Professor do CCA entre cientistas indicados para participar da IPBES/ONU Na semana de 30 de junho a 04 de julho de 2014, sessenta e dois cientistas representando todas as regiões do planeta reuniram-se em Siegburg/Bonn, na Alemanha, para participarem do primeiro encontro de avaliação da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). A IPBES é um organismo intergovernamental independente aberto a todos os países membros das Nações Unidas que foi criado em 2012 em resposta às preocupações da comunidade científica sobre a falta de esforços internacionais para combater as ameaças à biodiversidade. A IPBES segue o mesmo modelo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), reunindo cientistas e tomadores de decisão de todo o mundo para monitorar o estado da biodiversidade e dos recursos naturais no planeta e fazer previsões de como as mudanças dos serviços ecossistêmicos podem afetar os ecossistemas e o bem estar humano. O foco principal dessa primeira avaliação são os polinizadores, a polinização e a produção de alimentos no mundo, e a versão final deverá estar pronto em dezembro de 2015. Até lá, reuniões virtuais usando os recursos da internet e presenciais possibilitarão a discussão e redação do documento. Dentre os 62 especialistas internacionais que participaram desse encontro na Alemanha, encontravam-se cinco cientistas indicados pelo governo brasileiro: Vera Lucia Imperatriz Fonseca (USP), que também é a copresidente dessa Avaliação, Blandina Felipe Viana (UFBA), Mario Espírito Santo (UNIMONTES), Márcia Maués (EMBRAPA) e o professor Breno Magalhães Freitas do Departamento de Zootecnia da UFC. O tema polinização foi escolhido para a primeira avaliação do IPBES principalmente devido a sua alta relevância política, pois se sabe que no âmbito global 75% das culturas agrícolas mundiais beneficiam-se da polinização e que 78 a 94% da flora silvestre também depende de polinização por insetos. Além disso, a proteção desses polinizadores é urgente, já que estão seriamente ameaçados na maioria dos ecossistemas terrestres. Contudo, apesar da reconhecida importância dos serviços de polinização na produção de alimentos e na conservação dos ecossistemas terrestres, ainda faltam políticas globais efetivas e mais esforços para a implementação das políticas existentes. Dados recentes revelam que nos últimos 50 anos a área cultivada com culturas dependentes de polinizadores aumentou 300% para compensar o impacto do déficit de polinização na produtividade agrícola. Nesse sentido, o trabalho a ser realizado pelos especialistas junto ao IPBES, baseado nas melhores informações científicas disponíveis e nos conhecimentos tradicionais indígenas, auxiliará os governos dos países membros das Nações Unidas na tomada de decisões para conservação e uso sustentável dos polinizadores e dos serviços de polinização e fortalecerá ainda mais a interface entre ciência e política.