MATRIZES CRÍTICAS E TEÓRICAS NA OBRA DE ENEIDA MARIA DE SOUZA CRITICAL AND THEORETICAL MATRIX IN THE WORKS OF ENEIDA MARIA DE SOUZA Vera Queiroz* Resumo Este ensaio1 estuda a crítica de Eneida Maria de Souza, focalizando os estudos que ela empreende a respeito do estruturalismo de Lévy-Strauss, bem como a utilização desse material como um dos alicerces teóricos que sustentam a análise de Macunaíma, de Mario de Andrade, sublinhando outros temas caros à autora, tais como a relação apaixonada de Mario com os escritores mineiros, o conceito de mineiridade, as questões ligadas à problematização da alteridade e das subjetividades, com aportes teóricos advindos tanto da teoria psicanalítica de base freudiana quanto da semiologia barthesiana e da desconstrução derridiana. Palavras-chave: Crítica Brasileira, Literatura Mineira, Vertentes Críticas Contemporâneas. Abstract The essay investigates Eneida Maria de Souza’s work, focusing on the study of Lévy-Strauss’ structuralism, as well as highlights the way she uses this theoretical material as the basis for the analysis of Mario de Andrade’s novel Macunaima, stressing some other rich themes to the author such as the passionate relanshionship between Mario and Minas Gerais’ writers, the concept of mineiridade, questions related to the problematization of alterity and subjetivities, under theoretical approaches arising from as both the Freudien’s doctrines, the Barthesian semiology and the Derridian deconstruction. Key words: Brazilian Criticism, Literature from Minas Gerais, Contemporary Critical Theory. 1 A Província em Perspectiva Uma das vertentes importantes do pensamento crítico de Eneida Maria de Souza diz respeito à releitura de autores e obras da cultura brasileira que tematizaram e se relacionaram, de uma forma ou de outra, com aquilo que se pode chamar de “mineiridade”2. Ou seja, traços de linguagem, pensamento e manifestações culturais peculiares a Minas Gerais, estado que se tem constituído em um dos mais férteis celeiros de nossa literatura, sobretudo a canônica, tendo sido o centro intelectual irradiador do arcadismo brasileiro, além de pátria de alguns de nossos mais fortes poetas e ficcionistas, alguns deles objeto de estudo de Eneida de Souza, a exemplo de Autran Dourado, Pedro Nava, Murilo Rubião, Silviano Santiago, Drummond e Guimarães Rosa. De Mario de Andrade, que não é mineiro, a autora sublinhará em “Mário retorna a Minas” (Souza, 1993, p. 146-162) o interesse pelo barroco mineiro e seu entusiasmo pelo que seria um dos traços mais vigorosos da cultura brasileira, observado durante a famosa turnê do grupo modernista para conhecer o Brasil. Sobre essas viagens, ela observará: As viagens de Mário, que foram poucas, estimularam contudo a proliferação de vasta epistolografia ─ cartas trocadas com “todo o Brasil de vinte anos”. Em 1924, a vinda a Minas propicia o início da longa correspondência mantida com Drummond, além de Nava e outros, confirmando-se o papel de Mario como o grande agitador da Literatura modernista mineira. A volta a Belo Horizonte em 1939 permite aos jovens escritores ─ dentre eles Henriqueta Lisboa ─ compartilhar do sagrado ritual de receber cartas da rua Lopes Chaves (Souza, 1993, p. 146). E será a obra de Mario, esse “mineiro por afinidades e artes”, que dará material para um dos projetos teóricos mais ambiciosos de Eneida de Souza, na verdade, sua tese de doutoramento: a pioneira análise de discurso que empreende de Macunaíma, com base nas pesquisas lévi-straussianas sobre os mitos. Nessa tese, ela investiga a circulação dos signos com valor de troca, sob forma de aparição de personagens que nascem de frases feitas ou que produzem uma rede de significação conforme o contexto em que se encontram, analisando igualmente o “comportamento impróprio da personagem face aos signos, apontando aí a ausência de relação entre signo e referente” (Souza, 1988, p. 38). Essa análise foi e continua sendo importante porque aborda os diversos registros da cultura popular sob o enfoque inovador dos estudos lingüístico-estruturais, renovando as leituras recorrentes quanto ao caráter nacional do personagem, bem como operando “uma mudança de método de leitura, caminhando pelas trilhas do formalismo russo, do estruturalismo e do pósestruturalismo”, conforme observa o prefaciador da obra Silviano Santiago. Voltaremos a ela mais adiante. Por agora, importa assinalar que o dispositivo teórico de cunho estruturalista já havia sido testado em trabalho anterior sobre Autran Dourado, sua dissertação de Mestrado, sob o título A barca dos homens: a viagem e o rito, defendida na PUC-Rio em 1975, sob orientação do mesmo Silviano Santiago. Os detalhes referidos a esse trabalho importam aqui porque traduzem informações importantes não apenas sobre os temas escolhidos, mas sobre o aporte que o estruturalismo trouxe nos anos 70 aos estudos acadêmicos brasileiros, de que a PUC-Rio foi um dos celeiros mais dinâmicos e Eneida de Souza uma de suas vigorosas expressões. Em seu belo memorial, com que concorreu à vaga de Professor Titular de Teoria da Literatura da UFMG e defendido publicamente em dezembro de 1991, ela analisa com propriedade esse momento da crítica literária entre nós e observa quanto ao trabalho com Autran Dourado: A análise do romance A barca dos homens ─ objeto de dissertação de Mestrado ─ se fundamenta na interpretação de sua estrutura interna e de situações recorrentes em várias obras do autor. O eixo central do trabalho gira em torno dos temas da viagem e do rito, considerados como procedimentos sintático-semânticos da narrativa. Cria-se um espaço intertextual a partir da metáfora da viagem, responsável pelo caráter plural dessa escrita que se compõe dos suportes mítico, religioso e ficcional (as narrativas da viagem, a viagem da escrita, as histórias que se reduplicam e se desdobram). O ritual é caracterizado na sua dimensão temática e na metaforização em ritual da escrita. (...) Quanto à articulação dos conceitos utilizados na análise, a teorização de Deleuze sobre a relação entre sentido e linguagem, desenvolvida na Lógica do sentido, permite o esclarecimento do raciocínio estruturalista, fundado na mediação e no paradoxo. Dessa forma, o signo, formado de duas faces complementares (significante e significado), se mostra como mediador entre duas ordens distintas: a empírica e a racional. (...) A ênfase nas diferenças produtoras de sentido também se manifesta na análise deste tecido metodológico, formado pela comparação entre múltiplas versões dos fatos ou de situações (Souza, 1994, p. 55-56). Ainda sobre as questões de método de trabalho, esse mesmo Memorial será de extrema valia aqui por situar a posição teórica da autora nos vários momentos de seu trabalho intelectual, na medida em que ela não apenas comenta o contexto histórico do pensamento acadêmico em que se insere aquela produção, como atualiza tais reflexões com comentários a partir de uma perspectiva atual, vendo seu pensamento e seus textos com olhos críticos e confrontando-os sincrônica e diacronicamente. No campo do estudo das relações entre Mario de Andrade e os mineiros, Eneida de Souza organizará, junto com Paulo Schmidt (1997), o livro Mario de Andrade – carta aos mineiros, reunindo estudos de vários pesquisadores sobre esse aspecto absolutamente fascinante da obra marioandradina ─ a epistolografia. Como sabemos, Mario de Andrade escreveu para quase todos os grandes poetas e artistas brasileiros a partir da década de vinte. Suas cartas são memoráveis por reunir qualidades muito particulares: lições de amizade e de ética, formuladas num tom de apaixonado compromisso com o país, com seu tempo, com os altos e nobres valores humanísticos que então ainda não haviam se transformado em cinismo, como na época atual, além de compartilhar com os leitores que somos hoje inestimáveis ensinamentos sobre estética, sobre a arte popular brasileira, a poesia, a música, o folclore, as danças, enfim, sobre os variados caminhos de nossa diversificada cultura, que ele conhecia tão bem. Dessa antologia, será necessário ressaltar o ensaio “O corpo de Mário de Andrade oscila com o movimento do trem”, de Luis Alberto Brandão Santos, uma absurdamente bela carta de amor em que o autor traveste-se de Mario de Andrade e vai fazendo uma espécie de exposição por lexias, retirando idéias do mundo intelectual dele e desdobrando-as de modo apaixonado e reverente, uma homenagem delicada e forte, sobretudo porque o autor escreve muitíssimo bem, está de certo modo "tomado" pelo espírito marioandradino e seu texto emociona sem ser piegas, realizando o objetivo de mostrar um conjunto de valores, de falas, de frases e de idéias que se tornaram emblemáticas de Mario de Andrade, conforme se lê em alguns trechos, tomados aleatoriamente do ensaio: Agora reparo: os rabiscos da minha carta selvagem parecem compor o esboço de um desenho. Avidamente, procuro os óculos. Sim, fixando atentamente a visão, vejo o desenho de... mãos. São mãos que se movem. Mãos imensas, mulatas, mãos muito masculinas mas ao mesmo tempo suavemente e inacreditavelmente aéreas. E essas mãos bailam gestos movidos por uma paixão furiosa. Gestos de alguém que pinta. E pinta no ar, sem pincéis, sem tintas, sem anteparos, sem obstáculos, sem fixidez. Nessa tela invisível, ninguém sabe os gestos onde vão parar. (...) (Souza e Schmidt, 1997, p. 107). Decido sair. A cidade e a madrugada me arrastam para fora. Meu corpo de Mario está em brasas. Sinto a vertigem desse corpo e convulsivamente vago pelas ruas. Dobrando uma esquina, vejo um vulto. Aperto o passo para segui-lo. Cavalarias: se apodera de mim o desejo furioso de um amor sem metáforas (Souza e Schmidt, 1997, p. 113). Eneida de Souza também se interessa pela obra de outro mineiro, Silviano Santiago, e organiza em 1997, junto com Wander Miranda, o livro Navegar é preciso, viver, uma coletânea de ensaios em homenagem ao escritor e ensaísta por ocasião de seus sessenta anos, de que participam intelectuais de vários estados e universidades do país, todos imbuídos de desejo de mapear os grandes temas levantados por Silviano Santiago na cultura brasileira. Uma das idéias de destaque no pensamento desse crítico diz respeito à problematização da relação de dependência entre os centros de poder e as "periferias", as latino-americanas sobretudo. "O não-lugar da literatura”, ensaio apresentado no 6º Congresso da ABRALIC (Associação Brasileira de Literatura Comparada), em 1998, e publicado na revista Ipotesi no ano seguinte, seria um dos trabalhos de Eneida de Souza em que a questão é colocada de modo inequívoco, ao tratar da relação entre a literatura e os estudos culturais, tomando como premissa uma discussão sobre a idéia do “não-lugar da literatura diante dos estudos culturais, com base no preconceito existente na relação entre o conceito de literatura e o de classe social” (Souza, 1999, p. 13). Eneida de Souza vai tomar a posição corrente então de relativizar o lugar ocupado pela alta literatura e busca espraiar sua compreensão a partir de relações interdisciplinares, situando a questão nos seguintes termos: A ausência de lugar fixo para saber não se circunscreve apenas no discurso literário, pois a questão abrange todo e qualquer tipo de discurso. Este debate em torno de lugares disciplinares tem cheiro de fruta passada e já deveria estar produzindo outros frutos que enriqueceriam os estudos literários, comparatistas e culturais. Pode-se inclusive interpretar o retrocesso teórico como a tendência comum aos guardiões dos princípios estéticos, cuja perda constituiria o fantasma dos estudos literários contemporâneos. A posição elitista da crítica, desprovida de pudor e disposta a retomar o desgastado binarismo referente à classificação literária, que diferencia a alta da baixa literatura, não estaria ensaiando uma forma de poder e de classe, que, uma vez enfraquecida, mais se empenha o desejo de reativá-la? Tem sido ainda grande o esforço da crítica em nomear os discursos que não se enquadram nos critérios da alta literatura, escolhendo-se, entre vários termos, ora o de paraliteratura, de contraliteratura, ora o de literatura parapolicial, correndo-se sempre o risco de uma classificação equivocada (Souza, 1999, p. 16). A par de uma certa ênfase nessa classificação aleatória ao final da citação, o artigo coloca a alta literatura na berlinda, com a chancela dos estudos culturais, bem como dos conceitos de fim da aura, fim das grandes narrativas, morte do sujeito, abalo da noção de presença, que um conjunto de pensadores “pós” (estruturalismo, desconstrução, modernidade etc.) já haviam igualmente posto em xeque a partir dos anos 70. Tomando partido dos “excluídos”, sejam os discursos, sejam seus protagonistas, Eneida de Souza vai trazer a noção de entre-lugar do discurso latino-americano, com que trabalha o parceiro Silviano Santiago, para problematizar as diversas formas de preconceito quanto às subculturas, os subcontinentes, as subliteraturas, embora tais conceitos só possam existir em função e a partir de centros de poder que decidem o que é alta cultura, arte, literatura etc. 2 A Literatura na Língua do Herói Quando foi publicada a segunda edição de A pedra mágica do discurso, em 1999, ela veio com algumas modificações que respondiam não apenas ao desejo de atualização crítica da autora, mas também a um outro momento de compreensão da obra de Mario de Andrade, em que o texto ficcional adquire novos contornos quando lido com outras produções do autor, em função das particularidades dessa obra de Mario, sua heterogeneidade, intertextualidade e, em especial, sua epistolografia, conforme dirá o resenhador da nova edição: a leitura biográfica de Mário de Andrade através de sua correspondência com os amigos de Minas – matéria dos ensaios acrescidos a esta edição – tem o mérito de oferecer aos leitores dois tipos de análise que se completam: de um lado, o trabalho minucioso com a linguagem e as artimanhas discursivas da obra; de outro, a atuação intelectual do autor na década de 40, um dos períodos mais conturbados e significativos da cultura brasileira (Disponível em: www.rubedo.psc.br). Como já disse, a importância do estudo de Eneida de Souza sobre Macunaíma diz respeito, primeiro, à novidade de um trabalho voltado para as questões estruturais de linguagem e discurso, em detrimento do enfoque sobre o nacional e o nacionalismo que havia lastreado a tradição das melhores análises da obra feitas até então. Os valores que circunscrevem o herói Macunaíma foram revirados pelo avesso, de modo a expor suas qualidades e inconsistências morais, em estreita relação com a incapacidade do país em dar respostas ao seu atraso secular nos vários setores da sociedade, em especial na educação, na inserção social da maioria sob condições mínimas de cidadania, que inclui direitos à saúde, à moradia, à vida digna. Macunaíma transgride todas as leis do bom senso, da moralidade, da decência, embora sua ingenuidade também estabeleça uma forte cumplicidade com o leitor. Essa a pauta das intervenções críticas feitas até o trabalho seminal de Gilda de Mello e Souza (1979), O tupi e o alaúde: uma interpretação de Macunaíma, em que ela desconstrói outra leitura canônica dos anos setenta ─ a Morfologia do Macunaíma, de Haroldo de Campos (1973). Reler esses dois clássicos da fortuna crítica de Macunaíma é tarefa primordial para quem pretende aproximar-se do livro para analisá-lo. O trabalho de Eneida de Souza compõe com esses dois, hoje, a tríade de estudos indispensáveis para tal fim. Foi, sobretudo, a estética da recepção conforme formulada por Hans Robert Jauss (1994), em sintonia com a teoria do efeito estético, de Wolfgang Iser, que trouxe para a compreensão da literatura o problema das leituras críticas na formação da obra literária, sobretudo quando o primeiro investiga a importância desse leitor na conformação do valor da obra e, em última instância, na existência dela para um público formador de opiniões. Em meu livro Crítica literária e estratégias de gênero (Queiroz, 1997), dedico um capítulo às teorias da literatura centradas no leitor e me detenho na obra dos dois estudiosos alemães. Porém, aqui interessa observar que a análise de Eneida de Souza, embora visceralmente nova para a época de sua publicação, é debitária tanto dos trabalhos de Gilda de Souza e de Haroldo de Campos como da investigação enciclopédica feita por M. Cavalcanti Proença (1969), em seu monumental Roteiro de Macunaíma, no qual ele recupera as lendas, os ditados, os anexins, as frases feitas e as estórias compiladas por Mario de Andrade e retiradas de fontes várias, entre elas o livro do etnólogo Koch-Grünberg. O trabalho de Cavalcanti Proença é fonte primária de estudo para a compreensão do universo mítico de Macunaíma. Sobre esses "empréstimos", Eneida de Souza publica como apêndice a carta de Mario de Andrade dirigida a Raimundo Moraes em que responde à insinuação de plágio que haveria no livro com o escancaramento e a assunção de todas as cópias, plágios e roubos de variadas fontes: Copiei, sim, meu querido defensor. O que me espanta e acho sublime de bondade é os maldizentes se esquecerem de tudo quanto sabem, restringindo a minha cópia a Koch-Grünberg, quando copiei todos. E até o sr., na cena da Boiúna. Confesso que copiei, copiei às vezes textualmente. Quer saber mesmo? Não só copiei os etnógrafos e os textos ameríndios, mas ainda na Carta pra Icamiabas, pus frases inteiras de Rui Barbosa, de Mario Barreto, dos cronistas portugueses coloniais, e devastei a tão preciosa quão solene língua dos colaboradores da Revista de Língua Portuguesa (Souza, 1988, p. 126). A originalidade será mesmo tema da Introdução da Pedra mágica, em que o projeto de Mario de Andrade será colocado nos seguintes termos: O projeto andradino, intertextual avant la lettre, consiste na articulação de um texto plural, onde a figura do autor se esvai e se multiplica nos textos de que se apropria: o comércio livre dos signos torna-se moeda corrente onde várias vozes circulam sem autoridade nem lei (Souza, 1988, p. 24). Mais adiante, a autora situa seu projeto de trabalho nos seguintes termos: Nossa reflexão se baseia no universo lingüístico do texto, um estudo que procura ressaltar o aspecto compósito da obra, atravessada por uma gama heteróclita de discursos que dialogam entre si. A articulação interdiscursiva instaurada no interior do texto e a produção de um enunciado que mantém o jogo constante com o contexto e consigo próprio nos força a refletir sobre o caráter móvel dos signos, sempre deslocados, disfarçados e suscetíveis de ser intercambiados por outros. (...) O universo lingüístico de Macunaíma se articula em torno da imagem do papagaio e se expande em diálogo pelo empréstimo das vozes de outros textos. Esse trabalho de transposição de um enunciado em outro (a relação entre o “já-dito”, o “já-escrito” e a obra) tem como princípio o jogo de relações e deformações, operado sobretudo no nível da linguagem. E é principalmente por essa via que analisamos a produção textual andradina, que se traduz pelos procedimentos textuais ressaltados no nosso estudo: o engendramento da cena textual, tecido pela presença de enunciados tomados a outros textos, a inscrição de personagens que saltam das frases-feitas, o jogo do sentido próprio (e impróprio), o processo de demetaforização dos signos, o caráter inconseqüente e vadio do discurso de Macunaíma, entre outros (Souza, 1988, p. 33-34). A excelência dessa análise materializa-se pelas tiradas críticas de mestre, sobretudo no fundamental capítulo "Mitos, jogos e rituais", em que se analisam o discurso escatológico, as adivinhas, as frases-feitas, os enxertos textuais, o jogo do truco, a mobilização lúdico-textual, a cavalgada na escrita (literalmente, a escrita sendo conduzida por cavalos-expressões), a simbologia da morte. Em sentido amplo, estuda-se aí como as frases e as lendas engendram o discurso, como as metáforas são criadoras de realidades e a realidade se metamorfoseia em metáfora, ou como a muiraquitã se transforma em amuleto verbal, trabalhando-se com um heteróclito de discursos e empréstimos, cujo recurso à repetição privilegia a figura do papagaio, como já se observou, enquanto voz que repete vozes e metáfora de Macunaíma, cujo jogo de relações e deformações constituem atos de linguagem que estruturam o texto. Assim, para compreender como ocorre no livro a etiologia da palavra "puíto", um dos vários momentos de humor escatológico da narrativa, Eneida de Souza vai correlacioná-la à presença de elementos mítico-indígenas relativos à origem do Cruzeiro do Sul, (...) além de um outro mito sobre a etiologia do ânus entre os seres, mediatizado pela introdução da palavra “puíto”. A presença desse termo funciona como traço de ligação entre o contexto mítico e a situação vivida por Macunaíma, resultando, daí, a transposição lógica de um texto em outro. O sistema de trocas entre os códigos biológico e lingüístico acentua a relação, se considerarmos que esta passagem representa um questionamento das leis gramaticais impostas à língua e, no caso, à portuguesa (Souza, 1988, p. 4546). Trocar a palavra "boutonnière" por "puíto", no contexto da obra, constitui uma operação complexa na ordem do discurso criticamente multifacetado que organiza o livro, e ela tanto diz respeito à apropriação de procedimentos vários para incorporar vocábulos quanto à crítica feroz à estagnação da língua culta, bem como ao artificialismo com que os eruditos salvaguardam essa mesma norma culta, conforme se lê no excerto da obra marioandradina citado por Eneida de Souza: Mas o caso é que “puíto” já entrara pras revistas estudando com muita ciência os idiomas escrito e falado e já estava mais que assente que pelas leis da catalepse elipse síncope metonímia metafonia metátese próclise prótese aférese apócope haplologia etimologia popular, todas essas leis, a palavra botoeira viera a dar em “puíto”, por meio duma palavra intermediária, a voz latina “rabanitius” (botoeira > rabanitius > puíto), sendo que rabanitius embora não encontrada nos documentos medievais, afirmaram os doutos que na certa existira e fora corrente no sermo vulgaris (Andrade, 1978, p. 113). Outro processo, dentre vários, de organização discursiva na obra levantado pela crítica mineira diz respeito à "criação de personagens que saem de expressões ou de fragmentos de contos", de modo que o aparecimento inesperado e efêmero de figuras que surgem na superfície da página escrita confirma seu estatuto de personagens de papel, circulando de um texto a outro. A frase feita assume no relato uma função pragmática, proporcionando a integração ─ concretização textual da personagem e produzindo, assim, o efeito cômico. A citação das fórmulas estereotipadas é seguida de um procedimento textual que as recita: a personagem que salta da frase a reitera e a corporifica (Souza, 1988, p. 58). Inúmeros são os exemplos do processo ao longo da obra Macunaíma: a concretização da frase feita "estar vesgo de fome"; "até Chico chegar"; "até Manuel chegar"; "ficar com cara de André". Ou o processo inverso em que o provérbio produz o texto e mobiliza a ação, como se dá, por exemplo, com a frase "papagaio come milho, periquito leva a fama", em que os papagaios se metamorfoseiam em periquitos: Madurou milho na terra dos ingleses vou para lá! Então todos os papagaios foram comer milho na terra dos ingleses. Porém primeiro viraram periquitos porque, assim, comiam e os periquitos levavam a fama (Andrade, 1978, p. 139). Assim também ocorre com o episódio da morte da mãe de Macunaíma, que se inicia com o sonho que está no capítulo, não por acaso, intitulado "Maioridade": ─ Mãe, sonhei que caiu meu dente. ─ Isso é morte de parente, comentou a velha. ─ Bem que sei. A senhora vive mais um sol só. Isso mesmo porque me pariu (Andrade, 1978, p. 16). Eneida de Souza vai lê-lo como episódio iniciático por excelência, próprio dos mitos ou contos populares, em que o ato de iniciação dos jovens, a morte da mãe pelo filho, seguida de sua consumação ritualística, nem sempre é realizada diretamente; a mãe aparece, constantemente, sob a forma de um animal mediador. Macunaíma, matando a mãe metamorfoseada em “viada parida”, torna-se o responsável indireto da ação, deixando de consumir a mãe no sentido próprio para consumi-la no sentido figurado (Souza, 1988, p. 65). Seguindo a trilha sinuosa da escrita de Mario de Andrade e do percurso de Macunaíma, a leitura de Eneida de Souza atravessa o livro e descreve com minúcias seus variados procedimentos discursivos e lingüísticos, aliando em seu trabalho o rigor da análise, a habilidade para conferir sentidos, para distinguir a mais forte tradição cultural brasileira nele inscrito, e o afeto por seu objeto de estudo. 3 Alteridades, Subjetividades, Autorias Outro veio importante do trabalho crítico de Eneida de Souza diz respeito à problematização da alteridade e das subjetividades, em que utiliza aportes teóricos advindos tanto da teoria psicanalítica de base freudiana quanto da semiologia barthesiana e da desconstrução derridiana ou do estruturalismo lévi-straussiano, de que são exemplares alguns ensaios publicados em Traço crítico (1993), tais como "Querelas da crítica" (1987), "Sujeito e identidade cultural" (1989) e "O universal em Antropologia" (1988). Em sua última coletânea de ensaios (Crítica cult, 2002), que enfeixa textos voltados para os estudos de crítica cultural e literária e de literatura comparada, um em particular – “Notas sobre a crítica biográfica” (2000) – parece especialmente interessante por demonstrar sagacidade crítica ímpar ao discutir as relações que configuram a tríade biografia / autor / obra, analisando o conceito de autor como ator no cenário discursivo, considerando-se o seu papel como aquele que ultrapassa os limites do texto e alcança o território biográfico, histórico e cultural. A figura do escritor substitui a do autor, a partir do momento que ele assume uma identidade mitológica, fantasmática e midiática. Esta personagem, construída tanto pelo escritor quanto pelos leitores, desempenha vários papéis de acordo com as imagens, as poses e as representações coletivas que cada época propõe aos seus intérpretes da literatura. Cada escritor, portanto, constrói sua biografia com base na rede imaginária tecida em favor de um lugar a ser ocupado na posteridade (Souza, 2002, p. 116). Na verdade, essa discussão sobre a crítica biográfica, com suas ramificações na vida e na obra do autor, bem como nos fatos do cotidiano, está inserida na problematização mais ampla do lugar ocupado pelos estudos culturais no que concerne ao estudo da obra literária e à literatura comparada. Essa é uma polêmica que tem seu ponto mais incisivo na década de 80, com a dispersão do conceito de literário e do lugar da própria literatura, junto com a perda da aura e a crise das metanarrativas, de que já trataram inúmeros críticos, no Brasil e no exterior. Eneida de Souza procurou dar respostas à questão ao longo de vários ensaios de seu Crítica cult (2002). Podemos acompanhar a discussão já no primeiro ensaio da coletânea, "Os livros de cabeceira da crítica" (1988), em que a defesa dos estudos culturais e a mise en situation da literatura nesse contexto se dá nos seguintes termos: O não-lugar da literatura corresponde exatamente à impossibilidade de serem concebidas instâncias dotadas de valor intrínseco ou de caráter essencialista. Por transitar entre discursos e funcionar como referência constante para a construção de objetos teóricos de outras disciplinas, o discurso ficcional está cada mais vez mais vivo e presente. Resta saber de qual literatura estamos falando e de quais discursos a ela já se integraram. Sem um lúcido diálogo sobre a relação que atualmente se pratica entre os meios de comunicação de massa, a indústria cultural e uma economia de mercado, torna-se impossível delimitar qualquer lugar específico conferido aos discursos, sejam eles literários, científicos, religiosos ou políticos (Souza, 2002, p. 24). Sobre os estudos culturais serem os "vilões" do desprestígio atual da literatura, na medida em que "estariam ameaçando os estudos literários, corrompendo o objeto de análise e distorcendo a teoria da literatura", a autora acredita, em "A teoria em crise" (1998), que "por trás da discussão do gosto estético se acham inseridos problemas mais substantivos quanto à diferença de classe, à democratização da cultura e à perda do privilégio de um saber que pertence a poucos" (Souza, 2002, p. 71). Esse é um ensaio importante para o encaminhamento dos argumentos mais consistentes desse imbroglio que se tornou a relação nada pacífica entre os estudos culturais e a literatura, ou melhor, a alta literatura, na medida em que Eneida de Souza coloca em cena alguns dos mais importantes teóricos dessas disciplinas, com suas posições diante do problema. Assim, conversam nesse simposium, entre outros, os teóricos da desconstrução, da descontinuidade e da multiplicidade: Deleuze, Guattari, Derrida e Foucault, bem como o semiólogo Barthes; a linhagem da crítica anglo-americana, nas figuras de K. Anthony Appiah, Richard Rorty, Jonathan Culler, John M. Ellis e Stanley Fish; as novas teorias sistêmicas complexas alemãs, sob a égide de Siegfried J. Schmidt que nos chega pelas mãos de Heidrun Krieger Olinto, teórica hard e professora da PUC-Rio; a paulista Leyla Perrone-Moysés; Luiz Costa Lima e o francês Antoine Compagnon. Seria impossível resumir nesse momento as várias posições que assumem uns e outros, mas importa aqui perceber como se coloca a autora face à diversidade de posições e à complexidade do tema: Se as fronteiras disciplinares não mais se sustentam em termos absolutos, a defesa de posições radicais só irá comprovar a dificuldade de se conviver com os lugares indefinidos do próprio saber contemporâneo. O conceito de indefinição, longe de significar a circulação caótica e irracional do conhecimento, aponta a necessidade de se pensar na terceira alternativa fornecida por Richard Rorty e por Jonathan Culler, ao postularem a substituição da matriz disciplinar por um novo gênero e uma nova teoria. A interdisciplinaridade, de vilã da história, poderia receber tratamento mais condizente com sua força de aglutinação de diferenças e de pulverização dos limites fechados dos campos teóricos (Souza, 2002, p. 77-78). É do seio dessa discussão, que ainda não terminou nos meios acadêmicos brasileiros, que emerge uma nova postura face às relações entre vida / obra / autor, que Eneida de Souza tratará com maestria no ensaio já referido. O que há de novo e promissor no enfoque adveio do compromisso que os estudos culturais impuseram à realidade histórica, social, de gênero e de classe dos produtores de objetos da cultura, em que se insere a literatura, por certo. Também os estudos feministas, com sua impositiva agenda dos estudos de gênero, enfatizaram a necessidade de situar o sujeito-autor de uma obra em suas especificidades históricas, sobretudo no que diz respeito ao resgate de autoras relegadas pela tradição. A estética da recepção, igualmente, tem um peso importante na constituição desse "autor-personagem", na medida em que ela formulou os parâmetros fundamentais ─ pelas sete teses de Hans Robert Jauss3 ─ para a compreensão da obra como fruto das várias recepções, ao longo das décadas, por seus leitores instrumentalizados, ou leitorescríticos, de modo a fundir para sempre no universo teórico de compreensão da literatura a obra e seu receptor. Logo, as circunstâncias históricas de sua recepção. Daí, Eneida de Souza poder afirmar, quanto ao autor, que "esta personagem, construída tanto pelo escritor quanto pelos leitores, desempenha vários papéis de acordo com as imagens, as poses e as representações coletivas que cada época propõe aos seus intérpretes da literatura" (Souza, 2002, p. 116). Fugindo do mimetismo e do impressionismo que vigorava no século dezenove quanto à análise da vida e da obra, em relação de causalidade mecânica, o que este nosso século traz de instigante, e Eneida de Souza coloca de forma exemplar, é a desconfiança quanto a noções de profundidade, de origem e de completude que compunham a idéia do autor. Por outro lado, compreender essa "figura" (no sentido formal de figuração) como elemento intrínseco ao universo romanesco ajuda a formular novos approaches a obras que têm na presença do autor em sua estrutura uma de suas forças constituintes, como é o caso da obra de Clarice Lispector, ou de Ana Cristina Cesar, no Brasil, ou mesmo de Machado de Assis, para ir mais longe no tempo. A "autoridade da autoria" foi por esses autores colocada em xeque, e compreender essa torção feita em linguagem e na estrutura mesma da narrativa será a contribuição que a crítica biográfica, do modo como a situa Eneida de Souza, trará para os estudos literários e dos objetos da cultura. Se pensarmos, por exemplo, em como Lispector se coloca na narrativa de A hora da estrela, situando-se como ficção de si mesma, ao inserir sua assinatura com subtítulo da obra, bem como explicitando na Dedicatória a fusão irremediável entre ficção e dados de uma realidade histórico-social, veremos que as invenções do grande artista já haviam feito a ponte inextricável entre os elementos do mundo ficcional, em que se inclui a figura do autor, tomado e engendrado como ficção. Ou, como coloca Eneida de Souza: "A figura do autor cede lugar à criação da imagem do escritor e do intelectual, entidades que se caracterizam não pela assinatura de uma obra, mas que se integram ao cenário literário e cultural recomposto pela crítica biográfica" (Souza, 2002, p. 116). Lembremo-nos, ainda e por fim, da figura de intelectual tematizada por Lispector ao longo de toda a narrativa de A hora da estrela, emblemática e exemplar com relação às mencionadas entidades textuais. Notas 1 Este 2É trabalho é parte de uma pesquisa realizada com o apoio do CNPq. interessante perceber que Eneida de Souza acredita mesmo em uma "identidade mineira", ou em um "espírito mineiro", como se pode perceber das seguintes observações feitas em texto de 1994, "O espaço nômade do saber", publicado em Crítica cult (2002): "Como se pode deduzir, o espírito mineiro atua de forma latente nesse tipo de estratégia institucional, considerando-se que a lição aprendida lá fora serviu, inegavelmente, para abalar o 'lar da tradição', graças à influência dos ares de outros espaços.” A "Minas do lar / Minas sem mar" ─ evocada ironicamente nos versos de Silviano Santiago "O que Minas?" ─ “sugere outra leitura do espírito mineiro, dividido entre o apego à tradição e a busca incessante do novo, do outro lado da montanha" (Souza, 2002, p. 41). 3 A Estética da Recepção define que a atitude de interação tem como pré-condição o fato de que texto e leitor estão mergulhados em horizontes históricos, muitas vezes distintos e defasados, que precisam fundir-se para que a comunicação ocorra. Inseridos nesses horizontes históricos estão ainda oralidade e escrita, meios de transmissão da palavra, escolhidos pelo rádio e pela literatura. Jauss (1994) define na Estética da Recepção a necessidade de entender os efeitos das obras e acontecimentos do passado, desde a perspectiva do leitor contemporâneo, sobre quem ainda repercutem efeitos dos movimentos ocorridos em outras épocas. O teórico divide seu projeto em sete teses, em que as quatro primeiras têm caráter de premissas, oferecendo as linhas da metodologia explicitada nas três últimas. A primeira postula o caráter histórico da literatura, propondo remeter a um tempo de leitura, à historicidade da obra literária, atualizada pelo leitor, indivíduo capaz de efetivá-la. A segunda tese propõe a consulta às obras, considerando que, na medida em que participam de um processo de comunicação, apropriam-se dos códigos vigentes. A terceira tese trabalha com a reconstituição do horizonte de expectativas e a verificação da distância estética, grau de ruptura da obra em relação ao horizonte histórico. A quarta examina melhor as relações do texto com a época de seu aparecimento, considerando a fusão dos horizontes históricos, aparentemente independentes um do outro. O programa metodológico investiga a literatura sob tríplice aspecto. O diacrônico (tese 5) é relativo à recepção das obras literárias ao longo do tempo, o sincrônico (tese 6) mostra o sistema de relações da literatura numa dada época e a sucessão desses sistemas. A tese 7 está no relacionamento entre a literatura e a vida prática. A quinta tese considera que, para situar uma obra na sucessão histórica, é preciso levar em conta a experiência literária que propicia. Jauss entende que a literatura pré-forma a compreensão de mundo do leitor, repercutindo, então, em seu comportamento social. A arte não existe para confirmar o conhecido, mas para contrariar expectativas, emancipar. (In: CUNHA, Magda Rodrigues da. "O valor de permanência do rádio – um estudo dos efeitos pela estética da recepção." INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Salvador/BA – 1 a 5 Set 2002. Trabalho apresentado no NP06 – Núcleo de Pesquisa Mídia Sonora, XXV Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Salvador/BA, 04 e 05 setembro 2002. Disponível em: http://reposcom.portcom.intercom.org.br/bitstream/1904/18776/1/2002_NP6CUNHA.pdf). Referências ANDRADE, Mario. Macunaima: o herói sem nenhum carater. 16. ed. São Paulo: Martins, 1978. CAMPOS, Haroldo. Morfologia do Macunaíma. São Paulo: Perspectiva, 1973. JAUSS, Hans Robert. A história literária como provocação à teoria literária. Tradução Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994. PROENÇA, M. Cavalcanti. Roteiro de Macunaíma. 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Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1997. SOUZA, Gilda de Mello e. O tupi e o alaúde: uma interpretação de Macunaíma. São Paulo: Duas Cidades, 1979. Dados da autora: Vera Queiroz* Doutora em Letras – Centro de Humanidades/PUC-Rio – e Professora do Departamento de Letras – UFF e da UFC Endereço para contato: Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades Av. da Universidade 2683 – Bloco 125 Benfica 60020-181 Fortaleza/CE – Brasil Endereço eletrônico: [email protected] Data de recebimento: 25 maio 2007 Data de aprovação: 30 jul. 2008