MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DA RPPN NINHO DO CORVO -PRUDENTÓPOLIS/ PR Suzel Faedo Pinto (OUTROS/ UNICENTRO), Luiz Gustavo E. Valle (OUTROS/ UNICENTRO), Maria Luisa Tunes Buschini (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná / Departamento de Ciências Biológicas – Guarapuava – PR Palavras-chave: mastofauna, RPPN, riqueza. Resumo: Os mamíferos estão entre os grupos zoológicos mais importantes em termos de conservação biológica, pois são tanto polinizadores como dispersores de sementes, além de exercerem um valioso papel nas teias alimentares. Devido à fragmentação das florestas, muitas espécies da fauna e da flora já foram extintas, sendo esse um fator preocupante nos dias atuais. As Unidades de Conservação de Proteção Integral são principal meio de impedir o desaparecimento da maior parte das espécies ameaçadas . A RPPN Ninho do Corvo é uma excelente estratégia para a preservação das comunidades biológicas, contribuindo para o aumento do estabelecimento de áreas legalmente protegidas em um Estado no qual o cenário de degradação é avançado. Este projeto realizou um diagnóstico rápido da mastofauna terrestre de médio e grande porte da RPPN “Ninho do Corvo” em Prudentópolis/PR, visando subsidiar medidas de conservação para as espécies identificadas no plano de manejo da unidade de conservação. O levantamento se realizou utilizando-se de métodos indiretos não invasivos, procurando-se evidências de presença das espécies como: rastros, tocas, pegadas, e fezes dos animais. Até o momento foram registradas seis espécies pertencentes a quatro ordens da classe Mammalia, são elas: Nasua nasua, Cebus nigritus, Cuniculis paca, Sciurus aestuans, Procyon cancrivorus e Lutreolina crassicaudata. Para garantir a sobrevivência da mastofauna, muitas vezes é necessário adotar estratégias de conservação e, para isso, os estudos para identificar a composição da comunidade biótica, o componente abiótico e as influências humanas se tornam necessárias. O número de espécies registradas da mastofauna terrestre na RPPN Ninho do Corvo tende a aumentar com o aumento do esforço amostral e a utilização de armadilhas específicas a cada ordem. Introdução Os mamíferos estão entre os grupos zoológicos mais importantes em termos de conservação biológica, pois são tanto polinizadores como dispersores de Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 sementes, além de exercerem um valioso papel nas teias alimentares. Com mais de 7.000 espécies descritas, sendo no Brasil 600, esses animais são considerados um importante componente dos ecossistemas, e constituem um dos grupos mais complexos do reino animal, reunindo características que possibilitam a ocupação de uma grande quantidade de nichos nos ambientes terrestres e aquáticos (Eisenberg, 1989). São considerados bons indicadores de qualidade ambiental (D'Andrea et al., 1999), e, desta forma, levantamentos deste grupo são essenciais para a definição de estratégias de conservação de áreas naturais. Segundo Scott (1987), o estudo da diversidade biológica nunca foi tão importante quanto atualmente, pois qualquer projeto ligado à conservação ou ao uso sustentado exige um mínimo de conhecimentos de ecologia e sistemática dos organismos e dos ecossistemas. Com a fragmentação das florestas, muitas espécies da fauna e da flora já foram extintas, sendo as Unidades de Conservação de Proteção Integral o principal meio de impedir o desaparecimento da maior parte das espécies ameaçadas (Wilson, 1993). No Brasil, os instrumentos ideais para isso são as Reservas Particulares do Patrimônio Natural, já que garantem a permanência do status de proteção. Muitas dessas áreas são núcleos importantes na conservação de espécies, atuando também como corredores entre unidades de conservação públicas. A RPPN Ninho do Corvo é uma excelente estratégia para a preservação das comunidades biológicas, contribuindo para o aumento do estabelecimento de áreas legalmente protegidas em um Estado no qual o cenário de degradação é avançado. Porém, a criação e o planejamento adequado de uma unidade de conservação dependem do conhecimento o mais refinado possível dos recursos ambientais presentes. Este projeto realizou um diagnóstico rápido da mastofauna terrestre de médio e grande porte da RPPN “Ninho do Corvo” em Prudentópolis/PR, visando subsidiar medidas de conservação para as espécies identificadas no plano de manejo da unidade de conservação Materiais e Métodos O estudo foi realizado na RPPN Ninho do Corvo, localizado na zona rural do município de Prudentópolis 25°12'20”S de latitude e 50°58'46”W, região centro sul do estado do Paraná. A área de 18,50 ha encontra-se sobre o segundo planalto paranaense, Um grande acidente geográfico (cânion) divide claramente o estado da vegetação na reserva. O interior do cânion, de difícil acesso e com diferença de aproximadamente trezentos metros de altura em relação à entrada da propriedade, possui uma vegetação de estruturação primária com espécies características de Floresta Ombrófila Mista Montana, as áreas de fácil acesso, logo na entrada da reserva, encontram-se em estágio sucessional secundário, com muitas espécies pioneiras, tais áreas foram ocupadas anteriormente para práticas Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 agropecuárias e comumente utilizava-se fogo para o rodízio de plantio de culturas, evidências desta prática ainda podem ser observadas. O levantamento se realizou utilizando-se de métodos indiretos não invasivos, procurando-se evidências de presença das espécies como: rastros, tocas, pegadas, e fezes dos animais (Cullen Jr, Valladares-Padua & Rudran, 2006) ao longo de áreas alagadas. Todas as evidências encontradas que inferiram a presença das espécies foram fotografadas e sua coordenada geográfica marcada em GPS. Sendo as pegadas identificadas através de Becker e Dalponte, (1999) e Oliveira e Cassaro, (2005). Resultados e Discussão Até o momento foram diagnosticadas 6 espécies na área da RPPN Ninho do Corvo. Este número representa 3,40% do total esperado para o Paraná (N= 176 espécies) sendo as estimativas disponíveis para esse Estado, (Miretzki, 1999). As 6 espécies são pertencentes a quatro ordens da classe Mammalia, são elas: Nasua nasua, Cebus nigritus, Cuniculis paca, Sciurus aestuans, Procyon cancrivorus e Lutreolina crassicaudata, todas estas com evidências encontradas apenas na área de difícil acesso do Cânion, esta com maior estruturação da vegetação e que apresenta claramente maiores condições e recursos a manutenção das populações. As espécies Dasypus novemcinctus, Euphractus sexcinctus e Leopardus sp., não foram registradas devido ao curto esforço amostral disponível, porém evidências da provável presença destas espécies foram encontradas, mas por não estarem muito claras (tocas abandonadas e pegadas antigas) para uma confirmação segura de identificação não foram relatadas. Dasyprocta arazae, Didelphis albiventris, Cavia aperea, Lepus europeus, Sphiggurus villosus e Coendou prehensilis também não registradas neste estudo, foram relatadas de sua presença pelo proprietário da RPPN, possuidor de relevante conhecimento científico, porém optou-se por não confirmar todas estas espécies, devido à falta de evidências seguras para confirmação. Um aumento do esforço amostral e a utilização de armadilhas específicas proporcionariam o registro dessas espécies. A continuidade de estudos deve resultar no registro de novas espécies principalmente, se forem empregados métodos de captura, como armadilhas (pitfalls e live traps) e realizados maiores amostragem nos diversos locais da RPPN. Conclusões O número de espécies registradas da mastofauna terrestre na RPPN Ninho do Corvo tende a crescer com o aumento do esforço amostral e a utilização de armadilhas específicas a cada ordem. O trabalho possuía curto prazo, proporcionando apenas um estudo de caráter preliminar. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Um monitoramento constante e a utilização de estudos com telemetria e foto armadilhas estimariam uma abrangência maior ao manejo da área, podendo apresentar espécies de interesse conservacionista na área de estudo segundo as listas da fauna ameaçada brasileira (IBAMA, 2008) e paranaense (Margarido & Braga, 2004), e inferir estratégias mais sólidas a conservação das espécies e os principais impactos à mastofauna local. Referências Becker, M. & Dalponte, J.C. 1999. Rastros de mamíferos silvestres brasileiro– Um guia de campo. Editora UnB, 2a ed. Brasília/DF, 180p. Cullen Jr, L. Valladares – Padua, C. Rudran, R. (org) Métodos de estudos em Biologia da Conservação e manejo da vida silvestre. 2ª ed. Editora UFPR, 2006. D’andrea, P.S.; Gentile, R.; Cerqueira, R; Grelle, C.E.; Horta, C. e Rey, L. Ecology of small mammals in a Brazilian rural area. Revta. Bras. Zool. n. 16, v. 3, p. 611-620. 1999. 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