EDITORIAL
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ENTREVISTA
SP
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Tempo Feminino
Tempo Masculino
Desafiámos duas personalidades distintas para responderem a algumas questões. Dois géneros, duas
sensibilidades, duas formas diferentes de olhar a vida e estar bem com ela. Duas pessoas do nosso
tempo com quem gostamos de estar em qualquer altura.
O que é um desperdício e um ganho de Tempo?
Desperdício é deixarmo-nos vampirizar por más
energias de quem só quer queixar-se e negativizar;
um ganho é ter o poder de parar, a cada segundo,
pelos segundos que quisermos, para aproveitar o que
ali se passa, só porque é bom.
O que é mais importante, o Tempo passado,
presente ou futuro?
O Tempo reúne passado, presente e futuro. O nosso
presente é vivido pela forma como cá chegámos,
cheiinho de passado, e com olhos postos no futuro –
se não, não faria sentido. Mas arte, mesmo, é saber
senti-lo, é dar tudo AGORA, é saborear... Sem perder
o pé, sem perder a noção de construção e de responsabilidade, sem alienar. Assim se chega ao futuro,
que não existe, porque quando lá chegamos já o não
é. O futuro é um estímulo, um depósito de desejos,
mas só o presente nos dá a chave para lá chegar...
Uma hora aos 20 anos passa da mesma forma que
uma hora aos 40?
Acredito que não, ainda não cheguei aos 40... mas
não, claro: a voragem dos 20 nem sequer a perspectiva do finito nos dá! Aos 20 queremos agarrar cada
momento, porque SABEMOS que eles são infinitos,
nunca mais vão acabar. Aos 40 queremos agarrar o
momento, porque NÃO SABEMOS quantos mais
temos. E porque aquele é que é importante, aquele é
que faz sentido, aquele é que pode deixar a nossa
marca na vida dos outros.
O que é intemporal?
A memória. O som das gargalhadas a ecoarem dentro
de nós. O cheiro do cachimbo do meu pai. A infinita
ternura em que quero embeber os meus filhos.
O que fez com 20 anos que não fará com 40?
Tudo o que me aparecesse pela frente, para experimentar, porque era possível e não respondia por mais
ninguém. Aos 40 pensarei duas vezes (aos 37 já
penso) no que isso implica, nos riscos, na troca.
Como é que os filhos alteram a forma de olhar o
Tempo?
Os filhos são o nosso prolongamento, o testemunho
da nossa passagem, o que fica depois de nós. Eles
dão-nos garra para querer deixar uma marca, um
céu que os proteja, um caminho que eles reconheçam. O tempo deixa de ser só nosso, e isto é tudo
de diferente.
Margarida Pinto Correia
Directora Exclusiva da Fundação do Gil
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E o amor?
Aí sim, passa a ser completamente incondicional.
Total. Para eles, e para os outros, porque eles nos
alargam a capacidade de amar.
Qual é, e porquê, o favorito entre os seus relógios?
Não tenho um favorito. Tenho cinco. São os meus
cinco relógios. Tenho uma relação muito especial
com todos eles e também por isso não tenho muitos
para poder dar atenção a todos. Tenho dificuldade em
dispersar mais a minha afectividade relojoeira.
Não conseguiria ter 20, 30 ou 40 relógios.
O 1.o é um Rolex Oyster em aço para o qual juntei dinheiro durante dois anos. É fácil compreender
porque o adoro. Era muito novo e foi a minha escolha. Curiosamente, o meu sogro ofereceu-me, posteriormente, um outro Oyster, em ouro, que tinha
comprado 40 anos antes. Um modelo que satisfez o
gosto de duas gerações. Tenho uma relação muito
especial com esse relógio até pelo respeito e admiração que tenho por quem mo efereceu.
Tenho também um Jaeger-LeCoultre Reveil, presente
da minha mulher, que é o que mais utilizo. O som do
despertador é fantástico e lembra-me o meu avô, que
tinha um muito parecido.
Depois tenho dois Gerard Peregaux feitos para a
Ferrari, oferecidos por dois amigos muito especiais já
no tempo da representação da Ferrari e Maserati em
Portugal.
O que se quer de um relógio?
O que eu quero é precisão e tradição, tenho a
intenção de os dar aos meus filhos.
O que é um desperdício e um ganho de Tempo
Desperdício é não dar valor ao Tempo. Um ganho é o
oposto.
Como é que um gestor gere o seu Tempo?
Ser gestor é, em grande medida, gerir o Tempo. Dar
Tempo ao que é um factor crítico de sucesso e não
dar ao que não é imprescindível. Destrinçar ambos é
o que nos distingue.
Uma hora aos 20 anos passa da mesma forma que
uma hora aos 40?
Aos 20 anos uma hora demora muito mais que aos
40. O que só se percebe aos 40. A hora dos 20 demora mais e é mais irreverente, insatisfeita, radical.
A hora dos 40 passa mais depressa, mas é mais
sábia. Aos 40 consegue-se parar o Tempo, aos 20 não.
A velocidade é a forma mais rápida de chegar?
No mercado tão competitivo como o do automóvel,
a velocidade é imprescindível para não sermos ultrapassados. Por outro lado quem conta com marcas
como a Ferrari e Maserati é raro não ter a pole position. Mas também é verdade que a velocidade nem
sempre ajuda a chegar.
O que é intemporal.
O sentido de humor.
Luis Pessanha
Director-Geral da Ferrari e Maserati em Portugal
Administrador do Grupo Santogal
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