja e vermelho (FRASER & BRAMLEY, 2004; MERCADANTE & EGELAND, 2004). Esses pigmentos são componentes de plantas, animais e microorganismos, sendo adquiridos somente pela dieta. Dos 600 tipos de carotenóides existentes, somente uma pequena parte é constituintes de alimentos. São exemplos de carotenóides encontrados em alimentos: -caroteno, licopeno, -caroteno, luteína, criptoxantina, fucoxantina, -caroteno, violaxantina e zeaxantina. Na presença das insaturações esses pigmentos são sensíveis à luz, temperatura, acidez e reações de oxidação. São moléculas insolúveis em água e são compostos hidrofóbicos ou lipofílicos solúveis em solvestes orgânicos, como acetona, álcool e clorofórmio (BRITTON, 1995; KRINSKY & JOHNSON, 2005). 41 Os carotenóides são classificados segundo sua estrutura química como carotenos quando constituídos por carbono e hidrogênio, ou como xantofilas quando constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio. Possuem sistemas de ligações duplas conjugadas na cadeia poliênica, podem ter ou não anel -ionona nas extremidades da cadeia e grupos funcionais (carbonila, hidroxila, entre outros). Estas propriedades influenciam tanto na capacidade de absorver luz no visível, como na atividade anti-radical livre do carotenóide (GOODWIN, 1993). A principal e mais antiga função conhecida dos carotenóides é a atividade pro-vitamínica A, mas esta propriedade não é característica de todos os carotenóides, pois para que o pigmento apresente esta função, a sua estrutura molecular deve ser composta, no mínimo, por uma cadeia poliênica de 11 carbonos contendo um anel -ionona. Assim, dentre os mais de 600 carotenóides conhecidos, somente 50 deles são precursores da vitamina A, como o -caroteno, o -caroteno, o -caroteno, a -criptoxantina e a -criptoxantina. O β-caroteno é o mais importante precursor da vitamina A, pois possui na sua estrutura molecular dois anéis β-ionona que originarão duas moléculas de vitamina A durante a etapa de conversão no organismo (RODRIGUEZ-AMAYA, 1997). A transformação dos carotenóides pró-vitamínicos em vitamina A ocorre por clivagem central (mecanismo principal), onde o carotenóide é dividido ao meio, formando duas moléculas de retinal no caso do β-caroteno ou uma molécula no caso dos demais carotenóides próvitamínicos A, que são posteriormente transformadas em retinol (OLSON, 1999). Existem efeitos benéficos dos carotenóides à saúde que são independentes da atividade pró-vitamínica A e têm sido relacionados a propriedade antioxidante, através da desativação de radicais livres e pelo seqüestro do oxigênio singlete. (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999). Os carotenóides podem desativar o oxigênio singlete através de um processo químico, com a formação de produtos de oxidação. Pelo processo físico ocorre dissipação de energia adquirida do oxigênio singlete na forma de calor e, desta forma, voltam ao estado fundamental. Este segundo mecanismo é o que ocorre preferencialmente (STRATTON et al., 1993). A capacidade do carotenóide em seqüestrar oxigênio singlete está ligada ao sistema de duplas ligações conjugadas. A máxima proteção é demonstrada 42 por carotenóides com nove ou mais duplas ligações (RODRIGUEZ-AMAYA, 1999). PASSOTTO et al., (1998) relatam que o β-caroteno é um tipo de carotenóide, com ação supressora dos radicais ativos pelo bloqueio do oxigênio singlet, quando adicionado em sistema contendo óleo de soja, reduzindo o nível da oxidação lipídica. Além da propriedade antioxidante, acredita-se que os carotenóides têm várias ações celulares que os tornam moduladores fisiológicos. A regulação do crescimento e da diferenciação celular e a estimulação da comunicação entre células são mecanismos muito importantes na proteção contra o câncer, uma vez que a proliferação e crescimento descontrolado de células são características fundamentais da carcinogênese (MACHADO, 2005). Os carotenóides também apresentam atividade imunoestimuladora, inibindo assim a progressão de doenças (KHACHIK et al., 1995; RODRIGUEZ-AMAYA, 1999). 4.2 Compostos Fenólicos Os compostos fenólicos constituem uma das maiores classes de substâncias presentes na natureza, (aproximadamente 8000), e encontram-se amplamente distribuídos no reino vegetal, como em frutos, vegetais, grãos, sementes e flores. Estes constituintes são um dos principais grupos de metabólitos secundários com uma gama de diferentes estruturas e funções, mas geralmente possuem um anel aromático ligado a uma ou mais hidroxilas. Sua distribuição ocorre em todas as partes da planta, porém de forma quantitativa desigual, variando nos diferentes órgãos da mesma planta e ainda dentro de diferentes populações de uma mesma espécie (ROBARDS et al., 1999; WOLLGAST & ANKLAN, 2000) Nas plantas os compostos fenólicos, são essenciais no crescimento e reprodução, além de atuarem como agente antipatogênico e contribuírem na pigmentação. Em alimentos, são responsáveis pela cor, aroma e estabilidade oxidativa (BOBBIO & BOBBIO, 1989; SOARES, 2002; ÂNGELO & JORGE, 2007). Além disso, exibem grande quantidade de propriedades fisiológicas (como antialergênica, antiarteriogênica, antiinflamatória, antimicrobiana, 43 antitrombótica, cardioprotetiva e vasodilatadora), mas o principal efeito dos compostos fenólicos tem sido atribuído à sua ação antioxidante (MAJO et al., 2005; BALASUNDRAM et al., 2006; WORARATPHOKA et al., 2007). Os compostos fenólicos são classificados em dois grandes grupos, os flavonóides (Figura 5) e os não flavonóides (Figura 6). Os flavonóides representam o maior grupo de polifenóis encontrados em alimentos (SCALBERT & WILLIANSON, 2000), além de serem considerados os mais potentes antioxidantes (SHAHID et al., 1992; SOOBRATTEE et al., 2005). Os flavonóides são compostos largamente distribuídos no reino vegetal, encontram-se presentes em frutas, folhas, sementes e em outras partes da planta apresentam a estrutura química descrita como C6-C3-C6 e são agrupados em antocianinas e antoxantinas. Os não flavonóides são classificados como: derivados das estruturas químicas C6-C1 específicas dos derivados do ácido hidroxibenzóico; derivados das estruturas químicas C6-C3 específicas dos derivados do ácido hidroxicinâmico; e derivados das estruturas químicas C6-C2-C6 específicas do trans-resveratrol, cis-resveratrol e trans-resveratrol-glucosídio (BURNS et al., 2001; MANACH et al., 2004; SOUSA et al., 2007). Figura 5: Estrutura química dos flavonóides (SOUSA et al., 2007). Figura 6: Estrutura química do ácido hidroxibenzóico (A), do ácido hidroxicinâmico (B) e resveratrol (C) (SOUSA et al., 2007). 44 Os compostos fenólicos, além de proporcionar atividade antioxidante que prolongam o armazenamento de produtos, têm demonstrado importante atividade “in vivo” e podem ser benéficos no controle de diversas doenças relacionadas à formação excessiva de radicais livres que excedem a capacidade de defesa antioxidante do corpo humano como aterosclerose, cataratas e câncer (RAMARATHNAM et. al., 1995). Atualmente, é amplamente aceito que compostos antioxidantes desempenhem uma função crucial na prevenção de doenças, cujas causas estejam relacionadas ao estresse oxidativo celular, devido a sua capacidade de captura, desativação ou reparo de danos causados pelos radicais livres, que são implicativos em tais doenças. Frutas, verduras e todos os alimentos e bebidas derivados, são ricos em compostos polifenóicos, que têm sido estudados como antioxidantes poderosos. Portanto, os efeitos protetores à saúde, derivados do consumo de tais alimentos, têm sido atribuídos à quantidade e qualidade dos polifenóis presentes (SOARES, 2002). A capacidade antioxidante de compostos fenólicos deve-se principalmente às suas propriedades redutoras e estrutura química. Estas características desempenham um papel importante na redução ou seqüestro de radicais livres (como oxigênio singlete) e quelação de metais de transição, agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do processo oxidativo (DEGÁSPARI & WASZCZYNSYJ, 2004). Os fenólicos antioxidantes interferem na oxidação lipídica pela rápida doação de átomos de hidrogênio aos radicais lipídicos. Além de excelentes doadores de elétrons, os radicais intermediários formados pela ação de antioxidantes fenólicos são relativamente estáveis, devido à ressonância do anel aromático presente na estrutura destas substâncias (SHAHID et al., 1992; SOUSA et al., 2007; JEONG, et al., 2004). Diversos estudos foram desenvolvidos para verificar o potencial antioxidante dos ácidos fenólicos, visando substituir os antioxidantes sintéticos, largamente utilizados na conservação de alimentos lipídicos por aumentarem a vida útil de muitos produtos (ZHENG & WANG, 2001; RAMALHO & JORGE, 2006). Atualmente os mais importantes antioxidantes naturais são os extratos de condimentos ou plantas, os tocoferóis, ácido ascórbico, cítrico e seus sais 45 (MELO et al., 2008). O efeito antioxidante de especiarias e ervas foi inicialmente evidenciado, em 32 especiarias, das quais o alecrim e a sálvia foram consideradas as mais eficazes. Posteriormente, esta ação foi comprovada no orégano e no tomilho, no gengibre, na pimenta na mostrada, na canela, no coentro, dentre outros (CHIPAULT et al., 1952; JARDINI & MANCINIFILHO, 2007). 5 Fontes Naturais de Compostos Ativos 5.1 Manga A manga (Mangifera indica L.) pertence à família Anacardiaceae e está entre as frutas tropicais de maior expressão econômica nos mercados brasileiro e internacional. É uma fruta polposa, de aroma e cor muito agradáveis, a qual faz parte do elenco das frutas tropicais de importância econômica não só pela aparência exótica, mas também por ser uma rica fonte de carotenóides, minerais e carboidratos (PINTO, 2002; BRANDÃO et al., 2003; ROJO, 2009). A polpa da fruta é carnosa, suculenta, fibrosa em algumas variedades, apresenta uma coloração amarela ou amarelo-alaranjada, e possui semente achatada de tamanho variável (LIMA, 2009). É uma fruta climatérica, altamente perecível, devido a atividades enzimáticas degradativas (tais como poligalacturonase e celulase), entre outras causas, que são ativadas no período de maturação, causando redução no conteúdo de fibras dietéticas e amolecimento da fruta (GIRALDO et al., 2003). A Índia é o maior produtor mundial de manga com 13,5 milhões de toneladas em 2007. Atualmente, o Brasil está entre os 10 maiores produtores ocupando a 7ª colocação produzindo em 2007, 1,27 milhões de toneladas (FAOSTAT, 2010). No Brasil, o Nordeste concentra a maior parte da produção de manga, sendo seguido pela região Sudeste, sendo que as duas regiões juntas concentram 90% da produção nacional que está distribuída também nos estados de São Paulo (23%), Bahia (22%), Pernambuco (11%), Minas Gerais (10%), Ceará (7%), Paraíba (7%) e Piauí (4%) (IBGE, 2010). O valor vitamínico das mangas fica circunscrito principalmente em torno de seu conteúdo de pró-vitamina A (carotenóides), vitamina C (ácido ascórbico), 46 e pequenas quantidades de vitaminas do complexo B (CARDELLO & CARDELLO, 1998). Este fruto contém uma concentração elevada de carotenóides com valores que variam de 2,1mg/100g a 9,4mg/100g, dependendo da espécie analisada (CARVALHO et al., 2004). MELEIRO-AZEVEDO (2003), relata que os principais carotenóides encontrados na manga foram o -caroteno, a violaxantina e cis-violaxantina. HYMAVATHI & KHADER (2005), descrevem valores de 3375μg/100g de -caroteno. A quantidade de carotenóides pode variar devido a vários fatores como: estádio de maturação, diferentes cultivares, efeitos climáticos e ou geográficos, processamento e condições de estocagem (Tabela 5). Tabela 5: Concentração de carotenóides totais (µg/g) em diferentes estádios de maturação de manga da variedade “Keitt” e “Tommy Atkins”. Concentração de carotenóides totais Variedade verde parcialmente maduro maduro Keitt 12,3 ± 3,2 23,6 ± 1,8 38,0 ± 7,7 Tommy Atkins 17,0 ± 7,8 45,1 ± 20,7 51,2 ± 16,8 Fonte: (MERCADANTE & RODRIGUEZ-AMAYA, 1998). No mercado interno, mesmo a manga sendo geralmente comercializada e consumida na forma in natura, há um crescente interesse pela polpa congelada. A manga constitui uma importante fonte de fitoquímicos antioxidantes, dentre os quais se destacam os polifenóis e os carotenóides. Embora os carotenóides sejam instáveis na presença de oxigênio, quando presentes em um sistema multicomponente lipídico, são preferencialmente oxidados, atuando como antioxidante (GOODRIDGE et al., 2003). Estudos recentes têm demonstrado que muitos flavonóides e polifenóis contribuem significativamente para a atividade antioxidante de muitos frutos e 47 vegetais. Em manga tem sido relatada a ocorrência de ácido gálico, ácidos mdigálico e m-trigálico, galotanino, quercetina, isoquercetina, mangiferina e ácido elágico (SCHIEBER et. al., 2000; EINBOND et al., 2004). AZEVEDO (2006) analisou por CLAE treze padrões de polifenóis, sendo que sete foram encontrados nas amostras de polpa de manga, entre eles o ácido gálico, metil galato, catequina, epicatequina, ácido ferúlico, ácido isoferúlico e propil galato, e o teor de fenóis totais encontrados na variedade Tommy Atkins em diferentes estádios de maturação variou de 31,68 a 117,44 mg/100g. Além da atividade antioxidante, a manga possui quantidades consideráveis de fibras (BRANDÃO et al., 2003). CARVALHO et al., (2004), encontraram valores de fibras totais que variaram de 1,71 a 2,80%. A quantidade apreciável de fibras na polpa da manga poderá melhorar as propriedades mecânicas das matrizes poliméricas dos filmes a base de fécula de mandioca, proporcionando uma diminuição da permeabilidade ao vapor d’água e uma maior resistência mecânica dos materiais. 5.2 Erva-Mate A Ilex paraguariensis Saint Hílare (Aquifoliaceae), conhecida popularmente como erva-mate, é uma espécie nativa da América do Sul e tem sua área de ocorrência natural restrita a 3 países: Brasil, Paraguai e Argentina. O Brasil está entre os principais países produtores de erva-mate do mundo, com produção de 434.483 toneladas em 2008 (IBGE, 2010). De acordo com o Projeto Plataforma Tecnológica da Erva-Mate (PADCT Erva-Mate), a erva-mate, quando comparada com outros tipos de plantas e/ou produtos industrializados, é um produto centenário que se encontra em fase embrionária de descobertas, principalmente, em termos dos seus usos industriais, a nível internacional. Para CAMPOS (1996) o desenvolvimento tecnológico da erva-mate e derivados requer investimentos em pesquisa, para modernização e otimização dos processos de produção, para a busca de uma maior qualidade e 48 diversificação de produtos, para que desta forma, possa ocorrer a busca de novos mercados nacionais e internacionais. As partes aéreas de Ilex paraguariensis são usadas para preparar um chá como bebida, o mate. O mate é consumido como duas infusões diferentes: uma é preparada pela adição simples de água quente ao material seco da planta (chá) e a outra é preparada por adições repetidas de água aquecida no mesmo material (chimarrão). Ambas as preparações permitem a extração quase completa dos componentes solúveis em água (PARANÁ, 2000). A erva-mate apresenta em sua composição química sais minerais, vitaminas, aminoácidos, saponinas triterpênicas, alcalóides (metilxantinas como cafeína, teobromina e teofilina), açúcares e compostos fenólicos como flavonóides (quercetina e rutina), ácido clorogênico e taninos (NEWALL et al., 1996; BRAVO et al., 2007; SILVA et al., 2008). Os compostos fenólicos (flavonóides, ácido caféico e os ácidos clorogênicos) são conhecidos pela sua capacidade antioxidante no organismo humano (SIMÕES et al., 2001; NACZK & SHAHIDI, 2006). Essa capacidade é atribuída ao poder redutor da hidroxila do grupo aromático, que reduz o radical livre reativo e produz o radical fenoxila estabilizado por ressonância (NACZK & SHAHIDI, 2006). BIXBY et al. (2005), compararam a infusão de I. paraguariensis com o chá verde e vinho, bebidas tradicionalmente consumidas e consideradas antioxidantes. Os resultados mostraram que a erva-mate possui valor de polifenóis mais elevado, seguido do vinho tinto e chá verde e, conseqüentemente, apresentou maior capacidade de seqüestro de radicais livres. Segundo BRAVO et al., (2007), a maior capacidade antioxidante atribuída ao extrato de erva-mate comparado ao vinho e chás deve-se ao seu maior conteúdo de ácidos mono e dicafeoilquínico. Os derivados do ácido dicafeoilquínico têm sido relacionados com vários efeitos biológicos benéficos (redutor do colesterol, anti-mutagênico, anti-inflamatório e antiviral). FILIP et al. (2000), avaliaram a presença de compostos fenólicos e flavonóides em sete espécies sul-americanas de Ilex, e constataram maior teor destes compostos na espécie I. paraguariensis quando comparados às demais. DONADUZZI et al. (2003), encontraram um teor de polifenóis totais variando entre 79 – 110 mg/g para diferentes progênies de erva-mate. 49 A quercetina é um dos flavonóides encontrados na erva-mate e são responsáveis pela remoção de radicais livres como íon superóxido, oxigênio singlet e também inibe a oxidação das LDL (BATLOUNI, 1997). A infusão de chá apresenta concentrações de quercetina que varia de 10 a 25 mg/L (MARTINEZVALVERDE et al., 2000). Estudos dos efeitos antioxidantes e antimicrobianos dos extratos etanólicos e metanólicos de chá verde, chá preto e erva-mate na CMS (carne mecanicamente separada) de frango, não apresentaram proteção antimicrobiana, no entanto todos demonstraram ação antioxidante quando comparados com as amostras sem tratamento (TERRA et al., 2008). Foi demonstrado em estudo comparativo o efeito antioxidante de extratos hidro-etanólico e metílico de casca de maçã, folhas de alcachofra e erva-mate em CMS de frango, mantidas sob refrigeração e congelamento. Constatou-se através do índice de TBARS (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico) que o extrato metílico de erva-mate apresentou maior poder antioxidante com determinação de 1,68 mg de malonaldeído/kg amostra, e os demais extratos testados com 7,95 mg de malonaldeído/kg de amostra (TERRA et al., 2008). Com o objetivo de inibir a rancificação foram adicionados o antioxidante sintético BHA e extrato hidro-etanólico de erva-mate nas concentrações de 0,5% e 1% em salame tipo italiano e os resultados mostraram que houve proteção contra a oxidação lipídica do extrato de erva-mate comparável ao BHT. Os tratamentos com o extrato de erva-mate (0,5%) além de inibir a oxidação lipidica também obtiveram melhora na cor da lingüiça (RAMALHO & JORGE et al., 2006). 6 Caracterização de Filmes Flexíveis As propriedades físicas dos filmes de amido, assim como de embalagens sintéticas convencionais, podem mudar significativamente com alterações de temperatura e umidade relativa durante a realização dos ensaios de caracterização. Para que se possam comparar diferentes materiais e resultados de ensaios de diferentes laboratórios, é necessário padronizar tais condições durante as análises. O termo condicionamento refere-se à estocagem da amostra em ambiente com umidade relativa constante, durante um período de tempo, a fim de se obter 50 um estado definido da amostra em relação à atmosfera, para que possam ser obtidos resultados reprodutíveis e ainda, para se conhecer o comportamento do material em relação a determinadas condições ambientais. Filmes biodegradáveis produzidos a base de amido são largamente estudados por não apresentar sabor, odor ou cor e por apresentar baixa permeabilidade ao oxigênio, em baixas condições de umidade relativa (PHANTHE et. al., 2009). Porém muitos pesquisadores relatam que o uso do amido como matriz, não é muito viável, devido a algumas propriedades mecânicas, tais como, baixa barreira à umidade, baixa resistência mecânica e a água, além do rápido envelhecimento (retrogradação) (KROCHTA & MULDER-JOHNSTON, 1997; VEIGA - SANTOS et al., 2005). A adição de plastificantes como os polióis (glicerol, sorbitol, etc.), sacarose, açúcar invertido dentre outros, melhoram as características dos biofilmes de amido, deixando-os viáveis para a utilização, pois a adição destes produtos melhora a resistência ao vapor de água, diminui a resistência à tração, aumenta o alongamento e altera a temperatura de transição vítrea do material (HAYASHI et al., 2006; VEIGA-SANTOS et al., 2007; HENRIQUE et. al., 2008; ZULLO & IANNACE, 2009). A aplicação de biofilmes depende fortemente de suas características mecânicas e de barreira. Como a incorporação de aditivos tende a alterar as características dos biofilmes de amido, torna-se importante a caracterização físico-química, térmica e mecânica dos novos compostos. As características físicas mais estudadas em embalagens são: espessura, sólidos totais, porcentagem de alongamento, resistência à tração e permeabilidade ao vapor de água. 6.1 Espessura Segundo GENNADIOS et al., (1993) o controle da espessura dos filmes é importante para manter sua uniformidade, permitindo a repetitividade das propriedades analisadas e assim validar as comparações entre as propriedades dos filmes. Quando alíquota da solução filmogênica é depositada em suporte para secagem, é importante controlar o nível da superfície onde o mesmo é mantido 51 (por exemplo, estufas ou bancadas), para evitar diferenças na espessura dos filmes, provocadas pelo desnível do suporte. A espessura deve ser estabelecida levando-se em conta a utilização final do filme, que dependerá do alimento a ser embalado (SARMENTO, 1999). Esse controle é difícil, sobretudo nos processos de produção do tipo casting, pois a solução formadora de filme pode se tornar muito viscosa, dificultando seu espalhamento e, conseqüentemente, o controle da espessura, além de possibilitar a formação de bolhas na solução (SOBRAL, 1999). A espessura é um importante parâmetro de medida, pois é a base para várias propriedades dos filmes, incluindo as mecânicas e as de permeabilidade (XIE et. al., 2002). PARK & CHINNAN (1995) observaram em seus estudos que a permeabilidade ao oxigênio e ao gás carbônico dos filmes protéicos (zeína e glúten) aumentava conforme a espessura dos filmes diminuía, enquanto que a permeabilidade ao vapor de água aumentava proporcionalmente a espessura dos filmes. Segundo esses autores, a permeabilidade pode variar com a espessura devido às mudanças estruturais causadas pelo inchamento da matriz filmogênica, que afeta a estrutura dos filmes e provoca tensões internas que podem influenciar a permeação. SOBRAL (1999) constatou que o aumento da espessura de biofilmes elaborados a partir de gelatina (bovina e suína) resultava em um aumento linear da força de ruptura do filme. O mesmo foi verificado por CUQ et al., (1996) que atribuíram seus resultados ao aumento da quantidade de matéria seca por superfície, levando a um aumento superficial do número de cadeias de proteína e, conseqüentemente, a um aumento do número de interações intermoleculares. Para a análise de espessura, recomenda-se que as medidas sejam realizadas em corpos de prova sem irregularidade, a pelo menos 6 mm da borda. As amostras devem ser previamente acondicionadas em ambiente com umidade e temperatura controladas. Além disso, as superfícies de medição do micrômetro devem ser limpas com óleo anticorrosivo, como éter de petróleo e anteriormente à análise, o micrômetro deve ser sempre zerado. A espessura é mais comumente expressa em m (SARANTÓPOULOS et al., 2002). 52 6.2 Propriedades de Barreira A proteção do alimento contra alterações provocadas pelo meio ambiente desde a sua obtenção até chegar ao consumidor é uma das preocupações mais importantes nos dias de hoje (MARTIN-POLO et. al., 1992). A migração de vapor de água é um dos principais fatores de alteração da qualidade sensorial e da estabilidade na estocagem (GONTARD et al., 1995). A permeabilidade ao vapor de água é definida pela ASTM E-96-90 como a taxa de transmissão de vapor de água por unidade de área através do filme, de espessura conhecida, induzida por um gradiente de pressão entre duas superfícies específicas, de temperatura e umidade relativa especificada (ASTM, 1990). Uma das formas mais utilizadas para avaliar a taxa de permeabilidade ao vapor de água dos filmes biodegradáveis é através de método gravimétrico. Tal método consiste em pesagens sucessivas de uma cápsula hermeticamente fechada, contendo o filme na sua superfície e substância dessecante (cloreto de cálcio ou sílica gel) no seu interior; colocadas em ambientes com umidade controlada. Caso o filme tenha grande afinidade pela água, é necessária a utilização de corpos de prova adicionais, preparados sem dessecante (branco) para que possa ser descontada ou acrescida à variação de peso do material. Alternativamente, a solução com umidade controlada também pode ser colocada no interior da cápsula, e no seu exterior, o material dessecante (SARANTÓPOULOS et al., 2002). A propriedade de barreira ao vapor de água é um importante fator para a seleção de um filme comestível como material a ser aplicado em sistemas alimentícios (JEON et al., 2002). 6.3 Propriedades Mecânicas As propriedades mecânicas dos filmes de amido podem ser consideradas as mais restritivas, pois, em geral, estes materiais devem ser resistentes à ruptura e à abrasão, para proteger e reforçar a estrutura dos alimentos e, ainda, devem 53 ser flexíveis, para adaptar-se a possíveis deformações sem se romper (SOBRAL, 1999). As propriedades mecânicas dependem fortemente da formulação (macromolécula, solvente, plastificante, ajustador de pH) e do processo de obtenção. Dentro da formulação, o teor de plastificante, como já citado, é um importante fator capaz de alterar o perfil de propriedades mecânicas de um filme de amido. Filmes de amido sem plastificantes são resistentes e elásticos e, à medida que se aumenta o teor de plastificante, estes materiais se tornam mais flexíveis e deformáveis (MALI et al., 2004). Os plastificantes atuam diminuindo as forças intermoleculares entre as cadeias de amido, provocando redução da temperatura de transição vítrea e, de modo geral, a resistência cai e a flexibilidade aumenta com o incremento da concentração do plastificante (BILIADERIS, 1991; GONTARD & GUILBERT, 1996; CUQ et al., 1996; SOBRAL, 1999). As principais propriedades mecânicas dos filmes são a resistência à tração e a porcentagem de elongação. A primeira é expressa pela tração máxima desenvolvida pelo filme no teste. A segunda é a habilidade do filme em se estender. Os filmes obtidos devem ser resistentes à ruptura e à abrasão, fazendo com que o alimento não perca sua integridade e proteção por manuseio e transporte. Além disso, ele deve possuir flexibilidade suficiente para adaptar-se a eventuais deformações no alimento sem dano mecânico (GONTARD et al., 1995). O teste mais utilizado para medir a força mecânica, é o teste de tração, onde podem ser derivadas as propriedades de resistência à tração, elongação, força resultante e módulo de elasticidade. O ensaio de determinação das propriedades de tração de um filme flexível envolve a separação, em uma velocidade constante, de duas garras que prendem as extremidades de um corpode-prova, registrando-se ao longo do ensaio a força ou a resistência que o material oferece à deformação. A deformação é o alongamento relativo do corpode-prova em relação a seu comprimento original. A tensão de ruptura (MPa) é a resistência oferecida pelo material no ponto da ruptura. O alongamento (%) é a relação percentual entre o elongamento do corpo-de-prova no teste e seu comprimento inicial (SARANTÓPOULOS et al., 2002). A metodologia padrão para os ensaios de resistência mecânica segue as especificações ASTM D882-00 (ASTM, 2001), onde corpos de prova retangulares 54 (8 x 2,5 cm) obtidos de filmes pré-condicionados (75% UR, 30C) são fixados entre as garras de tensão do equipamento. A espessura de cada amostra deve ser medida em quatro pontos, em posições aleatórias. A posição inicial e a velocidade de separação das garras devem ser fixadas a 50 mm e 12,5 mm/min, respectivamente, e devem ser realizadas pelo menos cinco medidas para cada amostra. Referências ABAM – Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (2009). Dados de produção (2009). Disponível em: <http: www.abam.com.br>. Acesso em: 12/01/2011. ABIEF - Associação brasileira da indústria de embalagens plásticas flexíveis. Dados 2008. Disponível em: <http://www.abief.com.br /flex/flex _0018. asp.>. Acesso em: 26/02/2010. ABIQUIM - Anuário da Indústria Química Brasileira, São Paulo, ABIQUIM, 2007. 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O objetivo do trabalho foi avaliar o uso de polpa de manga e do extrato de erva-mate como fontes de compostos ativos quando incorporados como aditivos em filmes biodegradáveis de fécula de mandioca e plastificante glicerol, utilizando um delineamento estatístico de superfície de resposta 22 x estrela, totalizando 11 formulações. O armazenamento do azeite de dendê embalado nos biofilmes contendo os aditivos (0-20% m/m de polpa de manga e/ou 0-30% m/m extrato de erva-mate) foi monitorado por 45 dias sob condições de oxidação acelerada (63%UR/30ºC). Os polifenóis totais (PT), flavonóides totais (FT) e carotenóides totais (CT) dos filmes e os teores de carotenóides totais (CT), índice de peróxido (IP), dienos conjugados (DC) e conteúdo de hexanal (HE) do produto embalado (azeite de dendê) foram monitorados periodicamente. Azeite de dendê embalado em polietileno de baixa densidade (C1), sem embalagem (C2) e em biofilmes sem os aditivos antioxidantes (C3), foram utilizados como controles. Avaliando a interação dos percentuais de redução dos CT, PT e FT das formulações dos filmes com os aumentos no IP, DC e HE do produto embalado, observou-se que à medida que aumentam as perdas de CT, PT e FT no filme ocorre uma redução nos aumentos do IP, DC e HE do produto embalado, e que quanto maior o percentual de redução dos antioxidantes, menor o aumento da oxidação, demonstrando assim, que ao invés do produto a embalagem é que está sofrendo oxidação. A partir do estudo, pode-se concluir que o desenvolvimento de filmes flexíveis com os aditivos naturais na matriz de amido de mandioca tem uma ótima ação antioxidante. No entanto, esses resultados foram mais expressivos com o uso do extrato de erva-mate, porque o gráfico de superfície de resposta indicou que o ponto de menor aumento do índice de peróxido correspondeu à concentração máxima de erva-mate incorporada à matriz. Palavras – chaves: Antioxidante, embalagem ativa, filme biodegradável, manga e erva-mate. 69 Incorporation of mango pulp and yerba mate extract as antioxidant additives in edible films based on a cassava starch matrix. Abstract Edible films and coatings from biopolimers have been developed to be used as protective layers and to interact favorably with food products increasing their estability. They have the potencial to reduce the use of tradicional polymeric packaging, and to improve food quality by providing a barrier to mass transfer, carrying food ingredients and/or improving the mechanical integrity or handling characteristics of foods. The objective of this study was to evaluate the incorporation the mango pulp and yerba mate aqueous extract as a source of antioxidants compounds and plasticizer glycerol in cassava starch based edibles films using a response surface methodology design experiment. The storage of palm oil packed in films containing additives richs in actives compounds (0-20% m/m of mango pulp and/or 0-30% m/m extract of yerba mate) was monitored for 45 days under accelerated oxidation (63% UR/30 º C). The total polyphenols (TP), total flavonoids (TF) and total carotenoids (TC) of films were evaluated, while the total carotenoids (TC), peroxide index (PI), conjugated diene (CD) and hexanal (HE) content of the packaged product (palm oil) were also monitored. The same analysis also evaluated palm oil packed in low density polyethylene films (C1), palm oil with no package (C2), and palm oil packed in bio-based films without antioxidants additives (C3), all as controls. Assessing the interaction of the percentage reduction of TC, TP and TF of the formulations of bio-films with the increases in PV, CD and HE of the packaged product, it is observed that with increasing loss of CT, PT and FT in the formulations of bio-films is a reduction in the increases of IP, DC and HE the packaged product, and that the greater the percentage reduction of antioxidants, smaller the increase in oxidation, thus demonstrating that instead of the product, the packaging is the one who is suffering from the oxidation process. From the study, it can be concluded that the flexible films developed with naturals additives in cassava starch matrix has a great antioxidant action. However, those results were more expressive with the use of yerba mate extract, because the response surface graph indicates that the point of minimum increase of peroxide index corresponds to the maximum concentration of yerba mate incorporated to matrix. Key – words: Antioxidant, active package, bio-based film, mango and yerba mate. 70 1 Introdução As embalagens convencionais lentamente estão perdendo espaço para as embalagens “ativas” e “inteligentes” que interagem diretamente com o produto. Por meio dessa interação, essas embalagens podem prolongar a vida-deprateleira dos alimentos, assegurar sua qualidade e proporcionar maiores informações aos consumidores sobre o estado final do produto quando comparadas às embalagens convencionais (BRAGA & PERES, 2010). O crescente interesse em melhorar a qualidade do meio ambiente, aliado ao acúmulo de lixo não biodegradável, tem incentivado pesquisas em todo o mundo no sentido de incrementar e desenvolver embalagens biodegradáveis provenientes de fontes renováveis. As macromoléculas biológicas mais estudadas para este fim são as proteínas e os polissacarídeos (ex. amido), polímeros capazes de formar matrizes contínuas e, que através de diversas técnicas de produção, podem ser transformados em filmes e revestimentos comestíveis e/ou biodegradáveis (NAIME, 2009; MATTA, 2011). Filmes flexíveis obtidos a partir de amido de mandioca foram desenvolvidos com sucesso (VEIGA-SANTOS et al., 2005a,b; VEIGA-SANTOS et al., 2007). O uso do plastificante glicerol em filmes de amido possibilita uma maior porcentagem de alongamento aos biofilmes (VEIGA-SANTOS et al., 2005a), melhorando a viabilidade do material, além de representar um grande impacto científico devido à capacidade atual de produção mundial e nacional de glicerina vegetal. O caráter comestível, biodegradabilidade e o aumento da segurança alimentar são os três principais benefícios dos filmes comestíveis ativamente funcionais. Entre os diversos tipos de filmes ativos, um dos principais sistemas, é o usado como embalagens com ação antioxidante, que retardam ou diminuem o processo de oxidação do produto embalado (ROONEY, 1995; BRODY, 2001; OLIVATI, 2006). Esse sistema consiste na incorporação de substâncias antioxidantes em filmes plásticos, papéis ou sachês, de onde serão liberadas para proteger os alimentos da degradação oxidativa, inibindo as reações de oxidação ao interagirem com radicais livres e peróxidos (GRISI et al., 2008; SOUZA et al., 2011). 71 Tal característica é de grande importância para a indústria, principalmente as do ramo alimentício, já que a rancificação é um processo que limita o tempo de conservação de muitos alimentos, implicando no aparecimento de sabores e odores anômalos e redução no valor nutritivo do alimento (FUKUMOTO & MAZZA, 2000; LOULI et al., 2004; ATOUI et al., 2005) . Devido ao potencial efeito toxicológico relacionado ao uso prolongado de antioxidantes sintéticos, existe um crescente interesse na substituição destes por antioxidantes naturais para uso tanto na embalagem quanto no alimento. Compostos antioxidantes naturais têm sido isolados de diferentes partes de plantas tais como sementes, frutas, folhas e raízes, cujas atividades têm sido comprovadas. Esses compostos ativos incluem flavonóides, ácidos fenólicos, terpenos, tocoferóis vitaminas C, E, carotenóides (KAUR & KAPOOR, 2001; RIBEIRO et al., 2001; ALBU et al., 2004; BROINIZI et al., 2007). Dentre as frutas a manga constitui uma importante fonte de fitoquímicos antioxidantes, destacando-se os polifenóis e os carotenóides (MELO et al., 2008). Dentre as plantas a erva-mate apresenta em sua composição química sais minerais, vitaminas, aminoácidos, saponinas triterpênicas, alcalóides (metilxantinas como cafeína, teobromina e teofilina), açúcares e compostos fenólicos como flavonóides (quercetina e rutina), ácido clorogênico e taninos (NEWALL et al., 1996; FILIP et al., 2000), sendo que sua propriedade antioxidante se deve, principalmente, aos compostos fenólicos. A utilização desses aditivos na elaboração de um filme que além de biodegradável pode, também, apresentar ação antioxidante, agregaria valor a matérias-primas produzidas em alta escala no Brasil. O objetivo do trabalho foi avaliar a eficácia da incorporação de polpa de manga e extrato de erva-mate como aditivos antioxidantes para filmes biodegradáveis à base de um biopolímero comestível, pelo monitoramento das alterações químicas da embalagem e do produto embalado durante o armazenamento. 72 2 Materiais e Métodos 2.1 Materiais Foram utilizados, fécula da mandioca (doado pela Cargill Agrícola SA), Glicerol P. A. (Labsynth, Diadema - SP), azeite de dendê (doado por ODELSA S/A) e polpa de manga e erva-mate adquiridas em supermercados e casas de produtos naturais, respectivamente, em Salvador-Ba. 2.2 Preparação dos Biofilmes Os filmes foram desenvolvidos por um delineamento estatístico de superfície de resposta, com um modelo de ordem (22) contendo 4 pontos axiais (1,41), 4 pontos ortogonais e 3 pontos centrais, totalizando 11 formulações. Para preparação da solução filmogênica, inicialmente foi utilizado um extrato aquoso de erva-mate obtido através da percolação de 2 litros de água destilada a 70°C sobre o pó de erva-mate (0-30% de pó de erva-mate, g/100 g), para extração ótima e preservação de compostos antioxidantes (BRAVO et al., 2007). Os filmes foram preparados segundo a técnica casting, onde inicialmente, dissolveu-se no extrato aquoso de erva-mate, a polpa de manga (0-20% g/100g), a fécula de mandioca (4%, g/100g) e o agente plastificante Glicerol P. A. (1%, g/100g) (GRISI et al., 2008; SOUZA et al., 2011). Posteriormente, a solução foi aquecida até a temperatura de gelatinização do amido, 70C, sob agitação constante. A solução filmogênica foi pesada em Placas de Petri de poliestireno e desidratada em estufa com circulação de ar (35 2C) por 18 a 20 horas. Os biofilmes obtidos foram acondicionados (60%UR, 23°C) em dessecadores contendo solução saturada de nitrato de magnésio, por 2 dias, antes de serem caracterizados e utilizados para embalar o azeite de dendê, conforme adaptação da metodologia proposta por VEIGA SANTOS & SCAMPARINI (2004). Para evitar, ou ao menos minimizar alterações dos carotenóides oriundos da polpa de manga que foram incorporados aos biofilmes, durante o 73 armazenamento do produto embalado, as amostras foram mantidas sob temperatura controlada e ao abrigo da luz. Foram utilizados como controles: o produto sem embalagem, embalado em sacos plásticos de polietileno de baixa densidade (PEBD) e o produto embalado em filmes de fécula de mandioca, sem a adição dos agentes antioxidantes. 2.3 Moldagem dos Biofilmes As diferentes formulações dos biofilmes foram usadas para embalar azeite de dendê, na forma de sacos retangulares de dimensões 5 x 2 cm (10cm2), para investigar o comportamento do antioxidante contido na embalagem durante armazenamento (0, 7, 15, 30 e 45 dias), sob condições de oxidação acelerada (63%UR, 30°C) (ANEXO IV). A selagem do azeite de dendê nos biomateriais foi feita com uma seladora de bancada Sulpack SM 300 Light de temperatura contínua (40°C por 3 minutos). Os biofilmes foram produzidos, estocados e analisados, sob o abrigo de luz, para que não houvesse interferência nos resultados. 2.4 Monitoramento da Estabilidade do Produto Embalado nos Biofilmes e nos Controles durante Armazenamento A estabilidade oxidativa do azeite de dendê em resposta a ação antioxidante dos biofilmes foi monitorada por 45 dias, através de determinações do índice de peróxido, teor de hexanal, teor de dienos conjugados e teor de carotenóides totais. 2.4.1 Índice de Peróxidos (IP) O IP do produto embalado nos biofilmes e dos controles foi determinado por titulometria de acordo com a metodologia da AOAC Cd 8b-90 (2000) nos dias 0, 7, 15, 30, 45, 60 e 90. 74 2.4.2 Teor de Hexanal (HE) A determinação do teor de HE do produto embalado nos dias 0 e 45 foi realizada por cromatografia gasosa (CG) e detecção por espectrometria de massas (CG – EM, Perkin Elmer, Clarus 500, acoplado a Headspace Perkin Elmer, Turbomatrix) através de adaptação da metodologia proposta por AMSTALDEN et al., (2001). Duzentas miligramas de azeite de dendê foram pesados em um vial de headspace de 15 mL e, em seguida, foram selados utilizando tampa de alumínio e septo de teflon. A amostra foi aquecida em headspace, a 140°C por 30 minutos. A separação foi realizada em coluna WaxFFAP (50m x 0,20mm x 0,30µm) com fluxo de hélio de 1mL/minuto. O injetor operou a 180°C, e a coluna em uma programação de temperatura que teve início a 35°C, permanecendo por 1 minuto, subindo 3°C por minuto, até 80°C aumentando, 7°C por minuto até 160°C, totalizando 50 minutos de corrida. O espectrômetro de massas operou com ionização de impacto de elétrons e energia de ionização de 70eV. O Espectro de massas foi coletado em um intervalo de 50 a 300 m/z. O HE foi identificado por comparação dos tempos de retenção dos picos da amostra e do padrão, e através do espectro de massas obtido em comparação com espectros da biblioteca NIST. A quantificação foi feita através de uma curva de calibração obtida com padrão externo, onde o padrão de HE da marca Vetec, foi dissolvido em óleo de soja isento do analito e injetado nas mesmas condições das amostras. 2.4.3 Teor de Dienos Conjugados (DC) A determinação do teor de DC do produto embalado nos dias 0 e 45 foi realizada por espectrofotometria, de acordo com a metodologia descrita pela AOCS (1993). Para tal, 0,2 mg de azeite de dendê foram pesados em um balão volumétrico de 10 mL. Aproximadamente, 5 mL de isooctano P.A foram adicionados ao balão, que foi agitado até a dissolução completa da amostra. Em seguida o volume do balão foi aferido com isooctano, repetindo o processo de agitação. A absorbância foi medida a 233nm em um espectrofotômetro UV/VIS, 75 Perkin Elmer / U-2001. Os resultados foram expressos em percentual (%) calculados de acordo com a equação 1. DC ( %) = 0,84 (A/bc) – K0 (Equação 1) Onde: DC = Dienos Conjugados K0 = Absortividade para ácidos graxos (0,03) A = Absorbância da leitura (233nm) b = Tamanho da cubeta (cm) c = concentração (g/L) 2.4.4 Teor de Carotenóides Totais (CT) Para a determinação do teor de CT do produto embalado, uma amostra de 0,3 g de azeite de dendê foi pesada em balão volumétrico de 10 mL, posteriormente adicionou-se 5 mL de éter de petróleo para dissolução da amostra. O volume do balão foi completado com éter de petróleo e agitado durante 5 minutos. A absorbância foi medida utilizando-se um espectrofotômetro UV/VIS, Perkin Elmer / U-2001 no comprimento de onda de absorção máxima (435 nm). O cálculo do teor de CT foi realizado de acordo com a Lei de Beer como proposto por DAVIES, (1976), conforme equação 2 (PASSOTO et al., 1998). Abs .Vol .10 4 CT ( g .g ) ( A1% .1cm) .Wg 1 (Equação 2) Onde: CT = Carotenóides totais; Abs = Absorbância max. (nm); Vol = Volume da diluição (mL); A1% .1 cm = Valor do coeficiente de Absortividade; Wg = Peso da amostra (g). 76 2.5 Monitoramento da estabilidade dos aditivos incorporados nas diferentes formulações de biofilmes durante armazenamento do produto embalado A estabilidade dos antioxidantes nos biofilmes foi monitorada por 45 dias, através dos teores de Carotenóides Totais, Polifenóis Totais e Flavonóides Totais. Foi também avaliado o teor destes compostos na polpa de manga e na erva-mate usados como aditivos. 2.5.1 Teor de Carotenóides Totais Utilizou-se o método descrito por SILVA & MERCADANTE (2001), para a extração dos pigmentos. De aproximadamente 2 g dos aditivos e das diferentes formulações dos biofilmes armazenados por 0, 7, 15, 30 e 45 dias foi realizada a extração dos CT com acetona e hyflo-supercel. À medida que os CT foram extraídos com acetona, essa foi filtrada a vácuo em um funil de buchner, até total remoção dos pigmentos. Em seguida o extrato filtrado foi transferido para um funil de separação contendo éter de petróleo onde se realizou a lavagem do extrato com água. Após a lavagem, ao extrato foi adicionado sulfato de sódio anidro para remoção de resíduo de água. O extrato lavado foi então concentrado em evaporador rotativo (34±2ºC) a pressão reduzida (90 rpm). Em seguida, transferiu-se o extrato de carotenóides para um balão volumétrico e o volume foi aferido com éter de petróleo. A leitura da absorbância foi realizada em espectrofotômetro UV/VIS, Perkin Elmer / U-2001, no comprimento de onda de absorção máxima (440nm). O cálculo do teor de CT foi realizado de acordo com a Lei de Beer como proposto por DAVIES, (1976), conforme equação 2. 2.5.2 Teor de Polifenóis Totais (PT) O teor de PT dos aditivos e dos biofilmes formulados e armazenados por 0, 7, 15, 30 e 45 dias, foi determinado por espectrofotometria, utilizando reagente Folin-Ciocateu, conforme descrito por SWAIN & HILLIS (1959) e citado por ROESLER et al., (2007). Para tal, 100 mg das amostras previamente 77 desengorduradas com éter de petróleo, foram extraídas com 10 mL de água destilada, através de agitação por 5 minutos em vortex. As amostras foram então centrifugadas por 3 minutos em uma centrífuga Eppendorf, a 5 °C e 4400 rpm. 0,5 mL do sobrenadante foi pipetado para um tubo de 10 mL. Em seguida foi adicionado 2,5 mL de reagente Folin-Ciocalteu (10%). Após 3 minutos, foram adicionados 2 mL de solução 7,5% de carbonato de sódio. A mistura foi colocada em banho-maria a 50°C por 5 minutos, e então foi imediatamente resfriada em banho de gelo, a fim de interromper a reação. A absorbância foi medida a 760nm em espectrofotômetro UV/VIS, Perkin Elmer / U-2001 e a quantificação realizada através de uma curva de padrão externo, obtida de diluições sucessivas de uma solução padrão de ácido gálico. 2.5.3 Teor de Flavonóides Totais (FT) Para a determinação do teor de flavonóides totais dos aditivos e dos biofilmes, foi utilizado o mesmo sobrenadante obtido no método de polifenóis totais. Na qual, 1 mL da amostra final foi transferida para um balão volumétrico de 10 mL contendo previamente 4 mL de água destilada. Foram adicionados 0,3 mL de nitrito de sódio 5 %, após exatos 5 minutos, foram adicionados 0,3 mL de cloreto de alumínio 10% e após 1 minuto foi adicionado 2 mL de hidróxido de sódio 1M. O volume do balão foi completado com água destilada e agitado manualmente. A absorbância foi medida a 510nm e espectrofotômetro em Perkin Elmer e a quantificação feita através de uma curva de calibração construída pela diluição de uma solução padrão de epicatequina (LEE et al., 2003). 2.6 Análise Estatística Utilizando um delineamento de superfície de resposta, o polinômio de segundo grau (Equação 3) foi calculado pelo programa Statistic 7.0 (Stat Inc, Minneapolis, MN, USA), para estimar o comportamento da variável dependente, segundo o modelo gerado. Os dados gerados foram tratados pela ANOVA e Teste de Tukey para identificar se as alterações nos parâmetros avaliados foram significativas ao nível de 95% de significância. 78 Y b0 b1 X 1 b2 X 2 b11 X 1 b22 X 2 b12 X 1 X 2 2 (Equação 3) 2 Onde: Y = Variável dependente; X1 e X2 = Variáveis independentes; b0 = Termo de compensação; b1 e b2 = Termos lineares; b11 e b22 = Termos quadráticos; b12 = Termo de interação entre as variáveis independentes. Tabela 1. Valores codificados e reais das variáveis independentes (teores de antioxidantes) do delineamento estatístico das diferentes formulações de biofilmes de fécula de mandioca. Valores codificados Formulações Valores reais (% m/m) Polpa de Erva-Mate Polpa de Manga (X1) (X2) Manga F1 -1,00 -1,00 2,90 4,4 F2 -1,00 1,00 2,90 25,6 F3 1,00 -1,00 17,10 4,4 F4 1,00 1,00 17,10 25,6 F5 -1,41 0,00 0,00 15,00 F6 1,41 0,00 20,00 15,00 F7 0,00 -1,41 10,00 0,00 F8 0,00 1,41 10,00 30,00 F9 * 0,00 0,00 10,00 15,00 F10 * 0,00 0,00 10,00 15,00 F11 * 0,00 0,00 10,00 15,00 Erva-Mate * Pontos centrais. 79 3 Resultados e Discussão Os aditivos (polpa de manga e extrato de erva-mate) incorporados aos biofilmes de fécula de mandioca como fonte de compostos ativos, contém concentrações substanciais de Carotenóides Totais (CT), Polifenóis Totais (PT) e Flavonóides Totais (FT), com teores próximos e/ou dentro dos limites relatados na literatura para estas frutas (Tabela 2). Tabela 2: Concentrações de Carotenóides Totais (CT) (µg/g), Polifenóis Totais (PT) (mg/g) e Flavonóides Totais (FT) (mg/g) na Polpa de Manga e no Extrato Aquoso de Erva-Mate. Valores obtidos Parâmetros Polpa de Manga Extrato de ErvaMate Carotenóides Totais 50,17 8,04 Polifenóis Totais 35,00 140,2 Flavonóides Totais Valores referenciais Polpa de Manga 7,90 a 36,5 Extrato de ErvaMate Fontes SILVA (2001); FONTES (2002); ROSSO (2006); 9,40 a 30,90 TORQUES (1997); LEPREVOST (1987) KUSKOSKI et. al., 0,90 a 40,44 79,00 a 185,1 (2006);CAMPOS (1996) 3,87 50,00 2,72 a 4,52 66,36 KUSKOSKI et. al., (2006);NEWALL et al., (1996); BRAVO et al., 2007 3.1 Monitoramento da estabilidade dos aditivos incorporados nas diferentes formulações dos filmes durante armazenamento do produto embalado Os efeitos da incorporação das quantidades de polpa de manga (0-20% m/m) e extrato de erva-mate (0-30% m/m) nos filmes à base de amido de mandioca estão apresentados na Tabela 1 e Figura 1. Os teores de PT, FT e CT 80 incorporados à matriz, variaram de 39,22 a 178,53mg/g, 10,38 a 62,54mg/g e 6,42 a 48,10 µg/g, respectivamente (ANEXO III) Figura 1: Reduções nos teores de Carotenóides Totais (CT) (µg/g), Polifenóis Totais (PT) (mg/g) e de Flavonóides Totais (FT) (mg/g) dos biofilmes, após 45 dias de estocagem. 81 Os resultados no dia 0 de armazenamento mostraram que a formulação F1, que contém as menores concentrações dos aditivos (2,9% de polpa de manga e 4,4% de extrato de erva-mate), apresentaram baixos teores de PT (43,41 mg/g), FT (23,24 mg/g) e CT (21,15 µg/g). A formulação F4 que contém as maiores concentrações de ambos os aditivos (17,10% de polpa de manga e 25,6% de extrato de erva-mate), apresentou altos teores de PT (145,33 mg / g), FT (59,92 mg/g) e CT (40,56 µg/g) (Figura 1). Cabe salientar que essas formulações apresentaram os menores (F1) e maiores valores (F4) de PT, FT e CT, quando comparadas os valores dos três parâmetros em conjunto. No entanto, a amostra com a maior concentração do aditivo erva-mate (F8) (10% de polpa de manga e 30 % extrato de erva-mate) apresentou o maior valor de PT (178,53 mg/g) e de FT (62,54 mg/g), dentre todas as amostras, provavelmente devido aos valores de TP e TF do extrato de erva-mate ser superior ao da polpa de manga (Tabela 2). Comportamento semelhante foi observado quando comparados os valores de CT, em que a formulação F6 (20% de polpa de manga e erva-mate 15% de extrato) apresentou a mais alta concentração (48,10 µg/g), seguido pela formulação F4 (17,1% de polpa de manga e 25,6% de extrato de erva-mate), com 40,56 µg/g (Figura 1, Tabela 1), devido à concentração de carotenóides na polpa de manga ser superior ao do extrato de erva-mate (Tabela 2). Quando comparadas as formulações contendo apenas polpa de manga (F7) e somente extrato de erva-mate (F5), observou-se que a F7 apresentou maiores concentrações de CT (34,22 µg/g), enquanto F5 apresentou maiores valores de PT (87,76 mg/g) e de FT (47,91 mg/g) (Figura 1). Esses resultados sugerem que as formulações com os maiores teores de PT e FT (F8) ou as que possuem os maiores valores dos três parâmetros em conjunto (F4) também resultaram nas melhores ações antioxidantes. As 11 formulações de biofilmes de fécula de mandioca com diferentes teores dos aditivos foram usadas para armazenar azeite de dendê sendo monitoradas nos dias 7, 15, 30 e 45 dias de armazenamento a 30ºC e 63%UR (Tabela 3). Após 45 dias de armazenamento, as amostras das formulações de biofilmes apresentaram perdas significativas nos PT, FT e CT (Figura 2, Tabela 3, 82 ANEXO III), demonstrando que mesmo após este período de armazenamento os compostos ativos dos aditivos permaneceram viáveis nos biofilmes. A formulação F1 apresentou a menor redução no conteúdo de PT, FT e CT em conjunto, após 45 dias de armazenamento do produto embalado (22,33 mg/g, 6,62 mg/g e 6,23 µg/g respectivamente). A formulação F8 apresentou a maior redução de PT e FT (25,55 mg/g e 17,11 mg/g, respectivamente) (Figura 1, Tabela 3), após 45 dias de armazenamento. A amostra F6 apresentou a maior redução no conteúdo de CT (11,67 µg/g) após 45 dias (Figura 1, Tabela 3). Estes resultados indicam que, quanto maiores as concentrações de aditivos, maiores as perdas de compostos antioxidantes durante armazenamento. Comparando as formulações F7 e F5 após os 45 dias de armazenamento, observa-se que a formulação F7 apresentou uma menor redução no conteúdo de PT (22,10 mg/g) e FT (9,95mg/g) do que F5 (23,92 mg/g e 10,52 mg/g, respectivamente) (Tabela 3). A formulação F5 apresentou uma menor redução no conteúdo de CT (6,20 µg/g) quando comparado à formulação F7 (6,51 µg/g), (Figura 1, Tabela 3). Todos os parâmetros avaliados nos biofilmes (PT, FT e CT) apresentaram uma diminuição gradual ao longo do armazenamento do produto embalado por 45 dias, e os decréscimos mais acentuados foram constatados entre 0 e 7º dia de armazenamento do azeite de dendê (Figura 2). A incorporação de aditivos naturais à embalagem biodegradáveis já foi realizada. GRISI et al., (2008) ao embalar óleo de soja com biofilmes contendo o fruto do dendê e azeite de dendê como aditivos antioxidantes, após 90 dias de armazenamento relatam uma perda no teor de carotenóides dos biofilmes variando de 79,90-99,60%. SILVA (2009), ao embalar azeite de dendê em biofilmes contendo pó de cacau e extrato de café, relatou que todas as amostras apresentaram perdas nos teores de polifenóis e flavonóides totais variando de 15,70-34,98% e de 16,5032,76%, respectivamente, indicando que, mesmo após 45 de estocagem, parte dos compostos antioxidantes permanecem estáveis nos biofilmes. SOUZA et al., (2011) avaliaram o comportamento do azeite de dendê embalado em filmes a base de fécula de mandioca, plastificantes e incorporados com polpas de manga e de acerola como fontes de compostos ativos. A partir do estudo foi verificado que após 45 dias de armazenamento, as formulações de biofilmes apresentaram perdas nos CT, PT e VC variando de 24,53 a 43,60%, 17,80 a 36,12% e 69,50 a 85%, respectivamente. 83 Tabela 3: Redução nos dos teores de Polifenóis Totais (PT) em mg/g e em percentual, de Flavonóides Totais (FT) em mg/g (em percentual) e de Carotenóides Totais (CT) em µg/g (em percentual) das 11 formulações de biofilmes durante armazenamento do produto embalado nos intervalos 0 - 7, 0 - 15, 0 - 30 e 0 - 45 dias. Biofilmes Adição Antioxidante *F F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9(c) F10(c) F11(c) Redução PT mg/g (%) Redução FT mg/g (%) Redução CT µg/g (%) X1(%) X2 (%) 0-7 0-15 0-30 0-45 0-7 0-15 0-30 0-45 0-7 0-15 0-30 0-45 -1,00 (2,90) -1,00 (2,90) 1,00 (17,10) 1,00 (17,10) -1,41 (0,00) 1,41 (20,00) 0,00 (10,00) 0,00 (10,00) 0,00 (10,00) 0,00 (10,00) 0,00 (10,00) -1,00 (4,40) 1,00 (25,60) -1,00 (4,40) 1,00 (25,60) 0,00 (15,00) 0,00 (15,00) -1,41 (0,00) 1,41 (30,00) 0,00 (15,00) 0,00 (15,00) 0,00 (15,00) 10,90e (25,11) 13,54b (10,80) 11,08a (16,95) 12,56d (8,64) 11,98c (13,65) 11,35b,d (10,68) 10,67a (27,21) 13,60d (7,61) 12,50e,f (12,55) 12,54c,f (16,88) 12,43e,f (13,26) 13,16e (30,31) 16,24b,c (12,95) 13,78e (23,56) 15,26d (10,50) 14,68b (16,72) 13,56c (12,81) 12,93a (32,96) 16,30c,d (9,13) 15,40c (15,46) 15,24c (20,51) 15,13c (16,14) 19,15e,f (44,11) 22,00b,c (17,54) 19,15a,e (28,27) 21,25d (14,61) 20,50b (23,36) 19,55c,d (18,47) 18,92f (48,24) 22,29b,c (12,48) 21,19e,f (21,27) 21,23c,f (28,57) 21,12e,f (22,53) 22,33e (51,44) 25,48b (20,31) 22,98a (6,16) 24,50d (16,85) 23,92c (27,25) 22,71b,d (21,46) 22,10a (56,34) 25,55d (14,31) 24,61e,f (24,71) 24,45c,f (32,91) 24,36e,f (25,99) 1,79e (7,70) 9,56b (21,27) 6,64a (43,26) 11,69d (19,51) 4,44c (3,01) 9,92b,d (21,76) 3,84a (36,99) 10,07d (16,10) 4,73e,f (17,90) 5,63c,f (20,73) 4,79e,f (18,23) 3,05e (13,12) 10,82b,c (24,07) 7,90e (51,46) 12,95d (21,61) 6,70b (5,63) 11,18c (24,53) 5,10a (49,13) 12,33c,d (19,71) 5,97c (22,60) 5,02c (18,48) 6,00c (22,83) 5,16e (22,20) 14,22b,c (31,63) 13,39e (87,23) 16,19d (27,01) 9,73b (11,95) 14,52c (31,84) 8,18a (78,80) 15,01c,d (24,00) 9,25c (35,02) 10,21c (37,59) 9,04c (34,39) 6,62f (28,48) 16,75b (37,26) 14,23d (92,70) 18,25c (30,45) 10,52b (21,96) 16,03c,e (35,16) 9,95a (95,85) 17,11e (27,35) 11,19f,g (42,37) 12,07g (44,44) 10,94f (41,62) 1,04a (4,92) 1,20b (5,44) 1,42c (3,59) 5,46d (13,46) 1,01a (21,95) 6,00d (12,47) 1,32c (3,86) 4,30e (12,98) 3,95e,f (11,45) 2,57f (7,46) 1,86f (5,38) 1,45a (6,85) 1,48a (6,70) 1,76b (4,45) 5,94c (14,64) 1,40a (21,80) 6,48c (14,14) 1,64b (4,79) 4,78e (14,42) 3,97e,f (11,50) 3,05f (8,85) 2,13f (6,16) 5,26f (24,86) 5,42b (24,55) 5,64c,d (14,28) 10,16b,c (25,04) 5,23e,f (81,46) 10,70d (22,24) 5,54a,e (16,18) 9,97b,c (30,09) 8,17f (23,68) 7,27f (21,09) 6,35f (18,37) 6,23a (29,45) 6,39b (28,85) 6,61c,e (16,73) 11,13e (27,44) 6,20f (96,57) 11,67c (24,26) 6,51d (19,02) 9,00b (27,17) 9,14f (26,49) 8,24f (23,91) 7,32d,f (21,18) *F: Formulações. X1 e X2: Concentrações das Polpas de Manga e Erva-Mate na formulação dos biofilmes respectivamente. (c): Pontos Centrais.Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas (p>0.05) pelo Teste de Tukey. 84 Figura 2: Comportamento das reduções nos teores de Polifenóis Totais (PT) (mg/g), Flavonóides Totais (FT) (mg/g) e Carotenóides Totais (CT) (µg/g) dos biofilmes durante os 45 dias de armazenamento. 85 Tabela 4: Equações do modelo e R2 (coeficiente de determinação) para a redução de Polifenóis totais (PT) (mg/g), Flavonóides Totais (FT) (mg/g) e Carotenóides Totais (CT) (µg/g) dos filmes e do Índice de Peróxido (IP, meq / kg) do produto embalado após 45 dias de armazenamento, X1= polpa de manga, X2= extrato de erva-mate. Produto Embalado/Biofilme Parâmetros Equação Biofilme R2 Parâmetros Equação R2 3,15 – 0,17X1 + 0,36X12 – 0,73X2 + 0,26X22 + 0,15X1X2 0,98 FT dia7 5,05 + 2,37X1 + 0,6X12 + 2,7X2 + 1,22X22 – 0,68X1X2 0,98 IP dia15 6,21 – 0,17X1 + 0,28X12 -0,57X2 + 0,25X22 + 0,14X1X2 0,98 FT dia15 5,6 + 2,37X1 + 0,85X12 + 2,9X2 + 1,73X22 – 0,68X1X2 0,98 IP dia30 11,69 - 0,23X1 + 0,32X12 -1,42X2 + 0,57X22 + 0,14X1X2 0,98 FT dia30 9,5 + 2,82X1 + 0,6X12 + 2,68X2 + 1,39X22 -1,5X1X2 0,98 IP dia45 23,37- 0,17X1 + 0,36X12- 0,73X2 + 0,26X22 + 0,14X1X2 0,98 FT dia45 11+ 2,46X1 + 0,70X12 + 3,03X2 + 1,33X22 -1,5X1X2 0,98 PT dia7 12,5 – 0,22X1 – 0,39X12 + 1,03X2 – 0,14X22 – 0,3X1X2 0,98 CT dia7 2,6 + 1,35X1 + 0,33X12 + 0,93X2 -,0,03X22 + 0,91X1X2 0,99 PT dia15 15,2 – 0,24X1 – 0,5X12 + 1,16X2 – 0,26X22 – 0,4X1X2 0,98 CT dia15 3,1 + 1,60X1 + 0,1X12 + 1,19X2 – 0,24X22 + 1,09X1X2 0,99 IP dia7 PT dia30 21,2 – 0,3X1 – 0,56X12 + 1,21X2 – 0,27X22 – 0,2X1X2 0,98 CT dia30 7,26 + 1,60X1 + 0,1X12 + 1,19X2 -0,24X22 + 1,09X1X2 0,99 PT dia45 24,4 – 0,25X1 – 0,5X12 + 1,2X2 – 0,3X22 – 0,40X1X2 0,98 CT dia45 8,23 + 1,60X1 + 0,1X12 + 1,19X2 -0,24X22 + 1,09X1X2 0,99 86 O tratamento dos dados experimentais durante estocagem do azeite de dendê nas diferentes formulações de fécula de mandioca incorporados com os aditivos polpa de manga e extrato de erva-mate que apresentaram diferença significativa após 7, 15, 30 e 45 dias de armazenamento (PT, FT e CT), resultaram em uma equação polinomial de segunda ordem, representada pela equação modelo para a redução dos Polifenóis Totais (PT mg/g), Flavonóides Totais (FT mg/g) e Carotenóides Totais (CT µg/g) (Tabela 4, ANEXO I) dos biofilmes, em função das variáveis polpa de manga (%, X1), extrato de erva-mate (%, X2) e a interação entre elas (X1 X2). De acordo com as equações observou-se que a redução na concentração de PT, FT e CT das formulações dos biofilmes apresentam uma dependência tanto linear quanto quadrática das concentrações de polpas de manga e de extrato de erva-mate, assim como, da interação entre ambas as variáveis independentes (X1X2) (Tabela 4). As Figuras 3A, 3B e 3C representam os gráficos da superfície de resposta para a diminuição dos teores de PT, FT e CT dos biofilmes durante após 45 dias de armazenamento, respectivamente. Observou-se que o efeito combinado de manga e erva-mate fornece dados que podem ser usados para visualizar os valores máximos desses parâmetros (TP, TF e TC) nos filmes. Neste caso, há uma aparente relação linear entre a concentração de erva-mate e o aumento da concentração dos compostos ativos. Vale salientar também que os teores de PT oriundos do extrato de ervamate apresentaram uma ação antioxidante maior (24,28 a 61,6%) durante a estocagem quando comparados aos teores de PT oriundos da polpa de manga, (8,89 a 23,87%). O mesmo comportamento foi observado para os teores de FT e o inverso para os teores de CT, entretanto, ambos menos pronunciados quando comparados a PT (Figura 3, ANEXO I). 87 A B C Figura 3: Superfícies de resposta da redução de Polifenóis Totais (A) (PT) (mg/g), Flavonóides Totais (B) (FT) (mg/g) e Carotenóides Totais (C) (CT) (µg/g) dos biofilmes após 45 dias de estocagem do azeite de dendê. 88 3.2 Monitoramento da estabilidade do produto embalado nos biofilmes e nos controles durante armazenamento O teor de carotenóides totais (CT) do azeite de dendê embalado foi monitorado aos 7, 15, 30 e 45 dias (Tabela 5). O Índice de peróxidos (IP) do azeite de dendê foi monitorado aos 7, 15, 30, 45, 60 e 90 dias, de forma a verificar melhor as etapas de oxidação: iniciação, propagação e terminação (Figura 4, Tabela 5, ANEXO III). Como esperado, após os 45 dias de armazenamento, do produto embalado nas diferentes formulações de biofilmes apresentou uma diminuição no teor inicial de carotenóides totais e um aumento no índice de peróxidos. O azeite de dendê embalado nos biofilmes com os aditivos (polpa de manga e extrato de erva-mate) apresentou um menor aumento no índice de peróxidos quando comparados aos apresentados pelo produto embalado com os três controles, indicando a eficácia da polpa de manga e do extrato de erva-mate como aditivos com ação antioxidante (Figura4, Tabela 5). Este efeito pode ser considerado dependente da concentração, porque o azeite de dendê embalado em F1 (baixas concentrações de ambos os aditivos) apresentou um maior valor de oxidação (IP = 107,0 meq / kg) em relação ao azeite embalado em F4 (alta concentração de aditivos) (IP=87,50 meq/kg), (p<0,05) durante as mesmas condições de armazenamento (Tabela 5). Quando comparados os resultados das 11 formulações entre si, constatase que o azeite de dendê embalado na formulação F8 apresenta os menores índices de peróxidos, (86,72 meq/kg) após 45 dias (Tabela 5). A formulação F7 (somente polpa de manga) apresentou valores do índice de peróxidos do produto embalado maior (IP= 110,4 meq/kg) que o azeite embalado em F5 (somente extrato de erva-mate) (IP= 105,47 meq/kg). Isso mostra um leve efeito protetor maior dos compostos fenólicos existentes em maior concentração no extrato da erva-mate (Tabela 5). 89 Tabela 5: Aumentos nos teores de Índice de Peróxido (IP) em meq/kg (em percentual), Hexanal (HE) em mg/mL (em percentual) e de Dienos Conjugados (DC) em mg/100g (em percentual); e redução de Carotenóides Totais (CT) em µg/g (em percentual), do azeite de dendê embalado nas diferentes formulações de biofilmes durante armazenamento nos intervalos 0 - 7, 0 - 15, 0 - 30 e 0 - 45 dias. Produto Embalado (azeite de dendê) F Aumento IP meq/kg (%) 0-7 0-15 0-30 0-45 0-7 0-15 0-30 0-45 0-45 0-45 89,39 (889,16) 133,81 (1333,0) a 156,69 (1558,1) a 223,83 (35,10) a,b 246,66 (38,69) a 293,67 (46,06) a 324,06 (50,83) c 100,56 (1003,1) a 150,82 (1500,2) b 170,00 (1690,1) b 237,50 (37,25) b 279,77 (43,88) b 322,13 (50,52) b 347,08 (54,44) d c c c 133,48 (1327,7) 154,33 (1536,3) 243,45 (38,31) c 87,71 (873,31) 287,93 (45,32) 309,72 (48,75) c,d e,h,i a,d a 78,86 (12,38) a,e 107,0 (1063,0) 107,1 (16,81) 0,56 (55,77) c e,h,i 87,50 (869,43) 42,72 (424,39) C2 54,04 (538,57) C3 42,51 (423,26) F1 20,89 (207,55) F2 14,23 (141,39) F3 18,95 (188,05) F4 14,40 (142,78) a b a,e,f,g 48,73 78,85 (483,15) (783,40) a,e,f,g 38,70 64,86 (384,53) (644,47) b,e,g 47,72 (473,55) g 38,92 (385,91) e,f 100,86 (1000,8) e 67,30 (667,32) f,g,i 87,50 (867,62) 48,17 (477,59) e,g 46,66 (464,00) a,e,f,g 50,96 (505,25) 14,00 (138,82) g 37,89 (375,70) 15,08 (149,64) e,g F10(c) 14,46a,e,f,g (143,68) 18,21 (181,08) F7 21,63 (214,46) F8 F9(c) a,e,f 15,49 (153,88) d,i 76,74 (761,53) 18,95 (187,88) F6 e,h,i d,e a,e,f,g F5 c a,f e c 84,91 (841,86) e 63,42 (628,85) 41,38 (410,63) e 39,25 (390,00) c 39,21 (389,52) 75,94 (755,17) f,g 96,93 (963,90) d,h,i 110,4 (1094,5) g 86,72 (859,89) 73,16 (726,00) g 91,85 (911,48) 69,79f (693,46) ,g,j 91,64 (910,57) e,h,j 88,94 (883,56) f 3,38 (336,66) a 64,87 (10,50) a 87,31 (14,14) d,e 0,37 (36,85) 47,71 (7,61) d 76,75 (12,23) a 100,87 (16,08) d 0,36 (35,85) d 67,31 (10,84) a 87,51 (14,10) d 0,25 (24,90) a,d 77,60 (12,39) a 105,4 (16,85) a,d 75,95 (11,95) a 96,92 (15,25) d 0,30 (29,88) a,d 84,92 (13,56) a 110,0 (17,64) d,e 0,40 (39,84) 37,90 (6,10) a,d 63,43 (10,22) a 86,71 (13,97) d 0,31 (30,90) 41,39 (6,59) a 73,15 (11,66) a 91,86 (14,64) d 0,34 (33,86) d d 38,93 (6,27) a,d,e 48,18 (7,69) d,e 46,65 (7,34) 18,96 (3,02) 18,22 (2,86) a,d,e 21,64 (3,45) f 13,99 (2,25) f 15,09 (2,40) f,g c a,d d,e,i f,g 0,83 (82,55) 21,54 (2145,48) 38,69 (6,27) 14,41 (2,32) 105,47 (1045,7) c b d,e 14,24 (2,30) f 77,59 (769,28) 0,77 (76,22) 48,74 (7,65) 18,96 (3,02) a,d b 17,93 (1785,92) a,e 20,90 (3,28) d,i a,c 68,05 (676,03) 214,87 (33,82) a Aumento DC mg/100g (%) a,b C1 F11(c) Redução CT µg/g (%) Aumento HE µg/mL (%) d,e d,e 50,97 (8,14) d,e d d c 0,70 (68,92) d 0,51 (50,94) d 0,33 (33,38) 0,40 (39,93) d 0,37 (37,06) d 0,37 (36,85) e e e,f 0,36 (35,83) d 0,44 (43,95) d 0,55 (54,55) d 0,32 (32,03) d 0,38 (37,55) d 0,40 (46,64) d 0,39 (42,99) 39,26 (6,36) a 69,80 (11,30) a 91,63 (14,84) d 0,34 (33,86) d,e 39,22 (6,15) a 68,04 (10,68) a 88,95 (13,96) d 0,35 (34,86) 15,50 (2,43) b d d 14,48 (2,34) a e e,f e e e e F: Formulações. (c): Pontos Centrais. Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas (p>0.05) pelo Teste de Tukey. 90 Vale salientar também que o azeite de dendê embalado com Polietileno de Baixa Densidade (C1), o exposto ao ar (sem embalagem, C2), e o embalado na formulação sem aditivos (C3) após 90 dias passaram pelos 3 estágios oxidativos, enquanto o azeite de dendê embalado em todas as formulações contando os diferentes teores dos aditivos permaneceram no estagio de iniciação da oxidação (Figura 4). Figura 4: Comportamento do aumento do Índice de Peróxidos (meq/kg) do azeite de dendê embalados nos biofilmes (F1 a F11) e nos controles, C1 (PEBD), C2 (produto sem embalagem) e C3 (filmes sem aditivos) após 90 dias de armazenamento. O IP foi o único parâmetro com diferença estatística significativa (p<0,05) no monitoramento da estabilidade do produto embalado durante toda a estocagem (Figura 6 ANEXO I). Os resultados obtidos podem confirmar outros trabalhos, indicando que a adição de uma alta concentração de antioxidantes resulta em maior eficácia antioxidante. Resultados semelhantes foram relatados por GRISI et al., (2008), 91 em que os biofilmes contendo teores máximos de azeite de dendê e fruto do dendê, resultaram em menores perdas no teor de carotenóides totais do produto embalado, indicando que as amostras embaladas em biofilmes contendo maiores teores de antioxidantes apresentam também maior estabilidade contra a oxidação. SILVA et. al., (2009) verificaram que após 45 dias de armazenamento do azeite de dendê embalado com os biofilmes, os que continham as maiores concentrações dos aditivos antioxidantes cacau e café, apresentaram os menores índices de oxidação do produto embalado. SOUZA et. al., (2011) verificaram que no gráfico da superfície de resposta, o ponto de máximo aumento do IP do azeite de dendê embalado nos biofilmes corresponde ao de mínima concentração de polpas de manga e de acerola, e o ponto de mínimo aumento do IP foi o de máxima concentração de ambas as polpas. Os resultados também indicaram que mesmo sem os aditivos antioxidantes, os filmes de fécula de mandioca têm um efeito protetor maior da oxidação do azeite quando comparado aos filmes de PEBD. Estes resultados mostram que os filmes de fécula de mandioca podem representar uma barreira mais eficaz ao oxigênio do que os filmes de PEBD (Figura 4, Tabela 5). Os resultados não apresentaram diferença significativa em relação aos teores de CT do produto embalado nas diferentes formulações de biofilmes com incorporação de polpa de manga e extrato de erva-mate (ANEXO I Figura 6). No entanto, a formulação F8 apresentou as menores perdas em CT do azeite de dendê, confirmando, portanto, ser mais eficaz na proteção contra a oxidação. O aumento no Índice de Peróxidos (IP, meq / kg) do azeite de dendê embalado nas diferentes formulações de biofilmes, apresentou diferença significativa após 7, 15, 30 e 45 dias de armazenamento (ANEXO I), e resultou em uma equação polinomial de segunda ordem, em função da incorporação de diferentes teores de polpa de manga (%, X1) e de erva-mate (%, X2) nos biofilmes (Tabela 4). O aumento deste parâmetro depende tanto linear quanto quadraticamente das concentrações de polpas de manga e extrato de erva-mate e também da interação entre ambas as variáveis independentes (X1X2). 92 A Figura 5 representa o gráfico da superfície de resposta para o aumento do índice de peróxidos do produto embalado nas diferentes formulações de biofilmes após 45 dias de armazenamento. O gráfico indica que o ponto de mínimo aumento de IP corresponde à concentração máxima de erva-mate. Figura 5: Superfície de resposta do aumento do Índice de Peróxido (IP) (meq/kg) após 45 dias de armazenamento. Os teores de Carotenóides Totais, Índice de Peróxidos, Hexanal e Dienos Conjugados do azeite de dendê embalado nas formulações de biofilmes e nos controles, após 45 dias de armazenamento, estão comparados na Figura 6. Os teores de HE e DC do produto embalado nas diferentes formulações de biofilmes, também não apresentaram diferença significativa (p>0,05) durante armazenamento (ANEXO I). Entretanto, constata-se que após 45 dias de estocagem, o produto embalado em todas as formulações de biofilmes com diferentes incorporações dos aditivos apresentou um menor aumento nos teores de IP, HE e DC quando comparados com os três controles (p<0,05) (Tabela 4, Figura 6, ANEXO III, ANEXO V). 93 Figura 6: Teor de Carotenóides Totais (CT) (µg/g), Índice de Peróxidos (IP) (meq/kg), Hexanal (HE) (ug/mL) e Dienos Conjugados (DC) (mg/100g) do azeite de dendê embalado nas formulações de biofilmes e nos controles, após 45 dias de armazenamento. 94 3.3 Correlações entre os parâmetros das formulações de biofilmes e do produto embalado durante o armazenamento Diante dos resultados acima foi possível concluir que provavelmente o extrato de erva-mate contribui mais para o efeito protetor contra a oxidação, quando comparado ao efeito da polpa de manga (Tabela 4). No entanto, a interação entre ambas as variáveis independentes (X1X2) foi um fator significante, demonstrando que à medida que aumenta a concentração dos compostos ativos incorporados na embalagem, aumenta a proteção contra a oxidação do produto embalado. A velocidade de oxidação é acelerada com o aumento da concentração de oxigênio, e como o mesmo passa primeiro pela matriz polimérica para depois entrar em contato com o produto embalado, provavelmente, os biofilmes que contém maiores teores dos antioxidantes reagiram mais com o oxigênio, deixando uma menor quantidade de oxigênio disponível para reagir com o produto embalado apresentando, portanto, uma maior porcentagem de perda dos antioxidantes do biofilme e conseqüente menor oxidação do produto embalado. A Figura 7 mostra as correlações lineares entre os diferentes parâmetros avaliados dos biofilmes e do produto embalado ao longo do armazenamento, juntamente com os valores dos coeficientes de determinação (R2) para os percentuais de aumento e redução dos parâmetros analisados das formulações dos biofilmes e do produto embalado. Os percentuais de redução de CT, FT e PT dos biofilmes são inversamente proporcionais as diminuições de CT e aos aumentos de IP, HE e DC do produto embalado. De maneira geral, os PT e FT dos biofilmes apresentam maiores correlações com esses parâmetros do que os CT (Figuras 7 e 8). 95 Figura 7: Correlações lineares entre percentuais dos parâmetros dos biofilmes: Polifenóis Totais (PT) (mg/g), Flavonóides Totais (PT) (mg/g) e Carotenóides Totais (CT) (µg/g) vs os dos produtos embalados nas diferentes formulações, após 45 dias de armazenamento. 96 Isto mais uma vez confirma a maior eficácia dos compostos fenólicos incorporados aos biofilmes quando comparado aos CT. Portanto, como a ervamate é uma maior fonte de PT e FT do que a polpa de manga (Tabela 2), os produtos embalados nos biofilmes com os maiores teores deste extrato foram mais protegidos da oxidação. Quanto mais próximo de 1 é o valor de R2 maior é a correlação entre as análises, dessa forma, existe uma maior correlação entre a redução do percentual dos teores de PT e FT do biofilme e o percentual de aumento do IP do produto embalado (Figura 7 e 8). Avaliando a interação dos percentuais de redução dos parâmetros monitorados nas formulações dos biofilmes (CT, PT e FT) com os percentuais de aumento do IP do produto embalado, observou-se que à medida que aumentam as perdas de CT, PT e FT nas formulações dos biofilmes ocorre uma redução no aumento do IP do produto embalado, demonstrando que quanto maiores os percentuais de redução dos antioxidantes, menor será a oxidação, indicando assim, que ao invés do produto, o filme é quem está sofrendo oxidação (perda de compostos ativos) (Figura 8). Aumento IP - produto embalado meq/kg 115 110 R² = 0,9452 105 PT R² = 0,9162 100 FT 95 90 CT 85 R² = 0,7045 80 4 9 14 19 24 29 Parâmetros - biofilmes Figura 8: Interação dos percentuais de redução dos parâmetros analisados nas formulações dos biofilmes: Polifenóis Totais (PT) (mg/g), Flavonóides Totais (FT) (mg/g) e Carotenóides Totais (CT) (µg/g) com a porcentagem de aumento no teor do IP do produto embalado nas diferentes formulações, após 45 dias de armazenamento. 97 Portanto, filmes flexíveis comestíveis produzidos pela incorporação de polpa de manga e de extrato de erva-mate a matriz fécula de mandioca plastificado com glicerol, podem combinar ação antioxidante, alem de proporcionar cor característica aos biofilmes devido aos pigmentos presentes, resultando também em filmes com flavor característico(s) do(s) aditivo(s), devido a incorporação simultânea de compostos voláteis. As propriedades mecânicas e de barreira ao vapor de água também podem ser significativamente alteradas dependendo da quantidade do(s) aditivo(s) incorporado a matriz, e precisam ser investigadas. 4 Conclusões A incorporação da polpa de manga e de extrato aquoso de erva-mate em filmes biodegradáveis comestíveis a base de amido de mandioca e plastificante glicerol elaborados por casting, contribuiu para a diminuição da oxidação do azeite de dendê embalado no biomaterial durante os 45 dias de armazenamento. Os compostos fenólicos, flavonóides e carotenóides desempenharam um papel importante na ação antioxidante dos biofilmes. Os filmes com maor quantidade de extrato de erva-mate exibiram propriedades antioxidantes mais eficazes em relação aos filmes com polpa de manga, sendo a formulação F8 a mais indicada para embalar o azeite de dendê. Estes resultados sugerem que a inibição da oxidação por aditivos naturais depende principalmente dos compostos fenólicos. Novos trabalhos poderão testar o efeito da incorporação dos aditivos antioxidantes em outros filmes biodegradáveis, ou em matriz de polímeros sintéticos. Referências ALBU, S.; JOYCE, E.; PANIWNIK, L.; LORIMER, J. P.; MASON, T. J. Potential for the use of ultrasound in the extraction of antioxidants from Rosmarinus officinalis for the food and pharmaceutical industry. Ultrasonics Sonochemistry, v. 11, p. 261-265, 2004. AMSTALDEN, L. C.; LEITE, F.; MENEZES, H.C. Identificação e quantificação de voláteis de café através de cromatografia gasosa de alta resolução/espectrometria 98 de massas empregando um amostrador automático de “headspace”. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 21, p. 123-128, 2001. AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis Cd 8b-90. 2000. AOCS. American Oil Chemists Society. Official method of analysis Ti 1a-64. Spectrophotometric determination of conjugated dienoic acid. 1993. ATOUI, A. K.; MANSOURI, A.; BOSKOU, G.; KEFALAS, P. 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Effect on cassava starch–gelatin film mechanical properties, hydrophilicity and water activity. Food Chemistry, v. 103, p. 255-262, 2007. 102 Capítulo III Caracterização de filmes biodegradáveis a base de fécula de mandioca e incorporados com polpa de manga e extrato de erva-mate. 103 Capítulo III Caracterização de filmes biodegradáveis a base de fécula de mandioca e incorporados com polpa de manga e extrato de erva-mate. Resumo Os filmes comestíveis à base de fécula de mandioca obtidos por moldagem ou “casting” se caracterizam por apresentar pobres propriedades mecânicas e alta permeabilidade ao vapor de água. Entretanto, o baixo custo e disponibilidade da matéria-prima no Brasil justificam os esforços para viabiliza-los. O estudo avaliou o efeito da incorporação de diferentes quantidades de polpa de manga e extrato de erva-mate como aditivos ativos de biofilmes de fécula de mandioca. A metodologia utilizada para formular os biofilmes contendo diferentes concentrações de aditivos, foi o delineamento estatístico de superfície de resposta 22 x estrela, totalizando 11 formulações. O efeito dos aditivos depois de incorporados a matriz foi avaliado através das análises de sólidos totais, espessura, permeabilidade ao vapor de água, resistência à tração e percentual de alongamento. Biofilmes de fécula de mandioca sem os aditivos foram usados como controle (C). A incorporação dos aditivos provocou mudanças nas características físico-químicas e mecânicas dos filmes, com variações na espessura (de -1,77 a +10,62%), nos sólidos totais (de -0,33 a -4,12%), na umidade (de +2,59 a +32,68%), na permeabilidade ao vapor de água (de -33,26 até +11,05%), na elongação (de -1,31 até -21,53%) e na resistência à tração (de 25,09 até -74,72%). As formulações com as maiores concentrações de polpa de manga apresentaram o maior percentual de elongação enquanto que à medida que ocorre um aumento na concentração de extrato de erva-mate incorporados à matriz, este percentual cai drasticamente até alcançar um valor mínimo. Estes parâmetros são importantes para entender o comportamento dos biofilmes depois da adição dos aditivos ativos. Palavras Chaves: Filmes comestíveis, embalagens de alimentos, propriedades mecânicas, polpa de manga, erva-mate. 104 Characterization of biodegradable films based on cassava starch and incorporated with the mango pulp and yerba mate extract. Abstract The cassava starch edible films obtained by the casting technique results in poor mechanical properties and high water vapor permeability. However, their low cost and availability in Brazil justifies the efforts to make starch a feasible raw material for biodegradable films production. Biodegradables films have been developed by adding mango pulp and yerba mate extracts in different concentrations as antioxidants active compounds to cassava starch based biodegradable films. For biofilm preparation, a central composite experimental design was used, totalizing 11 samples containing different additives concentration. Cassava starch films without additives (C), served as controls. The incorporation of additives also caused changes in the physico-chemical and mechanical properties of films with variations in thickness (from -1.77 to +10.62%) in total solids (from -0.33 to 4.12%), moisture (from +2.59 to +32.68%), permeability to water vapor (from 33.26 to +11.05%), elongation (from -1.31 to -21, 53%) and tensile strength (from 25.09 to -74.72%). Therefore, the incorporation of the mango pulp extract of yerba mate in biofilms of cassava starch results in a pronounced protective effect against lipid oxidation, altering the physico-chemical and mechanical properties of biofilms. The presence of mango pulp fibers is thought to increase the tortuosity in the materials leading to slower diffusion processes and, hence, to lower permeability. The study demonstrated that the properties of cassava starch biodegradable films can be significantly altered through of mango pulp and yerba mate extracts incorpored. Keywords: biodegradable film, food packaging, mechanical properties, mango pulp, yerba mate. 105 1 Introdução A conservação de alimentos exige, normalmente, tratamentos físicos ou químicos para manter ou aumentar a sua vida-de-prateleira. A utilização de embalagem, rígida ou flexível, é imprescindível, visto que esta tem que agir como uma barreira entre o ambiente externo e o alimento sem afetá-lo. Atualmente, a maioria das embalagens flexíveis é produzida com plásticos, isto é, de materiais sintéticos, que apesar de possuírem excelentes propriedades funcionais, são consideradas não-biodegradáveis e estão envolvidas em problemas ambientais (MENDIETA-TABOATA, 2008). Uma das soluções encontradas para amenizar este problema, particularmente na área de embalagens de alimentos, é o desenvolvimento de filmes ou biofilmes a partir de materiais renováveis que possam substituir os materiais sintéticos, sendo o amido considerado um polímero com elevado potencial para produzir biofilmes, por ser de baixo custo, alta disponibilidade, de fonte renovável e biodegradável. Porém o maior desafio da sua utilização é substituir as embalagens convencionais mantendo, com a mesma eficácia, a qualidade do produto, garantindo sua vida de prateleira através do controle de características mecânicas e de permeabilidade (RIGO, 2006). A formação de filmes e coberturas comestíveis está baseada na dispersão ou solubilização dos biopolímeros em um solvente (água, etanol ou ácidos orgânicos) e a incorporação de aditivos (plastificantes, agentes de ligação, etc.), obtendo-se uma solução ou dispersão filmogênica. O plastificante tem a finalidade de reduzir a característica quebradiça do material, reduzindo o número de interações entre as cadeias adjacentes e aumentando os espaços intermoleculares, enfim, tornando as ligações e interações entre as moléculas mais flexíveis, e consequentemente, melhorando a característica de extensibilidade do filme (CARR, 2007). Após o preparo da solução filmogênica, estes devem passar por uma operação de secagem para a formação dos filmes ou coberturas. Nesta etapa, ocorre o aumento da concentração do biopolímero na solução, devido à evaporação do solvente, e consequentemente a agregação das moléculas, levando a formação de uma rede tridimensional (GONTARD et al., 1992). 106 Estes filmes biodegradáveis oferecem algumas vantagens como: poderem ser consumidos em conjunto com o produto, são capazes de reter compostos aromáticos, podem carregar aditivos alimentícios ou componentes com atividade antioxidante, anti-bacteriana ou anti-fúngica e, finalmente, contribuir para minimizar a poluição ambiental. Porém o seu uso vai depender de suas propriedades funcionais (barreira à umidade, gases e solutos; solubilidade em água ou lipídeo; propriedades óticas; características mecânicas e reológicas e propriedades térmicas) que em princípio, dependem do polímero, do processo de obtenção e modo de aplicação, do condicionamento e da espessura do filme (VEIGASANTOS et al., 2007). Os métodos utilizados para a determinação das propriedades dos filmes e recobrimentos comestíveis são derivados dos métodos clássicos aplicados aos materiais sintéticos. Entretanto, estes métodos foram adaptados às características dos biofilmes, particularmente à sua grande sensibilidade à umidade relativa e à temperatura (GONTARD et al., 1992; CUQ et al., 1998; MOURA, 2008). Filmes obtidos de amidos, em sua maioria, apresentam boas características de barreira ao oxigênio, entretanto, uma série de limitações é observada com relação às suas características hidrofílicas e de permeabilidade ao vapor de água (CUQ et al., 1998; MATTA, 2011). As propriedades mecânicas dos biofilmes são características determinantes para a sua utilização como material de embalagem, devido ao manuseio a que estão sujeitos os produtos durante sua distribuição e comercialização. As propriedades funcionais dos biofilmes são fortemente influenciadas pelas condições de processos, pela formulação e pelo plastificante usado. As propriedades requeridas para os biofilmes dependem principalmente das características do produto que será embalado (MOURA, 2008; SANTOS, 2009), entretanto, baixa permeabilidade ao oxigênio é requerida em produtos sensíveis à oxidação como gorduras poliinsaturadas. Muitos trabalhos têm sido publicados utilizando amidos modificados, blendas de amido e polímeros sintéticos ou compósitos de amido com fibras vegetais, visando melhorar as propriedades mecânicas dos biomateriais preparados (SANTOS, 2009). O objetivo do trabalho foi analisar o efeito da incorporação de polpa de manga e extrato de erva-mate como aditivos antioxidantes em biofilmes formulados com fécula de mandioca através da avaliação das propriedades físico107 químicas e mecânicas dos mesmos. Um biofilme de fécula de mandioca sem a adição das polpas foi utilizado como controle. 2 Material e Métodos 2.1 Material Foram utilizados, fécula da mandioca (doado pela Cargill Agrícola SA), Glicerol P. A. (Labsynth, Diadema - SP), polpa de manga e erva-mate adquiridas em supermercados e casas de produtos naturais, respectivamente, em SalvadorBa. 2.2 Preparação dos Biofilmes Os filmes foram desenvolvidos por um delineamento estatístico de superfície de resposta, com um modelo de ordem (22) contendo 4 pontos axiais, 4 pontos ortogonais e 3 pontos centrais, totalizando 11 formulações. Para preparação da solução filmogênica, inicialmente foi utilizado um extrato aquoso de erva-mate obtido através da percolação de 2 litros de água destilada a 70°C sobre o pó de erva-mate (0-30% de pó de erva-mate, g/100 g), para extração ótima e preservação de compostos antioxidantes (BRAVO et al., 2007). Os filmes foram preparados segundo a técnica casting, onde inicialmente, dissolveu-se no extrato aquoso de erva-mate, a polpa de manga (0-20% g/100g), a fécula de mandioca (4%, g/100g) e o agente plastificante Glicerol P. A. (1%, g/100g). Posteriormente a solução foi aquecida até a temperatura de gelatinização do amido, 70C, sob agitação constante. A solução filmogênica foi pesada em Placas de Petri de poliestireno e desidratada em estufa com circulação de ar (35 2C) por 18 a 20 horas. Os biofilmes obtidos foram acondicionados (60%UR, 23°C) em dessecadores contendo solução saturada de nitrato de magnésio, por 2 dias, antes de serem caracterizados conforme adaptação da metodologia proposta por VEIGA - SANTOS & SCAMPARINI (2004). Para comparação foi utilizado um controle (C - biofilme de fécula de mandioca sem os aditivos). 108 2.3 Caracterização Mecânica dos Biofilmes 2.3.1 Espessura A espessura dos filmes pré-acondicionados (60% UR, 25°C) foi avaliada através da espessura média, de 6 medições em posições aleatórias, por meio de micrômetro digital Mitutoyo de ponta plana (com resolução de 1µm), em triplicata. 2.3.2 Propriedades Mecânicas O percentual de alongamento (PA) e a resistência à tração (RT) foram medidas usando uma Máquina Universal de Ensaio, EMIC – Linha DL 20.000 20KN, operando conforme as especificações da ASTM método padrão D882-00 (ASTM, 2001a), de acordo com VEIGA-SANTOS et al. (2005). Foram cortadas tiras (8 x 2,5 cm) dos filmes sob as condições de préacondicionamento (60% UR, 23C) e montadas entre as garras do equipamento. A espessura de cada amostra foi medida em quatro pontos, em posições aleatórias, com um micrômetro digital Mitutoyo de ponta plana. A posição inicial e a velocidade de separação das garras foram fixadas a 50 mm e 12,5 mm/min, respectivamente. Sete medidas foram feitas para cada amostra. Como parâmetro de comparação foram utilizadas tiras (8 x 2,5 cm) de filmes de fécula de mandioca (sem os aditivos) pré-acondicionados (60% UR, 23°C) nas mesmas condições de análise. 2.3.3 Permeabilidade ao Vapor de Água A taxa de permeabilidade ao vapor de água dos filmes pré-acondicionados (75% UR, 23°C) foi medida pelo método gravimétrico de acordo com a ASTM E104-85 (2001b), modificado por GONTARD et al., (1992). A umidade relativa fora da câmara foi de 75% (solução saturada de NaCl) e dentro, 0% (sílica seca). As amostras foram sucessivamente pesadas até que o peso da sílica aumentasse em 4%. Como o filme de amido é hidrofóbico, utilizou-se um corpo de prova 109 adicional, preparado sem dessecante (branco), que permitiu ser descontada ou acrescida à variação de peso do material. As análises foram realizadas em quadriplicata. A taxa de permeabilidade ao vapor de água (TPVA) foi calculada de acordo com a equação 1, onde w/t é o coeficiente angular da reta gerada pela perda de peso da amostra em função do tempo; X, é a espessura e A, é a área do filme (0,39m2). TPVA (w / t ) . X A (Equação 1) 2.3.4 Teor de Sólidos Totais O teor de sólidos totais das amostras pré-condicionadas (60% UR, 23°C) foi determinado após 24h de secagem a 105°C (POUPLIN et al., 1999). As análises foram realizadas em triplicata. 2.4 Análise Estatística Os valores reais e codificados para as polpas de manga (% m/m; X1) e de extrato de erva-mate (% m/m; X2) encontram-se na Tabela 1. Como forma de comparação dos resultados, foi utilizado um biofilme de fécula de mandioca sem a adição dos antioxidantes como controle (C). Os dados gerados foram tratados pela ANOVA e Teste de Tuckey para identificar se as alterações nos parâmetros avaliados foram significativas ao nível de 95% de significância. 110 Tabela 1. Valores codificados e reais do delineamento estatístico das variáveis independentes (teores de aditivos) incorporados às formulações de biofilmes de fécula de mandioca, (4 % m/m) e Glicerol, (1 % m/m). Valores codificados Formulações Polpa de Manga (X1) Extrato de Erva-Mate (X2) Valores reais (% m/m) Polpa de Extrato de Manga Erva-Mate F1 -1,00 -1,00 2,90 4,40 F2 -1,00 1,00 2,90 25,60 F3 1,00 -1,00 17,10 4,40 F4 1,00 1,00 17,10 25,60 F5 -1,41 0,00 0,00 15,00 F6 1,41 0,00 20,00 15,00 F7 0,00 -1,41 10,00 0,00 F8 0,00 1,41 10,00 30,00 F9 * 0,00 0,00 10,00 15,00 F10 * 0,00 0,00 10,00 15,00 F11 * 0,00 0,00 10,00 15,00 * Pontos centrais. 3 Resultados e Discussão Os resultados para as 11 formulações de biofilmes elaboradas com fécula de mandioca e diferentes teores de polpa de manga e extrato de erva-mate estão apresentados na Tabela 2. Os biofilmes foram elaborados a partir de valores pré-estabelecidos que os deixaram com espessuras semelhantes entre as diferentes formulações de biofilmes, que variaram de 0,111mm a 0,125mm. A incorporação dos diferentes teores dos aditivos na matriz plastificada com glicerol resultou em uma alteração de -1,77 a +10,62% na espessura dos biofilmes, quando comparados ao controle (Tabela 2). SHIMAZU et al. (2007), avaliaram filmes produzidos por casting formulados com amido de mandioca (3 g/ 100 g de solução filmogênica) e diferentes 111 concentrações de glicerol (0, 5, 10, 15, 30 e 40 g/100 g de amido). Foi verificado que a espessura dos filmes variou de 0,07 a 0,10 mm; e que filmes sem plastificante apresentaram espessura de 0,07 mm e, à medida que o teor de plastificante aumentou, as espessuras dos filmes chegaram a 0,10 mm. As espessuras de biofilmes formulados com fécula de mandioca, sacarose e açúcar invertido incorporados com diferentes concentrações de extrato de dendê e de azeite de dendê (GRISI et al., 2008), ou com cacau e extrato de café (SILVA, 2009), ou com polpa de manga e de acerola (SOUZA et al., 2011), variaram de 0,125 a 0,160 mm, de 0,113 a 0,143 mm, e 0,123mm a 0,141mm, respectivamente, sem diferenças significativas entre as diferentes formulações. GENNADIOS et al., (1996), desenvolveram biofilmes à base de ovoalbumina com concentrações variáveis de plastificante, e constataram que as espessuras variaram de 0,098 a 0,103 mm. As variações nos teores de sólidos totais apresentaram valores limites de 85,14% a 88,51%, com reduções entre 0,33 a 4,12% em relação ao filme sem os aditivos (Tabela 2). SOUZA et al., (2011) constataram variações significativas nos teores de sólidos totais de biofilmes formulados com fécula de mandioca incorporados com diferentes quantidades de polpa de manga e acerola, e entre as formulações e o controle, com valores limites de 80,24% a 84,97%. GRISI (2008) e SILVA (2009), não constataram diferenças significativas nos teores de sólidos totais de biofilmes formulados com fécula de mandioca incorporados com diferentes quantidades de extrato de dendê e azeite de dendê, e com diferentes teores de cacau e café, respectivamente. 112 Tabela 2: Médias (± desvio padrão) das análises de caracterização das formulações de biofilmes e controle (C). E (espessura mm); ST (sólidos totais - %); Umidade (%) e TPVA, (permeabilidade ao vapor de água - gH2O.µm/m2.h.mmHg). F E ± dp Alteração1 (%) F1 0,115± 0,24 a +1,77 85,14 ± 0,45 a -4,12 14,86 ± 0,92 a +32,68 9,55 x 10-8 ± 0,74d +11,05 F2 0,117 ± 0,35 a,b +3,54 85,99 ± 0,48 a -3,16 14,01 ± 0,61 b +25,09 6,52 x 10-8 ±0,3 a,b -24,19 +10,62 87,63 ± 1,34 c -1,32 12,37 ± 1,62 c ST ± dp Redução1 (%) Umidade ± dp Aumento1 (%) TPVA ± dp Alteração1 (%) b,c +10,45 6,01 x 10 ± 1.75 b -30,23 -8 F3 0,125± 0,21 F4 0,120 ± 0,63 c, d +6,19 88,23 ± 1,45 d -0,64 11,77 ± 1,43 c +5,09 5,75 x 10-8 ± 0,63a -33,14 F5 0,114 ± 0,21 a +0,88 85,20 ± 0,54 a -4,02 14,80 ± 0,96 a +32,14 6,86 x 10-8 ± 1,46 b -20,23 F6 0,111 ± 0,81 a -1,77 88,51 ± 0,52 d -0,33 11,49 ± 0,74 c +2,59 5,74 x 10-8 ± 0,37 a -33,26 F7 a -0,89 86,43 ± 1,36 b -2,67 13,57 ± 1,54 b 0,112 ± 0,17 +21,16 7,10 x 10 ± 0,38 b -17,44 -8 F8 0,118 ± 0,38 b,d,e +4,42 87,35 ± 1,85 c -1,63 12,65 ± 0,65 b,c +12,95 7,70 x 10-8 ± 0,63b -10,47 F9 * 0,122 ± 0,52 c, e +7,96 86,88 ± 0,14 b -2,16 13,12 ± 1,32 b +17,14 7,84 x 10-8 ± 1,47b, c -8,84 F10 * 0,121 ± 0,19 c, e +7,08 86,85 ± 1,96 b -2,20 13,15± 0,99 b +17,41 7,88 x 10-8 ± 0,06c -8,37 +9,73 b -2,18 b +17,32 7,85 x 10 ± 0,51 -8,72 - 8,60 x 10-8 ± 0,53 d,b - c F11 * 0,124 ± 0,38 C 0,113 ± 0,83 a - 86,86 ± 0,26 88,80 ± 0,27 d - 13,14 ± 1,06 11,20 ± 0,34 c -8 c Formulações (F); * Pontos Centrais; Controle (C). 1 Alteração, Aumento ou Redução em relação ao controle C. Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas (p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança. 113 De maneira geral, segundo teste de Tukey, as formulações com as maiores concentrações dos aditivos apresentaram diferenças significativas para os parâmetros espessura, sólidos totais, umidade e permeabilidade ao vapor de água, quando comparadas ao controle (Tabela 2). Para esses mesmos parâmetro, pela análise ANOVA, as diferenças entre as formulações não foram estatisticamente significativas (ANEXO II). A Tabela 3 mostra os valores de umidade e sólidos totais da polpa industrializada de manga e do extrato de erva-mate que foram incorporados aos biofilmes, bem como, os valores relatados na literatura. Pode-se constatar na Tabela 2 que os aditivos possuem diferenças nos teores de sólidos totais o que resulta na variação constatada nos sólidos totais e na umidade (aumentos de 2,59 a 32,68%) das formulações de biofilmes, dependendo dos teores de cada aditivo incorporado a matriz. Tabela 3: Teores de Umidade (%) e Sólidos Totais (%) da polpa industrializada de manga e do extrato de erva-mate incorporados aos biofilmes. Valores obtidos Parâmetros Extrato Polpa de de ErvaManga mate Valores referenciais Polpa de Manga Extrato de Erva-mate Umidade 86,64 93,14 82,11 a 86,5 92,51 a 93,95 Sólidos Totais 13,36 6,86 13,50 a 17,89 6,05 a 7,49 Fontes SALGADO et. al., (1999); TACO (2006); CAMPOS (1996) SALGADO et. al., (1999); TACO (2006); CAMPOS (1996) Para biofilmes obtidos a partir de purê de manga sem adição de plastificantes, o teor de sólidos totais médio foi de 92,04% ± 1,22, enquanto que a espessura média variou de 0,170 ± 0,02mm (SOTHORNVIT & RODSAMRAN, 2008). O valor da permeabilidade variou de 5,74x10-8 a 9,55 x10-8 gH2O.µm/m2.h.mmHg dependendo da formulação de biofilme, enquanto o 114 controle (C) apresentou um valor de 8,6 x 10-8 gH2O.µm/m2.h.mmHg (p<0,05). A formulação F1 apresentou um aumento de 10,62% neste parâmetro se comparado ao filme sem os aditivos. Com exceção da formulação F1, em que houve a mínima incorporação dos aditivos (2,9% m/m de polpa de manga e 4,40% m/m de extrato de erva-mate), as demais formulações apresentaram uma redução da permeabilidade a vapor de água entre 8,37 a 33,26% quando comparados ao controle (biofilme sem os aditivos), (Tabela 2). Estes resultados podem ser explicados pela natureza hidrofílica tanto da fécula de mandioca, quanto das fibras oriundas da polpa de manga (AVÉROUS et al., 2000). Segundo SALGADO et. al., (1999), a concentração de fibra alimentar na polpa de manga é de 2,58 ± 0,28 (% g). A redução nos valores de permeabilidade ao vapor de água leva a alterações na estrutura dos biofilmes devido à adição de fibras insolúveis que diminuem os espaços livres na matriz polimérica dificultando a passagem do vapor através da matriz (MULER et al., 2008). SOTHORNVIT & RODSAMRAN (2008), relatam uma alta taxa de permeabilidade ao vapor de água para filmes de manga, quando comparados a filmes obtidos de outras frutas, provavelmente devido ao maior teor de fibras. A adição de 75 mg de ácido ferrúlico em biofilmes de amido e quitosana reduzem a permeabilidade ao vapor de água, quando comparado com o biofilme sem ácido ferrúlico, e ao aumentar para 100mg, a permeabilidade foi reduzida a um valor inferior ao apresentado pelo controle (MATHEW & ABRAHAM, 2008). Os gráficos de Pareto para as variáveis independentes (percentuais de polpa de manga e de extrato de erva-mate) não mostraram efeito significativo das funções quadráticas, lineares ou da interação de ambos aditivos sobre as variáveis dependentes, sólidos totais, espessura, umidade e TPVA (taxa de permeabilidade ao vapor de água) dos biofilmes (Anexo II). As formulações e o controle também foram analisados quanto à elongação e resistência a tração (Figura 1, Tabela 4). 115 Figura 1: Comportamento da deformação (%) e de resistência à tração (MPa) do controle (C) e das formulações para 7 medidas. 116 Continuação Figura 1. 117 Analisando-se os resultados de porcentagem de alongamento (Figura 1, Tabela 4), é possível observar que as formulações com as maiores concentrações de polpa de manga (F6, F3), apresentaram o maior percentual de elongação dentre as formulações (69,36%, 69,15%), respectivamente. Ou seja, quanto maior a adição de polpa de manga maior o percentual de alongamento. Este fato pode ser comprovado quando comparadas as porcentagens de elongação da formulação F7 (somente polpa de manga) (65,28%) que resultou maiores valores em comparação com a F5 (somente extrato de erva-mate) (55,15%), (Tabela 4, Figura 1). Entretanto, à medida que ocorre um aumento na concentração de extrato de erva-mate incorporados à matriz, este percentual cai drasticamente até alcançar um valor mínimo nas amostras F2, F4 e F8 (55,98%, 59,58%, 55,50%), respectivamente (Tabela 4, Figura 1). Quando comparadas com o controle, todas as formulações apresentaram menores percentuais de alongamento (entre 1,31 a 21,53% de redução), e da resistência a tração (reduzida entre 25,09 a 74,72%), demonstrando que a incorporação dos aditivos promove uma diminuição dos percentuais destes parâmetros dos biofilmes (Tabela 4). Resultados semelhantes foram obtidos por GRISI (2008), ao incorporar derivados de dendê em biofilmes à base de fécula de mandioca, ou seja, o controle apresentou um maior percentual de alongamento quando comparado às formulações com os aditivos. Observa-se que a incorporação dos aditivos nas maiores concentrações (F4), resulta em uma diminuição da resistência à tração (1,36%), quando comparado com as formulações com menores concentrações de aditivos (F1) (4,03%). Quando comparadas com o controle C, todas as formulações também apresentaram valores inferiores (Figura 1, Tabela 4). Os teores de polpa incorporados à matriz e os valores de resistência a tração dos biofilmes apresentam uma correlação linear (R2=50,60%), enquanto que, entre este parâmetro e os teores de extrato de erva-mate foram menores (R2=0,17%). SOUZA et al., (2011) e SILVA (2009) relataram resultados similares para a incorporação de altas concentrações de polpas de manga e acerola, e de cacau e café, respectivamente, a biofilmes de fécula de mandioca, resultando em uma menor resistência a tração quando comparado a concentrações menores e ao controle. Tabela 4: Parâmetros mecânicos das formulações dos biofilmes e do controle: resistência à tração e porcentagem de alongamento. F* Porcentagem de elongamento ±dp (%) Redução1 (%) Resistência à tração ±dp (MPa) Redução1 (%) F1 56,67a± 2,44 19,37 4,03c±1,23 25,09 F2 55,98a± 1,34 20,35 2,37a±1,53 55,95 F3 69,15 c±1,94 1,61 2,47a± 2,18 54,09 F4 59,58 b± 1,53 15,22 1,36b± 1,34 74,72 F5 55,15 a± 1,95 21,53 2,67a± 2,19 50,37 F6 69,36c± 2,17 1,31 2,04a,b± 1,47 62,08 F7 65,28c± 1,32 7,11 2,57a± 2,43 52,23 F8 55,50a± 1,38 21,03 2,00 a,b± 2,14 62,83 F9 57,38b±2,17 18,36 1,37 b ± 2,18 74,54 F10 58,01 b ± 1,04 17,46 1,38 b ± 1,04 74,35 F11 57,94b± 2,19 17,56 1,37 b ± 1,32 74,54 C 70,28 d± 2,28 - 5,38 d±2,14 - * Formulações C (biofilme sem adição dos aditivos). 1 Redução em relação ao controle C. Valores que apresentam a mesma letra, numa mesma coluna, não apresentam diferenças significativas (p>0,05) pelo Teste de Tukey a 95% de confiança. As funções quadráticas, lineares ou da interação das variáveis independentes (percentuais de polpa de manga e de extrato de erva-mate) obtidas pelos gráficos de Pareto não foram significativas com relação às variáveis dependentes de percentual de elongação e de resistência a tração dos biofilmes (Anexo II). Filmes de purê de manga e de outras frutas apresentam baixa resistência à tração e percentual de alongamento reduzido quando comparados a filmes feitos com amidos de frutas plastificados com glicerol (SOTHORNVIT & RODSAMRAN, 119 2008). Em biofilmes de fécula de mandioca contendo extrato de espinafre, foi observado um aumento no percentual de alongamento, enquanto que os biofilmes contendo extrato de uva apresentaram uma redução neste parâmetro. Porém, também ambos os biofilmes apresentaram uma redução na resistência à tração quando comparados ao controle (ATTARIAN et al., 2006). TANADA-PALMU & GROSSO (2003), avaliaram a influência da concentração de glúten nas propriedades mecânicas dos filmes, constatando que, ao aumentar a concentração de glúten de 6,0 para 9,0%, ocorreu uma elevação da resistência à tração e da porcentagem de alongamento dos biofilmes. Os valores encontrados no presente estudo são inferiores aos relatados para filmes sintéticos como de polietileno de baixa densidade (PEBD), que apresenta resistência a tração variando de 6,9 a 16 MPa, e também de polietileno altamente linear de alta densidade com 25 a 45 MPa (COUTINHO et al., 2003). Portanto, a incorporação de diferentes teores dos aditivos de polpa de manga e de extrato de erva-mate em filmes de fécula de mandioca, elaborados por casting, não foi efetiva com relação ao aumento das propriedades mecânicas dos biofilmes, atribuído principalmente à incorporação do extrato de erva-mate, sugerindo uma diminuição na interação, quer devido à diminuição da dispersão dos constituintes, ou devido à diminuição nas ligações de hidrogênio ou outras forças de interação entre os aditivos, matriz e plastificante. 4 Conclusões A incorporação de polpa de manga e de extrato de erva-mate a biofilmes de fécula de mandioca, plastificados com glicerol, afeta as propriedades mecânicas, de elongação e de permeabilidade ao vapor de água da matriz. A incorporação dos diferentes teores dos aditivos na matriz plastificada com glicerol resultou em uma alteração de -1,77 a +10,62% na espessura dos biofilmes, quando comparados ao controle. Pode-se constatar que os aditivos incorporados resultaram em alterações nos teores de sólidos totais (+0,33 a +4,12%) e aumentos na umidade (de +2,59 a +32,68%) das formulações de biofilmes, dependendo dos teores de cada aditivo incorporados à matriz. Com exceção da formulação F1, em que houve a mínima incorporação dos aditivos (2,9% m/m de polpa de manga e 4,40% m/m de extrato de erva-mate), as 120 demais formulações apresentaram uma redução da permeabilidade a vapor de água entre 8,37 a 33,26% quando comparados ao controle (biofilme sem os aditivos). As formulações com as maiores concentrações de polpa de manga apresentaram o maior percentual de elongação dentre as formulações, já as que tinham maior concentração de extrato de erva-mate incorporados à matriz, apresentaram os menores percentuais. Quando comparadas com o controle, todas as formulações apresentaram menores percentuais de elongação (entre 1,31 a 21,53% de redução), e de resistência à tração (reduzida entre 25,09 a 74,72%) demonstrando que a incorporação dos aditivos promove uma diminuição dos percentuais destes parâmetros dos biofilmes. Portanto, a incorporação de polpa de manga e de extrato de erva-mate nos biofilmes de fécula de mandioca alterou as propriedades físico-químicas e mecânicas, com ênfase nas reduções da permeabilidade ao vapor de água e da resistência à tração dos biofilmes. Referências ASTM. American Society for Testing and Materials. Standard Test Method for tensile properties of thin plastic sheeting ASTM D882-00, 1, 2001a. ASTM. American Society for Testing and Materials. Standard practice for maintaining constant relative humidity by means of aqueous solution ASTM E104-85, 6, 2001b. ATTARIAN, A. C.; VEIGA-SANTOS, P.; DITCHFIELD, C.; PARRA, D. F.; LUGÃO, A. B.; TADINI, C. C. 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A incorporação até as concentrações máximas dos aditivos resultou em biofilmes ativos, visto que os antioxidantes (polifenóis, flavonóides e carotenóides) provenientes destes aditivos permaneceram na matriz, mesmo após 45 dias de estocagem, indicando grande potencial como aditivos antioxidantes. Os filmes biodegradáveis ativos diminuíram significativamente a oxidação do azeite de dendê embalado, durante 45 dias de armazenamento. Os melhores resultados foram obtidos com a incorporação de máxima concentração de extrato de erva-mate aos biofilmes (F8), sugerindo que a inibição da oxidação por aditivos naturais neste estudo depende prioritariamente dos compostos fenólicos. As incorporações dos aditivos também provocaram mudanças nas características físico-químicas e mecânicas dos filmes, com variações não significativas devido às pequenas variações na espessura e nos sólidos totais, e as alterações mais pronunciadas, como os aumentos da umidade e as diminuições na permeabilidade ao vapor de água, na elongação e na resistência à tração. As formulações com as maiores concentrações de polpa de manga apresentaram o maior percentual de elongação dentre as formulações, e as com maiores concentrações de extrato de erva-mate incorporados à matriz apresentaram os menores percentuais do parâmetro. Quando comparadas ao controle todas as formulações apresentaram diminuição da resistência à tração e da porcentagem de elongamento. Portanto, a incorporação de diferentes teores dos aditivos, apesar de diminuir a permeabilidade ao vapor de água e fornecer forte ação antioxidante ao embalar produtos com alto teor de gordura como azeite de dendê, atribuída principalmente à incorporação do extrato de erva-mate, não foi efetiva com relação ao aumento das propriedades mecânicas dos biofilmes, atribuído 125 principalmente a incorporação desse mesmo aditivo, sugerindo uma diminuição na interação e/ou na dispersão dos constituintes. O desenvolvimento de embalagem ativa antioxidante do presente estudo pode ser utilizada para embalar alimentos lipídicos, com baixos teores de umidade, a fim de retardar a sua oxidação, e conseqüentemente manter a estabilidade do produto embalado. No entanto, para que sua aplicação não fique limitada, sugere-se que novos estudos sejam realizados utilizando outras matrizes biodegradáveis e não biodegradáveis, assim como, a avaliação da estabilidade de produtos farmacêuticos embalados com o biomaterial. 126 ANEXO I Análises estatísticas dos resultados obtidos nos experimentos. Para validar a equação do modelo, foi analisada a ANOVA presente na Tabela 1. O Fcalc. mostra um ajuste do modelo desde que Fcalc>Ftab indicando que o modelo é valido. O gráfico Pareto e o erro puro também foram utilizados para validar o modelo (p<0.05). 127 Tabela 1: ANOVA para as respostas Índice de Peróxido (IP), Carotenóides Totais (CT) e Dienos Conjugados (DC) do azeite de dendê embalado e de Carotenóides Totais (CT), Polifenóis Totais (PT) e de Flavonóides Totais (FT) nas diferentes formulações de biofilmes durante armazenamento, obtida a partir dos valores codificados das variáveis independentes. Produto Embalado Soma Grau de Coeficientes Liberdade Quadrática Parâmetros de Variação (DF) (SS) Regressão 5,48 5 IP dia7 Resíduo 0,13 5 Total (SS) 5,61 10 Regressão 3,62 5 IP dia15 Resíduo 0,04 5 Total (SS) 3,66 10 Regressão 18,67 5 IP dia30 Resíduo 0,32 5 Total (SS) 18,99 10 Regressão 5,48 5 IP dia45 Resíduo 0,12 5 Total (SS) 5,60 10 Regressão 82,46 5 CT dia7 Resíduo 26,28 5 Total (SS) 108,75 10 Regressão 230,83 5 CT dia15 Resíduo 56,65 5 Total (SS) 287,48 10 Regressão 495,31 5 CT dia30 Resíduo 102,89 5 Total (SS) 598,21 10 Regressão 838,63 5 CT dia45 Resíduo 148,22 5 Total (SS) 986,86 10 * Ftab (5,5; 0,95) = 5,05 ; ** Ftab (5,5; 0.95) = 9,59 Média Quadrática (MS) 1,09 0,02 Fcalc* Ff. de juste** 41,74 6,36 Parâmetros CT dia7 0,72 0,007 95,98 3,73 0,064 58,21 1,09 0,02 45,33 16,50 5,25 3,13 46,16 11,33 4,07 99,06 20,57 4,81 167,72 29,64 5,65 4,29 CT dia15 4,51 CT dia30 6,36 CT dia45 1,88 PT dia7 1,59 PT dia15 1,84 PT dia30 1,06 PT dia45 Coeficientes de Variação Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Biofilme Soma Grau de Quadrática Liberdade (DF) (SS) 25,68 5 3,18 5 28,87 10 37,39 5 4,50 5 41,90 10 37,40 5 4,50 5 41,90 10 37,40 5 4,50 5 41,90 10 10,13 5 0,04 5 10,17 10 13,51 5 0,34 5 85,47 10 14,32 5 0,065 5 14,38 10 14,16 5 0,40 5 14,56 10 Média Quadrática (MS) 5,13 0,63 Fcalc* Ff. de juste** 8,05 0,96 7,48 0,90 8,30 1,14 7,48 0,90 8,30 1,14 7,48 0,90 8,29 1,14 2,02 0,009 226,9 4,13 2,70 0,07 38,94 5,60 2,86 0,013 220,4 6,32 2,83 0,08 35,09 7,72 Continuação Tabela 1 Produto Embalado Parâmetro s DC dia7 DC dia15 DC dia30 DC dia45 Coeficient es de Variação Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Soma Quadráti ca (SS) 0,006 0,004 0,010 0,004 0,003 0,007 0,008 0,006 0,014 0,042 0,015 0,057 Grau de Liberda de (DF) 5 5 10 5 5 10 5 5 10 5 5 10 Biofilme Média Quadrática Fcalc* (MS) 0,001 0,0008 1,44 0,0008 0,0006 1,39 0,0015 0,0012 1,23 0,008 0,003 2,87 Ff. de ajuste* * Parâmetro s 0,68 FT dia7 0,43 FT dia15 0,35 FT dia30 0,26 FT dia45 Coeficient es de Variação Soma Quadrática (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) Regressão Resíduo Total (SS) 116,0 6,17 122,25 131,01 6,05 137,07 143,03 5,81 148,84 142,24 5,26 147,50 Grau de Liberda de (DF) 5 5 10 5 5 10 5 5 10 5 5 10 Média Quadráti ca (MS) 23,21 1,23 Fcalc* Ff. de ajuste* * 18,7 9,08 26,20 1,21 21,6 5,83 28,60 1,16 24,6 4,31 28,44 1,05 27,0 4,31 * Ftab (5,5; 0,95) = 5,05 ; ** Ftab (5,5; 0.95) = 9,59 129 2,0 2,0 Erva mate 1,0 Erva Mate PT dia15 1,5 PT dia7 1,5 0,5 0,0 -0,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -1,0 -2,0 -2,0 -1,5 -1, 0 -0,5 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Manga 2,0 Manga 2,0 2,0 PT dia30 1,5 1,0 Erva mate Erva mate 1,5 0,5 0,0 -0,5 -1,0 PT dia45 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Manga Figura 1. Superfície de resposta da perda no teor de polifenóis totais (PT) dos biofilmes no dia 7, 15, 30 e 45. -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 Manga 1,0 1,5 2,0 2,0 2,0 Erva Mate Erva Mate FT dia15 1,5 FT dia7 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -1,0 -2,0 -2,0 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Manga 2, 0 Manga 2,0 FT dia30 2,0 1,0 FT dia45 1,5 0,5 Erva Mate Erva Mate 1,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2, 0 Manga -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 Manga Figura 2. Superfície de resposta da perda no teor de flavonóides totais (FT) dos biofilmes no dia 7, 15, 30 e 45. 131 1,0 1,5 2,0 2,0 1,0 0,5 0,0 -0,5 Erva Mate CT dia7 1,5 Erva Mate CT dia15 1,5 2,0 -1,0 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 -2,0 -2,0 -1,5 -1, 0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Manga Manga 2,0 CT dia30 1,0 2,0 0,5 1,5 0,0 Erva Mate Erva Mate 1,5 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 Manga 1,0 1,5 2,0 CT dia45 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1, 0 -0,5 0,0 0,5 Manga Figura 3. Superfície de resposta da perda no teor de carotenóides totais (CT) dos biofilmes no dia 7, 15, 30 e 45. 132 1,0 1,5 2,0 2,0 2,0 IP dia7 IP dia15 1,5 1,0 1,0 Erva Mate Erva Mate 1,5 0,5 0,0 -0,5 -1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1, 0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Manga -2,0 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Manga 2,0 IP dia30 2,0 1,0 IP dia45 1,5 0,5 Erva Mate Erva Mate 1,5 0,0 -0,5 -1,0 -1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 -2,0 -2,0 -1,5 -1, 0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Manga -1,5 -2,0 -2,0 -1,5 -1, 0 -0,5 0,0 0,5 Manga Figura 4. Superfície de resposta do aumento do índice de peróxido (IP) dos biofilmes no dia 7, 15, 30 e 45. 133 1,0 1,5 2,0 Figura 5. Gráfico de Pareto da redução no teor de Polifenóis Totais, Flavonóides Totais e Carotenóides Totais dos Biofilmes. Figura 6: Gráfico de Pareto do Índice de Peróxido (IP), Carotenóides Totais (CT) e Dienos Conjugados (DC) do azeite de dendê. 135 ANEXO II Tabela 1: ANOVA para o modelo da análise de Espessura (E), Sólidos Totais (ST), Umidade, Taxa de Permeabilidade ao Vapor de Água (TPVA), Tração e Elongação dos biofilmes, no dia 0. Biofilme Parâmetros E ST Umidade TPVA Tração Elongação Grau de Liberdade (DF) Regressão Soma Quadrática (SS) 0,00025 5 Média Quadrática (MS) 0,00006 Resíduo 0,00060 5 0,00012 Total (SS) 0,00085 10 Regressão 0,255 5 0,070 Resíduo 0,343 5 0,069 Total (SS) 0,598 10 Regressão 0,00034 5 0,00003 Resíduo 0,00010 5 0,00010 Total (SS) 0,00044 10 Regressão 0,353 5 0,070 Resíduo 0,343 5 0,069 Total (SS) 0,697 10 Regressão 0,004 5 0,0008 Resíduo Total (SS) 0,003 0,007 5 10 0,0006 Regressão 0,008 5 0,0015 Resíduo Total (SS) 0,006 0,014 5 10 0,0012 Coeficientes de Variação * Ftab (5,5; 0,95) = 5,05 ; ** Ftab (5,5; 0.95) = 9,59 Fcalc* Ff. de ajuste** 0,40 0,36 1,3 0,28 0,46 0,27 1,02 0,31 1,39 1,23 0,43 0,35 Figura 1. Gráfico de Pareto da análise de Espessura dos biofilmes no dia 0. Figura 2. Gráfico de Pareto da análise de Sólidos Totais dos biofilmes no dia 0. Figura 3. Gráfico de Pareto da análise de Umidade dos biofilmes no dia 0. 137 Figura 4. Gráfico de Pareto da análise de Taxa de Permeabiliade ao Vapor de Água (TPVA) dos biofilmes no dia 0. Figura 10. Gráfico de Pareto da análise de Elongação dos biofilmes no dia 0. Figura 11. Gráfico de Pareto da análise de Resistência à Tração dos biofilmes no dia 0. 138 ANEXO III RESULTADOS COMPLETOS 1. Teores de polifenóis totais (mg/g) apresentados pelos biofilmes nos dias 0, 7, 15, 30 e 45 e percentual de perda durante armazenamento. Dia 0 Dia 7 Dia 30 Dia 45 F1 43,41 Concentração 32,51 30,25 24,26 21,08 51,440 F2 125,4 111,86 109,16 103,4 99,92 20,319 F3 81,28 70,2 67,5 62,13 58,3 28,273 F4 145,33 132,77 130,07 124,08 120,83 16,858 F5 87,76 75,78 73,08 67,26 63,84 27,256 F6 105,81 94,46 92,25 86,26 83,1 21,463 F7 39,22 28,55 26,29 20,3 17,12 56,349 F8 178,53 164,93 162,23 156,24 152,98 14,311 F9* 99,59 87,09 84,19 78,4 74,98 24,711 F10* 74,29 61,75 59,05 53,06 49,84 32,912 F11* 93,72 81,29 78,59 72,6 69,36 25,992 Formulações Dia 15 Perda (%) * Pontos Centrais 2. Teores de flavonóides totais (mg/g) apresentados pelos biofilmes nos dias 0, 7, 15, 30 e 45 e percentual de perda durante armazenamento. Formulações Dia 0 Dia 7 Dia 15 Dia 30 Dia 45 Concentração F1 23,24 21,45 20,19 18,08 F2 44,95 35,39 34,13 30,73 F3 15,35 8,71 7,45 1,96 F4 59,92 48,23 46,97 43,73 F5 47,91 46,47 45,21 42,18 F6 45,59 35,67 34,41 31,07 F7 10,38 6,54 5,28 2,2 F8 62,54 52,47 50,21 47,53 F9* 26,41 21,68 20,44 17,16 F10* 27,16 21,53 22,14 16,95 F11* 26,28 21,49 20,28 17,24 16,62 28,2 1,12 41,67 37,39 29,56 0,43 45,43 15,22 15,09 15,34 Perda (%) 28,4854 37,2636 92,7036 30,4573 21,9578 35,1612 95,8574 27,3585 42,3703 44,4404 41,6286 * Pontos Centrais 139 3. Teores de carotenóides totais (µg/g) apresentados pelos biofilmes nos dias 0, 7, 15, 30 e 45 e percentual de perda durante armazenamento. Formulações Dia 0 Dia 7 Dia 15 Dia 30 Dia 45 Concentração F1 21,15 20,11 19,7 15,89 F2 22,07 20,87 20,59 16,65 F3 39,5 38,08 37,74 33,86 F4 40,56 35,10 34,62 30,4 F5 6,42 5,410 5,02 1,19 F6 48,10 42,10 41,3 37,4 F7 34,22 32,9 32,58 28,68 F8 33,13 28,83 28,35 23,16 F9* 34,5 30,55 30,53 26,33 F10* 34,46 31,89 31,41 27,19 F11* 34,55 * Pontos Centrais 32,69 32,42 28,2 14,92 15,68 32,89 29,43 0,22 36,43 27,71 24,13 25,36 26,22 27,23 Perda (%) 29,45626 28,95333 16,73418 27,44083 96,57321 24,26195 19,02396 27,16571 26,49275 23,91178 21,18669 4. Teores de índice de peróxidos (meq/Kg) apresentados pelo produto embalado (azeite de dendê) nos dias 0, 7, 15, 30 e 45 e percentual de aumento durante armazenamento. Formulações Dia 0 Dia 7 Dia 15 Dia 30 Dia 45 Concentração Aumento (%) C1 10,054 52,769 99,443 143,864 166,746 1558,5 C2 10,054 64,094 110,93 160,875 180,056 1690,89 C3 10,056 52,564 97,765 143,534 164,3847 1534,69 F1 10,065 30,955 58,795 88,915 117,065 1063,09 F2 10,064 24,294 48,764 74,924 97,564 869,436 F3 10,077 29,027 57,797 86,817 110,937 1000,89 F4 10,085 24,485 49,005 77,385 97,585 867,625 F5 10,086 29,036 58,256 87,676 115,556 1045,71 F6 10,056 28,266 56,716 85,996 106,986 963,902 F7 10,086 31,716 61,046 94,996 120,486 1094,59 F8 10,085 24,085 47,975 73,505 96,805 859,891 F9* 10,077 25,157 51,457 83,237 101,927 911,482 F10* 10,064 24,524 49,314 79,854 101,704 910,572 F11* 10,066 * Pontos Centrais 25,556 49,276 78,116 99,006 883,568 140 5. Teores de carotenóides totais (µg/g) apresentados pelo produto embalado (azeite de dendê) nos dias 0, 7, 15, 30 e 45 e percentual de perda durante armazenamento. Dia 0 Formulações Dia 7 Dia 15 Dia 30 Dia 45 Concentração Perda (%) C1 637,5169 413,6866 390,8475 343,8456 313,455 50,83189 C2 637,5169 400,0139 357,7460 315,3855 290,434 54,44293 C3 635,324 420,4500 391,8740 347,3847 325,596 48,75119 F1 636,7527 615,8587 588,0147 557,8972 529,6537 16,81956 F2 617,2206 602,9866 578,5126 552,3551 529,9016 14,14713 F3 627,1682 608,2142 579,4402 550,4227 526,2992 16,08325 F4 620,344 605,9400 581,4160 553,0385 532,8350 14,10653 F5 625,857 606,9030 577,6790 548,2615 520,3880 16,85193 F6 635,324 617,1100 588,6560 559,3785 538,3950 15,25662 F7 625,857 604,2230 574,8890 540,9415 515,4180 17,64604 F8 620,344 606,3500 582,4460 556,9185 533,6250 13,97918 F9* 627,1682 612,0842 585,7802 554,0027 535,3092 14,64663 F10* 617,2206 602,7566 577,9626 547,4251 525,5716 14,84866 F11* 636,7527 * Pontos Centrais 621,2587 597,5347 568,6972 547,8037 13,96916 6. Teores de hexanal (µg/mL) apresentados pelo produto embalado (azeite de dendê) nos dias 0 e 45 e percentual de aumento durante armazenamento. Formulações Dia 0 Dia 45 Concentração Aumento (%) C1 1,00396 18,93396 1785,928 C2 1,00397 22,54397 2145,482 C3 1,00397 4,38397 336,6634 F1 1,00396 1,56396 55,77911 F2 1,00399 1,37399 36,85296 F3 1,00397 1,36397 35,85765 F4 1,00398 1,25398 24,90089 F5 1,00397 1,37397 36,85369 F6 1,00396 1,30396 29,88167 F7 1,00397 1,40397 39,84183 F8 1,00398 1,31398 30,87711 F9* 1,00397 1,34397 33,86555 F10* 1,00398 1,34398 33,86522 F11* 1,00396 * Pontos Centrais 1,35396 34,86195 141 7. Teores de dienos conjugados (mg/100g) apresentados pelo produto embalado (azeite de dendê) nos dias 0 e 45 e percentual de perda durante armazenamento. Formulações Dia 0 Dia 45 Concentração Aumento (%) C1 1,014 1,7869 76,22 C2 1,011 1,8456 82,55 C3 1,012 1,7095 68,92 F1 1,015 1,532 50,94 F2 1,011 1,3485 33,38 F3 1,018 1,4245 39,93 F4 1,011 1,3857 37,06 F5 1,012 1,3746 35,83 F6 1,012 1,4568 43,95 F7 1,012 1,564 54,55 F8 1,011 1,3348 32,03 F9* 1,018 1,4003 37,55 1,014 F11* 1,011 * Pontos Centrais 1,4869 46,64 1,4456 42,99 F10* 142 ANEXO IV FIGURAS A B Figura 1: Biofilmes da formulação F4 (concentração máxima de aditivos) (A) e Controle (biofilme sem adição de aditivos) (B). C1 C2 C3 Figura 2: Produto embalado no controles utilizados. C1 (biofilme sem adição de aditivos), C2 (PEBD) e C3 (sem embalagem). 143 F9 F11 F10 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 Figura 3: Produto embalado (azeite de dendê) nas 11 formulações. 144 ANEXO V Figura 1. Cromatograma do azeite de dendê no dia 0. 145 Figura 2. Cromatograma do controle sem aditivos (C1) após 45 dias de estocagem. 146 Figura 3. Cromatograma do controle de PEBD (C2) após 45 dias de estocagem. 147 Figura 4. Cromatograma do azeite de dendê sem embalagem (C3) após 45 dias de estocagem. 148 Figura 5. Cromatograma do azeite de dendê embalado com a formulação F1(concentração mínima de aditivo), após 45 dias de estocagem. 149 Figura 6. Cromatograma do azeite de dendê embalado com a formulação F4 (concentração máxima de aditivo), após 45. 150 Figura 7. Cromatograma do azeite de dendê embalado com a formulação F8, após 45. 151