UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MBA GESTÃO DA QUALIDADE MARIA EUGENIA ZAPOTOCZNY DOS ANJOS FERRAMENTAS DA QUALIDADE E CRIAÇÃO DE INDICADORES CURITIBA 2014 MARIA EUGENIA ZAPOTOCZNY DOS ANJOS FERRAMENTAS DA QUALIDADE E CRIAÇÃO DE INDICADORES Projeto técnico apresentado à Universidade Federal do Paraná, para obtenção do título de Especialista em Gestão da Qualidade. Orientador: Prof. MSc. Roberto Cervi CURITIBA 2014 1 FERRAMENTAS DA QUALIDADE E CRIAÇÃO DE INDICADORES Maria Eugenia Zapotoczny1 Roberto Cervi2 RESUMO A gestão de qualidade busca criar consciência de melhoria continua em todos os processos organizacionais e é uma das estratégias para um bom desempenho das empresas. Desta forma o objetivo do presente artigo é demonstrar que as empresas que aplicam ferramentas da qualidade, apresentam a redução de custos internos, aumentam a confiança dos clientes e obtém melhores resultados. Para isso, aplicaram-se algumas ferramentas de qualidade em uma célula financeira. A metodologia utilizada foi à abordagem qualitativa e quantitativa. Os resultados demonstram que através do mapeamento e identificação das causas raízes dos problemas, é possível melhorar a imagem e atividades de modo contínuo e criar indicadores para monitorar o processo. A adoção destas ferramentas e indicadores propicia uma fonte de vantagem competitiva, pois busca maior produtividade e satisfação dos clientes internos e externos. Palavras chave: Ferramentas da qualidade, Mapeamento de processos, Indicadores. 1. INTRODUÇÃO As empresas necessitam de técnicas e ferramentas que possibilitem um melhor gerenciamento para verificar a eficiência dos seus resultados e quais fatores podem ser melhorados. Para isto organizações buscam novas formas de gestão para melhorar a competitividade e utilizam inúmeras metodologias para buscar, a eficácia e eficiência no gerenciamento. Um Sistema de Gestão da Qualidade tem o objetivo de orientar cada parte da organização para que ela execute corretamente e no tempo devido, suas tarefas, estando todas direcionadas para o objetivo comum da organização: a satisfação do cliente. A aplicação das ferramentas de qualidade é fundamental para identificar as causas geradoras dos problemas e a criação de indicadores de desempenho para mensurar o desempenho da empresa de acordo com as necessidades de informação colocadas pela administração. Assim, qualquer empresa, de qualquer 1 2 Formada em Administração de Empresas pela FAE Business School. Professor Orientador Mestre em Engenharia da Produção, professor de graduação e pós-graduação. 2 porte, estrutura ou segmento pode utilizar diferentes tipos de ferramentas e indicadores para fazer o acompanhamento de suas atividades e assim mensurar os reflexos de suas decisões na gestão empresarial. Os indicadores da qualidade são referências que mostram se a empresa está conforme planejou anteriormente, para medir adiante se os resultados são favoráveis. Cada empresa pode criar os seus próprios indicadores, não existe uma regra, tudo vai depender de qual é o seu objetivo. Todo o indicador de desempenho tem uma função, e esta função deve ser divulgada para se tornar cultura na empresa entre as pessoas. O objetivo desse estudo é verificar a causa geradora de reclamações de uma célula financeira através da aplicação das ferramentas de qualidade e criar indicadores que podem ajudar a empresa a acompanhar a produção e ter informações assertivas para elaboração de planos de ações e tomada de decisões. 2. PROBLEMA Como medir e avaliar os resultados de uma célula financeira em uma organização? 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Verificar as causas da falta de eficiência da célula financeira. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Analisar as causas geradoras de problemas e reclamações dos clientes internos; - Identificar as consequências do atraso de pagamento das notas fiscais de venda e prestação de serviços; - Criar indicadores da qualidade para a célula financeira. 3 4. REVISÃO DE LITERATURA Torna-se importante fundamentar conceitos de gestão de qualidade através das ferramentas como brainstorming, gráfico de Pareto, fluxograma de processos e indicadores de desempenho. 4.1 GESTÃO DE QUALIDADE Um Sistema de Gestão da Qualidade tem o objetivo de orientar cada parte da organização para que ela execute corretamente e no tempo devido, suas tarefas, estando todas direcionadas para o objetivo comum da organização: a satisfação do cliente. Segundo GIL (1997) a Gestão empresarial deve gerir com eficiência a qualidade dos processos e resultados das linhas de negócios, produtos e serviços organizacionais. Para Martinelli (2009) a adoção de um sistema de gestão para um modelo de excelência implica na padronização de métodos, técnicas e práticas de uma organização. A padronização permite verificar se um produto atende aos requisitos especificados e se não há nenhuma não conformidade no produto ou serviço. O sucesso de uma empresa que compete pela qualidade está principalmente no comprometimento em projetar em seus produtos as necessidades dos seus clientes internos e externos. A qualidade não se limita apenas aos clientes externos e engloba todos que interagem com a organização como os funcionários e administradores. Cada pessoa é considerada um cliente e a empresa deve satisfazer suas necessidades, resolver problemas e fornecer benefícios com todos que com ela interagem (CASAS,1997). Dessa forma, Oakland (1994) considera que o projeto de qualidade deve verificar aspectos como os requisitos do cliente, custos de produção, uso seguro e fácil e manutenção de produtos e serviços. O projeto não é isolado, pois precisa da opinião e ideias dos envolvidos para identificar as causas dos problemas e melhorar o processo. 4 4.2 BRAINSTORMING As empresas utilizam a técnica brainstorming conhecida como tempestade de ideias, para explorar a criatividade do individuo, colocando a serviço dos seus objetivos. O objetivo do brainstorming é obter ideias de forma livre, sem críticas e em curto espaço de tempo. A técnica pode ser utilizada em diversas ocasiões, que vão desde a identificação dos problemas, levantamentos das causas e efeitos destes problemas e sugestões de melhoria. Todas as ideias propostas devem ser registradas e analisadas posteriormente. O processo continua até que todos os problemas e causas concebíveis tenham sido listados e registrados (MARTINELLI, 2009). Vieira, (2007, p. 49), complementa: Ideias consideradas loucas podem ser as grandes soluções ou trazem as principais contribuições. O brainstorming é exatamente a etapa em que são determinadas as causas mais significativas que influenciam o problema e apontam as causas. O brainstorming é utilizado na fase de planejamento, estando embutido na análise do Processo, que é exatamente a etapa em que são determinadas as causas mais significativas que influenciam o problema e apontado dentre elas as causas mais importantes. Oakland (1994) afirma que a técnica é usada para gerar ideias rapidamente e em quantidade que pode ser empregada em várias situações. Ideias desordenadas podem ser expostas sem receio, pois a crítica ou a ridicularização não são permitidos durante uma sessão de brainstorming. Segundo Chaves (2005) o processo de melhoria continua visa promover o trabalho em equipe e possibilitar o crescimento humano por meio de um constante troca de ideias e conhecimentos entre seus componentes. As soluções corretivas e inovadoras são consequências dos esforços organizados por várias pessoas. Para melhor se trabalhar o brainstorming é utilizado outra ferramenta que auxilia na identificação da meta ou problema chamada de diagrama de Ishikawa. 5 4.3 ISHIKAWA O Diagrama de Ishikawa também conhecido como Espinha de Peixe permite estruturar hierarquicamente as causas de determinado problema ou oportunidade de melhoria. É uma técnica criada por Ishikawa em 1943, é conhecida por vários nomes: diagrama causa-efeito, diagrama espinha de peixe, diagrama 4P, diagrama 6M. Ferramenta que pode ser facilmente aprendida e imediatamente posta em prática por pessoas de qualquer nível dentro da empresa. É útil quando necessita identificar, explorar e ressaltar todas as causas possíveis de um problema ou situação específica. Para isto constrói-se um gráfico com o problema identificado e suas prováveis causas e não os sintomas (CASAS, 1997). Segundo Oakland (1994) o efeito ou incidente que está sendo investigado e as causas potenciais são mostradas como setas identificadas que se prolongam até a seta da causa principal no diagrama de causa e efeito. O uso dos 6M pode ajudar a identificar as causas de um problema e servir como uma estrutura inicial para facilitar o raciocínio na análise desses, conforme pode observar na figura 1: Figura 1- Modelo de diagrama de causa e efeito Fonte: Palady, 1997. Como pode observar na figura acima, as causas de um problema podem ser agrupadas, a partir do conceito dos 6M, como decorrentes de falhas em: materiais, métodos, mão-de-obra, máquinas, meio ambiente, medidas. O uso dos 6 6M pode ajudar a identificar as causas de um problema e servir como uma estrutura inicial para facilitar a análise. Segundo Martinelli (2009) a ferramenta Ishikawa ou espinha de peixe é utilizada para apresentar a relação existente entre o resultado (efeito) e fatores (causas) do processo. O diagrama é uma forma de analisar os inputs que afetam a qualidade e identificam as principais causas de problemas, auxiliando na identificação da causa fundamental do problema e determinação das ações que deverão ser adotadas. O Ishikawa pode ser aplicado em todas as fases do processo. O mapeamento das atividades através do fluxograma é fundamental para descrever todas as atividades de um processo. 4.4 FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS É fundamental definir quais são os processos chaves da empresa, ou seja, qual processo efetivamente tem gerado valor agregado aos clientes e estão perfeitamente alinhados ás metas e objetivos da organização. O objetivo do mapeamento dos processos chave é melhorar ou manter o nível de serviços de toda cadeia, porém com custos menores (HIMES; TAYLOR, 2004). O controle do fluxo de informações é essencial para que todos na organização compreendam a origem da informação, sua utilidade e seu destino. A técnica de elaboração de fluxograma é utilizada onde as informações necessitam estar organizadas de forma lógica e em linguagem simples e fácil compreensão, a fim de ordenar a sequencia de etapas exigidas para operação do programa (MARTINELLI, 2009). De acordo com (MARSHAL et al., 2006) o fluxograma é uma representação gráfica que permite a fácil visualização de um processo. O objetivo é mostrar de forma descomplicada o fluxo das informações e elementos, além da sequência operacional que caracteriza o trabalho que está sendo executado. 7 4.5 PARETO O gráfico de Pareto é uma das sete ferramentas básicas da qualidade e baseia-se no princípio de que a maioria das perdas tem poucas causas, ou, que poucas causas são vitais. Segundo Oakland (1994) se os sistemas de produtos defeituosos são identificados e registrados, é possível determinar que a porcentagem possa ser atribuída a cada uma das causas. O resultado provável é que a maior parte (tipicamente, 80%) dos erros, perdas ou efeitos sejam originadas de poucas causas (tipicamente, 20%). De acordo com Palady (1997) o gráfico de Pareto é usado para mostrar causas básicas que levam a um modo de falha. O principio é que apenas algumas das causas identificadas contribuirão para a maioria do modo de falha em potencial. Através desta ferramenta é possível identificar pequenos problemas que são críticos e causam grandes perdas. É necessário iniciar a rastreabilidade e tomar ações de prevenção através do estabelecimento de indicadores, para que realize o processo de melhoria contínua. 4.6 INDICADORES As medidas são essenciais para monitorar os e avaliar se o negócio atingirá suas finalidades e objetivos, avaliando os resultados. As companhias costumam gastar recursos em iniciativas sem avaliar os potenciais benefícios, quando deveria utilizar-se de informações precisas para garantir a necessidade das ações. Segundo Takashina (1999) o processo de medição é indispensável para qualquer organização de sucesso. Os indicadores da qualidade e desempenho tornam-se alicerce para a gestão por fatos. A institucionalização de ações de qualidade, focalizadas em causas e consequências de pontos de revisão da qualidade, caracterizadas e estruturas, necessita ser quantificada. O instrumento de quantificação da efetividade da ação de qualidade a cada processo é o indicador de qualidade (GIL; ANTONIO, 1997). A meta a ser estabelecida deve ser factível e acompanhada de um prazo. 8 Deve apontar um responsável direto pela sua implantação, execução e relacionar quais ações serão tomadas para garantir seu sucesso. Para Paladini (2009) a avaliação da qualidade é um processo que possui objetivos abrangentes, que envolvem a empresa e sua ação no meio ambiente. Para atingir esse objetivo, são empregados indicadores específicos, que incluem setores, áreas, processos, funções, atividades, contribuições individuais e de grupos. Cada organização, de acordo com a sua política da qualidade e seus objetivos, deve definir os indicadores que melhor traduzem o desempenho de seus negócios, produtos e serviços. Segundo Oakland (1994) o sistema de medição deve ser projetado, planejado e implementado para refletir as exigências do cliente, dar visibilidade aos processos e ao progresso realizado, comunicar o esforço total pela qualidade e utilizar o melhoramento continuo. Em um ambiente orientado para qualidade as medições são necessárias porque representam um papel-chave no aperfeiçoamento da produtividade e assegurar que os requisitos dos clientes foram atendidos. Para Martins (1998) a medição do desempenho deve ser feita não somente para planejar, induzir e controlar, mas também para diagnosticar. Nesse sentido, é importante ir sofisticando a medição de desempenho conforme a empresa vai passando pelos níveis de maturidade na implementação da gestão pela qualidade total. Observa-se a necessidade de boas informações históricas e experiência dos gestores para utilizar o desenvolvimento ou aplicação de métricas, analisando, se necessário, os resultados de outras empresas do mesmo segmento. 5. METODOLOGIA A metodologia de pesquisa é usada como suporte de estudo para o desenvolvimento dos critérios, instrumentos de captação ou de manipulação da realidade. Para embasar este artigo utilizou a pesquisa bibliográfica. Segundo Lakatos e Marconi (2002) a pesquisa bibliográfica abrange toda 9 bibliografia já tornada pública em relação ao estudo e com a finalidade de colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi dito sobre determinado assunto. A pesquisa bibliográfica, neste artigo, realiza-se com base na publicação de diversos autores sobre os temas abordados. Para mensurar os resultados da Célula Financeira utiliza-se a pesquisa quantitativa. O método quantitativo avalia opiniões, dados, nas formas coletadas de informações. Nesse tipo de pesquisa pode-se utilizar o emprego de recursos e técnicas estatísticas, desde as mais simples, como: percentagem, média, moda, mediana e desvio padrão até as de uso mais complexos, como: coeficiente de correlação, análise de regressão (OLIVEIRA, 2001). A análise qualitativa foi escolhida por investigar uma realidade que não pode ser quantificada. A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela abertura das perguntas, fato que é possível a partir da familiarização com o tema estudado. O autor ainda assinala que a preservação da dinâmica da pesquisa possibilita uma análise mais flexível, libertando-se dos padrões (DEMO, 2000). A pesquisa qualitativa auxilia na identificação das principais causas geradoras dos problemas; oriundas das opiniões de cada participante. 6. APRESENTAÇÃO DE DADOS A Célula Financeira foi implantada no ano de 2009 com o objetivo de garantir o pagamento de todas as notas fiscais da diretoria financeira no prazo acordado com o fornecedor. O trabalho consiste em criar pedidos de compras no sistema ERP utilizado pela empresa (SAP) e acompanhar as notas fiscais até seu pagamento. Mensalmente recebem em média 2.500 notas e a equipe é composta por cinco analistas administrativos, um menor aprendiz e uma supervisora. A figura 2 representa o fluxo para pagamento de notas fiscais na empresa: 10 Figura 2: Fluxo para pagamento das notas fiscais Fonte: A autora O processo macro consiste em criar o pedido de compra na Célula Financeira, recolher os impostos na área Fiscal e depois enviar para pagamento na área de Contas a Pagar. Atualmente a Célula Financeira não consegue processar todas as notas fiscais recebidas no mês e os clientes internos reclamam constantemente, pois vários fornecedores bloquearam o fornecimento de materiais e serviços e protestaram a empresa por falta de pagamento. Além disto, existe um turnover alto e cerca de 19% das notas são devolvidas pelo fiscal por erro no processamento do pedido gerando retrabalho e reclamações. 7.APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 7.1 FLUXOGRAMA Para entender o processo e identificar oportunidades de melhoria da situação atual, elaborou-se um fluxograma que tem como finalidade representar processos ou fluxos de materiais e operações (diagramação lógica, ou de fluxo), 11 ou seja, algo essencialmente dinâmico. A figura 3 demonstra o fluxograma elaborado, para mapear o processo atual da área: Figura 3: Fluxograma Célula Financeira Fonte: A autora Todo e qualquer processo, tanto administrativo quanto operacional, tem um fluxo das operações, entrada, processamento e saída. O processo inicia quando uma nota fiscal é entregue na Célula Financeira, são analisados os impostos e 12 criado o Pedido de Compras (PO). Este PO é enviado para aprovação e encaminhado a área fiscal para recolhimento dos impostos. Depois de concluído estas etapas o contas a pagar efetua o pagamento da nota fiscal de acordo com as condições pré-estabelecidas com o fornecedor. 7.2 BRAINSTORMING Utiliza-se o Brainstorming para gerar um grande número de ideias em curto período de tempo. Pode ser aplicado em qualquer etapa do processo de solução de problemas, sendo fundamental na identificação e na seleção das questões a serem tratadas e na geração de possíveis soluções. Para verificar a causa geradora dos problemas realizou um brainstorming com os seis colaboradores da Célula Financeira. Nesta dinâmica de grupo em que as pessoas, de forma organizada e com oportunidades iguais, fazem um grande esforço mental para opinar sobre determinado assunto, o grupo é formado de pessoas que tenham vivência no assunto. O objetivo principal da aplicação foi verificar porque os pagamentos das notas são efetuados com atraso. Utiliza-se o Brainstorming para gerar um grande número de ideias em curto período de tempo. Pode ser aplicado em qualquer etapa do processo de solução de problemas, sendo fundamental na identificação e na seleção das questões a serem tratadas e na geração de possíveis soluções. Além disto, possibilitou o envolvimento pleno dos colaboradores, entendendo o problema e as suas causas e identificou que no ano 2013 o atraso de notas fiscais teve como consequência o aumento das provisões, pagamentos de impostos retidos em atraso, problemas com créditos de ICMS sobre ativo imobilizado, lançamento de notas fora da competência e problemas com obrigações acessórias. Esse efeito e as causas identificadas são colocados no formato de uma espinha de peixe, o que facilita muito a visualização, a relação entre todas as causas e como o efeito (problema). 13 7.3 ESPINHA DE PEIXE Para organizar as informações utilizou-se o diagrama de causa e efeito. Este diagrama parte de um “problema” (considerado o efeito do diagrama) e de todas as influências dele (consideradas as causas do diagrama) conforme apresentado na figura 4 abaixo: Figura 4: Diagrama causa e efeito Célula Financeira Fonte: A autora Foi identificado que o atraso nos pagamentos é o principal efeito que causa as reclamações. Para verificar as causas geradoras deste efeito analisou se suas origens através dos 6M na espinha de peixe: materiais, métodos, mão-de-obra, máquinas, meio ambiente e medidas. É interessante também que as perdas financeiras causadas pelo problema sejam levantadas, assim como os ganhos possíveis provenientes do projeto. O uso do gráfico de Pareto pode ser um tanto útil visto que a mesma permite priorizar temas e estabelecer metas numéricas viáveis. 7.3 Pareto A regra de Pareto possibilita concentrar–se nos poucos elementos importantes em uma análise, aumentando a eficiência do trabalho. O gráfico de Pareto prioriza os problemas mais acentuados que exigem atenção. Através desta técnica registra-se e analisa informações que permitem a priorização da tomada 14 de decisão. Sugere em quais os erros ou atividades ou recursos devem ser concentradas prioritariamente as ações de melhoria. As 14 causas apontadas no brainstorming foram priorizadas através do gráfico de Pareto: Gráfico 1: Pareto Fonte: A autora Através da aplicação do Pareto é possível visualizar que as três principais causas do efeito indesejável são a falta de indicadores, procedimentos e desmotivação. É extremamente importante analisar os fatores apresentados e escolhermos o melhor conjunto de medições para cada situação e focalizar nas ferramentas para melhoria. Nesta etapa buscaram-se informações históricas do problema. O importante neste ponto do método é que a frequência com que ocorre o problema e como ele ocorre torne-se evidentes. 7.4 INDICADORES DE DESEMPENHO As decisões devem ser realizadas através de informações precisas e confiáveis. Os indicadores auxiliam nas tomadas de decisões, onde fundamentam as argumentações mediante o fornecimento das informações dos processos. Para medir e avaliar os resultados da Célula Financeira propõe-se a elaboração de indicadores, conforme observa-se no quadro 1: 15 Quadro 1: Indicadores Fonte: A autora O processo de acompanhamento dos indicadores de desempenho desenvolveu-se visando proporcionar a padronização dos processos. Elaborou-se 4 indicadores para acompanhar as atividades da célula Financeira: índice de retrabalho, índice de reclamação, produtividade e absenteísmo. As metas estabelecidas de cada indicador: 5% de erros sobre o total de notas processadas, 2 reclamações por mês, cada colaborador deve produzir 300 notas fiscais e definiu meta para absentismo 5%, respectivamente. A frequência definida para realização da medição dos indicadores é mensal. O indicador pode ser apresentado graficamente, para verificar a variabilidade e tendência, que ajudarão na pesquisa de soluções para melhoria contínua, com o intuito de atingir a meta proposta ou de definir novas metas para aquele indicador. A área fiscal da empresa tolera 10% de erros nos pedidos de compras. Para acompanhar a célula financeira analisou o histórico de erros 2013 e desenvolveu-se o gráfico 2 para acompanhar a meta: 16 Gráfico 2: Acompanhamento do Indicador Fiscal Fonte: A autora O gráfico apresenta a meta estabelecida pela área fiscal da empresa e o resultado atingido pela célula financeira através do histórico de erros em 2013. Este gráfico pode ser exposto no mural, onde a área pode analisar as tendências, as sequências e realizar as comparações entre duas variáveis. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo buscou demonstrar a importância gestão da qualidade para obter melhoria continua dos processos da empresa. É imprescindível implantar uma cultura de mudança, comprometida com o aperfeiçoamento contínuo, eliminando-se atitudes acomodação e passividade. Através da aplicação das ferramentas de qualidade é possível identificar a causa raiz dos problemas e criar indicadores para acompanhar o processo. A aplicação das ferramentas de gestão qualidade oferece os seguintes benefícios: cumprimento dos prazos contratados, redução expressiva nos desperdícios e custos internos, aumento da produtividade e maior lucratividade. 17 Além de promover benefícios não mensuráveis como maior estabilidade nos processos, perfeição e segurança na execução dos serviços e aumento da confiança dos clientes. É fundamental criar um conjunto de indicadores que retratem a situação existente e que permitam a comparação com referenciais da própria empresa. Esse conjunto de indicadores deve permitir à empresa acompanhar seus resultados econômicos, financeiros, de qualidade e de produtividade. Deve-se ter especial cuidado na identificação dos indicadores de desempenho, pois se a avaliação de desempenho da área for considerada nas tomadas de decisão, a incorporação dos indicadores como instrumento dessa avaliação acarretará cobranças em relação ao cumprimento das metas estabelecidas. Portanto, ao se desenvolverem indicadores de desempenho, deve-se sempre buscar o comprometimento dos gestores e colaboradores. Assim sendo, este pode colaborar para o avanço das empresas como um todo e em especial no aspecto qualidade, isso devido à facilidade de aplicar as ferramentas. É importante ressaltar que o sucesso da aplicação das ferramentas só se dará após o envolvimento de todas pessoas da empresa, da alta gerência aos operadores dentro do processo de melhoria continua. 18 REFERÊNCIAS CASAS, Alexandre. Qualidade Total em serviços. São Paulo: Atlas, 1997. CHAVES, N.M.D.et al. Caderno de campo das equipes de melhoria continua. 1.ed. Nova Lima, MG: INDG Tecnologia e Serviços, 2005. DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. GIL, Antonio. Gestão da Qualidade Empresarial: Indicadores da Qualidade. São Paulo: Atlas, 1997. HIMES, Peter; TAYLOR, David. Guia para implementação da manufatura enxuta: lean manufacturing. 2. ed. São Paulo: IMAM, 2004. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARTINS, Roberto A. 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