ESPECIAL17 DOMINGO, 15 DE FEVEREIRO DE 2015 A GAZETA ra se refrescar no calor pagará 10,98% a mais que no período de carnaval do ano anterior. Não escapou da alta nem os sanduíches que acumularam inchaço nos preços de 11,43% em 12 meses. “Os preços no setor de serviços, no curto prazo, devem cair, pois haverá uma redução no consumo e a consequência disso será uma desaceleração ainda mais forte da economia”, explica o economista da FGV André Braz. Para a coordenadora do curso de Administração da Faculdade Católica Salesiana, Márcia Valéria Gonçalves, a expectativa para os próximos meses são muito ruins e a tendência é de que os preços dos serviços aumentem ainda mais. Ela explica que, além de ser impactada pela inflação, a área de educação viveodilemadecortesdogoverno federal. A mensalidadedoscursosdenívelsuperior, na Grande Vitória, ficou 8,17% mais cara em 12 meses, o que deve afastar muitos candidatos a uma vaga nas faculdades. “Osetorseráaindaprejudicado pela redução de 50% no programa Fies (financiamento estudantil), que pode provocar também demissões de professores”. Ela acrescenta que o setor de serviços também é atingido quando um cenário de medo se forma por conta da alta dos preços. “As pessoas começam a se proteger de uma provável inflação e, consequentemente,ospreçosacabam aumentando sem nenhuma justificativa”, explica. FOTOS: VITOR JUBINI ANÁLISE Preços sobem e geram inflação Sem abrir mão dos cuidados com seu cão, Soninha Saadi faz pesquisa de preços para escolher o pet shop Preços mais que dobram em 10 anos Com um dia a dia mais agitado, as famílias dependem cada vez mais dos prestadores de serviços para se alimentar e cuidar da casa. A baixa qualidade doensino públicotambém provoca um rombo no orçamento das famílias que precisam apostar nas escolas particulares para a educação dos filhos. De 2004 a 2014, a inflação acumulada no setor de serviços chegou a 104% enquanto o IPCA fechou em 74,56% no mesmo período. O serviço de empregado doméstico foi o que mais ficou caro nesse período. O gasto com cabeleireiro também subiu de forma significativa, alcançando 108,8% de alta. O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, explica que o segmentotemsidovulnerávelà alta de preços devido à cres- cente demanda. “Consulta médica, escola e alimentação fora de casa hoje representam 30% do orçamento doméstico”, acrescenta. Segundo especialistas, é adequado que os consumidores fiquem atentos às movimentações do mercado. Primeiro, deve-se planejar o mês. Os reajustes que estão por vir são altos e vão impactar no orçamento familiar. A alternativa é planeja- mento. Todos devem planilhar suas despesas mensais. Ver onde pode-se reduzir gastos e alocar recursos. A estratégia é trocar produtos. Fazer pesquisas. Em tempos de inflação alta, os preços dos produtos mudam muito de um estabelecimento para outro. A regra é pesquisar. Não fazer dívidas. Pensar antes de comprar. Perguntar se realmente precisa comprar. “Inflação de serviços significa o aumento do nível de preços desse setor da economia. Como toda inflação, é causada por excesso de demanda em relação à oferta ou por redução da oferta em relação à demanda. No caso brasileiro atual, curiosamente, a causa dessa inflação é um misto das duas. Houve um crescimento expressivo da demanda devido ao aumento da renda média do brasileiro que o permitiu acrescentar à sua cesta de consumo serviços antes inacessíveis. Enquanto isso, a oferta não seguiu a mesma direção devido aos elevados custos de produção. Um deles é a mão de obra, desqualificada, com baixa produtividade. Outro, a infraestrutura deficiente. Juntos, esses custos impedem que o setor alcance níveis de produtividade adequados para a prestação de serviços de qualidade, preços menores e estímulo para expandir a produção. Se a demanda está crescendo e a oferta nem tanto, os preços subirão. Subindo, geram inflação”. — ARILDA TEIXEIRA PROFESSORA DA FUCAPE