PLANO DE MANEJO
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
ALTO DA BOA VISTA - I e II
1
Serra do Relógio – Descoberto / MG
Janeiro de 2013
Coordenação - Edição – Responsabilidade Técnica do Plano de Manejo:
Helvécio Rodrigues Pereira Filho – Técnico em Agropecuária, proprietário e gestor da
RPPN Alto da Boa Vista
Marcos Aurélio Sartori – Engenheiro Florestal da BIOPRESERVAÇÃO Consultoria e
Empreendimentos Ltda.
Equipe Técnica:
Caracterização da Vegetação:
Dra. Fátima Regina Gonçalves Salimena – Bióloga / Professora do Departamento de
Botânica da UFJF
Msc. Filipe Soares de Souza – Biólogo
Estagiários: José Hugo Campos Ribeiro, Mestrando do Programa de Pós-Graduação
em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e Cíntia Oliveira Rezende
Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora
Diagnósticos da Fauna:
Grupo Herpetofauna:
Msc. Samuel Campos Gomides – Biólogo
Colaborador: Wellington Ouverney Jr.; Graduando do curso de Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Juiz de Fora
Grupo Avifauna:
Dr. Marco Antônio Manhães – Biólogo
Suporte Técnico: Fernanda Karina de Jesus – Bióloga
Grupo Mastofauna:
Dr. Pedro Henrique Nobre – Biólogo Msc. Omar Junqueira Bastos Neto – Biólogo
Msc. Omar Junqueira Bastos Neto – Biólogo
Colaboradores: Alexmar dos Santos Rodrigues e Abraão Calderano Rezende,
Graduandos do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de
Fora, Minas Gerais.
Pesquisas, Mapeamento, Geoprocessamento, Zoneamento e Programas de
Manejo:
Artemio de Souza Silva – Geógrafo
Helvécio Rodrigues Pereira Filho – Técnico em Agropecuária
Marcos Aurélio Sartori – Engenheiro Florestal
Adair Maria Sartori - Pedagoga
Msc. Samuel Campos Gomides – Biólogo
Msc. Filipe Soares de Souza – Biólogo
Dr. Marco Antônio Manhães – Biólogo
Colaboradores:
Fotos: Helvécio Rodrigues Pereira Filho
Msc. Fabiana Dallacorte – Bióloga
Marcos Aurélio Sartori
Carla Kurle – Bióloga
Clodoaldo Lopes de Assis
Lucas Souza Lima Rodrigues – Arquiteto
Gilberto Malafaia
Bruno Louzada – Tecnólogo em Meio Ambiente
Equipe Técnica da Fauna/Flora
2
3
Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista
BIOPRESERVAÇÃO
Consultoria e Empreendimentos Ltda.
Apoio:
Este Plano de Manejo foi elaborado com apoio do Programa de Incentivo às Reservas
Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica, coordenado pelas organizações
não governamentais Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica
(SOSMA) e The Nature Conservancy (TNC).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vivência ao lado de minha família nesse alto de serra abençoado; aos
meus pais Riza e Helvécio pelo estímulo, confiança e educação; a todos da família
que sempre me impulsionam e me ajudam incondicionalmente; aos amigos que
sempre me incentivaram; aos moradores de toda a região do entorno da Serra do
Relógio pelo acolhimento, amizade e consideração; aos trabalhadores rurais que me
auxiliaram no desenvolvimento das muitas atividades na propriedade ao longo desses
25 anos e aqueles que trabalharam para erguer as infraestruturas hoje existentes na
RPPN Alto da Boa Vista; aos visitantes turistas e estudantes pela participação
responsável e simpatia; às instituições públicas e seus técnicos e servidores, os quais
sempre nos deram suporte em nossas atividades e ações; aos colegas proprietários
de Reserva Particular do Patrimônio Natural e tantos outros proprietários que
conservam florestas por esse Brasil afora apesar das inúmeras dificuldades; aos
profissionais/pesquisadores de diversas áreas que participaram da elaboração deste
documento técnico essencial para a Unidade de Conservação, o – Plano de Manejo da
RPPN Alto da Boa Vista; e por fim agradecemos muito e reverenciamos a
“Colaboração para Conservação” oportunizada na RPPN em quatro projetos
selecionados pelo “Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio
Natural da Mata Atlântica” que é coordenado pelas Organizações não Governamentais
- Conservação Internacional (CI – Brasil) e Fundação SOS Mata Atlântica, nossos
parceiros que efetivamente apoiam projetos de proprietários de Reserva Particular do
Patrimônio Natural-RPPN.
Helvécio Rodrigues Pereira Filho
Gestor da RPPN Alto da Boa Vista
4
APRESENTAÇÃO
Orfeu Sérgio Ferreira Filho -.
Parto das montanhas. Caminho, contemplo, conforto-me. A visão
da bruma matinal que encobre o outono aguça os sentidos e mantém no ar o estado
de contentamento. Descortino a cada passo fragmentos da tela azul entrecortada pelo
manto verde e, ainda, capturo o som límpido da queda das águas. Faço parte de algo
maior e pressinto que isto também faz parte de mim. O silêncio explode; domino as
incertezas; venta puro; vista alegre.
Nos idos de 1980 conheci melhor a vertente sul da Serra do
Relógio. Antes, natural de Guarani, desde cedo ficara deslumbrado com o paredão de
rochas e vegetais superando as linhas médias de altitude. Passei a aproximar-me dos
maciços, em geral nas férias escolares, descobrindo e redescobrindo estradas, trilhas
e percursos. Claro que sempre tive a companhia de muitos amigos. Circulávamos feito
desatinados pelas beiradas da Serra, embrenhados junto às fazendas centenárias,
córregos afluentes do rio Pomba, trechos vencidos com o destemor da juventude. Da
Água Limpa, em Astolfo Dutra, até a Pedra do Relógio, em Descoberto, a varredura de
acampamentos nas cumeeiras permitia mapear os rincões e, a cada vez, enriquecer o
imaginário, relatado incontáveis vezes, entusiasticamente, aos conterrâneos.
Voltando ao início dos anos 90, já trabalhando em São João
Nepomuceno, soube da Reserva Biológica da Represa do Grama, incrustada no
território de Descoberto, patrimônio natural meio esquecido pelas autoridades
públicas. Com a retrospectiva da Serra na cabeça, a consequência foi a de incentivar
a recolocação da Reserva na agenda política local. Sob outro ângulo, também incluía
rever a memorável ocupação histórica de Descoberto – a exploração de ouro nos
sertões do leste, área que a Coroa Portuguesa buscava manter incólume e a
mineração que se sucedeu no século XIX -, o que mais tarde desencadearia o debate
do uso de mercúrio nos garimpos, diante da afloração do metal nas várzeas do
córrego do Grama e a interdição de pesca e pastagem devido ao potencial de
contaminação.
A consciência estratégica da Reserva Biológica implicou,
previamente, na demarcação dos seus limites. Foi quando contatei o Helvécio,
ruralista, aviador, técnico agrícola, ambientalista, apicultor, semeador de ousadias, que
5
empregou a verba da rescisão de um contrato de trabalho bancário na compra da
propriedade fincada na grimpa do lado sul da Serra do Relógio. Encantou-me no
Helvécio a simplicidade de trato com a natureza. Adquiriu uma porção de terras
isolada e dedicou-se com ardor ao manejo do imóvel.
A experiência permitiu-lhe liderar a demarcação da Reserva
Biológica sob os auspícios da municipalidade de São João Nepomuceno e,
principalmente, observar e constatar vestígios de Mata Atlântica originária nas alturas
da Reserva. Assim, a Reserva encontrou a definição dos marcos de seu entorno, fato
que se tornou decisivo quando um empreendimento de exploração de bauxita na
Serra, intentado pela Companhia Brasileira de Alumínio – CBA -, expandia suas
prospecções e escavação do minério, impondo à empresa respeitar a zona de
amortecimento daquela unidade de conservação.
Neste meio tempo, o Helvécio já se propunha a criar a Reserva
Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, utilizando praticamente todo o
espaço físico do seu imóvel rural.
Em julho de 1995, subindo a Serra a partir da RPPN e guiados
pelo Helvécio, eu e outros amigos chegamos e pernoitamos no topo, a 1.434 metros
de altitude, após mais de cinco horas de travessia. Visual esplendoroso na interseção
dos municípios de Guarani, Descoberto e Astolfo Dutra. Nesta ocasião, conheci a
Adélia. É a união perfeita com o Helvécio e o ambiente. Sensível às astúcias da
natureza, que não se apresenta para os meros curiosos, exibe a vocação espontânea
do cuidar. Além da Adélia e do Helvécio, tínhamos, na época, mais dois guardiões do
lugar: Amigo e Colega, cães mestiços que velavam pela não intromissão de caçadores
e extrativistas.
Entre a Reserva Biológica e a Reserva de Proteção Particular há
um marco natural: a Pedra do Relógio. Outra história. A Pedra, que deu nome ao
conjunto de montanhas da Serra, é a referência geográfica de localização num raio de
centenas de quilômetros. Rugendas, pintor francês que acompanhou a expedição do
Barão de Langsdorff pelas Minas Gerais, retratou a paisagem em aquarela de julho de
1824. Antes de Rugendas, os traços dos grupos indígenas que povoaram a região,
analisado por André Prous, tinham no espigão um dos seus nortes. A Pedra, que
delimita territorialmente os municípios de Guarani e Descoberto, tornou-se plataforma
de voo livre pela iniciativa de mais um pertencente à Serra – o Haroldo – e de fato
convertida em unidade de preservação ambiental.
6
No município de Guarani, por volta de 2000, a construção de
pequenas centrais hidrelétricas ao longo do Rio Pomba – Ponte, Palestina e Triunfo; a
primeira e a terceira cujos reservatórios estendem-se pelos municípios de Descoberto
e Astolfo Dutra, respectivamente – fixou para a empreendedora, Companhia Força e
Luz Cataguazes-Leopoldina, depois denominada Energisa, a obrigação de medidas
compensatórias. Entre outras, a criação do Parque Natural Municipal da Serra do
Relógio, isto é, a aquisição e destinação de uma porção de terras para recomposição
da cobertura vegetal, defesa dos mananciais e da fauna. A multinacional canadense
Brookfield, que comprou da Energisa as usinas hidrelétricas, corretamente orientada
pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, promoveu a desapropriação de
uma fazenda em estado de abandono, significativamente denominada Vista Alegre, no
alto da Serra, transferida à municipalidade de Guarani para a implantação do Parque
Natural Municipal, numa área superior a 200 hectares. Coube ao Helvécio realizar o
memorial descritivo de localização e mapa do perímetro.
Em síntese: a Serra, cordilheira que detém o avanço do rio
Pomba rumo às terras de Descoberto e São João Nepomuceno, aglutina a Reserva
Biológica do Grama, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, a
RPPN Jurerê, situada no entorno da Pedra do Relógio e o Parque Natural Municipal
de Guarani, ordenando um corredor natural de notável impacto para o ecossistema.
A região, historicamente espoliada, contribui para transformar as
bases de sua ocupação. Os projetos desenvolvimentistas que a rodeiam – mineração
de bauxita, hidrelétricas, aeroporto internacional – sofrem contraste com a
determinação de reconfigurar o ambiente degradado. Neste contexto, é de se
enaltecer a bravura de Adélia e Helvécio, retratada em seus aspectos sócioeconômico-culturais com o presente Plano de Manejo. Reunidos a um grupo de
qualificados especialistas em geografia, engenharia florestal, pedagogia, arquitetura,
biologia e técnica ambiental, produziram estudo que é como o raio de sol no meio da
mata fechada: a claridade atinge o chão e abre caminhos.
A investigação coloca em evidência, ademais, o sentido da
conservação ambiental e o conhecimento da biodiversidade. Há muito o casal
recepciona visitantes, tantos em idade escolar, guiando-os pelos acessos da RPPN. É
encantador a alegria das crianças e adolescentes quando retornam fascinadas do giro.
Somam o contato direto daquele espírito de aventura com a descoberta de outro
espaço de vida, bastante diferente do habitual. A impressão pessoal provoca o
respeito às manifestações de vida, sentir para preservar. Na RPPN encontram-se
7
restos de inúmeros fornos das árvores tragadas com o propósito de fabricar carvão.
Imagina-se a devastação, sem qualquer controle oficial, restringida tão somente pelos
limites físicos das encostas que dificultavam o alcance dos desmatadores.
Ao lado do roteiro emblemático da conservação, o Plano de
Manejo comporta a verificação da biodiversidade. As multiplicidades e especificidades
dos ambientes possibilitam a cada momento a identificação de uma nova experiência.
As influências orográficas, as modulações dos contrafortes, as características das
vegetações e as espécies de fauna ilustram, com exuberância, a riqueza do local,
pacientemente reconfigurado no seu mundo de importância pelo casal.
Longe de ser demasiado, a RPPN foi arrematada grão a grão. A
imponente casa de abrigo edificada no sopé da trilha ao cume sempre pareceu uma
ilusão: a cada dia o Helvécio trazia na camionete um pouco de pedra, areia, ferragens,
tijolos, telhas, madeira, o que fosse aproveitável e era relegado como sobra de obras
nas redondezas. E o Helvécio pelejando com alguns pedreiros tão idealistas quanto
ele, que se dispunham a largar a comodidade de serviços nas cidades para se
associarem à construção de formidável obra!
Extrema felicidade com a chegada das filhas do casal pioneiro:
Paula e Juliane, nascidas com a liberdade de saberem que a RPPN é precioso
exemplo de se dedicar ao aparentemente inacreditável. O Plano de Manejo é muito
mais que um fastidioso levantamento cartográfico e natural. O relevante é encontrar
pessoas como Adélia e Helvécio, que não poupam sacrifícios, nesta sociedade
preocupantemente longínqua da sua gênese. Aqui se revela o valor de gerações. É
leitura que inspira, orgulha e, vejam vocês, arrebatador testemunho de boas novas.
Boas vindas.
Guarani, Páscoa de 2013.
8
LISTA DE FIGURAS, FOTOS, QUADROS, TABELAS E OUTRAS ILUSTRAÇÕES
1
Croqui de localização da RPPN no município ..................................................... 25
2
Croqui de acesso à RPPN Alto da Boa Vista ..................................................... 26
3
Localização de Descoberto no Estado de Minas Gerais
............................. 27
4
Foto aérea da área em 1993 – Fase anterior à RPPN
............................. 30
5
Fotos de áreas de RPPN / 2009 – Evolução dos remanescentes
6
Foto do marco de referência - CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA ...... 32
7
Foto aérea da face norte do pico da Serra do Relógio
8
Foto da placa nas imediações da tríplice divisa dos municípios de Descoberto,
Guarani e Astolfo Dutra
9
................. 30
............................. 32
............................................................................ 32
Mapa dos municípios limítrofes de Descoberto
......................................... 34
10 Inserção do município de Descoberto na micro região de Juiz de Fora
11 Imagem de satélite da Reserva Biológica Represa do Grama
.................. 36
12 Quadro População Censitária Segundo as Faixas Etárias e Sexo: 2.007
13 Quadro Escolaridade
...... 35
...... 41
............................................................................ 42
14 Quadro Tipos de ocupação da população
......................................... 43
15 Quadro Rendimento Familiar Per Capita
......................................... 44
16 Quadro Abastecimento de Água
......................................... 45
17 Quadro Destino do Lixo
......................................... 46
18 Esgotamento Sanitário
......................................... 46
19 Domicílios urbanos, em logradouro, com iluminação pública e pavimentação ... 47
20 Croqui de interligação rodoviária
..................................................... 49
21 Gráfico de Pesquisa - Conhecimento da importância da UC ............................... 53
22 Gráfico Ocorrência de fogo nas propriedade confrontantes com a RPPN .......... 54
23 Foto área incendiada divisa RPPN
......................................... 54
24 Foto Pedra Relógio após ocorrência do fogo
......................................... 54
25 Foto Área incendiada no município de Guarani
......................................... 54
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
9
26 Foto incêndio florestal fora de controle
..................................................... 54
27 Foto pesquisas sócio economia com o proprietário Danilo Bitencourt ............... 55
28 Foto das entrevistas com os proprietários do entorno
............................. 55
29 Foto do peixe cambeva
................................................................ 56
30 Foto do caranguejo
................................................................ 56
31 Foto do cágado
................................................................ 56
32 Foto da 1ª Reunião Participativa
................................................................ 58
33 Foto da 1ª Reunião Participativa
................................................................ 58
34 Foto da Área de Exploração 1
................................................................ 61
35 Foto da Quadra poliesportiva na AE 2 ................................................................ 62
36 Foto de trecho crítico da estrada
............................................................... 64
37 Foto da ETE da Sede e CV
................................................................ 65
38 Foto da ETE do Abrigo de Montanha
................................................................ 65
39 Foto Serra do Mar: Caledônia e Três Picos
40 Foto da localização da UC na região
41 Foto da influência orográfica
.................................................... 66
............................................................... 68
........................................................................... 68
42 Quadro de Dados de Pluviometria na Região – Mensal / Anual
................. 69
43 Quadro da precipitação de janeiro de 2003 a setembro de 2007 (município
de Leopoldina) ................................................................................................... 70
44 Mapa com Zoneamento Agroclimático do Estado de Minas Gerais
................. 70
45 Mapa com inserção das cinco áreas reconhecidas pelo Instituto Estadual de
Florestas de Minas Gerais em 2008, denominadas RPPN Alto da Boa Vista II... 71
46 Mapa de localização da Serra do Relógio na região da Zona da Mata Mineira... 72
47 Figura do Modelo Digital do Terreno da região de Descoberto
................. 73
48 Foto da várzea e área de RPPN
................................................................ 73
49 Foto do relevo com forte ondulação
................................................................ 73
50 Mapa hidrográfico com as nascentes e o percurso dos cursos d’água
da RPPN e propriedade confrontante ................................................................ 74
51 Foto da lagoa na área de RPPN
................................................................ 75
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
10
52 Foto da Várzea e localização das nascentes acima
........................................ 75
53 Foto Nascente a 1230 metros ........................................................................... 75
54 Foto do Percurso da Nascente ........................................................................... 75
55 Figura da bacia hidrográfica na região da Serra do Relógio no município de
Descoberto
.................................................................................................. 76
56 Foto da Cachoeira do Escorrega
................................................................ 77
57 Foto da Cascata da Toca
................................................................ 77
58 Foto da Gruta do Paredão da Serra
................................................................ 78
59 Foto da cavidade natural
................................................................ 78
60 Foto da Toca da Cascata
................................................................ 79
61 Foto das vegetações dos contrafortes ................................................................ 79
62 Foto do vale do Rio Pomba
................................................................ 79
63 Tabela 1: Lista das Famílias e Espécies ocorrentes na RPPN ABV ................. 84
64 Tabela 2: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na
Floresta Estacional Semidecidual da RPPN Alto da Boa Vista
................. 97
65 Tabela 3: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes no
Campo de Altitude na RPPN Alto da Boa Vista
.................102
66 Tabela 4: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes
na Mata Nebular da RPPN ABV
.................104
67 Tabela 5: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes nos
Brejos da Reserva
.................107
68 Tabela 6: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na
Área Antropizada da Reserva
.................110
69 Tabela 7: Índice de Similaridade de Sørensen das
fitofisionomias da Reserva Particular do Patrimônio Natural ABV
.................113
70 Figura do Dendrograma do Índice de Similaridade de Sørensen das
fitofisionomias da Reserva
...........................................................................115
71 Figuras da Caracterização da Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual
acima de 1200 metros e outros ambientes fitofisionômicos que ocorrem ........116
72 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
............................117
73 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
............................118
74 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
............................119
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
11
75 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
............................120
76 Figura da Hidrografia regional com localização da região de Descoberto
onde se insere a RPPN Alto da Boa Vista
...................................................122
77 Figura da Localização das áreas prioritárias para a conservação da
herpetofauna de Minas Gerais. A seta indica a localização da região
que inclui o município de Descoberto .................................................................125
78 Tabela - Lista das espécies de anfíbios registradas para a área da
RPPN Alto da Boa Vista e seu entorno
...................................................129
79 Tabela - Lista das espécies de répteis registradas para a área
da RPPN Alto da Boa Vista e seu entorno
...................................................130
80 Figura de ambientes onde anuros se reproduzem
.......................................145
81 Figura de Fotos da Herpetofauna
.......................................150
82 Figura de Fotos da Herpetofauna (Continuação)
.......................................151
83 Foto do Cágado Hydromedusa maximiliani
.......................................152
84 Figura - Curvas de acumulação do número de espécies observado
e do número de espécies estimado (Bootstrap, Chao2. Jackknife)
em amostragens com lista de MacKinnon...........................................................157
85 Tabela - Lista das espécies de aves registradas na RPPN ABV.......................157
86 Tabela – Características ecológicas das 123 espécies da avifauna
identificadas na área da RPPN Alto da Boa Vista
.......................................163
87 Figura - Fotos de algumas espécies de aves residentes na
RPPN Alto da Boa Vista
........................................165
88 Figura – Localização da Reserva Particular do Patrimônio Natural
Alto da Boa Vista com os pontos de amostragens das armadilhas
fotográficas utilizadas nas pesquisas de mastofauna ........................................167
89 Figura – Armadilha fotográfica Tigrinus® instalada em campo ........................169
90 Figura – Rede de neblina montada no interior de mata
............................170
91 Tabela - Espécies de mamíferos registrados na RPPN Alto da Boa Vista .........171
92 Figura do Canis lupus familiaris fotografados pela armadilha fotográfica ........ 176
93 Figura do Cuniculus paca fotografada pela armadilha fotográfica ................... 176
94 Figura do Tamandua tetradactyla fotografado pela armadilha fotográfica ....... 176
95 Figura do Dasypus novemcinctus fotografado pela armadilha fotográfica ....... 176
96 Figura do Cabassous tatouay fotografado pela armadilha fotográfica ............. 176
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
12
97 Figura do Marmosps sp, (cuíca) fotografado pela armadilha fotográfica.............176
98 Foto do campo de altitude
...........................................................................181
99 Foto da Cachoeira do Escorrega
...............................................................181
100 Foto da Lagoa
...............................................................182
101 Foto da Gruta do Paredão da Serra
...............................................................182
102 Foto do Abrigo de Montanha
...............................................................182
103 Foto do Centro de Apoio aos Visitantes
...................................................182
104 Folder do Programa de Ecoturismo da RPPN Alto da Boa Vista
................183
105 Figuras de Publicações de Divulgação da RPPN Alto da Boa Vista ................184
106 Foto do incêndio florestal evidenciando área atingida no interior da área proposta
para o Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, município de Guarani ..........188
107 Figura da planta do Auditório/Biblioteca do Centro de Apoio aos Visitantes.......192
108 Figura da planta dos Banheiros Masculino / Feminino do
Centro de Apoio aos Visitantes ...........................................................................193
109 Figura da planta do Abrigo de Montanha – 1º pavimento
............................194
110 Figura da planta do Abrigo de Montanha – 2º pavimento
............................195
111 Foto da placa na chegada da RPPN Alto da Boa Vista
............................196
112 Foto da placa situada à margem da várzea
............................196
113 Figuras dos banners da caracterização física e biótica da RPPN
114 Figura de Fotos do Centro de Apoio aos Visitantes
................197
........................................203
115 Figura de fotos de colaboradores/de atividades/de participações em eventos...205
116 Figura de fotos com imagens de fragmentos florestais que compõem Unidades
de Conservação e suas interligações com remanescentes na região da Serra
do Relógio
..................................................................................................207
117 Mapa evidenciando a localização das UC’s já estabelecidas e propostas no
entorno da Serra do Relógio
...............................................................208
118 Foto aérea da propriedade em 1993
...............................................................212
119 Foto aérea atualizada mostra evolução espontânea da vegetação nativa ........212
120 Tabela - Distribuição das áreas no zoneamento
............................218
121 Gráfico das zonas de manejo na RPPN Alto da Boa Vista I e II
................218
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
13
122 Mapa do Zoneamento da RPPN Alto da Boa Vista – I e II
............................219
123 Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades propostas
nos programas de manejo
...............................................................274
124 Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades
propostas nos projetos específicos
...............................................................275
14
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
ALMG: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
APP: Área de Preservação Permanente
CI: Conservação Internacional
CNRPPN: Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural
CODEMA: Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
COPASA: Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais
DER: Departamento de Estradas de Rodagem
DF: Distrito Federal
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ETE: Estação de Tratamento de Esgoto
FEAM: Fundação Estadual do Meio Ambiente
GBV: Grupo Brasil Verde
IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICB: Instituto de Ciências Biológicas
ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IGAM: Instituto Mineiro de Gestão das Águas
INMET: Instituto Nacional de Meteorologia
IUCN: International Union for Conservation of Nature
MG: Minas Gerais
MMA: Ministério do Meio Ambiente
ONG: Organização não Governamental
OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
RBMA: Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
15
RJ: Rio de Janeiro
RPPN: Reserva Particular do Patrimônio Natural
SEMAD: Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de MG
SISEMA: Sistema Estadual de Meio Ambiente
SESI: Serviço Social da Indústria
SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
SOSMA: SOS Mata Atlântica
TNC: The Nature Conservancy
UC: Unidade de Conservação
UFJF: Universidade Federal de Juiz de Fora
UFV: Universidade Federal de Viçosa
WWF: World Wide Fund for Nature
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
16
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 21
2.
INFORMAÇÕES GERAIS ................................................................................. 24
2.1 Localização e acesso.......................................................................................... 25
2.2 Histórico de criação e aspectos legais da RPPN ............................................... 28
2.3 Ficha Resumo da RPPN Alto da Boa Vista – I e II ............................................. 31
3.
DIAGNÓSTICO................................................................................................... 33
3.1 Caracterização da área do entorno e do município de Descoberto.................... 34
3.1.1 Histórico.............................................................................................................. 37
3.1.2 Dinâmica Demográfica....................................................................................... 40
3.1.3 Educação............................................................................................................ 41
3.1.4 Aspectos Econômicos........................................................................................ 42
3.1.5 Infraestrutura Básica.......................................................................................... 44
3.1.6 Uso da Terra e Impactos das Atividades no Entorno da RPPN........................ 51
3.1.7 Ameaças, Fragilidades e Tendências Conflitantes no Entorno......................... 56
3.1.8 Oficinas Participativas........................................................................................ 57
3.2
Caracterização da Propriedade.......................................................................... 60
3.3
Caracterização da RPPN Alto da Boa Vista – I e II............................................ 67
3.3.1 Clima................................................................................................................... 67
3.3.2 Temperatura....................................................................................................... 67
3.3.3 Pluviosidade....................................................................................................... 67
3.3.4 Relevo................................................................................................................ 71
3.3.5 Hidrografia.......................................................................................................... 74
3.3.6 Espeleologia....................................................................................................... 78
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
17
4.
VEGETAÇÃO..................................................................................................... 80
5.
FAUNA...............................................................................................................121
5.1
HERPETOFAUNA..............................................................................................122
5.2
AVIFAUNA..........................................................................................................153
5.3
MASTOFAUNA...................................................................................................166
6.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS......................................................................177
6.1 Visitação..............................................................................................................178
6.1.1 Perfil dos Visitantes............................................................................................179
6.1.2 Público Alvo........................................................................................................180
6.1.3 Agendamento e Períodos de Visitação..............................................................181
6.1.4 Apresentação, Divulgação e Comercialização do Programa de Ecoturismo....181
6.1.5 Medidas de Manejo do Impacto da Visitação.....................................................185
6.2
Proteção e Fiscalização.....................................................................................188
6.3
Pesquisa e Monitoramento.................................................................................189
6.4
Sistema de Gestão.............................................................................................190
6.5
Pessoal...............................................................................................................191
6.6
Infra-Estrutura.....................................................................................................192
6.6.1 Cercas................................................................................................................196
6.6.2 Sinalização e Identidade Visual..........................................................................196
6.6.3 Trilhas.................................................................................................................198
6.7
Equipamentos e Serviços...................................................................................201
6.8
Recursos Financeiros.........................................................................................202
6.9
Formas de Cooperação......................................................................................203
7.
POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE........................................................206
8.
DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA................................................................210
9.
PLANEJAMENTO .............................................................................................214
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
18
9.1
Objetivos Específicos de Manejo.......................................................................215
9.2
Zoneamento.......................................................................................................216
9.2.1 Zona Silvestre.....................................................................................................220
9.2.1.1 Zona Silvestre I ...............................................................................................220
9.2.1.2 Zona Silvestre II ..............................................................................................220
9.2.1.3 Zona Silvestre III .............................................................................................221
9.2.2 Zona de Proteção ..............................................................................................221
9.2.3 Zona de Recuperação........................................................................................222
9.2.3.1 Zona de Recuperação I .................................................................................222
9.2.3.2 Zona de Recuperação II ................................................................................223
9.2.4 Zona de Visitação...............................................................................................223
9.2.4.1 Zona de Visitação I ........................................................................................225
9.2.4.2 Zona de Visitação II .......................................................................................225
9.2.4.3 Zona de Visitação III ......................................................................................225
9.2.4.4 Zona de Visitação IV .....................................................................................226
9.2.4.5 Zona de Visitação V ......................................................................................227
9.3
Áreas Estratégicas da Propriedade e Aspectos Legais.....................................227
9.4
Normas Gerais da Unidade de Conservação.....................................................230
9.5
Normas para a realização de Estágios...............................................................233
10.
PROGRAMAS DE MANEJO ............................................................................234
10.1 Programa de Administração ..............................................................................235
10.1.1 Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos ............................................241
10.1.2 Subprograma de Cooperação Institucional......................................................245
10.2 Programa de Proteção e Fiscalização .............................................................246
10.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento...........................................................248
10.4 Programa de Visitação ......................................................................................252
10.5 Programa de Sustentabilidade Econômica .......................................................258
10.6 Programa de Comunicação ...............................................................................264
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
19
11.
PROJETOS ESPECÍFICOS ..............................................................................268
11.1 Projeto de Adequação de Infraestrutura da Sede da Unidade de Conservação269
11.2 Projetos para Apoio às Atividades e Atendimento ao Público, Estruturação
de Acessibilidade e Equipagens em Espaços Atrativos da Reserva.................269
11.3 Projeto de Adequação e Complementação Física em Espaço Anexo
ao Centro de Visitantes .....................................................................................270
11.4 Projeto de Equipamentos e Acabamentos da Casa de Hospedagem
“Abrigo de Montanha” .........................................................................................270
11.5 Projeto de Apoio à Administração, Fiscalização e Monitoramento da UC........271
11.6 Projeto Guia de Espécies ..................................................................................272
12.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS..............................................273
13.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................276
14.
ANEXOS ..............................................................................................”Caderno-II”
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
20
1. INTRODUÇÃO
21
Cachoeira da Laje dos Jequitibás – Zona Silvestre III
1. INTRODUÇÃO:
Este documento está em consonância com as diretrizes do Roteiro Metodológico para
Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural
(IBAMA – Outubro 2004), estabelecendo o Plano de Manejo da Reserva Particular do
Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II, localizada na Serra do Relógio, porção
norte do município de Descoberto–MG, região da Zona da Mata Mineira. É um
documento técnico que, usando como base os objetivos gerais de uma unidade de
conservação, caracteriza a RPPN e sua área de entorno, realiza um diagnóstico das
questões a ela pertinentes, estabelece o seu zoneamento e as normas que deverão
regular e nortear o uso que se faz da área bem como o manejo dos seus recursos
naturais em conformidade com a legislação ambiental em vigor, a vocação da área e
os interesses do proprietário, além de prever a implantação das estruturas físicas
necessárias à gestão da Unidade de Conservação, seguindo as diretrizes da Lei
Federal nº 9.985 de 18 de julho de 2000, Artigo 2º, Inciso XVII.
Segundo a Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), a RPPN é uma área privada, gravada
com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
A CNRPPN (2009), destaca que as RPPNs são importantes ferramentas na formação
de corredores ecológicos, na proteção de espécies endêmicas; contribuem para uma
rápida ampliação das áreas protegidas no país, são aliadas para a proteção do
entorno de UC’s criada pelos governos das três esferas administrativas; apresentam
índices altamente positivos na relação custo/benefício; são facilmente criadas;
possibilitam a participação da iniciativa privada no esforço nacional de conservação e
contribuem para a proteção da biodiversidade dos biomas brasileiros.
A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil, hoje com grande redução em
sua área original, e considerada o terceiro hotspots mais ameaçado do mundo,
juntamente com o cerrado brasileiro. É um dos ecossistemas com maior
biodiversidade e número de espécies endêmicas, que sofrem principalmente com a
fragmentação de seus hábitats.
Os poucos remanescentes florestais que ainda existem estão restritos a áreas
asseguradas pela legislação ambiental e protegidas por Unidades de Conservação.
Segundo Rambaldi e Oliveira (2003) apud Tabarelli et AL. (2005) muito do que restou
para se preservar na Mata Atlântica está em terras privadas e o estabelecimento de
uma rede ampla e bem desenhada de reservas privadas é agora reconhecida como
indispensável na proteção da biodiversidade da região.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
22
Segundo o site http://reservasparticulares.org.br o número de RPPNs criadas já
ultrapassou a 1075, representando a conservação de aproximadamente 700.000 ha.
Muitas delas protegem espécies que são de importância global para a conservação
(TABARELLI et al. 2005).
As RPPNs hoje representam uma eficiente rede de conservação da Mata Atlântica e
também um importante meio de mudança socioambiental das áreas de entorno.
Servem de referência e exemplo para outros proprietários de terra que tenham um
potencial para a conservação de espécies e/ou ecossistemas restritos.
23
Porém as ações a serem implementadas em uma UC necessitam de um planejamento
ordenado que possa garantir a proteção dos recursos naturais existentes e possibilitar
a obtenção de benefícios indiretos de ordem ecológica, econômica, científica e social.
A homologação da RPPN Alto da Boa Vista ocorreu com a publicação da portaria do
IBAMA nº 057/95 de 17/08/1995. Entretanto, outras áreas da propriedade com
cobertura florestal nativa que se encontravam em estágio de regeneração natural
foram posteriormente destinadas pelo proprietário para a conservação da natureza e
reconhecidas como RPPN pelos órgãos ambientais, atos que ampliaram as extensões
das áreas de RPPN com a anexação de outros trechos da propriedade em duas
ocasiões distintas:
- em 13 de setembro de 1999 com a publicação da portaria nº 72 do IBAMA;
- em 16 de abril de 2008 com a portaria nº 073 do Instituto Estadual de Florestas –
IEF / MG, denominada como RPPN Alto da Boa Vista II, através do Decreto nº
39.401 de 21 de janeiro de 1998.
Atualmente, 90% do território do imóvel rural estão destinados como Reserva
Particular do Patrimônio Natural. Assim, essa Unidade de Conservação cumpre sua
função social e se junta aos esforços de tantos outros cidadãos como os proprietários
de RPPN e de outras reservas privadas do Brasil, das organizações não
governamentais, de empresas da sociedade civil e do Governo Federal, além do
governo de Minas Gerais, de outros governos dos estados da federação e de muitos
municípios brasileiros, em prol da proteção e conservação das florestas, das águas e
das paisagens da Mata Atlântica, este bioma tão imprescindível para o
desenvolvimento e para uma sadia qualidade de vida de mais de 110 milhões de
habitantes deste país.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
2. INFORMAÇÕES GERAIS
24
Vista a 1406 m da RPPN Alto da Boa Vista – I e II com área de brejo (Zona Silvestre II)
2. INFORMAÇÕES GERAIS
2.1 Localização e acesso
A RPPN Alto da Boa Vista localiza-se na Zona da Mata Mineira, Região Sudeste, no
extremo leste e encosta sul da Serra do Relógio, nos limites do município de
Descoberto-MG em divisas com os municípios de Guarani e Astolfo Dutra. Situa-se
nas Coordenadas (geográfica e UTM): Localização da sede da RPPN:
S – 21º 22.768’ W – 042º 56.096’ , UTM 7634.491 - 23 K 0714147
25
Figura 01: Croqui de localização da RPPN no município de Descoberto
O acesso à RPPN Alto da Boa Vista parte de Descoberto por estrada intermunicipal
em direção ao Município de Itamarati de Minas. No km – 5, local denominado Ronca,
entrar a esquerda em estrada vicinal em direção a Grama, atravessar o Ribeirão do
Grama e seguir em direção do Córrego do Angico.
Em períodos chuvosos, nos trechos onde as estradas são mais íngremes (após a
travessia do Ribeirão do Grama), ocorrem nas estradas uma grande perda de solo
ocasionado pelo escoamento irregular das águas das chuvas, acarretando situações
precárias de tráfego em vários pontos.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Nos últimos 500 metros da chegada da RPPN, a situação é ainda mais crítica. A
estrada municipal é bastante íngreme e de difícil acesso à região de inserção da
RPPN. Os afloramentos rochosos no leito da estrada dificultam ainda mais a
acessibilidade de veículos que não possuem tração 4x4.
RPPN Alto da Boa Vista
26
Estradas de acesso
Localização RPPN
Figura 02: Croqui de acesso à RPPN Alto da Boa Vista
A distância de Descoberto para a capital Belo Horizonte é de 290 km e de 80 km de
Juiz de Fora, maior centro urbano regional. Outros municípios também de destaque
como Ubá e Cataguases, estão a 80 km. A distância para São João Nepomuceno é de
10 km e para o Rio de Janeiro é de 250 km. As estradas encontram-se atualmente em
bom estado de conservação.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
DESCOBERTO
Localização no Estado
27
Belo Horizonte
DESCOBERTO
Figura 03 – Localização de Descoberto no Estado de Minas Gerais (Fonte: IGA Instituto de Geociências Aplicadas)
O município de Descoberto é servido por empresas de transporte coletivo que
disponibiliza diariamente diversos horários com destinos para Juiz de Fora (duas
horas de viagem), São João Nepomuceno (vinte minutos), Itamarati de Minas (uma
hora) e Ubá (duas horas). No município de São João Nepomuceno, há linhas e
horários diários para Rio de Janeiro (quatro horas e meia) e Belo Horizonte (cinco
horas e meia).
Quanto aos serviços aeroportuários, Juiz de Fora possui vôos regulares para Rio de
Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. O Aeroporto Regional da Zona da Mata, em
Goianá, denominado Aeroporto Internacional Presidente Itamar Franco, que está
localizado entre os municípios de Rio Novo e Goianá, a 50 km, atualmente
disponibiliza vôos diários apenas para São Paulo, mas com perspectivas de expansão
de vôos para outros grandes centros. Em São João Nepomuceno, há um aeródromo
com pista de saibro em boas condições de operação com mais de 700 metros de
extensão, o que permite o pouso e decolagem de aviões menores com segurança. Já
os municípios de maior porte como Ubá e Leopoldina, próximos à cidade de
Descoberto, possuem pistas asfaltadas.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Na região da Serra do Relógio, especificamente na comunidade da Grama onde a
RPPN Alto da Boa Vista se localiza, há o transporte regular de estudantes de vários
níveis da comunidade para a sede do município, como também para os alunos do
ensino fundamental que freqüentam a Escola Rural Dr. Virgílio de Melo Franco,
situada na comunidade rural e que se tornou a única escola rural do município em
funcionamento no ano de 2013.
2.2 Histórico de criação e aspectos legais da RPPN:
28
Os registros cartoriais existentes das áreas que compõem o imóvel rural, datam 13 de
agosto de 1975, quando Pedro Ferreira da Rocha e sua mulher Alzira Cristina da
Rocha venderam ao Sr. Ademar José de Almeida uma área de terras de 16,25,47 ha
denominada “Córrego do Angico”.
Em 18 de abril de 1985, Sr. Ademar Alves de Almeida adquiriu do Sr. Sebastião
Bellarmino de Almeida um segunda área de 122,00,66 ha denominada Alto da Boa
Vista, sendo essa anexa à primeira.
A história da aquisição da propriedade que hoje possui a área das escrituras
unificadas (138,26,13 ha), iniciou-se por ocasião da amizade entre os primos Helvécio
Rodrigues Pereira Filho e Wágner Mentzingem Rodrigues quando tomaram a decisão
de em 09 de dezembro de 1.988 adquirirem juntos uma propriedade rural na Serra do
Relógio. Nesta oportunidade vieram a se encontrar com o Sr Ademar José de Almeida,
sua esposa Dona Terezinha Menezes de Almeida e filhos em sua residência na
propriedade, a qual estava disposta para a venda e assim poucos dias depois a
transação estava realizada sendo as escrituras lavradas em 09 de março de 1989 e
registradas em 15 de março de 1989.
Atualmente, a área total da propriedade está em nome de Helvécio Rodrigues Pereira
Filho, após adquirir em 20 de junho de 1.996 a parte de seu primo Wágner, um ano
após o reconhecimento da primeira e maior das três áreas reconhecidas como RPPN
(em 17 de agosto de 1.995).
A história da criação da RPPN Alto da Boa Vista data de setembro de 1.993, numa
viagem a Belo Horizonte para tentativas de contatos em órgãos públicos como IBAMA
e IEF – MG.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Com o intuito de despertar a atenção para a Serra do Relógio, mostrando fotos aéreas
e mapas que portava, Helvécio acabou sendo atendido pelo Diretor de Biodiversidade
do IEF-MG, Célio Murilo de Carvalho Valle, que foi quem lhe apresentou a forma de
se criar uma Reserva própria, uma RPPN, em parte de sua fazenda. Orientou para
que procurasse o IBAMA, então a única instituição possível pois na ocasião a única
possibilidade legal para criação de RPPN se restringia apenas à legislação federal. A
idéia imediatamente foi levada ao então sócio Wágner, que prontamente a aprovou. A
primeira providência foi elaborar um croqui das áreas propostas, documento assim
exigido pela legislação na época (Decreto Federal n º 98.914/90) para serem
reconhecidas como RPPN. A partir daí, a Serra do Relógio e consequentemente o
município de Descoberto passou então a contar, na ocasião, com mais uma reserva
florestal considerável, a RPPN Alto da Boa Vista, com 125,27 ha e perímetro de
6.077,92 metros (soma de três certificações, sendo duas pelo IBAMA: em 1.995 96,00 ha e em 2.000 - 22,00 ha, além de uma terceira RPPN denominada RPPN Alto
da Boa Vista - II, reconhecida pelo IEF-MG em 2.008, com área de 7,27 ha), além da
Reserva Biológica Represa do Grama com área total de escritura de 267,94.24 ha e
perímetro de 8.021,59 m, uma área preservada desde a sua aquisição, a 102 anos.
O que aconteceu ao se criar inicialmente em 1.995 uma Reserva Particular do
Patrimônio Natural na proporção de 70% (96,00 ha) da área total de escritura da
propriedade que é de 138,26 ha, foi a necessidade de uma mudança de estratégia das
atividades até então realizadas na propriedade, com o intuito de conseguir uma autosustentabilidade, única forma de mantê-la e também por motivos de aptidão de grande
parte da área que é a conservação dos remanescentes florestais. Tudo isso inspirava
ao empreendimento da atividade do Turismo Ecológico. Com uma beleza cênica que
lhe é peculiar e localização estratégica na Serra do Relógio, tem uma visão frontal
para a Serra do Mar (distante 100 km em linha reta), nascentes e riachos em vários
cursos d’água de águas límpidas, rica fauna e grande diversidade de vegetação
nativa, onde seus limites se localizam até as proximidades do ponto culminante da
região da zona da Mata Mineira a 1434 metros de altitude.
Alguns testemunhos que dizem respeito à área e a toda a região da Serra do Relógio,
referem-se que na década de cinqüenta, a exploração do carvão foi a causadora da
maior destruição de suas florestas, a ferro e fogo. Após esta fase, as culturas de
subsistência e do café foram implantadas e exploradas até meados da década de 90.
No período entre a aquisição da área em 1.988 até 1.995, fase anterior à criação da
RPPN, deu-se continuidade à atividade agrícola com recursos próprios e em parcerias
com moradores vizinhos, além da manutenção também da atividade pecuária.
Atualmente, cinco blocos adjacentes às áreas de RPPN foram mapeados e
georeferenciados e estas áreas estão destinadas como “áreas de exploração” , para
manejo e culturas.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
29
Todo o restante da área é RPPN. Atualmente, parte de dois dos cinco blocos que
compõem essas áreas estão ocupados com eucalipto, uma delas em parceria com
José Geraldo Lopes e Clésio Batista Lopes, filhos do Sr. Bráz Batista Lopes, primeiro
parceiro de produção agrícola da propriedade, com os quais foram formalizados desde
essa época, contratos de parceria de produção agrícola.
30
Figura 04: Foto aérea da área em 1993
Figura 05: Foto da RPPN em 2009
É de se destacar que a atividade da pecuária que também vinha sendo intensamente
explorada a algumas décadas, era insustentável economicamente pois a maioria das
áreas de pastagens eram muito íngremes, com solo e clima não muito apropriados
para esse tipo de atividade da forma como era conduzida e pelas condições que
haviam. Outros fatos acentuavam ainda mais a perda na produtividade da atividade
pecuária, como acidentes com animais peçonhentos e a ingestão de plantas
venenosas.
Essas dificuldades e ainda as despesas com investimentos em manutenções de
instalações, cercamentos, custeio com mão de obra para tratamento e limpeza de
pastos, corroboraram para a constatação de prejuízos financeiros com a atividade da
pecuária e foi então que houve a decisão de mudança de atividade e de atitudes na
propriedade, adotando a sua evidente vocação natural que é a Conservação, Pesquisa
e o Ecoturismo, hoje a sua principal alternativa de renda.
O nome “Alto da Boa Vista” já constava em uma das duas escrituras que foram
unificadas e que compõe atualmente os 138,26 ha da área, e portanto foi mantido por
ocasião da aquisição da propriedade.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Consta Na FOLHA SF 23-X-D-II-3 da Carta de Astolfo Dutra do IBGE – 1977, que a
Serra do Relógio inicia-se na da Pedra do Relógio que dá nome à serra, na altitude de
1097 metros, em seu extremo oeste. Em seu outro extremo, a leste, localiza-se o
ponto culminante a 1434 metros, delimitando no local em águas vertentes, as divisas
naturais de três municípios: Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra. A RPPN Alto da Boa
Vista está situada no extremo leste e encosta sul da Serra do Relógio. Na região há
outra serra de altitude bem elevada, com o nome de Serra da Boa Vista, alcançando
1.215 metros de altitude.
2.3 Ficha Resumo da RPPN Alto da Boa Vista – I e II:
_____________________________________________________________________________
Nome da UC
Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa
Vista - I e II
Proprietário e Gestor
Helvécio Rodrigues Pereira Filho
Contato
[email protected]
Endereço
Zona Rural da Grama / km 13 - Serra do Relógio
Telefone
(32) 9973 – 5002
Áreas de RPPN
125,27 ha
Área total da Propriedade
138,26 ha
Coordenadas Geográficas
S – 21º 22.768’
UTM
7634.491
Município/acesso à RPPN
Descoberto
Município/Estado
Descoberto, Minas Gerais
/
/
W – 042º 56.096’
23 K 0714147
Data e número dos atos
legais de criação da RPPN: Ano: 1995 - Portaria nº 57 – N de 17/08/1995 IBAMA
Ano: 2000 - Portaria nº 72 de 13/09/1999 IBAMA
Ano: 2008 - Portaria nº 73 de 16/04/2008 IEF / MG
Marco e referências
Importantes nos limites
e confrontações
Confronta com o município de Astolfo Dutra em divisas
naturais (águas vertentes) com duas propriedades no
trecho mais alto da RPPN. As divisas seguem também
dessa forma (em águas vertentes) neste setor (direção
norte/nordeste/leste) ao longo das divisas com mais
quatro propriedades.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
31
Os limites da UC se estendem até as proximidades do pico culminante da Serra do
Relógio, a 1434 m de altitude, na tríplice divisa dos municípios de Descoberto,
Guarani e Astolfo Dutra; a Serra do Relógio é divisora de águas das bacias
hidrográficas dos Rios Novo e Pomba, afluentes do Rio Paraíba do Sul; nos limites da
RPPN, sentido norte/nordeste, encontra-se as divisas do Município de Astolfo Dutra na
localidade denominada Água Limpa, tendo neste trecho três propriedades divisando
com a UC: Danilo Bitencourt de Souza, Braz de Souza e Aielci Souza Almeida / José
de Souza Almeida. Na continuação, já no município de Descoberto, confronta com as
propriedades de Solange Valéria Ovian, Manoel Pasqual Pons, Sucessores de Maria
das Dores do Nascimento, José Neves Moreira, Selma do Nascimento Rocha, Alfredo
Carlos Linhares Soares e Sucessores de Francisca Maria da Rocha que por sua vez
divisam com Danilo Bitencourt de Souza, fechando o perímetro da RPPN Alto da Boa
Vista – I e II.
Figura 06: Marco-Referência Figura 07: Foto pico da serra
Figura 08: Placa no local
Bioma
Domínio Mata Atlântica com ocorrência de cinco
fitofisionomias:
Floresta
Estacional
Semidecidual
Montana, Campo de Altitude, Mata Nebular, Brejo e Área
Antropizada
Distância de Descoberto
13 km
Roteiro
Seguir pela estrada intermunicipal que liga Descoberto a
Itamarati de Minas/CBA até o km 5. Nesse ponto, seguir
à esquerda em direção à comunidade da Grama, por
mais 2 km, atravessar o ribeirão do Grama e percorrer
mais 5 km.
Atividades ocorrentes
Ecoturismo, visitação, recreação, educação ambiental e
pesquisa científica
Atividades propostas
Fiscalização, projetos e programas específicos em
consonância com as atividades ocorrentes: ecoturismo
aliado à educação ambiental; visitações guiadas por
trilhas aos pontos atrativos; acampamentos; meios de
hospedagem e práticas desportivas em local específico
(quadra poliesportiva).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
32
3.
DIAGNÓSTICO
33
Samambaiuçu
3.
DIAGNÓSTICO
3.1 Caracterização da área do entorno e do município de Descoberto
DESCOBERTO
Municípios Limítrofes
Astolfo Dutra
Guarani
Itamarati de MInas
Rio Novo
DESCOBERTO
São João
Nepomuceno
Leopoldina
Figura 9 – Municípios limítrofes de Descoberto-MG
Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais
O município de Descoberto está localizado na porção sul sudeste (SSE) do Estado de
Minas Gerais, conforme apresentado nas Figuras 6, 7 e 8 à Meso região da Zona da
Mata de Minas Gerais e à Micro região de Juiz de Fora, situando-se à
aproximadamente 199 km de Belo Horizonte e 52 km de Juiz de Fora. Por via
rodoviária, o município está a cerca de 338 km de Belo Horizonte e a 76 km da sede
do Município de Juiz de Fora. Com as coordenadas geográficas – 42º 58 ’ 04,80 ’ ’
Longitude – 21º 27 ’ 36,00 ’ ’ Latitude, faz limite ao Norte com os municípios de
Guarani e Astolfo Dutra, a Leste com os municípios de Itamarati de Minas e
Leopoldina, ao Sul com São João Nepomuceno e a oeste com Rio Novo. Sua área é
de 213,20 km ², sendo que a sede do município se localiza na altitude de 340 metros
(IBGE 1971.) e o seu ponto culminante se eleva a 1434 metros, nas divisas com os
municípios de Guarani e Astolfo Dutra. O município é drenado por inúmeros cursos de
águas, destacando-se o rio Novo, o ribeirão da Grama e o seu principal afluente, o
córrego Pouso Alegre. O ribeirão da Grama é um tributário da margem esquerda do rio
Novo, que pertence à sub-bacia do rio Pomba e é formador da bacia do rio Paraíba do
Sul.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
34
35
Figura 10: Inserção de Descoberto na Micro-Região de Juiz de Fora
Descoberto pertence à Comarca de São João Nepomuceno. O município é formado
somente pelo distrito-sede que foi criado pela Lei 1.039 de 12/12/1953 e instalado em
01/01/1954, sendo sua área proveniente do município de São João Nepomuceno. O
acontecimento gerou uma situação inusitada pelo seguinte:
Com a intenção de
resguardar um manancial d’água para abastecer a cidade, a Prefeitura Municipal de
São João Nepomuceno passou a adquirir em 1911, algumas áreas rurais estratégicas
na região da Serra do Relógio, onde hoje pertence ao município de Descoberto,
devido ao fato de haver dentro dos limites da composição dessa área, inúmeras e
volumosas nascentes que vertem para uma única saída em toda essa bacia
hidrográfica, para que se construísse no local, uma estação de captação de água, o
que foi feito e funciona até os dias de hoje, administrada pela Concessionária Estatal
COPASA. Os registros cartoriais mostram que em 1911 foi adquirida a primeira e a
maior das três áreas
(80 alqueires pelo valor de quinze mil réis, pagos pela
Prefeitura de São João Nepomuceno). Posteriormente, em 1913, realizou-se a
segunda aquisição (de meio alqueire por 200 mil réis) e em 1942 a terceira e última
aquisição (de 18,58 ha por sete mil cruzeiros).
Merece destaque o teor da Resolução nº 121, de 22 de agosto de 1953, da Câmara
Municipal de São João Nepomuceno que “Concede autorização para emancipação do
distrito de Descoberto”, a qual consta em seus Artigos:
3º - “A água que abastece atualmente a vila de Descoberto e que é retirada a título
precário do cano adutor que abastece esta cidade, será cortada logo que convier aos
interesses deste município de São João Nepomuceno e isto se fará de maneira
humana, equitativa e justa, sendo que as nascentes e a água do córrego da “Grama”
estão situadas em terrenos de propriedade do município de São João Nepomuceno,
conforme escrituras devidamente formalizadas”.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
4º - “Logo que o distrito de Descoberto se emancipar, e enquanto não for cumprido o
disposto no artigo anterior, será colocado hidrômetro no local de onde é retirada a
referida água, mediante pagamento da taxa prevista no Código Tributário”.
O fato é que nessas áreas que somam 267,94.24 ha, de propriedade do município de
São João Nepomuceno, adquiridas anteriormente à emancipação e instituição do
município de Descoberto, foi criada por Decreto Municipal a Reserva Biológica da
Represa do Grama, instaurada pela Lei nº 518 de 14 de dezembro de 1971 (portanto,
posterior à criação do município de Descoberto) assinada pelo então Prefeito de São
João Nepomuceno na época, Sr. Hercílio Ferreira. Entretanto, ainda hoje a Reserva
não se encontra em conformidade com a Lei nº 9.985 de 18/07/2000 (Lei do SNUC,
regulamentada pelo Decreto 4.340 de 22/08/2002), pois não consta no cadastro do
Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA, do Governo do Estado de Minas
Gerais pelo fato de não estar habilitada ao provimento dos repasses provenientes da
Lei nº 12.040 de 28 de dezembro de 1.995 (LEI do ICMS ECOLÓGICO do Estado de
Minas Gerais / LEI ROBIN HOOD), revogada pela Lei nº 13.803 de 27 de dezembro de
2.000, a qual não prevê esta situação incomum: a possibilidade de um município
possuir uma Unidade de Conservação nos limites do território de outro município.
Figura 11: Imagem de Satélite da Reserva Biológica Represa do Grama e fragmentos.
Fonte: Edição própria com imagem da Empresa CBA – Companhia Brasileira de
Alumínio
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
36
3.1.1 Histórico:
(Revista nº 01 - Fundação Cultural Francisco de Paula Leopoldino Araújo – “Fundação
Chico Boticário”, 2001; Diários de Langsdorff; História de Descoberto, matéria
assinada por Minervina de Mendonça Araújo Lima na “Folha Especial”, publicação da
Folha da Cidade em Homenagem a Descoberto, edição de 2000; Diagnóstico da
Contaminação Ambiental em Descoberto-MG, FEAM-julho/2005.)
Os sertões do Leste, a atual região da Zona da Mata de Minas Gerais, continuava
inexplorada até
o final do século XIX. Essa era uma região praticamente
desconhecida e habitada apenas por índios e poucos mestiços.
No ano de 1784, o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que já havia
estado na região em missão em 1781, e muitas outras vezes quando era comandante
da ronda do mato, recebe do Governador da Capitania de Minas Gerais uma nova
missão a ser cumprida: acompanhar a diligência do Sargento-Mór Pedro Afonso
Galvão de São Martinho aos “Sertões Proibidos”, e elaborar um levantamento e um
relatório sobre a geografia e principalmente as riquezas minerais da região. O
Governador exigiu por ofício a presença de Tiradentes nesta missão devido à “sua
inteligência mineralógica”.
O município de Descoberto surgiu de uma dessas jazidas isoladas de ouro
encontradas nessa região onde foram desenvolvidas atividades de garimpo de ouro no
período de 1824 até meados do século XX, com base no descrito por Silva (1997) e
Ferreira (1885). Mineradores vindos de Mariana descobriram ouro e já exploravam há
vários anos, até que a notícia espalhou-se por toda a região. Sobre essa jazida, há
registros com algumas preciosas informações de Langsdorff, que visitou a Descoberta
Nova também em julho de 1824.
A povoação, esta iniciada um mês antes, em 16 de junho de 1824, havia sido
concedida ao Capitão Joaquim José, segundo relata cônego Trindade de acordo com
o Dicionário Geográfico de Minas Gerais (Waldemar de Almeida Barbosa), a primeira
licença para se usar uma primitiva capela existente no local. A mesma fonte cita que,
conforme dados contidos no Dicionário Corográfico, em 1841 foi criado o distrito com a
denominação de Descoberto do Rio Novo. Pela Lei nº 1.265 de 19 de dezembro de
1.865 foi o distrito do Descoberto da Santíssima Trindade, transferido da freguesia de
Rio Novo no município de Mar de Espanha para a freguesia de São João
Nepomuceno.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
37
Em 1.874 Descoberto passou a freguesia e somente na divisão administrativa de
1.911 figura no município de São João Nepomuceno com a denominação de
Descoberto.
“As Impressões de Langsdorff sobre a “Descoberta Nova”
O Brasil como um todo e principalmente essa região até então “proibida” no século
XVIII e XIX, eram ambientes propícios às grandes expedições científicas. No início do
século XIX o Brasil experimentava um período de “aberturas” econômicas e culturais
que se tornou ainda mais favorável a esse intercâmbio.
Uma dessas grandes expedições que passaram pela nossa região, foi a do naturalista
e diplomata germânico Georg Heinrich Von Langsdorff. Formado em medicina, mais
conhecido por seu nome em russo, Grigory Ivanovitch, barão de Langsdorff (1.774 –
1.852), foi nomeado cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro (1.813). Apaixonado
pelo Brasil, ficou famoso pela sua heróica expedição pelo interior do Brasil, embora
reconhecesse em seus diários que era impossível fazer uma viagem confortável por
esse país naquela época.
Essa expedição iniciou-se em 1.821 e contava com dezenas de homens contratados
para explorar todo o país, no entanto Langsdorff já havia estado no Brasil pela primeira
vez em 1.803-1.804 em Santa Catarina. Para a expedição realizada ao interior do
Brasil no ano de 1.821, foram contratados botânicos, zoólogos, astrônomos e,
especialmente, artistas como Rugendas, Taunay e Florence.
Estes artistas produziram mais de 360 desenhos e aquarelas retratando o Brasil do
início do século XIX, quando Langsdorff percorreu Minas Gerais na primeira parte de
sua expedição (PRADA, 2000). Uma em especial, de autoria de Rugendas, datada de
12 de julho de 1.824, retrata o garimpo na “Descoberta Nova”, atual município de
Descoberto. Toda a documentação científica original dessa expedição encontra-se na
Rússia.
O fato dessa descoberta causou um grande impulso e movimentação na povoação da
região. Conforme consta também nos diários de Langsdorff, a expedição cruzou a
Mantiqueira e após passar pela Freguesia de São Manoel do Pomba, tomou rumo pela
margem direita do Rio Pomba, passou pelo distrito de Furtado de Campos (Rio Novo)
até chegar à fazenda do Pouso Alegre (Descoberto). Em seus relatos faz diversas
descrições do acontecimento:
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
38
“Velhos e jovens, grandes e pequenos revolvem a terra. Toda a lavação do ouro, pelo
menos as que assisti até hoje acontece sem nenhum método, do Deus dará. E aqui
principalmente chegou a loucura“ e mais.... “após dois meses da descoberta já se
reuniram aqui mais de 3000 almas” e em outras descrições do cientista...: “
“foi
realmente estranho ver aqui pessoas que há poucas semanas não possuíam sequer
um tostão e que agora lidam com talheres de prata como se fossem moedas de cobre.
Nem mesmo ouro tem valor. Pode-se dizer que como foi ganho, será desperdiçado. É
como uma loteria, ninguém sabe avaliar o valor do ganho”.
Em artigo sobre a História de Descoberto, publicado na Folha Especial (2.000), um
jornal promocional do município, a Srª Minervina de Mendonça Araujo Lima registra
que uma empresa inglesa, de nome H. Miliet, explorou ouro na região. No artigo, a Srª
Minervina descreve: “Analisando pelo aspecto histórico, tem-se a impressão que toda
história de Descoberto começou a partir da Região da Grama, com o ciclo do ouro.
Esgotada essa fase, saturada com a exploração da Companhia Inglesa H. Miliet em
1.892, o homem foi procurar na lavoura o sustento para sua família” (Lima, 2.000).
Atualmente, os povoados do município ou vilas rurais são esparsos e com populações
pequenas, onde nos últimos anos houve um decréscimo significativo de habitantes
destas comunidades devido ao êxodo rural. Ressalta-se também que, apesar de não
terem deixado a atividade rural, muitos dos proprietários das áreas rurais, como
também trabalhadores do campo, optaram por fixar residência na zona urbana e em
municípios próximos.
“Detecção do afloramento do mercúrio em região próxima ao ribeirão do Grama”
Em 20/12/2.002, foi observado afloramento de mercúrio metálico na localidade
denominada Serra da Grama, zona rural do município de Descoberto, Minas Gerais.
Segundo relatos de moradores, o metal surgiu no local após as correções realizadas
por retro-escavadeira na estrada de acesso à propriedade do Sr. Antônio Carlos da
Silva, conhecido por “Lote”. O local do afloramento fica a aproximadamente 20 m do
córrego Rico, tributário da margem esquerda do ribeirão do Grama.
Assim, a Secretaria de Estado de Saúde, por meio da Diretoria de Ações
Descentralizadas de Saúde de Juiz de Fora (DADS-JF) e da Diretoria de Vigilância
Ambiental em Saúde (DVAS), e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, por meio da Fundação Estadual do Meio Ambiente
(FEAM) e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), iniciaram, após serem
informadas do afloramento do mercúrio em Descoberto, várias ações visando proteger
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
39
a sociedade e o meio ambiente. Ressalta-se a participação da Prefeitura Municipal de
Descoberto e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA nos
trabalhos de avaliação preliminar e na execução de medidas emergenciais de
mitigação da contaminação da área.
3.1.2 Dinâmica Demográfica:
De acordo com o Censo Demográfico de 2.000 do IBGE (ALMG, 2.005), o município
de Descoberto possuía uma população de 4.524 habitantes. Ainda com base no
Censo elaborado pelo IBGE, a população é predominantemente urbana,
representando em 2.000, 3.250 habitantes (72% do total), enquanto a população rural
era de 1.274 habitantes. Já na contagem da população em 2.007 (IBGE - Contagem
da População, 2.007), o município de Descoberto (código 3121308) apresentou a
população de 4.876 habitantes, sendo que 3.820 residiam em áreas urbanas e 1.056
na zona rural. Sua taxa de crescimento populacional foi de 1,11% ao ano entre 2.000 e
2.007, menor que a estadual (1,12%) e menor que a nacional (1,21%). O município
apresentava em 2.000, um predomínio de homens e uma estrutura populacional
formada principalmente por adultos (25 a 64 anos).
Com relação à densidade demográfica, os dados apresentados na contagem da
população em 2.000, revelavam uma densidade de 21,2 habitantes/km², constituindose em uma área de média a baixa densidade demográfica no Estado de Minas Gerais
(ALMG, 2.005). Em 2.007 (IBGE - Contagem da População, 2.007) os números
apontam 22,87 habitantes/km².
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
40
Figura 12 - Quadro População Censitária Segundo as Faixas Etárias e Sexo: 2.007
Faixas Etárias (Anos)
Menores de 1 ano
De 1 a 4
De 5 a 9
De 10 a 14
De 15 a 19
De 20 a 24
De 25 a 29
De 30 a 34
De 35 a 39
De 40 a 44
De 45 a 49
De 50 a 54
De 55 a 59
De 60 a 64
De 65 a 69
De 70 a 74
De 75 a 79
De 80 ou mais
Idade Ignorada
TOTAL GERAL
Homens
31
124
187
200
210
203
201
149
181
194
177
142
124
107
81
75
51
55
3
2363
Mulheres
28
111
190
204
201
214
169
159
174
156
146
140
112
88
69
75
59
67
1
2513
Total
59
235
377
404
411
417
370
308
355
350
323
282
236
195
150
150
110
122
4
4876
Fonte: IBGE, Censo 2.007
3.1.3 Educação:
Quanto aos indicadores da educação, o município tinha, em 2.000, 90,33% de
pessoas freqüentando curso de nível fundamental (considerando a parcela da
população entre 7 e 14 anos de idade), o que o coloca em situação inferior à estadual
e inferior à nacional. A escolaridade da população de 25 anos ou mais de idade foi a
seguinte: 14,36% “sem instrução ou menos de 1 ano de estudo”; 59,50% com “1 a 4
anos de estudo”; 13,78% com “5 a 8 anos de estudo”; 10,22% com “9 a 11 anos de
estudo”; 1,47% com “12 anos ou mais de estudo”; e 0,66% “não determinado”.
Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Educação do Município de Descoberto,
a rede municipal de estabelecimentos de ensino compreende: Educação Infantil
(Creche São Francisco de Assis) com crianças até 3 anos de idade; Pré-Escolar “Dona
Santinha Lamas”, com crianças de 3 a 5 anos; o ensino fundamental, Anos Iniciais (1º
ao 5º ano); e EJA – Educação de Jovens e Adultos, perfazendo um total de 184
alunos.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
41
O maior estabelecimento de educação, a Escola Municipal “Prefeito Paulo Lima”,
oferece o ensino fundamental do 1º ao 5º ano (365 alunos na zona urbana); na zona
rural da Grama, a Escola “Dr. Virgílio de Melo Franco” conta com mais 20 alunos, além
de mais duas turmas vinculadas nas zonas rurais da Cachoeira e do Ribeirão dos
Mineiros (turno noturno) da Educação de Jovens e Adultos – EJA, Anos Iniciais.
Na escola estadual “Francisco Manoel”, ocorre o ensino fundamental do 6º ao 9º ano
e o ensino médio, além da Educação de Jovens e Adultos – EJA, nível médio. Neste
estabelecimento o número é de 500 alunos.
42
O transporte escolar é feito da zona rural para a cidade por meio de kombis escolares
e micro ônibus. Além disso, a Prefeitura transporta os estudantes para os cursinhos e
faculdades das cidades vizinhas.
Figura 13 : Quadro Escolaridade / Fontes: IBGE – Censo Demográfico, 2.000
3.1.4 Aspectos Econômicos:
Principais tipos de ocupação da população:
Em 2.005, os serviços (exclusive administração pública) constituíam o setor mais
expressivo da economia municipal, seguido da administração pública. Apesar da
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
relevância econômica dos serviços em Descoberto, esse setor possui uma diversidade
na oferta de atividades muito baixa. Com base nos dados de 2005 do CEMPRE –
Cadastro Central de Empresas, o município apresentava 13,45% dos grupos de
serviços, distribuídos em 66 unidades locais. Considerando a divisão de setores da
economia da CNAE – Cadastro Nacional de Atividades Econômicas, “Alojamento e
alimentação” caracteriza(m)-se como a(s) atividade(s) mais significativa(s), detendo o
maior número de unidades locais, 45,45%, seguida(s) por “Outras atividades de
serviços” (que abrangem, entre outros, organizações associativas, e manutenção de
equipamentos domésticos, de informática e pessoais), com 28,79%.
43
No setor agropecuário, a pecuária de leite e de corte destacam-se com os principais
produtos.
Figura 14: Quadro tipos de ocupação da população / Fonte: IBGE – Produto Interno
Bruto dos Municípios, 2.005
No que se refere ao rendimento familiar per capita, Descoberto possuía, em 2.000, a
maior parte de suas famílias concentradas na classe “mais que meio até 1 salário
mínimo” (34,16%), seguida da classe “mais que 1 até 3 salários mínimos” (29,6%) e da
“até meio salário mínimo” (23,71%). Cabe ressaltar que a proporção de famílias sem
rendimento ou com rendimento de até 1 salário mínimo situava-se acima daquela
registrada no Estado e acima da do País.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
44
Figura 15: Quadro
Demográfico, 2.000
Rendimento Familiar Per Capita / Fonte:
IBGE – Censo
Indicadores Financeiros:
Segundo dados do IBGE para o ano de 2.005, o Produto Interno Bruto (PIB) do
município correspondia a (1000 R$) 23.880.
Outros indicativos da Arrecadação Municipal relativos ao ano de 2009, fornecidos pela
Prefeitura de Descoberto são:
- FPM: 4.408.105,23
- ICMS: 1.428.025,81
3.1.5 Infra Estrutura Básica:
Saúde
O Município trabalha com o sistema de Gestão Dupla – Municipal/Estadual e pelo
método de atendimento “Gestão Plena em Atenção Primária”, sendo que os casos
mais graves são encaminhados para os municípios próximos que possuem hospitais
mais estruturados. Dispõe de:
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
- Uma Unidade Básica de Saúde (UBS Eurípedes Lopes) com atendimento 24 horas;
- Três Postos de Saúde na zona rural com atendimento quinzenais;
- Um consultório Odontológico;
- Uma farmácia básica;
- Quatro ambulâncias para primeiros socorros e resgate;
- Duas Vans para transporte de passageiros que fazem tratamentos especializados de
saúde em hospitais regionais;
- Três Fiat – Uno.
Possui também os serviços de Epidemiologia, Assistência Social, Psicologia,
Fonoaudiologia, Fisioterapia e Nutrição, além de agentes comunitários de saúde.
Saneamento Básico
O sistema municipal de abastecimento de água consta do sistema de tratamento
convencional: clarificação e desinfecção. Consiste em captação de água bruta,
tratamento e distribuição de água tratada atendendo 95% da população. Entretanto, foi
iniciado processo de cooperação federativa com o Governo Estadual para
organização, regulação, fiscalização e prestação de serviços públicos municipais de
abastecimento de água e esgotamentos sanitários através da COPASA.
Figura 16: Quadro Abastecimento de Água / Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
45
Em relação à coleta de resíduos sólidos, encontra-se em operação uma Unidade de
Triagem e Compostagem de Resíduos Sólidos Urbanos, que consiste no recebimento,
separação, prensagem e armazenamento desses resíduos para a venda. A coleta
seletiva foi implantada na cidade e após a reciclagem do lixo nas esteiras da Unidade,
os materiais orgânicos são dispostos no pátio para a compostagem. Os rejeitos são
encaminhados para valas adequadas para este fim.
46
Figura 17: Quadro Destino do Lixo / Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000
Quanto ao esgotamento sanitário, o destino é o despejo na rede hidrográfica que
passa pela cidade (ribeirão do Grama) na forma in natura.
Figura 18: Esgotamento Sanitário / Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Iluminação Elétrica e Pavimentação do Logradouro:
A prestação dos serviços de fornecimento de energia elétrica é realizada pela
concessionária da região, a empresa ENERGISA S/A.
47
Figura 19: Quadro Domicílios urbanos, em logradouro, com iluminação pública e
pavimentação / Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
Comunicação:
As Empresas de Telefonia e internet que operam no município são: OI, VIVO e
CLARO, além de uma empresa particular provedora de internet que opera pelo
sistema de rádio : ELO.NET – Internet Banda Larga.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos- EBCT mantêm uma Agência na
cidade.
Há também, uma emissora de radio difusão.
Estrutura Viária:
A cidade possui dois acessos por rodovias estaduais pavimentadas. No sentido NWSE, pela MG 285 partindo de Guarani; e no sentido SW-NE, pela MG 858, partindo de
São João Nepomuceno. Em outro acesso por estrada não pavimentada, ao Leste,
situa-se a cidade de Cataguases, uma das maiores cidades da região.
Há também diversas vias secundárias sem pavimentação para atender o escoamento
da produção e a comunicação da sede do município com as vilas e comunidades
rurais.
Com relação ao transporte de passageiros e de carga, o município de Descoberto é
servido por linhas regulares de ônibus, fazendo interligações com as principais cidades
da região como Juiz de Fora (76 km), Ubá (70 km), Cataguases (70 km por estrada
pavimentada e 45 km por estrada não pavimentada), Rio de Janeiro (260 km) e com a
capital, Belo Horizonte (290 km). A cidade de São João Nepomuceno (com 26.000
habitantes) fica a 10 km da sede do município. Bem próximas também estão as
cidades de Guarani (24 km), Piraúba (34 km) e Astolfo Dutra (50 km por estrada
pavimentada e 30 km por estrada não pavimentada).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
48
49
Figura 20: Croqui de interligação rodoviária
Serviços Públicos:
Na sede do município, não há destacamentos de Bombeiros (estes somente em Ubá e
Juiz de Fora) e da Polícia Ambiental (atendido pelo destacamento de Mar de
Espanha), porém outros serviços estão disponíveis:
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
- Segurança Pública: através do destacamento da Polícia Militar;
- Defesa Civil;
- Vigilância Sanitária;
- Unidade Fazendária;
- Banco do Brasil;
Eventos e Atrativos Culturais e Naturais:
O principal evento do município é a Exposição Agropecuária que acontece em julho.
Não obstante à pouca oferta de meios de hospedagem na cidade de Descoberto
(possui apenas a “Pousada Aconchego”), entretanto, o município de São João
Nepomuceno, por estar bem próximo, atende a essa demanda quando ocorre.
Em relação aos atrativos culturais destaca-se o “Espaço Cultural Francisco Severino”,
criado pelo mesmo e que se destina às manifestações culturais da comunidade como
Artes Plásticas, Artesanatos, Fotografias mostrando a história do município, etc.
Quanto aos atrativos naturais, destaca-se a exuberância da Serra do Relógio, em
particular, a Pedra do Relógio com a sua imponente elevação rochosa e onde se
pratica o voo livre, além do pico da Serra do Relógio a 1434 metros de altitude, o
ponto mais alto ao leste da Zona da Mata Mineira, onde se situam as divisas dos
municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra (delimitadas por águas vertentes
em divisas naturais com propriedades particulares) e as cachoeiras em áreas
privadas como a do Ronca, do Ouriço e da Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN Alto da Boa Vista. O Morro do Quilombo com sua gruta onde outrora os
escravos se refugiavam, torna-se também um passeio interessante e mais acessível
devido à proximidade com a sede do município.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
50
3.1.6 Uso da Terra e Impactos das Atividades no Entorno da RPPN:
Para a caracterização dos fatores antrópicos e o diagnóstico das atividades
exploradas nas propriedades do entorno da RPPN Alto da Boa Vista, foram realizadas
visitas a seis propriedades confrontantes situados no município de Descoberto, bem
como às outras três propriedades limítrofes à RPPN situadas no município de Astolfo
Dutra (região da “Água Limpa”), com o objetivo da realização de entrevistas e
aplicação de questionários para avaliar principalmente a percepção sócio ambiental e
o envolvimento da comunidade na atividade do ecoturismo desenvolvida na RPPN,
dentre outros dados, além de fazer registros fotográficos dessas áreas. A seguir é
apresentado o modelo do questionário aplicado:
ENTREVISTAS NAS PROPRIEDADES DO ENTORNO DA RESERVA PARTICULAR DO
PATRIMONIO NATURAL – RPPN ALTO DA BOA VISTA
Data:
1- IDENTIFICAÇÃO:
Nome do Proprietário:
Nome da Propriedade
Área:
Município:
Reside na propriedade?
Há quanto tempo:
Quantas pessoas residem na sua propriedade?
Grau de escolaridade:
2- PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE
Quais as atividades da propriedade rural?
Pecuária (nº de cabeças e área das pastagens):
Agricultura (culturas e área cultivada) :
Dentro dos limites de sua propriedade existem pontos atrativos como cachoeiras, grutas,
pontos de altitude elevada, etc.?
Que tipo de atividade poderia ser explorada na sua propriedade como alternativa de renda?
Possui áreas com remanescentes florestais?
- Área de Preservação Permanente :
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
51
- Reserva Legal :
A água que você utiliza em sua propriedade é captada dentro dos limites da mesma?
Existem outras nascentes e cursos d’água na propriedade?
Quantas?
Existe algum despejo de poluentes nessas águas?
Possui fossa séptica?
Faz uso de produtos químicos nas lavouras?
Você realiza a reciclagem de resíduos sólidos e orgânicos ?
Qual o destino desses materiais?
Sua propriedade já foi afetada por incêndios florestais?
Quais as espécies de árvores de seu conhecimento que existem em sua propriedade?
Quais as espécies da fauna que você já observou na sua propriedade?
Pássaros:
Mamíferos:
Répteis:
3- PERCEPÇÃO SÓCIO AMBIENTAL
Quais os principais problemas sociais e ambientais vivenciados na sua propriedade e região?
Quais as belezas naturais da sua propriedade que você acha que devem ser conservadas?
Você já participou de algum curso ou palestra informativa sobre meio ambiente?
Desde a época que você reside na propriedade, já notou alguma alteração em relação a
natureza?
Você acredita que a criação de áreas protegidas seja uma forma interessante de se preservar
os recursos naturais? Por quê?
Você acha que a criação dessas áreas protegidas pode melhorar a renda e a qualidade de vida
das pessoas da região? Como?
Você tem conhecimento da “Unidade de Conservação - RPPN Alto da Boa Vista”?
O que você pensa sobre o desenvolvimento do ecoturismo na RPPN Alto da Boa Vista?
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
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RESULTADOS DAS ENTREVISTAS:
Todos os nove proprietários relataram conhecer a Unidade de Conservação RPPN
Alto da Boa Vista e que também acreditavam que a criação de áreas protegidas é uma
forma interessante de se preservar os recursos naturais.
Quando perguntados se sabiam que a área é um importante remanescente da Mata
Atlântica, 84% dos entrevistados responderam que sim.
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Importante Remanescente de Mata
Atlântica
84%
Sim
Não
16%
Figura 21: Gráfico - Conhecimento da importância da área.
Em resposta às perguntas sobre a visitação da RPPN, se sabiam que ocorriam
programas de ecoturismo na Reserva e o que achavam da atividade, todos os
proprietários foram unânimes na mesma resposta: que tinham conhecimento das
visitações e que achavam um idéia inovadora e válida, pois percebem a
movimentação de pessoas interessadas, tanto das cidades quanto do campo.
Como evidenciado no gráfico abaixo, as pesquisas indicaram que 60% das
propriedades já foram afetadas por incêndios florestais. Cabe ressaltar que a prática
do fogo, utilizada para limpeza em áreas de roçado com finalidade de estabelecimento
de culturas e pastagens, é reconhecidamente a maior causadora da propagação do
fogo na região, que foge ao controle devido à preparação inadequada de aceiros ou
mesmo por atitudes negligentes e imprudentes. Há também relatos de incêndios
propositais que foram ocasionados por desconhecidos. Não obstante ao perigo
sempre eminente de incêndios anualmente, principalmente nos meses de estiagem, a
prática da queima vem se reduzindo acentuadamente.
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Ocorrência de Fogo
60%
Sim
Não
40%
Figura 22: Gráfico - Ocorrência de fogo nas propriedades confrontantes com a RPPN
23:Foto área incendiada divisa RPPN 24:Foto Pedra Relógio após ocorrência do fogo
25:Área incendiada-Município de Guarani 26:Foto incêndio florestal fora de controle
Em relação à pergunta “Quais os principais problemas sociais e ambientais
vivenciados na região?”, houve uma diversificação de respostas. Em relação às
respostas sobre os problemas sociais, elas refletem as dificuldades em que passam
cada família/propriedade em particular, principalmente em relação à locomoção e
transporte: dois proprietários responderam que as condições precárias das estradas
em épocas de chuvas é um fator extremamente prejudicial, enquanto que outros dois
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entrevistados apontaram que a falta de oferta de transportes coletivos desestimula a
diversificação das atividades no campo. Em seguida, outras dificuldades foram citadas
como a carência de mão de obra e a desorganização dos proprietários na
reivindicação de benefícios junto à Prefeitura (uma referência cada). Quanto à
pergunta sobre “problemas ambientais”, dos nove proprietários, quatro mencionaram
que a fragilidade da propriedade perante a possibilidade da ocorrência de incêndios
florestais era o que mais preocupava, três apontaram a diminuição dos volumes de
água das nascentes e outros dois disseram desconhecer problemas de natureza
ambiental.
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Quanto à questão do saneamento, constatou-se que das nove propriedades
pesquisadas, apenas uma possui fossa séptica. Em outras cinco, utiliza-se a “fossa
negra” e em três propriedades, os efluentes sanitários são lançados em locais
inadequadas como cursos d’água. Em relação à destinação de resíduos sólidos, cinco
proprietários informaram que realizam a queima desses resíduos, três reciclam parte
desses materiais, queimando os rejeitos (plásticos) e apenas dois disseram separar
totalmente os resíduos, além de providenciarem também a forma de transportar esses
resíduos sólidos para a destinação correta: a usina de reciclagem e compostagem do
município. Ressalta-se que, uma vez ao mês, a Prefeitura de Descoberto disponibiliza
um caminhão para realizar a coleta de materiais sólidos na zona rural.
27: Foto pesquisas sócio economia
28: Entrevistas Aielci e Jº Souza A.
No que concerne ao uso da terra, ocorre que quatro propriedades possuem áreas
abertas formadas com pastagens e plantios de eucalípto que fazem confrontações às
áreas da RPPN Alto da Boa Vista. Tornou-se assim, extremamente necessário a
construção e manutenção de cercas para evitar a entrada de bovinos e eqüinos no
interior da Reserva.
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3.1.7 Ameaças, Fragilidades e Tendências Conflitantes no Entorno:
Apesar de não haver atualmente maiores pressões poluidoras sobre a RPPN, devido
ao fato de estar localizada em uma bacia totalmente protegida onde todas as
nascentes estão cobertas por vegetação nativa, há uma residência situada a montante
(no interior da propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha), às margens
de um dos riachos que atravessa a Reserva, que pode poluir a água através de
lançamento de esgoto doméstico, fato relatado em Laudo Técnico da Vistoria de
criação da RPPN em 27 de abril de 1995, de autoria do Engenheiro Florestal Paulo
Sérgio Campos Avelar, do Núcleo de Unidades de Conservação NUC/IBAMA, da
então Superintendência Estadual SUPES / MG (em anexo).
Outro fato que pode gerar discordâncias está relacionado à questão de servidões de
água, a qual a RPPN é cedente e beneficiária ao mesmo tempo. Por ser uma questão
extremamente delicada que pode causar controvérsias no futuro e afetar diretamente o
abastecimento d’água de residências, a biota e o interior das áreas de RPPN e APP,
deve-se a qualquer tempo, buscar o rigor da lei sempre que se fizer necessário.
Não obstante a essas observações, é de se destacar que essa propriedade citada,
está em fase de desmembramento em quatro áreas, devido aos direitos de herança
dos sucessores de Francisca Maria da Rocha, o que poderá acarretar uma maior
demanda de uso da água para o estabelecimento de atividades e para evitar o
surgimento de eventuais conflitos correlacionados, deverão ser realizados cadastros,
registros, e o devido monitoramento do uso disciplinado da água, aplicado na forma da
lei, para que os direitos de todos sejam resguardados e ninguém seja prejudicado,
nem tampouco o curso natural desses riachos, que tem seus volumes reduzidos
drasticamente ano após ano nas épocas de estiagem, o que é fato, e onde neles
vivem espécies nativas da fauna aquática que são extremamente dependentes da
perenidade e da qualidade dessas águas como o peixe cambeva, o caranguejo e o
quelônio cágado, dentre muitos outros animais.
29: Foto do peixe cambeva
30: Foto do Caranguejo
31: Foto do Cágado
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Ressalta-se que eventualmente ocorrem invasões na área para a caça e extração de
espécimes da flora como bromeliáceas, orquidáceas e palmáceas, especialmente a
palmeira juçara (Euterpe edulis), a palmeira do Indaiá (Attalea dúbia (Mart.) Bur.) e a
bromélia imperial (Alcantarea imperialis) conforme ocorrências relatadas no Laudo de
Vistoria do IBAMA elaborado em 09 de novembro de 2005, assinado pelo Engenheiro
Florestal Agostinho Gomes da Fonseca do Escritório Regional de Juiz de Fora (em
anexo).
Outra atividade impactante que ocorre na região, a exploração de jazidas de bauxita
(minério de alumínio) que culmina com a supressão da cobertura florestal nativa de
áreas remanescentes, pode ocasionar uma possível pressão de migração da fauna
para a área da RPPN e provocar a competição pelos recursos naturais com as
espécies ali instaladas, conforme consta no Laudo Técnico de Vistoria do IEF-MG em
25 de março de 2008, relativo à 2ª ampliação da área da RPPN realizado pelo Biólogo
Eduardo de Araújo Rodrigues (em anexo).
Devido ao fato de algumas propriedades limítrofes à unidade de conservação
possuírem pastagens bem próximas às confrontações da RPPN, é eminente a
possibilidade da entrada de bovinos, equinos e outros animais domésticos por essas
áreas, mesmo com o permanente monitoramento e alerta de seu gestor.
Destaca-se também que a Reserva tornou-se ponto atrativo em evidência na Serra do
Relógio devido à pioneira atividade do Turismo Ecológico que vem se dinamizando e
se adequando com investimentos em uma estrutura física satisfatória para acolher os
visitantes. Entretanto, há ocorrências de pessoas que adentram na área da RPPN sem
conhecimento e consentimento da administração, utilizando os acessos de
propriedades vizinhas, fato que se deve à crescente demanda e interesse das pessoas
em alcançar o pico da Serra do Relógio pelas trilhas da RPPN Alto da Boa Vista onde
o trajeto é mais favorável.
3.1.8 Oficinas Participativas:
Diante da consideração e do comprometimento do gestor da RPPN Alto da Boa Vista
para com a comunidade rural da região da Serra do Relógio e seu entorno, a UC se
apresenta para a sociedade no tocante às campanhas de sensibilização e estímulo à
conservação da natureza, ao uso racional dos recursos naturais como forma
alternativa de renda na propriedade rural através do ecoturismo e do turismo rural, da
divulgação de pesquisas e principalmente pela integração de atividades de
interpretação e educação ambiental.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
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Para a elaboração do Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista, realizou-se no dia
27 de fevereiro de 2010 no Auditório do Centro de Apoio aos Visitantes, a 1ª Oficina
Participativa com a presença dos proprietários do entorno da RPPN e de outros que
possuem áreas com vegetação florestal conservada na região que convidados, se
interessaram em participar, além de vereadores, secretários municipais,
representantes de empresas e outros cidadãos dos municípios de Descoberto, São
João Nepomuceno e Guarani. Ressalta-se a importância dos contatos realizados
nesses dois últimos municípios citados, pois São João Nepomuceno é proprietário da
Reserva Biológica da Represa do Grama, situada na Serra do Relógio (conforme
relatado em destaque no início deste item “Caracterização da Área do Entorno”) e o
município de Guarani, que receberá outra representativa área com 207 ha, também
situada na Serra do Relógio, que está fase final de homologação como UC de
Proteção Integral e que terá o nome de “Parque Natural Municipal da Serra do
Relógio”. Esta área foi recebida como compensação ambiental em face da construção
de três Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH’s Ponte, Palestina e Triunfo e está
muito próxima à RPPN Alto da Boa Vista, nas divisas dos municípios de Descoberto e
Guarani. Também foram contatados para participar da Oficina, os Promotores de
Justiça de Guarani e São João Nepomuceno; outras empresas privadas que exploram
os recursos naturais na região; órgãos públicos como o IEF e EMATER; a
Organização não Governamental CEAVARP (Centro de Educação Ambiental do Povo
do Vale do Rio Pomba); e a Agência Regional dos Circuitos Turísticos Caminhos
Verdes de Minas.
A apresentação do Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista, será através de uma
segunda oficina participativa a ser também realizada no Centro de Apoio aos
Visitantes da RPPN, como também em palestra e eventos na região. Para a sua
divulgação, será publicado um CD e resumo executivo contendo as principais
informações deste documento, para que seja do conhecimento da comunidade em
geral, as normas que regulam esta UC.
32: Foto da 1ª Reunião Participativa
33: Foto da 1ª Reunião Participativa
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
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RESULTADOS DA REUNIÃO:
Com a participação de 28 pessoas, a reunião foi iniciada com a apresentação da
RPPN Alto da Boa Vista e dos trabalhos de elaboração do Plano de Manejo, que estão
sendo apoiados pelo Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio
Natural da Mata Atlântica, coordenado pelas organizações não governamentais
Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA) e The Nature
Conservancy (TNC). Em seguida, representantes do município de Guarani,
destacaram o início dos estudos técnicos na área onde será criada uma Unidade de
Conservação de 207,00 ha que se localiza nas proximidades da RPPN Alto da Boa
Vista, o que contribuirá com a manutenção e a formação de uma importante conexão
de remanescentes florestais. Além desta notícia, destacaram também a criação do
CEAVARP (Centro de Educação Ambiental do Povo do Vale do Rio Pomba), obra
inaugurada para atender aos diversos municípios da região em relação ao tratamento
e divulgação das questões ambientais.
Foram abordados também os benefícios econômicos que a RPPN Alto da Boa Vista
produz com o enquadramento do município de Descoberto no repasse do ICMS
Ecológico desde 1996, ano que foi instaurada a LEI ROBIN HOOD no Estado de
Minas Gerais, além da integração com a comunidade científica através da
possibilidade da realização de mais pesquisas além das que foram realizadas.
Destacou-se também, os benefícios ambientais como regulação do clima,
estabilização do solo, conservação de nascentes, produção de água, proteção da
fauna e flora, e os benefícios sociais com alternativas de educação ambiental como
apoio ao currículo escolar aliado ao turismo ecológico o que possibilita criar condições
de agregação de renda na propriedade com a diversificação da atividade rural.
O objetivo da reunião, além de participar a todos a respeito da elaboração do Plano de
Manejo da RPPN Alto da Boa Vista, foi de informar os diversos segmentos da
sociedade e da comunidade do entorno da RPPN sobre as atividades que estão sendo
desenvolvidas e suas potencialidades, buscando assim o envolvimento e a
sensibilização desses atores sociais na construção de propostas e planejamentos
conjuntos de ações específicas para a conservação da diversidade biológica na região
da Serra do Relógio, que possui em seu entorno a possibilidade da implantação de
corredores florestais para interligar os fragmentos esparsos ainda existentes, através
da criação de mais Unidades de Conservação como as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural.
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3.2 Caracterização da propriedade
A RPPN Alto da Boa Vista ocupa 90% da área total da propriedade rural “Fazenda Alto
da Boa Vista”. Nos cinco blocos destinados às áreas de exploração, dois deles (áreas
2 e 5 do mapa georreferenciado em anexo) se caracterizam por se situarem em áreas
onde existem as edificações da propriedade, como o Abrigo de Montanha, a casa sede
e o Centro de Apoio aos Visitantes. Nos outros três blocos das áreas de exploração,
dois são utilizados para plantio de eucaliptos e outras culturas sazonais (áreas 1 e 3) e
o bloco restante (área 4) está destinado para manejo sustentável para atender a
demanda da propriedade para moirões de cercas, outras estruturas de madeira e
lenha para fogão.
Nestas áreas (áreas de exploração 1, 2, 3, 4 e 5), como em outras durante o período
anterior à instituição da RPPN, foram exploradas as atividades de pecuária e
agricultura de subsistência por décadas. Para tanto, há relatos de moradores que no
início da década de cinqüenta, as áreas começaram a ser abertas usando-se apenas
dos instrumentos e métodos utilizados na época que eram o machado e o fogo. Muitos
fornos foram construídos para a produção de carvão que eram destinados às
indústrias metalúrgicas e nas áreas abertas cultivava-se várias culturas como o milho,
feijão, café, batata barôa, banana, etc, além da implantação de pastagens nativas que
posteriormente foram substituídas pelo capim brachiária pelos proprietários que foram
se alternando ao longo das últimas décadas.
A técnica utilizada para a pecuária caracterizava-se como de sistema extensivo de
criação com o rebanho bovino transitando em toda a área da propriedade, o que
frequentemente causava prejuízos e perdas de cabeças de gado devido aos acidentes
com animais peçonhentos e ingestão de ervas. Com topografia desfavorável e clima
não adequado para a atividade da pecuária, a propriedade foi passando por outros
proprietários até quando o atual proprietário adquiriu o imóvel rural em 1.989 e após
também adotar a exploração da pecuária extensiva por poucos anos, decidiu mudar a
destinação do uso do solo na maioria dessas áreas com a instituição de uma Reserva
Particular do Patrimônio Natural - RPPN. Com o êxodo rural que vem ocorrendo na
região, também ficou comprometida a produção de algumas culturas como o café, pois
a forma de exploração e condução das culturas eram então firmadas em sistema de
parcerias com moradores vizinhos, os quais também perceberam as dificuldades
principalmente de mão de obra, quando as partes acordaram em consenso, pelo
plantio de eucalipto nessas áreas de cultivo de lavouras em parceria (caso específico
da área de exploração 1).
Verificou-se também que a atividade de apicultura que foi introduzida na propriedade
pelo atual gestor, não estava se compatibilizando com a atividade do turismo
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
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ecológico, pois colocava em risco a segurança dos visitantes como também as
atividades rurais comumente executadas na propriedade, além de apresentar outras
dificuldades como localização e acesso, o que interferia no adequado manuseio das
colmeias. Por isso, optou-se pela redução gradativa da atividade da apicultura racional
até seu encerramento. Atualmente restam poucas colmeias onde anteriormente era o
apiário, colmeias estas que deverão ser transferidas para local mais apropriado ou
mesmo aguardar a migração natural dos enxames.
No mapeamento de toda a área da propriedade realizado em 2007, foi realizado o
georreferenciamento das áreas de RPPN certificadas no ano de 1.995 (96,00 ha) e no
ano de 2.000 (22,00 ha) pelo IBAMA, como também de outros cinco blocos
denominados: Área - A (0,63 ha), Área - B (0,87 ha), Área - C (0,97 ha), Área - D (1,19
ha) e Área - E (3,61 ha), os quais estavam sendo anexados nesse período como
RPPN (ano de 2.007 – totalizando 7,27 ha) em um terceiro processo, protocolado e
reconhecido pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF/MG, no ano de
2.008, compondo assim todas as três certificações de Reserva Particular do
Patrimônio Natural da propriedade Fazenda Alto da Boa Vista, totalizando na ocasião
125,27 ha (90% da área total da propriedade).
Além da RPPN, outros cinco blocos, denominados “Áreas de Exploração”, também
foram determinados no mapeamento, compreendendo as áreas: AE - 1 (3,88 ha), AE 2 (1,73 ha), AE - 3 (3,92 ha), AE - 4 (1,63 ha) e AE - 5 (1,83 ha) que
georreferenciados somaram 12,99 ha. Portanto, a propriedade Fazenda Alto da Boa
Vista, de 138,26 ha, passou a ter a definição dos limites das áreas de RPPN e das
“Áreas de Exploração”, as quais estão descritas a seguir:
- Área de Exploração 1 = AE 1 - 3,88 ha (ajustada para área de 3,83 ha): Esta área
encontra-se ocupada a sete anos com eucalipto.
34: Foto da Área de Exploração 1 – reflorestamento com eucalipto
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
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- Área de Exploração 2 = AE 2 - 1,73 ha (ajustada para área de 1,23 ha): Área da
sede da propriedade, dotadas com áreas edificadas como a residência do proprietário
e sua família, quadra poliesportiva com piso de terra (disponibilizada para estudantes
da escola rural e moradores da comunidade), conjunto de banheiros
masculino/feminino com chuveiros e o Centro de Apoio aos Visitantes, que consta de
um salão / auditório e outra sala - biblioteca/escritório para dar suporte administrativo à
propriedade/RPPN e às atividades de visitação, educação ambiental e pesquisas na
RPPN Alto da Boa Vista. Anexada a esta área, localiza-se o estacionamento,
garagens, a mini Estação de Tratamento de Esgotos - ETE, área de camping, além de
áreas destinadas para plantio de horticulturas, culturas de frutíferas e plantas
medicinais. É neste local que também se encontra o transformador de energia elétrica
de 15 KVA interligados por um ramal de 100 metros à rede de transmissão de alta
tensão.
35: Foto da Quadra poliesportiva na AE 2
- Área de Exploração 3 = AE 3 – 3,92 ha (ajustada para área de 3,75 ha): Este bloco
também está destinado ao plantio de eucaliptos desde meados da década de 90. Já
foi realizado um corte no período entre 2005 e 2006 e a brotação foi bastante
satisfatória pois o adotou-se o espaçamento entre plantas de 4x4 metros. Há um
pequeno trecho de pastagens de braquiária na parte inferior da estrada municipal que
atravessa esta área, como também outros dois acessos internos, dos quais, um
atravessa a área de eucalipto (utilizado para o transporte da madeira), que por sua vez
se interliga à estrada do Mirante. No outro, foi cedido uma curta passagem para
facilitar o acesso a outras três propriedades. É por esta área (AE – 3) que chega a
linha de energia elétrica de alta tensão que serve à propriedade.
- Área de Exploração 4 = AE 4 – 1,63 ha (ajustada para área de 1,29 ha): Encontrase em estágio de regeneração natural com espécies vegetacionais pioneiras oriundas
das sementes dos remanescentes que se formaram em seu entorno, que em sua
maioria são jacarés, quaresmeiras, pororocas, farinhas - seca, ingás, etc. Área
destinada para manejo sustentável voltado exclusivamente para o atendimento da
demanda da propriedade principalmente para substituição de peças de melhor
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qualidade para coberturas de madeira, moirões de cercas e outras estruturas em
geral, além do aproveitamento de lenha para fogão. Está situada às margens da
estrada que liga ao Abrigo de Montanha e Mirante, imediatamente após a porteira de
divisa com os Sucessores de Francisca Maria da Rocha, onde neste local, prossegue
na direção da Área de Exploração 3, encontrando com a estrada municipal.
- Área de Exploração 5 = AE 5 – 1,83 ha (ajustada para área de 1,11 ha): Localizada
a 1 km da sede da propriedade, entrecortada pela estrada que conduz ao Mirante, se
localiza numa altitude que varia entre 1000 a 1035 metros. Em seus limites está a
edificação denominada “Abrigo de Montanha” que vem a ser uma casa disponibilizada
para hospedagem de visitantes e pesquisadores. Apesar de estar em fase de
acabamento, vem recebendo com frequência diversos grupos de visitantes e
pesquisadores. Construída em alvenaria e servida por energia elétrica, possui 2
pavimentos, mesanino, duas suítes e mais um banheiro para os hóspedes ocupantes
dos outros quatro quartos, despensa e varandas nos dois pavimentos. Está dotada de
uma Mini Estação de Tratamento de Esgotos – ETE, além de uma área plana
disponibilizada para horticultura, além de garagem e casa rústica (de taipa) em
estruturas anexas.
Estradas Municipais de Acesso à Propriedade e Estradas Internas:
Partindo do município de Descoberto, são 12 km em estrada de terra com bom estado
de conservação. Percorre-se a estrada para Itamarati de Minas por 5 km, entrando à
esquerda e percorrendo mais 3 km, passando nas imediações da Reserva Biológica
da Represa do Grama que vai em direção à comunidade da Grama, seguindo à
esquerda na próxima bifurcação da estrada que atravessa o ribeirão da Grama por
mais 5 km, tomando a próxima entrada à direita na direção do ribeirão do Angico, onde
se localiza a UC. Em períodos chuvosos, as condições de trafegabilidade ficam
comprometidas, pois na manutenção das estradas, não são utilizadas técnicas de
conservação como o adequado escoamento das águas e o revestimento com saibro
em pontos mais críticos.
Nas proximidades da propriedade e da RPPN, a situação fica ainda mais crítica, pois
nesses trechos há constante perda de solo e cada vez mais afloramentos de rocha
despontando no leito das estradas, além de saídas d’água insuficientes e ineficientes.
Assim, cada vez que se faz uma interferência inadequada com as máquinas, ocorre
uma intensa perda de solo causada pela força da enxurrada, principalmente em
trechos muito íngremes como é o caso do último km de chegada à RPPN, o que
ocasiona o aparecimento de profundas valetas que podem favorecer o carreamento
de sedimentos sólidos e consequentemente ocasionar o assoreamento dos quatro
cursos d’água que a estrada municipal ultrapassa em seu trajeto no interior da UC.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
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Em alguns pontos, há necessidade de um alargamento da estrada e realização de
aberturas eficientes de saídas de água da enxurrada, situação que só tem eficácia se
realizado com trator de esteira.
As estradas internas da propriedade e da RPPN, em especial a de acesso ao Mirante
e ao Abrigo de Montanha, como também o trecho que atravessa a Área de Exploração
3, que tem uma extensão aproximada de 2.000 metros, estão no momento em estado
precário. Embora apresente trechos críticos que necessitam de correções e
permanente manutenção, o gestor da Reserva na medida do possível, realiza
permanentes intervenções manuais e com recursos próprios para evitar a perda de
solo, realizando a manutenção das lombadas que quebram a velocidade da água no
trecho e também a abertura das saídas das águas em trechos pontuais. Para a
solução deste problema, torna-se necessário o calçamento de alguns desses trechos
devido à forte inclinação da estrada. Nessas estradas internas, os serviços de limpeza
também vêm sendo realizados com recursos próprios do proprietário. Ressalta-se que
o tráfego é controlado nesses acessos internos, sendo permitido somente para
veículos com tração 4x4, por assim exigirem as condições.
36: Foto de trecho crítico da estrada
Sistemas de Saneamento:
Resíduos Sólidos e Orgânicos:
Todos os resíduos sólidos gerados são separados e reciclados previamente em latões
próprios dispostos na sede, no Centro de Apoio aos Visitantes e no Abrigo de
Montanha. Posteriormente são transportados e encaminhados para a Usina de
Triagem e Compostagem no município de Descoberto ou destinados a outros locais
apropriados.
Quanto aos resíduos orgânicos, estes são destinados à compostagem e são utilizados
em frutíferas e hortaliças.
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Efluentes Sanitários:
São tratados através de duas Mini Estações de Tratamento de Esgotos – ETE’ s, que
se localizam nas duas áreas distintas onde há edificações: no Centro de Apoio aos
Visitantes (ao lado da sede da propriedade), na Área de Exploração – AE 2; e no
Abrigo de Montanha, na Área de Exploração – AE 5.
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37: Foto da ETE da Sede e CV
38: Foto ETE Abrigo de Montanha
Linhas de Energia Elétrica:
Há uma linha de energia elétrica da empresa concessionária ENERGISA, distribuída
com carga de alta tensão que serve à propriedade, a qual passa também sobre
trechos de áreas de RPPN em seu trajeto. Esta linha entra na propriedade pela Área
de Exploração 3 (conforme evidenciado em Mapa anexo), atravessa sobre um
pequeno trecho da área de RPPN certificada em 1995 pelo IBAMA, exatamente por
cima da Cachoeira do Escorrega; depois passa pela outra área de RPPN (Área C,
certificada em 2008 pelo IEF/MG); segue pela propriedade de Sucessores de
Francisca Maria da Rocha, de onde parte um ramal conduzindo a energia para o
Transformador 1 de 15 KVA que atende o Centro de Apoio aos Visitantes e a casa
sede da propriedade, localizados na Área de Exploração 2. Neste ponto, outro ramal
segue e adentra novamente por sobre a mesma área de RPPN certificada pelo IBAMA
em 1995 até seu ponto final, onde encontra-se o Transformador 2 de 5 KVA, que
abastece o Abrigo de Montanha, às margens da estrada que conduz ao Mirante. Do
transformador em diante, a linha de energia é de baixa tensão por 200 metros até o
Abrigo de Montanha.
Ressalta-se que a construção da linha de baixa tensão que atende ao Abrigo de
Montanha foi executada de acordo com as normas técnicas utilizando-se de postes de
cimento e cabos encapados Multiplex de 25 mm. Já o transformador de 5 KVA, deverá
ser substituído por outro de maior capacidade com pelo menos 15 KVA, para poder
atender suficientemente a necessidade e capacidade da ocupação da casa, em torno
de 20 a 25 pessoas.
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Sinalização:
Existem duas placas de sinalização de referência da Reserva Particular do Patrimônio
Natural – RPPN Alto da Boa Vista, de 2,5 x 1,5 metros, das quais, uma está assentada
às margens da estrada nas proximidades do Centro de Apoio aos Visitantes e a outra
na borda da várzea, estando frontal para o pico da serra. Está disposta dessa forma
para que seja avistada e sirva de referência para informação e conhecimento da UC.
Outras duas placas da mesma dimensão, mas com dizeres diferenciados, estão
guardadas e deverão ser assentadas em locais a serem ainda definidos.
Não há placas interpretativas na RPPN e nem em locais de visitação e de referência
aos pontos atrativos. No Centro de Apoio aos Visitantes, há painéis, mapas, fotos e
banners de referencias da Mata Atlântica, da RPPN Alto da Boa Vista e da Serra do
Relógio.
Mirante:
Situado a 1043 metros de altitude, nas coordenadas UTM 7634.934 23 K 0714425. É
o ponto mais alto da propriedade e da RPPN com acesso por estradas, porém é
trafegável somente por veículo com tração 4x4, motocicletas ou a cavalo ou a pé. A
distância do Centro de Apoio aos Visitantes é de 1500 metros e do Abrigo de
Montanha é de 300 metros.
Atualmente não há nenhuma estrutura ou edificação no mirante para o descanso ou
proteção do sol ou da chuva, como também não há placas, painéis informativos ou
qualquer apoio para acampamentos.
No local, observa-se toda a área da RPPN, da propriedade e do ponto culminante da
Serra do Relógio (ao norte), além do vale da bacia do Ribeirão do Grama (ao sul).
Proporciona também o avistamento em dias de atmosfera limpa (tanto de binóculo
como a olho nu), da Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro (que está distante
apenas 100 km em linha reta), onde se situa a região serrana fluminense que
compreende as Serras do Desengano, da Caledônia (em Nova Friburgo), dos Três
Picos seguindo pela Serra dos Orgãos (entre Teresópolis e Petrópolis) e termina na
Serra da Maria Comprida em Araras.
39: Foto Serra do Mar: Caledônia e Três Picos
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
66
3.3 Caracterização da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa
Vista – I e II
3.3.1 Clima
A RPPN possui dentro de seus limites, características climáticas distintas por
apresentar brusca variação altimétrica contidas em suas superfícies que se elevam
próximas ao pico da Serra do Relógio a 1.434 metros. Essa abrupta aclividade torna o
clima diferenciado, determinando no inverno temperaturas cada vez mais amenas na
medida da elevação da superfície.
Os processos climáticos também decorrem da interação de fatores como localização
na região da zona intertropical, de domínio morfoclimático dos mares de morros
florestados (Aziz Ab’Saber), proximidade com o oceano, alta incidência de raios
solares e também de evaporação, influência do sistema de circulação atmosférica
predominantemente de origem tropical bem como a maior ou menor freqüência das
correntes de circulação perturbada.
3.3.2 Temperatura
A região está sob a influência das massas de ar Polar Atlântica, atuante
principalmente no inverno; Equatorial Continental e Tropical Atlântica, atuantes no
verão, o que confere um clima do tipo Tropical Semiúmido.
Segundo a classificação de Köppen é do tipo Cwb. A temperatura média anual é da
ordem de 21 oC, enquanto que a média das mínimas é de 15,30 oC e a média das
máximas é de 27,90 oC.
3.3.3 Pluviosidade
A precipitação da região é do tipo orográfica, já que o relevo provoca a ascendência
das massas úmidas litorâneas, como também ocorrem chuvas frontais, provocadas
pelo avanço de massas frias provenientes do Sul do Brasil.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
67
40: Foto da localização da UC na região
41: Foto da influência orográfica
Apresenta duas estações distintas, com regime estacional típico das regiões de clima
tropical; a chuvosa, com precipitações freqüentes e copiosas, com o máximo
pluviométrico no solstício de verão; e a estação seca, em que há um sensível declínio
das chuvas, com o mínimo no solstício de inverno.
O período chuvoso localiza-se entre os meses de outubro a março, concentrando-se
nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro que correspondem ao
quadrimestre mais chuvoso, podendo apresentar uma concentração de 45 a 55% do
total da precipitação anual.
O período da estiagem tem o início em abril, estendendo-se até setembro, ocorrendo o
pico da seca nos meses de junho, julho e agosto. A variabilidade das precipitações é
mais regular no período da estiagem que no período chuvoso.
Dados coletados junto a Companhia Brasileira de Alumínio, Empresa de Mineração
que explora jazidas de bauxita em regiões bem próximas da RPPN Alto da Boa Vista,
demonstram ao longo de vinte anos as precipitações que ocorreram:
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
68
42: Quadro de Dados de Pluviometria na Região – Mensal / Anual
Período: 1989 / 2009
Fonte: CBA – Companhia Brasileira de Alumínio
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
1.372
1.090
1.713
1.872
1.316
1.674
1.465
1.866
1.669
1.469
1.376
1.660
1.583
1.797
1.672
2.145
1.966
1.318
1.455
2.088
2.167
1.628
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Média
Total
357
322
406
80
639
345
316
578
429
156
345
151
197
430
236
202
549
123
499
440
210
64
JAN
69
159
164
69
49
178
324
44
366
66
242
187
183
150
192
199
49
172
227
128
131
149
FEV
455
192
173
0
72
312
97
120
315
247
172
227
239
257
106
153
337
139
244
45
166
148
MAR
109
80
272
15
0
42
17
58
90
81
40
25
38
89
34
90
122
148
75
169
66
106
ABR
0
38
7
14
64
109
33
34
37
4
6
55
35
11
100
15
47
42
43
86
9
49
MAI
82
22
21
0
0
67
0
0
34
42
0
0
19
39
12
17
35
0
7
11
72
0
JUN
3
15
0
0
0
33
0
19
47
11
13
0
2
8
0
13
6
25
50
35
35
17
JUL
15
21
7
34
0
19
18
59
3
8
27
15
30
4
92
27
7
6
5
30
7
21
AGO
OUT
92
94
120
221
131
183
239
279
110
205
81
85
151
120
114
73
49
438
196
81
189
155
SET
63
83
46
174
76
14
32
208
109
66
42
166
106
58
84
0
72
46
18
135
97
81
PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
69
331
223
241
260
192
323
255
249
218
331
220
222
354
244
184
162
87
178
147
286
148
153
NOV
460
337
581
362
225
417
559
313
533
307
344
444
282
218
242
231
238
361
250
247
373
206
DEZ
Outros dados meteorológicos obtidos na estação mais próxima da região mantidos
pelo Departamento Nacional de Meteorologia:
70
43: Quadro da precipitação de jan / 2003 a set / 2007 (município de Leopoldina)
Fonte: http://www.agritempo.gov.br/agroclima/sumario.
44: Mapa com Zoneamento Agroclimático do Estado de Minas Gerais
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura – SEA / 1980
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
3.3.4 Relevo
71
45: Mapa com inserção das cinco áreas reconhecidas pelo Instituto Estadual de
Florestas de Minas Gerais em 2008, denominadas como RPPN Alto da Boa Vista II
Fonte: IBGE – Carta do Brasil / Folha SF-23-X-D-II-3
A área da RPPN Alto da Boa Vista - I e II está contida na carta topográfica IBGE /
Carta do Brasil, escala 1:50.000, Folha SF-23-X-D-II-3 (Astolfo Dutra). Situa-se no
extremo leste e encosta sul da cadeia de montanhas da Serra do Relógio, na divisa do
município de Descoberto com Astolfo Dutra onde se localizam nas partes cumeadas
da serra, as divisas das bacias dos Rios Novo e Pomba, afluentes do Paraíba do Sul.
Abrange uma das áreas em que salientam as terras mais altas da porção sudeste de
Minas Gerais. Essas terras elevadas representadas pelo sistema orográfico da
Mantiqueira, estão próximas aos limites dos Estados de Minas Gerais e Rio de
Janeiro, e culmina no seu ponto mais alto (1406 m) nas confrontações com o cume da
Serra do Relógio a 1434 m de altitude (4705 pés), maior altimetria em um raio de 70
km na região sul das Serranias da Zona da Mata Mineira.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
72
46: Mapa da Localização da Serra do Relógio na Região da Zona da Mata Mineira
A extensão da Serra do Relógio caracteriza-se por imponentes montanhas voltadas
ao sul para o Vale do Rio Paraíba do Sul e ao norte para a Serra da Mantiqueira,
circundada por uma ampla região de Depressões Escalonadas dos Vales dos Rios
Pomba e Novo. Localizadas no Complexo de Juiz de Fora, com grande concentração
de rochas metamórficas, o relevo reflete o domínio dos mares de morros, uma
sucessão de cristas gnáissicas escarpadas e entrecortadas por vales profundos,
exibindo quase sempre lombadas e patamares a meias encostas com cristas arredondadas dominadas por paredões rochosos.
Neste contexto, a RPPN Alto da Boa Vista está inserida no Domínio Tropical Atlântico
de Mares de Morros. Morfoestruturalmente faz parte do “Domínio das Escarpas e
Maciços” modelados em rochas do Complexo Cristalino, fazendo parte da Serra da
Mantiqueira (IGA, 1980 e 1981) com orientação NE-SW.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
RPPN Alto da Boa Vista
73
47: Figura do Modelo Digital do Terreno da região de Descoberto. A seta indica a
localização da RPPN Alto da Boa Vista. Observa-se o forte lineamento estrutural NESW
Possui formas de relevos variados determinantes na rede de drenagem e no distinto
modelado da área; contempla encostas íngremes e fundos de vale com leito rochoso
formando vários cursos d’água com belas cascatas de águas límpidas; abruptas
elevações inclusive escarpadas em suas encostas rochosas chegando a mais de 45º;
a UC possui uma representativa área de várzeas na cota de 1.000 m que constitui
uma importante área de recarga hídrica com mananciais; trechos de relevo suave
ondulado e ondulado com percursos de forte ondulação.
48: Foto da várzea e áreas de RPPN
49: Foto do relevo com forte ondulação
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
A Reserva dispõe de uma diferença altitudinal de 590 m (a cota mais baixa está a 816
m e a mais alta a 1406 m) determinados pela conformação geológica da Serra do
Relógio e seu entorno. Essas características influenciam na ocorrência da formação
de diferentes tipos de solos como os encontrados na base dos afloramentos
rochosos, encostas, fundos de vale, nas baixadas às margens das várzeas e nos
topos dos morros com esparsos trechos apresentando em sua superfície o minério da
bauxita, bastante predominante na região.
3.3.5 Hidrografia
74
50: Mapa hidrográfico com as nascentes e o percurso dos cursos d’água (no deltalhe,
linhas em azul), com inserção dos polígonos da RPPN e de propriedade confrontante
(Sucessores de Francisca Maria da Rocha). No detalhe em verde, a área de várzea.
A região onde está localizada a RPPN situa-se na bacia do Rio Novo, ressaltando que
a UC se limita ao norte com a bacia do Rio Pomba. A região do médio curso do Rio
Paraíba do Sul encontra-se limitada pela Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. A
bacia do Rio Novo, possui uma área de drenagem de 2.030 km e suas nascentes se
localizam próximas aos limites do município de Santos Dumont.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Já a rede de drenagem da RPPN é composta de sete principais cursos d’água, sendo
cinco perenes e dois intermitentes (sazonalidades que eventualmente ocorrem entre
os períodos de junho a novembro), estando quatro dessas nascentes perenes dentro
dos limites da UC e as outras nascentes em propriedade adjacente (Sucessores de
Francisca Maria da Rocha). Também compõem a parte hidrográfica da RPPN uma
importante zona úmida, uma área de várzeas situada na cota altimétrica de 1.000 m, a
qual recebe os volumes de água de duas nascentes perenes e outras duas sazonais.
Há também um pequeno lago abastecido pelas águas captadas de um riacho próximo,
por via de um canal de 20 metros de extensão. Esses ambientes, em especial o da
várzea, desempenham importante função de recarga hídrica e de apoio na
alimentação e sobrevivência de diversas espécies animais, principalmente da fauna
aquática, como também de anuros e répteis, além de várias espécies de aves, pois os
riachos meandram uma planície de inundação formando depósitos aluviais que
ocasionam o surgimento e a manutenção de algumas nascentes no entorno dessa
área.
51: Foto da lagoa na área de RPPN
52: Várzea e localização nascentes acima
Das quatro nascentes perenes da RPPN, duas estão na cota altimétrica de 1230 e
1243 metros respectivamente, sendo essa última próxima à divisa da propriedade de
Sucessores de Francisca Maria da Rocha. São as mais altas nascentes da Serra do
Relógio, fazendo parte, pela margem direita da malha dos contribuintes que formam o
Ribeirão do Grama, afluente da bacia do Rio Novo.
53:Foto Nascente a 1230 metros
54: Foto do Percurso da Nascente
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
75
É uma região homogênea em termos de relevo, sendo dominada pelo relevo forteondulado a montanhoso, observa-se também, em termos de capacidade de infiltração,
que é baixa em toda extensão da Reserva, com exceção da área de várzeas. A
associação dessas características com a pluviosidade faz com que toda a região
apresente uma Tipologia Hidrológica Homogênea, no caso, com rendimento médio ou
elevado em regime torrencial, ou seja, que as contribuições específicas são médias ou
altas e ocorre intensa variação intra-anual nas vazões dos cursos d’água, sendo
portanto, típica a ocorrência de cheias e estiagens pronunciadas. Comparativamente
ao restante do Estado, pode ser considerada como uma região de abundância relativa
em termos de águas superficiais.
76
55: Figura da bacia hidrográfica da região da Serra do Relógio no município de
Descoberto
Ressalta-se que importantes cursos d’água que tem suas nascentes no interior da
propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha, localizada a
noroeste/sudoeste da UC, formam uma importante malha de contribuição aos demais
riachos com nascentes no interior da RPPN Alto da Boa Vista.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Esses riachos se unificam nas proximidades da cota mais baixa da RPPN (a 816 m) e
formam o “Ribeirão do Angico”. Próximo a este local havia uma captação d’água em
um canal para o funcionamento de um
moinho d’água, hoje desativado,
caracterizando um meandro abandonado.
Passa pelo interior da RPPN, uma extensa rede de drenagem com nascentes oriundas
nas encostas das montanhas, que são normalmente encaixadas em vales
parcialmente fechados, principalmente nas altitudes mais elevadas onde se formam
corredeiras e cachoeiras ao longo de seu percurso. Existem quatro cachoeiras de
maior representatividade que fazem parte do roteiro de locais atrativos do Programa
de Ecoturismo da Reserva: a Cachoeira do Emboque, situada na saída das águas da
várzea, a 985 m; a Cachoeira do Escorrega, que recebe a drenagem de maior área e
volume, sendo que sua queda está situada na cota de 863 m, bem próxima do Centro
de Apoio aos Visitantes; a Cascata da Toca que fica no mesmo curso d’água, em
trecho logo abaixo a 848 m, e a Cachoeira da Laje dos Jequitibás, que está na altitude
de 889 m, em outro curso d’água que fica no setor sudoeste da UC.
56: Foto da Cachoeira do Escorrega
57: Foto da Cascata da Toca
Eventualmente em alguns períodos do ano entre os meses de junho a outubro,
período de escassez de chuvas, dois dos sete cursos d’água que cortam a RPPN
diminuem drasticamente os seus volumes ao ponto de interromper e/ou ocorrer “furos”
nesta época São eles: curso d’água situado nos fundos do Centro de Apoio aos
Visitantes e outro curso d’água situado próximo ao Abrigo de Montanha.
Salienta-se que há duas captações d’água nos riachos da RPPN Alto da Boa Vista. A
captação mais alta está na cota de 1017 m e abastece o Abrigo de Montanha e a
outra captação, na cota de 855 m, está no setor extremo sul e abastece a residência
da Sra. Selma do Nascimento Rocha, titular desta propriedade confrontante com a UC.
Esta servidão é consensual entre as partes pelo fato de a própria RPPN ser
beneficiária de captação d’água por gravidade, na cota de 923 m, oriunda de outra
propriedade a montante da mesma família da Sra. Selma, a qual integra os
Sucessores de Francisca Mª da Rocha. Atualmente é o manancial que serve ao
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
77
sistema de armazenamento de água que abastece a sede da RPPN e o Centro de
Apoio aos Visitantes.
Pelo fato de estar cada vez mais percebível e constatável, de fato, a acentuada
redução dos volumes dos cursos d’águas, especialmente nos períodos anuais de
escassez de chuvas, torna-se imprescindível a avaliação e estudo de vazões dos
riachos, para que seja estabelecido, através de um projeto técnico, um sistema de
captação d’água em local alternativo como forma de segurança para suprimento, com
estruturas adequadas para armazenamento, além de estabelecimentos de
manutenções desse sistema e disciplinamento de direito de uso em consonância com
as leis em vigor. Dessa forma, torna-se possível o uso adequado dos recursos
naturais, especificamente desse bem limitado, necessário, precioso e insubstituível,
mas que seja determinado formalmente a todos que dele forem beneficiados
diretamente, a responsabilidade por seu emprego adequado e na medida do possível,
que todos os envolvidos se tornem colaboradores na conservação dos ambientes
naturais necessários ao equilíbrio e perenidade dos recursos hídricos.
3.3.6 Espeleologia
A cavidade natural denominada “Gruta do Paredão da Serra”, a mais representativa da
RPPN, foi encontrada recentemente no período do mapeamento detalhado durante os
trabalhos de elaboração do Plano de Manejo. Está localizada na base do paredão da
serra, a 1304 metros, no extremo norte da Reserva (encosta sul do pico da Serra do
Relógio), na cota de 1304 m, com coordenadas 23K 0714002 e UTM 7635647.
58: Foto da Gruta do Paredão da Serra
59: Foto da cavidade natural
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
78
Outra cavidade também foi encontrada a jusante da “Cachoeira do Escorrega”, a
“Toca da Cascata”, situada na margem direita do curso d’água. Trata-se de uma
cavidade profunda com extensão aproximada de 7 metros, localizada sob uma imensa
rocha. No local há duas cascatas, localizadas na cota de 848 m, denominada como
“Cascata da Toca”.
Diversos outros trechos também apresentam pequenas tocas e cavidades
principalmente nas encostas e paredões rochosos e ao longo dos cursos d’água.
É perfeito o estado de conservação dessas cavidades após quase duas décadas sem
a ocorrência de incêndios florestais nas imediações.
79
60: Foto da Toca da Cascata
Nos trechos onde a RPPN se limita com propriedades da região da Água Limpa
(município de Astolfo Dutra), localização dos contrafortes mais elevadas da Serra do
Relógio, avistam-se as escarpas das montanhas e a profundidade dos despenhadeiros
com vegetações endêmicas nas rochas e as florestas de propriedades do entorno da
UC, além da extensão do vale do rio Pomba.
61: Foto das vegetações dos contrafortes
62: Foto do vale do Rio Pomba
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
4. VEGETAÇÃO
80
Vegetação Ciliar de um Curso D’água no Interior da Mata Atlântica
4. Vegetação
I.
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é a segunda maior floresta tropical do continente americano.
Originalmente cobria cerca de 1.300.000 km2 do território brasileiro, estendendo-se pela
costa atlântica do país (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2008). Em sua extensão
ocorre uma ampla variação de tipos de clima, altitude, na composição dos solos e
formas de relevo. Essa heterogeneidade permite a formação de diferentes tipos
vegetacionais (Oliveira-Filho & Fontes,2000). Além das florestas ombrófilas e
semideciduais, a Mata Atlântica abrange ainda florestas decíduas, florestas com
araucárias, mangues, restingas, brejos e formações campestres de altitude (Tabarelli et
al, 2005).
A grande variação ambiental é um dos fatores responsáveis pela grande
diversidade biológica existente na Mata Atlântica. Estima-se que nela ocorram cerca de
2300 espécies de vertebrados e mais de 20 mil espécies de plantas vasculares (Pinto et
al, 2006). Segundo JOLY ET AL. (1991) esse bioma apresenta um nível de endemismo
elevado, com cerca de 55% para espécies arbóreas e 40% para famílias de espécies não
arbóreas.
Essa diversidade ainda não é totalmente conhecida. Os estudos sobre
distribuição geográfica das plantas, padrões de endemismos e ocorrência de espécies
ameaçadas são insuficientes e muitas regiões não possuem sequer o inventário de sua
flora. Essa situação reflete o panorama geral do conhecimento da flora brasileira
(Giulietti et al, 2005).
A necessidade de preencher essa lacuna de conhecimento mostra-se urgente
devido ao estado de conservação da Mata Atlântica. Atualmente ela está reduzida a
menos de 8% de sua extensão original. A perda de habitat não é homogênea em toda a
sua extensão. Alguns estados brasileiros ainda conservam mais de 15% de sua cobertura
original, como Santa Catarina (22,89%) e Rio de Janeiro (18,6%) enquanto outros
possuem menos de 6%, como Mato Grosso do Sul (5,45%) e Goiás (3,99%). Em Minas
Gerais essa estimativa é de 9,62% (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2008). A
grande diversidade biológica em conjunto com o alto grau de ameaça fez com que a
Mata Atlântica fosse incluída entre os 33 hotspots para a conservasção da
biodiversidade mundial (Myers et al 2000).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
81
Embora exista um grande número de áreas de conservação na Mata Atlântica
brasileira apenas 2% do bioma está protegido (Tabarelli et al, 2005). Os recursos
públicos destinados para a sua conservação são insuficientes. Dessa forma a iniciativa
privada vem se mostrando de grande importância nessa questão, uma das principais
formas de atuação da iniciativa privada nesse campo é através da criação de Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que são áreas privadas, gravadas com
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. Existem cerca de
660 RPPNs reconhecidas no Brasil. Destas cerca de 440 estão no domínio da Mata
Atlântica, somando quase 100 mil hectares de área protegida (Mesquita, 2004).
As RPPNs são criadas por iniciativa do dono da área e permanecem sob sua
posse. Entretanto, dentro de uma RPPN só são permitidas atividades de pesquisa
científica e visitação com fins turísticos, recreativos e educacionais (SNUC, 2000).
Essas atividades devem ser realizadas de acordo com o previsto no plano de manejo da
RPPN. Dessa forma fica garantido que o objetivo principal de uma RPPN seja a
conservação de sua diversidade biológica. A criação e implementação de um plano de
manejo para a RPPN é de fundamental importância. Somente através do plano de
manejo será possível ao proprietário desenvolver as atividades permitidas pela lei.
II- MATERIAL E MÉTODOS
O inventário florístico na Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa
Vista (RPPNABV) foi realizado entre os anos de 2009 e 2010, através de excursões ao
local de estudo para coleta de material botânico e levantamento de dados adicionais,
como fotografias e informações ecológicas sobre as espécies, análise das
fitofisionomias, etc. Os vários ambientes foram explorados na área de estudos através
do método do Caminhamento (Filgueiras et al. 1994), tal metodologia mostra-se
adequada para inventários rápidos uma vez que consegue-se percorrer grande parte da
área amostrada.
As amostras em estado fértil foram coletadas e preparadas segundo técnicas
usuais e posteriormente depositadas no acervo do Herbário Leopoldo Krieger, da
Universidade Federal de Juiz de Fora (CESJ).
A identificação das espécies foi realizada com auxílio de literatura especializada
e por comparação com material já determinado por especialistas, existente no herbário
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
82
CESJ. O sistema de classificação usado para a listagem dos táxons foi o de Smith et al.
(2006a) para Pteridófitas e Chase & Reveal (2009)(APGIII) para angiospermas.
Para classificação das síndromes de dispersão de diásporos foram utilizados os
critérios propostos por Pijl (1982), onde se define como anemocórica, os diásporos
dispersos pelo vento, zoocórica, quando estes são dispersos por animais e autocórica
quando não há adaptações específicas como as anteriores ou quando existem
mecanismos de disperssão como barocoria (disperssão pela gravidade) ou explosivas e
não referida quando esta informação não pode ser obtida seja por observação ou
literatura.
O Bioma e as fitofisionomias da RPPN ABV foram definidos com base no
sistema de classificação proposto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) (Veloso et al. 1991). Para apresentação destas fitofisionomias serão tratados os
seguintes aspectos: descrição, espécies ocorrentes e espécies com prioridade de
conservação.
Para uma análise das relações das fitofisionomias da área foi utilizado o
coeficiente de similaridade de Sørensen (Magurran 2005) e o algorítimo
UPGMA,analisados no software livre PAST (Hammer et al, 2001).
III - RESULTADOS
Na RPPN ABV foram registradas no total 258 espécies, distribuídas em 87
famílias e 184 gêneros (Tab. 1). As pteridófitas compreenderam 16 famílias, reunindo
72 espécies, destacando-se Polypodiaceae com o maior número de espécies (14
espécies), seguida de Pteridaceae (11 espécies), Dryopteridaceae (oito espécies) e
Aspleniaceae e Blechnaceae (cinco espécies cada). Assim 60% das pteridófitas estão
agrupadas em apenas cinco famílias. O gênero com maior riqueza específica é Pteris
com sete espécies, seguido de Asplenium e Blechnum (cinco espécies cada), Anemia,
Campyloneurum, Cyathea, Hymenophyllum e Thelypteris (três espécies cada).
As angiospermas foram representadas por 186 espécies, distribuídas em 71
famílias. As famílias mais ricas são Rubiaceae (apresentando 13 espécies), seguida por
Fabaceae (12), Bromeliaceae (11), Orchidaceae (nove), Piperaceae e Solanaceae (oito
espécies cada). Desse modo, apenas seis famílias concentraram um total de 33% das
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
83
angiospermas registradas. Os gêneros mais representativos foram Psychotria (com sete
espécies), seguido por Piper e Solanum (seis espécies cada), Senna, Cecropia, Vriesea e
Miconia (três espécies cada).
O hábito herbáceo foi o mais representativo, com 136 espécies (53% das
espécies registradas), distribuídas da seguinte forma: 89 ervas terrestres, 39 ervas
epífitas, seis ervas rupícolas e duas erva paludosa.
As epífitas, que corresponderam a aproximadamente 30% das espécies
herbáceas (39 espécies), estão distribuídas em apenas nove famílias: Polypodiaceae (14
espécies),
Bromeliaceae
(sete),
Hymenophyllaceae
(quatro),
Orchidaceae
e
Aspleniaceae (três espécies cada), Araceae, Piperaceae, Cactaceae e Gesneriaceae (duas
espécies cada).
Em relação à síndrome de dispersão observamos que a maioria das espécies (109
espécies ou 42%) dispersa-se através de autocoria, porém esse número pode ser
discutido já que as pteridófitas contribuem com 72 espécies e dependendo da definição
esse grupo de plantas pode ter síndrome de dispersão Anemocórica. Já 35% das espécies
(89) apresentam zoocoria como síndrome de dispersão, mostrando uma íntima relação
entre a flora e a fauna local.
63: Tabela 1: Lista das Famílias e Espécies ocorrentes na Reserva Particular do
Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais, com informações
sobre Nome-popular, Síndrome de Dispersão e Hábito. (Legenda: NR = Não Relatada,
Auto = Autocoria, Anemo = Anemocoria, Zoo = Zoocoria).
Família
Acanthaceae
Acanthaceae
Acanthaceae
Acanthaceae
Agavaceae
Alstroemeriaceae
Nomepopular
Angiospermas
Aphelandra squarrosa
Nees
Mendoncia coccinea
Vell.
Espécie
Ruellia sp.
Thunbergia alata Bojer
Cu-de-crioulo
ex Sims
Furcraea foetida (L.)
Piteira
Haw.
Alstroemeria
fuscovinosa Ravenna
Dispersão
Hábito
NR
Erva
Terrestre
NR
Liana
NR
Erva
Terrestre
NR
Liana
Auto
NR
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
84
Lírio
Auto
Erva
Rupícola
Embira
Zoo
Árvore
Embira
Zoo
Árvore
Embira
Zoo
Árvore
Xylopia brasiliensis
Spreng.
Casca-debarata
Zoo
Árvore
Asclepias curassavica
L.
Aspidosperma
olivaceum Müll. Arg.
Mandevilla
atroviolacea
(Stadelm.) Woodson
Anthurium scandens
(Aubl.) Engl.
Oficial-desala
Auto
Erva
Terrestre
Peroba
Anemo
Árvore
NR
Liana
Antúrio
Zoo
Erva Epífita
Araceae
Anthurium sp.
Antúrio
Zoo
Erva Epífita
Araceae
Asterostigma sp.
Araceae
Philodendron sp.
Amaryllidaceae
Annonaceae
Annonaceae
Annonaceae
Annonaceae
Apocynaceae
Apocynaceae
Apocynaceae
Araceae
Araliaceae
Araliaceae
Arecaceae
Arecaceae
Arecaceae
Arecaceae
Asteraceae
Hippeastrum
glaucescens Mart.
Guatteria sellowiana
Schltdl.
Guatteria sp.
Rollinia dolabripetala
(Raddi) R.E. Fr.
Hydrocotyle
quinqueloba Ruiz &
Pav.
Schefflera sp.
Attalea dubia (Mart.)
Burret
Euterpe edulis Mart.
Geonoma schottiana
Mart.
Syagrus romanzoffiana
(Cham.) Glassman
Baccharis glaziovii
Baker
Asteraceae
Baccharis sp.
Asteraceae
Cyrtocymura
scorpioides (Lam.)
H.Rob.
Zoo
Antúrio
Zoo
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Auto
Erva
Terrestre
Cheflera
Zoo
Árvore
Indaiá
Zoo
Arborescente
Palmitojussara
Zoo
Arborescente
Zoo
Arborescente
Coco-babão
Zoo
Arborescente
Carqueja
Anemo
Anemo
Capichingui
Anemo
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Arbusto
85
Asteraceae
Asteraceae
Asteraceae
Eremanthus
erythropappus (DC.)
MacLeish
Mikania sp.
Vernonanthura
phosphorica (Vell.)
H.Rob.
Candeia
Anemo
Árvore
Guaco
Anemo
Liana
Assa-peixe
Anemo
Árvore
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Begoniaceae
Begonia digitata Raddi
Begonia
Anemo
Begoniaceae
Begonia sp.
Begonia
Anemo
Ipê-Verde
Anemo
Árvore
Bromélia
NR
Erva Epífita
Bromélia
NR
Bromélia
NR
Bromélia
NR
Bromélia
NR
Bromélia
NR
Bromélia
Anemo
Erva Epífita
Bromélia
Anemo
Erva Epífita
Bromélia
Anemo
Erva Epífita
Bromélia
NR
Erva Epífita
Bromélia
NR
Erva Epífita
NR
Erva
Terrestre
Zoo
Árvore
Zoo
Erva Epífita
Zoo
Erva Epífita
NR
Erva
Terrestre
Bignoniaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Cybistax antisyphilitica
(Mart.) Mart.
Aechmea nudicaulis
(L.) Griseb.
Aechmea ramosa Mart.
ex Schult. f.
Alcantarea imperialis
(Carrière) Harms
Billbergia sp.
Pitcairnia curvidens
L.B. Sm. & Read
Pitcairnia flammea
Lindl.
Tillandsia gardneri
Lindl.
Tillandsia geminiflora
Brongn.
Vriesea bituminosa
Wawra
Vriesea heterostachys
(Baker) L.B.Sm.
Bromeliaceae
Vriesea sp.
Burmaniaceae
Gymnosiphon sp.
Burseraceae
Protium heptaphyllum
(Aubl.) Marchand
Cactaceae
Hatiora sp.
Cactaceae
Rhipsalis sp.
Campanulaceae
Centropogon cornutus
(L.)Druce
Almecega
Cactomacarrão
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva Epífita
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
86
Campanulaceae
Cannabaceae
Cannabaceae
Chloranthaceae
Chrisobalanaceae
Auto
Erva
Terrestre
Grão-de-galo
Anemo
Árvore
Grão-de-galo
Zoo
Árvore
Chá-de-bugre
Zoo
Árvore
Auto
Árvore
Lobelia sp.
Celtis pubescens
(Kunth) Spreng.
Trema micrantha
(L.)Blume
Hedyosmum
brasiliense Miq.
Hirtela sp.
87
Chrisobalanaceae
Licania sp.
Oiti
Auto
Árvore
Clethraceae
Clusiaceae
Clusiaceae
Clethra scabra Pers.
Clusia sp1
Clusia sp2
Vismia magnoliifolia
Cham. & Schltdl.
Peroba
Anemo
Zoo
Zoo
Árvore
Árvore
Árvore
Pau-de-Lacre
Zoo
Árvore
Clusiaceae
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Commelinaceae
Commelina erecta L.
Trapoeraba
NR
Commelinaceae
Dichorisandra
thyrsiflora J.C. Mikan
Trapoeraba
NR
Convolvulaceae
Ipomoea sp.
Campainha
Auto
Liana
Costus spiralis (Jacq.)
Roscoe
Weinmannia
paulliniifolia Pohl
Cana-demacaco
NR
Erva
Terrestre
Gramimunha
Auto
Árvore
Cipó-caboclo
NR
Liana
NR
Liana
Auto
Árvore
Zoo
Arbusto
Zoo
Arbusto
Zoo
Árvore
Costaceae
Cunoniaceae
Dilleniaceae
Davilla rugosa Poir.
Dioscoreaceae
Dioscorea sp.
Sloanea monosperma
Vell.
Gaultheria eriophylla
(Pers.) Sleumer ex
Burtt
Gaylussacia sp.
Alchornea triplinervia
(Spreng.) Müll. Arg.
Croton urucurana
Baill.
Ricinus communis L.
Sapium glandulosum
(L.) Morong
Elaeocarpaceae
Ericaceae
Ericaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Ouriçeiro
Pau-jangada
Sangrad'água
Mamona
Zoo
Árvore
Auto
Arbusto
Leiteiro
Zoo
Árvore
Fabaceae
Anadenanthera
colubrina (Vell.)
Brenan
Angico
Auto
Árvore
Fabaceae
Bauhinia affinis Vogel
Pata-de-vaca
Auto
Árvore
Fabaceae
Bauhinia sp.
Pata-de-vaca
Auto
Arbusto
Ingá
Zoo
Árvore
Ingá
Zoo
Árvore
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Gentianaceae
Gentianaceae
Gesneriaceae
Gesneriaceae
Gesneriaceae
Gesneriaceae
Heliconiaceae
Inga sessilis (Vell.)
Mart.
Inga sp.
Machaerium
aculeatum Raddi
Machaerium
scleroxylon Tul.
Piptadenia
gonoacantha (Mart.)
J.F. Macbr.
Schizolobium parahyba
(Vell.) S.F. Blake
Senna macranthera
(DC. ex Collad.)
H.S.Irwin & Barneby
Senna multijuga
(Rich.) H.S.Irwin &
Barneby
Senna obtusifolia (L.)
H.S.Irwin & Barneby
Macrocarpaea
obtusifolia (Griseb.)
Gilg
Voyria aphylla
(Jacq.)Pers.
Besleria meridionalis
C.V. Morton
Nematanthus
lanceolatus (Poir.)
Chautems
Nematanthus
strigillosus (Mart.)
H.E. Moore
Sinningia magnifica
(Otto & A. Dietr.)
Wiehler
Heliconia sp.
88
Jacarandábico-de-pato
Auto
Árvore
Caviuna
Auto
Árvore
Pau-jacaré
Auto
Árvore
Guapuruvú
Auto
Árvore
Fedegoso
Auto
Árvore
Fedegoso
Auto
Árvore
Fedegoso
Auto
Árvore
NR
Arbusto
NR
NR
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Peixinho
NR
Erva Epífita
Peixinho
NR
Erva Epífita
Peixinho
NR
Erva
Rupícola
Falsa-ave-doparaíso
Auto
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Hypoxidaceae
Hypoxis decumbens L.
Falsa-tiririca
Anemo
Iridaceae
Cipura sp.
Íris
Auto
Iridaceae
Neomarica candida
(Hassl.) Sprague
Íris
Auto
Lamiaceae
Vitex polygama Cham.
Maria-preta
Zoo
Árvore
Lauraceae
Lauraceae
Nectandra sp1
Canela
Nectandra sp2
Canela
Cariniana estrellensis
Jatobá-branco
(Raddi) Kuntze
Luehea grandiflora
Açoita-cavalo
Mart. & Zucc.
Pavonia communis A.
Vassoura
St.-Hil.
Zoo
Zoo
Árvore
Árvore
Auto
Árvore
Anemo
Árvore
Lecytidaceae
Malvaceae
Malvaceae
Triumfetta sp.
Marcgraviaceae
Marcgravia polyantha
Delpino
NR
Liana
Melastomataceae
Miconia discolor DC.
Zoo
Árvore
Melastomataceae
Miconia ferruginea
(Desr.) DC.
Zoo
Árvore
Melastomataceae
Miconia sp.
Zoo
Arbusto
Melastomataceae
Tibouchina cardinalis
Cogn.
Quaresmeira
Zoo
Arbusto
Melastomataceae
Tibouchina sp.
Quaresmeira
Zoo
Árvore
Canjerana
Zoo
Árvore
Mamica-deporca
Auto
Árvore
Meliaceae
Cabralea canjerana
(Vell.) Mart.
Zanthoxylum
rhoifolium Lam.
Zoo
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Malvaceae
Meliaceae
Vassoura
Zoo
Menispermaceae
Abuta sp.
NR
Liana
Monimiaceae
Monimiaceae
Mollinedia sp1
Mollinedia sp2
Dorstenia
capricorniana Carauta,
C. Valente & Sucre
Sorocea bonplandii
(Baill.) W.C. Burger,
Lanj. & Wess. Boer
Zoo
Zoo
Árvore
Árvore
Carapiá
Zoo
Erva
Terrestre
Espinheirasanta
Zoo
Árvore
Moraceae
Moraceae
89
Musaceae
Myrsinaceae
Myrsinaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Ochnaceae
Musa paradisiaca L.
Rapanea ferruginea
(Ruiz & Pav.) Mez
Rapanea umbellata
(Mart.) Mez
Eucalyptus sp.
Myrcia splendens
(Sw.) DC.
Myrciaria cauliflora
(Mart.) O. Berg
Psidium guajava L.
Ouratea parvifolia
Engl.
Bananeira
Zoo
Arborescente
Pororoca
Zoo
Árvore
Pororocão
Zoo
Árvore
Eucalipto
Auto
Árvore
Guamirim
Zoo
Árvore
Jabuticaba
Zoo
Árvore
Goiaba
Zoo
Árvore
Zoo
Árvore
Liana
Onagraceae
Fuchsia regia (Vell.)
Munz
Brinco-deprincesa
NR
Orchidaceae
Cyclopogon sp.
Orquídea
Auto
Orchidaceae
Epidendrum secundum
Jacq.
Orquídea
Auto
Orchidaceae
Liparis sp.
Orquídea
Auto
Orchidaceae
Octomeria sp.
Orquídea
Auto
Erva Epífita
Orquídea
Auto
Erva
Terrestre
Orquídea
Auto
Erva Epífita
Orquídea
Auto
Erva
Terrestre
Orquídea
Auto
Erva
Rupícola
Orquídea
Auto
Erva Epífita
Maracujá
Zoo
Liana
Maracujá
Zoo
Liana
Orchidaceae
Orchidaceae
Orchidaceae
Orchidaceae
Orchidaceae
Passifloraceae
Passifloraceae
Oeceoclades maculata
(Lindl.) Lindl.
Phymatidium
hysteranthum Barb.
Rodr.
Warrea warreana
(Lodd. ex Lindl.) C.
Schweinf.
Zygopetalum mackaii
Hook.
Zygopetalum maxillare
Lodd.
Passiflora amethystina
J.C.Mikan
Passiflora speciosa
Gardner
Erva
Terrestre
Erva
Rupícola
Erva
Terrestre
Phylantaceae
Phylantus sp.
Quebra-pedra
NR
Erva
Terrestre
Picraminiaceae
Picramnia ramiflora
Planch.
Cedrinho
Auto
Árvore
90
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Peperomia
Erva-de-vidro
corcovadensis Gardner
Peperomia
Erva-de-vidro
mandioccana Miq.
Piper anisum
(Spreng.)Angely
Piper cernuum Vell.
Piper
gaudichaudianum
Kunth
Piper malacophyllum
(C. Presl) C. DC.
Piper
pubisubmarginalum
Yunck.
Piper umbellatum L.
Zoo
Erva Epífita
Zoo
Erva Epífita
Zoo
Árvore
Zoo
Árvore
Zoo
Árvore
Zoo
Árvore
Zoo
Árvore
Zoo
Árvore
Erva
Terrestre
Poaceae
Andropogon bicornis
L.
Capim-rabode-burro
Anemo
Poaceae
Eragrostis pilosa (L.)
P.Beauv.
Capimmeloso
Anemo
Poaceae
Merostachis sp.
Bambu
Zoo
Rosaceae
Eriobotrya japonica
(Thunb.) Lindl.
Ameixa
Zoo
Árvore
Rosaceae
Rubus rosifolius Sm.
Morangosilvestre
Zoo
Erva
Terrestre
Fumão
Zoo
Árvore
Erva-de-rato
Zoo
Erva
Terrestre
Erva-de-rato
Zoo
Erva
Terrestre
Erva-de-rato
Zoo
Erva
Terrestre
Zoo
Árvore
Erva-de-rato
Zoo
Arbusto
Erva-de-rato
Zoo
Arbusto
Erva-de-rato
Zoo
Arbusto
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Bathysa cuspidata (St.
Hil.) Hook. f.
Borreria verticillata
(L.) G. Mey.
Coccocypselum
lanceolatum (Ruiz &
Pav.) Pers.
Galium hypocarpium
(L.) Endl. ex Griseb.
Ladenbergia hexandra
(Pohl) Klotzsch
Palicourea marcgravii
A. St.-Hil.
Psychotria
carthagenensis Jacq.
Psychotria
malaneoides Müll.
Arg.
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
91
Rubiaceae
Rubiaceae
Psychotria nuda
(Cham. & Schltdl.)
Wawra
Psychotria
rhytidocarpa Müll.
Arg.
Erva-de-rato
Zoo
Arbusto
Erva-de-rato
Zoo
Arbusto
Rubiaceae
Psychotria sp1
Erva-de-rato
Zoo
Arbusto
Rubiaceae
Psychotria sp2
Erva-de-rato
Zoo
Arbusto
Rubiaceae
Psychotria vellosiana
Benth.
Zoo
Árvore
Rutaceae
Citrus limonia Osbeck
Limão-cravo
Zoo
Árvore
Salicaceae
Casearia sylvestris Sw.
Guaçatonga
NR
Árvore
Siparunaceae
Siparuna guianensis
Aubl.
Limão-bravo
Zoo
Árvore
Solanaceae
Athenaea sp.
Zoo
Solanaceae
Brunfelsia sp.
Zoo
Erva
Terrestre
Arbusto
Solanaceae
Solanum cernuum Vell.
Zoo
Arbusto
Zoo
Arbusto
Lobeira
Zoo
Árvore
Juá
Zoo
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Thymelaeaceae
Typhaceae
Urticaceae
Urticaceae
Urticaceae
Verbenaceae
Verbenaceae
Verbenaceae
Solanum hexandrum
Vell.
Solanum lycocarpum
A.St.-Hil.
Solanum scuticum
M.Nee
Solanum sp.
Solanum swartzianum
Roem. & Schult.
Daphne sp.
Typha domingensis
Pers.
Cecropia glaziovii
Snethl.
Cecropia hololeuca
Miq.
Cecropia pachystachya
Trécul
Lantana camara L.
Lippia sp1
Lippia sp2
Braço-depreguiça
Jurubeba
Zoo
Erva
Terrestre
Árvore
Zoo
Árvore
NR
Árvore
Erva
Paludosa
Taboa
Anemo
Embaúba
Zoo
Árvore
Embaúbabranca
Zoo
Árvore
Embaúba
Zoo
Árvore
Cambará
Gervão
Gervão
Anemo
Anemo
Anemo
Arbusto
Arbusto
Arbusto
92
Verbenaceae
Viollaceae
Vochisiaceae
Zingiberaceae
Stachytarpheta
cayennensis (Rich.)
Gervão
Vahl
Anchietea salutaris A.
St.-Hil.
Vochysia tucanorum
Pau-tucano
Mart.
Hedychium
Lírio-docoronarium J.Koenig
brejo
Pteridófitas
Anemo
Erva
Terrestre
Anemo
Liana
Anemo
Árvore
NR
Erva
Paludosa
93
Anemiaceae
Anemia phyllitidis (L.)
Sw.
Samambaiade-Semente
Auto
Erva
Terrestre
Anemiaceae
Anemia raddiana Link
Samambaiade-Semente
Auto
Erva
Terrestre
Anemiaceae
Anemia villosa Humb.
& Bonpl. ex Willd.
Samambaiade-Semente
Auto
Erva
Terrestre
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Erva Epífita
Aspleniaceae
Aspleniaceae
Aspleniaceae
Asplenium claussenii
Hieron.
Asplenium
praemorsum Sw.
Asplenium
scandicinum Kaulf.
Erva
Terrestre
Erva
Rupícola
Aspleniaceae
Asplenium sp1
Samambaia
Auto
Erva Epífita
Aspleniaceae
Asplenium sp2
Samambaia
Auto
Erva Epífita
Blechnaceae
Blechnum binervatum
subsp. acutum (Desv.)
R.M. Tryon & Stolze
Samambaia
Auto
Erva
Terrestre
Blechnaceae
Blechnaceae
Blechnaceae
Blechnaceae
Cyatheaceae
Cyatheaceae
Blechnum brasiliense
Samambaia
Desv.
Blechnum cordatum
Samambaia
(Desv.) Hieron.
Blechnum occidentale
Samambaia
L.
Blechnum
Samambaia
polypodioides Raddi
Cyathea delgadii
Samambaiuçu
Sternb.
Cyathea phalerata
Samambaiuçu
Mart.
Auto
Auto
Auto
Auto
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Auto
Arborescente
Auto
Arborescente
Cyatheaceae
Cyatheaceae
Dennstaedtiaceae
Dryopteridaceae
Dryopteridaceae
Dryopteridaceae
Dryopteridaceae
Cyathea sp.
Sphaeropteris gardneri
Samambaiuçu
(Hook.) R.M. Tryon
Pteridium
arachnoideum (Kaulf.) Samambaião
Maxon
Arachniodes
denticulata (Sw.)
Samambaia
Ching
Ctenitis aspidioides
Samambaia
(C.Presl) Copel.
Didymochlaena
Samambaia
truncatula (Sw.) J. Sm.
Elaphoglossum sp.
Lastreopsis amplissima
(C. Presl) Tindale
Megalastrum
inaequale (Kaulf. ex
Dryopteridaceae
Link) A.R. Sm. & R.C.
Moran
Mickelia guianensis
Dryopteridaceae
(Aubl.) R.C. Moran,
Sundue & Labiak
Polystichum
Dryopteridaceae montevidense (Spreng.)
Rosenst.
Hymenophyllum
Hymenophyllaceae
asplenioides (Sw.) Sw.
Hymenophyllum
Hymenophyllaceae
polyanthos Sw.
Dryopteridaceae
Hymenophyllaceae
Hymenophyllum sp.
Polyphlebium
Hymenophyllaceae angustatum (Carmich.)
Ebihara & Dubuisson
Lycopodiaceae
Lycopodiaceae
Lycopodiaceae
Lycopodiaceae
Samambaiuçu
Huperzia reflexa
(Lam.) Trevis.
Lycopodiella cernua
(L.) Pic.Serm.
Lycopodium clavatum
L.
Lycopodium thyoides
Humb. & Bonpl. ex
Willd.
Auto
Arborescente
Auto
Arborescente
Auto
Erva
Terrestre
Auto
Erva
Terrestre
Auto
Auto
Auto
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Rupícola
Erva
Terrestre
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Erva
Terrestre
Auto
Liana
Auto
Erva
Terrestre
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Auto
Auto
Auto
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
94
Lygodiaceae
Marattiaceae
Marattiaceae
Osmundaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Pteridaceae
Lygodium volubile Sw.
Danaea nodosa (L.)
Sm.
Eupodium kaulfussii (J.
Sm.) Hook.
Osmunda regalis L.
Campyloneurum
acrocarpon Fée
Campyloneurum
nitidum (Kaulf.)
C.Presl
Campyloneurum
phyllitidis (L.) C.Presl
Cochlidium punctatum
(Raddi) L.E. Bishop
Lellingeria apiculata
(Kunze ex Klotzsch)
A.R. Sm. & R.C.
Moran
Melpomene pilosissima
(M. Martens &
Galeotti) A.R. Sm. &
R.C. Moran
Microgramma
squamulosa (Kaulf.) de
la Sota
Niphidium crassifolium
(L.) Lellinger
Pecluma
pectinatiformis
(Lindm.) M.G. Price
Phlebodium
pseudoaureum (Cav.)
Lellinger
Pleopeltis astrolepis
(Liebm.) E.Fourn.
Pleopeltis macrocarpa
(Bory ex Willd.) Kaulf.
Serpocaulon triseriale
(Sw.) A. R. Sm.
Terpsichore
achilleifolia (Kaulf.)
A.R. Sm.
Doryopteris collina
(Raddi) J. Sm.
Auto
Auto
Auto
Samambaiareal
Auto
Liana
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Samambaia
Auto
Erva Epífita
Samambaia
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva Epífita
Auto
Erva
Terrestre
Samambaia
95
Pteridaceae
Pteridaceae
Pteridaceae
Pteridaceae
Pteridaceae
Doryopteris majestosa
Yesilyurt
Eriosorus insignis
(Kuhn) A.F.Tryon
Hemionitis tomentosa
(Lam.) Raddi
Pteris brasiliensis
Raddi
Pteris decurrens
C.Presl
Auto
Auto
Auto
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Pteridaceae
Pteris sp1
Samambaia
Auto
Pteridaceae
Pteris sp2
Samambaia
Auto
Pteridaceae
Pteris sp3
Samambaia
Auto
Pteridaceae
Pteris sp4
Samambaia
Auto
Pteridaceae
Pteris splendens Kaulf.
Samambaia
Auto
Selaginellaceae
Selaginella sp1
Auto
Selaginellaceae
Selaginella sp2
Auto
Thelypteridaceae
Thelypteridaceae
Thelypteridaceae
Thelypteridaceae
Woodsiaceae
Woodsiaceae
Woodsiaceae
Macrothelypteris
torresiana (Gaudich.)
Ching
Thelypteris dentata
(Forssk.) E.P.St.John
Thelypteris longifolia
(Desv.) R.M.Tryon
Thelypteris sp.
Deparia petersenii
(Kunze) M. Kato
Diplazium leptocarpon
Fée
Diplazium sp.
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Samambaia
Auto
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Erva
Terrestre
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
96
A RPPN Alto da Boa Vista encontra-se inserida no domínio Mata Atlântica e
possui cinco fitofisionomias: Floresta Estacional Semidecidual Montana, Campo de
Altitude, Mata Nebular, Brejo e Áreas Antropizadas.
- Floresta Estacional Semidecidual (Figura 2 D-E)
Tipo de vegetação florestal com dossel superior a 4m, menor abundância de
epífitas e densidade variável de lianas e bambus, sempre associada a dupla
estacionalidade climática, uma época chuvosa e outra com estiagens acentuadas (IBGE
1991, Scolforo & Carvalho 2008).
Na área apresenta-se em diversos estágios serais. Nas áreas mais baixas ocorre
em estágio inicial a intermediário de sucessão com dossel médio de 6 a 8m com aspecto
de paliteiro e nas áreas acima de 1200m de altitude apresenta-se em estágio avançando
de sucessão ou ainda podendo-se considerar como uma floresta madura uma vez que
apresenta dossel de 10 a 12m com algumas epífitas associadas.
64: Tabela 2: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Floresta Estacional
Semidecidual da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista,
Descoberto, Minas Gerais. * espécies com prioridade para conservação.
Família
Acanthaceae
Alstroemeriaceae
Annonaceae
Annonaceae
Annonaceae
Annonaceae
Espécie
Angiospermas
Mendoncia coccinea Vell.
Alstroemeria fuscovinosa
Ravenna*
Guatteria sellowiana Schltdl.*
Guatteria sp.
Rollinia dolabripetala (Raddi)
R.E. Fr.
Xylopia brasiliensis Spreng.*
Nomepopular
Embira
Embira
Embira
Casca-debarata
Araliaceae
Aspidosperma olivaceum Müll.
Arg.*
Anthurium sp.
Hydrocotyle quinqueloba Ruiz &
Pav.
Schefflera sp.
Cheflera
Arecaceae
Attalea dubia (Mart.) Burret*
Indaiá
Apocynaceae
Araceae
Araliaceae
Peroba
Antúrio
97
Arecaceae
Geonoma schottiana Mart.*
Asteraceae
Baccharis glaziovii Baker
Asteraceae
Baccharis sp.
Asteraceae
Asteraceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Burseraceae
Cannabaceae
Cannabaceae
Chloranthaceae
Clethraceae
Clusiaceae
Convolvulaceae
Dilleniaceae
Dioscoreaceae
Elaeocarpaceae
Euphorbiaceae
Cyrtocymura scorpioides (Lam.)
H.Rob.
Eremanthus erythropappus (DC.)
MacLeish*
Aechmea nudicaulis (L.) Griseb.
Aechmea ramosa Mart. ex Schult.
f.*
Billbergia sp.
Tillandsia gardneri Lindl.
Tillandsia geminiflora Brongn.
Vriesea sp.
Protium heptaphyllum (Aubl.)
Marchand
Celtis pubescens (Kunth) Spreng.
Trema micrantha (L.)Blume
Hedyosmum brasiliense Miq.
Clethra scabra Pers.
Vismia magnoliifolia Cham. &
Schltdl.
Ipomoea sp.
Davilla rugosa Poir.
Dioscorea sp.
Sloanea monosperma Vell.*
Alchornea triplinervia (Spreng.)
Müll. Arg.
Euphorbiaceae
Croton urucurana Baill.
Fabaceae
Inga sp.
Fabaceae
Machaerium aculeatum Raddi*
Fabaceae
Machaerium scleroxylon Tul.
Piptadenia gonoacantha (Mart.)
J.F. Macbr.
Schizolobium parahyba (Vell.)
S.F. Blake
Senna multijuga (Rich.)
H.S.Irwin & Barneby
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Carqueja
Capichingui
Candeia
Bromélia
Bromélia
Bromélia
Bromélia
Bromélia
Bromélia
Almecega
Grão-de-galo
Grão-de-galo
Chá-de-bugre
Peroba
Pau-de-Lacre
Campainha
Cipó-caboclo
Ouriçeiro
Pau-jangada
Sangrad'água
Ingá
Jacarandábico-de-pato
Caviuna
Pau-jacaré
Guapuruvú
Fedegoso
98
Lauraceae
Lauraceae
Marcgraviaceae
Melastomataceae
Melastomataceae
Melastomataceae
Meliaceae
Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin
& Barneby
Nectandra sp1
Nectandra sp2
Marcgravia polyantha Delpino
Miconia discolor DC.
Miconia ferruginea (Desr.) DC.
Miconia sp.
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Meliaceae
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Monimiaceae
Myrsinaceae
Myrtaceae
Ochnaceae
Mollinedia sp2
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.
Burger, Lanj. & Wess. Boer
Rapanea ferruginea (Ruiz &
Pav.) Mez
Rapanea umbellata (Mart.) Mez
Myrcia splendens (Sw.) DC.
Ouratea parvifolia Engl.
Onagraceae
Fuchsia regia (Vell.) Munz
Fabaceae
Moraceae
Myrsinaceae
Orchidaceae
Orchidaceae
Picraminiaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Piperaceae
Fedegoso
Canela
Canela
Canjerana
Mamica-deporca
Espinheirasanta
Pororoca
Pororocão
Guamirim
Brinco-deprincesa
Oeceoclades maculata (Lindl.)
Orquídea
Lindl.
Phymatidium hysteranthum Barb.
Orquídea
Rodr.*
Picramnia ramiflora Planch.
Cedrinho
Peperomia corcovadensis
Erva-de-vidro
Gardner
Peperomia mandioccana Miq. Erva-de-vidro
Piper anisum (Spreng.)Angely
Piper cernuum Vell.
Piper gaudichaudianum Kunth
Piper malacophyllum (C. Presl)
C. DC.
Piperaceae
Piper pubisubmarginalum Yunck.
Piperaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Salicaceae
Piper umbellatum L.
Palicourea marcgravii A. St.-Hil. Erva-de-rato
Psychotria sp1
Erva-de-rato
Psychotria sp2
Erva-de-rato
Psychotria vellosiana Benth.
Casearia sylvestris Sw.
Guaçatonga
Braço-deSolanum cernuum Vell.
preguiça
Solanaceae
99
Solanaceae
Urticaceae
Solanum sp.
Solanum swartzianum Roem. &
Schult.*
Cecropia glaziovii Snethl.
Urticaceae
Cecropia hololeuca Miq.
Urticaceae
Verbenaceae
Viollaceae
Vochisiaceae
Cecropia pachystachya Trécul
Lantana camara L.
Anchietea salutaris A. St.-Hil.
Vochysia tucanorum Mart.*
Pteridófitas
Anemiaceae
Anemia phyllitidis (L.) Sw.
Samambaiade-Semente
Aspleniaceae
Asplenium claussenii Hieron.
Samambaia
Aspleniaceae
Asplenium scandicinum Kaulf.*
Blechnum cordatum (Desv.)
Hieron.
Samambaia
Cyatheaceae
Cyathea delgadii Sternb.
Samambaiuçu
Cyatheaceae
Cyathea phalerata Mart.
Samambaiuçu
Solanaceae
Blechnaceae
Ctenitis aspidioides (C.Presl)
Copel.
Didymochlaena truncatula (Sw.)
Dryopteridaceae
J. Sm.
Lastreopsis amplissima (C. Presl)
Dryopteridaceae
Tindale
Megalastrum inaequale (Kaulf.
Dryopteridaceae
ex Link) A.R. Sm. & R.C.
Moran*
Mickelia guianensis (Aubl.) R.C.
Dryopteridaceae
Moran, Sundue & Labiak
Polystichum montevidense
Dryopteridaceae
(Spreng.) Rosenst.*
Hymenophyllaceae Hymenophyllum polyanthos Sw.
Polyphlebium angustatum
Hymenophyllaceae
(Carmich.) Ebihara &
Dubuisson*
Dryopteridaceae
Lycopodiaceae
Lycopodium clavatum L.
Polypodiaceae
Campyloneurum acrocarpon Fée
Campyloneurum nitidum (Kaulf.)
C.Presl
Polypodiaceae
Jurubeba
Embaúba
Embaúbabranca
Embaúba
Cambará
Pau-tucano
Samambaia
Samambaia
Samambaia
Samambaia
Samambaia
100
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Campyloneurum phyllitidis (L.)
C.Presl
Lellingeria apiculata (Kunze ex
Klotzsch) A.R. Sm. & R.C.
Moran*
Melpomene pilosissima (M.
Martens & Galeotti) A.R. Sm. &
R.C. Moran*
Microgramma squamulosa
(Kaulf.) de la Sota
Niphidium crassifolium (L.)
Lellinger
Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.
Fourn.
Serpocaulon triseriale (Sw.) A.
R. Sm.
Pteridaceae
Doryopteris majestosa Yesilyurt
Pteridaceae
Hemionitis tomentosa (Lam.)
Raddi
Pteridaceae
Pteris splendens Kaulf.
101
Samambaia
Samambaia
- Campo de Altitude (Figura 2 F-G)
Vegetação típica dos pontos mais elevados de montanhas soerguidas no
Terciário (Serras do Mar e da Mantiqueira), estando geralmente situados acima de 1.500
m de altitude e associados a rochas ígneas ou metamórficas, como granito e gnaisse.
((Segadas-Vianna 1965, Petri & Fúlfaro 1988, Martinelli & Orleans e Bragança 1996,
Giulietti et al. 1997, Safford 1999a, Caiafa & Silva 2005, Alves et al. 2007,
Vasconcelos 2011). Porém existem áreas como Parque Estadual da Serra do Mar, no
Núcleo Curucutu, que ocorrem em cotas mais baixas, entre 750 m e 850 m de altitude
(Garcia & Pirani 2003, 2005, Vasconcelos, 2011).
Na RPPN Alto da Boa Vista esta fitofisionomia é encontrada apenas no cume da
serra acima dos 1400m de altitude, apresenta pequena extensão, porém é uma das
fitofisionomias mais conservadas da área. Ressalta-se contudo que a maior parte dessa
fitofisionomia na Serra do Relógio encontra-se fora da área da RPPN Alto da Boa Vista.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
65: Tabela 3: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes no Campo de Altitude
da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas
Gerais. * espécies com prioridade para conservação.
Família
Espécie
Nomepopular
Angiospermas
Amaryllidaceae
Hippeastrum glaucescens Mart.*
Apocynaceae
Mandevilla atroviolacea
(Stadelm.) Woodson
Asteraceae
Baccharis glaziovii Baker
Asteraceae
Baccharis sp.
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Commelinaceae
Cunoniaceae
Ericaceae
Ericaceae
Fabaceae
Gesneriaceae
Gesneriaceae
Gesneriaceae
Alcantarea imperialis (Carrière)
Harms*
Billbergia sp.
Pitcairnia curvidens L.B. Sm. &
Read*
Pitcairnia flammea Lindl.
Lírio
102
Carqueja
Bromélia
Bromélia
Bromélia
Bromélia
Tillandsia gardneri Lindl.
Bromélia
Vriesea bituminosa Wawra
Bromélia
Vriesea heterostachys (Baker)
Bromélia
L.B.Sm.*
Vriesea sp.
Bromélia
Dichorisandra thyrsiflora J.C.
Trapoeraba
Mikan
Weinmannia paulliniifolia Pohl* Gramimunha
Gaultheria eriophylla (Pers.)
Sleumer ex Burtt*
Gaylussacia sp.*
Senna macranthera (DC. ex
Fedegoso
Collad.) H.S.Irwin & Barneby
Nematanthus lanceolatus (Poir.)
Peixinho
Chautems*
Nematanthus strigillosus (Mart.)
Peixinho
H.E. Moore*
Sinningia magnifica (Otto & A.
Peixinho
Dietr.) Wiehler
Hypoxidaceae
Hypoxis decumbens L.
Falsa-tiririca
Melastomataceae
Tibouchina sp.
Quaresmeira
Onagraceae
Fuchsia regia (Vell.) Munz
Brinco-deprincesa
Orchidaceae
Epidendrum secundum Jacq.
Orquídea
Orchidaceae
Oeceoclades maculata (Lindl.)
Lindl.
Orquídea
Orchidaceae
Zygopetalum mackaii Hook.*
Orquídea
Poaceae
Andropogon bicornis L.
Capim-rabode-burro
Rubiaceae
Borreria verticillata (L.) G. Mey. Erva-de-rato
Solanaceae
Athenaea sp.
Solanaceae
Solanum scuticum M.Nee
Juá
Verbenaceae
Verbenaceae
Verbenaceae
Lantana camara L.
Lippia sp1
Lippia sp2
Stachytarpheta cayennensis
(Rich.) Vahl
Pteridófitas
Cambará
Gervão
Gervão
Verbenaceae
Gervão
Aspleniaceae
Aspleniaceae
Anemia villosa Humb. & Bonpl.
ex Willd.
Asplenium sp1
Asplenium sp2
Samambaiade-Semente
Samambaiade-Semente
Samambaia
Samambaia
Blechnaceae
Blechnum occidentale L.
Samambaia
Blechnaceae
Blechnum polypodioides Raddi
Samambaia
Dryopteridaceae
Arachniodes denticulata (Sw.)
Ching*
Samambaia
Dryopteridaceae
Elaphoglossum sp.
Lycopodiaceae
Huperzia reflexa (Lam.) Trevis.
Lycopodiaceae
Lycopodiella cernua (L.)
Pic.Serm.
Lycopodiaceae
Lycopodium clavatum L.
Lycopodiaceae
Lycopodium thyoides Humb. &
Bonpl. ex Willd.*
Anemiaceae
Anemiaceae
Anemia raddiana Link
103
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Pteridaceae
Pteridaceae
Pteridaceae
Microgramma squamulosa
(Kaulf.) de la Sota
Niphidium crassifolium (L.)
Lellinger
Phlebodium pseudoaureum (Cav.)
Samambaia
Lellinger
Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.
Fourn.
Doryopteris collina (Raddi) J.
Sm.*
Eriosorus insignis (Kuhn)
A.F.Tryon*
Pteris brasiliensis Raddi
Samambaia
- Mata Nebular (Floresta Ombrófila Densa Altomontana)
Vegetação tipicamente úmida, localizada nas partes altas das montanhas
geralmente envolta por densas nuvens, apresentando acumulações turfosas nas
depressões, composta por espécies de pequeno porte, e árvores com troncos retorcidos e
galhos finos cobertos por musgos e epífitas (IBGE 1991)
Na RPPN Alto da Boa Vista ocorre apenas em uma pequena mancha no cume da
Serra do Relógio e apresenta-se bem conservada.
66: Tabela 4: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Mata Nebular da
Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais.
* espécies com prioridade para conservação.
Família
Espécie
Araceae
Angiospermas
Alstroemeria fuscovinosa
Ravenna*
Guatteria sellowiana Schltdl.*
Guatteria sp.
Rollinia dolabripetala (Raddi)
R.E. Fr.
Anthurium scandens (Aubl.)
Engl.
Anthurium sp.
Asteraceae
Baccharis glaziovii Baker
Alstroemeriaceae
Annonaceae
Annonaceae
Annonaceae
Araceae
Nomepopular
Embira
Embira
Embira
Antúrio
Antúrio
Carqueja
104
Asteraceae
Asteraceae
Begoniaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Bromeliaceae
Cactaceae
Clusiaceae
Cunoniaceae
Elaeocarpaceae
Fabaceae
Gentianaceae
Gesneriaceae
Gesneriaceae
Cyrtocymura scorpioides (Lam.)
Capichingui
H.Rob.
Eremanthus erythropappus (DC.)
Candeia
MacLeish*
Begonia sp.
Begonia
Aechmea nudicaulis (L.) Griseb.
Bromélia
Billbergia sp.
Bromélia
Tillandsia gardneri Lindl.
Bromélia
Tillandsia geminiflora Brongn.
Bromélia
Vriesea bituminosa Wawra*
Bromélia
Vriesea heterostachys (Baker)
Bromélia
L.B.Sm.*
Vriesea sp.
Bromélia
Hatiora sp*.
Vismia magnoliifolia Cham. &
Pau-de-Lacre
Schltdl.
Weinmannia paulliniifolia Pohl Gramimunha
Sloanea monosperma Vell.
Ouriçeiro
Inga sp.
Ingá
Macrocarpaea obtusifolia
(Griseb.) Gilg*
Nematanthus lanceolatus (Poir.)
Peixinho
Chautems*
Nematanthus strigillosus (Mart.)
Peixinho
H.E. Moore*
Iridaceae
Cipura sp.
Íris
Lauraceae
Marcgraviaceae
Melastomataceae
Canela
Myrsinaceae
Myrtaceae
Ochnaceae
Nectandra sp1
Marcgravia polyantha Delpino
Miconia discolor DC.
Rapanea ferruginea (Ruiz &
Pav.) Mez
Rapanea umbellata (Mart.) Mez
Myrcia splendens (Sw.) DC.
Ouratea parvifolia Engl.
Onagraceae
Fuchsia regia (Vell.) Munz
Orchidaceae
Octomeria sp.
Phymatidium hysteranthum Barb.
Rodr.*
Myrsinaceae
Orchidaceae
Phylantaceae
Phylantus sp.
Pororoca
Pororocão
Guamirim
Brinco-deprincesa
Orquídea
Orquídea
Quebrapedra
105
Piperaceae
Peperomia corcovadensis
Gardner
Piperaceae
Peperomia mandioccana Miq.
Rubiaceae
Salicaceae
Vochisiaceae
Psychotria vellosiana Benth.
Casearia sylvestris Sw.
Vochysia tucanorum Mart.*
Pteridófitas
Guaçatonga
Pau-tucano
Anemiaceae
Anemia phyllitidis (L.) Sw.
Samambaiade-Semente
Aspleniaceae
Asplenium claussenii Hieron.
Aspleniaceae
Asplenium scandicinum Kaulf.*
Ctenitis aspidioides (C.Presl)
Dryopteridaceae
Copel.
Lastreopsis amplissima (C. Presl)
Dryopteridaceae
Tindale*
Mickelia guianensis (Aubl.) R.C.
Dryopteridaceae
Moran, Sundue & Labiak
Polystichum montevidense
Dryopteridaceae
(Spreng.) Rosenst.*
Hymenophyllaceae Hymenophyllum polyanthos Sw.
Lycopodiaceae
Lycopodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Erva-devidro
Erva-devidro
Samambaia
Samambaia
Samambaia
Samambaia
Lycopodium clavatum L.
Lycopodium thyoides Humb. &
Bonpl. ex Willd.*
Campyloneurum acrocarpon Fée
Campyloneurum phyllitidis (L.)
C.Presl
Cochlidium punctatum (Raddi)
L.E. Bishop*
Lellingeria apiculata (Kunze ex
Klotzsch) A.R. Sm. & R.C.
Moran*
Melpomene pilosissima (M.
Martens & Galeotti) A.R. Sm. &
R.C. Moran*
Microgramma squamulosa
(Kaulf.) de la Sota
Niphidium crassifolium (L.)
Lellinger
Pecluma pectinatiformis (Lindm.)
Samambaia
M.G. Price*
Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.
Fourn.
106
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Serpocaulon triseriale (Sw.) A.
R. Sm.
Terpsichore achilleifolia (Kaulf.)
A.R. Sm.
Pteridaceae
Pteris splendens Kaulf.
Samambaia
Samambaia
- Brejo (Figura 2 H-I)
Trata-se de comunidades vegetais alagáveis predominantemente herbáceas
associadas aos cursos d'água, inundados periodicamente durante o período de chuvas e
que permanecem úmidos durante a estação seca. Ocupam terrenos de topografia plana
de solos aluviais, dispostos ao longo de cursos d'água, pode ocorrer o acúmulo
permanente de água onde desenvolve-se uma comunidade de plantas e animais
adaptados a esse ambiente (IBGE 1991, Scolforo & Carvalho 2008).
Na área da RPPN Alto da Boa Vista encontra-se brejo pequenos geralmente
associados a pequenos cursos d’água e geralmente sem monodominância de uma
espécie, estes ocorrem desde 1000 a 1200m de altitude e encontram-se bem
conservados. Existe também um grande Brejo localiza-do próximo ao abrigo de
montanha, este apresenta uma monodominância de Typha dominguensis, porém nas
bordas outras espécies aparecem associadas, este local encontra-se antropizado, porém
sem grandes descaracterizações de sua conformação dita como original.
67: Tabela 5: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes nos Brejos da Reserva
Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais.
* espécies com prioridade para conservação.
Família
Espécie
Nomepopular
Angiospermas
Acanthaceae
Aphelandra squarrosa Nees*
Acanthaceae
Thunbergia alata Bojer ex Sims Cu-de-crioulo
Alstroemeria fuscovinosa
Alstroemeriaceae
Ravenna*
Hydrocotyle quinqueloba Ruiz &
Araliaceae
Pav.
Asteraceae
Baccharis glaziovii Baker
Carqueja
107
Asteraceae
Baccharis sp.
Asteraceae
Mikania sp.
Cybistax antisyphilitica (Mart.)
Mart.*
Bignoniaceae
Guaco
Ipê-Verde
Burmaniaceae
Gymnosiphon sp.*
Campanulaceae
Centropogon cornutus (L.)Druce
Campanulaceae
Lobelia sp.
Chloranthaceae
Clusiaceae
Clusiaceae
Hedyosmum brasiliense Miq.
Clusia sp1
Clusia sp2
Vismia magnoliifolia Cham. &
Schltdl.
Chá-de-bugre
Commelinaceae
Commelina erecta L.
Trapoeraba
Commelinaceae
Dichorisandra thyrsiflora J.C.
Mikan
Trapoeraba
Costaceae
Costus spiralis (Jacq.) Roscoe
Euphorbiaceae
Croton urucurana Baill.*
Fabaceae
Inga sessilis (Vell.) Mart.*
Gentianaceae
Voyria aphylla (Jacq.)Pers.*
Gesneriaceae
Besleria meridionalis C.V.
Morton*
Clusiaceae
Heliconiaceae
Meliaceae
Myrsinaceae
Myrsinaceae
Orchidaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Siparunaceae
Solanaceae
108
Pau-de-Lacre
Cana-demacaco
Sangrad'água
Ingá
Falsa-ave-doparaíso
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Canjerana
Rapanea ferruginea (Ruiz &
Pororoca
Pav.) Mez
Rapanea umbellata (Mart.) Mez
Pororocão
Oeceoclades maculata (Lindl.)
Orquídea
Lindl.
Heliconia sp.*
Borreria verticillata (L.) G. Mey.
Coccocypselum lanceolatum
(Ruiz & Pav.) Pers.
Siparuna guianensis Aubl.
Solanum hexandrum Vell.
Erva-de-rato
Erva-de-rato
Limão-bravo
Solanaceae
Solanum swartzianum Roem. &
Schult.
Jurubeba
Typhaceae
Typha domingensis Pers.
Taboa
Verbenaceae
Lantana camara L.
Stachytarpheta cayennensis
(Rich.) Vahl
Cambará
Verbenaceae
Zingiberaceae
Hedychium coronarium J.Koenig
Gervão
Lírio-dobrejo
Pteridófitas
Blechnaceae
Blechnum binervatum subsp.
acutum (Desv.) R.M. Tryon &
Stolze*
Samambaia
Blechnaceae
Blechnum brasiliense Desv.
Samambaia
Blechnaceae
Blechnum cordatum (Desv.)
Hieron.
Samambaia
Cyatheaceae
Cyathea delgadii Sternb.
Samambaiuçu
Cyatheaceae
Cyathea phalerata Mart.
Samambaiuçu
Dryopteridaceae
Didymochlaena truncatula (Sw.)
J. Sm.
Samambaia
Marattiaceae
Danaea nodosa (L.) Sm.
Osmundaceae
Osmunda regalis L.
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Samambaiareal
Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.
Fourn.
Pleopeltis macrocarpa (Bory ex
Willd.) Kaulf.
- Área antropizada (Figura 2 K-L)
São áreas com grande intervenção humana que foram abandonadas, tendo sua
vegetação original totalmente descaracterizada não podendo ser definida.
Na área da RPPN Alto da Boa Vista estas se encontram nas áreas mais baixas
onde houve uso para fins agropecuários no passado, hoje estas áreas encontram-se em
regeneração natural.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
109
68: Tabela 6: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Área Antropizada
da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas
Gerais. * espécies com prioridade para conservação.
Nomepopular
Família
Espécie
Acanthaceae
Angiospermas
Thunbergia alata Bojer ex Sims
Cu-de-crioulo
Agavaceae
Furcraea foetida (L.) Haw.
Piteira
Apocynaceae
Asclepias curassavica L.
Oficial-desala
Araliaceae
Hydrocotyle quinqueloba Ruiz &
Pav.
Arecaceae
Attalea dubia (Mart.) Burret*
Indaiá
Asteraceae
Baccharis glaziovii Baker
Carqueja
Asteraceae
Baccharis sp.
Asteraceae
Asteraceae
Bromeliaceae
Clethraceae
Clusiaceae
Convolvulaceae
Costaceae
Dilleniaceae
Dioscoreaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Hypoxidaceae
Mikania sp.
Guaco
Vernonanthura phosphorica
Assa-peixe
(Vell.) H.Rob.
Aechmea ramosa Mart. ex Schult.
Bromélia
f.
Clethra scabra Pers.*
Peroba
Vismia magnoliifolia Cham. &
Pau-de-Lacre
Schltdl.*
Ipomoea sp.
Campainha
Cana-deCostus spiralis (Jacq.) Roscoe
macaco
Davilla rugosa Poir.
Cipó-caboclo
Dioscorea sp.
Ricinus communis L.
Mamona
Piptadenia gonoacantha (Mart.)
Pau-jacaré
J.F. Macbr.
Schizolobium parahyba (Vell.)
Guapuruvú
S.F. Blake*
Senna macranthera (DC. ex
Fedegoso
Collad.) H.S.Irwin & Barneby
Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin
Fedegoso
& Barneby
Hypoxis decumbens L.
Falsa-tiririca
110
Iridaceae
Cipura sp.
Íris
Iridaceae
Neomarica candida (Hassl.)
Sprague
Íris
Malvaceae
Pavonia communis A. St.-Hil.
Vassoura
Malvaceae
Triumfetta sp.
Vassoura
Melastomataceae
Menispermaceae
Tibouchina cardinalis Cogn.*
Abuta sp.
Quaresmeira
Musaceae
Musa paradisiaca L.
Bananeira
Myrtaceae
Rapanea ferruginea (Ruiz &
Pav.) Mez
Rapanea umbellata (Mart.) Mez
Eucalyptus sp.
Myrciaria cauliflora (Mart.) O.
Berg
Psidium guajava L.
Onagraceae
Fuchsia regia (Vell.) Munz
Myrsinaceae
Myrsinaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
111
Pororoca
Pororocão
Eucalipto
Jabuticaba
Goiaba
Brinco-deprincesa
Passifloraceae
Piperaceae
Oeceoclades maculata (Lindl.)
Lindl.
Passiflora speciosa Gardner*
Piper cernuum Vell.
Poaceae
Andropogon bicornis L.
Poaceae
Eragrostis pilosa (L.) P.Beauv.
Rosaceae
Eriobotrya japonica (Thunb.)
Lindl.
Ameixa
Rosaceae
Rubus rosifolius Sm.
Morangosilvestre
Rubiaceae
Borreria verticillata (L.) G. Mey.
Erva-de-rato
Orchidaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rutaceae
Salicaceae
Siparunaceae
Coccocypselum lanceolatum
(Ruiz & Pav.) Pers.
Galium hypocarpium (L.) Endl.
ex Griseb.
Ladenbergia hexandra (Pohl)
Klotzsch*
Citrus limonia Osbeck
Casearia sylvestris Sw.
Siparuna guianensis Aubl.
Orquídea
Maracujá
Capim-rabode-burro
Capimmeloso
Erva-de-rato
Erva-de-rato
Limão-cravo
Guaçatonga
Limão-bravo
Solanaceae
Athenaea sp.
Solanaceae
Solanum cernuum Vell.
Solanaceae
Solanum lycocarpum A.St.-Hil.
Braço-depreguiça
Lobeira
Solanaceae
Solanum scuticum M.Nee
Juá
Urticaceae
Solanum swartzianum Roem. &
Schult.
Cecropia glaziovii Snethl.*
Urticaceae
Cecropia hololeuca Miq.*
Verbenaceae
Verbenaceae
Lantana camara L.
Stachytarpheta cayennensis
(Rich.) Vahl
Pteridófitas
Blechnaceae
Blechnum occidentale L.
Samambaia
Blechnaceae
Blechnum polypodioides Raddi
Samambaia
Cyatheaceae
Cyathea sp.
Samambaiuçu
Solanaceae
Dennstaedtiaceae
Lycopodiaceae
Lycopodiaceae
Polypodiaceae
Polypodiaceae
Pteridaceae
Thelypteridaceae
Thelypteridaceae
Thelypteridaceae
Thelypteridaceae
Jurubeba
Embaúba
Embaúbabranca
Cambará
Gervão
Pteridium arachnoideum (Kaulf.)
Samambaião
Maxon
Huperzia reflexa (Lam.) Trevis.*
Lycopodiella cernua (L.)
Pic.Serm.
Microgramma squamulosa
(Kaulf.) de la Sota
Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.
Fourn.
Pteris brasiliensis Raddi
Macrothelypteris torresiana
(Gaudich.) Ching
Thelypteris dentata (Forssk.)
E.P.St.John
Thelypteris longifolia (Desv.)
R.M.Tryon
Thelypteris sp.
Samambaia
Samambaia
Samambaia
Samambaia
Samambaia
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
112
Quando analisamos o dendrograma do índice de similaridade de Sørensen
(Figura 1) das fitofisionomias da RPPN Alto da Boa Vista observamos a formação de
dois grandes grupos um formado exclusivamente pelas matas onde observamos uma
forte relação entre a Mata a 1000m e a Mata a 1200m, com índice de 0,697 (Tabela 2), o
grupo formado por estas duas é fortemente relacionado com a Mata Nebular, porém
quando observamos a Tabela 2 percebemos que a Formação Florestal a 1200 é mais
relacionada a Mata Nebular que Aquela situada a 1000, fato esse explicado pela
proximidade das duas primeiras e pelo fato da terceira ter um maior grau de
antropização. O outro grande grupo é formado pelas demais fitofisionomias, porém
observamos valores baixos de similaridade entre elas (Figura 1 e Tabela 2) fato esse
explicado pelas características exclusivas de cada uma das áreas.
69: Tabela 7: Índice de Similaridade de Sørensen das fitofisionomias da Reserva
Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais
(Coeficiente de Correlação 0,88). Legenda: M1000 = Floresta Estacional Semidecidual
abaixo de 1000m de altitude, M1200 = Floresta Estacional Semidecidual acima de
1200m , MN = Mata Nebular, CA = Campo de Altitude, AA = Área Antropizada, BR =
Brejo.
BR
CA
AA
M1000
M1200
BR
1,000
CA
0,162
1,000
AA
0,291
0,306
1,000
M1000
0,330
0,173
0,345
1,000
M1200
0,213
0,173
0,266
0,697
1,000
MN
0,109
0,256
0,133
0,397
0,633
MN
1,000
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
113
IV-PROPOSTAS DE MANEJO
Para manejo da área e melhor conservação das plantas e fitofisionomias da área
aconselha-se:
1) Evitar abertura de novas trilhas, manutenção periódica e demarcação clara nas
trilhas exstentes, para que essas estejam sempre bem demarcadas, evitando que
visitantes saiam destas abrindo novos caminhos nas áreas.
2) Nas áreas em que as trilhas ultrapassam córregos ou pequenos cursos d’água, se
não existir possibilidade de desvio destes, criação de pontes ou passarelas,
preferencialmente com madeira tratada e que esta possibilite a passagem da luz
para que pequenas plantas não morram nessas localidades, uma vez que algumas
espécies aparecem apenas nesses ambientes. Ressalta-se que o ideal é que esses
ambientes sejam o mínimo possível alterados.
3) Criação de aceiros nas áreas de tensão ecológica, por exemplo pastos e
plantações que não fazem parte da área a ser conservada com as áreas à
conservar.
4) Como as áreas antropizadas da área já encontram-se em processo natural de
sucessão não é necessário ações específicas para estas áreas, porém se necessário
pode ser feito manejo de cipós e espécies invasoras agressivas como Pteridium
arachneoideum e Urochloa decumbens, ressalta-se que estas espécies já
encontram-se na área e fazem parte de processos naturais.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
114
V-ANEXOS DE FIGURAS
Similarity
1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
M1000
90
M1200
100
MN
100
CA
55
AA
28
BR
70: Figura do Dendrograma do Índice de Similaridade de Sørensen das fitofisionomias
da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas
Gerais (Coeficiente de Correlação 0,88). Legenda: M1000 = Floresta Estacional
Semidecidual abaixo de 1000m de altitude, M1200 = Floresta Estacional Semidecidual
acima de 1200m , MN = Mata Nebular, CA = Campo de Altitude, AA = Área
Antropizada, BR = Brejo.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
115
116
71: Figuras da Caracterização da Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual acima
de 1200m e abaixo de 1000m, brejo e áreas antropizadas
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
117
72: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
118
73: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
119
74: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
120
75: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
5. FAUNA
121
Grupo de Morcegos
5.1 HERPETOFAUNA
1. APRESENTAÇÃO
A região pertence ao "Domínio Tropical Atlântico de Mares de Morros" e,
morfoestruturalmente faz parte de dois grandes domínios: o "Domínio dos
Planaltos Cristalinos Rebaixados", correspondente à região mais baixa, situada
entre a serra da Mantiqueira e o Vale do Rio Paraíba do Sul; e o "Domínio das
Escarpas e Maciços" modelados em rochas do Complexo Cristalino, fazendo
parte da Serra da Mantiqueira (CBA, 2008).
Interligada com a Reserva Biológica da Represa do Grama por um
corredor natural e com características semelhantes de potencialidade hídricas,
encontra-se a Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto de Boa Vista,
constituída por iniciativa de seu proprietário e reconhecida pelo IBAMA
(ICMBio) e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF / MG, a
qual tem como principal finalidade, proteger e restaurar a fauna e a flora.
76: Figura – Hidrografia regional com localização da região de Descoberto, onde está inserida
a RPPN Alto da Boa Vista (Fonte: CBA, 2008).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
122
2. INTRODUÇÃO
A área objeto desse estudo se encontra no domínio biogeográfico da
Mata Atlântica, e é definido com base nos domínios morfoclimáticos de
Ab’Saber (1977), que compreende a cobertura florestal que se estende sobre a
cadeia montanhosa litorânea ao longo do Oceano Atlântico, nas regiões
nordeste, sudeste e sul do Brasil, incluindo também o leste do Paraguai e
Missiones, na Argentina. A Mata Atlântica é um dos maiores repositórios de
biodiversidade do planeta e é considerado um dos biomas mais importantes e
ameaçados do mundo. Neste “hotspot” é que o ritmo das mudanças está entre
os mais rápidos e, provavelmente, é o ecossistema mais devastado e mais
seriamente ameaçado do planeta. Embora a área de abrangência da Mata
Atlântica seja estimada em algo entre 1 a 1,5 milhão de km 2, restam apenas
aproximadamente
7%
de
sua
floresta
original
(98.000
km2)
e,
conseqüentemente, a necessidade de ação para conservação é mais urgente,
pois os últimos fragmentos de floresta ainda encontram-se sob intensa pressão
antrópica e risco iminente de extinção (MORELLATO & HADDAD, 2000; ANTONINI &
DRUMMOND, 2006). Em Minas Gerais, mais especificamente na Zona da Mata,
restavam apenas entre 5 e 6% de floresta nativa em 1983, sendo a maioria dos
fragmentos compostos por vegetação secundária (FONSECA, 1985).
É na Mata Atlântica que se encontra o maior número de anfíbios dentre
todos os biomas brasileiros, onde são conhecidas mais de 380 espécies, com
cerca de 20 gêneros endêmicos (DUELLMAN, 1999) e muitas espécies ainda são
descritas a cada ano neste bioma. A região Neotropical destaca-se por abrigar
a maior riqueza de anfíbios em todo o mundo, onde são conhecidas mais de
1.700 espécies, distribuídas em 140 gêneros de 16 famílias, sendo que na
Mata Atlântica há relatos de uma alta incidência de endemismos de espécies
(FEIO & FERREIRA, 2005).
Na Zona da Mata mineira ainda são bastante escassos trabalhos que
caracterizem a fauna de anfíbios, podendo citar apenas trabalhos pontuais
realizados na região de Viçosa e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro,
em Araponga (ASSAD & FEIO, 1994; SANTOS & FEIO, 2002, FEIO & FERREIRA,
2005).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
123
Em Minas se encontram 180 espécies de répteis entre serpentes,
lagartos e jacarés, com destaque para as 120 de serpentes - quase metade
das catalogadas no país; 200 espécies de anfíbios - 1/3 das que ocorrem no
país - sendo vários os gêneros endêmicos de anuros (sapos, rãs e pererecas)
da Floresta Atlântica e das serras do Cipó e da Canastra. Em decorrência de
seu alto grau de devastação, muitas das espécies tipicamente florestais da
Zona da Mata estão hoje restritas às poucas unidades de conservação ou
fragmentos remanescentes (MACHADO et al., 1998). Das 20 espécies de répteis
ameaçadas no Brasil, 13 ocorrem na Floresta Atlântica, com cinco lagartos
endêmicos desse bioma (MARTINS & MOLINA, 2008).
Desta forma, o conhecimento da herpetofauna é essencial para o
estabelecimento de planos de manejo e conservação das espécies existentes,
bem como para uma melhor compreensão da biogeografia e ecologia do grupo
na Mata Atlântica. A necessidade de estudos sistemáticos na área é urgente,
uma vez que espécies e até populações inteiras podem estar desaparecendo
sem terem sido descritas pela Ciência.
A região que engloba município de Descoberto é descrita como sendo
de “Importância Biológica Especial” para conservação da Herpetofauna no
estado de Minas Gerais pela Fundação Biodiversitas (2010). É uma área que
engloba vários municípios, tendo a Mata Atlântica como cobertura vegetal, um
dos 25 “hotspots” do mundo, caracterizada por um alto número de espécies
endêmicas e alta pressão antrópica tendo, portanto, um elevado índice de
destruição e modificação de hábitat (MYERS, 2000).
Essa região foi classificada como especial (Figura 77), pelo fato de
possuir espécies com distribuição restritas aos seus limites, riqueza de
espécies endêmicas, raras ou ameaçadas no Estado, alto grau de ameaça
antrópica tendo, entretanto, a possibilidade de conexão com outros fragmentos.
Há indícios também de presença de espécies ameaçadas e espécies novas na
região (BIODIVERSITAS, 2010). O desmatamento e as atividades agropastoris
são a principal ameaça a região, assim como as atividades mineradoras. Por
isso, a importância de inventários e estudos de avaliação da situação das
espécies ameaçadas e de distribuição restrita, além da recuperação de áreas
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
124
degradadas. A importância da RPPN Alto da Boa Vista na conservação da
herpetofauna local é reconhecida pela Fundação Biodiversitas (BIODIVERSITAS,
2010).
125
77: Figura da Localização das áreas prioritárias para a conservação da herpetofauna de Minas
Gerais. A seta indica a localização da região que inclui o município de Descoberto. Fonte:
Drummont et al. (2005).
Com a rápida deterioração do meio ambiente (perda de área florestal, o
aumento da população humana e exploração comercial e de subsistência dos
recursos naturais), é necessário avaliar os instrumentos que permitam uma
implementação rápida e confiável de conservação destas áreas. Diante da
escassez de recursos financeiros para a realização de um estudo minucioso e
a urgência em se tentar conservar o que resta e o que não se conhece, as
Avaliações Ecológicas Rápidas (AERs) tem sido utilizadas como ferramentas
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
importantes para se avaliar a diversidade biológica, os recursos naturais e os
valores culturais das áreas potenciais para a conservação ambiental. Essas
avaliações permitem rapidez, nível de detalhamento tranqüilizador e um sólido
embasamento científico. O produto de uma AER poderá ser utilizado por todos
os interessados para tomar decisões ou fazer recomendações altamente
confiáveis (SAYRE et al., 2003).
O conhecimento das espécies de répteis e anfíbios de uma unidade de
conservação de uso sustentável se faz imprescindível para delimitar as ações
de zoneamento, exploração florestal e uso público. Somente através do
conhecimento acerca da ecologia, diversidade e abundância relativa das
espécies é que poderão ser definidas estratégias de manejo capazes de
compatibilizar a conservação das espécies e dos ecossistemas nos quais se
inserem com o uso sustentável da unidade.
3. OBJETIVO GERAL
Mediante o exposto, este trabalho teve como objetivo elaborar um
diagnóstico biótico, para subsidiar a confecção de um Plano de Manejo da
RPPN Alto da Boa Vista, mais especificamente fazer o diagnóstico da
herpetofauna, determinando o status da comunidade e subsidiar informações
acerca da influência que as atividades realizadas na área possam gerar na
biota local.
4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I.
Fazer o levantamento da herpetofauna da área para avaliá-la
qualitativamente e verificar o potencial da área em abrigar
espécies;
II.
Identificar a presença e o caráter de vulnerabilidade de espécies
ameaçadas na área;
III.
Identificar as principais causas de perturbação e degradação da
área;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
126
IV.
Comparar com a herpetofauna existente na região e verificar o
grau de antropização existente na área;
V.
Verificar o potencial da área como hábitat das espécies e qual
provável impacto que as atividades existentes na área possam
gerar nas espécies.
5. MATERIAL E MÉTODOS
127
5.1.
Área de estudo
A RPPN Alto da Boa Vista (21º 28’ 29” S, 43º 07’ 30” W; altitude
variando de 816 a 1406 m) está encravada no extremo leste e encosta sul da
Serra do Relógio, no município de Descoberto-MG. A área de estudo
compreende a totalidade da propriedade, incluindo tanto as áreas da RPPN
Alto da Boa Vista, quanto as áreas usadas para exploração e outros fins, como
as benfeitorias que existem no interior do imóvel rural. A área da RPPN ocupou
inicialmente 75% da área total da propriedade e posteriormente foi ampliada
para 85% e hoje chega a 90% da área total da propriedade. A vegetação da
região é caracterizada como Floresta Sazonal Semidecídua submontana e o
clima é Cwb de Köeppen (Clima Tropical de Altitude) com duas estações
definidas, uma mais quente e úmida (outubro a abril) e outra que é mais amena
e seca (maio a setembro). A média de precipitação anual é de cerca de 1550
mm, com uma média de temperatura oscilando em torno de 22,3 ºC (IBGE,
1993).
5.2.
Métodos de amostragem
O diagnóstico ambiental para se fazer o inventário de espécies na área
da RPPN Alto da Boa Vista foi desenvolvido com base na metodologia da
Avaliação Ecológica Rápida (AER), conforme detalhado no Manual para
Avaliação Ecológica Rápida da The Nature Conservancy (SAYRE et al., 2003),
visando avaliar, de forma rápida e ampla, a biodiversidade presente e o estado
dos hábitats para sua sobrevivência. A AER resulta em informações
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
atualizadas acerca de hábitats em perigo e localização de espécies raras ou
ameaçadas, espécies com ameaças reais ou potenciais.
O trabalho de campo foi realizado entre os dias 31 de outubro e 02 de
novembro de 2009, 8 e 13 de janeiro de 2010, e entre 8 e 11 de abril de 2010,
sempre no período das 09:00 às 24:00 horas. A área estudada foi sempre
percorrida por pelo menos duas pessoas. O registro dos animais foi feito
através da metodologia usual para o grupo (HEYER et al. 1994; VANZOLINI,
1967), consistindo de procura visual e auditiva nas áreas que pertencem a
área de conservação e áreas adjacentes. Quando encontrados, os espécimes
eram identificados no táxon possível, fotografados, e deixados no mesmo lugar
onde se encontravam antes. Como meio de complementar os registros, dados
secundários foram também incluídos, como por exemplo, fotos tiradas por
terceiros. Desta forma, totalizou-se 195 horas/homem de trabalho de campo.
6. RESULTADOS
Reunindo os dados da AER e dados secundários foi elaborada uma lista
com 17 espécies de anfíbios e 14 espécies de répteis (Tabelas 78 e 79). Estas
listas provavelmente estão subestimadas pelo fato do curto tempo de trabalho
de campo despendido. Com certeza com um maior tempo de estudos, mais
espécies serão encontradas na área. E devido ao fato de algumas espécies de
anuros concentrarem sua reprodução em eventos explosivos e pontuais,
muitas espécies provavelmente não foram avistadas. Além disso, os
representantes da herpetofauna, principalmente serpentes, anfisbênias e
quelônios são difíceis de amostrar em curto prazo devido aos seus hábitos de
vida crípticos. Assim, os registros para estes grupos são apenas ocasionais.
Para se obter a riqueza de espécies para esses grupos é necessário um estudo
de longo prazo que contemple o maior número de metodologias e ambientes
disponíveis.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
128
78: Tabela - Lista das espécies de anfíbios registradas para a área da RPPN Alto da Boa Vista
e seu entorno. As fontes de informação são primárias (P) ou secundárias (S).
Categoria
IUCN (2010)
Maiores ameaças
Fonte de
informação
Preocupação
mínima
Preocupação
mínima
Destruição
de
hábitat
por
agropecuária e ocupação humana
Destruição
de
hábitat
por
agropecuária e ocupação humana
Bufonidae Gray, 1825
Rhinella pombali (Baldissera-Jr,
Caramaschi & Haddad, 2004)
Cycloramphidae Bonaparte, 1850
Preocupação
mínima
Desmatamento, fragmentação
hábitats, destruição de hábitats
Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1825)
Preocupação
mínima
Thoropa miliaris (Spix, 1824)
Preocupação
mínima
Amphibia
Anura
Brachycephalidae Günther, 1858
Ischnocnema juipoca (Sazima & Cardoso,
1978)
Ischnocnema parva (Girard, 1853)
de
Perda
de
hábitat,
agricultura,
pastagens, expansão humana, turismo
e comércio internacional de animais
Perda de hábitat, desmatamento,
construções de barragens, expansão
urbana e turismo
P
P
P
129
P
P
Craugastoridae Hedges, Duellman, and
Heinicke, 2008
Preocupação
mínima
Perda de hábitat para a agricultura,
silvicultura, fogo e expansão urbana
P
Preocupação
mínima
Preocupação
mínima
Preocupação
mínima
Preocupação
mínima
Preocupação
mínima
Destruição
de
hábitat
por
agropecuária e ocupação humana
P
Destruição de hábitat
P
Destruição de hábitat
P
Destruição de hábitat
P
Perda de hábitat
P
Scinax cf. eurydice (Bokermann, 1968)
Perda de hábitat
P
Scinax gr. catharinae (Boulenger, 1888)
Perda de hábitat
P
Destruição
de
hábitat
por
agropecuária e ocupação humana.
Poluição aquática
P
Destruição de hábitat
P
Destruição
de
hábitat
por
agropecuária e ocupação humana
P
Destruição de hábitats, caça para
consumo
P
Haddadus binotatus (Spix, 1824)
Hylidae Rafinesque, 1815
Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871)
Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied,
1824)
Dendropsophus minutus (Peters, 1872)
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821)
Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870"1869")
Hylodidae Günther, 1858
Hylodes gr. lateristrigatus (Baumann, 1912)
Preocupação
mínima
Leiuperidae Bonaparte, 1850
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826
Physalaemus aff. olfersii (Lichtenstein &
Martens, 1856)
Leptodactylidae Werner, 1896
Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758)
Preocupação
mínima
Preocupação
mínima
Preocupação
mínima
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
79 Tabela - Lista das espécies de répteis registradas para a área da RPPN Alto da Boa Vista e
seu entorno. As fontes de dados são primárias (P) ou secundárias (S).
Categoria
IUCN (2010)
Fonte de
informação
Maiores ameaças
Reptilia
Squamata
Amphisbaenia
Amphisbaenidae
Amphisbaena microcephala (Wagler, 1824)
Não listada
Destruição de hábitat
P
Lacertília
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès,
1818)
Não listada
S
Leiosauridae
Enyalius bilineatus Duméril & Bibron, 1837
Não listada
Destruição de hábitat
P
Enyalius brasiliensis (Lesson, 1828)
Não listada
Destruição de hábitat
P
Não listada
Destruição de hábitat. Caça para
consumo
S
Não listada
Destruição de hábitat
P
Não listada
Destruição de hábitat
P
Erythrolamprus aesculapii (Linnaeus, 1766)
Não listada
Destruição de hábitat
P
Oxyrhopus petola (Linnaeus, 1758)
Não listada
Destruição de hábitat
S
Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911)
Não listada
Destruição de hábitat
P
Thamnodynastes cf. nattereri (Mikan, 1828)
Não listada
Destruição de hábitat
P
Bothropoides jararaca (Wied, 1824)
Não listada
Destruição de hábitat
P
Bothrops jararacussu Lacerda, 1884
Não listada
Destruição de hábitat
S
Vulnerável
Destruição
aquática.
Teiidae
Tupinambis merianae (Duméril & Bibron,
1839)
Tropiduridae
Tropidurus torquatus (Wied, 1820)
Ophidia
Colubridae
Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758)
Dipsadidae
Viperidae
Testudines
Chelidae
Hydromedusa maximiliani (Mikan, 1820)
de
habitat.
Poluição
P
Segundo Haddad & Abe (1999), para os anfíbios anuros de ambientes
de Mata Atlântica, todas as montanhas com 800m de altitude ou mais devem
ser investigadas. Os ambientes montanhosos e acidentados propiciam
barreiras à dispersão de diversos grupos filogenéticos de anuros, ocasionando
especiação em topos de montanhas. Por isso, esta área se torna uma reserva
de biodiversidade da herpetofauna que demanda mais estudos, principalmente
para esclarecer melhor a taxonomia das espécies que existem na área. E pelo
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
130
fato de não existir estudos que abordem a anurofauna na região, a
probabilidade de existir novas espécies na região é alta.
Durante esta AER foram registradas espécies de anfíbios de hábitat
especialistas e outras mais generalistas. Os anfíbios do gênero Hylodes são
especializados em ocupar riachos, e por isso a importância desses ambientes
na reprodução e sobrevivência das espécies deste gênero.
Algumas espécies de mata, que ocorrem em clareiras naturais, se
adaptaram às novas condições dos ambientes abertos. Este é o caso, por
exemplo, de Hypsiboas faber e Ischnocnema juipoca. Essas espécies, apesar
de serem consideradas florestais, são tipicamente encontradas em clareiras e,
portanto pouco freqüentes no interior da mata (HADDAD, 1998). Já Physalaemus
cuvieri é uma espécie originária de áreas abertas, que não costuma ocupar
ambientes florestais (HADDAD, 1998), assim como Tropidurus torquatus, que
abriga áreas abertas e benfeitorias da área.
Uma boa parte das serpentes é constituída por predadores, muitas
vezes de topo de cadeia trófica. Outros répteis como as anfisbênas, a maioria
dos lagartos e algumas serpentes são consumidores secundários, alimentandose principalmente de anfíbios e peixes (como Thamnodynastes cf. nattereri,
registradas na área) e vários outros lagartos consomem frutos, atuando como
dispersores de sementes (Tupinambis merianae e Tropidurus torquatus). Por
ocorrerem muitas vezes em densidades relativamente altas, esses animais
possuem papel de grande importância no funcionamento dos ecossistemas
brasileiros (MACHADO et al., 2008).
Várias
espécies
de
répteis
possuem
também
importância
socioeconômica, especialmente algumas serpentes venenosas, cujos venenos
dão origem a medicamentos utilizados amplamente no Brasil e em quase todo
o mundo. Por exemplo, as serpentes do gênero Bothrops e Bothropoides,
registradas para a área. As serpentes O. petola e a E. aesculapii encontradas
na área, tem como componentes de sua dieta outras espécies de serpentes e
atuam como controladoras populacionais de outras espécies, principalmente as
peçonhentas (B. jararaca e B. jararacussu), que são mais abundantes na área.
Por isso a importância em se investir na educação ambiental, para informar aos
moradores e visitantes da região e seu entorno sobre a importância da
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
131
dinâmica ecológica desse grupo tão complexo que compreende os anfíbios e
os répteis.
Abaixo é apresentada uma descrição sucinta sobre a distribuição e
hábitos das espécies de anfíbios e répteis registradas para a área de estudo:
ANFÍBIOS:
 Ischnocnema juipoca (rãnzinha-de-folhiço): é uma espécie
de pequeno porte (cerca de 3 cm). Pode ser encontrado em
atividade durante dias nublados e à noite. Apesar de ser
considerada uma espécie florestal, ocupa ambientes de borda de
mata e capoeira. A reprodução é terrestre, os ovos são depositados
no chão entre moitas e arbustos e o desenvolvimento é direto.
Possui ampla distribuição, incluindo os estados de São Paulo, Minas
Gerais e Goiás (SAZIMA & CARDOSO, 1978; BASTOS & POMBAL, 2001)
 Ischnocnema parva (rãnzinha-de-folhiço): é uma espécie
de tamanho pequeno (cerca de 2 cm), com reprodução associada à
serapilheira, onde deposita seus ovos. O desenvolvimento é direto,
característica comum ao gênero. Apresenta ampla distribuição na
Mata Atlântica do sudeste do Brasil, ocorrendo nos estados do
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
 Rhinella pombali (sapo-cururu): espécie encontrada na
floresta atlântica e áreas de transição com o cerrado. Vive em áreas
de 700-1500 metros de altitude, sobre folhas dentro de matas ou
áreas abertas. Encontrado com facilidade em áreas antropizadas.
 Proceratophrys boiei (sapo-chifrudo): Espécie amplamente
distribuída, ocorrendo desde o estado de Pernambuco até Santa
Catarina, com algumas populações isoladas no estado do Ceará.
Facilmente encontrada na serapilheira e em poças no interior da
mata durante a estação reprodutiva. Sua reprodução é associada a
remansos de riachos ou poças de água renovável localizadas no
interior ou na borda de florestas (HEYER et al., 1990; IZECKSOHN &
CARVALHO-E-SILVA, 2001). Os ovos são depositados na água e os
girinos desenvolvem-se no fundo (IZECKSOHN & CARVALHO-E-SILVA,
132
2001). É encontrada em florestas primárias e secundarias às vezes
em áreas de borda. Pode ser sensível ao desmatamento por ser
encontrada quase sempre dentro das áreas de floresta.
 Thoropa
miliaris
(rã-das-pedras):
Ocorre
em
locais
rochosos em áreas de mata e depende de riachos ou quedas d’água
para sobreviver. Geralmente encontrada em rochas com filetes de
água formados pelas chuvas ou pelo extravasamento de água de
riacho. É neste micro-ambiente que realiza suas desovas e onde
vive seus girinos. Ocorre em regiões serranas, desde o estado do
Paraná até o estado da Bahia. A conservação desta espécie
consiste justamente em preservar estes corpos d’água.
 Haddadus binotatus (rã-de-folhiço): É uma espécie comum,
que se distribui amplamente pela Mata Atlântica desde o sul do
estado da Bahia até o Rio Grande do Sul. Apresenta hábito diurno,
crepuscular e noturno e habita a serapilheira, podendo ser
encontrado a pouca altura do solo no interior ou na borda da mata.
As fêmeas depositam seus ovos em locais abrigados sobre a
camada de folhiço e o desenvolvimento é direto (HEYER et al., 1990).
Comum em áreas de mata pode ser encontrada em atividade
também durante o dia, é tolerante a modificações do ambiente.
Ocorre em áreas de florestas primarias e secundárias na borda das
matas. Frequentemente encontrada no folhiço.
 Bokermannohyla
circumdata
(perereca-com-anéis-nas-
coxas): Espécie típica de áreas de mata. Vive na vegetação da
margem de cursos d’água. Onde seus ovos são colocados e onde
seus girinos se desenvolvem. Ocorre na região de Mata Atlântica do
sudeste do Brasil.
 Dendropsophus
elegans
(Pererequinha-de-moldura)
Perereca de pequeno porte com coloração marcante branca com
uma larga faixa no meio do dorso marrom ou dourado, formando um
desenho de moldura característico desta espécie. O padrão de
moldura é mais evidente durante o dia, pois a coloração noturna se
mantém marrom amarelado uniforme. Comum em brejos e lagos de
áreas abertas ou de grandes clareiras no interior da mata, os
133
machos vocalizam próximos da lâmina de água, ou empoleirados em
vegetação baixa. Deposita seus ovos em folhas próximas a água ou
ovos aquáticos ancorados na vegetação submersa (Bastos &
Haddad 1996, Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001). Espécie que
apresenta grande adaptação a alterações ambientais. Distribui-se
pela Mata Atlântica da Bahia ao Paraná; em Minas Gerais está
associada às matas de transição entre Mata Atlântica, Cerrado e
Caatinga (Frost 2010).
134
 Dendropsophus
minutus
(pererequinha):
espécie
amplamente distribuída por toda a América do Sul, exceto à oeste
dos Andes. São encontrados principalmente em margens de
florestas e clareiras. Ocorre também em áreas de cerrado como São
Paulo, Goiás, Tocantins e Minas Gerais. Reproduz-se em remansos
de riachos, poças, brejos permanentes ou temporários (ETEROVICK &
SAZIMA, 2004). Machos vocalizam na vegetação ao redor de poças,
apresentando um extenso repertório vocal e cantando em grandes
coros. A estratégia de macho-satélite é comum na espécie.
 Hypsiboas faber (rã-ferreiro): distribui-se na faixa leste do
Brasil (nordeste ao sul), no Paraguai e Argentina. É uma espécie
comum na Mata Atlântica de Minas Gerais, e não se encontra
inserida em nenhuma categoria de ameaça de extinção. Seus ovos e
os primeiros estágios larvais aquáticos se desenvolvem em
cavidades
construídas
ou
naturais,
que
são
posteriormente
alagadas. Os machos da espécie são territoriais e podem vocalizar
na vegetação que circunda poças e lagoas, no chão, dentro da água
em locais rasos e freqüentemente dentro de pequenas “piscinas”
construídas em margens barrentas, podendo lutar pela posse
dessas piscinas. O desenvolvimento completa-se em corpos de
água lênticos ou lóticos. É uma espécie que se adapta a regiões
alteradas com facilidade podendo estar, devido a ações antrópicas,
ampliando sua distribuição geográfica.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
 Hypsiboas
polytaenius
(perereca-de-pijamas):
Espécie
amplamente distribuída e que tolera uma variedade de hábitats. Vive
em regiões serranas do estado de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Vive em vegetações ao redor de poços de água, seja temporários ou
permanentes, geralmente em áreas mais abertas.
 Scinax cf. eurydice (perereca-de-banheiro): Ocorre do norte
da Bahia até São Paulo. É uma perereca de porte mediano (3,5 a 5
cm) que possui coloração dorsal bege, com manchas irregulares
castanhas. Vivem em áreas de matas, áreas abertas e até mesmo
dentro de áreas antrópicas, como residências e benfeitorias.
Encontrada perto de áreas aquáticas, onde realiza suas posturas em
poças temporárias ou permanentes.
 Scinax gr. catharinae (perereca): Vivem em florestas
primárias e secundárias próximas a corpos d’água onde realiza sua
desova. Foi encontrada vocalizando na beira do lago na área da
RPPN.
 Hylodes gr. lateristrigatus (rãnzinha-de-corredeira): Os
girinos desta espécie se desenvolvem em pequenos riachos, de leito
rochoso e com água bem cristalina, na Serra do Mar e adjacências.
A espécie é ativa durante o dia e habita a vegetação e as pedras das
margens e no interior dos riachos. Os machos são territoriais, sendo
encontrados
sempre
no
mesmo
sítio
de
vocalização.
Sua
vocalização é adaptada ao ambiente de queda a’água que coloniza,
podendo ser ouvida a grandes distâncias. A reprodução está
associada a riachos de interior de matas maduras ou secundárias.
As espécies do grupo Hylodes lateristrigatus possuem tamanho de
pequeno a médio e são caracterizadas por apresentar uma linha
dorsolateral branca e atividade diurna (Heyer 1982).
 Physalaemus cuvieri (rã-cachorro, rã foi-não-foi): espécie
típica de cerrado, mas que pode ser encontrada em vários outros
biomas como Mata Atlântica e Caatinga. Os machos vocalizam em
pequenas poças em áreas abertas, no período das chuvas e os ovos
são depositados em ninhos de espuma ancorados à vegetação. É
135
uma espécie de distribuição geográfica bastante ampla, e que tolera
bem ambientes alterados.
 Physalaemus aff. olfersii (rãnzinha-rangedora): é uma
espécie de tamanho médio (cerca de 3,5 cm). Pode ser encontrada
na serapilheira ou na vegetação baixa no interior ou borda de
florestas maduras ou secundárias (HEYER et al., 1990). A reprodução
está associada a poças temporárias ou permanentes do interior ou
borda de mata, e a desova é depositada em ninhos flutuantes de
espuma (HADDAD et al. 2008). Apresenta distribuição ampla na Mata
Atlântica no sul e sudeste do Brasil, desde o norte do estado de
Santa Catarina até o sul do Espírito Santo e sudeste de Minas
Gerais.
 Leptodactylus ocellatus (rã-manteiga): espécie amplamente
distribuída na região neotropical. São freqüentemente encontrados
descansando na margem de lagoas ou pequenos lagos e saltam
para a água se incomodados. Reproduz-se em poças temporárias
cercadas por vegetação arbustiva e de fundo lodoso e/ou arenoso,
ou mesmo em remansos de riachos. A desova consiste em ninho de
espuma flutuante entre a vegetação (ETEROVICK & SAZIMA, 2004). Rã
de grande porte, especialmente os machos, que pode apresentar os
braços muito espessos e podem medir entre 90-120 mm enquanto
as fêmeas medem entre 80-110 mm. Trata-se de uma espécie que
resiste a alterações ambientais produzidas pelo homem e cujos
girinos parecem suportar um grau de poluição de água não aceitável
por outras espécies de anuros. Isso faz com que essa espécie ainda
seja muito encontrada em vários lugares habitados, apesar de ser
muito caçada para servir de alimento humano.
RÉPTEIS:
 Amphisbaena
microcephala
(cobra-de-duas-cabeças):
espécie fossorial e de difícil encontro, só emergindo ás vezes
quando o solo se encontra muito encharcado. Amplamente
distribuída pelo Brasil, e também ocorrendo na Bolívia, Paraguai,
136
Argentina e Uruguai (PEREZ & RIBEIRO, 2008). O focinho em forma
de pá é importante especialização para a escavação. Alimentam-se
de invertebrados terrestres e pequenos vertebrados. Popularmente
existe o mito e a crença que esse animal seja uma serpente e é
fonte de perigo para a população. Na verdade, essa espécie não
representa nenhuma ameaça à população e não oferece nenhum
perigo.
 Hemidactylus mabouia (lagartixa): espécie oriunda da
África e introduzida no Brasil. É noturna, alimenta-se de insetos e
encontra-se amplamente distribuída no Brasil. Generalista quanto ao
hábitat, é encontrada desde bromélias até construções humanas,
freqüentemente habita as regiões antrópicas e periantrópicas. Tem
hábito noturno, caçando insetos à espreita, freqüentemente junto à
luz. A postura consiste de dois ovos, que se desenvolvem em frestas
ou em abrigos constituídos de entulho ou madeira empilhada.
 Enyalius bilineatus (camaleãozinho): lagarto arborícola que
desce ao solo eventualmente para realizar seu forrageio. Essa
espécie é distribuída pela Mata Atlântica do sudeste do Brasil e
também no Cerrado. Esta espécie ocorre principalmente em áreas
de matas menos densas como plantações de café e florestas
secundárias ou bordas de mata (JACKSON, 1978; TEIXEIRA et al.
2005).
 Enyalius brasiliensis (camaleãozinho): Espécie de médio
porte, que ocorre na faixa leste de Mata Atlântica do sudeste do
Brasil, nos estado do Rio de Janeiro, parte do Espírito Santo e
extremo leste de Minas Gerais. Alimenta-se de pequenos artrópodes
e é encontrado em porções de matas mais densas. É uma espécie
arborícola que desce eventualmente ao solo para realizar o forrageio
(JACKSON, 1978, TEIXEIRA et al., 2005).
 Tupinambis merianae (teiú, teju): pode atingir 1,4 m de
comprimento. Esta espécie é encontrada ao sul do Rio Amazonas no
Brasil, em todo o território nacional e também na Argentina, Paraguai
e Uruguai, sendo freqüentemente encontrada em área alterada ou
próxima a residências. Possui hábitos terrícolas e diurnos. Sua dieta
137
pode incluir invertebrados, vertebrados (anuros, lagartos e até
peixes), ovos e várias espécies de frutos, podendo atuar como
dispersor de sementes em fragmentos florestais. Geralmente
observado em clareiras ou na borda da mata, termorregulando nas
horas quentes.
 Tropidurus torquatus (calango, lagartixa-de-pedra): espécie
típica de borda de mata ou áreas abertas, afloramentos rochosos e
áreas antropizadas. Ocorre praticamente em todo o território
brasileiro do sul ao nordeste. É bem adaptada a ambientes alterados
pela ação antrópica.
 Spilotes pullatus (caninana): Serpente não-peçonhenta de
grande porte, que pode atingir 3 metros de comprimento total.
Possui colorido de fundo negro com barras amarelas e o ventre
manchado de amarelo. É bastante comum em toda a América do Sul
e Central. Apresenta hábito semi-arborícola, caçando ativamente
durante o dia, no chão ou sobre a vegetação. Alimenta-se de anuros,
lagartos, e, principalmente, de filhotes e ovos de aves, e de
mamíferos (roedores e morcegos). Quando perturbada, eleva a parte
anterior do corpo, achatando-a lateralmente, inflando o pescoço e
pode morder facilmente. Apresenta ampla distribuição, ocorrendo no
México, Belize, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua,
Costa Rica, Panamá, Trinidad, Tobago, Ilha Margarita, Colômbia,
Venezuela, Equador, Peru, Argentina, Bolívia, Guiana, Suriname,
Guiana Francesa e Brasil (UETZ et al., 2010).
 Erythrolamprus
aesculapii
(cobra-coral;
coral-falsa):
serpente de médio porte com cabeça de cor preta, dorso vermelho
com anéis negros com bordas e centro brancos. Ocorre da
Amazônia até o Brasil central, na Bolívia e na ilha de Tobago. É
terrícola, diurna e se alimenta de serpentes, embora os jovens
também incluam lagartos em sua dieta (MARQUES & PUORTO, 1991).
Muitas vezes é confundida com a coral-verdadeira, o que a torna
alvo de caçadores e pela população em geral. Mas é muito dócil e
não oferece nenhum perigo de acidente, pois não possui peçonha
ativa ao ser humano.
138
 Oxyrhopus petola (Cobra coral; falsa-coral): espécie de
médio porte, com coloração variável, geralmente que incluem o
vermelho, preto e branco, por isso sendo às vezes confundida com a
coral-verdadeira. Mas é uma espécie não-peçonhenta e que é muito
dócil não oferecendo maiores riscos. Distribui-se desde a região da
América Central até na Província de Missiones, na Argentina. Tem
atividade predominantemente noturna, mas pode ser encontrada
ativa durante o dia. Sua dieta é composta principalmente de
roedores, lagartos e outras serpentes (UETZ et al., 2010).
 Sibynomorphus neuwiedi (jararaca-dormideira): espécie
pequena que geralmente não ultrapassa 60 cm de comprimento
total. Alimenta-se de rãs, lagartos e camundongos. Geralmente
confundida com a jararaca verdadeira, mas essa é uma espécie nãopeçonhenta e muito dócil. Sua distribuição é no Sul e Sudeste do
Brasil.
 Thamnodynastes cf. nattereri (falsa-jararaquinha): É uma
espécie de pequeno a médio porte (CRC = 424 a 460 mm),
opistóglifa, noturna, vivípara, tanto terrestre quanto arborícola.
Ocorre no Sudeste e Sul do Brasil, sendo mais abundante nas áreas
de Floresta Ombrófila Densa e menos comum nas áreas de Floresta
Semidecidual e de Cerrado (Franco & Ferreira 2002).
 Bothropoides
jararaca
(jararaca):
espécie
de
ampla
distribuição e encontra-se associada ao domínio Florestal Atlântico,
estendendo-se
por
áreas
florestais
e
ambientes
antrópicos,
ocupando áreas desde o nível do mar até os 1200m de altitude e
possui atividade mais intensa durante a estação chuvosa. Pode
atingir até 1,6 metros, e se alimenta de rãs, lagartos e principalmente
roedores. As espécies dos gêneros Bothriopsis, Bothrocophias,
Bothropoides, Bothrops e Rhinocerophis são as mais agressivas dos
tanatofídeos brasileiros, sendo responsáveis por aproximadamente
90% dos acidentes ofídicos que ocorrem no Brasil e, por isso,
possuem grande importância médica.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
139
 Bothrops jararacussu (jararacuçu): espécie grande que
pode ultrapassar 1,6 metros de comprimento total, e grande volume
corporal. Alimenta-se de rãs, lagartos e mamíferos. É encontrada
desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai.
 Hydromedusa
maximiliani
(cágado-pescoço-de-cobra):
cágado endêmico da faixa leste do Brasil e sudeste do Brasil (parte
do sul da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São
Paulo), com distribuição sempre associada a regiões montanhosas
da Floresta Atlântica (Serra do Mar e Serra da Mantiqueira). Habita
tipicamente riachos dentro de matas primárias acima de 600 m de
altitude. Sua dieta é composta principalmente de invertebrados
aquáticos e também anuros (NOVELLI et al., 2008). É uma espécie
listada como Vulnerável pela IUCN e, portanto, merece atenção para
sua conservação.
Considerando que algumas áreas e ambientes não foram explorados e o
curto tempo de trabalho de campo, acredita-se que, provavelmente, a área
apresente um número muito maior de anfíbios e répteis, além de espécies
raras, endêmicas e ameaçadas, além de claro novas espécies, tendo em vista
a riqueza de ambientes observado para essa região.
7. DISCUSSÃO
Na Mata Atlântica são conhecidas cerca de 340 espécies de anfíbios.
Em Minas Gerais, 70% das espécies de anfíbios são encontradas nesse bioma.
Essa considerável riqueza é atribuída, dentre outros, ao elevado índice
pluviométrico, à alta diversidade estrutural de hábitats arbóreos e à
disponibilidade de ambientes úmidos desse hábitat. Estes últimos estão ligados
ao folhiço de matas localizadas nas margens de grandes rios e/ou em florestas
de altitude. As florestas de altitude destacam-se por notáveis endemismos
propiciados pelo isolamento geográfico de conjuntos serranos (DRUMMOND et
al., 2005). Das mais de 700 espécies de répteis conhecidas para o Brasil (SBH,
2008), 197 estão representadas na Mata Atlântica (MMA/SBF, 2000). Os
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
140
estudos com populações ou comunidades de répteis e anfíbios em áreas de
Mata Atlântica, em Minas Gerais, são insuficientes para a enorme riqueza de
nossa fauna (DRUMMOND et al., 2005).
Quando comparado a outros estudos realizados em áreas florestais no
estado de Minas Gerais, a RPPN Alto da Boa Vista apresentou uma menor
riqueza de espécies de répteis (14 espécies) que outras áreas. No estudo de
Bertoluci et al. (2009) na Estação Ambiental de Peti (reserva florestal de 606 ha
em uma área de transição entre mata atlântica e cerrado), foi elaborada uma
lista com 29 espécies de Squamata registradas para a área. No trabalho de
São Pedro & Pires (2009) realizado na região rural e urbana de Ouro Branco
durante 40 meses, uma área transicional de Mata Atlântica e Cerrado, foram
encontradas 28 espécies de serpentes. A RPPN Alto da Boa Vista também
apresenta baixa riqueza quando comparada a outras áreas de Mata Atlântica
como as grandes reservas do Estado de São Paulo, que apresentam 55
espécies de Squamata (CONDEZ et al., 2009). Entretanto se levarmos em conta
o pouco tempo de estudo e a falta de outros métodos de captura mais efetivos
(como pitfalls e funnel traps), esse número pode ser acrescido e superar outras
áreas onde foram realizados trabalhos mais extensos. No levantamento de
Feio & Caramaschi (2002) realizado no nordeste de Minas Gerais e
abrangendo fragmentos que variaram de 517 a 10.000 ha, apenas 11 espécies
de Squamata foram encontradas e para a cidade de Juiz de Fora (distante
cerca de 80 km de Descoberto, município que está inserida a RPPN) também
foram encontradas somente 14 espécies, mas em um período de um ano de
coleta e com vários métodos de captura (GOMIDES, 2010). Na região de Viçosa
(COSTA et al. 2009, 2010), foi registrada uma riqueza de 53 espécies de répteis,
mas muitas espécies são características de áreas abertas, pois a região possui
fitofisionomias de áreas de transição entre Mata Atlântica e Cerrado.
A riqueza de anfíbios também não é alta, mas como foi dito, um maior
esforço amostral com certeza revelará um maior número de espécies. Feio &
Ferreira (2005) estudaram em dois pequenos fragmentos de mata (cerca de 10
ha e 12 ha cada), na cidade de Rio Novo, localidade mais próxima da RPPN
onde se tem estudos publicados sobre a anurofauna, foi encontrada 20
espécies de anfíbios anuros, distribuídos pelas famílias Bufonidae (01), Hylidae
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
141
(11), Leptodactylidae (06) e Microhylidae (02). A RPPN Alto da Boa Vista
apresentou riqueza próxima (16 spp.) dividida nas famílias Brachycephalidae
(2), Bufonidae (1), Cycloramphidae (2), Craugastoridae (1), Hylidae (6),
Hylodidae (1), Leiuperidae (2) e Leptodactylidae (1). As duas áreas apresentam
composição de espécies bem diferentes, compartilhando apenas seis espécies.
Isto demonstra que muito provavelmente as regiões possam ser acrescidas de
mais espécies nos seus inventários, já que pela similaridade dos ambientes
provavelmente elas possam ter mais espécies em comum. Para a Serra do
Brigadeiro em Minas Gerais, a riqueza de 44 espécies de anuros mostra-se
muito superior a encontrada para a área (FEIO et al., 2008).
Comparando-se a riqueza de anfíbios observada neste trabalho com
outras localidades na Mata Atlântica, também se percebe, pelo grande número
de espécies generalistas, que os fragmentos aqui estudados estão bastante
alterados. Foram reconhecidas apenas 17 espécies, sendo que para regiões
mais preservadas e de maiores dimensões no sudeste do Brasil este número é
consideravelmente maior, como por exemplo, no Parque Estadual do Rio Doce,
Minas Gerais (38 espécies), APA Goiapaba-Açu,Espírito Santo (41 espécies),
município do Rio de Janeiro (69 espécies) e Parque Estadual Intervales, São
Paulo (48 espécies) (FEIO et al., 1998; RAMOS & GASPARINI, 2004; IZECKSOHN &
CARVALHO-E-SILVA, 2001; BERTOLUCI, 2001).
Analisando a composição de espécies diagnosticada para a RPPN Alto
da Boa Vista, observa-se espécies com ampla distribuição no Brasil, como H.
faber, D. minutus, L. ocellatus e P. cuvieri, todas elas também típicas de áreas
abertas, evidenciando o avançado grau de degradação na estrutura dos
ambientes florestais. Processos estes resultantes da intensa pressão antrópica
que a região sofria.
8. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
A maioria das espécies apresenta relação, em maior ou menor grau,
com áreas florestadas, seja como refúgio ou local de forrageamento. Desta
forma, ressalta-se a importância da manutenção de uma área em bom estado
de conservação para a herpetofauna da região.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
142
A
principal ameaça
para
a
biodiversidade
são
as ações
de
desmatamento constantes no estado, com conseqüente fragmentação de
hábitats. Entre as ações emergenciais que visam à conservação da diversidade
biológica nas áreas indicadas em Minas Gerais, citadas no Atlas da
Biodiversidade em Minas Gerais por Drummond et al. (2005), foram, de um
modo geral, a criação de unidades de conservação, a necessidade de
investigação científica, o manejo, a recuperação e ou reabilitação e a promoção
de conectividade entre remanescentes de vegetação.
143
Deste ponto de vista, torna-se extremamente importante os estudos que
abordem os grupos prejudicados pelos processos de fragmentação e suas
conseqüências. Um bom exemplo é a herpetofauna, que têm uma importância
proeminente em quase todas as comunidades terrestres, sendo atualmente
conhecidas cerca de 6.638 espécies de anfíbios (FROST, 2010) e mais de 9.084
espécies de répteis (UETZ et al., 2010). Mais de 80% da diversidade dos dois
grupos ocorrem em regiões tropicais (POUGH et al., 1998), cujas paisagens
naturais estão sendo rapidamente destruídas pela ocupação humana. Devido à
fidelidade
territorial
de
muitas
espécies,
requerimentos
fisiológicos
e
especificidade de hábitat, anfíbios e répteis são considerados modelos ideais
para estudos sobre os efeitos da fragmentação e ocupam uma diversidade de
hábitats e nichos (FABRICIUS et al., 2003).
As populações mundiais de répteis têm sido vítimas, nos últimos anos,
de um declínio global, tão sério quanto as de anfíbios (DIXO & VERDADE, 2006).
Tal declínio pode ser explicado por vários fatores, entre eles, a perda e a
degradação de hábitats adequados as principais razões (BROOKS et al., 2002).
A diminuição no tamanho das populações indica que a necessidade da
realização de estudos sobre a fauna de répteis em remanescentes florestais
em áreas sob intensa pressão antrópica é prioritária. Estes fragmentos sofrem
com os efeitos de borda que e com o dossel mais escasso, que causam
aumento de temperatura no solo, diminuição da umidade, flutuações na
temperatura e mais ventos (BELL & DONNELY, 2006), o que compromete a
manutenção de espécies menos tolerantes a mudanças das condições de seu
microhábitat, como os répteis de interior de mata. A manipulação da terra pelo
homem é outra variável que pressiona fortemente a diversidade de espécies. A
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
abertura de clareiras ou a invasão de terrenos sem manejo pode alterar
significativamente os hábitats, favorecendo a ocupação destas clareiras por
espécies heliotérmicas, em detrimento daquelas que são sensíveis a incidência
da luz solar direta (VITT et al., 1998; MEIK et al., 2002).
A alta prevalência de espécies comuns a outros biomas e que se
adaptam bem a ambientes impactados, mostra que a região ainda se recupera
de impactos antrópicos intensos. Espécies como as serpentes Sibynomorphus
neuwiedi
e
Erythrolampus
aesculapii
parecem
ser
encontradas
mais
freqüentemente em ambientes perturbados (SAWAYA et al., 2008). Algumas
espécies, como os lagartos T. merianae e T. torquatus, são bem adaptadas aos
ambientes
com
(Hemidactylus
perturbações
mabouia)
antrópicas
geralmente
e
a
encontra-se
lagartixa–de–parede
associada
a
hábitats
antropizados, sendo muito comum em cidades ou casas de propriedades
rurais.
No caso da Zona da Mata, grande parte dos fragmentos florestais
localiza-se em topos de morro e encostas, sendo raríssimos aqueles em áreas
de grotas e vales (VALVERDE, 1958; RIBON, 1998), as quais são representadas
hoje principalmente por mosaicos de pastagens, campos agrícolas e ambientes
limnícolas, o que intensifica a pressão sobre as espécies dependentes de
ambientes em baixadas. Muitas espécies que podem ter populações estáveis
em áreas de Mata Atlântica, provavelmente se encontram em declínio em
fragmentos da Zona da Mata ou mesmo já extintas (RIBON et al., 2003).
Há uma preocupação ainda na preservação das áreas de nascente em
Descoberto pelo fato de ter sido detectado em alguns pontos, níveis de
mercúrio considerado altos, e potencialmente perigosos para a biota local. A
presença de mercúrio no corpo humano ocasiona grandes danos à saúde.
Devido à sua acumulação progressiva e irreversível, ele se deposita nos
tecidos, causando lesões graves, principalmente, nos rins, fígado, aparelho
digestivo e sistema nervoso central (ALEXANDRE, 2006).
Os sistemas hídricos da região são importantes não somente do ponto
de vista econômico, mas principalmente, pelo ponto de vista ecológico, para as
espécies que dependem diretamente dela para completar seus ciclos de vida.
As espécies dos gêneros Dendropsophus e Scinax desovam na água (e.g.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
144
W ELLS, 2007), e a boa qualidade desses ambientes é diretamente responsável
pela manutenção da diversidade de espécies na região. Bem como as espécies
de serpentes que são encontradas principalmente em ambientes úmidos, como
matas de galerias, brejos e nascentes. O manejo inadequado das lagoas
existentes na área pode impactar a anurofauna, como visto na lagoa existente
na área, onde a diminuição no nível da água causou a morte de inúmeros
girinos que estavam em ninhos que se localizavam nas bordas da lagoa (Figura
3).
145
A
B
80: Figura – A) Ninho de anuros que estava ressecado após o nível da água da lagoa abaixar;
B) Lagoa presente na RPPN onde o ninho estava localizado.
Somente três das 17 espécies de anfíbios encontradas na RPPN não
dependem de ambientes aquáticos para reprodução: Ischnocnema juipoca,
Ischnocnema parva, Haddadus binotatus. Elas são habitantes exclusivas da
serapilheira de áreas florestadas e possuem desenvolvimento direto, fazem a
postura embaixo de folhas no interior da mata, a larva desenvolve-se dentro do
ovo saindo dele já uma pequena rã. Em algumas partes da reserva é
observada a presença de bovinos. Estes animais alimentam-se de mudas de
árvores na beira da mata impedindo a regeneração da floresta nestes locais. A
alteração das condições na beira da floresta pode ocasionar mudanças na
distribuição das espécies que reproduzem exclusivamente na mata, como as
citadas acima, nesta faixa.
8.1.
Espécies ameaçadas e/ou endêmicas
Nenhuma das espécies de anfíbios encontradas na região consta na
Lista Vermelha da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al.,
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
2008). No entanto, o estudo de taxonomia para muitos grupos da herpetofauna
ainda é insuficiente. À medida que novos estudos vão sendo realizados, grupos
complexos vão sendo desmembrados em espécies distintas, com distribuição
muito mais restrita do que se encontra na literatura atualmente. Algumas
espécies de anfíbios têm distribuição ampla e, inclusive, muitas delas se
adaptam bem a ambientes antropizados (e.g.: Physalaemus cuvieri e
Dendropsophus minutus).
Mas a área pode ser fonte de muitas espécies endêmicas e que ainda
não foram descritas pela Ciência. No trabalho de Feio et al. (2008), ele cita a
importância da Serra do Brigadeiro para a anurofauna da região e com
indicações de novas espécies que aguardam o trabalho de taxonomistas. Com
a proximidade e similaridade ambiental entre as duas áreas espera-se que o
mesmo ocorra com a região da Serra do Relógio.
Nenhum lagarto ou serpente encontrada na área está inserido na Lista
Vermelha da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al., 2008).
Mas, o quelônio Hydromedusa maximiliani é considerado como “Vulnerável”
pela IUCN (2010), pelas Listas Vermelhas do estado de São Paulo e Espírito
Santo (MARTINS & MOLINA, 2008). Para o estado de Minas Gerais ela aparece
como “Criticamente em perigo” (MARTINS & MOLINA, 2008). Enyalius brasiliensis
é um lagarto restrito a Mata Atlântica, e é encontrado somente na faixa leste de
Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
8.2.
Espécies de interesse médico-veterinário
Das espécies da herpetofauna, as jararacas (Bothropoides jararaca e
Bothrops
jararacussu)
têm
interesse
médico-veterinário
por
causarem
acidentes ofídicos, tanto em humanos quanto em criações animais; o mesmo
pode ser dito do sapo da espécie Rhinella pombali, por possuir substâncias
tóxicas nas glândulas da pele e principalmente nas glândulas paratóideas.
Animais de pequeno porte como cães e gatos, podem ser intoxicados ou
mesmo morrerem quando mordem estas espécies.
8.3.
Espécies exóticas
A única espécie exótica na área foi Hemidactylus mabouia, que é uma
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
146
lagartixa associada a ambientes antropizados, sendo considerada uma espécie
peridomiciliar. De origem africana, foi trazida nos navios que transportavam
escravos para o continente americano, ocorre na América do Sul, África,
Madagascar, Caribe e México. Mas aparentemente a lagartixa parece não
oferecer riscos maiores as espécies nativas.
As espécies associadas à ocupação humana como o cão e o gato, são
uma grande ameaça a herpetofauna nativa, uma vez que atacam e matam
muitas espécies. A presença deles em ambiente natural também pode trazer
muitas doenças e parasitos não naturais, assim como o gado que
frequentemente é encontrado na região.
8.4.
Espécies cinegéticas
Das espécies registradas para a área, a rã Leptodactylus ocellatus e a
espécie de teiú (Tupinambis merianae) potencialmente podem ser alvo de caça
pelas populações locais, devido à apreciação de sua carne.
8.5.
Espécies de interesse econômico
Pouco se conhece sobre o potencial econômico das espécies brasileiras.
Espécies que geralmente possuem potencial econômico entre os répteis são os
crocodilianos devido ao uso de sua pele para a fabricação de vestuários e
acessórios. Mas, nesse estudo não foram encontrados nenhum crocodiliano na
área e não há relatos de que possam existir.
Outro exemplo é a existência de um remédio cujo princípio ativo,
conhecido como Captopril, foi sintetizado com base em propriedades do
veneno da jararaca (Bothropoides jararaca). Infelizmente, este medicamento foi
patenteado pela industrial Bristol-Myers e atualmente rende cerca de 5 milhões
de dólares/ano para a empresa. Este fármaco é utilizado para controlar
hipertensão.
Assim, pela escassez de conhecimento em relação às espécies
brasileiras, seja da fauna ou da flora, fica impossível discriminar quais espécies
têm interesse econômico. Portanto, muito mais estudos ainda faltam para
avaliar o potencial de cada espécie.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
147
8.6.
Espécies bioindicadoras
Em relação ao potencial bioindicador, algumas espécies podem ser
consideradas indicadoras de ambientes naturais, indicando a qualidade dos
ambientes aquáticos (os anuros: Thoropa miliaris e Hylodes gr. lateristrigatus, e
o cágado Hydromedusa maximiliani) e da qualidade de algumas áreas de mata
(o
lagarto
Enyalius
brasiliensis).
Outras
espécies
indicam
ambientes
degradados (como o anuro: Physalaemus cuvieri, e os lagartos: Hemidactylus
mabouia, Tupinambis merianae e Tropidurus torquatus). No entanto, dados
sobre o potencial bioindicador para a maioria das espécies não está disponível
o que torna essa quantificação muito difícil.
Podemos dizer que a áreas demonstra estar se recuperando das
pressões antrópicas sofridas há alguns anos atrás, e pode se tornar um grande
refúgio da herpetofauna da região futuramente.
9. CONCLUSÕES
O levantamento da herpetofauna revelou uma composição constituída
de
algumas
espécies
relacionadas
com
áreas
descaracterizadas
e
antropizadas. Isto é uma decorrência da extensa fragmentação e conseqüente
alteração das paisagens originalmente existente e de sua biodiversidade
associada. No geral, a fauna encontrada neste estudo foi composta por
espécies generalistas com alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de
cobertura vegetal. A captura de espécies raras e crípticas demanda mais
tempo de trabalho e a utilização de metodologias variadas usadas em conjunto.
Sem esses métodos fica difícil o registro dessas espécies. Por isso a lista aqui
apresentada carece de posteriores revisões em campo, com um maior
investimento de tempo e metodologia.
Durante essa campanha foram registradas 17 espécies de anfíbios e 14
de répteis. Quase nenhuma espécie registrada nesse estudo (anfíbio ou réptil)
encontra-se nas listas oficiais de espécies de anfíbios e répteis ameaçadas de
extinção do IBAMA e IUCN. A única exceção é a presença do cágado H.
maximiliani, o que reforça a necessidade de preservação dos ambientes
naturais da região.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
148
Pelo falta de estudos herpetológicos na área e também na região
recomenda-se veementemente que mais estudos sejam realizados na região.
10. RECOMENDAÇÕES PARA A ÁREA
Como meio de se preservar a herpetofauna local recomenda-se que:

Ocorra a preservação das áreas de mata existentes
na RPPN Alto da Boa Vista;

149
Seja feita a preservação dos ambientes aquáticos
existentes na área da reserva;

Ocorra a exclusão dos animais exóticos à fauna
regional, como cão, gato e gado em geral, pois estes podem ser
fatores com potencial danoso a herpetofauna local, atuando como
predadores ou danificando os ambientes como o caso do gado
dentro das matas locais;

Evite
que
as
trilhas
usadas
no
ecoturismo
atravessem os riachos, pois a fragilidade desses ambientes, bem
como a possibilidade de alterar a turbidez das águas possa
ameaçar os organismos dependentes desses ecossistemas.
Quando não possível, que a intervenção seja minimizada ao
máximo. No caso da cachoeira voltada para o lazer, que o
número de usuários seja limitado para que a interferência no
ambiente seja feita de forma sustentável;

E por fim, que seja realizada sempre que possível,
cursos e/ou eventos de caráter educacional para os visitantes e
comunidade do entorno, voltados para o grupo da herpetofauna
com a finalidade de esclarecer muitos mitos e inverdades sobre
esse grupo, e sobressaltar a importância desses organismos na
dinâmica ecológica local.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
150
81: Figura de Fotos da Herpetofauna – A) Haddadus binotatus; B) Thoropa miliaris; C)
Scinax cf. eurydice; D) Hypsiboas polytaenius; E) Dendropsophus minutus; F) Physalaemus aff.
olfersii; G) Ischnocnema parva; H) Rhinella pombali; I) Bokermannohyla circumdata; J)
Hypsiboas faber; L) Proceratophrys boiei; M) Scinax gr. catharinae.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
151
82: Figura de Fotos da Herpetofauna (Continuação) – N) Ischnocnema juipoca; O)
Hylodes gr. lateristrigatus; P) Enyalius bilineatus; Q) Enyalius brasiliensis; R) Tropidurus
torquatus; S) Thamnodynastes cf. nattereri; T) Oxyrhopus petola; U) Erythrolamprus aesculapii;
V) Bothropoides jararaca; X) Amphisbaena microcephala.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
152
83: Foto do Cágado Hydromedusa maximiliani, uma espécie sensível aos processos
de fragmentação florestal e ameaçada de extinção.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
5.2 AVIFAUNA
1 - Introdução
De acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) (2011)
existem hoje no Brasil 1832 espécies de aves, em grande parte devido à variedade de
biomas que ocorrem em todo território brasileiro. A Mata Atlântica possui pelo menos
682 espécies de aves, das quais 188 estão em alguma categoria de ameaça (em perigo,
ameaçadas ou vulneráveis) (Stotz et al., 1996) e 207 são endêmicas (Brooks et al.,
1999). Apesar das constantes mudanças nesses números devido à descoberta de novas
espécies, novas ocorrências, alterações taxonômicas e estudos populacionais que
avaliam o status de conservação de espécies, eles ainda servem como referência para
mostrar a importância da Mata Atlântica como centro de biodiversidade e como foco de
ações para conservação. Dados mais recentes indicam que 98 (88%) das espécies
brasileiras de aves globalmente ameaçadas de extinção e 79 (85%) quase ameaçadas
ocorrem nos estados do Domínio da Mata Atlântica (Bencke et al., 2006).
Em Minas Gerais são registradas 780 espécies ao todo (Marini, 2000), muitas
das quais associadas ao bioma. A Mata Atlântica é considerada um dos principais
pontos críticos de biodiversidade no mundo, definindo-se tais pontos como “hábitats
onde há muitas espécies encontradas somente lá e que correm perigo iminente de
extinção em conseqüência da atividade humana” (Wilson, 1992). Entretanto, é
notoriamente conhecido o estado de degradação da Mata Atlântica, persistindo menos
de 10% da cobertura original (Morellato & Haddad, 2000; Tonhasca, 2005) distribuídos
em muitos fragmentos pequenos, freqüentemente menores do que 100 ha (Turner &
Corllet, 1996). Isto se deve ao impacto das atividades humanas sobre as áreas naturais,
afetando gravemente a sobrevivência de muitas espécies, reduzindo seus habitats e
provocando declínio das populações de aves (Foster, 1996). Muitas espécies
encontradas no Brasil, restritas a limites geográficos pequenos e com densidades muito
baixas, ainda não se tornaram extintas provavelmente porque ainda não se passou tempo
suficiente para que isto ocorresse (Pimm, 2000).
No sudeste de Minas Gerais poucos são os estudos de onde se podem obter
informações sobre o perfil da avifauna regional, podendo citar como exemplos os
trabalhos de Ribon et al. 2004, nos municípios de Coronel Pacheco, Juiz de Fora e
Goianá, D’Angelo Neto et al. (1998), com enfoque em quatro fragmentos pequenos em
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
153
Lavras, Manhães & Loures-Ribeiro (2005) em área urbana do município de Juiz de
Fora, e Ribon et al. (2003) em Viçosa e adjacências, mas com área de abrangência
maior, com um substancial levantamento de aves ameaçadas ou extintas em fragmentos
de florestas secundárias.
Diante do restrito cenário de informações exposto acima sobre a estrutura,
composição, status de conservação da avifauna em localidades do sudeste do estado de
Minas Gerais, qualquer investigação sobre aspectos da avifauna nos ambientes naturais
regionais deve ser incentivada. É fundamental que se conheça a riqueza biológica local,
o que permite um maior entendimento das dinâmicas ambientais tornando possível
identificar as estratégias para a conservação da biodiversidade, aliada a um uso racional
e sustentável.
O objetivo deste trabalho é inventariar a avifauna da Reserva Particular do
Patrimônio Natural Alto da Boa Vista situada na região da Zona da Mata Mineira.
2 – Materiais e Métodos
Área de estudo
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, está inserida no
município de Descoberto, sudeste do estado de Minas Gerais, entre as coordenadas
21°22’33” S-42°56’06” W e 21°22’47” S-42°55’48” W. Trata-se uma área constituída
por mosaico vegetacional de floresta ombrófila altimontana, campos de altitude e
pastagens abandonadas. O clima da região caracteriza-se por invernos secos e verões
chuvosos.
Metodologia
O inventário da avifauna foi realizado durante os períodos de 31 a 01 de
outubro 2009, 9 a 12 de janeiro de 2010 e 9 a 11 de abril de 2010. Durante este período,
a área foi percorrida aleatoriamente, registrando-se todas as aves identificadas por meio
de contatos visuais (binóculos 10x42) ou auditivos. Algumas vocalizações foram
gravadas no campo para posterior identificação. A partir do método de listas de
Mackinnon foi obtido um Índice de Freqüência nas Listas (IFL = [n° de registros da
espécie/n° total de registros] x 100) (Ribon 2010); o IFL oferece uma visão da
frequência relativa de encontros de uma espécie na área, em relação aos avistamentos de
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
154
todas as espécies. Para avaliar o resultado do esforço amostral, foi construída uma curva
de acumulação de espécies aplicando-se o método de Mao Tau, comparando-se esta
curva foi com curvas de estimativa de riqueza esperada (Chao2, Jakknife1 e Bootstrap)
com auxílio do software Estimates, versão 8.2 (Colwell 2009). A lista final conta com o
acréscimo de espécies registradas fora do período de amostragem e comunicações
pessoais.
O enquadramento ecológico das aves baseou-se na classificação de Willis
(1979), Ribon et al. (2003) e Develey & Endrigo (2004) para categorias tróficas, Silva
(1995) para o grau de dependência de ambientes florestais, Stotz et al. (1996) para
sensibilidade a perturbações ambientais e Brooks et al. (1999) para endemismo. Em
alguns casos, as classificações basearam-se em observações e conhecimento prévio da
espécie. A ordem sistemática e nomenclatura utilizada na listagem das aves seguem a
lista de 8 de agosto de 2011 da American Ornithologist’s Union (AOU) (Remsen et al.,
2011) e os nomes populares estão de acordo com a lista do Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos (CBRO, 2011).
3 - Resultados e Discussão
Foram registradas 123 espécies incluindo os registros ocasionais e as
comunicações pessoais, distribuídas em 30 famílias (Tabela 85 e Figura 87) e 14 ordens.
Os Passeriformes constituíram a ordem dominante, representando 50% das famílias (n =
15) e 67,5% das espécies (n = 83). As famílias mais representativas foram Tyrannidae,
com 27 espécies (22% do total) e Thraupidae, com 13 (10,6%). No que tange à
composição da avifauna em geral, ocorrem espécies típicas de formações florestais,
espécies adaptadas a ambientes abertos (clareiras, capoeiras mais novas, campos de
altitude, campos antrópicos, etc) e formas que se adaptam às duas condições. As 117
espécies identificadas somente nas 81 listas de MacKinnon representam no máximo
95,1% do número de espécies estimado pelo método de Bootstrap e, no mínimo, 85,6%
da riqueza estimada pelo método Jackknife1, indicando que poucas amostragens a mais
são necessárias para atingir o perfil completo da avifauna local (Figura 84).
A espécie Sporophila frontalis (pixoxó) foi a única espécie incluída na Lista
Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2003), mas é
importante destacar que a União Internacional para conservação da Natureza (IUCN)
classifica o pixoxó como Vulnerável e Drymophila ochropyga (choquinha-de-dorsoPlano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
155
vermelho) como Quase Ameaçada (IUCN, 2011). As populações de S. frontalis têm
declinado devido à captura para engaiolamento, fragmentação da Mata Atlântica, que
faz aumentar as distâncias entre sítios de nidificação e moitas de bambu em floração
utilizadas como recurso alimentar, já que se trata de uma espécie nômade que se desloca
constantemente em busca desse recurso. Em relação à choquinha-do-dorso-vermelho, as
principais ameaças são urbanização, expansão de áreas de agricultura e pastagens,
construção de estradas, mineração, etc. Spizaetus tyrannus (gavião-pega-macaco) é
considerada ameaçada no estado de Minas Gerais (Fundação Biodiversitas, 2010).
Recentemente, comunicação pessoal do proprietário da RPPN indica a ocorrência de
Procnias nudicollis (araponga), tendo sido também ouvida sua vocalização por
visitantes na RPPN. A araponga é considerada Vulnerável pela IUCN e Em Perigo no
estado de Minas Gerais pela Fundação Biodiversitas (2010). Foram registradas 34
(27,9%) espécies endêmicas de Mata Atlântica. Além disso, durante o período de
atividades de campo foi ouvida a vocalização de uma espécie de coruja (ordem
Strigiformes), mas que não foi prontamente identificada. Poucas espécies cinegéticas,
isto é, alvos de caça, ocorrem na área, citando-se Crypturellus obsoletus
(inhambuguaçu),
Crypturellus
tataupa
(inhambu-chintã)
e
Penelope
obscura
(jacupemba) (Tabela 85).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
156
140
120
n° de espécies
100
80
157
60
40
20
0
1
7
13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73 79
listas de Mackinnon
n° de espécies observado
média/bootstrap
média/Chao2
média/jackknife1
intervalo de confiança de 95%
84: Figura - Curvas de acumulação do número de espécies observado e do número de espécies estimado
(Bootstrap, Chao2. Jackknife) em amostragens com lista de MacKinnon.
85: Tabela – Lista das espécies de aves registradas na RPPN Alto da Boa Vista, Descoberto, MG. *
Espécies registradas fora do período de amostragem ou por comunicação pessoal do proprietário da
área e outros membros do grupo do diagnóstico de fauna. N° CONT = número de contatos com a
espécie; IFL= índice de freqüência nas listas ([n° de registros da espécie/n° total de registros] x 100);
Categorias tróficas (Cat. Tróf.): O = onívoro, C = carnívoro, F = frugívoro, I = insetívoro, N =
nectarívoro, Nec = Necrófago (consumo de carcaças); sensibilidade a perturbações ambientais
(SENS): a = alta, m = média, b = baixa; grau de dependência de ambientes florestais (DAF): d =
dependente, sd = semi-dependente, i = indepedente; END.: espécie endêmica; St: status de
conservação global das espécies de acordo com IUCN (V = vunerável, QA = quase ameaçada),
MMA/IBAMA (IB; ameaçada) (2003) ou no estado de Minas Gerais de acordo com Fundação
Biodiversitas (A = ameaçada).
FAMÍLIA/ESPÉCIE
Tinamidae
Crypturellus obsoletus
Crypturellus tataupa
Cracidae
Penelope obscura
Cathartidae
Cathartes aura
Coragyps atratus*
Accipitridae
Leptodon cayanensis
Rupornis magnirostris
Spizaetus tyrannus
Falconidae
Caracara plancus
Herpetotheres cachinnans*
Micrastur ruficollis*
Milvago chimachima
Rallidae
Aramides saracura
Pardirallus nigricans
Cariamidae
Cariama cristata
Columbidae
Columbina talpacoti
Patagioenas picazuro
Patagioenas cayennensis
Patagioenas plumbea
Leptotila verreauxi
Geotrygon montana
Leptotila rufaxilla
Psittacidae
Aratinga leucophthalma
Pionus maximiliani
Cuculidae
Piaya cayana
Tapera naevia
Trochilidae
Phaetornis pretrei
Phaetornis eurynome
Florisuga fusca*
Stephanoxis lalandi
Chlorostilbon lucidus
Thalurania glaucopis
Leucochloris albicollis
Trogonidae
Trogon surrucura
Ramphastidae
Pteroglossus aracari*
Picidae
Picumnus cirratus
N° CONT
(IFL)
NOME POPULAR
CAT
TRÓF
SENS DAF END
19(2,3)
7(0,6)
inhambuguaçu
inhambu-chintã
F
F
b
b
d
d
5(0,6)
jacuaçu
O
m
d
1(0,1)
urubu-de-cabeça-vermelha
Nec
b
i
urubu-de-cabeça-preta
Nec
b
i
1(0,1)
8(1,0)
2(0,2)
gavião-de-cabeça-cinza
gavião-carijó
gavião-pega-macaco
C
C
C
m
b
m
d
i
d
1(0,1)
caracará
acauã
C
C
b
b
i
sd
3(0,4)
3(0,4)
falcão-caburé
carrapateiro
C
C
m
b
d
i
1(0,1)
6(0,7)
saracura-do-mato
saracura-sanã
I
I
m
m
sd
sd
1(0,1)
seriema
C
m
i
6(0,7)
2(0,2)
2(0,2)
2(0,2)
3(0,4)
10(1,2)
3(0,4)
rolinha-roxa
pombão
pomba-galega
pomba-amargosa
juiriti-pupu
pariri
juriti-gemedeira
O
F
F
F
O
F
O
b
m
m
a
b
m
m
i
sd
d
d
d
d
d
3(0,4)
3(0,4)
periquitão-maracanã
maitaca-verde
F
F
b
m
sd
sd
7(0,9)
2(0,2)
alma-de-gato
saci
O
I
b
b
sd
i
1(0,1)
16(2,0)
rabo-branco-acanelado
rabo-branco-de-garganta-rajada
N
N
b
m
sd
sd
1(0,1)
2(0,3)
6(0,7)
1(0,1)
beija-flor-preto
beija-flor-de-topete
besourinho-de-bico-vermelho
beija-flor-de-fronte-violeta
beija-flor-de-papo-branco
N
N
N
N
N
m
m
b
m
b
d
sd
sd
d
d
X
X
3(0,4)
surucuá-variado
O
m
d
X
Araçari-de-bico-branco
O
m
d
pica-pau-anão-barrado
I
b
sd
5(0,6)
St
158
A
X
X
X
X
Veniliornis passerinus
Veniliornis maculifrons
Veniliornis spilogaster
Campephilus robustus
Thamnophilidae
Thamnophilus caerulescens
Dysithamnus mentalis
Pyriglena leucoptera
Myrmeciza loricata
Drymophila ochropyga
Conopophagidae
Conopophaga lineata
Furnariidae
Synallaxis ruficapilla
Synallaxis spixi
Phacellodomus rufifrons
Automolus leucophthalmus
Anabazenops fuscus
Lochmias nematura
Xenops rutilans
Sittasomus griseicapillus
Xiphorhynchus fuscus
Lepidocolaptes squamatus
Campylorhamphus falcularius
Tyrannidae
Mionectes rufiventris
Leptopogon amaurocephalus
Myiornis auricularis
Poecilotriccus plumbeiceps
Todirostrum poliocephalum
Phyllomyias fasciatus
Elaenia flavogaster
Elaenia obscura
Camptostoma obsoletum
Tolmomyias sulphurescens
Platyrinchus mystaceus
Myiophobus fasciatus
Hirundinea ferruginea
Lathrotriccus euleri
Knipolegus cyanirostris
Knipolegus nigerrimus
Muscipipra vetula
Fluvicola nengeta
Colonia colonus
Myiozetetes similis
Pitangus sulphuratus
Megarhynchus pitangua
Empidonomus varius
Myiarchus tuberculifer
Myiarchus swainsoni
Myiarchus ferox
Attila rufus
1(0,1)
2(0,2)
2(0,2)
2(0,2)
picapauzinho-anão
picapauzinho-de-testa-pintada
picapauzinho-verde-carijó
pica-pau-rei
I
I
I
I
b
m
m
m
sd
d
sd
sd
X
X
X
19(2,3)
4(0,5)
24(3,0)
3(0,4)
6(0,7)
choca-da-mata
choquinha-lisa
papa-taoca-do-sul
formigueiro-assobiador
choquinha-de-dorso-vermelho
I
I
I
I
I
b
m
m
m
m
d
d
d
d
d
X
X
X
13(1,6)
chupa-dente
I
m
d
X
12(1,5)
4(0,5)
9(1,1)
3(0,4)
4(0,5)
8(1,0)
4(0,5)
12(1,5)
7(0,9)
1(0,1)
6(0,7)
pichororé
joão-teneném
João-de-pau
barranqueiro-de-olho-branco
trepador-coleira
joão-porca
bico-virado-carijó
arapaçu-verde
arapaçu-rajado
arapaçu-escamado
arapaçu-de-bico-torto
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
m
b
m
m
a
m
m
m
a
a
a
d
d
sd
d
d
d
d
d
d
d
d
X
7(0,9)
5(0,6)
1(0,1)
9(1,1)
7(0,9)
6(0,7)
2(0,2)
5(0,6)
3(0,4)
20(2,5)
9(1,1)
3(0,4)
4(0,5)
9(1,1)
1(0,1)
1(0,1)
2(0,2)
1(0,1)
1(0,1)
7(0,9)
4(0,5)
3(0,4)
2(0,2)
3(0,4)
2(0,2)
13(1,6)
6(0,7)
abre-asa-de-cabeça-cinza
cabeçudo
miudinho
tororó
teque-teque
piolhinho
guaracava-de-barriga-amarela
tucão
risadinha
bico-chato-de-orelha-preta
patinho
filipe
gibão-de-couro
enferrujado
maria-preta-de-bico-azulado
maria-preta-de-garganta-vermelha
tesoura-cinzenta
lavadeira-mascarada
viuvinha
bentevizinho-de-penacho-vermelho
bem-te-vi
neinei
peitica
maria-cavaleira-pequena
irré
maria-cavaleira
capitão-de-saíra
O
I
I
I
I
I
O
O
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
O
O
O
I
O
I
O
O
m
m
b
b
b
m
b
m
b
m
m
b
b
m
b
m
m
b
b
b
b
b
b
b
b
b
m
d
d
d
d
d
sd
sd
d
i
d
d
sd
sd
d
d
sd
d
i
d
sd
i
sd
sd
d
i
sd
d
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
QA
159
Pipridae
Manacus manacus
Chiroxiphia caudata
Tityridae
Pachyramphus viridis*
Vireonidae
Cychlaris gujanensis
Vireo olivaceus
Hirundinidae
Pygochelidon cyanoleuca
Troglodytidae
Troglodytes musculus
Turdidae
Turdus flavipes
Turdus rufiventris
Turdus leucomelas
Turdus amaurochalinus
Turdus albicollis
Thraupidae
Saltator similis
Cissopis leverianus*
Schistochlamys ruficapillus
Trichothraupis melanops
Tachyphonus coronatus
Thraupis sayaca
Thraupis ornata
Tangara cyanoventris
Tangara cayana
Tersina viridis
Dacnis cayana
Hemithraupis ruficapilla
Conirostrum speciosum
Emberizidae
Zonotrichia capensis
Haplospiza unicolor
Sicalis flaveola
Volatinia jacarina
Sporophila frontalis
Sporophila ardesiaca
Sporophila caerulescens
Tiaris fuliginosus
Arremon semitorquatus
Coryphospingus pileatus
Cardinalidae
Habia rubica
Parulidae
Basileuterus culicivorus
Fringillidae
Euphonia chlorotica
Chlorophonia cyanea
Total
rendeira
tangará
F
F
b
b
d
d
caneleiro-verde
O
m
sd
29(3,6)
3(0,4)
pitiguari
juruviara
O
I
b
b
sd
d
1(0,1)
andorinha-pequena-de-casa
I
b
i
11((1,4)
corruíra-de-casa
I
b
i
5(0,6)
21(2,6)
10(1,2)
1(0,1)
4(0,5)
sabiá-una
sabiá-laranjeira
sabiá-barranco
sabiá-poca
sabiá-coleira
O
O
O
O
O
m
b
b
b
m
d
i
i
sd
d
5(0,6)
trinca-ferro-verdadeiro
O
b
sd
4(0,5)
25(3,1)
21(2,6)
11(1,4)
5(0,6)
17(2,1)
12(1,5)
2(0,2)
20(2,5)
5(0,6)
1(0,1)
tietinga
bico-de--veludo
tiê-de-topete
tiê-preto
sanhaçu-cinzento
sanhaçu-de-encontro-amarelo
saíra-douradinha
saíra-amarela
saí-andorinha
saí-azul
saíra-ferrugem
figuinha-de-rabo-castanho
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
O
I
b
b
m
b
b
m
m
m
m
b
b
b
d
i
d
d
sd
sd
d
i
d
sd
d
d
9(1,1)
25(3,1)
5(0,6)
17(2,1)
20(2,5)
4(0,5)
7(0,9)
2(0,2)
7(0,9)
1(0,1)
Tico-tico
cigarra-bambu
canário-da-terra-verdadeiro
tiziu
pixoxó
papa-capim-de-costas-cinzas
coleirinho
Cigarra-do-coqueiro
tico-tico-do-mato
Tico-tico-rei-cinza
G
G
G
G
G
G
G
O
G
m
b
b
m
b
b
b
m
b
sd
i
i
d
i
i
d
d
sd
3(0,4)
tiê-do-mato-grosso
O
a
d
41(5,1)
pula-pula
I
m
d
3(0,4)
1(0,1)
810
fim-fim
gaturamo-bandeira
O
O
b
m
sd
d
6(0,7)
28(3,5)
G
b
X
160
X
X
X
X
i
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
X
X
X
IB,V
Em relação à freqüência de ocorrência das espécies no ambiente podemos
perceber que entre as 11 espécies mais comuns, caracterizadas aqui como aquelas com
20 ou mais registros nas listas (IFL≥ 2,5), encontram-se sete dependentes de ambientes
florestais, especificamente Pyriglena leucoptera (papa-taoca-do-sul), Tolmomyias
sulphurescens
(bico-chato-de-orelha-preta)
Chiroxiphia
caudata
(tangará),
Trichothraupis melanops (tié-de-topete), Tachyphonus coronatus (tiê-preto), S. frontalis
(pixoxó) e Basileuterus culicivorus (pula-pula). A espécie com maior número de
registros (n = 41) foi B. culicivorus, um passeriforme insetívoro que habita o interior de
matas deslocando-se constantemente entre a folhagem (Sick, 1997). Esta ave é
dependente de ambientes florestais e possui sensibilidade média a perturbações
ambientais. Juntam-se a estas espécies outras três semi-dependentes e uma independente
de ambientes florestais. A ocorrência de aves associadas a florestas pode ser devido à
presença de populações relictuais oriundas de fragmentos maiores ou mesmo a uma
estrutura de metapopulações onde haja deslocamentos eventuais de indivíduos entre
trechos de mata existentes na RPPN.
É importante notar que algumas espécies com requisitos ecológicos mais
específicos não estão entre as mais comuns; por exemplo, o número de espécies e
registros de arapaçus é pequeno (4 espécies). Estes membros da família Furnariidae
forrageiam em troncos de árvores e necessitam de cavidades naturais encontradas em
árvores velhas para nidificar e dormir (Sick, 1997). Concomitantemente, pica-paus
(família Picidae) também foram pouco observados e ocupam nicho similar ao dos
arapaçus. Entretanto, a pequena diferença de espécies em favor dos pica-paus talvez seja
reflexo do grau de dependência de ambientes florestais, que é maior para os arapaçus
(Tabela 85). Se considerarmos que pelo menos Xiphorynchus fuscus (arapaçu-rajado)
possui pouca habilidade para mover-se entre fragmentos, necessitando de árvores
isoladas como stepping stones (trampolins ecológicos) para transpô-los (Boscolo et al.
2007) e que houve baixa freqüência de arapaçus, então é possível supor que as aves
observadas podem constituir populações com alto grau de isolamento. Assim as matas
estudadas e as adjacentes devem receber atenção por meio de iniciativas de
monitoramento.
De modo geral, a caracterização ecológica da avifauna local indica uma
dominância de aves dependentes e semidependentes de ambientes florestais. É
relativamente baixo o número observado de espécies totalmente independentes de
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
161
cobertura florestal. Como se trata de uma área rural com alguns remanescentes de
floresta e campos naturais é de se esperar um número relativamente baixo de espécies
adaptadas a ambientes altamente antropizados (Tabela 86).
Não obstante, o fato de haver muitas aves associadas a ambientes de floresta não
significa que muitas dessas espécies possuam baixa resiliência sob efeito de impactos
ambientais, já que podem sobreviver mesmo em fragmentos muito pequenos e
antropizados. Assim, menos da metade das espécies possui sensibilidade média ou alta
aos efeitos de perturbações ambientais (Tabela 86), o que sugere tendência apenas
regular da área em sustentar populações de aves com baixa ou nenhuma capacidade de
se adaptar a ambientes perturbados. Em geral tais aves estão presentes nos fragmentos
existentes na área. Dentre elas, apenas seis (Patagioenas plumbea [pomba-amargosa],
Anabazenops
Lepidocolaptes
fuscus
[trepador-coleira],
squamatus
Xiphorynchus
[arapaçu-escamado],
fuscus
[arapaçu-rajado],
Campylorhamphus
falcularius
[arapaçu-de-bico-torto] e Habia rubica [tiê-do-mato-grosso]), são aves com alto grau de
sensibilidade, enquanto outras 55 possuem apenas sensibilidade intermediária. Espécies
que apresentam alta sensibilidade a distúrbios ambientais são boas indicadoras do
estado de preservação da área (Anjos et al., 2009). Neste caso, apenas 6 (4,9%) espécies
pertencem a esta categoria, possivelmente refletindo o grau de alteração ambiental, e
ainda será necessário algum tempo para que processos de regeneração ambiental
permitam recolonização de espécies de aves mais exigentes. Por outro lado cerca de
metade das espécies (50,4%) são pouco sensíveis e são capazes de resistir às alterações
de influências antrópicas, perda, isolamento e degradação de hábitats (Tabela 86).
Dessa maneira, as áreas de mata nativa restantes são, sem dúvida, os ambientes
mais importantes em relação à avifauna. Essas matas, além de abrigarem espécies
menos exigentes (que podem viver fora da mata), são fundamentais para a manutenção
de algumas espécies exclusivamente florestais, como é o caso daquelas com alta
sensibilidade às alterações de seus hábitats. Esse ambiente também sustenta espécies
que habitam o sub-bosque como, por exemplo, Automolus leucophthalmus
(barranqueiro-de-olho-branco) que apresenta área de vida em torno de seis hectares
(Develey, 1997), não se deslocando para as extensas áreas de mata e nem necessitando
de grandes áreas – e espécies que habitam ou se deslocam pelo dossel e fazem grandes
deslocamentos em busca de frutos, como acontece com Pionus maximiliani (maitacaverde) e Penelope obscura (jacuaçu).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
162
86: Tabela – Características ecológicas das 123 espécies da
avifauna identificadas na área da RPPN Alto da Boa Vista,
Descoberto, MG.
Grau de dependência de ambientes florestais
n° de espécies
%
dependente
65
52,8
semidependente
35
28,5
independente
23
18,7
163
Sensibilidade à perturbação ambiental
baixa
62
50,4
média
55
44,7
alta
6
4,9
insetívoro
48
39,0
onívoro
39
31,7
frugívoro
10
8,1
granívoro
9
7,3
carnívoro
8
6,5
nectarívoro
7
5,7
necrófago
2
1,6
Estrutura trófica
As espécies registradas na área foram enquadradas em sete guildas tróficas
(categorias alimentares). A composição dessas guildas é consistente com resultados
encontrados por Motta Jr. (1990) que estudou uma área com três hábitats (mata de
galeria, cerrado e eucaliptal) no estado de São Paulo, e Machado & Lamas (1996) que
inventariaram uma área com mata nativa e eucaliptais em Minas Gerais. Semelhante aos
resultados encontrados por estes autores há um amplo predomínio de espécies
insetívoras e onívoras pouco especializadas (Tabela 86). Segundo Motta Jr. (1990) esta
composição pode ser um indicativo de perturbação ambiental.
Apesar do grande número de insetívoros pouco especializados, algumas espécies
desta guilda com grau médio de sensibilidade a alterações intrínsecas da qualidade do
hábitat, podem ser mais sensíveis ao isolamento dos fragmentos. Segundo Aleixo &
Vielliard (1995), espécies como Automolus leucophthalmus (branqueiro-de-olhoPlano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
branco), Dysithamnus mentalis (choquinha-lisa) e Platyrinchus mystaceus (patinho)
estão extintas na mata de Santa Genebra, um fragmento de mata urbano do município de
Campinas, São Paulo, devido à falta de conectividade com outros fragmentos,
impedindo a recolonização. A presença destas três espécies na RPPN Alto da Boa Vista
sugere que elas não estão sujeitas ao mesmo processo de isolamento observado em
Santa Genebra. No entanto os registros foram muito poucos e o monitoramento
periódico da área também se faz necessário para diagnosticar se as populações,
provavelmente residuais, de espécies com este grau de sensibilidade podem manter um
fluxo de repovoamento com outras áreas, ou estão se extinguindo localmente.
Em São Carlos (SP) e na Serra do Japi (SP), Motta Jr. (1990) e Silva (1992),
respectivamente, destacam a baixa representatividade ou mesmo a ausência de algumas
famílias de aves, principalmente Tinamidae (onívoros e frugívoros), Psittacidae,
Trogonidae, Rhamphastidae, Cotingidae (frugívoros), Dendrocolaptidae (hoje entre os
Furnariidae), Galbulidae e Bucconidae e algumas espécies das famílias Formicariidae
(insetívoros) e Thraupidae (onívoros e frugívoros). Algumas destas famílias tiveram
representantes na área do estudo (p. ex. Tinamidae, Psittacidae e Thraupidae). Os
grandes frugívoros pertencentes a algumas dessas famílias como inhambus (Tinamidae),
além de jacus (Cracidae) são espécies muito afetadas pela redução das áreas de
florestas, levando ao declínio das populações de espécies vegetais que possuem grandes
sementes, preferencialmente dispersas por estas aves (Howe, 1984). Sugere-se aqui que
medidas de manejo incluam atenção especial para o monitoramento das populações de
plantas nativas que produzam grandes frutos com sementes grandes. Embora grandes
frugívoros possam também consumir frutos pequenos, a presença de árvores com
grandes frutos pode favorecer a colonização por aves de maior porte pela redução da
competição, já que aves pequenas têm mais dificuldade de consumir os frutos maiores
(Moermond & Denslow, 1985).
Os fragmentos situados dentro do complexo e as pequenas áreas de campos de
altitude, ainda que perturbados, apresentam potencial para abrigar populações de alguns
grupos da avifauna local e regional, embora não se saiba se essas populações são
autosustentáveis sem uma área core (ou nuclear) de onde podem imigrar alguns
indivíduos. Mas a iniciativa de implementação de áreas de proteção é uma importante
medida no sentido de manter e recuperar os hábitats necessários à sobrevivência a longo
prazo das espécies residentes ou migratórias.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
164
87: Figura - Fotos de algumas espécies de aves residentes na RPPN Alto da Boa Vista
165
Schistochlamys ruficapillus – bico-de-veludo
Empidonomus varius – peitica
Sicalis flaveola – canário-da-terra-verdadeiro
Trichothraupis melanops – tié-de-topete
Basileuterus culicivorus – pula-pula
5.3 MASTOFAUNA
INTRODUÇÃO
Minas Gerais possui aproximadamente 40% dos mamíferos não aquáticos
brasileiros, destes 16% estão ameaçados de extinção (DRUMMOND et al. 2005). Apesar
desta grande diversidade de mamíferos, existem ainda muitas lacunas no conhecimento
científico sobre a fauna de mamíferos no estado (COSTA et al. 2005).
Dentre essas lacunas podemos citar as informações escassas sobre ocorrência e
distribuição das espécies de mamíferos, contudo haverá um aumento destas informações
com o incremento no número de inventários (REIS et al. 2006). A partir destas
informações é possível propor estratégias para a conservação da mastofauna,
principalmente das espécies ameaçadas de extinção (ANDRIOLO 2006).
A ocupação e a utilização do ambiente natural imposto na área da Mata Atlântica
desde o início da colonização levaram a fragmentação deste bioma em pequenos
fragmentos pequenos e isolados. Sendo o padrão encontrado atualmente na Zona da
Mata Mineira (LOPES et al. 2002). A fragmentação e a perda da qualidade de habitat são
as principais causas da perda de diversidade, pois estas influenciam diretamente na
disponibilidade de recursos para os animais que ali vivem (CHIARELLO 1999;
CHIARELLO 2000; MORELLATO & HADDAD 2000; GRELLE et al. 2005; COSTA et al.
2005).
Na tentativa de minimizar o efeito da redução dos remanescentes florestais e
conter a perda de diversidade, a criação de Reservas Naturais tem sido incentivada,
principalmente as de caráter particular. Desta forma o objetivo deste trabalho foi
fornecer subsídios para a elaboração do Plano de Manejo da Reserva Particular do
Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, situada no Município de Descoberto em Minas
Gerais, através do levantamento da mastofauna.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
166
METODOLOGIA
Área de estudo
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista (RPPN-ABV)
localiza-se entre as coordenadas 21º 22’ 50” N e 42º 55’ 94” S, na Serra do Relógio, no
Município de Descoberto, Minas Gerais. A Serra do Relógio faz parte do Complexo da
Mantiqueira.
A RPPN Alto da Boa Vista possui uma área de 125,27 ha somando as três
certificações, sendo duas pelo IBAMA e uma pelo IEF –MG, dos anos de 1995, 2000 e
2008 respectivamente. O relevo da RPPN é muito acidentado, com variações entre 800
a 1400 metros de altitude, tendo desde áreas de brejos, devido à grande concentração de
nascentes na face da Serra do Relógio que leva para área da reserva, até um campo de
altitude nas partes mais elevadas da área (figura 1).
88: Figura – Localização da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista
com pontos de amostragens das armadilhas fotográficas.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
167
A vegetação da reserva pode ser classificada como floresta Estacional Semidecidual
segundo a classificação de VELLOSO et al (1991). A área apresenta, e sua maior parte,
uma vegetação em regeneração, devido ao histórico do uso do solo. Áreas de pastagens
e de agricultura que estão se regenerando.
Inventário da mastofauna
Para a realização do inventário de mamíferos na RPPN Alto da Boa Vista,
utilizou-se uma combinação de técnicas para maximizar o número de espécies
inventariadas em um curto espaço de tempo, essa combinação de técnicas é considerada
ideal para trabalhos de diagnósticos (SILVEIRA et al. 2003). Nesta combinação utilizouse o levantamento de nas trilhas, armadilhas fotográficas e redes de neblina, além de
relatos de moradores dados espontaneamente.
O levantamento nas trilhas através de registros diretos (visualização) e indiretos
(vocalização, pegadas, fezes e carcaças) é considerado por SILVEIRA et al. (2003) como
um método eficiente para diagnósticos. Pois, além de ser de baixo custo, o pesquisador
pode percorrer, se a área for pequena, a maior parte da área em pouco tempo. Essa
metodologia consiste em percorrer trilhas pré-existentes, trilhas recém abertas, cursos
d’água e estradas a procura de mamíferos ou dos seus vestígios. Contudo essa
metodologia privilegia espécies menos tímidas (OLIVEIRA, 2004), bem como é
necessário que o substrato seja propício para a impregnação de pegadas. Na RPPN Alto
da Boa Vista foram percorridas as trilhas pré-existentes, bem como estradas, cursos
d’água, procurando anotar qualquer vestígio que pudesse identificar um mamífero. Os
registros foram fotografados quando possível, ou desenhados, para posterior
identificação.
Uma técnica que vem sendo muito utilizada atualmente para o levantamento de
mamíferos, principalmente de médio e grande porte, é o uso das armadilhas fotográficas
automáticas (SRBERK-ARAUJO
E
CHIARELLO, 2005). Essa técnica permite inventariar
mamíferos de comportamento críptico e de hábitos noturnos (SRBERK-ARAUJO
E
CHIARELLO, 2007). Apesar dos custos é a técnica que obtém os melhores resultados em
pouco tempo (BASTOS NETO, 2009). Para essa metodologia utilizou-se quatro
armadilhas fotográficas analógicas da Marca Tigrinus® modelo 6.0C versão 1.0 (Figura
2), contudo uma das armadilhas parou de funcionar ainda na primeira campanha de
campo, sendo o trabalho finalizado com três armadilhas. Foram instaladas em locais em
168
que se verificou a presença de mamíferos anteriormente (Figura 1). Utilizaram-se filmes
fotográficos de 12 e 24 poses ASA 400 da marca Fuji filmes. As armadilhas ficaram
cerca de 15 dias em campo, depois foram retiradas para manutenção e revelação do
filme.
169
89: Figura – Armadilha fotográfica Tigrinus® instalada em campo.
Para contemplar também o grupo dos mamíferos voadores, utilizou-se a
metodologia de rede de neblina, redes de nylon de nove metros de comprimento por três
de altura (Figura 3). Estas redes foram armadas em clareias, trilhas e estradas, locais
mais prováveis de se capturar mos morcegos, pois possibilitam uma área para o vôo
além de locais com recursos alimentares disponíveis (ESBÉRARD, 1999). Foram
montadas ao entardecer e deixadas abertas por um período mínimo de seis horas, sendo
monitoradas a cada 15 minutos. Foram coletados dois exemplares de cada espécie
capturada e depositados na Coleção de Quirópteros da Universidade Federal de Juiz de
Fora, para servir como testemunho para área.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
170
90: Figura – Rede de neblina montada no interior de mata.
Foram realizadas três campanhas de campos, entre os dias 31 de outubro e 02 de
novembro de 2009; 8 a 13 de janeiro de 2010, e 8 a 11 de abril de 2010. Para cada
campanha de campo, o esforço amostral para o levantamento nas trilhas foi de 8 horas
por dia, totalizando 96 horas de esforço amostral. Para a redes de neblina o esforço
amostral foi de 14580 m2.h.
A identificação e nomenclatura das espécies seguiram REIS et al. (2006), REIS et
al. (2007), VIZOTTO E TADDEI (1973), as pegadas foram identificadas segundo o guia de
pegadas (BECKER E DALPONTE 1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram registradas 12 espécies de mamíferos silvestres distribuídas em cinco
ordens, além de duas espécies exóticas, Canis lupus familiaris (Linnaeus, 1758) e Equus
caballus (1758) (tabela 1).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
91: Tabela - Espécies de mamíferos registrados na RPPN Alto da Boa Vista, Descoberto-Minas Gerais/Brasil
Ordem
Espécie
Nome popular
Tipos de
registros
Estado de
Conservação
Carcaça,
fotografia
Fotografia
Não
ameaçada
DIDELPHIOMORPHIA
Didelphidae Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) Gambá
Marmosps sp
cuíca
Tamandua tetradactyla (Linnaeus,
1758)
tamanduámirim
tatu-do rabomole grande
XENARTHRA
Myrmecophagidae
Fotografia
Não
ameaçada
Carcaça,
fotografia
Vulnerável
171
tatu galinha
Fotografia
Não
ameaçada
morcego
Captura
Artibeus fimbriatus Gray, 1838
morcego
Captura
Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810)
morcego
Captura
coati
Fotografia
mão-pelada
Fotografia
Dasypodidae Cabassous tatouay (Desmarest, 1804)
Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758
CHIROPTERA
Phyllostomidae Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)
Não
ameaçada
Não
ameaçada
Não
ameaçada
CARNIVORA
Procyonidae Nasua nasua (Linnaeus, 1766)
Procyon cancrivorus (G. [Baron]
Cuvier, 1798)
Não
ameaçada
Não
ameaçada
RODENTIA
Não
ameaçada
Fotografia,
Não
Caviidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1758)
paca
rastros
ameaçada
Carcaça,
Não
Erethizontidae Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1822)
ouriço-caxeiro
fotografia
ameaçada
* Espécies exóticas. Os dados para classificação do estado de conservação foram obtidos através das listas de
espécies ameaçadas do MMA (2003) e Biodiversitas (2007)
Sciuridae Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901)
caxinguelê
Vestígios
Destas cinco espécies foram registradas através da metodologia de levantamento
nas trilhas, Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1820), Cabassous tatouay (Desmarest
1804), Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901), Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) e
Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1822), sendo que elas foram registradas através de
carcaças e vestígio alimentar, este ultimo foi o registro de um coquinho de indaiá com
marcas de dentes de G. ingrami. Segundo relatos dos moradores da reserva e entorno,
havia o registro da espécie de barbado, ou bugio, Alouatta clamitans (Humbolt, 1812),
porém no presente estudo esta espécie não foi registrada, fato que pode ser atribuído ao
tipo de uso do solo da propriedade antes da formação da reserva.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
A metodologia que se mostrou mais eficiente neste inventário foi a das
armadilhas fotográficas, registrando nove das dez espécies de mamíferos não-voadores
inventariadas. Dentre estas, as que obtiveram o maior numero de registros fotográficos
foram D. aurita com 15 registros; C. paca com 7 registros; S. villosus, C. tatouay,
Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 e Nasua nasua (Linnaeus, 1766) com 2 registros
cada. Cinco das nove espécies fotografadas, foram tiradas pela armadilha fotográfica
montada na base de uma palmeira Indaiá (Attalea dubia (Mart) Bur.) que estava no
período de frutificação, mostrado ser uma importante recurso alimentar.
Através da metodologia de rede de neblina foram capturadas três espécies de
quirópteros da família Phyllostomidae, Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758),
Artibeus fimbriatus Gray, 1838 e Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810).
Segue uma breve descrição sobre a distribuição e hábitos das espécies de mamíferos
registrados na RPPN Alto da Boa Vista:
 Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) (gambá comum): é uma espécie de
médio porte, com tamanho corporal variando de 35 cm a 45 cm de comprimento
e podendo pesar até 1,8Kg. Está espécie apresenta uma listra negra sobre a
fronte e uma em cada olho, a coloração da pelagem varia do marrom até o negro,
com a presença de pelos guarda brancos. São animais ornívoros, alimentando-se
desde frutos e sementes até pequenos vertebrados. Apresentam hábitos noturnos
e escansorial, vivendo próximo a cursos d’água. Esta espécie apresenta uma
tolerância a antropização, podendo até se beneficiar dela.
 Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) (tamanduá-mirim): espécie de médio
porte com tamanho corporal entre 47 cm e 77 cm, e peso até sete quilos.
Apresenta uma coloração creme até o marrom, podendo ter duas faixas pretas da
região escapular até o dorso do animal. Alimenta-se, basicamente, de formigas,
cupins, mel e abelhas, que podem ser ingeridos tanto em ninhos no solo, quanto
no topo das árvores. Possui habito predominantemente noturno. As principais
ameaças para está espécie são caça e atropelamentos.
 Cabassou tatouay (Desmarest, 1804) (tatu-do-rabo-mole-grande): espécie de
médio porte com tamanho corporal médio de 45,7 cm, e peso de 6,2 Kg. Nos
animais desta espécie o rabo não se apresenta cobertos pelos escudos dérmicos,
172
sendo assim uma característica para sua identificação. A alimentação é
constituída por formigas e cupins. Apresenta habito noturno, podendo ser vistos
ocasionalmente durante o dia. Está espécie é considerada como vulnerável pela
lista de espécies ameaçadas da MMA (2003) e Biodiversitas (2007).
 Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 (tatu-galinha): espécie de médio porte
com tamanho corporal variando entre 39 cm a 57 cm de comprimento do corpo,
e peso podendo chegar até sete quilos. A coloração e pardo escuro, apresentando
nove cintas na região mediana do corpo. A alimentação é constituída de
invertebrados, mas pode consumir material vegetal e até pequenos vertebrados.
Espécie comum em áreas florestadas, podendo habitar também regiões de
campos.
 Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) (morcego): é considerada espécie de
médio porte entre as espécies de morcegos, com antebraço podendo chegar a 44
mm, e peso de 18,5 g. Apresenta uma ampla distribuição geográfica, habitando
desde áreas bem preservadas até fragmentos florestais urbanos. Sua dieta é
basicamente frutífera, tendo preferência por plantas da família Piperaceae.
 Artibeus fimbriatus Gray, 1838 (morego): possui mediada do antebraço variando
entre 59 a 71 mm, e peso médio de 54 g. Alimenta-se primariamente de frutos,
podendo alimentar-se ainda de insetos e partes florais. Está espécie é
freqüentemente encontrada nas áreas florestadas, sendo raramente encontrado
em áreas urbanas.
 Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810) (morcego): espécie de médio porte com
antebraço medindo 44 mm e peso de 21g. É considerada uma espécie abundante
e de habito predominantemente frugívora, tendo preferência por frutos de
solanáceas. Além disso, essa espécie é considerada como indicadora de áreas
alteradas, quando encontradas em alta abundância, pois são favorecidas pela
presença das espécies de plantas pioneiras (Medellin, 2000).
 Nasua nasua (Linnaeus, 1766) (quati): espécie de médio porte medindo entre 40
a 65 cm, e pesando até dez quilos. A pelagem varia do vermelho ao marrom, e a
cauda apresenta anéis pertos. São animais de ambientes florestais, que possuem
uma dieta, que vai desde frutos até pequenos vertebrados, podendo consumir
173
cadáveres. Os animais desta espécie tem o habito de viverem em grupos, que
pode chegar até a 30 indivíduos.
 Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798) (mão-pelada): espécie de médio
porte medindo entre 40 e 100 cm e pesando cerca de dez quilos. Coloração
marrom escuro ao acinzentado, apresenta uma mascara negra ao redor dos olhos.
Vive em áreas florestais próximos a cursos d’água, banhados e lagoas, onde
captura peixes, moluscos e outros invertebrados.
174
 Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) (paca): mamífero de médio porte, podendo
chegar a 73cm de comprimento, e 9,5 Kg de peso. Alimenta-se de frutos, brotos
e tubérculos, que encontra no interior dos fragmentos florestais. São animais de
hábitos solitários, podendo formar casais. As principais ameaças a esta espécie
são a atividade de caça e a redução dos ambientes florestais.
 Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1822) (ouriço-caixeiro): espécie de médio porte
com tamanho corporal medindo entre 31 e 41cm, podendo chegar a 1,2 Kg de
peso. Os animais desta espécie apresentam uma coloração marrom acinzentado,
com pelos - guarda aculeiformes de base amarelo e região terminal preta. Vivem
em ambientes florestais, tem hábitos escansorial.
A baixa diversidade da área pode estar ligada aos seguintes fatores: 1 – ao reduzido
tamanho da área da reserva, pois segundo CHIARELLO (2000) o tamanho da área é
diretamente proporcional à diversidade de mamíferos encontrados, ou seja, quanto
maior a área maior será a diversidade. 2 – o reduzido esforço amostral, que embora
aparentemente alto (96 horas), isso não reflete em um número satisfatório em trilhas
percorridas. Em dois trabalhos feitos também na Zona da Mata Mineira, um na região
de Viçosa, no qual PRADO et al. (2008) registraram 20 espécies de mamíferos no
período de um ano de inventário. E o outro realizado por BASTOS NETO et al (2009)
registram 27 espécies de mamíferos não voadores, em um fragmento peri-urbano de
Juiz de Fora, MG, também em um ano de amostragem.
Dentre as espécies registradas na RPPN Alto da Boa Vista podemos ressaltar a
importância para Cabassous tatouay (Tatu-do-rabo-mole), Dasypus novemcinctus
(Tatu-galinha) e Cuniculus paca (paca) por serem espécies que sofrem grande pressão
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
de caça, sendo esse um dos principais fatores da extinção destas espécies (CHIARELLO
2000). Sendo que foi registrado pelo menos dois indivíduos de C. paca e C. tatouay
durante o trabalho campo. A partir da presença destas espécies pode-se sugerir a
presença de mesopredadores e predadores de topo.
Das 15 espécies encontradas no local uma está na lista de espécies ameaçadas de
extinção, sendo considerado vulnerável (MACHADO et al. 2008). Um problema
enfrentado pela RPPN Alto da Boa Vista, bem como outras Unidades de Conservação é
a invasão de espécies exóticas como o cachorro-doméstico. Segundo GALETTI E SAZIMA
(2006) tanto cães domésticos quanto gatos são considerados predadores e competidores
da mastofauna nativa, podendo levar algumas espécies a extinção.
Apesar da pequena diversidade encontrada na reserva, e da ausência de espécies de
predadores de topo, foram registrados animais herbívoros e alguns carnívoros, podendo
assim dizer que alguns processos ecológicos estão garantidos (PARDINI et al., 2006).
Sendo necessárias ações de criação de reservas naturais para a conservação da
biodiversidade que ainda restam na zona da Mata Mineira.
RECOMENDAÇÕES PARA A ÁREA
Como maneira de se conservar as espécies de mamíferos presentes na RPPN Alto da
Boa Vista recomenda-se:

Realização de estudos de médio e longo prazo visando o conhecimento da
mastofauna local, visto que a região é descoberta de inventários e apresenta
potencial para estudo e conservação da fauna de mamíferos.

Preservar os fragmentos florestais presentes dentro da reserva;

Estabelecer ligações com os fragmentos do entorno da reserva, estabelecendo-se
assim pontes e corredores florestais;

Exclusão dos animais exóticos, tais como, cachorro doméstico, gatos, gado e
cavalos da área da reserva, pois estes atuam como predadores e competidores
com a mastofauna nativa.
175

Evitar que as trilhas utilizadas para o ecoturismo seja utilizada por muitas
pessoas ao mesmo tempo, pois o ruído gerado afugentaria os mamíferos
presentes na reserva.

Realizar periodicamente curso e palestras de caráter educacional para os
visitantes e para a comunidade do entorno da reserva, voltados para o grupo de
mastofauna.
Fotografia dos mamíferos encontrados na RPPN Alto da Boa Vista, localizada na Serra
do Relógio em Descoberto, Minas Gerais.
92 - Canis lupus familiaris fotografados
pela armadilha fotográfica
94 - Tamandua tetradactyla fotografado
pela armadilha fotográfica
96 - Cabassous tatouay, fotografado pela
armadilha fotográfica
93 - Cuniculus paca fotografada pela
armadilha fotográfica
95 - Dasypus novemcinctus fotografado
pela armadilha fotográfica
97 - Marmosps sp, (cuíca) fotografado pela
armadilha fotográfica.
176
6. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
177
Pesquisas Científicas, Turismo Ecológico e Educação Ambiental
6.0 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA UC
6.1 Visitação
A RPPN Alto da Boa Vista está certificada desde o ano de 1995, ano que foi feito a
primeira das três averbações. Desde esse período que já se desenvolve a atividade do
ecoturismo como atividade alternativa de renda na propriedade. Tal fato se deve pelas
características geográficas da área que alcança em seus limites, a altitude de 1406 m,
chegando até as proximidades de um dos pontos mais altos da zona da mata mineira,
a 1434 metros, destacando-se como ponto culminante na região em um raio de 70 km.
Há de se considerar que o passeio até o local se torna um dos atrativos mais
dinâmicos da Reserva, como também outros locais aprazíveis como as cachoeiras e
quedas d’água.
Os aspectos geológicos são vislumbrantes quando se alcança o pico da Serra do
Relógio, onde se limita em águas vertentes, as sub-bacias dos Rios Novo e Pomba,
além de se constituir no local, a tríplice divisa entre os municípios de Descoberto,
Guarani e Astolfo Dutra. Observa-se com privilégio a topografia de toda a região da
zona da mata de Minas Gerais, além do mosaico das vegetações e florestas em
ambientes que ocorrem somente nessas altitudes, além da magnífica visão, em dias
com horizonte límpido, das serras do Mar, do Ibitipoca e do Brigadeiro, distantes a
100, 95 e 70 km respectivamente, como também de mais de uma dezena de
municípios do entorno da serra como Descoberto, São João Nepomuceno, Rio Novo,
Goianá, Guarani, Piraúba, Tocantins, Astolfo Dutra, Rodeiro, Cataguases, Leopoldina
e outros.
A atividade do ecoturismo se tornou forte aliada na busca da viabilização da
sustentabilidade da UC e se estabeleceu como a principal estratégia no
monitoramento da área, pois através da constate movimentação das visitações
guiadas, tornou-se possível descobrir e combater atitudes depredatórias. . Questões
como sensibilização, interpretação e educação ambiental são assuntos
constantemente abordados e discutidos pelos grupos nos trajetos, oportunidade que
faz com que as pessoas passem pela experiência de vivenciar as peculiaridades da
geografia de uma região serrana, além da oportunidade de observações da fauna e
flora em contato direto com a natureza em uma área protegida.
Desenvolve-se na RPPN, além das atividades de cunho turístico, atividades
esportivas, culturais e de divulgação do conhecimento sobre biodiversidade e
conservação dos recursos naturais para as pessoas das comunidades do entorno da
Serra do Relógio e proprietários da região, no propósito de integrá-las às ações
desenvolvidas na RPPN, o que para tanto, está disponibilizado as instalações físicas
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
178
do Centro de Apoio aos Visitantes como o Auditório, para atividades pedagógicas e
de socialização e intercâmbio com as comunidades, estudantes, pesquisadores e
visitantes, além da quadra poliesportiva para lazer e práticas de esportes. Essas
estruturas tem a finalidade de funcionar como núcleo de desenvolvimento do bem
estar social, com espaço para a realização de reuniões e atividades educacionais,
além de divulgação do ensino e conhecimento das questões ambientais e do produto
do Ecoturismo na RPPN Alto da Boa Vista.
Para os passeios ao pico da serra, são utilizados os caminhos internos da RPPN e são
conduzidos por guia experiente. A trilha de traçado em terreno íngreme é de alto grau
de dificuldade e sem sinalização, sendo estabelecido neste caso por questões de
segurança, o procedimento de agendamento prévio do dia e horário pretendidos para
a visitação,
condicionados às condições e previsões climáticas, além de
acompanhamento de guia.
Outros percursos na parte inferior da Reserva e de baixo grau de dificuldade são
realizados por pessoas e/ou grupos que não se dispõe a caminhadas longas ou
possuem restrições físicas. O trajeto é feito por estrada íngreme que leva ao mirante,
passando pela lagoa, borda da várzea e o Abrigo de Montanha, onde se percorre 1,4
km. Também a Cachoeira do Escorrega que fica a 300 m do Centro de Apoio aos
Visitantes é uma boa opção para esse tipo de perfil de visitantes.
Existem outros acessos para se chegar ao pico e são utilizados eventualmente por
pessoas e/ou grupos que partem das propriedades limítrofes localizadas nos dois
municípios que fazem divisa com a RPPN (Guarani e Astolfo Dutra). Alguns desses
grupos tem a finalidade de pernoitar no local o que também acontece com outros
grupos específicos que partem da própria RPPN Alto da Boa Vista.
6.1.1 Perfil dos visitantes
Desde a certificação da RPPN Alto da Boa Vista em 1995, que administrativamente
percebeu-se a necessidade de uma estruturação física adequada para atividades
educacionais, hospedagem, apoio operacional e oferta de alternativas de lazer aos
visitantes turistas e visitantes estudantes, atendendo assim a uma crescente procura.
Nesta ocasião iniciou-se então todos os esforços para a concretização desse objetivo
e que hoje está consolidado com o Centro de Apoio aos Visitantes, o Abrigo de
Montanha (em fase de acabamento) e a quadra poliesportiva (atualmente com piso de
terra).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
179
A maior parte dos visitantes da RPPN tem procedência de vários municípios da região,
porém também é comum receber visitantes de outras regiões e eventualmente até do
exterior. O principal motivo da maioria é a intenção de alcançar o pico da montanha, a
1434 m, que se destaca na região e é vista em vários municípios da Zona da Mata
Mineira. Outros pretendem além de realizar o passeio, acampar, andar de bicicleta,
praticar esportes ou apenas conhecer a natureza e apreciar a paisagem. A
hospedagem por um ou mais dias no Abrigo de Montanha e o passeio pelas áreas
atrativas mais baixas da Reserva como as trilhas e cachoeiras, vêm também se
estabelecendo como principais intenções dos visitantes turistas.
180
Não obstante às instalações adequadas como o Centro de Apoio aos Visitantes que
dispõe de Auditório para a realização de atividades educacionais, apto a receber
visitantes estudantes e escolas, apenas eventualmente essa visitação com objetivos
educacionais/pedagógicos tem acontecido, apesar de estar disponibilizada para esta
finalidade.
Somente em período mais recente, a dois anos, foi que adotou-se a prática de um livro
de registros de visitantes para avaliar a opinião, freqüência, procedência, interesse e
a motivação de quem vem visitar a RPPN, dados estes que serão utilizados para
controle, pesquisa e proposição de metodologias para subsidiar medidas mitigadoras
do impacto da visitação como limitação de visitantes, estruturação das trilhas,
equipamentos, infra-estrutura, etc.
6.1.2 Público Alvo
A administração da RPPN definiu duas categorias de visitantes em seu Programa de
Ecoturismo e Visitação, de acordo com as características particulares de cada
segmento, objetivando assim conduzir e disciplinar a condução das atividades:
a) Visitantes Estudantes cursando o Ensino Público Fundamental: Após contato e
programação estabelecida previamente e com o compromisso de atividades
educativas/pedagógicas (deverão estar sob o acompanhamento e responsabilidade de
professores ou responsáveis).
b) Visitantes Turistas: Voltados para o lazer familiar integrado e para outros grupos
interessados em conhecer as belezas da região com oferta de áreas para
acampamentos e hospedagem no Abrigo de Montanha, além de visitações guiadas em
trilhas nas matas e aos pontos atrativos como o mirante, o pico e as cachoeiras.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
6.1.3 Agendamento e Períodos de Visitação
A contratação dos serviços de ecoturismo direcionados para a RPPN Alto da Boa Vista
se dá através de contatos e agendamentos prévios com o gestor da área. Não há
estabelecimento de dias e horários específicos. Em relação a melhor época observase que a todo tempo há um crescente aumento do fluxo de pessoas interessadas em
participar do programa. Pode-se dizer que no verão, com um clima mais quente e um
maior volume de água nas cachoeiras, as condições para banho são mais
satisfatórias, entretanto no inverno com o clima mais ameno e com menor volume de
chuvas, as condições para camping e caminhadas ficam mais seguras.
6.1.4 Apresentação, Divulgação e Comercialização do Programa de Ecoturismo
a) Atrativos Naturais:
Caminhada ao pico da Serra do Relógio onde se avista toda a região; clima ameno de
montanha com hospedagem no Abrigo de Montanha; área de camping; nascentes,
cachoeiras, cascatas e lagoa de água pura e corrente; caminhadas pelas trilhas da
borda da várzea, pelo interior de matas nativas, mirante, cavidades naturais e tocas
sob as rochas como a gruta do paredão da serra; encostas rochosas com
bromeliáceas e orquidáceas; ambientes com vegetação nativa diferenciados como as
áreas úmidas nas florestas e em campos situados em elevadas altitudes, além de rica
fauna com destaque para a avifauna.
98: Foto do campo de altitude
99: Foto da Cachoeira do Escorrega
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
181
100: Foto da Lagoa
101: Foto da Gruta do Paredão da Serra
b) Estruturas - Físicas / Logística / Operacional:
Hospedagem em ambiente privativo (Abrigo de Montanha), traslado interno na
Reserva em veículo 4x4; assistência pessoal; quadra de esportes e Centro de Apoio
aos Visitantes.
102: Foto do Abrigo de Montanha
103: Foto do Centro de Apoio aos Visitantes
Não obstante a UC contar atualmente com modesta disponibilidade de recursos
humanos e instalações eficientes para recepção e hospedagem de visitantes, há
necessidade de adequações e acabamentos em suas edificações, como também de
melhorias nas estradas municipais que conduzem à RPPN, além de manutenções,
reparos e estruturações com equipamentos facilitadores nas trilhas e acessos internos
aos pontos atrativos da Reserva. Ainda assim a condução e o desenvolvimento da
atividade do turismo ecológico, está sendo conduzida satisfatoriamente, adaptando-se
às condições existentes e com uma demanda cada vez maior de pessoas de diversas
cidades da região e de diferentes níveis sociais, que se interessam, entram em contato
e acabam por vir a conhecer a RPPN e a região da Serra do Relógio. Constata-se que
mesmo com as atuais condições, a atividade está logística e estruturalmente
estabelecida. Foram erguidas duas estruturas físicas: uma ampla casa para hospedar
visitantes turistas e eventualmente pesquisadores, a qual é chamada de “Abrigo de
Montanha” (localizada na cota altimétrica de mil metros) e também um Centro de
Apoio aos Visitantes (este na cota de 890 metros, ao lado da sede) para recepcionar
os visitantes e estudantes, estando esta edificação disponibilizada para reuniões com
a comunidade, a qual é dotada de um salão / auditório, escritório / biblioteca, vestiários
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
182
e quadra poliesportiva. Essas estruturas conduzem os efluentes domésticos gerados
para as duas Mini Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), construídas para evitar
a poluição dos cursos d’água.
183
104: Folder do Programa de Ecoturismo da RPPN Alto da Boa Vista
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
c) Divulgação:
A divulgação vem sendo realizada em eventos de referência ao Turismo e Meio
Ambiente no Estado de Minas Gerais (Salão do Turismo / Secretaria Estadual de
Turismo, Circuitos Turísticos Caminhos Verdes de Minas), como também em cursos,
seminários e congressos nacionais, estaduais e regionais relacionados à questão
ambiental e às RPPN’s (IBAMA / ICMBio / Instituto Estadual de Florestas de Minas
Gerais – IEF MG / Associação de RPPN’s e Reservas Privadas de Minas Gerais –
ARPEMG / Semana da Biologia da Universidade Federal de Juiz de Fora / Grupo
Brasil Verde – GBV), além de outros estados da federação como São Paulo
(Exposição Viva a Mata da Fundação SOS Mata Atlântica). Também ocorreram
citações na imprensa escrita e participações em publicações literárias (Livro Minha
Terra Protegida, Aliança para a Conservação da Mata Atlântica, 2007 SP; Anais do Iº
Encontro para a Conservação da Natureza, Centro Mineiro Para a Conservação da
Natureza / Departamento de Engenharia Florestal / Universidade Federal de Viçosa
CMCN/DEF/UFV 2007, Viçosa-MG); apresentações sobre a UC e suas atividades em
estabelecimentos de ensino, em comitê regional de bacia hidrográfica (Paraibuna-Rio
Preto), além de campanhas informais permanentes e principalmente através de
contatos pessoais, atendendo por correio eletrônico e por telefone sempre que
solicitado por instituições, pessoas e grupos em diversos municípios da região. A
RPPN possui também um site na internet www.serradorelogio.com; realiza a
distribuição dirigida de folders; foi divulgada em revistas conceituadas sobre meio
ambiente e conservação da natureza, em artigos de jornais da região, em vídeos
informativos da Reserva, além de reportagens na imprensa televisiva sobre as
atividades do turismo ecológico na Unidade de Conservação e a Serra do Relógio.
105: Figuras de Publicações de Divulgação da RPPN Alto da Boa Vista
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
184
6.1.5 Medidas de Manejo do Impacto da Visitação
Destaca-se que foi através da pioneira atividade do ecoturismo na RPPN e da
constante movimentação das visitações guiadas é que foi possível identificar,
monitorar e combater nos limites da área, atitudes depredatórias que ocorriam e que
eventualmente ainda ocorrem como corte e extrativismo de espécies da flora, além de
caça e captura de animais silvestres. Além disso, a atividade do turismo ecológico,
tornou-se grande aliada no processo educativo, uma vez que os visitantes turistas e
visitantes estudantes ficam motivados a formar ou ampliar uma consciência ambiental.
A caminhada ao pico da serra pelos caminhos que partem da RPPN Alto da Boa
Vista, deverá ser realizada sempre acompanhada por guia local, sendo restrita aos
visitantes maiores de idade. Os visitantes de menor idade deverão estar
condicionalmente acompanhados dos pais ou responsáveis, ressaltando que a
excursão fica também condicionada às condições climáticas favoráveis. Após o
agendamento da realização do passeio, os excursionistas recebem pessoalmente
instruções e informações preliminares (conforme consta no folder) de normas e
princípios de conduta consciente em ambientes naturais como planejamento,
segurança e os cuidados que se deve ter com o ecossistema local, como também
orientações de se percorrer somente os locais onde existem as trilhas já
estabelecidas. Recebem informações também quanto ao tempo de percurso, a levar
seu próprio lanche e garrafa de água, além das vestimentas adequadas e a trazer o
próprio lixo ao retornarem do passeio para serem destinados ao local apropriado. Os
resíduos sólidos são separados, armazenados e encaminhados para a reciclagem.
Durante o trajeto, realizam-se explanações sobre a RPPN e outras UC’s existentes na
região como a Reserva Biológica Represa do Grama e a própria Serra do Relógio, no
que concerne às características do relevo, hidrografia, espécies da fauna e da flora,
visando assim sensibilizar os visitantes para a questão ambiental. Nesse sentido,
objetiva-se promover o Turismo Ecológico aliando a Educação Ambiental através da
prática de atitudes e da interação com os ambientes naturais, além de fomentar o
turismo responsável dentro dos critérios e padrões inerentes a esta atividade.
Para garantir a manutenção da atividade com segurança e sustentabilidade, foram
estabelecidas normas e regras específicas de manejo que são aplicadas visando uma
conduta adequada das pessoas principalmente nas trilhas que ainda não dispõe de
sinalização e equipamentos facilitadores, apesar de se fazerem necessários em
alguns pontos como por exemplo na Cachoeira do Escorrega, que tem necessidade de
instalação de corrimão e escadas.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
185
Normas e regras de conduta aos visitantes. Não se permite:
-
extrair plantas nativas;
molestar ou capturar animais silvestres;
a entrada de menores desacompanhados do responsável legal;
a introdução de animais domésticos, balões ou fogos de artifício;
o uso de facões, fogueiras e equipamentos de som em altura incômoda ou
que produzam ruídos agressivos ao ambiente;
o descuido com o lixo, detritos ou vestígios pelas cachoeiras, trilhas e
dependências
desmazelo às áreas de serviços e dependências físicas comuns dos
visitantes turistas e visitantes estudantes;
falta de respeito e consideração às pessoas que residem na comunidade e
que eventualmente possam estar prestando algum serviço à RPPN;
gravar ou grifar em pedras, troncos de árvores e marcos, bem como nas
benfeitorias;
o desrespeito aos horários habituais de descanso e silêncio comuns no
cotidiano da maioria das pessoas.
Além disso, realizou-se um levantamento preliminar para regular e dimensionar o
número de visitantes turistas e visitantes estudantes com o objetivo de minimizar o
impacto que pode ocorrer nas trilhas com a intensidade das visitações. Também
aferiu-se a disponibilidade espacial das estruturas físicas disponíveis como o Auditório
do Centro de Apoio aos Visitantes e o número de quartos e leitos do Abrigo de
Montanha, incluindo também a capacidade de suporte da área de camping, para que
não ocorra situações eventuais de número excessivo de usuários nas instalações e
para que se evite maiores impactos nas trilhas e no ambiente em geral.
-
Para a instalação de barracas na área de camping (próxima ao Centro de
Visitantes), o número é limitado a sete barracas ou vinte pessoas.
A capacidade de leitos do Abrigo de Montanha é de vinte pessoas.
O número de excursionistas para o passeio ao pico da serra é de grupos de
20 a 30 pessoas, orientados por guia local.
Para o pernoite no pico é estabelecido que os grupos devem ser reduzidos,
de até 10 pessoas.
A capacidade do Centro de Apoio aos Visitantes para atividades
educacionais é de grupos de no máximo 30 pessoas, acompanhadas pelos
professores ou responsáveis.
O sistema de trilhas existentes oferece alternativas de diferentes rotas a pontos
atrativos distintos, de acordo com a condição física e disposição dos usuários, o que
permite uma alternância e uma oferta de outros pontos de visitação. Atualmente as
trilhas existentes não possuem placas interpretativas e sinalizadoras (excetuando-se
duas grandes placas indicativas da RPPN, que respectivamente se localizam na
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
186
estrada próxima ao Centro de Apoio aos Visitantes da RPPN e no início da trilha da
borda da várzea).
Há também a possibilidade de se percorrer de carro outros percursos (de estradas
internas) como a estrada que leva ao Abrigo de Montanha e ao Mirante, porém, nestes
trechos somente é permitido o trânsito de veículos que possuem tração 4x4.
As estradas e trilhas da propriedade e da RPPN Alto da Boa Vista usadas para
passeios, são classificadas de acordo com as suas características físicas, grau de
dificuldade e tempo de percurso:
187
Dificuldade
Classificação
- Grau 
Caminhadas Suaves
30 a 90 minutos
- Grau  Médio
Percurso com pequenos obstáculos
45 a 90 minutos
- Grau  Alto
Terrenos acidentados e íngremes
04 a 06 horas
Baixo
Tempo de Percurso
Fonte: com base em Arnt (s/ data).
As trilhas definidas como de Grau , são indicadas para caminhadas suaves e nos
locais próximos ao Centro de Visitantes; as trilhas de Grau , são aquelas com
pequenos obstáculos e mais distantes como o Mirante e as trilhas de Grau , além da
dificuldade apresentada pelo traçado percorrido em terrenos acidentados e íngremes,
demandam um tempo bem superior para se completar o percurso (ex: ida e volta ao
pico da Serra).
A manutenção das trilhas é realizada apenas quando se tornam necessárias, ou seja,
quando a passagem está sendo impedida pela queda de galhos de árvores por
exemplo. O critério que se adota para intervenções é o de mínimo impacto, o que
significa retirar ou podar apenas o necessário para a passagem das pessoas em linha,
pois naturalmente há pontos de alargamento ao longo das trilhas.
No curso da trilha do cume da serra, adota-se somente a poda de espécies que
eventualmente ocorrem ou tombam para dentro das trilhas como gramíneas (capim
navalha e capetinga) e espécies de bambus como criciúma e taquara. A limpeza
propriamente dita não é realizada, pois como o terreno é muito íngreme, as próprias
árvores de baixa estatura que existem neste ambiente (já acima da cota de 1.100 m),
auxiliam no equilíbrio do corpo durante a subida. Além disso, quando se utiliza uma
das duas vias existentes para se alcançar o topo da serra, a via 1, o percurso passa
pelas divisas com a propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha,
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
propriedade que está diretamente interligada à RPPN Alto da Boa Vista em se
tratando da localização das estradas e nascentes, as quais, dependem uma da outra
em relação a essas características, pois há servidões de passagem de caminhos, de
estradas, de linhas para abastecimento de energia elétrica e de captação d’água entre
ambas. Portanto, terminantemente não é permitido aos visitantes, o porte e a
utilização de facões no interior da RPPN. Quando se alcança o pico, há ainda a linha
de divisa em águas vertentes com os municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo
Dutra, inserindo-se no local, outras propriedades limítrofes destes municípios. Nesse
sentido, a responsabilidade pelo zelo do local é de todos que para lá se deslocarem.
188
6.2 Proteção e Fiscalização
Ações de proteção e fiscalização são realizadas individualmente pelo gestor da RPPN,
obtendo sempre o auxílio, quando necessário, de autarquias e órgãos diretamente
envolvidos como Prefeitura Municipal de Descoberto, Defesa Civil, Polícia Ambiental,
Corpo de Bombeiros, Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, IBAMA, ICMBio
e Ministério Público. Atividades delituosas como caça e extrativismo que
esporadicamente ocorriam na UC (e que eventualmente ainda podem ocorrer), tiveram
imediata interferência de membros dos orgãos fiscalizadores, ao serem comunicados
e solicitados. Tais acontecimentos resultaram em um maior respeito e consideração
por parte da população e também pelos moradores do entorno da RPPN e da região
da serra, não obstante a lamentáveis acontecimentos como o incêndio florestal que
dizimou a face norte da Serra do Relógio, município de Guarani em 02 de outubro de
2011, quando 2/3 das áreas destinadas para o futuro Parque Natural da Serra do
Relógio foram atingidas pelo fogo após mais de 10 anos em franca regeneração e sem
esse tipo de ocorrência.
106: Foto do incêndio florestal evidenciando área atingida no interior da área proposta
para o Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, município de Guarani
Atividades incompatíveis eventualmente estão sujeitas a acontecer como o corte da
palmeira de indaiá e a coleta de espécies da flora. Já houve ocorrências também de
atitudes desrespeitosas aos disciplinamentos estabelecidos para a condução do
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
programa de ecoturismo, como o uso de fogueira e posse de facão. Até a algum
tempo atrás, esporadicamente ocorria a invasão de gado em uma passagem a uma
altitude de 1.100 m, fato que foi comunicado aos confrontantes (Aielci e José de Souza
Almeida) e solicitado aos mesmos que fizessem o devido cercamento de suas
pastagens para impedir a continuidade do fato.
6.3 Pesquisa e Monitoramento
189
As pesquisas realizadas até o presente no Meio Biótico foram apenas às relacionadas
à vigente Elaboração do Plano de Manejo da RPPN que são da flora (botânica) e da
fauna (mastofauna, avifauna e herpetofauna). Também foram feitas mais pesquisas de
fauna na UC por ocasião dos levantamentos para a elaboração do Plano de Manejo do
Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, pois seus limites chegam às
proximidades da RPPN. Além dessas, uma solicitação foi encaminhada e autorizada
para a pesquisa na UC visando estudos de tese de Doutorado:
- Guilherme do Carmo Silveira: Estudos de Tese de Doutorado em Ecologia e
Recursos Naturais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF / Campos
- RJ: Pesquisa do Impacto da Fragmentação Florestal sobre a riqueza, abundância,
diversidade e sazonalidade da Euglossina Latreille (Hymenoptera: Apidae) na micro
região da Serra do Relógio, englobando áreas no interior da RPPN Alto da Boa Vista.
Formação: Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdades Integradas de
Cataguases – FIC , Cataguases / MG; Mestrado em Ecologia e Conservação dos
Recursos Naturais , Universidade Federal de Uberlândia – UFU , Uberlândia / MG.
Especialidade: Ecologia e Conservação das abelhas da sub tribo Euglossina Latreille
E-mail: [email protected]
Outras pesquisas já realizadas sobre a RPPN que integraram Monografias e Livros de
Anais de Congresso:
- Monografia apresentada pela aluna Maria Madalena Pereira Damasceno da
Faculdade de Ciências Gerenciais Padre Arnaldo Janssen em julho de 2009 intitulada
“Análise das dificuldades enfrentadas pelos Proprietários das Reservas Particulares do
Patrimônio Natural para administrá-las”, visando a obtenção do título de Bacharel em
Administração;
- Monografia apresentada pela aluna Rejane Cristina Diniz, aluna do curso de
Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte, intitulado “ O
processo de criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN “, 2010.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
- Livro “Minha Terra Protegida” que narra histórias de Proprietários de RPPN’s na
Mata Atlântica (Aliança para a Conservação da Mata Atlântica, 2007 - São Paulo);
- Anais do Iº Encontro para a Conservação da Natureza, Centro Mineiro para a
Conservação da Natureza - CMCN / Departamento de Engenharia Florestal - DEF /
Universidade Federal de Viçosa - UFV, 2007, Viçosa - MG).
A diversificação de ambientes e ecossistemas no interior da área da Reserva,
caracterizada pela sua variação altitudinal, demonstra o grande potencial para estudos
da fauna e da flora entre outros, como estudos
hidrológicos e estudos de
monitoramento de impacto da visitação, além de pesquisas que visem auxiliar
trabalhos de reflorestamento e de avaliação da evolução natural de remanescentes
florestais, o que vem ocorrendo na RPPN Alto da Boa Vista a duas décadas.
Em relação a fauna, existem espécies distintas e bioindicadoras de qualidade da água,
como cágados, caranguejos e o peixe cambeva, além dos moluscos que habitam as
proximidades das áreas de várzeas ou ecótonos. Da vegetação, destacam-se as
orquidáceas e bromeliáceas que ocorrem nos campos de altitude e encostas
rochosas.
Para atividades de pesquisa, a administração da RPPN requer: análise e aprovação
do tema a ser abordado, protocolo de pesquisa, hipóteses do trabalho e
posteriormente o envio para a apreciação e licenciamento dos órgãos ambientais
competentes (ICMBio e IEF-MG).
A Reserva dispõe de alojamento que eventualmente poderão ser utilizados para os
pesquisadores, além de instalações como o Centro de Apoio aos Visitantes e
disponibilidade de serviços de guia de campo. As pesquisas que buscam a
conservação da RPPN e os estudos para identificação de sua biodiversidade são
incentivadas.
6.4 Sistema de Gestão
A RPPN Alto da Boa Vista faz parte do “Programa de Ecoturismo na Serra do Relógio”
que tem como Gestor o Estabelecimento Agropecuário Fazenda Alto da Boa Vista.
Implantado em toda extensão da área da propriedade, este projeto visa desenvolver o
Turismo Ecológico aliado à Educação Ambiental, a visitação controlada das áreas
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
190
preservadas e o turismo rural ambientalmente corretos, financeiramente sustentáveis,
culturalmente interessantes, socialmente justos e humanamente saudáveis.
A política adotada pelo projeto consta de:
- Preservar o ecossistema utilizando o manejo sustentavel dos recursos naturais no
gerenciamento das atividades de lazer, esporte, cultura e estudos científicos
disponibilizados aos pesquisadores, estudantes, visitantes e ecoturistas, com a
garantia primordial da conservação da biodiversidade.
191
Os compromissos assumidos pelos seus gestores são:
a) Ordenamento lógico das ações, visando um ecoturismo sustentável, com
visitação limitada e tecnicamente orientada;
b) Incentivar a pesquisa em áreas preservadas;
c) Incentivar o respeito e o carinho pela natureza;
d) Desenvolver técnicas para valorizar o uso adequado dos recursos naturais;
e) Difundir a educação ambiental;
f) Disponibilizar a quadra poliesportiva para a comunidade e estimular a prática
de esportes coletivos;
g) Integrar diferentes setores da comunidade local e regional nos projetos
desenvolvidos;
h) Trazer recursos financeiros para a melhoria dos padrões socioeconômicos
regionais;
i) Participar das atividades organizadas pela comunidade;
j) Integrar o ecoturismo seguro e ambientalmente correto com atenções à saúde;
k) Tranquilidade em ambiente particular, com privacidade e assistência pessoal;
6.5 Pessoal
A RPPN Alto da Boa Vista é administrada por seus proprietários Helvécio Rodrigues
Pereira Filho, técnico agropecuário e Adélia Rinco Barbosa, zootécnica e professora.
De uma forma modesta, mas com determinação e afinco, são conduzidas todas as
atividades relacionadas ao Programa de Ecoturismo e as tarefas cotidianas da
propriedade e da RPPN Alto da Boa Vista como manutenção, divulgação,
agenciamento, guiagem, captação de recursos, execução de projetos, etc.
Não há até o momento outras pessoas contratadas nem cedidas por meio de parcerias
com instituições do poder público, organizações não governamentais, instituições de
pesquisa e ensino, empresas e nem outros casos.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
6.6 Infra-estrutura
A muitos anos que todos os esforços da administração estão direcionados para a
consolidação das infra-estruturas mínimas necessárias para serem disponibilizadas ao
desenvolvimento da atividade do Turismo Ecológico na RPPN. Na concepção do
planejamento para a implantação das estruturas do programa de visitação,
considerou-se que elas seriam erguidas próximas às áreas onde já existiam
construções, ou seja, em dois dos cinco blocos das áreas de exploração.
192
107: Figura/Planta do Auditório/Biblioteca do CV
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
193
108: Figura da Planta dos Banheiros Masculino / Feminino do “Centro de Apoio aos
Visitantes”
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
194
109: Figura da Planta do Abrigo de Montanha – 1º pavimento
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
195
110: Figura da Planta do Abrigo de Montanha – 2º pavimento
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
6.6.1 Cercas
Os limites da RPPN são delimitados por um perímetro de 6.077,92 metros
correspondentes à área total do estabelecimento rural “Fazenda Alto da Boa Vista”,
incluindo as áreas de exploração (5 blocos) e as áreas de RPPN, que ocupam 90%
da área da propriedade. Nos trechos em divisas de propriedades com pastagens, há 2
km de cercas de arame farpado, sendo que no restante deste perímetro as
confrontações são divisas naturais e em águas vertentes.
196
6.6.2 Sinalização e Identidade Visual
Há duas placas de referência da Reserva. A primeira se localiza à margem da estrada
próxima à chegada da sede e Centro de Apoio aos Visitantes e a segunda situa-se no
interior da RPPN, nas bordas da várzea próxima ao Abrigo de Montanha. Esta última
está voltada para o cume da Serra do Relógio. Ambas possuem 2,50 x 1,50.
111: Foto da placa na chegada
da RPPN Alto da Boa Vista
112: Foto da placa situada à margem da
várzea
Para a promoção do caráter educativo relacionado à área e às atividades propostas na
Reserva, estão expostos no Auditório do Centro de Apoio aos Visitantes, banners
informativos sobre a caracterização geológica, bioma e ecossistemas da RPPN, além
de mapas e fotos aéreas da Região da Serra do Relógio que enfocam suas altitudes e
localização geográfica. Não há por enquanto placas informativas / educativas nas
trilhas e pontos atrativos.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
197
113: Figuras dos banners da caracterização física e biótica da RPPN
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
6.6.3 Trilhas
A RPPN possui uma diferença altimétrica de 590 metros, entre as cotas 816 e 1406
metros, entrecortados por sete cursos d’água. Suas trilhas, parte integrante do
Programa de Ecoturismo, estão delineadas em função dos atrativos naturais,
principalmente das cachoeiras e pontos de altitudes elevadas. Diante da riqueza da
biodiversidade existente no interior da RPPN e da vulnerabilidade da área e
adjacências, a trilha do pico é considerada por experiência da administração como
estratégica para o controle, monitoramento e proteção da integridade física do setor
norte/nordeste da Reserva, pois constitui a trilha de melhor acesso pela face sul (lado
do município de Descoberto) para se alcançar o pico da Serra do Relógio, local onde
eventualmente pode ocorrer invasões e extrativismos da flora.
Conforme demonstrado no mapa detalhado da RPPN Alto da Boa Vista – I e II,
confeccionado para embasamento da elaboração do Plano de Manejo da UC, abaixo
se descreve as características das trilhas existentes:
a) Trilha 1 do Pico da Serra do Relógio / via Travessia da Nascente:
A partir do Abrigo de Montanha seguindo pela estrada do Mirante após uma
curva meandrante. Inicia-se nas coordenadas
UTM 7635123 - 23K
0714483, a 1030 metros de altitude pela margem direita da estrada. Percorrida
em terreno íngreme com Grau  – Alto de dificuldade e com uma extensão
de 1.350 metros, o percurso de ida e volta é realizado em uma média de 4 a 6
horas. A condução é realizada por guia experiente e com agendamento prévio.
Os grupos são limitados e voltados para pessoas adultas. Não dispõe de
equipamentos facilitadores e o nível de acessibilidade expõe a riscos de
quedas. Objetivo: Uso recreativo; caminhadas pela mata para observação de
espécies da fauna e da flora, visão do ponto mais alto da região onde se avista
a 70 km a serra do Brigadeiro, a 95 km a serra de Ibitipoca e a 100 km a Serra
do Mar. Opções no trajeto para o pico: há alternativa por outras duas vias, a via
da Gruta do Paredão da Serra e a via do Paredão das Bromélias. O uso da
trilha é condicionado às condições climáticas favoráveis.
b) Trilha 2 do Pico da Serra / via Gruta do Paredão:
Inicia-se no mesmo ponto percorrendo a trilha até o “baixadão da serra”. Neste
local, próximo ao curso d’água, de coordenadas UTM 7635474 23K 0714020 a
1224 metros de altitude, deixa-se a trilha 1 do pico da serra e toma-se a trilha
da direita, subindo paralelamente o curso d’água por 30 metros. Percorrida em
terreno bastante íngreme com Grau  – Alto de dificuldade, a Gruta está 170
metros distante. Como opção para se chegar ao pico, passando-se pela gruta,
este trajeto consta de mais 300 metros adiante da Gruta para se chegar ao
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
198
pico. O tempo de percurso é proporcionalmente o mesmo em todos os três
trajetos. A passagem por essa via é restrita à presença de guia, contato prévio,
número limitado de pessoas e recomendada somente para adultos sem
restrições físicas. Não dispõe de equipamentos facilitadores e o nível de
acessibilidade expõe a riscos de quedas. Objetivo: Uso recreativo; caminhadas
pela mata para observação de espécies da flora, fauna e de cavidades naturais
das formações rochosas, visão longínqua do horizonte no ponto mais alto da
região da Zona da Mata Sul Mineira. O uso da trilha está condicionado às
condições climáticas favoráveis.
c) Trilha 3 do Pico da Serra / via Paredão das Bromélias:
Situada na extremidade nordeste da RPPN, local que necessita ser monitorado
devido à riqueza de espécies botânicas como bromeliáceas e orquidáceas que
ocorrem nessa área distinta e vulnerável da Reserva. É uma terceira via
alternativa para o alcance do cume da serra, onde se vislumbra uma
impressionante elevação rochosa, lateral aos limites da RPPN, repleta de
espécies da flora, principalmente as bromeliáceas da espécie “alcantarea
imperialis” (bromélia imperial). O trajeto para o pico por essa via, é realizado
partindo do interior da UC e segue pelos seus limites em divisas com três
propriedades localizadas no município de Astolfo Dutra. O caminho segue pelo
“baixadão” da serra, seguindo à direita (local onde se localiza a bifurcação dos
trajetos das vias 1, 2 e 3 para o pico). Neste ponto onde se têm as
coordenadas UTM 7635469 / 23K 0714077, a 1229 metros de altitude,
transpõe-se logo à frente a nascente mais alta da microbacia da várzea da
RPPN, nas coordenadas UTM 7635510 / 23K 0714119, a 1230 metros de
altitude. Segue-se adiante à esquerda em águas vertentes, por trilha bastante
íngreme pelas divisas com a região da “Água Limpa”, no Município de Astolfo
Dutra. Neste percurso, a partir do baixadão, consta de mais 600 metros até
chegar ao pico da serra, trajeto que também é limitado para o número de
pessoas, restrito a adultos sem limitações físicas, com a presença de guia,
agendamento prévio e condições climáticas favoráveis. Nível de acessibilidade:
não dispõe de equipamentos facilitadores e expõe a riscos de quedas.
Objetivo: Uso recreativo; caminhadas pela mata para observação de espécies
da flora e fauna, beleza cênica e alcance do cume da serra.
d) Trilha da Borda da Várzea:
Localizada no entorno da área do grande brejo / várzea, próxima ao Abrigo de
Montanha. Inicia-se nas proximidades do Abrigo de Montanha pela margem
direita da estrada. Percurso de 500 metros com pequenos obstáculos de Grau
 – Médio, com tempo aproximado de 45 a 60 minutos. Acessibilidade: sem
restrições. Condução: guia local. Objetivo: uso educacional e recreativo com
caminhadas pelas proximidades dos mananciais e cursos d’água contribuintes
dessa área de recarga hídrica, além da observação da fauna e flora.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
199
e) Trilha da Carroça:
Essa trilha consta de parte de um percurso opcional à estrada de acesso ao
Abrigo de Montanha e Mirante. Ela é paralela à estrada e com menor
aclividade, iniciando-se à direita no último trecho mais íngreme de subida para
se chegar à região da várzea. Consta de um caminho antigo, margeando uma
extensa grota localizada abaixo e segue até encontrar a trilha da borda da
várzea. Sua extensão é de 160 metros com Grau  – Baixo de dificuldade.
Acessibilidade: sem restrições. Objetivo: Para quem está caminhando, significa
um atalho pois evita-se a última e maior subida da estrada de acesso ao Abrigo
de Montanha.
f)
Trilha do Lago:
A partir da porteira branca na estrada de acesso ao Mirante, seguir a direita por
outra estrada existente que atravessa a Área de Exploração 3, de 3,92 ha, que
é utilizada para o plantio de eucaliptos. Ao chegar ao riacho, seguir à direita
para se chegar ao lago. Percurso: 100 metros de estrada e mais 20 metros de
trilha às margens do canal que conduz a água para o lago. Partindo do Centro
de Apoio aos Visitantes, chega-se em média com 20 minutos de caminhada
sem obstáculos, com Grau  – Baixo de dificuldade. Acessibilidade: sem
restrições.
g) Trilha da Cachoeira da Laje dos Jequitibás:
Existem dois acessos a esta Cachoeira. No acesso 1, a trilha parte do Centro
de Apoio aos Visitantes, transpondo dois cursos d’água até chegar à Área de
Exploração 1, de 3,88 ha que também é utilizada para plantio de eucaliptos. A
cachoeira da Laje dos Jequitibás se localiza no próximo curso d’água após
atravessar em nível, a extensão dessa área. Percurso: 300 metros com
pequenos obstáculos, percorridos em até 30 minutos com Grau  – Médio de
dificuldade. Nível de acessibilidade: risco de quedas na cachoeira. Objetivo:
uso recreativo e educacional, observação da fauna e flora.
No acesso 2, o caminho para a cachoeira situa-se nas proximidades da
chegada da Reserva, margem esquerda da estrada sentido Descoberto –
RPPN, após a passagem pelo primeiro curso d’água, nas coordenadas UTM
7634250 / 23 K 0714039, na altitude de 844 metros. Percurso: neste ponto,
seguir em direção ao interior da Área de Exploração 1, de plantio de eucaliptos,
percorrendo 80 metros de estrada e mais 120 metros de trilhas em terreno
íngreme. Partindo do Centro de Apoio aos Visitantes pela estrada municipal,
este trajeto é realizado em 30 minutos com Grau  – Médio de dificuldade.
Nível de acessibilidade: risco de quedas na cachoeira.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
200
h) Trilha da Cachoeira do Escorrega:
A mais bonita e de maior volume d’água da RPPN. Está a 200 metros do
Centro de Apoio aos Visitantes e a 15 minutos de caminhada. O acesso é por
uma trilha que fica à direita após a primeira ponte da estrada municipal que
corta a RPPN, partindo do Centro de Apoio aos Visitantes, e que segue em
direção à comunidade da Grama. Grau de dificuldade  – Baixo. Nível de
acessibilidade: não possui equipamentos facilitadores suficientes (escadas),
apenas uma corda que expõe a riscos de escorregões na trilha e descida de
acesso, como também requer cuidados para evitar quedas na cachoeira.
Objetivo: uso recreativo e educacional com visão frontal da cachoeira, além de
oportunidades de observação da fauna e flora.
i)
Trilha da Cascata da Toca:
Trata-se do mesmo curso d’água da Cachoeira do Escorrega e se localiza 110
metros a jusante da mesma, porém seu acesso se faz por outro caminho. A
trilha se localiza na margem esquerda da estrada, sentido RPPN / Descoberto,
a 120 metros do Centro de Apoio aos Visitantes, percorrendo-se a partir de seu
início, uma descida íngreme de 60 metros em um tempo de 20 minutos
aproximadamente do CV. Nível de dificuldade: Grau 
– Médio.
Acessibilidade: não possui equipamentos facilitadores, há risco de quedas e
escorregões na trilha. Objetivo: uso recreativo e visão da cavidade natural
(toca).
6.7 Equipamentos e Serviços
a) Rádio Comunicação:
- Possui três Estações Fixas: Centro de Apoio aos Visitantes, Casa Sede e
Abrigo de Montanha.
- Sistemas de Transmissão: duas antenas direcionais de 3 elementos, uma
antena unidirecional, uma antena “L” e uma antena móvel.
- Equipamentos de Rádio Fixos: Três rádios Cobra 148 GTL.
- Equipamentos de Rádio Móveis: Um veicular da marca Cobra 22 Plus e dois
portáteis tipo HT MIDLAND de 22 canais.
b) Mobiliário de Auditório / Escritório:
-
14 cadeiras de sala de aula
01 computador
03 Armários
05 Mesas
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
201
c) Equipamentos de áudiovisual e outros:
-
Uma televisão com sinal através antena de parabólica
Um DVD
Uma geladeira
Um freezer
d) Veículos:
- 1 Utilitário Camionete Toyota Bandeirante, ano 1982, carroceria de madeira
- 1 Jeep Gurgel, ano 1982, capota de lona
- 1 Motocicleta , ano 2007, Honda TITAN 150 cc
e) Equipamentos de comunicação:
- Um telefone celular
- Uma antena de celular externa Aquarius
- Internet (modem)
Para o Programa de Ecoturismo explorado na RPPN, existem os serviços de guiagem
aos pontos atrativos da Reserva, área para acampamento e hospedagem no Abrigo de
Montanha, onde as formas de uso funcionam atualmente com os hóspedes
reservando e ocupando os quartos e suítes, porém utilizando em comum de outras
áreas da casa como varandas e cozinha. Atualmente não há instalações adequadas
na sede para operacionalizar os serviços de alimentação aos visitantes, porém o
Abrigo de Montanha está estruturado, servido por energia elétrica, dispondo de
televisão com recepção de sinal através de antena parabólica, fogão a gás e a lenha,
forno e todos os utensílios domésticos utilizados na cozinha, além de geladeira e
freezer para o armazenamento e conservação de produtos alimentícios para
suprimento dos ocupantes da casa.
Para o Programa de Educação Ambiental voltado para as Escolas, a administração da
Reserva estimula as atividades e disponibiliza as instalações físicas do auditório do
Centro de Apoio aos Visitantes, bem como apóia a realização de estudos e pesquisas
científicas, desde que autorizada pelos órgãos ambientais e a efetiva celebração de
acordos e convênios com profissionais capacitados das áreas afins e com as
Instituições de Ensino Superior.
6.8 Recursos Financeiros
A RPPN Alto da Boa Vista e todas as suas estruturas físicas do programa de
ecoturismo são mantidas com recursos próprios através das atividades profissionais
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
202
de seu gestor, da produção do estabelecimento rural Fazenda Alto da Boa Vista e
também através da renda das atividades do turismo ecológico.
6.9 Formas de Cooperação
As parcerias de apoio financeiro conquistadas até o presente momento foram
consolidadas através do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do
Patrimônio Natural da Mata Atlântica, coordenado pelas organizações não
governamentais Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica
(SOSMA) e The Nature Conservancy (TNC), advindos com a seleção de três
propostas encaminhadas e aprovadas em Editais lançados pelo Programa, sendo
celebrado “Contratos de Colaboração para a Conservação” com a Fundação SOS
Mata Atlântica, sendo eles:
- IV Edital / 2004 – Projeto de Gestão: “Alternativa e Estratégia na RPPN Alto
da Boa Vista” (os recursos contemplaram a construção de um Centro de Apoio
aos Visitantes);
- V Edital / 2006 – Projeto de Criação de RPPN: “Ampliação da Área da RPPN
Alto da Boa Vista”
- VII Edital / 2009 – Projeto de Gestão: “Elaboração do Plano de Manejo da
RPPN Alto da Boa Vista”
Através dessas parcerias, houve uma dinamização da atividade com os investimentos
realizados, em especial os recursos do IV Edital que contemplou a construção do
“Centro de Apoio aos Visitantes”, possibilitando a edificação de uma estrutura física
essencial destinada para as atividades educacionais e apoio aos visitantes da
Reserva, além de servir também como setor administrativo.
114: Figura de Fotos do Centro de Apoio aos Visitantes
Além do apoio financeiro do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do
Patrimônio Natural da Mata Atlântica para os projetos elencados, o empreendimento
“Programa de Ecoturismo da RPPN Alto da Boa Vista”, contou com auxílios
substanciais de pessoas e instituições para divulgação e comunicação, aprendizado e
apoio técnico e logístico para o desenvolvimento de suas atividades:
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
203
- Fundação SOS Mata Atlântica: viagens para São Paulo para participação no Viva a
Mata (evento realizado anualmente no Parque do Ibirapuera), nas Edições de 2007,
2008, 2009, 2010 e 2011, que teve como finalidade a participação e exposição da
RPPN Alto da Boa Vista no stand das RPPN’s;
- Fundação Ormeu Junqueira Botelho: produção de um vídeo do Programa de
Ecoturismo na RPPN Alto da Boa Vista;
- Fundação de Desenvolvimento Regional – FUNDER : produção de Kits (revistas,
cd’s e fitas de vídeo) de divulgação da Serra do Relógio e da RPPN Alto da Boa Vista;
- Emmerson Nogueira: colaboração para produção de materiais gráficos (folders) do
Programa de Ecoturismo da Reserva;
- Prefeitura Municipal de Descoberto: apoio técnico; colaborações no transporte de
materiais doados para a RPPN; fornecimento da retro-escavadeira para interferências
nas estradas internas e produção de materiais de divulgação (banners e folders);
- Universidade Federal de Juiz de Fora: doação de alambrados para a quadra de
esportes da RPPN, substituídos na reforma das instalações desportivas do Centro
Olímpico da Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF;
- Companhia Brasileira de Alumínio – CBA: fornecimento de imagem de satélite para
ser utilizado na elaboração de mapas no Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista;
- Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF / MG: apoio efetivo da
Gerência de Criação e Implantação de Áreas Protegidas – GCIAP, com
encaminhamentos da RPPN Alto da Boa Vista para reportagens de destaque na
imprensa televisiva e escrita com abrangência a nível nacional;
O empreendimento contou também com a participação e colaboração direta de
trabalhadores rurais vizinhos da RPPN, vários profissionais de apoio técnico, apoio de
outros proprietários de RPPN, mão de obra especializada nas construções, demais
parceiros, em especial os ecoturistas, além do apoio informal de diversos grupos de
diferentes classes e de outros segmentos da sociedade na região, no que concerne ao
envolvimento, participação, geração de oportunidades de trabalho e desenvolvimento
da atividade do turismo ecológico como apoio à conservação e sustentabilidade da
Unidade de Conservação RPPN Alto da Boa Vista e da Serra do Relógio:
Centro de Educação Ambiental do Povo do Vale do Rio Pomba;
Empresa Biopreservação, Consultoria e Empreendimentos Ltda.;
Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Prêto e Paraibuna;
Agenda JF;
Secretaria de Meio Ambiente de Juiz de Fora;
Grupo Brasil Verde;
Grupos de Cavaleiros de Rio Novo, Goianá, Coronel Pacheco, Piau, Guarani,
Itamarati, Maripá de Minas, etc;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
204
- Grupos de Escoteiros de Bicas e Juiz de Fora;
- Grupos de montanhistas de vários municípios da região: Rio Novo, Guarani,
Cataguases, Leopoldina, Ubá, Rio Pomba, Descoberto, São João Nepomuceno,
Barbacena, Juiz de Fora, etc;
- Instituições de Ensino de São João Nepomuceno, Descoberto, Guarani, Ubá, Juiz
de Fora, Barbacena, Cataguases, etc;
- Prefeituras dos Municípios de São João Nepomuceno, Descoberto e Guarani;
- Ministério Público de São João Nepomuceno;
- Grupamento de Bombeiros de Ubá;
- Força Tarefa PREVINCÊNDIO do IEF – MG;
- Polícia Ambiental Militar de Minas Gerais;
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio;
- Empresa de Energia Elétrica ENERGISA;
- Empresa ARTOP Topografia;
- Empresa ENGETOP;
- Empresa Biokratos;
- Empresa BROOKFIELD.
115: Figura de fotos de colaboradores, de atividades e de participações em eventos
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
205
7.
POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE
206
Espécie Arbórea Integrante da Reserva Biológica da Represa do Grama, situada na
Serra do Relógio
7. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE
A RPPN Alto da Boa Vista, localiza-se no extremo leste e encosta sul da cadeia de
montanhas que formam a Serra do Relógio, um dos contrafortes da Serra da
Mantiqueira, estando inserida nas áreas em que salientam as faixas de terras mais
altas da porção sudeste de Minas Gerais.
Conforme evidenciado nas imagens 116: Figura de fotos das Unidades de
Conservação na região e 117: Mapa evidenciando a localização das UC’s já
estabelecidas e propostas na Serra do Relógio, a RPPN Alto da Boa Vista faz
conexões com vários fragmentos de remanescentes florestais bastante
representativos nesta região, alguns deles já estabelecidos como Unidades de
Conservação como as RPPN’s: Usina Maurício, Fazenda Boa Esperança, Fazenda
São Lourenço, Jurerê e Sítio Sanyassim, além da Reserva Biológica Municipal da
Represa do Grama. Outra área bem próxima também está destinada como Unidade
de Conservação, o Parque Natural Municipal da Serra do Relógio com área de 207 ha,
onde estudos e legislações específicas municipais estão em fase avançada de
procedimentos legais para a sua instituição. Há também significativas e conservadas
áreas de preservação permanente limítrofes à RPPN Alto da Boa Vista e nas
extensões das partes cumeadas da Serra do Relógio, além de outras ramificações
adjacentes, situadas nas divisas dos municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo
Dutra, local caracterizado como divisor de águas das bacias dos rios Novo e Pomba,
afluentes do Rio Paraíba do Sul. Nesta região, são inúmeras as áreas de recargas
hídricas em altitudes elevadas, cabeceiras de nascentes e matas ciliares ao longo dos
cursos d’água que devem ser preservadas, além de várias áreas já averbadas como
Reserva Legal em diversas propriedades da região. Também houve por Decreto Lei
dos Municípios de Descoberto e Guarani, a instituição na região da Serra do Relógio
de duas APAS – “Área de Proteção Ambiental”, que foram nomeadas respectivamente
de APA “Serra do Descoberto”, nos limites do município de Descoberto e APA “Serra
do Relógio”, esta com área de 1895,28 ha situada no município de Guarani, formando
um grande bloco de mais de 3.000 ha. A APA Serra do Descoberto, abrange amplo
espaço da face sul da Serra do Relógio, incluindo as áreas onde estão situadas a
RPPN Alto da Boa Vista, a RPPN Jurerê e a Reserva Biológica da Represa do Grama.
116: Figura de fotos com imagens de fragmentos florestais que compõem Unidades de
Conservação e suas interligações com remanescentes na região da Serra do Relógio
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
207
208
117: Mapa evidenciando a localização das UC’s já estabelecidas e propostas no
entorno da Serra do Relógio
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Não obstante às pressões aos recursos naturais que ocorrem na região como
incêndios florestais, desmatamento dos topos dos morros para a exploração do
minério da bauxita, o estabelecimento de pastagens e monoculturas como o eucalípto
em áreas de preservação permanente, além do extrativismo de espécimes da flora
nativa e a caça e captura de animais silvestres, deve-se considerar como estratégia de
conservação das nascentes e de proteção da biodiversidade, a realização de estudos
científicos para inventariar a fauna e a flora, o monitoramento dos recursos hídricos e
a restauração de áreas de lenta recuperação conforme se evidencia as áreas situadas
nas cotas mais elevadas onde ocorre a sucessão natural de vegetações nativas.
Muitas destas áreas são extremamente importantes e funcionam como áreas de
recarga de mananciais, sendo por vezes inaptas e inviáveis economicamente para
atividades de silvicultura e agro-pecuárias.
Neste sentido, com o estabelecimento de Reservas Legais, por exemplo, várias áreas
de propriedades se tornariam aliadas ao se delimitar conexões entre fragmentos
florestais do entorno, auxiliando dessa forma a reestruturação de um mosaico de
corredores florestais como forma de minimizar as influências antrópicas, o que
permitiria o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora, garantindo assim a
estabilidade das populações animais e vegetais nativas.
Entretanto, o manejo integrado entre os processos ecológicos, evolutivos e o
desenvolvimento de uma economia regional baseada no uso sustentável dos recursos
naturais como a adoção de técnicas de conservação na exploração do solo, a
agricultura orgânica, o turismo rural e o ecoturismo, ampliaria a possibilidade de
manutenção da fertilidade da terra, além da geração alternativa de renda na
propriedade, oferecendo condições adicionais de fixação do homem no campo. Para
tanto, é necessário o apoio e a participação dos organismos públicos no sentido de se
promover diagnósticos e estudos socioambientais para que haja um embasamento
que seja voltado para um planejamento de ações com a participação de outros atores
da sociedade, envidando esforços para evitar ainda mais a supressão e a
fragmentação dos remanescentes florestais ainda existentes, dos quais, muitos que se
encontram em avançado estágio de regeneração.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
209
8. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA
210
Bromélia Imperial (alcantarea imperialis)
8. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA
Ocupando 90% da área total da propriedade, a RPPN Alto da Boa Vista é reconhecida
pelo seu pioneirismo na região, notoriamente no estabelecimento da atividade do
turismo ecológico aliado à educação ambiental e pelas campanhas de criação de
áreas protegidas. Nesta interface, a Reserva se destaca pelo seu potencial de
integração e interação de pessoas e pensamentos em um ambiente natural,
proporcionando uma reflexão de suas atitudes cotidianas.
211
Cumpre a sua função social como uma Unidade de Conservação de propriedade
particular, reconhecida, certificada e registrada perpetuamente como Reserva
Particular do Patrimônio Natural no ano de 1.995, correspondendo perfeitamente ao
que rege as legislações ambientais vigentes no país, dado à iniciativa de livre e
espontânea vontade de seu proprietário. Exerce por esses fatos, forte influência nas
comunidades rurais e urbanas, além da peculiaridade de beneficiar diretamente a
Prefeitura de Descoberto, e a sua municipalidade, ao enquadrá-la na Lei do ICMS
Ecológico do Estado de Minas Gerais – Lei nº 12.040 de 28 de dezembro de 1.995
(Lei Robin Hood), desde a sua vigência, proporcionando a obtenção de recursos e
compensações financeiras consideráveis durante esse período.
Ressalta-se; a importância de suas altas nascentes, algumas acima da cota de 1.200
metros, contribuintes do Ribeirão do Grama, afluente do Rio Novo, bacia do Rio
Paraíba do Sul; a sua paisagem natural inserida em um relevo montanhoso com
florestas conservadas nas encostas e topos dos morros entrecortados por vales
profundos e cursos d’água que formam cascatas e cachoeiras; sua rica biodiversidade,
com ocorrência de endemismos de espécies da flora da mata atlântica; como hábitat
de inúmeros animais e pássaros silvestres e destacadamente pela sua situação
geográfica, fazendo limites com o ponto mais alto da região em um raio de 70 km,
local que proporciona uma visão deslumbrante.
A variação de 590 metros de altitude da Reserva, proporciona uma alternância de
ecossistemas e fisionomias vegetais, com predominância da floresta estacional semidecidual montana e sub-montana, ocorrendo também campos de altitude, mata
nebular, áreas de várzeas, cavidades naturais e paredões rochosos. Com esses
diferentes ambientes naturais, oferece um amplo campo para atividades de educação
ambiental, pesquisas científicas, lazer e entretenimento, além de registros e
observações da paisagem, da fauna e da flora. Há também a oportunidade do
desenvolvimento de roteiros de caminhadas a outras áreas limítrofes com atrativos
naturais em potencial, como é o caso do Parque Natural Municipal de Guarani, uma
área proposta como Unidade de Conservação prestes a ser homologada.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Alguns proprietários do entorno que possuem áreas com características que podem
ser inseridas neste contexto, também já manifestaram o interesse e a real intenção de
criar uma unidade de conservação particular.
212
118: Foto aérea da propriedade em 1993 119: Foto aérea atualizada mostra evolução
espontânea da vegetação nativa
Inserida no Atlas da Biodiversidade em Minas Gerais (Fundação Biodiversitas 2005), a
Serra do Relógio, onde se situa a RPPN Alto da Boa Vista, é citada como Área
Prioritária para a Conservação da Biodiversidade em Minas Gerais, de Importância
Biológica “Extrema”, fazendo parte do Complexo da Serra do Brigadeiro (Área 80). É
referenciada também como Área Prioritária para a Conservação das Aves, com
Importância Biológica “Alta”; e como Área Prioritária para a Conservação da Flora,
com Importância Biológica “Muito Alta”. As justificativas são os maciços serranos
isolados e conjuntos serranos de elevadas altitudes, englobando espécies endêmicas
e ameaçadas de extinção.
Algumas espécies da flora arbórea se destacam como a Araucária (Araucaria
Angustifolia), o Jequitibá, a Canjerana (Cabralea canjerana), a Samambaiuçú, além da
Palmeira Juçara (Euterpes edulis), da Palmeira do Indaiá (Attalea dubia) e da Bromélia
Imperial (Alcantarea imperialis), além de várias espécies de orquídeas e samambaias.
Em relação aos mamíferos, registrou-se a presença da paca (Cuniculus paca),
tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), tatu-do-rabo-mole-grande (Cabassous
tatouay), etc.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Da avifauna, constatou-se a presença do gavião pega-macaco (Spizaetus tyrannus),
considerado ameaçado no Estado de Minas Gerais (Biodiversitas, 2010), da
choquinha-de-dorso-vermelho (Drymophila ochropyga) classificada como Quase
Ameaçada (IUCN, 2009), do pixoxó (Sporophila frontalis) classificado como vulnerável
(IUCN, 2009), além de uma extensa lista de pássaros.
Quanto à herpetofauna, destaca-se o quelônio Hydromedusa maximiliani, também
conhecido como cágado. Foram identificadas algumas espécies de anfíbios e de
serpentes como a jararaca, a caninana e a cobra coral.
213
Das espécies da fauna que habitam os cursos d’água, ressalta-se a ocorrência do
peixe cambeva, do caranguejo da água doce e do cágado.
Na história recente da Reserva, deve-se destacar que foi uma área muito explorada
para a produção de carvão e pela atividade agropecuária. Após três averbações como
RPPN (1995 e 2000 pelo IBAMA e 2007 pelo IEF-MG), ajuda a recuperar e proteger
um importante e representativo fragmento de Mata Atlântica na Serra do Relógio,
região da Zona da Mata de Minas Gerais, possuindo áreas em estágios diferenciados
de sucessão natural da vegetação nativa, todavia dependentes de zelo, vigilância e
monitoramento, como também do apoio e consideração da sociedade para o
desenvolvimento de suas atividades que hoje estão voltadas para a educação
ambiental, pesquisa científica e turismo ecológico, na busca pela sua autosustentabilidade.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
9. PLANEJAMENTO
214
Cachoeira do Emboque – RPPN Alto da Boa Vista
9. PLANEJAMENTO
9.1 Objetivos específicos de manejo
Os temas que adiante se descreve, estão definidos de acordo com o instrumento legal
de criação da RPPN, em consonância com os objetivos do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (Lei nº 9.985 de 18/07/2.000) e determinados em razão das
características da área e de suas potencialidades, considerando-se principalmente
suas necessidades identificadas no diagnóstico e nas experiências do proprietário na
gestão da Unidade de Conservação “RPPN Alto da Boa Vista”, que para tanto cita-se
como objetivos específicos:
- Preservar um remanescente florestal na Serra do Relógio, região da Zona da Mata
Mineira, inserida no domínio do Bioma Mata Atlântica, com ocorrência de quatro
fitofisionomias: Floresta Estacional Semidecidual Montana, Floresta Ombrófila Densa
Alto Montana (Mata Nebular), Campo de Altitude e Brejo;
- Manter a originalidade de paisagens e monumentos naturais de notável exuberância
e beleza cênica como as cavidades naturais, encostas rochosas, cachoeiras, cascatas
e especialmente a porção de vegetação mais elevada da RPPN Alto da Boa Vista que
se situa nas imediações do cume da Serra do Relógio a 1434 m, onde a RPPN se
limita naturalmente em águas vertentes;
- Divulgar a importância da Serra do Relógio e de seus tributários que contribuem na
formação das bacias hidrográficas dos rios Novo e Pomba, além do seu potencial para
o abastecimento público com fornecimento de água de qualidade, destacando e
valorizando seus serviços ambientais e ecossistêmicos advindos das florestas em
benefício da sociedade e de sua qualidade de vida;
- Participar dos esforços em compor um mosaico de áreas protegidas que irão formar
corredores ecológicos interligando significativos fragmentos remanescentes de
florestas nativas na região da Serra do Relógio, visando garantir o fluxo gênico entre
as espécies da fauna e flora, a conservação dos recursos hídricos e do solo, além do
equilíbrio do clima;
- Integrar e harmonizar ações para a geração de resultados em conservação da
natureza na Serra do Relógio, servindo como veículo de divulgação de atividades
alternativas da propriedade rural, tendo em vista as potencialidades atrativas e
turísticas da região para negócios econômicos ambientalmente sustentáveis;
- Conservar e proteger seus mananciais, visando abrigar e proteger as espécies da
ictiofauna existentes como o cambeva (Trichomycterus paolence) e o caranguejo
(Trichodactylus fluviatilis), fiscalizando e monitorando a integridade e originalidade das
matas ciliares dos cursos d’água e nascentes da UC, buscando garantir e manter o
volume e a qualidade das águas que correm em seus leitos;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
215
- Conservar, abrigar e proteger espécies da fauna vulneráveis, raras e ameaçadas de
extinção, no âmbito regional e nacional tais como: gavião-pega-macaco (Spyzaetus
tyrannus), choquinha-de-dorso-vermelho (Drymophila ochropyga), pixoxó (Sporophila
frontalis), araponga (Procnias nudicollis), trinca-ferro (Saltator similis), cágado
(Hidromedusa maximiliani), entre outros;
- Proteger as espécies da flora endêmicas da Mata Atlântica, vulneráveis, raras e
ameaçadas de extinção registradas na área da RPPN, em especial a bromélia imperial
(Alcantarea imperialis) e a palmeira juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras;
- Buscar meios e incentivos para a realização de atividades de pesquisas científicas,
estudos, monitoramento ambiental, fiscalização e vigilância;
- Estruturar mecanismos e instrumentos que favoreçam condições de promoção e
incentivo da cultura, da educação e da interpretação ambiental, integrando diferentes
setores da sociedade e das comunidades do entorno da Reserva;
- Desenvolver e disciplinar o turismo ecológico responsável aliado à educação
ambiental, como também a recreação e a prática de atividades físicas em contato com
a natureza;
- Cumprir sua função social como UC, com a valorização social e econômica dos
serviços ambientais proporcionados pela RPPN Alto da Boa Vista como produtora de
águas, de biodiversidade e principalmente pelos seus atrativos naturais dispostos à
visitação ordenada, favorecendo a sustentabilidade financeira necessária para a
gestão, estruturação e desenvolvimento das atividades da Unidade de Conservação.
9.2 Zoneamento
De acordo com a Lei Federal nº 9.985/2000 (Lei do SNUC) que estabelece o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, em seu Art. 2º, Inciso XVI, zoneamento é a
“definição de setores ou zonas em uma Unidade de Conservação com objetivos de
manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as
condições para que todos os objetivos da UC possam ser alcançados de forma
harmônica e eficaz.”
Por conseguinte, o Decreto Federal nº 4.340/2002, que regulamenta a Lei do SNUC,
determina que o plano de manejo de toda unidade de conservação defina seu
zoneamento conforme as suas características específicas e que uma Reserva
Particular do Patrimônio Natural-RPPN, inserida na Lei do SNUC na categoria de uso
sustentável, será constituída em área privada, gravada com perpetuidade com o
objetivo de conservar a diversidade biológica, especificando ainda como objetivos
básicos para essa categoria de unidade de conservação: “compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentável de parcelas de seus recursos
naturais”, onde serão permitidas apenas a pesquisa científica e a visitação com
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
216
objetivos turísticos, recreativos e educacionais”. Dessa forma, o zoneamento torna-se
uma ferramenta que contribui para uma maior efetividade na gestão das áreas
protegidas.
Na instituição do ordenamento territorial da RPPN Alto da Boa Vista, considerou-se a
evolução da cobertura florestal nativa remanescente onde hoje se insere as três áreas
de RPPN reconhecidas (1.995 e 2.000 – IBAMA / ICMBio e IEF – 2.008), além do
estabelecimento de estratégias que visem a pesquisa científica, proteção,
monitoramento e uso sustentável que no caso da RPPN Alto da Boa Vista, está
constituída pela atividade do turismo ecológico por ter se tornado a mais eficaz
alternativa de conservação e sustentabilidade, tendo em vista a sua aptidão e as
perspectivas favoráveis para o desenvolvimento ordenado de sua exploração em
consonância com os objetivos de criação e usos permitidos na RPPN, tendo como
premissa a ser cada vez mais aperfeiçoada, uma conduta disciplinar adequada em
harmonia com a natureza.
Para a determinação das poligonais das zonas, foram utilizadas imagens de
fotografias aéreas (obtidas recentemente e a quinze anos atrás) e de satélite, além de
observações em campo (com locação dos pontos de coordenadas) e os registros
fotográficos obtidos durante todo o percurso do mapeamento detalhado que foi
realizado na RPPN, os quais foram coletados em locais de ampla visão (como em
seus limites que superam a cota altimétrica de 1.400 metros), o que permitiu a
distinção dos estágios sucessionais da vegetação em fase inicial, intermediária e
tardia. Com esses dados, obteve-se a identificação das fisionomias florestais que
ocorrem e a abrangência dos espaços territoriais que ocupam. Além dessas
informações, considerou-se a regeneração natural da vegetação nativa em
determinadas áreas onde a evolução dos remanescentes florestais está evidenciada
em fotos aéreas da área antes do reconhecimento como RPPN.
Assim, em atendimento aos usos permitidos na área da categoria de RPPN como
atividades de pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e
educacionais, foram definidas quatro zonas em função dos critérios de valores como
representatividade, fragilidade ambiental, riqueza e diversidade de espécies:
Zona Silvestre
Zona de Proteção
Zona de Recuperação
Zona de Visitação
O mapa do zoneamento e a descrição de suas respectivas zonas encontram-se
relacionados adiante, contendo suas características, objetivos e as normas gerais da
RPPN Alto da Boa Vista I e II que serão aplicadas em sua gestão.
Não estão incluídas no mapa de zoneamento, as “Áreas de Exploração” que totalizam
cinco blocos (AE - 1, AE - 2, AE - 3, AE - 4 e AE - 5), sendo que destes, dois possuem
instalações edificadas (AE 2 - Quadra/Sede/Centro de Visitantes e AE 5 - Abrigo de
Montanha) e os outros dois estão destinados atualmente ao plantio de eucalipto
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
217
(AE 1 e AE 3). Na outra área restante (AE – 4), a vegetação nativa vem se
regenerando naturalmente, encontrando-se em estágio sucessional inicial de
recuperação.
CLASSE
Zona Silvestre I (ZS I)
Zona Silvestre II (ZS II)
Zona Silvestre III (ZS III)
Zona de Proteção (ZP)
Zona de Recuperação I (ZR I)
Zona de Recuperação II (ZR II)
Zona de Visitação I (ZV I)
Zona de Visitação II (ZV II)
Zona de Visitação III (ZV III)
Zona de Visitação IV (ZV IV)
Zona de Visitação V (ZV V)
Total do Zoneamento
Área (ha)
Área (%)
4,6882
2,0388
7,6979
18,7201
30,4638
6,4165
5,1295
0,0533
0,0876
2,1989
0,0493
6.05
2.63
9.93
24.14
39.29
8.27
6.61
0.07
0.11
2.84
0.06
77,5439
100.00
120: Tabela - Distribuição das áreas no zoneamento
121: Gráfico das zonas de manejo na RPPN Alto da Boa Vista I e II
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
218
219
122: Mapa do Zoneamento da RPPN Alto da Boa Vista – I e II
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
9.2.1 Zona Silvestre
As três áreas destinadas como “Zona Silvestre” na RPPN Alto da Boa Vista I e II =
“ZS I, ZS II e ZS III” somam 14,26 ha (18,61%), que correspondem às áreas
consideravelmente mais nobres devido ao fato de estarem localizadas em elevadas
altitudes, cabeceiras de nascentes e em áreas significativas de recarga de mananciais.
São áreas onde se observa um maior grau de integridade e destinam-se
essencialmente à conservação da biodiversidade e manutenção de suas
características excepcionais como áreas úmidas (brejo), margens de cursos d’água,
encostas com manchas de vegetações bem conservadas e topos de elevações, as
quais merecem proteção máxima. A Zona Silvestre funciona como reserva de
recursos genéticos silvestres, onde podem ocorrer pesquisas, estudos,
monitoramento, proteção e fiscalização. Ela pode conter infraestrutura destinada
somente à proteção e fiscalização (FERREIRA et all., 2004).
9.2.1.1 Zona Silvestre I - ZS I
A Zona Silvestre I localiza-se no trecho norte da RPPN, nas proximidades do pico da
Serra do Relógio, limitando-se com o município de Astolfo Dutra. Neste local, com
ocorrência da fitofisionomia Floresta Ombrófila Densa Alto Montana (Mata Nebular),
abrange uma das parcelas bem conservadas de seu território, sendo também uma das
áreas mais frágeis devido à ocorrência de acentuada declividade e da presença de
nascentes, abrigando em suas encostas rochosas espécies raras e ameaçadas,
destacando a bromélia imperial (Alcantarea imperialis). Portanto, é a zona de uso mais
restritivo, onde o percurso somente é permitido acompanhado de guia da RPPN e na
faixa específica da largura da trilha que se estende pelas suas extremidades
(salientando que essa trilha está caracterizada no Mapa de Zoneamento como “Zona
de Visitação”). Ressalta-se que essa trilha possibilita o acesso ao ponto mais alto da
RPPN, a 1406 m de altitude, que tem seu trajeto seguindo pelas divisas naturais
(águas vertentes) entre a RPPN Alto da Boa Vista I e II com a propriedade vizinha,
pertencente ao município de Astolfo Dutra. A Zona Silvestre I abrange uma superfície
de 4,68 ha, o que corresponde a 6,05% da área total da Unidade de Conservação.
Esta zona específica é bastante suscetível ao extrativismo de espécies da flora como
orquidáceas, bromeliáceas e palmáceas, bem como a entrada de animais domésticos
como cães e gado bovino, em razão da proximidade com esta propriedade vizinha
referenciada, na qual se explora a bovinocultura de corte em sistema extensivo de
criação onde áreas de pastagens ocorrem até os trechos mais elevados desta
propriedade do entorno.
9.2.1.2 Zona Silvestre II - ZS II
Já a Zona Silvestre II é notável pela sua área plana e de brejo, um ambiente único e
distinto que está situado praticamente na parte central da porção superior das áreas
da RPPN Alto da Boa Vista I e II na altitude de 1000 metros, exercendo importante
função de “área de recarga hídrica”, onde nascentes do entorno deságuam nesta
várzea, contribuindo com a formação e a perenidade de um único curso d’água mais
volumoso que segue por um vale. Ocupa uma área de 2,03 ha, correspondentes a
2,63% da área total de RPPN.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
220
9.2.1.3 Zona Silvestre III - ZS III
Na Zona Silvestre III, situada no extremo oeste da RPPN, caracteriza-se com
remanescentes de um Sistema Primário (natural) de acordo com o Sistema
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Fitogeográfico estabelecido pelo IBGE (1992), com a fitofisionomia de Floresta
Estacional Semidecidual Montana, sendo uma das áreas mais conservadas da
Unidade de Conservação, com ocorrência de árvores de grande porte como jequitibás,
jatobás, canjeranas, etc., além de um curso d’água abastecido por nascentes
existentes em seu interior, além de contar com a contribuição de outra importante
nascente situada a montante, já na propriedade vizinha. Nas proximidades, está
localizada a “Cachoeira da Laje dos Jequitibás”, com acesso por uma curta trilha que
conduz os visitantes ao local. A cachoeira e seu acesso estão caracterizadas e
evidenciadas no Mapa de Zoneamento como “Zona de Visitação”. A Zona Silvestre III
compõe uma área de 7,69 ha, 9,93% da área da RPPN Alto da Boa Vista I e II.
9.2.2 Zona de Proteção
Compreende áreas naturais que tenham recebido grau mínimo de intervenção
humana. Pode ocorrer o desenvolvimento de pesquisas, estudos, monitoramento,
proteção e formas de visitação de baixo impacto (também chamada visitação de forma
primitiva). As formas primitivas de visitação nesta zona compreendem exemplos como
turismo científico, de observação de vida silvestre, trilhas e acampamentos rústicos, as
quais não necessitam de infraestrutura e equipamentos facilitadores (FERREIRA et
all.,2004). Será permitida nesta zona a colocação de infraestrutura desde que
estritamente voltada para o controle e a fiscalização, como: postos e guaritas de
fiscalização, aceiros, trilhas de fiscalização e postos de observação.
A Zona de Proteção da RPPN Alto da Boa Vista I e II, abrangendo 18,72 ha - 24,14%,
está situada na parte superior da UC e compreende uma faixa contínua que em toda a
sua extensão envolve a Zona de Recuperação I pela direção oeste - nordeste até o
setor sudeste da RPPN, onde divisa com a Área de Exploração 3 ocupada com
eucalipto, seguindo pelas suas extremidades em águas vertentes, pela direção leste nordeste, divisando neste trecho com sete propriedades de seu entorno, com altitudes
variando entre 1000 e 1200 metros. Ao longo destas áreas, onde ocorrem
afloramentos rochosos esparsos, a vegetação é caracterizada com fitofisionomia de
Floresta Estacional Semidecidual Montana, encontrando-se em estágio de
regeneração médio e avançado. Esta zona foi assim dimensionada para justamente
servir como um arco de proteção, pois suas áreas se localizam em áreas de APP –
terço superior/topo de morro, englobando as cabeceiras de nascentes que formam a
micro bacia da RPPN, as quais auxiliam na manutenção e no equilíbrio hídrico do
lençol freático de mananciais de propriedades vizinhas e na área de várzeas da RPPN
(Zona Silvestre II), situadas em um plano inferior no entorno da Zona de Proteção.
Esta é uma zona também bastante suscetível ao extrativismo principalmente de
palmáceas como a palmeira do indaiá (Attalea dúbia).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
221
9.2.3 Zona de Recuperação
São duas as áreas indicadas como Zona de Recuperação - ZR I e ZR II. Estão
localizadas em áreas que passaram por um significativo grau de alteração, onde sua
regeneração vem evoluindo de forma espontânea, mas podendo ser induzida a partir
da indicação de pesquisas e estudos orientadores. Permite-se a visitação, desde que
as atividades não comprometam a sua recuperação. Ela é temporária, pois, uma vez
recuperada, deve ser reclassificada como permanente (FERREIRA et all., 2004).
9.2.3.1 Zona de Recuperação I - ZR I
222
A Zona de Recuperação I, assim determinada através da interpretação de análises de
imagens aéreas e percursos em terra, se prolonga das proximidades do Centro de
Visitantes e a casa Sede da RPPN Alto da Boa Vista I e II, a 890 metros (ambas
situadas na parte baixa da RPPN, denominada Área de Exploração 2) até a laje das
bromélias a 1150 metros de altitude, na trilha do caminho do pico da Serra do Relógio.
Na parte inferior da Zona de Recuperação I, passa a linha de transmissão de energia
elétrica que atende a RPPN, onde há uma estrada municipal que corta a Unidade de
Conservação atravessando um curso d’água, ocorrendo também nesta mesma zona
em sua parte superior, uma estrada interna da RPPN que conduz ao Abrigo de
Montanha e ao Mirante (Zona de Visitação II), situado a 1043 m. A Zona de
Recuperação I contorna a Zona de Visitação I e a Área de Exploração 5 que são
anexas, as quais envolvem a várzea (área brejosa) que vem a ser a Zona Silvestre II.
Esta zona consta de uma área antropizada coberta com remanescentes de vegetação
nativa em estágio sucessional inicial e médio (capoeira), encontrando-se em franca
recuperação natural a 17 anos, a qual vem evoluindo gradualmente sem nenhuma
interferência. Em alguns locais no interior desta zona, ainda se encontram os vestígios
dos fornos (escavações circulares em pequenos barrancos) referentes à época da
derrubada da floresta para a produção de carvão. Até o ano de 1995, época da
primeira averbação como RPPN (houve outras duas averbações: em 2000 e 2008),
essas áreas eram exploradas manualmente, tanto com culturas sazonais como feijão e
milho, como também com atividades de pecuária, principalmente a bovinocultura de
corte, explorada em sistema extensivo de criação. Ressalta-se que em alguns trechos
da superfície da Zona de Recuperação I, era anteriormente ocupado com capim
brachiária decumbens (Urochloa decumbens), hoje praticamente extirpado e bastante
raleado devido ao surgimento e ao desenvolvimento de espécies arbóreas pioneiras
como quaresmeiras, jacarés, pororocas, embaúbas e palmeiras de indaiás, que juntas
com muitas outras espécies dominam a paisagem atualmente, favorecendo a
formação de sub-bosques. Porém, permanece resistente ainda em alguns locais
esparsos, forte ocorrência da samambaia (Pteridium arachneoideum), entretanto com
representativa redução das áreas onde mantinha domínio, fato que ocorre devido ao
crescimento e sombreamento das árvores.
Alguns cursos d’água, perenes e intermitentes, passam por trechos da Zona de
Recuperação I, definida por uma área de 30,46 ha, equivalentes a 39,29% da RPPN
Alto da Boa Vista I e II. Nela também estão localizadas algumas trilhas que levam aos
locais atrativos da UC como a trilha do pico da serra, a trilha da borda da várzea, a
trilha da carroça e a trilha do lago, além das estradas que dão acesso ao mirante, ao
abrigo de montanha e à Área de Exploração 3, cultivada com eucalipto.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
9.2.3.2 Zona de Recuperação II - ZR II
A Zona de Recuperação II inicia-se na entrada da Unidade de Conservação, nas
divisas com propriedade particular situada a jusante por onde a estrada municipal
segue, entrecortando a RPPN pela sua parte baixa, se estendendo pelos limites com
a Área de Exploração 2 (parte integrante do imóvel rural onde se insere a RPPN Alto
da Boa Vista I e II) e com a Zona de Visitação IV, além de confrontar-se com outra
propriedade do entorno a montante, evidenciada no mapa de zoneamento com seus
cinco cursos d’água que passam pela RPPN.
A área determinada nesta zona corresponde a 6,41 ha, 8,27% da RPPN Alto da Boa
Vista I e II, na qual, situam-se quatro cursos d’água que deságuam em um único
riacho principal localizado nas proximidades do ponto de menor altitude da UC, a 816
metros. A vegetação nativa ocorrente neste espaço apresenta-se em fase de
regeneração natural, assim como na Zona de Recuperação I, com ocorrência de
capoeira em estágio inicial e médio. Uma trilha passa pelo interior do polígono da Zona
de Recuperação II, possibilitando a ligação direta do Centro de Visitantes com a
pequena Zona de Visitação V, onde fica a Cachoeira da Laje dos Jequitibás, um dos
pontos atrativos da Reserva.
9.2.4 Zona de Visitação
As cinco áreas dimensionadas no mapa do zoneamento da RPPN Alto da Boa Vista I
e II que compreendem as Zonas de Visitação, além da trilha de acesso ao ponto mais
alto da UC situado em seu extremo norte, representam espaços que possuem
atrativos em potencial para serem utilizados na atividade do ecoturismo. São
constituídos por áreas naturais onde se permite alguma forma de alteração humana
como instalações de infraestruturas como mirantes para contemplação, torres de
observação, trilhas guiadas e auto-guiadas, equipamentos facilitadores (exemplo:
escadas em pontos de maior dificuldade em trechos pontuais das trilhas e dos
acessos às cachoeiras), pontes suspensas, plataformas em copas de árvores,
sinalizações em trilhas e painéis interpretativos, etc., para os quais deve-se buscar a
adoção de técnicas alternativas de construção e tecnologias de baixo impacto
ambiental (FERREIRA et all,, 2004).
Estas zonas estão essencialmente destinadas à conservação e às atividades de
visitação devido aos seus atributos, sendo que outras atividades também são
permitidas como educação e interpretação ambiental, turismo científico, observação
de vida silvestre, recreação e lazer. As visitações serão realizadas de acordo com a
capacidade de carga das trilhas, evitando impactos e prejuízos à fauna e flora do local.
Pretende se desenvolver atividades de visitação de baixo impacto aliando o turismo
ecológico, essencial à sustentabilidade da Unidade de Conservação, com a
sensibilização e educação ambiental a ser vivenciada pelo contato com a natureza.
Resultados esperados:
- Conhecimento dos atributos naturais, culturais e históricos obtidos por parte dos
visitantes;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
223
- Informações, serviços e atividades disponíveis sobre as Zonas de Visitação,
implantados e divulgados junto aos visitantes;
- Monitoramento dos impactos da visitação pública para serem avaliados e ajustados;
- Projetos específicos para educação ambiental elaborados e implantados;
- Estruturação e adequação dos acessos às áreas de visitação com o objetivo de
favorecer aos distintos públicos, atividades com maior segurança e em harmonia com
o meio ambiente;
- Continuidade à visitação aos locais atrativos da UC de forma harmônica e
responsável, atividade que além de propiciar o monitoramento das áreas com os
constantes deslocamentos, fornece subsídios para a sustentabilidade da RPPN com
os recursos advindos da cobrança de ingressos para excursões, lazer, camping,
serviços de hospedagens e guia, entre outros;
Indicadores:
- Número de visitantes registrados na área;
- Número de medidas implantadas para minimização de impactos da visitação;
- Número de placas de sinalização instaladas;
Atividades:
- Elaborar projeto específico para implantação ordenada das atividades nas Zonas de
Visitação;
- Realizar o monitoramento dos acessos, trilhas e atrativos;
- Implantar ações do Programa de Educação e Sensibilização Ambiental;
Normas de segurança:
Observar as Diretrizes para Visitação em Unidades de Conservação (MMA, 2006), e
suas orientações baseadas na conduta consciente em ambientes naturais:
-
Planejamento é fundamental;
Você é responsável por sua segurança;
Cuide das trilhas;
Traga seu lixo de volta;
Deixe cada coisa em seu lugar;
Não faça fogueiras;
Respeite os animais e as plantas;
Seja cortês com outros visitantes e com a população local.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
224
9.2.4.1 Zona de Visitação I - ZV I
A Zona de Visitação I compreende uma área de 5,12 ha, 6,61 % da UC. Localiza-se no
entorno da Zona Silvestre II (brejo) em altitudes entre 950 e 1050 metros e está
envolvida pela Zona de Recuperação I, além de limitar-se com a Zona de Proteção e a
Área de Exploração 5, local do Abrigo de Montanha. Ocorre em seu interior a trilha da
borda da várzea, com baixo grau de dificuldade para caminhadas, que tem parte de
seu trajeto contornando o brejo, passando por pequenas superfícies em rocha que
ficam às suas margens, com uma distância aproximada de 1000 metros. Composta
por formações vegetais com significativo grau de alterações, apresenta estágio
ecológico de capoeira com exemplares de formações pioneiras, onde quatro cursos
d’água passam pelo seu interior, formando a queda d’água de maior altura da
Reserva, denominada Cachoeira do Emboque.
9.2.4.2 Zona de Visitação II - ZV II
A Zona de Visitação II está determinada em um dos locais mais atrativos da RPPN,
devido a sua localização ser em um ponto central, onde é possibilitado a observação,
fiscalização e monitoramento de toda a área da UC e da propriedade como um todo.
Está situada a 1043 metros de altitude em uma área antropizada, dispondo de acesso
por estrada trafegável por veículos e está delimitada com um polígono de 533 metros
quadrados, 0,07% da RPPN Alto da Boa Vista I e II, sendo totalmente envolvida pela
Zona de Recuperação I. No local, percebe-se em sua superfície e imediações, a
ocorrência de afloramentos do minério de bauxita.
Esta zona foi idealizada estrategicamente para ser um ponto para um mirante e uma
torre de observação, pois possibilita visão longínqua do horizonte, onde ao sul se
avista em dias límpidos a Serra do Mar, distante 100 km, oferecendo também a visão
frontal, a noroeste, do trecho mais alto da RPPN e da Serra do Relógio, que alcança
1.434 metros de altitude.
9.2.4.3 Zona de Visitação III - ZV III
A Zona de Visitação III é a pequena região da lagoa e adjacências, incluindo seu
caminho de acesso que parte de estrada interna da RPPN e segue paralelo ao canal
que conduz a água captada de um riacho, o qual volta a receber a água extravasada
da lagoa. Envolvida pela Zona de Recuperação I, está situada em uma área de 876
metros quadrados, ocupando 0,11% da área total da Unidade de Conservação. O
acesso à lagoa se dá por uma estrada interna da RPPN que passa pela parte baixa da
Zona de Recuperação I, ligando a Área de Exploração 3 (cultivada com eucalipto) com
a região do mirante e o Abrigo de Montanha, num percurso de 1000 metros
aproximadamente. Outro acesso utilizado se faz passando por outra estrada, esta
mais utilizada cotidianamente, que segue do Centro de Visitantes da RPPN e passa
pelo interior de propriedade confrontante, passagem esta que se caracteriza como
servidão.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
225
Por se tratar de um local bastante aprazível, utilizado para nadar e incluído no roteiro
de caminhadas, requer constante monitoramento, manutenção e melhorias essenciais
como sinalização com instalação de placas educativas instruindo o visitante sobre a
importância da preservação daquele local, além da construção de um pequeno
quiosque e a impermeabilização e/ou tubulação dos 20 metros do canal que conduz a
água, para assim evitar o carreamento de sedimentos de seu leito para a lagoa.
9.2.4.4 Zona de Visitação IV - ZV IV
Na Zona de Visitação IV estão situadas duas quedas d’água, a Cachoeira do
Escorrega e a Cascata da Toca. Localiza-se na porção inferior da RPPN, nas
proximidades do Centro de Visitantes e da Casa Sede, às margens da estrada
municipal que atravessa a Unidade de Conservação, tendo ao seu entorno as Zonas
de Recuperação I e II, além das Áreas de Exploração II e III, partes integrantes da
propriedade. A ZV IV caracteriza-se com remanescentes de vegetação nativa,
apresentando formações florestais em estágio médio de recuperação, estando
entrecortada por um curso d’água que passa no fundo de um vale com áreas de APP
em toda sua extensão, onde espécies como o cágado, o caranguejo e o peixe
cambeva habitam o local, sobrevivendo e se multiplicando graças à excelente
qualidade das águas.
Os acessos às duas quedas d’água – Cachoeira do Escorrega e Cascata da Toca,
localizadas na ZV IV, se dá por trilhas estreitas, ambas com extensão aproximada de
50 metros, onde há necessidade de melhoramentos básicos de proteção como
corrimões e escadas para uma maior segurança dos visitantes, pois é um dos atrativos
naturais mais representativos da UC, além de estar muito próximo do Centro de
Visitantes.
Possui uma área de 2,19 ha, 2,84% da área total da RPPN, na qual conforme
mencionado inicialmente, passa uma estrada municipal em parte de sua periferia, a
qual pode causar assoreamento ao curso d’água, caso os serviços de interferência
para manutenção e melhoria desses trechos das estradas não forem programados de
forma correta por um responsável técnico com as devidas atribuições profissionais. O
calçamento de um pequeno trecho na passagem pelo curso d’água, em ambas as
margens onde ocorre um declive acentuado, minimizaria consideravelmente o
carreamento de sedimentos sólidos provenientes do revolvimento da terra por
máquinas, estabilizando o solo nesse local da estrada de servidão municipal. Outras
placas sinalizadoras também deverão ser instaladas além de uma já existente
localizada às margens da estrada, Estas placas terão informações interpretativas e
educativas, além do limite de velocidade e indicações de acesso a outros locais como
a lagoa e a área de camping e de estacionamento, ressaltando que esses dois últimos
estão localizados fora das áreas da RPPN Alto da Boa Vista I e II.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
226
9.2.4.5 Zona de Visitação V - ZV V
A Zona de Visitação V compreende uma área de 493 metros quadrados e ocupa
0,06% das áreas de RPPN e foi determinada por um polígono que envolve a
Cachoeira da Laje dos Jequitibás, além de seu acesso. Bem próximo existem duas
árvores dessa espécie arbórea, de grande porte, praticamente unidas e que
emprestam o nome ao local, estando a poucos metros acima da queda d’água em sua
margem direita.
A ZV V está totalmente envolvida pela Zona Silvestre III que como informado, referese a um dos remanescentes florestais mais bem conservados da UC. O acesso à
Cachoeira da Laje dos Jequitibás se faz a partir da Área de Exploração I, atualmente
cultivada com eucaliptos, passando pela estrada municipal ou por uma trilha que se
inicia no Centro de Visitantes e atravessa a ZR II.
9.3 Áreas Estratégicas da Propriedade e Aspectos Legais
A Propriedade aqui também foi destacada quanto ao seu zoneamento, pelo fato de
todas as estruturas físicas atualmente existentes no imóvel rural estarem direcionadas
e planejadas para a exploração do turismo ecológico, o qual se encontra em franca
atividade desde os anos 90 por ocasião do 1º reconhecimento como RPPN pelo
IBAMA. Estas recentes edificações foram idealizadas e erguidas fora das áreas de
RPPN para que o impacto sobre a biota da Unidade de Conservação fosse minimizado
ao máximo.
Outras áreas da propriedade ficaram exclusas, as ÁREAS DE EXPLORAÇÃO - AE,
assim denominadas e inseridas neste estudo como Áreas Estratégicas da
Propriedade, as quais totalizam cinco blocos com as seguintes dimensões:
- AE – 1
- AE – 2
- AE – 3
- AE – 4
- AE – 5
=
=
=
=
=
3,83 ha
1,23 ha
3,75 ha
1,29 ha
1,11 ha
TOTAL = 11,21 ha
Duas dessas áreas possuem instalações edificadas, AE - 2 = Quadra de
Esportes/Casa Sede/Centro de Visitantes e AE - 5 = Abrigo de Montanha. Outras duas
estão destinadas ao plantio de eucalipto: AE - 1 e AE - 3. Na Área de Exploração 4 =
AE – 4, a vegetação nativa domina toda a sua superfície e sem nenhuma interferência
de manejo a mais de 10 anos, o que tem proporcionado uma regeneração espontânea
que se encontra em estágio sucessional inicial e médio de desenvolvimento.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
227
Cabe ressaltar que foi somente no ano de 2.008 que levou-se a efeito o
georreferenciamento de todas as áreas da propriedade, inseridas ou não como RPPN,
além de seu perímetro, levantamento este executado também no polígono das cinco
áreas que estavam então determinadas para serem anexadas como RPPN na ocasião
da realização deste mapeamento, quando havia a finalidade específica de proceder a
3ª averbação de RPPN, sendo o processo protocolado na época no IEF – MG.
Posteriormente, com o deferimento favorável deste órgão no ano de 2.008, essas
cinco áreas não contínuas da propriedade foram acrescentadas e registradas como
RPPN, ampliada assim pela segunda vez quando contou na oportunidade com apoio
financeiro específico para os levantamentos topográficos obtido com a seleção da
proposta de “Ampliação da RPPN Alto da Boa Vista” no Edital 05 - 2.006, lançado pelo
“Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural da Mata
Atlântica” uma parceria das ONG’s ambientalistas Conservação Internacional, SOS
Mata Atlântica e The Nature Conservancy.
Os croquis originais que representavam os dados espaciais de toda a superfície da
propriedade com as dimensões proporcionais de suas áreas internas, os quais
integraram e serviram de base nos processos de criação e reconhecimento da RPPN
Alto da Boa Vista protocolados no IBAMA nos anos respectivos de 1.995 e 2.000,
obviamente também foram incluídos no processo de ampliação da RPPN Alto da Boa
Vista junto ao IEF – MG em 2.008, para transparecer junto às análises deste órgão
ambiental que não havia sobreposição de áreas.
As cinco áreas acrescentadas tiveram a denominação de RPPN ALTO DA BOA
VISTA II, dada pelo IEF – MG como referência e distinção às outras duas áreas que
inicialmente foram reconhecidas como RPPN pelo IBAMA. As superfícies e siglas de
referências dessas áreas estão contidas na legenda do mapa da UC elaborado em
2.008, constando os seguintes valores que permanecem inalterados:
ÁREA - A = 0,63 ha
ÁREA - B = 0,87 ha
ÁREA - C = 0,97 ha
ÁREA - D = 1,19 ha
ÁREA - E = 3,61 ha
TOTAL
= 7,27 ha
Outra questão ocorrente trata de que nas ocasiões das três averbações, 1.995 - 2.000
e 2.008, não houve exigências do IBAMA e do IEF – MG para que se realizasse a
averbação da Reserva Legal da propriedade, o que doravante será efetivado para
promover a sua adequação e regularização perante a legislação ambiental.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
228
Entretanto, constatou-se recentemente em dezembro 2011, por ocasião da realização
do mapeamento para o Plano de Manejo, outros fatos que permitiram elucidar
divergências e equívocos que surgiram durante o mapeamento realizado
anteriormente, em 2.008, relacionados à área total da propriedade. Após correções de
trajeto e medições de campo, apuradas nos levantamentos que foram criteriosamente
realizados com todos os seus detalhamentos necessários visando subsidiar a
elaboração do presente Plano de Manejo, levantamentos estes que contaram inclusive
com a presença “in loco” de dois proprietários confrontantes que participaram como
auxiliares de campo nos trabalhos, ficou definitivamente esclarecido as distorções que
ocorrem entre a superfície da “área total da propriedade contida em seus registros e
escrituras – 138,26.13 ha” e a “superfície real da área total da propriedade apurada
em campo – 90,54.20 ha”, o que passa-se a evidenciar.
Esta ocorrência se deve particularmente da impossibilidade que houve na ocasião do
mapeamento georreferenciado em 2.008, de transposição em campo de trechos
inóspitos situados em divisas naturais com forte aclividade situadas em superfícies de
rocha, onde não havia e não se conhecia acessos na época, trechos estes cujas
extensões delimitam a propriedade / RPPN ao norte com três propriedades
confrontantes localizadas no município de Astolfo Dutra e a oeste com uma única
propriedade, esta do lado de Descoberto. Portanto, foi nos trabalhos detalhados de
mapeamento realizados para elaboração do Plano de Manejo da UC e seu
zoneamento, que se tornou possível a compreensão do alinhamento correto desses
trechos de confrontações onde houve esses equívocos, que após certificados,
geraram em planta atualizada as devidas correções da linha divisória da propriedade
que apresenta as distinções de áreas, específicas deste último levantamento realizado
em relação à primeira planta elaborada em 2.008.
Nessa época ainda não se conhecia as divisas com exatidão nesses dois trechos
específicos como também não se percorria costumeiramente como se faz na
atualidade, pois esses dois setores extremos apresentam alto grau de dificuldade para
se percorrer em face das abruptas elevações em paredões e encostas rochosas, onde
destacadamente evidencia-se que seu acesso se restringe às trilhas existentes em
pequenos trechos de suas bordas situados no extremo norte da RPPN, conforme
previsto no mapa do zoneamento e referenciado na descrição da Zona de Visitação.
Diante do exposto, necessário se torna retificar a área da propriedade e ajustar
também a área da RPPN Alto da Boa Vista, no que se refere aos valores das áreas
inicialmente averbadas pelo IBAMA, passando de 118,00.00 ha (soma das áreas:
1ª RPPN em 1.995 = 96,00 ha + 2ª RPPN em 2.000 = 22,00 ha) para 72,06.20 ha,
que é a “área real apurada de duas RPPN’s reconhecidas pelo IBAMA a ser
adequada”, procedendo-se as alterações cartográficas dessas áreas de acordo com
os seus valores reais/atualizados, informações estas contidas no recente Mapa
Georreferenciado que ora se apresenta neste “Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
229
Vista - I e II”, para assim subsidiar as instruções necessárias de procedimentos junto
ao Cartório de Registro de Imóveis da Comarca, tendo como finalidade promover a
retificação da área total da propriedade com as devidas anuências dos proprietários
lindeiros, além da averbação de Reserva Legal prevista em Lei, que para tanto,
seguem em anexos: Planta Georreferenciada da Propriedade (para Retificação e
Averbação da Reserva Legal), Memorial Descritivo e Anotação de Responsabilidade
Técnica - ART, além das mesmas documentações – Mapa, Memoriais Descritivos e
ART, referentes às cinco áreas oficializadas como RPPN em 2.008 pelo IEF – MG,
denominadas “RPPN Alto da Boa Vista II” , mapas estes que evidenciam as outras
cinco glebas da propriedade que compõem as “Áreas de Exploração – AE”.
230
9.4 Normas Gerais da UC:
- A visitação pública, atividades de pesquisas, educação e interpretação ambiental
serão organizados através de agendamento prévio com o gestor da unidade que
repassará as orientações prévias necessárias;
- Todo e qualquer acesso e utilização das áreas e estruturas da UC será
obrigatoriamente agendado com o gestor da unidade;
- É proibido o ingresso e a permanência na UC de pessoas portando qualquer tipo de
arma de fogo, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça, pesca ou a
quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna e à flora;
- A entrada e permanência de menores deverá ser acompanhado por responsável;
- É terminantemente proibido o uso de buzinas, brinquedos eletrônicos e aparelhos
sonoros em volume que causem perturbação ao ambiente da Unidade de
Conservação e seus visitantes;
- É permitida a prática de banho nas cachoeiras, cascatas e na lagoa, no entanto, não
é permitido o uso de sabonetes ou outros produtos similares como shampoos;
- Deve-se prever a instalação de rampas, a eliminação de degraus, a existência de
portas largas, placas e folhetos em braile, informações sonoras, sanitários adaptados,
lixeiras próximas ao estacionamento, entre outros;
- Cada visitante é responsável por recolher e trazer seu lixo de volta das trilhas,
colocando-o nas latas disponíveis na área de uso público ou levando-o embora
consigo;
- Os resíduos sólidos produzidos na UC deverão ser recolhidos e destinados a um
ponto de coleta na propriedade ou a outro local devidamente autorizado pela
prefeitura;
- Proibi-se alimentar os animais silvestres, devendo-se ter cuidado especial no
acondicionamento e na destinação do lixo de cozinha produzido nas instalações da
UC;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
- O desenvolvimento de atividades educacionais, de visitação e de pesquisa científica
só poderão se realizar de forma compatível com a conservação do ambiente e com
reduzido impacto ambiental, de forma que não provoquem alterações no ecossistema;
- A visitação deve seguir as normas, horários e formas de uso de cada atrativo;
- Para aqueles atrativos cujo acompanhamento de guia é obrigatório, somente será
permitido o acesso com guias recomendados pelo gestor da RPPN;
- A visitação ao pico da serra deverá ser acompanhada de guia, com agendamento
prévio para que os visitantes tenham as informações e cuidados necessários
específicos para esse trajeto;
- É terminantemente proibida a abertura de trilhas, picadas e clareiras. Serão
permitidas as ações necessárias para combate a incêndios e para garantir a proteção
e integridade da UC;
- Os acampamentos serão permitidos somente nas áreas a eles destinadas;
- A fiscalização, monitoramento e vigilância será realizada permanentemente;
- A visitação poderá ser restringida conforme os limites de freqüência de visitantes
estabelecidos ou que venham a ser estabelecidos posteriormente;
- As atividades desenvolvidas deverão subsidiar a recuperação das áreas alteradas
de maneira natural ou induzida;
- As pesquisas sobre os processos de regeneração natural deverão ser incentivadas;
- Não é permitida a introdução de espécies exóticas (invasoras) no interior da UC, e
como medidas de prevenção, será realizado um controle sistemático com a retirada
dessas espécies;
- Atividades de reintrodução de fauna nativa somente poderão ocorrer após a
realização de pesquisas, pareceres técnicos favoráveis e a anuência do gestor da UC;
- Proibida a manutenção de animais silvestres nativos em cativeiro no interior da UC;
- Não é permitida, na RPPN Alto da Boa Vista I e II, a coleta de fauna e flora que
caracterize a formação de coleções;
– São proibidas as coletas e apanha de espécimes da fauna e da flora, em todas as
zonas, ressalvadas aquelas com finalidades científicas, desde que devidamente
autorizadas pelos órgãos ambientais, se necessário, e com a concordância expressa
do gestor da RPPN;
- As pesquisas científicas (coletas botânicas, zoológicas, pedológicas) somente
ocorrerão com o devido cumprimento à legislação vigente e autorizadas pelos órgãos
ambientais, se necessário, além de estarem sujeitas às condições e restrições
estabelecidos pelo gestor da UC, tendo–se por prioritárias aquelas previstas no plano
de manejo ou voltadas ao manejo da Unidade;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
231
- Os estudos e pesquisas científicas poderão ser realizados desde que comprovada
cientificamente suas excepcionalidades e que não interfira na estrutura dinâmica das
espécies, populações e comunidades biológicas, bem com a estrutura geomorfológica,
devendo-se evitar autorizações de coleta para pesquisas com objetivos similares a
outras realizadas anteriormente;
– Os produtos das pesquisas científicas, relatórios e publicações, deverão ter uma
versão em português, devendo ser remetida uma cópia para o acervo da Reserva;
– Todos os exemplares de fauna e flora coletados na Unidade, mediante autorização
dos órgãos ambientais e do gestor da UC, devem ser depositados em instituições de
pesquisa regionais, credenciadas, conforme legislação vigente que regulamenta a
pesquisa científica em Unidades de Conservação;
- Pesquisadores com trabalhos voltados para as linhas de pesquisas prioritárias
determinadas pelo gestor da RPPN, terão preferência em relação ao apoio que a UC
eventualmente possa oferecer;
- Nas estradas internas da RPPN Alto da Boa Vista, tanto nos trechos de
responsabilidade do proprietário, bem como naqueles do município de Descoberto, as
intervenções para melhoria e manutenção serão realizadas com critério técnico
adequado para evitar a contínua perda de solo e o assoreamento dos cursos d’água,
adotando-se práticas alternativas de estabilização permanente do solo como:
construção de bocas de lobo como estratégia para limitar o acúmulo e a única direção
da água especialmente em locais de forte declividade , revestimento do leito da
estrada com saibro compactado e obras de calçamento ou similar em locais pontuais
reconhecidamente críticos;
- Nas estradas internas da RPPN, obviamente com exceção do trecho da estrada de
servidão municipal, fica proibido o acesso e o trânsito de veículos e máquinas (carros,
motos e tratores) sem a autorização do gestor da UC;
- O tráfego de automóveis ou camionetes nas estrada internas da RPPN que conduz
ao mirante, só será permitido aos visitantes turistas que irão se hospedar no Abrigo de
Montanha, deslocamento este que fica condicionado aos veículos com tração nas
quatro rodas – 4x4;
- Não será permitido o corte raso das árvores na extensão da Linha de Transmissão
que passa especificamente sobre o fundo de vale onde se situa a Cachoeira do
Escorrega. Somente admite-se o controle de altura das árvores emergentes, que
possam representar risco efetivo à rede de energia. No caso de haver necessidade
técnica comprovada de efetuar-se o corte de árvores, deverá ser solicitado o
licenciamento ambiental junto ao IEF-MG e ao ICMBio. Estudo de viabilidade e
impacto poderá ser realizado para readequar o traçado atual;
- As construções e reformas deverão estar em harmonia com o meio ambiente,
utilizando-se materiais e tecnologias de baixo impacto;
- A sinalização admitida é aquela indispensável à proteção dos recursos naturais da
Reserva e em relação à segurança das pessoas;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
232
- Todos os visitantes, escolares, pesquisadores e demais pessoas que visitarem a
RPPN deverão tomar conhecimento de seu Regimento Interno, bem como receber
instruções específicas quanto aos procedimentos de proteção e segurança;
- Deverão ser observados os indicadores de impacto da visitação, fenômenos erosivos
e outros danos causados pela natureza e proceder os ajustes necessários.
9.5 Normas para a realização de estágio:
De acordo com a LEI Nº 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008, o estágio é ato
educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à
preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o
ensino regular em instituições de educação superior, profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
profissional da educação de jovens e adultos.
Para a realização de estágio na UC deverão ser seguidas normas e regulamentos:
estabelecer convênio entre a UC e a Instituição de Ensino; assinar termo de
compromisso entre a UC e o estagiário, além de estabelececimento de um acordo de
cooperação entre o estagiário e a UC. O estagiário deverá: estar devidamente
matriculado em uma instituição de ensino; ter um plano de estágio; estabelecer horário
da realização das atividades; demonstrar comprometimento e responsabilidade;
observar o objetivo da UC de conservar a diversidade biológica; entregar ao final das
atividades, cópia do relatório, sendo uma impressa e encadernada e uma digital.
Quando o estágio for curricular, será supervisionado por professores do respectivo
curso com formação na área, pelo período mínimo determinado pela grade curricular.
A orientação das atividades realizadas na RPPN Alto da Boa Vista I e II ficará sob a
responsabilidade do gestor da unidade. Poderá também ser realizado remunerado,
ficando de acordo com a determinação do gestor da UC e disponibilidade de recursos
financeiros.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
233
10. PROGRAMAS DE MANEJO
234
Imagem modelada do satélite QuickBird com vista da localização da Unidade de
Conservação
10. Programas de Manejo
Os programas de manejo foram instituídos de acordo com as orientações contidas no
Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares
do Patrimônio Natural – RPPN (FERREIRA et all., 2.004) e tem a finalidade de agrupar
as atividades afins ao desenvolvimento adequado da RPPN Alto da Boa Vista visando
o cumprimento de seus objetivos estabelecidos e o alcance de resultados esperados.
Os programas de manejo definem normas e instruções que visam a efetivação dos
projetos almejados, incluem atividades e procedimentos necessários para ordenar as
ações de gestão e manejo da UC, além de distinguir sua intrínseca relação com a
propriedade e a região onde se insere, no que for cabível. Os prazos para o
cumprimento das metas estão especificados no cronograma de atividades.
Foram elaborados seis programas de manejo, descritos adiante:
10.1 Programa de Administração
Objetivos:
Assegurar os meios para que os demais programas sejam desenvolvidos aliando a
proteção da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais, permitindo assim o
alcance de resultados eficientes para a sustentabilidade da RPPN. Inclui as ações de
adequação e incremento de infraestruturas já existentes, além daquelas relacionados
aos setores de equipamentos e das áreas administrativa e recursos humanos, temas
que estão dispostos para manter a visitação ordenada direcionada à educação
ambiental, o que se pretende desenvolver na RPPN. Deve haver, portanto, previsão
orçamentária anual para execução de todas as ações e programas a serem realizados
na UC.
A sua atual condição, considerando-se o suporte já existente (estruturas físicas,
equipamentos e recursos humanos) a projetos que serão estabelecidos, permite que
se vislumbre a implementação deste plano de manejo em médio prazo. Ainda que as
atuais condições não permitam uma maior operacionalidade do processo, já que a
RPPN Alto da Boa Vista se mantém com recursos próprios, investidos, sobretudo, com
os resultados dos trabalhos de Helvécio e Adélia, seus proprietários, a propriedade
dispõe de uma estrutura considerável, que proporciona uma sustentação se não
satisfatória, pelo menos primordial. É, contudo, importante a sua organização voltada
para o crescimento do empreendimento, com a implementação deste Plano de
Manejo, para os próximos cinco anos.
Considera-se que, de acordo com o pretendido e projetado, a execução dos projetos
recomendados não só cria instrumentos de conservação, monitoramento e exploração
sustentável de importante fragmento florestal, como também contribui diretamente
com novas e viáveis perspectivas de desenvolvimento sócio econômico na região.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
235
Resultados Esperados:
- Todas as ações na UC exercidas em conformidade com as diretrizes do Plano de
Manejo e as leis ambientais vigentes;
- Funcionamento da unidade da conservação priorizando a qualidade, organização,
controles e registros, treinamento de pessoal e manutenção da área;
- Estruturação adequada de instalações físicas com funcionalidade e acessibilidade;
- Disponibilidade de equipamentos para apoio operacional, administrativo e de
segurança patrimonial;
- Geração de oportunidades para contar com força de trabalho em condições viáveis,
através de contratação de auxiliar ou acordos de parcerias para serviços gerais e
atividades da RPPN;
- Sustentabilidade da RPPN viabilizada.
Indicadores:
- Equipamentos e infraestrutura em funcionamento;
- Disponibilidade de recursos humanos necessários à gestão da UC, capacitados e
treinados;
Atividades e Normas:
Dotar a UC de pessoal de apoio de acordo com a demanda: um gestor e um
funcionário para serviços gerais:
A administração da RPPN Alto da Boa Vista é atualmente desempenhada pelo
proprietário, Helvécio Rodrigues Pereira Filho e família. Espera-se que com este
programa também haja um envolvimento maior com a comunidade do entorno
imediato, podendo ser estabelecidas parcerias para o desenvolvimento mais dinâmico
das atividades dentro da RPPN e a propriedade, buscando valorizar a mão de obra
local e a inclusão social.
Os serviços que cabem a um funcionário se referem aos trabalhos cotidianos da UC
como condução de visitantes, manutenção e fiscalização, os quais tem como principal
motivo evitar invasões que possam vir a causar impactos ao meio ambiente no interior
da RPPN.
Promover a capacitação periódica dos funcionários da RPPN e dos condutores
de visitantes.
- Participar de curso de treinamento de guarda parques para o gestor e o eventual
funcionário da UC para atendimento e orientação adequada aos visitantes, bem como
de segurança do trabalho, animais peçonhentos, resgate e suporte básico de vida.
- Participação de cursos, seminários e capacitações para as pessoas envolvidas com
a propriedade e a RPPN.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
236
Elaborar Termos de Referência com informações claras e objetivas dos
trabalhos que devem ser realizados, com as funções e responsabilidades do
responsável em relação às atividades desenvolvidas;
Estabelecer normas que devem nortear a confecção do Regimento Interno da
UC;
Promover a adequação da infraestrutura e a manutenção de equipamentos
disponibilizados para as atividades que dão sustentabilidade à RPPN, previstos
no Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos:
Deverão ser integradas no processo administrativo, as estruturas de residência do
proprietário e sua família para também estarem aptas a receber e hospedar visitantes,
além das outras estruturas já existentes de hospedagem, lazer e recepção que são:
Centro de Visitantes, Quadra Poliesportiva e a Casa de Hospedagem “Abrigo de
Montanha”.
As construções existentes deverão passar por ações estruturantes essenciais como
reparos, adaptações e acabamentos de forma a proporcionar os ajustes para
aumentar a oferta de leitos e quartos para hospedagem, o complemento de
infraestruturas para apoio a atividades de educação ambiental, acampamentos,
recreação e prática de esportes, além de ampliação de edificações para que haja
espaços em condições de agregar serviços de fornecimento de alimentação aos
visitantes.
Os equipamentos deverão receber manutenção adequada com vista a prolongar sua
vida útil.
Desenvolver um cronograma de manutenção de infraestrutura e equipamentos,
visando o bom funcionamento dos mesmos e a prevenção de danos.
Objetivando prolongar a vida útil dos equipamentos adquiridos e a redução de custos
de reparos, deverá ser estabelecido cronograma de manutenção nos equipamentos
utilizados pelos funcionários da RPPN.
Contratar e manter o serviço de Segurança Patrimonial (vigilância diária).
Monitorar as espécies exóticas / invasoras nas áreas de RPPN e promover o
manejo necessário.
Estabelecer sistema adequado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos com
coleta seletiva e destinação de resíduos produzidos no interior da RPPN.
Todos os resíduos sólidos deverão ser retirados da RPPN e deverão receber
tratamento seletivo.
Disponibilizar coletores de resíduos em dois locais distantes da UC, Centro de
Visitantes e Abrigo de Montanha, identificados como:
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
237
- Materiais recicláveis (seco);
- Materiais orgânicos (lixo úmido);
- Materiais Inservíveis.
As lixeiras deverão ser apropriadas, para evitar que seu conteúdo seja alcançado por
animais silvestres, servir de abrigo e evitar o acúmulo de água.
Os resíduos recicláveis serão coletados periodicamente e encaminhados à Usina de
Triagem e Compostagem de Lixo do município de Descoberto, assim como o rejeito
gerado.
Manter um fluxo constante de informações entre as pessoas envolvidas com o
funcionamento e implementação dos Programas de Manejo da RPPN.
Todas as pessoas que direta ou indiretamente estejam envolvidas com o
funcionamento e implementação do Plano de Manejo da RPPN deverão ser
atualizadas frequentemente sobre as atividades desenvolvidas na UC e demais
assuntos, visando o maior envolvimento na sua implementação.
Montar acervo com pesquisas e estudos realizados na RPPN e temas
relacionados à conservação da natureza.
Cadastrar e arquivar pelo menos uma cópia de cada documento, deixando-os
acessíveis para consulta local dos interessados.
Articular, formalizar e manter parcerias e/ou convênios para execução de
atividades e programas previstos.
Promover condições de apoio a especialistas de diferentes áreas ligadas à
conservação e legislação ambiental para a realização de palestras.
Desenvolver atividades de educação ambiental no entorno imediato e nas
escolas.
Promover encontros com as comunidades da região do entorno da Serra do
Relógio.
- Estabelecer um canal de comunicação da RPPN com a comunidade externa para
contribuir na proteção do patrimônio natural da UC;
Realizar parcerias com universidades, instituições de pesquisa, ONGs, OSCIPs,
dentre outros, para elaborar e implementar os projetos específicos.
Implantar um sistema de comunicação por rádio dentro da RPPN e propriedade.
Incentivar programa de
estabelecida previamente:
voluntariado,
de
acordo
com
a
programação
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
238
- Todos os voluntários deverão passar por um treinamento no qual serão proferidas
palestras sobre a RPPN e sobre o Plano de Manejo.
- Todas as atividades desenvolvidas deverão ser acompanhadas pelo proprietário ou
por um funcionário designado por este.
- As participações voluntárias se fundamentarão na Lei Federal do Voluntariado.
Manter as placas de identificação da RPPN conservadas.
- Promover periodicamente a manutenção, mudança ou renovação das placas de
sinalização, sempre que necessário;
- Implantar Projeto de Sinalização, visando informar sobre a existência da unidade de
conservação;
- Implantar sinalização em todos os pontos onde há circulação e trânsito de pessoas
na Reserva com placas orientativas e de interpretação ambiental em trilhas;
- As especificações para sinalização deverão ser fornecidas pela Administração da
RPPN.
Manter linhas de divisa sinalizadas e limpas para facilitar os percursos
necessários para fiscalização e monitoramento.
- Deverão ser implantadas placas de identificação da RPPN na entrada da propriedade
e nos limites estratégicos da RPPN, com o seu nome, número da portaria de
reconhecimento e tamanho da área, com indicações das normas de conduta e
circulação no seu interior;
- As placas para sinalização deverão interferir o mínimo possível na paisagem;
- Cercas deverão ser mantidas em boas condições, preferencialmente utilizando
arame liso.
Manter e repor quando necessário, equipamentos de proteção e combate a
incêndios.
- Participar de mobilização, formação e manutenção de Brigada Voluntária de
Prevenção e Combate a Incêndios Florestais;
As pesquisas científicas a serem realizadas na RPPN deverão obter as
autorizações de pesquisa científica junto ao SISBIO e IEF-MG, quando
pertinente.
Implantar projeto Logomarca da RPPN e sua divulgação promovendo assim a
comunicação visual da UC.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
239
- Criar uma logomarca para a RPPN que identifique de forma clara a mesma;
- Reproduzir e divulgar a logomarca.
Implantar Projeto Material Promocional, cujo enfoque é a divulgação das
atividades relacionadas à RPPN:
- Público Alvo: Visitantes, estudantes e comunidades da região da Serra do Relógio;
- Confeccionar painéis orientativos, vídeos explicativos e informações da UC como
zoneamento, as normas e restrições de cada zona e os programas de manejo
previstos para a RPPN, para disponibilização nas escolas.
Prioridades:
- Concluir as obras necessárias para o acabamento do Abrigo de Montanha como
instalação de pisos, revestimento de paredes internas e externas, construção de área
anexa para serviços de lavanderia e substituição de parte do telhado para solucionar
os problemas de infiltração;
- Adequar e estruturar as dependências da casa sede da RPPN: fazer a cobertura da
laje (telhado), ampliação e reforma da cozinha, banheiro e copa;
- Urbanização e calçamento da frente da casa sede e Centro de Visitantes para
estacionamento;
-
Estruturação do sistema de captação, armazenamento e distribuição d’água;
-
Construção de conjunto de lava-pratos e churrasqueiras;
- Construção de três colunas de sustentação do telhado em área externa do Centro
de Visitantes;
- Construção de laje para varanda e banheiro (piso inferior) nesta área externa do
Centro de Visitantes para aproveitamento de espaço coberto anexo;
- Construção de muro de pedra para estabilização do solo na área destinada para
camping;
-
Construção de escada para acessibilidade à cachoeira;
-
Construção do Mirante;
-
Construção de Torre de Observação;
-
Concretagem da quadra de esportes;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
240
-
Substituição do Transformador do Abrigo de Montanha;
-
Substituição do Transformador da Casa Sede/Centro de Visitantes;
-
Calçamentos em trechos pontuais na estrada de acesso ao Abrigo de Montanha;
- Construção de cercas delimitadoras da RPPN com as propriedades rurais
confrontantes e com as estradas municipais internas;
Reforma e manutenção dos veículos de apoio disponíveis para a UC: Toyota
Bandeirante 4x4 – diesel / ano 82 e Gurgel X12 / ano 82;
Viabilizar a estrutura necessária de recursos humanos para serviços gerais e
fiscalização da RPPN;
Estabelecer parcerias com ONG’s, OSCIP’s, prefeituras, empresas, órgãos
ambientais, instituições de pesquisas dentre outras organizações, objetivando
fortalecer as ações previstas na implementação da RPPN;
- Desenvolver um plano regular (cronograma) de manutenção de infraestrutura e
equipamentos, visando o bom funcionamento dos mesmos e a prevenção de danos;
-
Contratar e manter o serviço de Segurança Patrimonial (vigilância diária).
10.1.1 Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos:
Objetivos:
Dispor de infraestrutura e equipamentos para que o Plano de Manejo seja executado e
a UC possa cumprir com os objetivos de criação, através da instalação e manutenção
de equipamentos, além de construções, acabamentos e adaptações das edificações
atualmente existentes, necessárias para dar suporte e atendimento às atividades
previstas nos programas de manejo da RPPN;
Resultados Esperados:
- Infraestrutura e equipamentos que garantam o desenvolvimento das atividades da
RPPN implantada.
Indicadores:
- Equipamentos necessários ao funcionamento da RPPN adquiridos;
- Infraestrutura necessária para administração e desenvolvimento das atividades
desenvolvidas na RPPN implantada.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
241
Atividades e Normas:
Implantação de infraestrutura para funcionamento de todas as atividades da
RPPN:
- As obras e instalações a serem construídas, acabadas e/ou adaptadas, deverão
possuir características arquitetônicas seguindo as tradições da arquitetura regional e
da cultura local;
- Toda a infraestrutura da RPPN deverá estar sinalizada conforme projeto específico;
- Realizar manutenção periódica da infraestrutura e equipamentos existentes,
providenciando a limpeza e os reparos necessários;
- Deverá ser compatibilizado sempre que possível, o uso de sistemas alternativos de
aquecimento de água como serpentina no fogão a lenha e painéis solares, priorizando
acaso seja possível, o uso da energia solar e eólica;
- O sistema de abastecimento de água será projetado e implantado para estruturar
com segurança e qualidade de estoque, o volume de reserva necessário para
atendimento da demanda;
- Os dois sistemas atualmente existentes de tratamento de efluentes – ETES, deverão
ser constantemente monitorados e avaliados conforme parâmetros exigidos pela
legislação brasileira, e se necessário, ampliados ou readequados de acordo com a
demanda e uso, para assim reduzir os impactos ambientais, contribuindo para a
gestão ambientalmente responsável do empreendimento e garantir às populações
situadas à jusante, água de boa qualidade tanto para consumo humano como para
uso em outras utilidades cotidianas;
- Para uma drenagem adequada de águas pluviais nas construções e estradas, tornase necessário designar os pontos para a instalação e dimensionamento das infra
estruturas destinadas a escoar o excesso de água proveniente das chuvas. O conjunto
de equipamentos e obras que formam esse sistema são calhas dos telhados,
canaletas, bocas de lobo, dissipadores de energia, escadas hidráulicas, tubulações
nos cursos d’água e nas passagens de estradas (pontes), dentre outros;
- Disponibilizar aos visitantes e envolvidos na gestão da UC, alternativas facilitadoras
de coleta e destinação adequada de resíduos sólidos, contribuindo assim para a
limpeza e conservação da RPPN.
a- Casa sede:
- Intervenções necessárias para hospedagem de visitantes: Reforma, ampliação e
reestruturação das áreas de serviços como cozinha, banheiro e copa; reforma,
ampliação e readaptação do telhado destas áreas; construção do telhado da laje;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
242
assentamento de pisos no interior da edificação; reestruturação da rede hidráulica;
reforma do sistema de aquecimento d’água (serpentina do fogão a lenha);
revestimento de paredes internas e externas, construção de área anexa para serviços
de lavanderia.
b- Abrigo de Montanha:
- Acabamentos: Instalação de pisos no interior da edificação, revestimento de paredes
internas e externas, construção de área anexa para serviços de lavanderia, reforma de
parte do telhado e calçamento do passeio externo da edificação.
c- Centro de Visitantes:
- Adequações: Construção de uma varanda externa em área anexa disponível sob o
prolongamento do telhado do CV (construção de uma laje de aproximadamente 20
metros quadrados, além de três colunas de concreto do lado externo para sustentação
do telhado), construção de um banheiro adaptado para acessibilidade de deficientes
físicos.
- Construção de passeio externo contornando a edificação.
d- Setores de Visitação e Recreação:
Quadra Poliesportiva
- Obras necessárias para conclusão: Construção do piso, instalação de cabos para
fixação de alambrados, pintura de faixas.
Cachoeiras:
- Construção de escadas (de madeira tratada e certificada), nas duas cachoeiras
próximas ao Centro de Visitantes.
Mirante e torre de observação:
- Construção do mirante e torre de observação utilizando materiais de baixo impacto
visual.
e- Área de Camping:
Estruturas de apoio: Estruturas físicas de alvenaria (com cobertura) para mesas,
bancos, churrasqueiras e lavatórios de utensílios; construção do muro de pedra para
delimitar o espaço plano da área de camping;
f- Portão de Entrada e Estacionamento:
- Construção de colunas de concreto para fixação do portão de entrada e para
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
243
ampliação e reforma das estruturas com cobertura já existentes (em substituição aos
atuais esteios de madeira de eucalipto); urbanização desta área (calçamento ou
revestimento com saibro).
g- Estradas internas e municipais:
- Calçamentos em trechos pontuais na estrada de acesso ao Abrigo de Montanha;
h- Cercamento e sinalização do perímetro da RPPN e propriedade:
- Construção de cercas delimitadora da propriedade e da RPPN com as propriedades
em seu entorno, aonde for necessário, com sinalização das divisas e instalação de
placas de orientação.
Equipamentos / Material Permanente:
Casa Sede:
- Readequação do Sistema de Fornecimento de Energia: substituição do
Transformador que serve a Casa Sede / Centro de Visitantes / Área de Camping.
Abrigo de Montanha:
Necessidades para concluir os equipamentos nos seis cômodos: Frigobar = 2; TV = 2;
Receptor de Parabólica = 2; Camas – CASAL = 2 / SOLTEIRO = 2; Colchões –
CASAL = 2 / SOLTEIRO = 2; Calhas e canos para drenagem das águas que escoam
dos telhados; Sistema solar de aquecimento d’água; Readequação do Sistema de
Fornecimento de Energia de Alta Tensão (substituição do Transformador de 5 KVA por
outro de 15 KVA), Instalação de serpentina no fogão a lenha.
Centro de Visitantes:
- Aquisição de computador;
- Aquisição de equipamento para apresentação áudio-visual (Data-show).
Quadra Poliesportiva:
- Eletrificação e sistema de iluminação.
Área de Camping:
- Aquisição de lixeiras adequadas para coleta e destinação seletiva de resíduos
sólidos:
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
244
Equipamentos para apoio Administrativo, de Segurança e outros preliminares
para Pesquisa e Proteção:
- Reforma do veículo disponível (Toyota 4x4); retificação do motor do Jeep Gurgel;
instrumento de captura de serpentes (pição) para soltura em locais mais distantes –
pinção; abafadores de fogo; perneiras; aquisição de câmeras fotográficas com sensor
de movimento (para registro da fauna); GPS; binóculos; aquisição de computador e
data show; instalação de sistema eletrônico de vigilância, segurança e monitoramento
patrimonial.
10.1.2 Subprograma de Cooperação Institucional:
Objetivos:
Proposição de ações com objetivo de manter um relacionamento interinstitucional,
buscando promover ações para a unidade de conservação. Visa também interagir com
os programas de desenvolvimento regional ou similares, que afetam diretamente a
unidade de conservação e a sua área de influência.
Resultados Esperados:
Promover a cooperação e parcerias com instituições científicas e/ou governamentais,
proporcionando o desenvolvimento da RPPN e da área de influência com base técnica
e científica satisfatória.
Indicadores:
- Número de acordos e parcerias firmados;
- Número de projetos e programas apoiados por cooperação institucional em
desenvolvimento;
- Número de instituições envolvidas com o funcionamento das atividades da RPPN.
Atividades e normas:
- Estabelecer diretrizes para a elaboração e proposição de acordos de parceria entre
a RPPN e órgãos governamentais e não governamentais e instituições privadas
nacionais e internacionais para o desenvolvimento de atividades como parcerias,
pesquisas, análises de qualidade de água, fiscalização, recuperação de áreas
degradadas, dentre outras;
- Contatar / Conveniar com universidades, fundações e instituições de pesquisas
visando parcerias para desenvolvimento das atividades de pesquisa, monitoramento
ambiental, recreação, interpretação e educação ambiental;
- Estabelecer parcerias com ONG’s, prefeituras, polícia florestal, dentre outras
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
245
organizações, objetivando desenvolver ações previstas neste planejamento;
- Confeccionar Termo de Cooperação a ser apresentado nas Prefeituras de
Descoberto, Guarani e São João Nepomuceno, visando apoio para implantar Centros
de Informações sobre a RPPN e a região nas sedes municipais;
- Contatar o IEF para estabelecimento de parceria.
Prioridades:
Estabelecer parcerias com ONG’s, prefeituras, polícia florestal, dentre outras
organizações objetivando desenvolver as ações previstas neste planejamento.
10.2
Programa de Proteção e Fiscalização
Objetivos:
Desenvolvimento de ações buscando o controle, fiscalização e monitoramento da
Unidade de Conservação, de modo a prevenir e minimizar impactos ambientais à
RPPN, especialmente em seus recursos hídricos, monumentos naturais e espécies
ameaçadas, fazendo cumprir a Lei nº 6.938 de 31/08/1981 (Política Nacional do Meio
Ambiente) e a Lei nº 9.985 (Lei do SNUC - Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, de 18/07/2000, com ênfase nos artigos que tratam da zona de
amortecimento e corredores ecológicos).
O Turismo Ecológico na RPPN Alto da Boa Vista I e II, se tornou a estratégia mais
viável para auxílio no monitoramento das extensões da UC, especialmente em seu
setor norte, onde estão as áreas cumeadas mais elevadas da Serra do Relógio, acima
de 1400 metros, onde ambientes distintos se destacam como os campos de altitude e
a mata nebular (Floresta Ombrófila Densa Alto Montana), nas imediações da Zona
Silvestre I da RPPN Alto da Boa Vista.
A região da Zona Silvestre I vem a ser a “menina dos olhos” da Unidade de
Conservação e significa a “mãe das águas”, “a terra sagrada”, onde ações de proteção
e vigilância são necessárias e vem sendo rotineiramente praticadas a muitos anos
com significativos resultados favoráveis em relação à proteção e monitoramento do
local, de crescente demanda para visitação devido à sua atratividade.
As atividades de ecoturismo hoje são de grande auxílio na manutenção do equilíbrio
ambiental e se tornou também uma das atividades diversificadas que são
desenvolvidas na RPPN Alto da Boa Vista I e II para garantir a sua sustentabilidade.
A ZS I se revela pela extrema importância por abrigar significativa extensão de áreas
de recarga hídrica, ocorrendo em seu interior duas nascentes d’água com
características exuberantes de rara beleza dos ambientes que envolvem essa área de
mananciais, apresentado também áreas de declividade menos acentuada.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
246
Os trajetos de trilhas na região da Zona Silvestre I, segue pelo apenas pelo seu trecho
perimetral, não adentrando em seu interior. O trajeto da trilha para alcançar o pico da
serra se faz pelo sentido horário, continuando após alcançar o ponto mais alto desta
ZV I pelo sentido nordeste retornando pelo seu perímetro para as áreas baixas da
RPPN. Em virtude da extensão da RPPN Alto da Boa Vista se elevar até as
imediações do ponto mais alto da Serra do Relógio e contar com acessos mais
favorecidos, ocorre que por ali também passam eventualmente, outros grupos e
pessoas que partem de propriedades confrontantes da RPPN, que utilizam essa trilha
perimetral que percorre as confrontações com essas propriedades do entorno,
especificamente por este setor da unidade de conservação.
Resultados Esperados:
- População das comunidades rurais da Serra do Relógio, propriedades do entorno da
RPPN e municípios da região sensibilizados acerca da necessidade de proteção dos
recursos naturais, especialmente os mananciais e cursos d’água;
- Propriedades/Posses do entorno e adjacências da Unidade de Conservação
funcionando de acordo com a legislação vigente;
- Melhoria do uso e da qualidade dos recursos hídricos da região;
- Espécies exóticas e invasoras erradicadas ou controladas de acordo com
orientações técnico-científicas;
- Atividades ilícitas coibidas.
- Um sistema de segurança e prevenção implementados para minimizar a incidência
de incêndios florestais e ações de extrativismos para garantir a segurança e
integridade das propriedades e visitantes;
- Manutenção periódica da infra-estrutura local implementada;
Indicadores:
- Manutenção da integridade dos remanescentes florestais que ocorrem no entorno
imediato da RPPN em acordo com a legislação ambiental vigente;
- Diminuição do número de denúncias de agressões ao meio ambiente;
- Número de ocorrências e denúncias registradas e resolvidas.
Atividades e Normas:
- Fiscalizar todas as atividades incompatíveis com a conservação da RPPN e da
propriedade, estruturando e implantando um sistema de monitoramento da Unidade de
Conservação;
- Implementar ações de controle e fiscalização tendo como prioridade a linha
perimetral da RPPN, visando identificar eventuais invasões de pessoas que tem como
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
247
objetivo o acesso às trilhas existentes no interior da UC;
- Prezar pela segurança dos visitantes, pesquisadores, proprietários e colaboradores;
- Verificar a possibilidade de realizar um trabalho integrado com os proprietários do
entorno, visando conciliar a preservação da RPPN Alto da Boa Vista e a viabilização
compartilhada do ecoturismo e turismo rural com a exploração da terra e a produção
agropecuária nessas propriedades adjacentes;
- Fazer da conscientização uma peça fundamental para o auxílio na proteção das
áreas da UC, dos seus visitantes e dos moradores e suas propriedades localizadas no
entorno imediato;
- Mobilizar, capacitar e participar da formação e manutenção de uma Brigada
Voluntária de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais na região da Serra do
Relógio;
Prioridades:
- Fomentar a participação comunitária na proteção da UC através dos projetos de
educação ambiental e de desenvolvimento sustentável;
- Demarcar e sinalizar os limites da RPPN com cercas de arame liso, e farpado se
necessário, nos trechos das estradas municipais e com as propriedades confrontantes
onde se explora a pecuária e outras atividades de criação animal, agricultura e
reflorestamento que se estendem até as divisas com a Unidade de Conservação;
- Proteger a RPPN do extrativismo de espécies botânicas que se destacam como
orquidáceas, bromeliáceas e palmáceas, esta última utilizada rotineiramente para o
consumo de palmito;
10.3
Programa de Pesquisa e Monitoramento
Objetivos:
Conhecer de maneira mais aprofundada os recursos naturais e a biodiversidade da
unidade de conservação através do monitoramento de seus mananciais e cursos
d’água, além da realização e acompanhamento de pesquisas científicas, tendo como
finalidade obter subsídios para o detalhamento de metodologias de conservação e
recuperação da flora e da fauna e também sobre o potencial para educação ambiental
aliado ao turismo ecológico, favorecendo implementar ações que auxiliem no manejo
adequado da RPPN.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
248
Resultados Esperados:
- Apoio e estímulo na execução de projetos que contemplem as linhas de pesquisa
prioritárias à gestão da UC;
- Estabelecimento de normas e procedimentos que orientarão o desenvolvimento de
pesquisas e apresentação de resultados;
- Apoio para incentivo às atividades acadêmicas de pesquisa que auxiliem a
conservação da biodiversidade da RPPN e de seu entorno, financiadas por
organizações de ensino e pesquisa ou por outras entidades patrocinadoras
interessadas;
- Apoio às pesquisas acadêmicas de pós-graduação que sejam do interesse da
RPPN e que sejam financiados por organismos que estimulem a investigação
científica;
- Fortalecimento e ampliação das pesquisas acadêmicas para valorização do
patrimônio natural da UC, desenvolvidas por instituições universitárias;
- Estudos da regeneração florestal em áreas de recuperação;
- Descrição da biota da Reserva e suas interações com o meio ambiente;
- Aumento do conhecimento científico da RPPN com conhecimento ampliado sobre
fauna e flora;
- Resultados de pesquisas consolidados e registrados;
- Realização de estudos de viabilidade de desenvolvimento sustentável no entorno
imediato da RPPN;
- Monitoramento de todas as atividades desenvolvidas na RPPN e na propriedade;
- Capacidade de suporte das áreas de visitação avaliada;
- Difundir o conhecimento da RPPN;
- Obter uma carteira de publicações.
Indicadores:
- Recursos financeiros captados para apoio às pesquisas e estudos;
- Aumento da procura de pesquisadores para desenvolvimento de projetos na RPPN
Alto da Boa Vista e nas outras UC’s já existentes e em fase de reconhecimento na
região da Serra do Relógio;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
249
- Aumento das instituições envolvidas a nível de parceria para realização de estudos
e pesquisas;
- Aumento significativo do número de estudos e pesquisas concluídas e em
andamento;
- Aumento de exposições e apresentações de pesquisas realizadas na RPPN em
congressos científicos;
Atividades e Normas:
-
Estabelecer normas de uso das estruturas de apoio à pesquisa / termos de
responsabilidade;
-
Organizar informações para divulgação da UC como campo de investigação do
Bioma Mata Atlântica;
-
Produzir folhetos informativos caracterizando a RPPN, o qual servirá como Carta
de Apresentação para instituições apoiadoras e público interessado;
-
Realizar pesquisas científicas para aumentar o nível de conhecimento da fauna e
flora da região;
-
As pesquisas devem levar em conta critérios éticos para sua realização visando
sempre o respeito incondicional à biodiversidade e à conservação da natureza;
-
Apresentar as informações e os resultados das pesquisas às populações do
entorno, integrando em especial, os proprietários confrontantes da Reserva;
-
Realizar parcerias com moradores da região, visando sua inserção como parceiras
nas atividades de campo;
-
Identificar o estado de conservação das diversas formações vegetais encontras na
RPPN (Classes de vegetação);
-
Realizar o monitoramento da regeneração natural das Zonas de Recuperação da
RPPN;
- Realizar estudos de aprofundamento no conhecimento da herpetofauna e avifauna,
dar continuidade ao inventário realizado e ter maior conhecimento sobre as estruturas
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
250
das comunidades existentes nas diversas tipologias ambientais das diferentes áreas
da RPPN;
-
Realizar pesquisas dos anfíbios no trecho do extremo norte da RPPN. Inventariar
as espécies que vivem nas áreas de encosta montanhosa da porção de maior
elevação dentro da Unidade de Conservação;
-
Formar grupos técnicos específicos de áreas de conhecimento;
Prioridades:
-
Monitoramento de todo e qualquer uso admitido, como: fiscalização, visitação,
administração, manutenção e pesquisa;
-
Realizar estudos técnicos sobre conservação do solo e estradas;
-
Realizar estudos específicos sobre o público visitante;
-
Realizar mapeamento das espécies invasoras da flora existentes na RPPN visando
as suas eliminações para não competirem com a flora nativa e a definição de métodos
para sua erradicação;
-
Realizar pesquisas específicas para cada espécie indicada como ameaçada de
extinção ou endêmica do bioma;
-
Realizar novas pesquisas da fauna, com registros georreferenciados e montagem
de guias de campo para identificação, com hábitos, habitats, informações sobre a
reprodução e distribuição dentro da RPPN e sua distribuição geográfica;
-
Ampliar o inventário da flora da Reserva, ressaltando o status das espécies;
Realizar estudos e pesquisas sobre os ambientes aquáticos e a ocorrência de
espécies da ictiofauna, analisando o status de conservação e a influência da dinâmica
desse ecossistema durante períodos distintos do ano;
-
Monitorar a qualidade das águas nos locais onde ocorre maior pressão antrópica
(nos cursos d’água que atravessam as áreas de cotas mais inferiores da RPPN, cujas
nascentes se localizam em propriedade localizada a montante destes trechos), com a
realização de análises sistemáticas e sazonais;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
251
-
Monitorar e regulamentar de acordo com as legislações específicas atuais, as
captações d’água na RPPN que existem para abastecimento humano e uso de
residências;
-
Buscar apoio em instituições que certificam florestas nativas para sequestro de
carbono e pagamento por serviços ambientais;
10.4
Programa de Visitação
252
Objetivos:
Tem como objetivos promover o ecoturismo, a educação e a interpretação ambiental
em ambientes naturais protegidos, estabelecendo e regulando as atividades que o
público poderá realizar na unidade de conservação em relação à recreação e ao lazer,
como também em sua estada ou acampamentos, com ênfase na segurança dos
visitantes e capacidade de suporte da RPPN.
Resultados Esperados:
- As atividades de visitação e uso público não devem interferir no objetivo principal da
UC que é a conservação da biodiversidade biológica, genética e de ecossistemas;
-
Aspectos ambientais e culturais harmonicamente desenvolvidos nas atividades
turísticas;
- Atividades educacionais realizadas regularmente no Centro de Visitantes;
- Controle da visitação consolidado;
- Visitantes satisfeitos com roteiros especializados de cunho ambiental e cultural;
- Proprietários e comunidades rurais localizadas na Serra do Relógio mais envolvidos
e satisfeitos com as possibilidades de recreação que a RPPN oferece;
- Conclusão do piso da quadra de esportes;
- Readequação espacial da casa sede com ampliação da oferta de leitos e quartos
para hospedagem, agregando estruturas apropriadas
para áreas de serviço
destinadas para fornecimento de alimentação aos visitantes, ecoturistas e
pesquisadores;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Indicadores:
- Maior procura para visitação;
- Número crescente de visitantes;
- Número crescente de moradores locais visitando o local;
- Número de visitantes retornando;
- Número de opiniões positivas sobre as atividades desenvolvidas;
- Número de visitas ao Centro de Visitantes.
Atividades e Normas
Deverão ser observadas as seguintes normas gerais para as atividades de
visitação:
- As visitas à RPPN devem ser previamente agendadas com o gestor da UC;
- A entrada e permanência de menores deverá ser acompanhada por responsável;
-
Só será permitido o ingresso às trilhas aqueles que estiverem adequadamente
trajados;
- A realização dos roteiros de visitação deverá considerar a capacidade de suporte
estabelecida para cada área, levando-se em consideração a segurança e o conforto
do visitante, conservação da natureza, aspectos sanitários e conservação da
infraestrutura;
- Deverão ser estabelecidas nos projetos específicos, estratégias de resgate para as
diversas atividades e os condutores ou responsáveis deverão estar capacitados a
adotá-las em caso de necessidade;
- Qualquer atividade poderá ser interrompida no momento em que forem percebidos
danos representativos a determinados aspectos do meio ambiente, seguido de estudo,
ações de manejo e intervenções, quando necessário;
- A realização das atividades de uso público será dinamizada na medida em que
forem instalados os equipamentos e serviços necessários como o sistema de controle
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
253
de visitação e de comunicação, com os seus requisitos básicos para funcionamento,
além do tratamento e manutenção das trilhas e estradas, sinalização e demais
equipamentos necessários implantados;
- Não será permitido o uso de aparelhos sonoros que produzam ruídos agressivos ao
ambiente;
- É proibida a retirada de qualquer espécime da flora local;
- É proibida a utilização de fogo dentro da RPPN;
-
É indicado que o setor de visitação seja sinalizado e interpretado ambiental e
culturalmente com linguagem visual uniforme e, sempre, precedendo de projeto
específico que indique as melhores formas e priorize a simplicidade e harmonia ao
meio ambiente com extremo cuidado com a poluição visual.
-
Consolidar um programa de educação ambiental para atender aos alunos de
escolas, especialmente do ensino fundamental;
-
Estabelecer sistema de cadastro de visitantes na RPPN e ampliar pesquisa (em
termos qualitativos e quantitativos) para identificar o perfil, a opinião e a satisfação dos
visitantes;
-
Aderir e divulgar aos visitantes os princípios do Programa de Conduta Consciente
em Ambientes Naturais, do Ministério do Meio Ambiente - MMA;
-
No retorno das caminhadas, o visitante deverá trazer todo o lixo produzido e
depositá-lo em local adequado;Realizar o monitoramento das atividades de visitação nas trilhas e nos locais
atrativos, adequando o número de visitantes, utilizando para tal metodologia
específica.
- Estabelecer o monitoramento de indicadores vinculados à presença de impactos
biofísicos, sociais e ambientais na RPPN;
- Estabelecer monitoramento para as áreas destinadas para banho no interior da UC;
- Até que as ações do sistema de Capacidade de Carga Recreativa, a ser elaborado,
aprimorem a definição da capacidade de suporte, a visitação em grupos fica limitada a
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
254
30 pessoas.
Elaborar projeto específico para instalação das trilhas de acesso a locais
atrativos como o mirante e cachoeiras com sinalização e interpretação.
- O projeto deve abordar a necessidade de instalação de equipamentos de apoio
como escadas, bancos para descanso ao longo da trilha, entre outros;
- Para sinalização, deverá ser utilizado material harmônico com o ambiente e servir
aos visitantes que percorrerão a trilha de forma auto guiada; -
O projeto de
sinalização deve contemplar placas que informe quanto às normas e as ações
voltadas à proteção da RPPN a serem seguidas, os roteiros de visitação, distâncias,
graus de risco e dificuldades, bem como orientações técnicas para escolha do roteiro.
- Não será permitido implantar lixeiras no local. O visitante deverá ser orientado para
retornar com o próprio lixo e depositá-lo em recipientes indicados ou em local
apropriado no município.
Adotar critérios técnicos para estabelecimento/viabilidade de novas trilhas, para
evitar ou minimizar danos ambientais, assim como garantir a segurança dos
visitantes:
-
A definição do traçado deverá levar em conta o menor impacto e a maior
possibilidade de riqueza cênica e outros elementos ambientais e geológicos, como
estrutura da vegetação, terrenos mais estáveis, espécies notáveis, utilização dos
mirantes naturais, etc;
- Atender as normas das zonas de proteção e visitação, conforme o caso;
-
O trajeto deverá observar as condições de solo, no sentido de evitar erosão e
compactação, bem como o pisoteio de raízes;
- A trilha será mantida no estado o mais natural possível, não devendo ser removido
nenhum obstáculo natural existente no seu percurso e não receberá qualquer
tratamento que vise dar maior comodidade ao visitante.
Manter a promoção da acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades
especiais às zonas de visitação da RPPN.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
255
-
Observar e atender à legislação específica e às normas específicas para a
promoção da acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais;
-
Consultar as organizações de pessoas portadoras de necessidades especiais
durante a elaboração de padrões e normas de acessibilidade.
Realizar atividades de observação de aves.
Centro de Visitantes
256
No Centro de Visitantes serão transmitidas informações aos visitantes sobre a RPPN e
a localização dos locais atrativos. A partir do CV poderá ser iniciada a caminhada para
o mirante e para o Abrigo de Montanha, além das cachoeiras e o pico da Serra do
Relógio.
Implantação de Estruturas do Mirante e Torre de Observação
A visita ao Mirante é realizada pela estrada que dá acesso ao Abrigo de Montanha.
Proporcionando boa visualização da RPPN, pode-se avistar toda a área da unidade de
conservação e de seu entorno, além de ser possível a atividade especial de
observação de aves.
Deverá ser elaborado projeto específico para instalação do mirante e da torre de
observação.
O projeto deverá analisar o tipo de infraestrutura e equipamentos adequados ao
ambiente e às atividades, espaço para permanência dos visitantes, bancos rústicos,
bem como espaço para veículos, que deverá se localizar propriamente antes do
mirante.
O projeto também deverá indicar equipamentos para interpretação e educação
ambiental, se necessário.
Abrigo de Montanha
Edificação em alvenaria com 350 m2 de área, destinada para hospedagem de
visitantes e pesquisadores. Possui 6 quartos e 3 banheiros, cozinha montada
(geladeiras, fogão e forno) em com ambiente para hospedar em torno de 15 a 20
pessoas. Está servida por energia elétrica e conta com coleta de esgoto para uma
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
pequena – ETE (estação de tratamento de esgoto). Distante 1 km do Centro de
Visitantes e casa sede por estrada interna atualmente em estado precário. Necessita
de acabamentos internos e reforma do telhado.
Área de camping
Localizada nas proximidades do Centro de Visitantes e Casa Sede, dispõe de conjunto
de banheiros masculino e feminino com esgoto coletado para pequena estação de
tratamento de esgoto – ETE. Necessita de estruturas de proteção (instalação de telas
e construção de 20 m2 de muros, a serem feitos utilizando-se pedra).
Quadra Poliesportiva
Localizada nas imediações da área de camping, Centro de Visitantes e Casa Sede.
Envolta por muros, postes para iluminação e piso de terra, já dispõe de vestiários e de
tabelas de basquetebol, das traves do gol para futebol de salão, além dos postes da
rede de voleibol. Também já estão assentadas, as estruturas (tubulações e cabos
necessários para fixação dos alambrados), que estão no local aguardando a sua
colocação. A quadra necessita da conclusão do piso e da iluminação.
Cachoeira do Escorrega
Distante 200 metros do Centro e Visitantes/Quadra Poliesportiva e Casa Sede.
Necessita de estruturas de melhorias de acessibilidade: escadaria ou passarela em
declive para se chegar na queda d’água.
Prioridades:
- Conclusão das obras necessárias de acabamento no Abrigo de Montanha;
- Adequações estruturais na casa sede redimensionando os espaços de copa e
cozinha, além de construção do telhado da laje;
- Construção das estruturas físicas (varanda e banheiro com rampas, adaptados para
portadores de necessidades especiais) aproveitando o espaço vago já com cobertura
localizado na entrada ao Centro de Visitantes;
-
Construção de estruturas em alvenaria para apoio aos que utilizam a área de
camping (projeto constando uma área de cobertura com mesas fixas, bancadas e
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
257
tanques para lavar pratos e utensílios, incluindo churrasqueira de alvenaria);
- Construção do piso da quadra poliesportiva;
-
Construção de estruturas facilitadoras (escadas) para acesso à Cachoeira do
Escorrega;
-
Substituição do Transformador de Energia do Abrigo de Montanha ( de 5 KVA para
15 KVA);
258
- Criação e atualização de página na internet;
- Contratação e manutenção do serviço de Segurança Patrimonial (vigilância diária);
- Reforma do veículo utilitário (Toyota Bandeirante 4x4 – diesel / ano 82).
10.5
Programa de Sustentabilidade Econômica
Tem como objetivo buscar fontes de recursos para implantação dos programas de
manejo e projetos específicos na Unidade de Conservação.
Pioneira e com ações direcionadas para o desenvolvimento sustentável da região da
Serra do Relógio, a RPPN Alto da Boa Vista deve organizar sua estrutura e criar
parcerias que viabilizem a sua sustentabilidade econômica, inserindo neste contexto
as propriedades rurais de seu entorno. Portanto, é de suma importância as
articulações e parcerias com as organizações não governamentais, que em geral, pelo
seu escopo de comprometimento público sem fins lucrativos, viabilizam inclusive, a
realização de projetos a fundo perdido.
Os perfis adotados historicamente pelos proprietários da Unidade de Conservação,
mesmo antes da criação da Reserva em 1.995, primam pela continuidade de seus
esforços e resultados profissionais, pois vivem na propriedade e por ela trabalham.
Continuam com dedicação e entusiasmo a 24 anos, quando adquiriram a propriedade
e a partir daí ergueram edificações como o Centro de Visitantes (construção apoiada
financeiramente pelo Programa de Incentivo às RPPN’s da Mata Atlântica) e estruturas
de hospedagem como o Abrigo de Montanha, investindo no dia a dia em técnicas e
cursos para aprimorarem suas atividades. Este processo deve ser fortalecido, criando
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
uma divulgação da RPPN Alto da Boa Vista que irá atrair mais hóspedes, aumentando
o número de pessoas interessadas. As articulações e ações conjuntas com as
comunidades e proprietários do entorno em conjunto com modelos a serem
desenvolvidos objetivando o desenvolvimento sustentável, podem gerar circuitos
locais interagindo com agências de turismo na região, o que garantiria à RPPN um
maior fluxo de visitantes e ocupação de seus meios de hospedagem. A implantação
de circuito sustentável na Serra do Relógio permite inúmeras opções de roteiros, tanto
em propriedades particulares, como em Unidades de Conservação, como é o caso do
Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, que está em fase de legitimação e
reconhecimento.
Resultados Esperados
- Avaliação de serviços ambientais;
- Cobrança de ingressos e serviços prestados voltados à visitação e condução,
alimentação, hospedagem, acampamentos, entre outros, decorrentes da dinamização
da atividade do Turismo Ecológico na RPPN;
- Número crescente de moradores locais trabalhando com as atividades relacionadas
ao ecoturismo;
- Pessoas da região melhor capacitadas para desenvolverem atividades relacionadas
com produção agropecuária em bases sustentáveis, agregando o turismo rural e o
ecoturismo como diversificação das atividades em suas propriedades viabilizando
mais alternativas de renda no campo;
- Produção agropecuária do entorno sendo conduzida por bases sustentáveis;
- Parcerias interinstitucionais atuando em programas alternativos de desenvolvimento
e regularização das propriedades rurais;
- Comunidade organizada.
Indicadores
- Recursos financeiros angariados com a atividade do Turismo Ecológico;
- Estudos elaborados que abordem minimamente a quantia de recursos gerados pela
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
259
RPPN, bem como análise do custo de sua manutenção;
- RPPN e propriedades avaliadas e reconhecidas, servindo como referência a outras
propriedades e ao município de Descoberto, pelos diversos serviços ambientais que
proporciona à população, em especial como produtoras de águas;
- Extensão em hectares, de áreas de produção agropecuária em bases sustentáveis;
- Maior área plantada com produtos agroecológicos;
260
- Maior produção/utilização de produtos regionais, tais como: artesanato, culinária
regional, essências medicinais, dentre outros;
- Maior número de profissionais capacitados;
-
RPPN Alto da Boa Vista e outras propriedades regularizadas enquadradas e
selecionadas em Edital do Bolsa Verde – Programa do Governo do Estado de Minas
Gerais;
-
Mensuração e divulgação dos valores financeiros gerados pela RPPN Alto da Boa
Vista (homologada em1.995) ao município de Descoberto em 17 anos de aplicação da
Lei do ICMS Ecológico (iniciado em 1.996);
- RPPN sendo efetivamente considerada e beneficiada pela Lei Robin Hood (Lei do
ICMS Ecológico do Estado de Minas Gerais) com apoio em suas demandas e projetos
pelos gestores municipais;
- RPPN receptora de aplicação de compensações ambientais ou de termos de ajuste
de conduta – TAC, firmados com o Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Atividades e Normas
-
Manter atualizada uma lista de financiadores que apoiam projetos e ações em
Unidades de Conservação;
- Elaborar projetos que buscam captar recursos via editais ou demanda espontânea e
também junto à iniciativa privada, que poderão contribuir para a manutenção da RPPN
e para a implementação do Plano de Manejo;
- Dar enfoque ao mercado voluntário de sequestro de carbono, desmatamento
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
evitado, pagamentos por serviços ambientais (Bolsa Verde) e ICMS Ecológico;
- O proprietário deve avaliar a origem da fonte de recursos recebida e obedecer à
legislação pertinente para transações financeiras;
-
Cumprir pontualmente compromissos, acordos e contratos com apoiadores e
financiadores de projetos aprovados e executados na Unidade de Conservação;
-
Realizar estudo de viabilidade econômica da RPPN, elaborando Plano de Negócio
para comercialização de produtos vinculados à marca da RPPN , a fim de agregar
valor a este, tais como: valorização de imagens cênicas da RPPN Alto da Boa Vista,
produtos agropecuários, artesanatos, publicações e mídias sobre a fauna e flora da
Reserva, calças, camisetas, bonés, chapéus, capas de chuvas, entre outras.
- Promover roteiros específicos para observação de aves, em observância às normas
específicas para cada uma das Zonas da RPPN;
-
Elaborar e implementar plano de divulgação da RPPN junto a potenciais doadores
do setor privado;
-
Ampliar parcerias com instituições de pesquisa, órgãos e empresas financiadoras
de atividades culturais e mantenedoras da pesquisa científica;
-
Planejar e oferecer ao público em geral, cursos voltados a temas ambientais, com
vista à geração de renda para manutenção da RPPN;
Estimular os pequenos produtores do entorno a adotarem práticas de
agricultura orgânica e/ou alternativas, utilizando-se do Centro de Visitantes da
Unidade de Conservação para a realização de reuniões com a comunidade:
- Apoiar ações que possam proporcionar a capacitação de técnicos locais (EMATER,
Cooperativas, Associações, Sindicatos, etc.) para repassar técnicas de agricultura
orgânica aos produtores interessados;
-
Realizar parcerias com entidades que possuam experiências com agroecologia
para intercâmbio de experiências;
-
Estimular a agregação de valor através de agroindústrias, beneficiamento,
artesanato, etc;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
261
-
Estimular a produção do artesanato regional;
Apoiar ações que possam proporcionar meios que permitam a capacitação e/ou
reciclagem de pessoas das comunidades locais que já trabalham ou que queiram
trabalhar com produtos como o bambu ou outros trabalhos artesanais que podem ser
comercializados;
-
Realizar estudos de viabilidade para exploração dos recursos, visando identificar o
estoque de recurso e verificar o limite de exploração sustentável;
262
- Realizar acordos com entidades afins para viabilizar essas atividades;
- Incentivar e fortalecer o associativismo, integrando e apoiando associação de
pequenos produtores de comunidades do entorno da Serra do Relógio que
eventualmente venha a ser criada;
- Esta atividade deve visar a criação de melhores condições de negociações com
outras instituições, intercâmbios, elaboração e apresentação de projetos, além de
melhor organizar a produção agropecuária e a produção alternativa como:
agroindústria, artesanato, dentre outros;
Estimular que as comunidades locais se organizem visando o seu envolvimento
nas atividades econômicas ligadas ao turismo, de modo a se integrarem no
desenvolvimento da UC;
Estimular a implementação de programas de conservação do solo no entorno
(terraceamento, microbacias,
etc.),
através do envolvimento de órgãos
governamentais como a Emater, a Agência Nacional de Água – ANA, o Instituto
Mineiro de Gestão das Águas - IGAM, o Instituto Estadual de Florestas - IEF/MG,
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Comitê de
Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP e seus
Comitês de Bacias Afluentes, dentre outros;
Estimular o uso racional das águas, tanto no uso doméstico, como comercial, na
agropecuária e na agroindústria, em consonância com orientações do Programa
de Educação Ambiental;
Estimular a comunidade local a preservarem suas tradições culturais.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
Prioridades:
- Obter recursos financeiros oriundos das atividades implementadas e consolidadas de
Turismo Ecológico na RPPN Alto da Boa Vista, ofertando produtos alternativos de
entretenimento em contato com a natureza como excursões, acampamentos e meios
adequados de hospedagens, com ênfase na qualidade e na medida adequada para
sua sustentabilidade;
- Elaborar projetos que buscam captar recursos via editais ou demanda espontânea e
também junto à iniciativa privada, que poderão contribuir para a manutenção da RPPN
e para a implementação do Plano de Manejo;
-
Elaborar e implementar plano de negócios e de divulgação da RPPN junto a
potenciais doadores do setor privado;
-
Ampliar parcerias com instituições de pesquisa, órgãos e empresas financiadoras
de atividades culturais e mantenedoras da pesquisa científica;
-
Planejar e oferecer ao público em geral, cursos voltados a temas ambientais, com
vista à geração de renda para manutenção da RPPN;
- RPPN sendo beneficiada pela Lei Robin Hood (Lei do ICMS Ecológico do Estado de
Minas Gerais) com apoio efetivo em suas demandas e projetos pelos gestores
municipais;
- RPPN Alto da Boa Vista e outras propriedades regularizadas, enquadradas e
selecionadas em Edital do Bolsa Verde – Programa do Governo do Estado de Minas
Gerais;
-
Promover ações que visem uma produção agropecuária em bases sustentáveis no
entorno da RPPN;
-
Estimular os pequenos produtores da região a adotarem práticas de agricultura
orgânica, além de técnicas de conservação e recuperação do solo;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
263
10.6
Programa de Comunicação
Objetivos:
Estabelecer o contato com o meio externo da RPPN, apresentando seus atrativos
naturais existentes, estruturas e formas de visitação, buscando uma maior interação
com os diferentes públicos, proprietários rurais e comunidades vizinhas com a área
protegida, divulgando as atividades desenvolvidas e apoiando os trabalhos e ações de
educação ambiental realizados por seus proprietários, promovendo assim a
importância e atuação da UC no esforço regional para expansão das áreas naturais
protegidas.
Resultados Esperados:
- População regional informada sobre a RPPN e as atividades nela desenvolvidas;
- Acordos estabelecidos entre instituições governamentais e da sociedade civil com a
RPPN para execução de atividades de cooperação comunitária e desenvolvimento
integrado e ordenado da região;
- Procura crescente de visitação à RPPN;
- Captação de recursos sustentando as atividades de divulgação e promoção da
unidade de conservação;
- Parcerias efetuando atividades sócioeducacionais;
- Professores, funcionários públicos e demais interessados em educação ambiental
capacitados;
- Alunos participando das atividades de educação ambiental;
- Programa de educação ambiental implementado e em funcionamento;
- Populações dos municípios circunvizinhos informadas sobre importância da RPPN,
dos recursos naturais da região, de seu uso racional e da valorização da cultura local e
sobre as implicações de problemas ambientais.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
264
Indicadores:
- Aumento do número de instituições apoiando a RPPN;
- Número da procura de informações sobre a RPPN e região;
- Aumento do número de visitantes;
- Número de pessoas capacitadas em educação ambiental;
- Número de visitas à RPPN pelas escolas regionais;
-
Diminuição das agressões à biodiversidade na RPPN e nos remanescentes
florestais adjacentes na Serra do Relógio e área de influência.
Atividades e Normas:
- Planejar e implementar uma estratégia regional de divulgação da RPPN;
- Produzir material informativo, educativo e interpretativo (vídeos, cartilhas educativas
abordando temas como lixo, normas de conduta e de segurança como roupas e
calçados adequados, folhetos, cartazes, guias de fauna e flora, dentre outros);
- Utilizar espaços de mídias locais, seja por meio de artigos, coluna em jornal local,
divulgação de notícias sobre projetos e atividades;
- Participar de eventos ambientais na região (stands, vídeos, palestras, exposições
fotográficas);
- Elaborar o resumo executivo do Plano de Manejo da RPPN;
- Divulgar junto à comunidade acadêmica e aos órgãos governamentais as pesquisas
realizadas na RPPN Alto da Boa Vista;
- Divulgar a RPPN em datas comemorativas municipais e regionais, ligadas ao meio
ambiente e cultura, bem como na data da criação da mesma;
- Estabelecer contato com ONGs, universidades, centros culturais nacionais,
fundações socioculturais e demais organizações da sociedade civil visando divulgar o
Plano de Manejo;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
265
- Aproveitar as festas regionais para divulgar a RPPN envolvendo os participantes
com a causa ambiental e cultural;
-
Buscar e reforçar parcerias com instituições locais e nacionais para ajudar na
promoção da educação ambiental e de projetos e atividades sócioeducacionais;
- Estimular a constituição de Grupos de Educação Ambiental Municipais, em cada
município circunvizinho para promover ações educacionais (educação e interpretação
ambiental e cultural), visando maior conscientização sobre a RPPN e aspectos
ambientais locais, tendo como integrantes professores, alunos, funcionários das
prefeituras e secretarias e demais interessados da comunidade;
- Desenvolver projetos específicos de ecologia e cultura nas escolas;
-
Incentivar escolas e professores para o resgate das tradições e manifestações
culturais e da história regional;
- Identificar demais programas de educação ambiental na região e Estado buscando
integrar experiências ao desenvolvimento dos projetos educacionais;
- Realizar campanhas educativas sobre a água e seu uso racional;
- Organizar, em datas comemorativas ligadas à RPPN, ao meio ambiente e a cultura,
eventos que abordem seus valores e necessidade de preservação para toda a
comunidade (passeios ecológicos, exposições, palestras, apresentações teatrais,
gincanas, sorteios, etc.).
Prioridades:
- Divulgar a legislação pertinente à categoria em que a UC se insere;
- Planejar e implementar uma estratégia regional de divulgação da RPPN;
- Potencializar divulgação via internet, seja por meio do blog da RPPN ou por outros
canais;
- Estabelecer contato com ONGs, universidades, centros culturais nacionais,
fundações socioculturais e demais organizações da sociedade civil visando divulgar o
Plano de Manejo;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
266
- Implantar a sinalização com placas educativas no interior da RPPN, na estrada e
nos locais atrativos disponibilizados aos visitantes, conforme projeto específico a ser
elaborado;
- Estabelecer mecanismos de comunicação com grupos organizados, visando durante
a visitação à RPPN o bom relacionamento com as atividades de Turismo Ecológico, no
intuito de conseguir alianças e sensibilização das pessoas em prol da mudança de
comportamento e adoção de atitudes conservacionistas, apoiando a gestão da UC na
busca de alternativas de desenvolvimento sustentável e geração de renda;
- Estabelecer mecanismos de participação comunitária visando facilitar a implantação
dos programas temáticos de educação ambiental, ecoturismo, controle, pesquisa e
monitoramento, incluindo propostas de alternativas de desenvolvimento comunitário.
- Estimular a constituição de Grupos de Educação Ambiental Municipal (GEAM), nos
municípios circunvizinhos à região, para promover ações educacionais (educação e
interpretação ambiental e cultural);
- Elaborar um Programa de Educação Ambiental e Valorização Cultural envolvendo as
secretarias de educação municipais e as coordenações regionais de ensino;
- Buscar e reforçar parcerias com instituições locais, regionais e nacionais para ajudar
na promoção da educação ambiental e de projetos e atividades sócioeducacionais;
- Articular o envolvimento da mídia na educação ambiental;
- Organizar, em datas comemorativas ligadas à RPPN, ao meio ambiente e a cultura,
eventos que abordem seus valores e necessidade de preservação para toda a
comunidade (passeios ecológicos, exposições, palestras, apresentações teatrais,
gincanas, sorteios, etc.).
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
267
11. PROJETOS ESPECÍFICOS
268
Centopéia
11. PROJETOS ESPECÍFICOS
11.1 Projeto de Adequação de Infraestrutura da Sede da Unidade de
Conservação
Dispor de infraestrutura e equipamentos para que o Plano de Manejo seja executado e
a UC possa cumprir com os objetivos de criação, através da instalação e manutenção
de equipamentos, além de alterações nas construções atualmente existentes,
necessárias para dar suporte e atendimento às atividades previstas nos programas de
manejo da RPPN.
A edificação existente deverá passar por ações estruturantes essenciais como
reparos, adaptações e acabamentos de forma a proporcionar os ajustes para
redimensionar toda a estrutura física, proporcionando melhores condições para as
atividades que dão sustentabilidade à RPPN, com espaços com acessibilidade para
pessoas com limitações físicas dotados de instalações sanitárias adaptadas com
equipamentos facilitadores e com dependências mais amplas, equipadas com cozinha,
copa, lavanderia e área para mesas de refeitório, oferecendo condições ideais para o
desenvolvimento de serviços de fornecimento de alimentação. Serão integradas
nesse projeto, as estruturas da casa sede para aumentar a oferta de leitos e quartos
para hospedagem a serem disponibilizados, com construção e reforma de telhados,
urbanização do local (fixação de portão de entrada e estacionamentos, calçamento,
ensaibramento, etc), reestruturação da rede de armazenamento e abastecimento
d’água e reforma do sistema de aquecimento d’água do fogão a lenha (serpentina),
além de construção de sistema alternativo de aquecimento d’água (solar).
Como previsto no programa de Infraestrutura e Equipamentos do Programa de
Administração, há necessidade de substituição do transformador de alta tensão de
energia elétrica que irá manter quatro unidades: casa sede, Centro de Visitantes,
quadra poliesportiva e estruturas físicas projetadas de apoio à área de camping, além
de instalação de sistema de vigilância eletrônica.
11.2 Projetos para Apoio às Atividades e Atendimento ao Público, com
Estruturação de Acessibilidade e Equipagens em Espaços Atrativos da Reserva
- Elaboração de programas de visitação voltados para públicos distintos com
atividades e roteiros diversificados, aliando recreação, atividades físicas e atividades
de cunho educativo e de interpretação ambiental;
- Estabelecer sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – GRS, com coleta
seletiva e destinação de resíduos produzidos no interior da RPPN com aquisição de
lixeiras adequadas para coleta de resíduos em dois locais distintos: Centro de
Visitantes e Abrigo de Montanha, identificados como materiais recicláveis (seco),
materiais orgânicos (lixo úmido) e materiais inservíveis;
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
269
- Conclusão da Quadra Poliesportiva (construção do piso de concreto, instalação de
telas e sistema de iluminação elétrica) para oferecer alternativas de lazer;
- Construção do Mirante e Torre de Observação para observação de aves e
fiscalização. Será executado mediante projeto com estrutura, materiais e mão de obra
especializada, condizente com as dimensões e objetivos propostos;
- Construção de escadas para acessibilidade às cachoeiras próximas à sede e Centro
de Visitantes. Irá beneficiar as pessoas com limitações físicas para acessar locais
aprazíveis localizados na área central da Reserva, próximos à Sede e Centro de
Visitantes, os quais carecem de estruturas de apoio para locomoção com segurança
das pessoas;
- Construção de uma pinguela em trilha para realização do percurso da trilha da borda
da várzea;
- Construção de 20 m2 de muro de pedra na área destinada para camping para
estabilização do solo no local;
- Aquisição de computador e data show para utilizar em apresentações aos visitantes
e estudantes;
- Aquisição de dois rádios para comunicação interna.
11.3 Projeto de Adequação e Complementação Física em Espaço Anexo ao
Centro de Visitantes
- Construção de uma varanda externa em área com cobertura já existente (sob o
prolongamento do telhado do CV) com a instalação de três colunas de concreto para
sustentação do telhado (em substituição aos esteios de madeira); construção de um
banheiro adaptado com acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades
especiais; construção de passeio externo no contorno do CV, incluindo rampas e
degraus necessários.
- Contrução de infraestrutura complementar para apoio às atividades de camping,
recreação e prática de esportes. Edificação em alvenaria para instalação de mesas e
bancos fixos, dotadas com conjunto de bancadas com tanques para lavar pratos e
utensílios, além de churrasqueira.
11.4 Projeto de Equipamentos e Acabamentos da Casa de Hospedagem “Abrigo
de Montanha”
- Concluir as obras necessárias para o acabamento do Abrigo de Montanha como
instalação de pisos, revestimento de paredes internas e externas, conclusão de área
anexa para serviços de lavanderia, reforma do telhado (substituição de telhas) e
calçamento externo.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
270
- Equipamentos: Frigobar = 2; TV = 2; Receptor de Parabólica = 2; Camas – CASAL
= 2 / SOLTEIRO = 2; Colchões – CASAL = 2 / SOLTEIRO = 2; Calhas e canos para
drenagem das águas que escoam dos telhados; Sistema solar de aquecimento d’água;
Instalação de serpentina no fogão a lenha; Readequação do Sistema de Fornecimento
de Energia de Alta Tensão (substituição do Transformador atual de 5 KVA por outro de
15 KVA) para atendimento da demanda da casa que possui 350 m2 de área, dispondo
de 7 quartos, 3 banheiros e 17 leitos.
11.5 Projeto de Apoio à Administração, Fiscalização e Monitoramento da UC
271
- Manutenção de estradas internas: construção de uma ponte; construção de bocas de
lobo e calçamento com pedras em trechos pontuais críticos (mão de obra de
construção, aquisição e transporte de materiais); construção de lombadas de
dissipação das águas de chuva. Essas estruturas favorecerão as ações necessárias;
- Implantação de Projeto de Sinalização com placas orientativas e de interpretação
ambiental visando informar sobre a existência da unidade de conservação e ainda nos
pontos onde há circulação e trânsito de pessoas, nas linhas de divisa e pontos
estratégicos constando nome da Reserva, número da portaria de reconhecimento e
tamanho da área, incluindo indicações das normas de conduta e circulação no seu
interior;
- Construção de cercas delimitadora da propriedade e da RPPN com as propriedades
em seu entorno, aonde for necessário, com manutenção e limpeza periódica para
facilitar os percursos necessários para fiscalização e monitoramento.
- Contratação de auxiliar de serviços gerais para apoio às atividades da RPPN.
Equipamentos para apoio Administrativo, de Segurança e outros preliminares para
Pesquisa e Proteção:
- Reforma do veículo disponível (Toyota Bandeirantes 4x4)- diesel ano 82;
- Instrumento de captura de serpentes (pinção) para soltura em locais mais distantes
em caso eventual de perigo eminente;
- Abafadores de fogo;
- Perneiras;
- Câmeras digitais (armadilhas fotográficas) com sensor de movimento (para registro
da fauna);
- GPS;
- Binóculos.
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
11.6 Projeto Guia de Espécies
A partir de pesquisas científicas e inventários já realizados e que também venham a
ser desenvolvidos na RPPN Alto da Boa Vista, serão organizados e publicados guias
de fauna e flora: mamíferos de médio e grande porte, aves, anfíbios, morcegos, peixes
e vegetação, valorizando e divulgando a biodiversidade que ocorre na Unidade de
Conservação. Esses guias serão utilizados em atividades de educação e interpretação
ambiental na Reserva e em escolas públicas e privadas de Descoberto e região,
incentivando os estudantes a conhecer os animais silvestres e a vegetação nativa que
ocorrem em seus ecossistemas.
272
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
12. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
273
Orquídeas da Mata Atlântica
12. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS
Este cronograma contém as etapas de execução e estimativa de custos das atividades
definidas nos programas de manejo (123: Tabela) e das atividades propostas nos
projetos específicos (124: Tabela).
123: Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades propostas nos
programas de manejo.
PROGRAMAS DE MANEJO
Execução
Previsão
Etapas/anos Custos(R$)
1 2 3 4 5
Programa de Administração
Adequação de infraestruturas e de equipamentos
x x x x x
80.000,00
Programa de Proteção e Fiscalização
Contratação de auxiliar de serviços gerais
Construção de cercas nos limites / sinalização
Manutenção das trilhas, pontes e estradas internas
Serviços de segurança eletrônica patrimonial
Manutenção de veículo utilitário
x x
x
x x
x x
x x
x x x
x x x
x x x
65.000,00
10.000,00
30.000,00
20.000,00
35.000,00
Programa de Pesquisa e Monitoramento
Aquisição de armadilhas fotográficas, perneiras,
pinção para captura de serpentes e outros equipam.
x x x x x
4.000,00
x x x x x
5.000,00
x x x x x
40.000,00
Programa de Sustentabilidade Financeira
Complementação de estruturas físicas e aq. equipamentos p/ implementação de meios de hospedagem
x x x x x
55.000,00
Programa de Comunicação
Produção de um vídeo institucional
Produção e distribuição do folder da RPPN
Atividades de divulgação da RPPN
Elaboração do resumo executivo do Plano de Manejo
Elaboração do CD do Plano de Manejo
Publicação do Plano de Manejo
Criação de página na internet
x x
x x x x x
x x x x x
x
x
x x
x
5.000,00
5.000,00
5.000,00
1.500,00
1.500,00
2.000,00
2.000,00
Programa de Visitação
Elaboração de programas de visitação
Obras para instalação de espaços para apoio, além de
acessos adaptados com equipamentos facilitadores
TOTAL
x x x
366.000,00
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
274
124: Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades propostas nos
projetos específicos
PROJETOS ESPECÍFICOS
Execução
Previsão
Etapas/anos Custos(R$)
1 2 3 4 5
Projeto de Estruturação da Sede
Substituição do Transformador
Adequação física das infraestruturas e instalações
Urbanização
Projetos de Apoio ao Programa de Visitação
Equipamentos (computador e data show)
Cachoeiras: construção de escadas para acesso
Construção de mirante e torre de observação
Aquisição de Lixeiras
Construção de pinguela
Construção de piso da quadra de esportes
Adequação e Complementação de Espaços Físicos
Estruturas e Edificações para apoio aos visitantes:
- Banheiros p/ portadores de necessidades especiais
Construção de varanda em espaço anexo ao CV
- Área de apoio contendo bancada com tanque para
lava pratos, bebedouro, mesa, bancos e churrasqueira
- Área de camping: construção de muro de pedra
Obras de Acabamentos no Abrigo de Montanha
- Instalação de pisos, revestimento de paredes, área
para lavanderia, reforma de telhado, calçamento ext.
Equipamentos:
Substituição do Transformador
TV com receptor- 2; Frigobar- 2; Cama de casal com
colchão- 2; Cama de solteiro com colchão- 2
Instalação de serpentina no fogão a lenha
Instalação de sistema solar de aquecimento d’água
Projeto Guia de Espécies
Projeto de Manutenção e Recuperação das
Estradas Municipais que passam pela Reserva
TOTAL
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
8.000,00
63.000,00
4.000,00
5.000,00
7.000,00
10.000,00
2.000,00
1.000,00
20.000,00
7.000,00
3.000,00
x
x
x
10.000,00
2.000,00
x x
13.000,00
x
x
8.000,00
x
x
8.000,00
1.000,00
3.000,00
x
x x
x x x x x
10.000,00
Prefeitura
185.000,00
Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II
275
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
276
Pássaros, moluscos e serpentes que habitam a Serra do Relógio
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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