“Luiz Paulo Baravelli”
por Olívio Tavares de Araújo, 1987
“Citando Paul Klee, Luiz Paulo Baravelli costuma lembrar, aprovadoramente, que ´toda
limitação é um apoio´. Eis uma posição surpreendente, num artista tão inventivo e diversificado como ele, cujo temperamento protéico, com suas metamorfoses e avatares, quase
desorienta os observadores menos avisados. (...) Pois é verdade que ele transita com a mais
absoluta naturalidade entre suportes, técnicas e até mesmo estilos variados. Ora trabalha
sobre o formato tradicional da tela, o retângulo-janela, ora sobre recortes e/ou relevos de
madeira de contornos inesperados. Ora utiliza a textura sensual da encáustica, encorpada, degustável, ora uma pintura absolutamente plana, que é quase um desenho a pincel.
Ora recorre a uma figuração quase realista e poética feita a partir de desenho de modelo
vivo, ora às distorções mais contundentes e expressivas que arrebentam a figura com uma
violência comparável à das fases mais dramáticas de Picasso. Ao longo de sua obra, incursiona por vários temas, que vão da paisagem indiferenciada e infinita, imaginária, ao ser humano em detalhes desmesuradamente ampliados e investigados. E, às vezes, ainda reduz a
figuração a uma síntese máxima, ´representações radicais da realidade visível´ que viram
construções virtualmente abstratas. E, entretanto, por trás de tudo isso, há um projeto único, absolutamente preciso e circunscrito, limitado e apoiado: um projeto de fazer pintura”.
Texto de Olívio Tavares de Araújo para Galeria revista de arte, São Paulo: Area Editorial, n. 7, p.
24-28, 1987.
“Luiz Paulo Baravelli”
por Jacob Klintowitz, 1978
“(...) Baravelli procura estabelecer as relações existentes entre tempo-espaço, os tempos simultâneos da conciência humana e as referências culturais. A percepção do tempo-espaço do artista é
a científica. Para ele, existe um constante inter-relacionamento universal, o tempo e o espaço da
física, as relações que adivinhamos na teoria da relatividade e na noção popular das viagens interplanetárias. Esse o primeiro planejamento do artista. O segundo, relaciona o tempo psicológico, a
simultaneidade da consciência humana, detentora de memórias e passado, presente e futuro. A
referência cultural nessas relações é fornecida pelo desenho, mero indicativo de idéias e conhecimentos. E o artista, como comenta criticamente o seu instrumental de aferição, a pintura, cria um
distanciamento entre a imagem representada e o seu significado. As imagens se auto comentam
alertando permanentemente o espectador para o seu caráter ilusório, o seu caráter de representação. Trata-se do comentário dentro do comentário, da linguagem icônica que se reconhece mas,
ainda assim, assume o seu papel referendado socialmente: representar através da imagem”.
Trecho extraído do livro “Versus: 10 anos de crítica de arte”. Jacob Klintowitz. Pietro Maria Bardi. São Paulo, Espade, 1978. p. 92.
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