64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
ANÁLISE COMPARATIVA DAS TAXAS DE CRESCIMENTO ABSOLUTO E
RELATIVO DA HALÓFITA Macroptilium lathyroides (FABACEAE) TESTADA
PARA O USO EM FITORREMEDIAÇÃO
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Marília Alves do Nascimento , Weleida Carvalho de Abreu , Oriel Herrera Bonilla
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Universidade Estadual do Ceará – UECE; *[email protected]
Introdução
A salinização do solo é um problema que vem crescendo
em todo o mundo; acredita-se que cerca de bilhões de
hectares de solos sejam alterados por sais, influenciando
grande parte de todas as áreas irrigadas do mundo que
sofrem com a redução da produção em decorrência do
excesso de sais (Keiffer; Ungar, 2002; Horney et al.,
2005) [1]. Estes problemas são conseqüências do uso de
terras marginais e do manejo inadequado da irrigação
(Ribeiro et al., 2003) [2]. Apesar da expansão de áreas
com esses problemas, procedimentos de recuperação
ainda são pouco utilizados (Qadir et al., 1998) [3].
Halófitas costeiras, como plantas da família das
Leguminosas, são plantas adaptadas a altos níveis de
salinidade no solo e têm capacidade de acumular
quantidades elevadas de sais em seus tecidos (Zhu,
2001) [4]. Por essas características, podem ser usadas
para recuperação de solos afetados por sais. Objetivou-se
com esse trabalho analisar o crescimento de plantas da
espécie de leguminosa Macroptilium lathyroides e seu
possível uso em processos de fitorremediação de solos
salinos.
Metodologia
Foi montado um experimento em casa de vegetação
localizada na Universidade Estadual do Ceará, o qual teve
um delineamento inteiramente casualizado com esquema
fatorial 5 x 2 sendo o primeiro fator correspondente aos
tratamentos salinos (0, 20, 40, 60 e 80 mM de NaCl) e o
segundo aos substratos (areia e vermiculita), com 10
repetições. Avaliou-se a altura das plantas por meio de
medições feitas aos 21 dias após o transplantio (DAT), e
aos 45 DAT. As taxas de crescimento absoluto (TCA) e
relativo (TCR) foram calculadas para a espécie, com base
nas médias de altura obtidas em cada tratamento salino,
através das seguintes fórmulas: TCA= W 2 – W 1/∆T, TCR =
lnW 2 – lnW 1/∆T, onde W 2 = Mensuração 2 na fase 2 (45
DAT); W 1= Mensuração 1 na fase 1 (21 DAT); ∆T=
Diferença de tempo decorrido entre as fases 1 e 2.
sejam capazes de manter taxas maiores de crescimento
em relação às sensíveis (Neumann, 1997) [5]. Assim,
Larcher (2000) [6] afirma que os processos de
crescimento são particularmente sensíveis ao efeito dos
sais, de forma que a taxa de crescimento é um bom
critério para avaliação do grau de estresse e da
capacidade de adaptação da planta à salinidade.
Figura 1 – TCA e TCR das plantas de M. lathyroides nos
substratos areia e vermiculita.
Conclusões
Através dos resultados obtidos pode-se notar que a
espécie apresentou capacidade de crescimento nos dois
substratos testados, o que demonstra seu potencial para
ocupar áreas degradadas por sais onde outras plantas
não teriam condições de crescimento, podendo ser
considerada uma alternativa economicamente viável para
a recuperação da capacidade produtiva dessas áreas.
Agradecimentos
Ao professor Oriel Herrera e a todos os integrantes do
Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do
Ceará.
Resultados e Discussão
Referências Bibliográficas
Os valores médios de TCA e TCR obtidos podem ser
observados na figura 1. O maior valor de TCA em
substrato areia foi observado no tratamento 80 mM, cerca
de 6% maior que no grupo controle. Enquanto que, em
substrato de vermiculita, o maior valor também foi
observado no tratamento 80 mM, cerca de 135% maior
que no grupo controle. O maior valor de TCR em
substrato areia foi observado no tratamento 0 mM (grupo
controle). Enquanto que, em substrato de vermiculita, o
maior valor foi observado no tratamento 80 mM, cerca de
43% maior que no grupo controle. Sabe-se que mesmo
espécies consideradas tolerantes ao sal, apresentam
redução do crescimento em presença de salinidade,
embora em igual concentração de sal, plantas tolerantes
[1] Keiffer, C.H. & Ungar, I. A. 2002 Germination and
establishment of halophytes on brine-affected soils. Journal
Application Ecology 39:402-415.
[2] Ribeiro, M.R.; Freire, F.J. & Montenegro. 2003. A. A. A. Solos
halomórficos no Brasil: Ocorrência, gênese, classificação, uso e
manejo sustentável. Pp. 165-208. In: Curi, N.; Marques, J.J.;
Guilherme, L.R.G.; Lima, J.M.; Lopes, A.S. & Alvares V., V.H.
Tópicos em ciência do solo. Viçosa, MG, Sociedade Brasileira
de Ciências do Solo, v.3.
[3] Qadir, M.; Quresshi, R.H. & Ahmad, N. 1998. Horizontal
flushing: A promising ameliorative technology for hard salinesodic and sodic soils. Soil and Tillage Research 45:119-131.
[4] Zhu, J.K. 2001. Plant salt tolerance. Trends in Plant Science
6:66-71.
[5] Neumann, P. 1997. Salinity resistance and plant growth
revisited. Plant Cell and Environment. 20:1193-1198.
[6] Larcher, W. 2000. Ecofisiologia vegetal. São Paulo, Rima.
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