titulo pessoal PERFIL As mães da escola Numa CMLrevista que queremos dedicada às crianças, o melhor do mundo, já o disse Fernando Pessoa, damos a conhecer duas das educadoras de muitos dos nossos filhos. Paula Coelho, 50 anos, e Maria Eugénia Pinto, 49, estão no Jardim Infantil “O Palhaço” e na creche “O Canguru”, estabelecimentos de ensino das Unidades de Educação da CML, desde a sua criação em 1978 e 1982, respectivamente. TEXTO DE FILOMENA COSTA FOTOGRAFIAS DE LUÍS PONTE A energia de Maria Eugénia, a Gena, para miúdos e graúdos, contagia todos os que com ela contactam no dia-a-dia na creche O Canguru. É ela que recebe, a partir das 8 da manhã, as 15 crianças (todas nascidas em 2006) que, este ano, frequentam a sala dos médios. A boa disposição e a alegria com que o faz deixam qualquer mãe, ou pai, com a sensação de que a sua cria terá mais um dia bem passado n’ O Canguru. A nortear a sua actividade profissional como educadora, Gena garante que, acima de tudo, está o amor. “Porque uma criança que não se sente amada nunca saberá dar amor”. É desta forma que justifica o mimo, o carinho e o colinho que lhes dá sempre que pode. Porque diz sentir a responsabilidade de estar a educar os homens de amanhã e porque considera que “os passos mais importantes do ser humano são dados titulo pessoal PERFIL nos primeiros anos de vida”, Gena confessa que a sua principal preocupação é “passar-lhes os sentimentos de segurança, protecção e estabilidade”. Só depois, “é preciso criar um ambiente estimulante através de materiais e equipamentos, promover a autonomia através de rotinas e hábitos de higiene, ajudar a desenvolver a linguagem, a actividade motora, o relacionamento interpessoal e a interpretação do mundo”. Tudo o resto vem por acréscimo. “E não é pouco!”, desabafa ao enumerar as inúmeras aquisições que as crianças desenvolvem nos primeiros três anos de vida. É que, explica, “o trabalho em creche, ao contrário do jardim de infância, não se vê numa exposição ou numa festa de fim-de-ano, é um trabalho que se faz subindo muitos degraus em muito pouco tempo”. No início da década de 80, abriu a creche no Campo Grande com mais uma educadora e uma enfermeira, nos tempos em que o educador era considerado um mero prestador de cuidados às crianças e a formação dos educadores de infância não os preparava para cuidar de bebés. No início, confessa, “apanhei um grande choque porque eu não queria nem sabia mudar fraldas”. Depressa, porém, converteu o choque em desafio e hoje é com orgulho que diz ter sido “muito gratificante” ajudar a construir “este bem tão precioso para os funcionários da Câmara”. Na altura, “lembro-me que fiz um levantamento de todas as necessidades, fiz uma pesquisa das estruturas deste tipo e cheguei à conclusão de que a Câmara foi pioneira nesta área”, recorda e enaltece “o grande empenho de todos os técnicos envolvidos para ultrapassar o desconhecido”. Perante a necessidade de aprofundar conhecimentos, Maria Eugénia até voltou à escola. Fez uma especialização em atendimento à primeira infância, um CESE (Diploma de Estudos Superiores Especializados) em pré-escolar. “Custou-me imenso na altura mas valeu a pena porque melhorei as minhas qualificações de agente educativo, que me permitiram, inclusivamente, acompanhar a evolução social e adaptar-me a novas exigências, a pais mais esclarecidos e com cada vez menos tempo para os filhos”, reconhece ao afirmar que “as exigências de há 27 anos nada têm a ver com as de hoje”. Nesta matéria, a Gena só tem pena de não conseguir estar mais tempo com os pais porque “nesta faixa etária é muito importante envolver todos os intervenientes na educação e, mais importante do que isso, eu percebo melhor as crianças quanto melhor conhecer os pais”. apoio titulo pessoal social PERFIL À beira de completar 32 anos de serviço, Paula Coelho, que este ano orienta uma turma de finalistas n’ O Palhaço, também valoriza o envolvimento dos pais na escola mas, para esta educadora, o respeito pela individualidade de cada criança estará sempre acima de qualquer teoria educacional. Paula diz ter sempre respeitado todos os projectos educativos, modelos e programas curriculares, estratégias de ensino, etc., mas, nesta fase final da sua carreira (reforma-se dentro de dois anos), garante que fica “feliz” se conseguir transmitir aos seus alunos “as noções de justiça, igualdade e tolerância, e de lhes fomentar a curiosidade, o poder de sonhar e de lidar com as emoções”. Porque acredita que “o mundo gira à volta dos afectos”, Paula defende que o mais importante na educação de crianças entre os 3 e os 6 anos de idade é “dar-lhes as bases, os instrumentos a nível cognitivo, social e, sobretudo, afectivo”. O modo como fala à turma e como acode às solicitações de cada um individualmente revelam a forma apaixonada como vive a profissão e a dedicação que só as crianças nos merecem. “Eu jamais serei capaz de obrigar uma criança a comer as couves da sopa se ela não gostar”. Está tudo Unidades de Educação CML Tudo começou em 1975 quando uma Comis- O número crescente de inscrições todos os são de trabalhadores da CML ocupou o rés-do- anos justificaram, perante todos, a necessidade chão de uma vivenda no Campo Grande para destas estruturas e, em 1985, foi inaugurada aí instalar uma creche para os seus filhos. em Carnide a creche “A Alcofinha”. Seis anos Foram, então, contratadas duas educadoras de depois, a instalação de um edifício prefabricado infância e quatro auxiliares que, divididas entre nos terrenos circundantes ao jardim de infância, dois espaços, iniciaram a actividade de jardim permitiu a abertura da creche “O Poupas” e, em de infância junto de 40 crianças. 1993, um outro edifício do mesmo género Mas a precariedade técnica e financeira levaram à decisão de encerrar o espaço em permitiu a tansferência d’ O Cangurú do Campo Grande para a Praça de Espanha. 1978. Seguiu-se a demissão da Comissão Em 2000, as Unidades de Educação são in- de Trabalhadores e o reequacionamento tegradas na Divisão de Acção Social Interna e, metodológico da estrutura por uma Comis- recentemente, transitaram para os Serviços são de Gestão. As Unidades de Educação Sociais. começaram então a ganhar forma. Em Hoje, nas 17 salas que acolhem 261 crianças 1980, o Jardim Infantil “O Palhaço” instalou- (121 nas creches e 140 no jardim infantil), tra- se, em definitivo, nas antigas instalações da balham 22 educadoras e 32 auxiliares de Maternidade Alemã de Lisboa, à Praça de acção educativa. Entre funcionários, assistên- Espanha, onde ainda permanece, dando cia social, Gabinete de Intervenção Precoce e lugar, no Campo Grande, à instalação da Aprovisionamento, as UE contam com 89 tra- creche “O Canguru”. balhadores. dito. E basta ver o carinho que recebe em troca. Explorar o exclusivo que há em cada criança, o pequeno grande artista que pode vir a ser parece ser mesmo o forte desta educadora que aproveita todos os pretextos para sair do jardim de infância rumo a qualquer equipamento cultural, sobretudo à vizinha Gulbenkian. Em relação às UE, Paula diz dever muito a uma casa “onde há entreajuda, onde aprendi muito e onde cresci ajudando a crescer”. Aos dirigentes da CML e dos SSCML, as duas fundadoras da creche e do jardim de infância deixam um apelo: “apesar do aperto financeiro que a Câmara atravessa, as UE jamais poderão perder qualidade, quer ao nível dos equipamentos quer ao nível do pessoal”. Paula Coelho enaltece a vertente humanista da educação. “É preciso não esquecer que nós não lidamos com papéis, tratamos de seres humanos”. A Gena quer continuar a orgulharse de dizer que “ao nível de creche não há melhor do que isto”. “Apesar do aperto financeiro que a Câmara atravessa, as UE jamais poderão perder qualidade (...)” Da conversa animada que só duas educadoras juntas podem proporcionar, falta dizer que se não fosse educadora, Paula Coelho seria “bailarina ou saltimbanco num circo ambulante” (risos). Não fosse ela toda virada para as artes. A Gena deixou para trás uma promissora carreira de psicóloga porque lhe foi negado o estatuto de trabalhador estudante. “Não faz mal, hoje sou feliz aqui”. Mais uma vez, está tudo dito. Sobre o “mote” desta revista e desta conversa, ambas concordam com o poeta: as crianças são mesmo o melhor do mundo. Os olhos das duas brilham. apoio social SERVIÇOS SOCIAIS Dia 3 de Março entra em funcionamento José Barbosa o novo edifício dos Serviços Sociais O novo edifício sede e centro clínico dos Serviços Sociais da CML, na Avenida Afonso Costa, junto da rotunda das Olaias, abre no próximo dia 3 de Março. A partir dessa data, todo o atendimento, entrega de requerimentos e consultas, incluindo a maior parte das consultas de especialidades serão feitas no novo edifício. 12 Como é do conhecimento geral, o dia 15 de Fevereiro ficou marcado pelo encerramento dos serviços administrativos no Pátio do Tijolo, tendo sido o último dia de marcação de consultas e de emissão de credenciais. Desta forma, conheça o Plano de Transição que está delineado até à abertura do novo edifício: Consultas em médicos convencionados apenas nos moldes previstos para as consultas no Pátio do Tijolo, ou seja para os utentes com marcações realizadas até 15 de Fevereiro. Durante este período, não serão efectuadas marcações de consultas, em virtude da implementação do novo sistema informático. 18 a 29 de Fevereiro 3 de Março Consultas no centro clínico do Pátio do Tijolo somente para os utentes que efectuaram marcações até 15 de Fevereiro. Apoio administrativo assegurado exclusivamente para pagamentos e informação geral. Abertura ao público do novo edifício dos SSCML. Solicitamos a melhor compreensão para eventuais transtornos decorrentes desta fase de transição. Mais informações: www.sscml.pt apoio social Fotografias: Américo Simas ACCÇÃO SOCIAL INTERNA / SSCML Refeitórios da CML – Informação Geral Como é do conhecimento geral, o modelo actual de gestão dos refeitórios da CML foi instituído há mais de 30 anos. Este modelo com o decorrer do tempo, encontra-se desfasado das normas legais, tanto internas (no respeitante à aquisição de bens e serviços e de integração no orçamento da CML da receita e da despesa), como da própria UE, no que se refere a uma abordagem integrada da segurança alimentar. No entanto, o cumprimento da regulamentação nem sempre se revela uma tarefa fácil, principalmente quando os pré-requisitos (por exemplo, localização e estrutura, armazenagem e zonas de trabalho) associados à envolvente de um refeitório representam perigos para a segurança alimentar. Assim, foram realizadas obras de beneficiação em alguns refeitórios com vista à continuação do seu funcionamento duradouro e sustentável. Todavia, não foi possível realizar tais obras nos edifícios que exigissem intervenções profundas inexequíveis a curto prazo ou que comprometessem a sustentação do próprio edifício. No momento actual, como aliás também é do conhecimento geral, envidam-se esforços, no nosso País, para controlar e melhorar tanto as condições de segurança alimentar como as condições de trabalho das profissionais de refeitório (será desnecessário mencionar a acção da ASAE neste campo), pelo que não pode naturalmente o Município de Lisboa alhear-se ou actuar à revelia desta tendência. Assim, exige-se, para concretizar este tipo de objectivos, actuações que implicam um esforço de racionalização que vise, igualmente, uma difícil conciliação de vários interesses particulares – neste caso, o dos utentes e o do Município – com o interesse mais geral implícito nos procedimentos inerentes e consagrados na legislação em vigor sobre segurança alimentar em toda a União Europa. 13