257 Hipótese Toda realização científica nasce de hipóteses. A hipótese é a semente da qual brotam investigações, que depois estabelecem fatos científicos. A hipótese bem-feita é, portanto, preciosa. Esta subseção abre espaço para a divulgação de hipóteses em Medicina, que abranjam uma nova visão sobre temas relevantes e sejam tão solidamente argumentadas em bases científicas que as tornem plausíveis, críveis e que instiguem pesquisas futuras. Sérgio Santoro Editor Associado da einstein Morbimortalidade de crianças com peso subótimo Maura Boacnin* * Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Perinatologia do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual - Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (SP). Os recém-nascidos a termo com peso de nascimento subótimo (entre 2.500 g e 2.999 g) diferem dos recémnascidos a termo com peso superior a 3.000 g, por apresentarem maior morbidade, representando um grupo que requer atenção especial da equipe de saúde. O peso ao nascer tem sido um dos parâmetros constantemente adotados como indicador de morbimortalidade neonatal. Na literatura, o estudo de crianças com baixo peso ao nascimento (inferior a 2.500 g) tem sido exaustivo(1-4), demonstrando sua correlação com várias doenças do período neonatal e com a mortalidade. Sabe-se que a mortalidade perinatal se acha fortemente influenciada pelo baixo peso ao nascer, em função de sua associação com doenças repiratórias, metabólicas, imunológicas, neurológicas, entre outras(5-6). Contudo, não tem sido dada a mesma ênfase ao estudo de crianças com peso de nascimento entre 2.500 g e 2.999 g. Dessa maneira, a comparação da morbimortalidade neonatal em recém-nascidos a termo, com peso subótimo, com recém-nascidos a termo apropriados para a idade gestacional, com peso ao nascer maior ou igual a 3.000 g e verificação de possíveis fatores maternos associados, pretende identificar um grupo de risco que não se acha habitualmente contemplado com nenhum tipo de atenção especial por parte da equipe de saúde e nem mesmo teve sua importância claramente determinada sob aspectos de saúde pública. Para testar a hipótese, serão comparados todos os recém-nascidos vivos pertencentes ao grupo com peso subótimo, com os pertencentes ao grupo com peso ≥ 3.000 g, nascidos a termo, de gestações únicas, no período entre fevereiro de 1995 e fevereiro de 1999, na Maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein. Serão estudados dados relativos às mães, como idade materna, quantidade de consultas no pré-natal, idade gestacional (calculada pela regra de Naegele), ganho de peso, altura materna, estado civil, escolaridade, hábito de fumar e intercorrências clínicas (como hipertensão e diabetes gestacional) e dados relativos ao recém-nascido, como peso de nascimento, comprimento, adequação do peso e idade gestacional, boletim Apgar de 1º e 5º minutos e dados relativos aos diagnósticos no período neonatal, tempo de permanência e mortalidade. Referências 1. Lippi UG, Casanova LD, Patriota RG, Barragan AM, Silva EYK. Prematuridade. In: Segre CAM. Perinatologia. Fundamentos e prática. São Paulo: Sarvier;2002.p.226-32. 2. Segre CAM. Recém-nascido pré-termo. In: Segre CAM. Perinatologia. Fundamentos e prática. São Paulo: Sarvier;2002.p.232-51. 3. Guidelines for perinatal care. 4th ed. Illinois: American Academy of Pediatrics; 1997. 4. Abrams BF, Laros RK Jr. Prepregnancy weight, weight gain, and birth weight. Am J Obstet Gynecol. 1986:154(3):503-9. Erratum in Am J Obstet Gynecol.1986;155(4):918. 5. Keith LG, Oleszcuk JJ, Keith DM. Multiple gestation: reflections on epidemiology, causes and consequences. Int J Fertil Womens Med. 2000;45(3):206-14. 6. Colleto GM, Segre CA, Rielli ST. Influence of socioeconomic levels on birth weight of twins and singletons. Twin Res. 2004;7(2):128-33. einstein. 2004; 2(3):257