Certificados de calibração: “problemas típicos em rádio freqüência e telecomunicações.” Lauro Lucas de Oliveira Objetivos: •Rever conceitos problemáticos. •Apresentar situações típicas. •Sugerir caminhos para a solução. Procedimento: (o que fazer) “Sucessão de operações a serem executadas para realizar uma tarefa determinada.” Método: (como fazer) “Maneira de agir.” DICIONÁRIO LAROUSSE CULTURAL Conseqüências de uma interpretação equivocada: •IEC/ISO 17025 - item 5.4.1 •DOQ- CGCRE-003 – item 12.2.4 e 12.2.7 •Calibração de modulação em freqüência em instrumentos e ensaios em transmissores FM. •Método do nulo de Bessel (genérico). Usuário: é quem vai utilizar o instrumento. Metrologista: é quem calibra o instrumento. Instrumentista: é quem conhece a fundo o funcionamento interno do instrumento. Situações típicas: •Limitações do usuário e do instrumentista em definir o que calibrar, exemplificando: •Medidores de potência de RF. •Voltímetros AC “True” RMS. •Calibração de perda por retorno. Calibração: Ontem: Um instrumento “calibrado”está em condições adequadas para utilização. Hoje: Um instrumento “calibrado” foi comparado com outro de referência e os resultados foram registrados em um certificado. Conseqüências: •Em telecomunicações muitos usuários ainda raciocinam pelo sistema antigo. •O usuário de laboratórios de ensaios tem muita dificuldade em interpretar os resultados de um certificado de calibração e seus efeitos. Escopo: É o “cardápio” dos serviços que o Laboratório está habilitado a executar e fonte de consulta da RBC. NIT-DICLA-012: Deveria ser a relação padronizada confiável de todos os serviços de calibração da RBC. Conseqüências: • Nenhum escopo da área de RF divulgado hoje no site do Inmetro está correto. • Falta uma separação das áreas comuns entre Eletricidade e Radio Freqüência. •A área de Telecomunicações não está contemplada, mas aparecem instrumentos típicos da mesma em Tempo e Freqüência. Padrões, Rastreabilidade e Cartas Metrológicas: Situação na área de Radio Freqüência e Telecomunicações. Uma palavra sobre Normas: São fundamentais para a padronização de procedimentos, métodos, produtos etc., mas são somente ferramentas que nos auxiliam. Apenas o seu atendimento jamais poderá substituir a competência, o bom senso e a integridade de um profissional ou entidade. A IEC/ISO 17025 não pode contemplar detalhes técnicos por razões obvias. Muitos laboratórios utilizam este fato contra o avaliador com o argumento “não faço o que você está solicitando porque não está na ISO”. Deve ser considerada aqui a possibilidade sugerida no anexo B da ISO. Alguns problemas típicos encontrados em certificados de calibração. Em avaliações realizadas por mim em Laboratórios de Ensaios de Telecomunicações, o índice de certificados de calibração com problemas diversos encontrados foi superior a 60% (considerando todas as áreas). •Calibrações parciais onde são ignoradas as funções básicas do instrumento e suas características significativas. Exemplos: •Medidor de Intensidade de Campo R&S. •Analisador de Espectro HP. •Gerador de Sinais VOR/ILS Collins. •Apresentando uma verificação como se fosse uma calibração. Exemplos: •Verificação do piso de ruído em Analisadores de Espectro. •Verificação de formato de máscara de pulso em analisadores PDH/SDH W&G. •Ausência de identificação de desvios significativos e o não estabelecimento de limites e condições. Exemplos: •Gerador de Sinais de RF HP com defeito. •Cargas e Terminações de RF diversas. •Calibração de resposta em freqüência. •Calibrando o zero e o infinito (sempre tem alguém tentando...) Exemplos: •Faixa de freqüência de 0 até X. •Nível indeterminado. •Coeficiente de reflexão tendendo a zero ou infinito. •Faixa dinâmica impraticável. Contrariando as leis da Física... Exemplos: Incertezas melhorando com o aumento do grau de dificuldade em nível e em freqüência. Calibrações faltando a indicação das referências e condições de contorno. Exemplos: Impedância, coaxial ou guia de onda, tipo de conector, valores de referência etc. •Incertezas de medição irreais e não repetitivas por ocasião de uma nova recalibração do mesmo ítem. Exemplos: •Analisador de Espetro R&S de um mesmo laboratório retornando para calibração: variação das incertezas de 1 a 10000 na recalibração do mesmo item em anos distintos. •Incertezas fora do escopo acreditado. Problemas diversos com os padrões de referência e de trabalho: •Falta de uma identificação clara. •Exatidão e precisão incompatíveis com o item do cliente. •data de validade vencida. •Origem da calibração dos padrões. •Relação de padrões mudando a toda hora, incompleta ou incompatível com a tarefa. •Cabos de medição não controlados. •Método de calibração não identificado claramente: Acontece em praticamente todos os certificados. •Conversões de unidades: declarando o resultado de um cálculo e não o resultado de uma medição: •Exemplos: Milivolts x dB/dBm; Impedância x Perda por Retorno x Coeficiente de Reflexão x VSWR •Erros na expressão da grandeza. Exemplos: dB x dBm; kHz x Mhz etc. •Problemas com algarismos significativos: Certificados faltando descartar os algarismos não significativos indicados ou não pelos instrumentos. •Utilização de “máscaras” em medições do tipo passa-não passa sem considerar as incertezas. Problema típico em analisadores de espectro R&S com modulação/demodulação digital GSM/CDMA. •Utilização da palavra “amostra” de forma indevida em certificados. •Calibrações fora do escopo acreditado pelo Inmetro. Este problema é causado em grande parte pela NIT-DICLA-012 atual. •Realização de calibrações fora do âmbito da RBC e sem o logotipo da rede no certificado, mas fazendo referência ao Inmetro no texto. Algumas sugestões para melhoria •Reformular o documento NIT-DICLA-012. •Auditar criteriosamente os escopos publicados no site do INMETRO de forma a preservar a credibilidade da instituição. •Estudar alternativas para estabelecer a rastreabilidade na área de Alta Freqüência e Telecomunicações. •Aprimorar os documentos orientativos de forma a cobrir os aspectos conceituais aqui tratados. •Iniciar programas de intercomparação laboratorial na área. Recomendar aos Laboratórios de Calibração sempre atender aos quesitos abaixo: • Calibrar as funções básicas dos instrumentos. • Definir procedimentos e métodos utilizados com clareza. • Identificar e assinalar desvios com base nas especificações do fabricante. • Identificar claramente os padrões e os respectivos certificados de calibração. • Elaborar as cartas metrológicas. • Orientar tecnicamente o cliente sempre que necessário. • Praticar políticas de verificação da satisfação do usuário. Obrigado a todos [email protected]