Revista do CEL
Montanhas no CEL
O olhar de Herbert Macário pelos Parques Naturais do Brasil
PAPO DE MONTANHA
ano 1 | número 3 | agosto 2013
Santa Maria Madalena
Reino Mágico, 1000 metros de
conquista e outras vias
Excursão do CEL
Itatiaia
Raphael Nishimura
Gerenciamento de risco e prevenção de acidentes
Entrevista
Software para escaladores
CroquiLab
Agosto 2013
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Agosto 2013
editorial
ano 1 | número 3 | julho 2013
CEL - Clube Excursionista Light
Presidente: Claudney Neves
Vice-Presidente: Éder Abreu
Secretário-Geral: Lucas Figueira
Tesoureiro: Claudio Van
Diretoria de Montanhismo: Hans Rauschmayer
Diretoria Social: Karla Paiva
Diretoria de Ecologia: Daniel Arlotta
Diretoria de Comunicação: Judith Vieira
Diretoria Cultural: Claudia Gonçalves
Projeto Gráfico: Paulo Ferreira
Organização: Claudney Neves
Editoração: Karla Paiva
Revisão: Judith Vieira
Foto de capa: Flávia dos Anjos na conquista
da Reino Mágico, na pedra Dubois. Por Felipe
Dallorto.
Papo de Montanha é uma publicação do CEL - Clube Excursionista Light. As opiniões expressas pelos autores são de inteira
responsabilidade dos mesmos e não representam a opinião da
revista Papo de Montanha e do CEL.
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Este terceiro número da Revista Papo de Montanha sai
da prensa com uma nova mentalidade. Até a edição anterior
publicamos matérias exclusivamente dos sócios do Clube. Nesta,
abrimos nossas portas para outros montanhistas. Gente que
aceitou o convite e escreveu para nossa publicação.
Pensamos que assim o trabalho ficará muito mais rico em
conteúdo e com assuntos de interesses diversos, desde um
software para criação de croquis até a resenha de um guia de
escalada, passando por entrevistas, artigos técnicos, histórias
e atualidades, mas sem deixar de falar nas atividades do CEL e
continuando a mostrar locais de escalada por aí.
Nesta edição começaremos a trazer para vocês alguns
desses assuntos. Mostraremos também o que aconteceu no
Papo de Montanha neste período. Projeto que inspirou o nome da
revista e acontece sempre na terceira semana de cada mês em
nossa sede.
Nessa seção, especificamente, falaremos do Gerenciamento
de Risco e Prevenção de Acidentes. Palestra que aconteceu em
junho desse ano e que mostrou como é preciso pensar cada vez
mais no assunto.
Esperamos que aproveitem e que o conteúdo seja útil e
divertido para todos. Aguardem mais novidades.
Boa leitura!
índice
Excursão do CEL
Costurando pelas Agulhas Negras.. 04
Entrevista
Montanhas no CEL
Exposição sobre Parques Naturais .. 38
Raphael Nishimura .......................... 14
Escalando por aí
Santa Maria Madalena...................... 20
Papo de Montanha
Gerenciamento de risco e prevenção
de acidentes..................................... 36
CroquiLab
Facilitando o seu trabalho ............... 48
Curiosidades................................... 51
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EXCURSÃO DO CEL
COSTURANDO PELAS
Na noite de 17 de abril, plena quarta-feira, fiquei acordado mais tempo do
que o normal. Tive que esperar o relógio marcar meia-noite para entrar no site
do Parque Nacional de Itatiaia e mandar o pedido de reserva do abrigo Rebouças.
Isso porque a regra é clara: reservas devem ser feitas com mínimo de cinco dias e
máximo de trinta dias de antecedência, pois a excursão estava marcada para 18 de
maio. Finalmente fui dormir com a sensação de dever cumprido, mas preocupado
com as tarefas que me esperavam no trabalho. Vida de guia!
Na manhã seguinte recebi uma ligação
da secretária do PNI informando que meu
pedido não poderia ser atendido na totalidade
dos 16 lugares, uma vez que já havia reserva
para duas pessoas. Mas como isso era possível
se eu tinha mandado a mensagem à meianoite? Ela me explicou que minha mensagem
tinha registro de 00:04 hs, enquanto a outra
marcava 00:02 hs, prioritária portanto! Briga
de foice para reservar, mas pelo menos
funcionou.
A lista da Femerj vem registrando várias
reclamações nos mecanismos de reserva
devido à nebulosidade do processo, sendo
batizado como caixa-preta. Todavia, com
a mudança na direção daquela unidade de
conservação, é possível encontrar no site do
Parque uma planilha com o mapa das reservas
já efetuadas e a disponibilidade de vagas.
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Em tese, quem chegar primeiro consegue
reservar.
Sem dúvida que houve avanço! A caixa
clareou, ficando acinzentada, mas ainda
precisa melhorar. Por exemplo, o tal mapa é
mostrado como um cronograma de barras,
onde há sobreposição numérica no mesmo dia
entre um grupo que sai com outro que entra,
confundindo o montanhista que pesquisa por
vagas livres. A origem da confusão está na
apresentação do cruzamento das seguintes
informações: primeira, do período da diária
(início às 09:00 hs de um dia e término às
09:00 hs do outro); segunda, com as perguntas
sobre os dias de entrada e saída feitas na ficha
de reserva. No cronograma de barras fica
marcado o dia inteiro de saída, mesmo que o
grupo esteja deixando o abrigo às 09:00 hs da
manhã!
S AGULHAS NEGRAS
Texto por Marcus Vinicius Carrasqueira
Esse sistema de reserva não é
automático, ou seja, depois de preencher
e enviar a ficha eletrônica, a reserva não
pode ser imediatamente visualizada no site.
O procedimento é feito manualmente pela
secretária, após algumas horas, criando um
espaço de suspense e incerteza. Na prática
percebi sinceridade no trabalho daqueles
servidores federais e, em ambas as ocasiões
em que precisei reservar abrigo e camping
neste ano, fui bem atendido (seja por telefone
ou email) e tive êxito. O usuário deve conhecer
as normas para transitar pelos caminhos
burocráticos com sucesso. Apesar dos
percalços, o saldo foi positivo: ponto para o
Parque!
Se a excursão às Agulhas Negras, por si
só, foi objeto de interesse acima da média das
pranchetas do clube, a notícia da confirmação
da reserva no abrigo Rebouças alavancou
ainda mais a procura, sendo motivadora da
mobilização de 25 inscritos, incluindo aqueles
da lista de espera. Administrar o dinamismo de
reservas, ingressos, transporte, comunicação
(email e telefone), alimentação, desistências e
inclusões dessa turma foi um teste de doação
pessoal. Os bastidores do planejamento deste
passeio foram bem frenéticos. Vida de guia!
Finalmente chegou o grande dia! Às
05:00 hs da madruga, no Posto BR da Praça
da Bandeira e debaixo de uma chuva fininha,
a maioria dos amigos embarcou na van do
Gabriel enquanto que outros foram com seus
próprios veículos, todos seguindo juntos
como um comboio. No “frigir dos ovos” foram
ocupados 16 leitos no abrigo Rebouças e dois
colegas dividiram uma barraca no camping,
totalizando 18 participantes: Adriana, Amanda,
Ana, Carlson, Carrasqueira, Felipe, Fernando,
Helena, Inês, Judy, Luchesi, Márcia, Miriam,
Norma, Paulo, Pedro, Renata e Renatinho.
O Posto Marcão estava agitado quando
chegamos pela manhã, por volta das 10:00 hs!
Muitas pessoas querendo entrar e não havia
uma fila ou ordem aparente na recepção:
todos atendiam todos e todos eram atendidos
por todos. Fui recebido por, pelo menos,
quatro funcionários repetitivos nas suas
perguntas e falando simultaneamente entre
si e com os visitantes. Percebe-se que são
pessoas simples, educadas, esforçadas e
estão laborando com seriedade, mas carecem
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de organização no trabalho. Por outro lado,
o abrigo Rebouças emocionou novatos e
veteranos nesse tipo de hospedagem: limpo,
bem cuidado, camas com colchão, instalações
elétricas, hidráulicas e sanitárias funcionando
perfeitamente e uma cozinha equipada com
fogão industrial, botijão de gás e alguns
utensílios (panela, talheres, pratos e copos).
Não há como negar que houve um salto
de qualidade no PNI! As normas de conduta
do abrigo e do camping estão facilmente à
disposição no site e, se todos seguirem as
recomendações e cuidarem do bem público, o
benefício será da sociedade e o Parque estará
cumprindo com sua função conservacionista,
permitindo
que
várias
gerações
de
montanhistas possam usufruir dos seus
encantos. Se queremos ser um país civilizado,
temos que nos comportar individualmente
como tal.
A previsão do tempo vinha sendo
monitorada desde a semana anterior e, nos
sites especializados, não havia indicação de
chuvas para o final de semana em Itatiaia.
O sábado se mostrou sem sol, seco, com
temperatura agradável e nebulosidade
moderada encobrindo os locais mais altos. As
boas condições permitiram ao grupo realizar
um reconhecimento lúdico dos principais
atrativos no entorno das Prateleiras, entre
os quais pedra da Tartaruga, pedra da Maçã
e chaminé Willy Brackman. Infelizmente as
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nuvens esconderam o topo das Prateleiras
(2.548 metros), desestimulando sua completa
ascensão pela absoluta falta de visibilidade,
mas chegamos até o platô do seu extremo
oeste, à beira do precipício divisório com o
vale do rio Paraíba do Sul.
Empoleirado naquele mirante natural
filosofei sobre o passado. As terras da região,
incluindo o atual Parque Nacional de Itatiaia,
foram uma concessão imperial a Irineu
Evangelista de Souza voltada à exploração
de madeira para produção de carvão vegetal,
em outras palavras, desmatamento. Mais
conhecido como Visconde de Mauá, seu
nome foi emprestado ao distrito fluminense
localizado às margens do rio Preto, lugar de
intenso turismo de inverno desde a década
de 1.980. Que reviravolta do destino! O que
começou como devastação, hoje é sinônimo
de preservação!
A trilha para as Prateleiras passa ao
lado de uma das mais populares atrações do
Parque, a bela cachoeira das Flores e seu poço
de mergulho e natação. Suas águas gélidas
somente são acessíveis aos mais corajosos,
pois é conhecida informalmente entre os
freqüentadores como “encolhe-pinto”. Todos
riram em uníssono da piada, exceto Inês,
que nada entendeu, reação espontânea que
provocou ainda mais descontração. Difícil foi
explicar para a alemã o significado malicioso
daquele nome, mas alguém conseguiu: vários
minutos depois, escutamos suas risadas
solitárias e intensas logo atrás!
A estadia vespertina no planalto
propiciou uma amável surpresa: a chegada da
nossa querida Miriam “bamo bamo” Gerber,
em pleno test drive do seu pisante quebrado e
remontado! No fim da tarde, Felipe, Fernando,
Paulo e Pedro foram brincar na parede
grampeada próxima ao abrigo, enquanto
os demais retornavam ao aconchego do
refúgio, se preparando psicologicamente
para o grandioso jantar que se aproximava.
A lua crescente estava alta naquela hora
crepuscular e sua aparição foi festejada com
a abertura da primeira garrafa de vinho. Com
certeza não choveria nessa noite!
Na medida em que as estrelas
mais apressadinhas surgiam nas partes
desanuviadas do firmamento, o cheiro
tentador do yakisoba invadia os arredores
e provocava uma ansiedade gastronômica
quase incontrolável. O aumento do frio
noturno influenciou diretamente no apetite,
mas a experiente Helena, acostumada
a
servir
famílias
numerosas,
soube
fazer uma quantidade
que
ainda
rendeu
para o dia seguinte.
Saciadas a fome e a
gula, indicadores da
excelente qualidade do
jantar, chegou a vez da
diversão!
A confraternização
entre os participantes é
um dos maiores valores
sociais do montanhismo.
Pessoas de diferentes
classes
econômicas,
profissões,
práticas
religiosas, pensamentos
políticos,
gostos
culturais e gerações
convergem para um
único ponto em comum: o prazer de estar
nas montanhas! Alguns colegas conversavam
animadamente e outros jogavam mau-mau
energicamente, mas com tanta energia que
não se ouvia nenhuma palavra, só risos e
gargalhadas! Regra maluca imposta por
alguém: não pode falar! Como eram muitos ao
redor da mesa, o jogo se alongou, tendo Inês
como grande vencedora. Bora dormir que o
vinho acabou e o domingo promete!
No auge da madrugada, Fernando
registrou 4 graus positivos! Brrrrrrrrrrr!
Amanheceu um belíssimo dia ensolarado,
de céu absolutamente limpo e de um azul
estonteante! O day after não decepcionou e
quem não acreditou, perdeu! Paulatinamente
a vegetação se desnudava da névoa baixa
típica da estação e exibia sua beleza. Pássaros
atrevidos vinham à porta do abrigo em busca
de migalhas do café-da-manhã, pouco se
importando com a presença humana. Fosse
eu um explorador presenteado com a visão
daquelas montanhas, teria alcunhado de
Agulhas Douradas, amareladas que estavam
pelos reflexos dos raios solares. Os tupis
chamavam de itatiaia, ou pedra pontuda.
As Agulhas são a grande vedete do
Parque! Não é tão simples assim subir lá,
precisando de algum conhecimento em
técnicas de subida e descida, manejo de
cordas, bom condicionamento corporal e certa
dose de ousadia! Classifico sua ascensão
como escalada, primeiro pelo objetivo de
chegar ao cume, segundo por não haver uma
trilha demarcada em terra na parte inclinada
rochosa, sendo necessário o uso constante
das mãos nas pedras e apoio imprescindível
de outras partes do corpo, tais como joelho,
cotovelo, bunda e costas a todo instante, e
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terceiro pelo uso de corda e boudrier, itens
de segurança recomendados em algumas
passagens.
Luchesi julgou melhor não subir, pois
estava acompanhado da esposa, Ana, e da
irmã, Adriana, que não possuem tradição
no esporte. Da mesma forma Helena, seu
filho Renato e a sua nora Renata, que
permaneceram nas cercanias do abrigo. Sábias
decisões de guias conscientes, amparadas
no princípio de Mínimo Impacto ensinado
como “Planejamento
É
Fundamental”,
especificamente aquele
que aconselha ao
participante a escolher
as atividades conforme
o seu preparo físico e
a sua experiência, haja
vista que o conjunto das
limitações
apontadas
pode levar a uma
exposição desnecessária
de
risco,
podendo
prejudicar a si próprio e
atrapalhar o passeio do
grupo, envolvidos que
ficarão na diminuição de
ritmo para compensar o
seu fraco desempenho,
ou no seu resgate, em
caso de acidente ou mal
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súbito – esse último decorrente do esforço
adicional.
Carlson e Pedro se anteciparam para
instalar a corda na primeira passagem,
permitindo ganhar tempo. Minha preocupação
era chegar ao topo antes de qualquer outro
grupo e começar a descer assim que os
primeiros montanhistas externos por lá
aportassem. Era domingo, dia de intensa
visitação, presença de grupos grandes
e queria fugir dos engarrafamentos nos
corredores estreitos em que só passa uma
pessoa de cada vez. Procurei tirar vantagem
de termos dormido no abrigo e marquei a
saída para 07:30 hs, logo depois do horário
de abertura da portaria.
A pontualidade do grupo foi exemplar.
Márcia se recuperou do mal estar do dia
anterior e estava pronta para a excursão.
Ao percorrer a trilha logo notei várias
placas indicativas dos atrativos, repetindo a
observação que fiz nas Prateleiras. Caminhos
bem sinalizados favorecem a segurança
dos visitantes, outro ponto para o Parque!
Chegando ao local previamente combinado
não encontramos a corda ou os colegas.
Algo aconteceu que ficou oculto para nós.
Tocamos para arriba por entre raízes,
pedras e sulcos erodidos
na rocha até uma
estreitíssima passagem,
onde
deslizamos
sanduichados no meio
de dois enormes blocos
rochosos que permitiu
contornar o obstáculo.
O cordelete de 15
metros que sempre
levo foi útil e contribuiu
para descermos com
confiança, empregando
técnica de chaminé com
a gravidade ajudando,
mas Paulo certamente
entalaria ali, por isso ele
veio bundeando por cima
das pedras.
Cont inuand o
a
subida alcançamos o
último entrave a poucos
metros
verticais
antes
do topo, sem maiores
dificuldades.
Outra
passagem
a ser feita com auxílio
do cordelete, dessa vez
ancorado em grampos. Até
ali não tínhamos cruzado com
ninguém. Atingimos o cume
em torno de 10:30 hs, porém
estava deserto! Nenhum
sinal dos nossos amigos que
ficaram para trás. A situação
já estava tomando contornos
de um mistério hitchcokiano. Promovemos
as comemorações pela conquista do nosso
objetivo com muitos abraços, fotografias e o
tradicional lanche. Montanhista é uma raça
que está sempre comendo, basta parar um
pouquinho e a fome chega!
Agulhas Negras está a 2.792 metros
de altitude e foi gratificante testemunhar a
emoção dos estreantes em pisar pela primeira
vez o cume da 6ª maior montanha brasileira.
Judy realizou um feito notável, pautado
pela superação pessoal. O dia permanecia
lindamente iluminado e a paisagem que
se descortinou para nós foi de uma beleza
recompensadora! Amanda e Norma vibraram
muito com o prêmio, um espetáculo! Tínhamos
uma visão formidável ao redor e pudemos
identificar com precisão o vale do rio Aiuruoca,
a pedra do Sino de Itatiaia, o abrigo Rebouças,
as Prateleiras, a serra Fina, a crista contínua
da serra do Mar e a marcante pedra do Altar,
lugar da cerimônia de casamento da Miriam,
com o comparecimento de
53 convidados vestidos a
caráter.
E pensar que todo
o complexo rochoso do
Parque Nacional de Itatiaia
é resultado da explosão
de um vulcão com 5 mil
metros de altitude ocorrida
há cerca de 70 milhões de
anos, de acordo com estudo
feito pelos cientistas do
Serviço Geológico do
Paraná! Aproximadamente
30 milhões de anos depois,
uma colossal avalanche
resultou nas gigantescas
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pedras arredondadas e soltas. Nossos pés
estavam tocando o que restou de uma imensa
bolsa de magma que resfriou, endureceu e foi
erodida lentamente pela ação das forças da
natureza ao longo dos milhares de séculos.
Que montanha magnífica deveria ser! Fosse
nos dias atuais poderia ser avistada das
cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e
São Paulo.
Às 11:30 hs, vozes foram ouvidas,
indicando que um outro grupo estava próximo
e que chegara o momento da nossa descida.
Na verdade dois grupos apareceram quase
que simultaneamente. O primeiro com nove
membros e o segundo com 23 participantes.
Graças à gentileza do guia do segundo
grupo, conseguimos passar pela passagem
grampeada no breve intervalo entre ambos,
quando os integrantes do maior estavam se
reagrupando. E eis que surgem Carlson e
Pedro ao longe. Eles tinham ido para outro
ponto e nos desencontramos. Aproveitamos
que os 23 participantes já tinham transposto
o gargalo e, sem perder tempo, descemos,
enquanto os dois colegas foram em busca do
seu cume perdido!
Perto do local crítico da subida
encontramos um terceiro grupo, mas
já estávamos fora da zona de tumulto.
Improvisei uma corda com o cordelete e as
solteiras, ancorei no grampo e descemos em
fixa um pequeno desnível de cinco metros.
Para quem fez CBM e pratica montanhismo
regularmente, essa manobra técnica é moleza!
De repente, saídos das rochas acima, Carlson
e Pedro se reintegram definitivamente a nós.
Continuamos a descer. Felipe, Fernando e
Paulo tiveram um papel fundamental cerrando
a fila desde o início da escalada.
As botas pisaram o chão do abrigo
Rebouças às 15:15 hs, demonstrando o
acerto da estratégia. Lá no alto, grupos em
sentidos contrários se engalfinhavam na
disputa pelo domínio da trilha. Arrumamos
nossas mochilas, nos alimentamos mais uma
vez, limpamos as louças, varremos o piso e
recolhemos o lixo. Tínhamos marcado com
Gabriel às 16:00 hs, mas atrasamos para a
troca do pneu do carro da Miriam.
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Deixamos o Parque às 17:00 hs,
saudados por um entardecer multicolorido
pela variedade de tonalidades do pôr-dosol que mudavam a cada instante. Ainda
deu tempo de parar no Registro para
reafirmarmos nossas amizades, saborear
um cafezinho mineiro com deliciosos pastéis,
comprar queijo, goiabada e pinhão e discutir
sobre o sexo das araucárias. Cheguei em
casa quase às 22:00 hs, de bem com a vida,
agradecido aos colegas pela confiança,
paciência e apoio e com impressão positiva
do PNI.
Foi o final da excursão, mas não o fim
das aventuras!
O Guia
A região de Itatiaia, um dos
locais mais belos e tradicionais
do montanhismo brasileiro, foi
abençoada por Deus com inúmeras
belezas naturais e montanhas
fantásticas. Cortada pela Serra
da Mantiqueira, a região é uma
das poucas reservas de Mata
Atlântica ainda existentes no país.
Além disso, é também onde está
situado o primeiro parque nacional
brasileiro: um dos locais mais o
Parque Nacional do Itatiaia, propício
à prática dos esportes de montanha
e das atividades relacionadas à
natureza.
Os primeiros registros de atividades
relacionadas ao montanhismo na região de
Itatiaia remontam ao século XIX, quando a
principal montanha da região, o Pico das
Agulhas Negras, era considerada a maior
montanha do Império Brasileiro. Quando
José Franklin Massena, morador da antiga
vila de Aiuruoca, partiu em uma expedição
científica ao Planalto de Itatiaia em 1858, a
fim de efetuar medições do ponto culminante
do Brasil, fixou também o marco inicial
para o montanhismo na região de Itatiaia.
Desde então, passaram-se 155 anos de
muitas conquistas e histórias que foram
cuidadosa e detalhadamente registradas no
recém-lançado guia de escaladas da região,
o “Guia da Região de Itatiaia – Escaladas e
Montanhismo”.
Atualmente, opções aos montanhistas
é o que não falta. Além de um guia completo
para melhor orientação de todos, a região
possui mais de 380 vias de escalada de todos
os tamanhos, gostos e estilos, localizadas
em mais de 30 grandes formações
rochosas, fora milhares de outras pequenas
formações e belíssimos locais acessíveis
por caminhadas. Se apenas se aventurar por
tantos destinos diferentes em Itatiaia parece
tarefa interminável, imagine registrar tudo
isso em apenas um livro com pouco mais de
300 páginas.
Abaixo, da esquerda para a direita, Julio, na Pedra da Maça; Tiago e Júlio na Pedra do
Caramujo; Igor no Paredão Oba-Oba
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Os autores do guia, Júlio Spanner
e Igor Spanner, pai e filho, contam que
foram mais de três anos de um árduo
trabalho de levantamento e repetição das
vias de escalada e montanhismo da região,
na tentativa de elaborar um guia que
fornecesse informações precisas e claras
a qualquer pessoa que queira escalar em
Itatiaia, conhecedora ou não do local, além
de realizar um bom resgate histórico de
todas as vias.
Segundo os autores, a ideia da
elaboração de um guia de escaladas completo
surgiu quando eles viram que a história das
vias e do montanhismo na região estava
aos poucos se perdendo. Além disso, a falta
de informações sobre as vias e montanhas
estava, a cada ano, ocasionando uma baixa
frequência de montanhistas na região, que
se restringiam a apenas realizar as vias
normais das duas principais montanhas do
Planalto do Itatiaia, as Agulhas Negras e as
Prateleiras. Assim, inspirados pelos bons
guias de escaladas de outras regiões do
país, os autores decidiram, dessa forma, dar
sua pequena contribuição para sua região e
para o montanhismo brasileiro.
Os Spanner relatam ainda que a
publicação do guia foi uma tarefa mais
difícil do que imaginavam inicialmente.
Quanto mais pesquisavam, mais detalhes
apareciam, mais informações surgiam, mais
vias eram descobertas, mais histórias eram
ouvidas, de modo que sempre o trabalho
foi ficando cada vez melhor, maior e mais
complexo. Além disso, a grande quantidade
de vias, a distância entre as montanhas, a
falta de informações, a dificuldade de acesso
e os poucos registros de repetição das vias,
associados à falta de incentivos financeiros
para custear a produção do guia, foram os
maiores desafios enfrentados pelos autores
que, de forma independente, lançaram a
publicação no final do ano passado, torcendo
para que todos gostassem e que o mesmo
ajude o leitor a praticar o esporte de forma
mais segura, solidária, prazerosa, ética e
consciente.
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E N T R E V I S T A
Fotos: Arquivo pessoal
Raphael Nishimura
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Pratica escalada desde 2007, a convite
de um amigo, Frederick Ferreira, que depois
também o incentivou a subir mais alto,
chegando ao pódio no Mundial de Paraclimbing
no ano passado.
Apaixonado por grandes paredões, mas
que agora se dedica à escalada de competição,
esportiva e boulder.
Em 2011 fundou o Projeto Paraclimbing
Brasil, uma iniciativa inédita no país, que tem
como objeto divulgar a escalada e a inclusão
de pessoas com deficiência física no esporte.
Com o foco em treino indoor, em 2012
participou das 3 etapas do Campeonato
Brasileiro de Boulder, apesar de competir
sozinho, o trabalho não foi em vão, além da
criação da categoria Paraclimbing, sagrou-se
Vice-Campeão Mundial de Paraclimbing, na
França – Paris, conquistando assim a primeira
medalha para o Brasil em um campeonato
Mundial.
Foi eleito Atleta do Ano 2012 pela Revista
Go Outside.
Raphael possui distonia muscular
desde os 8 anos, mas isso não o impediu em
nenhum dos seus projetos. Além de continuar
treinando para os próximos campeonatos,
ministra palestras onde conta sua história de
superação.
A Revista Papo de Montanha entrevistou
esse paulista em maio deste ano.
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Raphael, é óbvio, pelo seu histórico, que
a distonia não o impede de realizar seus
projetos, os sintomas estão estacionados,
você faz algum tratamento médico ou somente
o esporte já ajuda a controlar os espasmos?
Raphael: Há muitos anos que eu só faço
do esporte o meu tratamento e nesse ano
comecei a fazer shiatsu.
Depois de sua conquista no Mundial de
Paraclimbing você ganhou muita visibilidade,
já deu várias entrevistas e hoje é patrocinado e
apoiados por algumas empresas. No que isso
mudou sua vida, quem são essas empresas
que estão com você e qual o recado gostaria
de passar para os empresários que podem
ajudar nossos atletas em seus projetos?
Raphael: Bom, vou começar pelas
empresas que me ajudam, tenho patrocínio
da Five Ten Brasil e os apoios da Solo, Ginásio
de Escalada 90 Graus, 4Climb, Deuter e
Sapo Agarras. Ter grandes empresas ao seu
Premiação da Revista Go Outside.
lado é muito importante, pois diminuímos os
gastos com os produtos dessas empresas, de sentimentos, muita coisa nova e estar lá foi
em algumas viagens tenho o apoio financeiro marcante.
A ideia de participar do Mundial saiu de
e em contrapartida usamos nossa imagem
para divulgar as empresas. Dessa forma todos uma conversa informal com meu amigo Fred
ganhamos, pois se mais pessoas compram em 2011. Em 2012 a minha ideia de participar
esses produtos, mas elas podem investir acabou gerando grandes expectativas entre
no esporte. Apesar do alto custo de alguns meus amigos e após decidir que iria, veio a
“pior” parte da viagem, captar
produtos é preciso lembrar
“O
campeonato
foi
o dinheiro necessário. Fiz
que se consumimos aqui
no Brasil, o dinheiro um sonho, ver todos e vários contatos e algumas
empresas
me
ajudaram
será aplicado aqui, se
tudo
ao
vivo,
competir,
enviando alguns produtos
consumimos
“lá fora”
o dinheiro também será assistir e torcer não para vender, mas para
conseguir arrecadar mais
aplicado lá fora.
O recado que eu deixo tem como não ter sido resolvemos fazer rifas. Nossa,
só de lembrar o rolo que foi
aos empresários, é que bom!”
isso dá vontade de chorar.
acreditem
em
nosso
Foi
algo
bem
estressante,
pois quando eu
esporte, invistam, conheçam, façam parcerias,
hoje existem muitos atletas precisando de mais precisava focar nos treinos, eu estava
uma oportunidade e diversos projetos para vendendo rifas.
Conciliar trabalho, rifas, treinos foi bem
promover e divulgar a escalada.
difícil, quando olho para trás eu nem sei como
E como foi o projeto e a preparação para consegui, pois em mais de uma vez eu pensei
representar o Brasil no Campeonato Mundial? em desistir, porque não conseguia trabalhar,
Captação de recursos, treinamento, a viagem treinar e nem dormir.
O campeonato foi um sonho, ver todos e
em si e os dias de competição...
Raphael: Isso sim daria um belo livro, o tudo ao vivo, competir, assistir e torcer não
Mundial foi algo inacreditável, uma overdose tem como não ter sido bom! A estrutura, as
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vias, os acessos, as agarras era tudo diferente
do vivemos aqui, as duas vias da qualificação
foram na parede de Speed e a final na parede
de Lead, no total escalei três vezes. Na minha
categoria tinham 22 atletas e 6 passaram
às finais, eu me classifiquei em ultimo, por
pouco não fico de fora. A final eu escalei bem
mais tranquilo, pois havia tirado um peso da
consciência, no dia anterior eu havia pensado
que não passaria às finais e estava bem
frustrado.
Bom, para finalizar, acho que nem meus
amigos acreditavam que eu conquistaria
a medalha de prata! Até hoje não consigo
explicar como consegui!
Pódio do Campeonato Mundial na França.
Aqui no Brasil, onde você já escalou e onde
ainda deseja escalar?
Raphael: Eu já escalei em alguns lugares
como, São Bento do Sapucaí, Pedra Bela;
Pedra do Visual, Salesópolis, Pedra do Dib,
Maria Antonia, Falésia Paraíso, Morro do
Maluf, Ubatuba, Itaqueri da Serra, Paraisópolis
(MG), Serra da Piedade (MG), Lapa do Seu
Antão (MG) e Platô da Lagoa (RJ).
Falta muita coisa para conhecer, muitos
Estados e cidades, quero visitar os principais
points de escalada do Brasil.
O que você mostra em suas palestras e
qual mensagem passa para o público?
Raphael: Eu conto a minha historia de vida,
falo sobre motivação, superação através da
escalada, sobre buscar seus sonhos, mostro
fotos e vídeos, trabalho voluntário, histórias
do Mundial, determinação para conquistar
objetivos, tenho muito a contar, mas resumo
tudo em uma hora, mas daria para falar muito
mais! “Nunca deixe que qualquer pessoa
subestime suas capacidades, apenas você
sabe onde é o seu limite e cabe a você superálos quando necessário, o grande limitador está
dentro da cabeça e não na condição física.”
[Raphael Nishimura]
Em uma outra entrevista você comentou
sobre a sugestão de alguns amigos para que
escrevesse um livro. Isso é um projeto real ou
prefere ficar apenas com as palestras?
Raphael: Esse é um assunto a se pensar,
apesar de ser muito difícil de separar, eu
gostaria de ser lembrado como um escalador
com dificuldade física e não um deficiente físico
que escala, senão parece que faço algo de
outro mundo e eu não me sinto assim. Então,
por enquanto me dedico às palestras, porque
aí o foco é direcionado mais para a escalada.
Morro do Maluf, Gurarujá, SP.
Agosto 2013
17
Você tem consciência de como seu
exemplo pode ter ajudado outros portadores
de deficiência? Já recebeu alguma mensagem
nesse sentido?
Raphael: Para mim é bem difícil perceber
isso, pois como disse antes não me vejo
fazendo algo incomum, me sinto fazendo algo
que gosto muito e que acabo me dedicando
muito também.
Sim, recebo muitas mensagens, algumas
bem emocionantes e nessas horas a “ficha
cai”, mas me sinto feliz e honrado em saber
que pessoas se espelham em mim e que estou
fazendo um bom trabalho na escalada, isso é
um grande motivador.
Você possui um site, o escalango.com, que
além de ser um canal de notícias, arrecada
recursos com a venda de camisetas, há um
bom retorno? Há outras formas de contribuir
com seus projetos? E quais são seus planos
futuros?
Raphael: Para o Mundial houve um bom
retorno, pois a mobilização foi muito grande,
atualmente o retorno é fraco, tem mês que
não vendo nenhuma. Mas não tem problemas,
Distonia muscular
Distonia é o termo utilizado para
descrever um grupo de doenças
caracterizadas
por
espasmos
musculares involuntários que produzem
movimentos e posturas anormais. É uma
doença neurológica.
O tratamento ideal das distonias
seria aquele que pudesse eliminar sua
causa. Entretanto, apesar dos recentes
avanços e do nível de sofisticação obtido
pelos novos métodos diagnósticos, na
maioria das vezes não se encontra uma
causa para a doença. Dessa forma,
os esforços tendem a concentrarse em encontrar modos de reduzir a
intensidade dos sintomas.
Não existe um tratamento de cura
definitiva das distonias e o tempo de
tratamento deve estar baseado na
evolução funcional.
Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/
atualmente as camisetas são mais para ajudar
a divulgar o Projeto Paraclimbing Brasil.
Quem quiser colaborar é só entrar em
contato, podemos pensar em algo bom para
ambos.
Meu atual projeto é formar uma equipe para
competir no próximo Mundial de Paraclimbing
em 2014. E na parte pessoal, escalar e conhecer
mais locais que ainda não visitei.
Para finalizar, qual mensagem você
gostaria de deixar como incentivo para
quem acha que sonhos são muito difíceis de
realizar?
Raphael: A melhor parte de sonhar é batalhar
para que ele se torne realidade. Corra, lute,
grite, tente, esforce-se, não desista e lembrese que nunca é tarde para nada!!!!!! E se não
der certo, tente de novo, faça o seu sonho em
partes e foque nos objetivos, tenho certeza que
o resultado te trará muitas felicidades!
Foto: São Bento
Agosto 2013SP, por Claudio Brisighello
18 do Sapucaí,
Proteja o seu maior bem
Use capacete!
Por Samanta Chu
O CEL apoia esta ideia.
Agosto 2013
19
Santa Maria Madalena
Reino Mágico, 1000 metros de conquista e outras vias
Por Claudney Neves
Colaboração: Flávia dos Anjos, Felipe Dallorto, Marcelo
Foto: Rafael Santiago
Puga, Horacio Ragucci, Boris Flegr e Carlos Arruzzo (Xuxu)
No feriado de 12 de outubro (2010)
convidei alguns amigos para tentarmos
conquistar uma via em Castelo, uma cidade
da serra do Espírito Santo que conhecemos
durante o 4º Encontro Capixaba de Escalada.
Entrei em contato com o Felipe Dallorto,
pedindo alguma indicação para aquisição de
proteções com preço camarada, aproveitei e
o convidei, juntamente com a Flavinha, para a
empreitada.
O tempo não ajudou. Bernardo entrou em
contato com seu tio, que mora lá. Este informou
que a previsão não era boa. Desistimos... O
lugar é bem distante para arriscarmos uma
investida com tempo ruim.
Com isso o grupo se desfez, mas, como
eu, Felipe e Flavinha queríamos viajar. Sugeri
Pedra do Baú ou Serra do Lenheiro, mas eles
vieram com uma contraproposta...
Os dois já estavam, há algum tempo,
investindo em Santa Maria Madalena, famosa
por uma ilustre filha de lá, Dercy Gonçalves. A
idéia continuava sendo conquistar.
Saímos no sábado pela manhã (dia 9).
Para chegar à cidade, saindo do Rio, há duas
opções: a mais tradicional é feito pela serra, e
possui 223 km, onde depois de deixar
a Ponte Rio–Niterói, passar por
fora de Itaboraí e seguir
pela RJ-116, rodovia
que possui 4
20
Agosto 2013
praças de pedágio ao longo do percurso. Nela
deverá passar por Cachoeiras de Macacú, Nova
Friburgo, Bom Jardim, e após o pedágio de
Cordeiro, permaneça na RJ -116 até Macuco,
onde antes do centro da cidade haverá um
entroncamento à direita e seguir pela RJ-172.
Com mais 36 km estará completando o trajeto
até chegar a Santa Maria Madalena.
O outro caminho, que vem sendo bastante
utilizado, é pela BR–101 e possui 250 km de
percurso. Do mesmo ponto de partida do outro
caminho pela Ponte Rio–Niterói mantenha-se
na esquerda na BR-101, passando por Manilha,
Tanguá e Rio Bonito (trecho onde termina a
duplicação da pista). Depois deverá passar
por Rio Bonito, Casimiro de Abreu e percorrer
aproximadamente 67 km até chegar
ao trevo em direção a Conceição
de Macabú, e seguir através
da RJ–182. Após passar
pelo centro da cidade
e
seguindo
as
placas
indicativas, com mais ou menos 40 km
rodados, estará concluindo o trajeto.
Apesar de possuir 27 km a mais
que o percurso pela região serrana,
a viajem pela BR – 101 chega a
ser 30 minutos mais rápida,
de acordo com a experiência
realizada
por
vários
motoristas (Site da
Prefeitura de Santa
Maria Madalena).
Agosto 2013
21
Nessa primeira vez fomos pela BR116, chegamos no início da tarde e paramos
para almoçar na Venda Nova da Zezé, no
caminho para a Fazenda Barra do Peixe,
onde acamparíamos. Das vezes anteriores,
Felipe e Flavinha ficaram na propriedade do
Sr. José Dias. Fácil de achar, basta seguir as
placas para a Pousada Verbicaro e continuar
um pouco mais à frente. Dessa vez, passando
para chegarmos lá – na Barra do Peixe -,
conhecemos o Sr. Ranulfo, que ofereceu a
varanda de uma das casas do seu sítio para
ficarmos. Aceitamos!
Arrumamos as mochilas e partimos para
a Pedra Dubois, que fica ao lado do centro da
cidade. Havia informações de apenas duas
via nessa montanha, uma do Benito Esteves
(Sinfonia do Rabo de Galo) e outra do Flavio
e Cintia Daflon (À Moda Antiga). A idéia era
conquistar uma nova via bem à esquerda
destas. Desde o inicio estávamos preocupados
em como identificar a linha da via do Casal
Daflon, pois em 600m só haviam batido 4
grampos. Mas o problema não foi a via deles,
descobrimos, de uma maneira não muito
agradável, que havia uma outra na parede...
Chegando à base da via
Entramos na propriedade onde há uma
casa com um curral ao lado. Não encontramos
ninguém para pedir autorização para passar
22
Agosto 2013
nesse dia. Seguimos a trilha que inicia nos
fundos da casa e vai até a base, depois de
passar, no início por um riacho, e quase no
final, por baixo de uma cerca. Todo esse
percurso leva cerca de 15 minutos.
Vimos alguns grampos e achávamos que
seriam da À Moda Antiga. Felipe começou a
subir e bateu a primeira proteção. Continuou
e fomos alternando até chegar minha vez.
Devido à facilidade do início, as chapeletas
estavam sendo batidas somente a cada 60 m,
nas paradas. Quando armei a segurança e a
Flavinha subiu, viu um grampo 30m abaixo
de onde eu havia batido a chapeleta. Felipe
Chegou e começamos a procurar outros,
achamos. Exatamente 30m acima!!! Por
acaso, eu havia intermediado uma enfiada
de outra via. Continuamos subindo pela via
desconhecida, também com proteções a cada
60 m, e chegamos a um grande platô de mato.
Achamos a continuação com uma sequência
de grampos da bendita via. Procuramos outra
linha, vimos uma a cerca de 150m à esquerda
da linha já conquistada e Flavinha bateu
apenas mais uma chapa. Descemos.
A decisão foi lógica e unânime, retiramos
todas as nossas proteções! Praticamente
perdemos um dia de conquista.
Voltamos para nosso acampamento
e avaliamos algumas possibilidades. A
escolhida foi uma linha mais à esquerda ainda
e tendendo para a o início da segunda parte da
nossa via, depois do grande platô.
Depois descobrimos que o projeto
intermediado por engano, era de Marcos
Vinícius (Marquinhos) iniciado em solitário no
ano de 2006. Nos anos seguintes contou com a
ajuda de Rodrigo Molinari (Show) e João Fortes
(JP). Até o término desta matéria continuava
como projeto.
Domingo fomos à forra, conquistamos 9
enfiadas, 540m de costões com alguns lances
de 3º grau. Chapeletas apenas nas paradas
e uma a mais na 8ª enfiada. Chegamos à
segunda parte da via. Felipe subiu, bateu uma
chapa e intermediou o lance que Flavinha
havia conquistado no dia anterior. Continuou
e bateu a parada. 10ª enfiada pronta! Assumi
a furadeira e bati mais duas chapas, quando
cheguei em um lance bruto de aderência em
pé. Cisquei pra um lado, cisquei pra outro e
Felipe fazendo um dos primeiros furos da via
não passei. Felipe, dizendo que Flavinha é
boa em aderência, sugeriu que ela fosse, foi.
No lance onde bati a proteção também não
passou. Sugeri uma linha mais à direita, fez
o furo e achou o melhor caminho. A proteção
seguinte é que foi complicada... Já cansada,
com as sapatilhas escorregando na aderência,
começou a fazer o furo, meteu a mão na broca
quente para não cair, chorou, mas conseguiu
colocar a chapa. Final do dia de conquista.
Descemos. Dessa vez utilizando como via
de rapel uma parte da via desconhecida e
emendando com o início da nossa. Formando,
assim, uma linha reta e mais rápida para a
descida.
A noite no acampamento foi regada
a vinho, o sono chegou cedo e dormimos
conversando sobre o dia seguinte...
A segunda-feira foi curta. Como
a previsão não era boa, pretendíamos
transportar o máximo de material montanha
acima, para, na terça, realizarmos o ataque
final. Mas não conseguimos chegar, sequer
ao grande platô. Deixamos todo o material
possível 120m abaixo do nosso objetivo,
dentro de um saco estanque. A chuva fina
começou a cair e a pedra, automaticamente,
virou um sabão. Descemos e fomos comer
no Restaurante Maná, que fica no centro da
cidade, em frente à Massa Di Casa, outra boa
opção para os dias mais longos de conquista,
onde não há lugares abertos onde se possa
comer.
Esse dia foi de festa, aniversário do
Felipe. Apesar do clima de comemoração,
bolo, torta, vinhos e histórias, fomos dormir
cedo. A terça seria decisiva.
O tempo amanheceu melhor e nós
partimos. Resgatamos o saco estanque no
meio da parede e chegamos ao grande platô.
Arrumamos o equipamento e iniciamos.
Paramos em P10. Felipe assumiu e bateu 3
chapas. Subi depois e coloquei mais 3, além da
parada com um grampo. 11ª enfiada pronta!
Nesse dia Flavinha não quis conquistar, Felipe
assumiu novamente e conquistou uma enfiada
inteira, toda em grampos. Chegando à P12.
Infelizmente a noite chegou e as proteções
acabaram, subestimamos a montanha e não
chegamos ao cume nesse dia.vvv
Rapelamos até o grande platô, colocamos
tudo que era possível deixar embaixo de uma
laca e dentro do saco estanque para a investida
seguinte, o que só aconteceu três semanas
depois. Continuamos a descer e chegamos à
base, para de lá desmontarmos acampamento
e voltamos para o Rio... 795m conquistados!
Agosto 2013
23
Conversando depois com a Flavinha, ela
me falou sobre uma matéria na Revista Fator
2 nº 17 sobre a via À Moda Antiga. Lá também
falava sobre uma via conquistada por alguns
escaladores com a ajuda de Ricardo Nines.
Provavelmente a linha que intermediamos por
acidente no primeiro dia de conquista.
No dia de finados tradicionalmente
chove. Desafiamos isso e voltamos à Santa
Maria Madalena no final de semana desse
feriado. Mais uma vez saímos na sexta, com
a pretensão de terminar a via em, no máximo,
dois dias, já que Flavinha precisaria trabalhar
na segunda-feira (1º Nov).
Dessa vez partimos direto para a base
da montanha, não ficamos no Sr. Ranulfo
novamente, pois perderíamos um tempo
precioso no deslocamento. Chegamos por
voltas das 23h e armamos as barracas na
área ao redor da casa próxima do curral. Até
então só havíamos conversado com o dono
apenas uma vez, quando estávamos voltando
da montanha. Não o encontramos novamente.
Acordamos sábado dispostos a terminar
a via. Escalamos a parte já conquistada,
passamos pelo grande platô e chegamos
à P12. Já eram quase 15h no horário de
verão. Flavinha, que não tinha conquistado
na última investida, começou os trabalhos.
Bateu 6 chapas e avançou 35m em lances que
achamos difíceis. Chegou em uma parte mais
trabalhosa e nos puxou. Felipe subiu e bateu
mais uma proteção. Disse que não estava bem
e pediu pra eu avaliar se era mesmo válido
bater outra proteção tão próxima. Subi e achei
uma agarra escondida, conseguindo vencer
o lance. Bati mais 5 chapas, passei pelo que
seria a P13 e continuei, avançando mais 15m,
35 no total. Flavinha e Felipe subiram e ele
continuou, já com os primeiros discretos
pingos de chuva caindo. Avançou mais 20m.
Chegamos ao 900m de via!
Um exército de bromélias gigantes em
linha já nos aguardavam no cume, mas ainda
não foi dessa vez. Novamente as proteção
acabaram, a noite chegou, e dessa vez junto
com a chuva. Deixamos tudo dentro do saco
estanque e penduramos nos 900m da via.
Rapelamos sem problemas até o grande
platô. Ali, o que era montanha virou cachoeira,
o que era trilha virou rio, o que estava seco
ficou encharcado... A sensação era de estar
realmente fazendo um cascating. Muita, mas
muuuuita água desceu naquela noite. Tivemos
que colocar corda em trechos onde descíamos
caminhando, pois o perigo era rolarmos
montanha abaixo com a força da água. A
situação melhorou quando chegamos abaixo
do platô. Continuamos por uma linha sem
muita água e a chuva em si já havia diminuído.
Flavinha na segunda parte da via
24
Agosto 2013
Faltando poucos rapéis para o final,
Flavinha olha para a estrada e solta:
- Aquilo não é o caminhão dos bombeiros?
Não era. Havia sim um caminhão com
luzes piscantes na estrada, mas era da Defesa
Civil.
Alguém viu pontos de luz na montanha
à noite, na chuva e ligou para as autoridades.
Quando chegamos à base, um guarda estava à
nossa espera, perguntando se estava tudo bem
e se precisávamos de alguma coisa. Dissemos
que estava tudo tranquilo e ele nos conduziu
até a estrada, onde fomos recebidos pelo
Secretário – não lembro de qual secretaria -,
que anotou nossos dados e aconselhou juízo.
Sugeriu também que, da próxima vez que uma
situação assim se repetisse, avisássemos,
ligando para 199, que não havia problemas.
Agradecemos e fomos para a cidade, depois
de recolhermos o que havia dentro das nossas
barracas de praia. Alagadas com tanta água.
Já passava das 11h da noite.
Agonizando de fome, encontramos
a Massa Di Casa funcionando, mas com
a cozinha fechando. Felipe contou nossa
história triste e fizeram duas lasanhas para
nós. Destruídas rapidamente com um bom
vinho.
A primeira providência foi matar a fome,
a segunda seria dormir. Com nossas barracas
alagadas, só nos restou a opção de pagar
uma pousada. Ficamos na Pousada Kentinha,
ao lado da Igreja.
Banho quente e roupa seca foi bom
demais.
No domingo fez um sol absurdo, mas
a montanha ainda estava completamente
molhada. Línguas de água escorriam em
todas as faces, parecia o Rio Water Planet.
Aproveitamos para descansar e torcer
para que tanto calor não trouxesse chuva
novamente. Trouxe! Enquanto estávamos
jantando, depois que voltamos de um rio com
escorrega nas Terras Frias, a chuva começou
a cair. Insistimos, Flavinha perderia um dia de
trabalho e nós ficaríamos para terminar a via
se o clima deixasse. Não deixou! A segundafeira amanheceu cinza e molhada, nos demos
por vencidos, pagamos a pousada (R$ 40/dia
por pessoa), espalhamos os equipamento
para pegarem um pouco de sol na calçada da
Kentinha, arrumamos as mochilas e pegamos
a estrada de volta, com todo nosso material
de conquista na parede e sabendo que faltava
muito pouco para o cume.
ESPERANDO A CHUVA PASSAR...
A partir daí a história começou a mudar,
a cidade que nunca chove virou a cidade que
chove incessantemente. Desde nosso rapel
na cachoeira, apenas parou de chover no
fim de abril. Mas não quer dizer que nesse
intervalo não tentamos nada, tentamos mais
uma vez. No dia 20 de dezembro a previsão
pro fim de semana era animadora, a logística
começou.....Foi nesse dia, que um email
mal destinado caiu na lista de discussão
da FEMERJ, ao invés de digitar “FE”-lipe,
a ferramenta completou para “FE”-merj...
Era um e-mail com detalhes explícitos de
uma logística bem fascista de um ataque à
montanha, o que claramente resultou em
uma bela zoação por parte do nosso eterno
Bernardo Collares.
Em um telefonema, Flavia teve que
contar toda a história:
Bernardo: -Vocês vão chegar na cidade
as 21:30 e as 22:00 vão estar dormindo? Só se
for com marretada na cabeça!
Flavia: - Não, não, marretada não,
porque a marreta tá pendurada a 900m do
chão...Bernardo: - Novecentos metros?!?!?!
P&*%&, putz, boa sorte, vai lá, pois quero que
vocês terminem, porque agora eu quero ir lá
repetir. Se eu não tivesse indo viajar, estaria lá
semana que vem, mas assim que eu voltar de
Chaltén pode ter certeza que vai ser a primeira
via que eu vou repetir!!! Anota isso.
Dia 25 partimos para Madalena e para
a desagradável surpresa, parede molhada,
esperamos secar um pouco, conseguimos
subir até o grande platô, resgatamos a metade
do equipamento que estava ali, mas dali para
cima a parede era só água e o saco estanque
teve que continuar pendurado.
Em Janeiro de 2011, soubemos da trágica
noticia do Bernardo, ficamos muito abalados,
aliás, a comunidade inteira de escalada do
Brasil ficou e após este baque, decidimos mais
do que nunca terminar esta via. Tivemos que
esperar passar o verão e as chuvas e somente
em junho de 2011 tivemos essa oportunidade.
Agosto 2013
25
e, o pior, uma furadeira!!!! Prejuízos à parte,
continuamos, terminamos a 15ª enfiada e a
montanha deitou, mais 120m de costão e fim.
Havíamos conseguido! Em uma laje de pedra
deixamos um livro de cume e prestamos nossa
homenagem ao nosso querido e eterno amigo
Bernardo Collares.
Certamente foi o pôr-do-sol mais
inesquecível de nossas vidas, nesse
Reino Mágico onde, por meio de algum
encantamento, nos sentimos as pessoas mais
felizes do mundo!
Bivaque no platô gigante da via
CUME
Desta vez nos preparamos para fazer
em dois dias, no primeiro subimos com
equipamento pesado inclusive uma furadeira
novinha até o platô onde passaríamos a noite.
Seria uma noite perfeita se uma das redes não
tivesse rasgado. Tudo bem, 120m de corda
fazem um bom isolante.
No dia seguinte, num clima quase
patagônico onde o frio era intenso, subimos até
onde havíamos parado. Encontramos, após oito
meses, o saco estanque rasgado e desbotado,
porém ainda com todo equipamento deixado.
Tudo completamente enferrujado e sem
condições de uso, foram-se 8 mosquetões,
4 clifs, batedor, brocas, parabolts, marreta
Fim da tarde e conquistadores no cume
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VOLTA PRA CASA
Como está no croqui, o rapel é
aconselhado pelas enfiadas finais da via,
depois há uma caminhada até o projeto que
encontramos nos primeiros dias da conquista,
a partir daí segue-se uma linha quase reta até
a base.
Mas também é possível descer por
caminhada, descrita no ótimo Guia de trilhas
do Parque Estadual do Desengano. Como não
conhecíamos a trilha, optamos pela primeira
opção.
Entupimos o porta-mala do carro e
Flavinha dirigiu até o Rio. Aquele sentimento
de satisfação nos acompanhou durante toda a
viagem!
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Agosto 2013
Agosto 2013
29
OUTRAS VIAS
O potencial para abertura de novas
vias em Santa Maria Madalena é enorme.
Quem conquistou por lá sabe que apenas
arranhou uma pequena parte das infinitas
possibilidades. Ainda há muitas montanhas
sem uma via sequer e outras com diversas
linhas a serem conquistadas.
Além da Reino Mágico, o casal de
Jacarepaguá conquistou, com ajuda de outros
amigos, vias em outras montanhas da região.
São os que mais investiram no lugar.
FAZENDA BARRA DO PEIXE
Na Natureza Selvagem (3º III sup),
ainda não possui croqui. São 4 enfiadas, rapel
só é possível com 2 cordas de 60m.
Via Na Natureza Selvagem.
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-Big Hard Sun (3º III sup)
FALÉSIA DO BURACO
- Noite sem Fim (2º V)
Via O Buraco é Mais
Embaixo.
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MONTANHA DO DIEDRO
- Projeto
Acima, Hillo Santana na
conquista de um projeto na
Montanha do Diedro.
MONTANHA DAS FENDAS
- Dança das Formigas (4º IV)
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Agosto 2013
PEDRA VERDE
Em 2011, Boris Flegr, Carlos Arruzzo
(Xuxu) e Ivan Azevedo investiram na Pedra
Verde, dali nasceu a Gente Boa (5º VIIa), 600 m.
Seguindo as indicações do mapa,
procure por uma fazenda na área mais
próxima da parede. Os moradores são
o Flavinho e a Luzia. Os conquistadores
acamparam lá durante todas as investidas.
Para chegar à base da via, suba o pasto e
aproxime-se o máximo possível da pedra por
essa área aberta.
Durante a conquista foi aberta uma trilha
pela vegetação da encosta e vai direto para a
base. Mas provavelmente ficará fechada por
conta do pouco uso. Uma possibilidade mais
estável é seguir a aresta da montanha desde
o seu início, alternando trechos de rocha
com inclinação suave e trechos curtos de
vegetação.
A linha segue a aresta desta montanha,
na face oposta ao colo com a Pedra do
Desengano e é, provavelmente, o caminho
mais curto até o cume. Para escalá-la faz-se
necessária a utilização de uma corda de 60
metros e de aproximadamente oito costuras
e fitas longas.
A graduação foi sugerida durante
a conquista e ainda não confirmada com
Do final da via até o cume propriamente
dito são cerca de 15 minutos por uma aresta
com precipícios dos dois lados. A descida é
por rapel, tomando cuidado na 12ª enfiada,
pois possui um trecho com um pouco mais de
30 m.
Durante uma das viagens para a
conquista na Pedra Verde, a mesma equipe
iniciou um via na Pedra da Represa, hoje ainda
é um projeto.
Conquistadores e moradores locais
repetições. A técnica predominante nesta
parede é a aderência, e nos trechos mais
fáceis pode não ser possível visualizar o
próximo grampo, mesmo assim a navegação
não é das piores, pois o caminho segue
razoavelmente por onde é mais óbvio.
Agosto 2013
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PEDRA MANOEL DE MORAES
Na edição anterior da Revista Papo de
Montanha, dissemos que o Paredão CEPI
seria a única via ferrata do Estado do Rio
de Janeiro. Erramos. Marcelo Puga entrou
em contato conosco e contou sobre uma via
totalmente em cabos de aço, também em
Santa Maria Madalena, no vilarejo de Manoel
de Moraes. Segundo Marcelo, a via é do Centro
Excursionista Brasileiro, conquistada em 1956
por Benedito Cunha, Francisco Vasco e Walter
Quintas.
A via possui cerca de 240 m, sem contar
os 50 m de trepa-pedra até sua base.
Para chegar na
montanha, saia do centro
de Madalena e siga
pela RJ-146 até chegar
no lugarejo Manoel de
Moraes, de onde já será
possível ver a enorme
que leva o nome do lugar.
Pega-se a rua em direção
ao grande pasto que fica à
sua direita, entrando em
uma florestinha, em sua
saída, já na parede, há
Para acessar os mapas e croquis das
vias acessem o link http://goo.gl/maps/q8bUQ
34
Agosto 2013
uma trilha que continua para a direita. Vá até o trepa-pedra, em seu final já será possível ver os
cabos. A descida é feita por rapel.
Marcelo, Mathews Puga e José Renato repetiram a via em julho de 2012, costurando nos
grampos e utilizando corda. O que mais chama atenção na via são alguns degraus de ferro que
se encontram no inicio da
via, em um trecho mais
íngreme, conta Marcelo.
Ao lado, trecho da
escalada
Agosto 2013
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Imagem GoogleMaps
Abaixo, integrantes da cordada
que repetiram a via
PAPO DE MONTANHA
GERENCIAMENTO DE RISCOS
E PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Texto: Guilherme Silva
O Papo de Montanha, sempre preocupado em trazer assuntos atuais e de
interesse da comunidade, convidou para o mês de junho Rosangela Gelly. A palestra
atraiu um público de aproximadamente 50 expectadores bastante preocupados
com o aumento exponencial dos acidentes, fatais e não fatais, com a questão da
prevenção, a identificação das causas e, principalmente, como gerenciar os riscos
associados à prática do esporte.
Um fato comum em acidentes é existir
uma combinação de fatores que, juntos, levam
à situação indesejada. Acidentes em potencial
são a interseção entre fatores objetivos e
subjetivos onde fatores objetivos são os fatores
ambientais não gerenciáveis, como neve,
chuva, calor, enquanto fatores subjetivos são
os fatores humanos não gerenciáveis como
cansaço, medo, decisão equivocada, etc.
Para evitar acidentes é importante
realizar a prevenção de riscos. Risco é algo
que vivenciamos cotidianamente. É inerente
à prática de vida. Um olhar atento aos
riscos reduz as possibilidades de acidentes.
Prestamos maior atenção ao risco quando
fazemos algo inédito. No dia a dia relaxamos
a gestão. Riscos devem ser mapeados,
analisados e gerenciados de forma a serem
minimizados continuamente.
Ignorar a gestão de risco afeta as pessoas
diretamente envolvidas, suas famílias, a
comunidade montanhista, clubes, federações,
médicos, hospitais, etc.
Para
gerenciar
o
risco
e
consequentemente prevenir acidentes é
importante trabalhar um condicionamento
para prevenção, intervenção, correção, e
solução dos problemas. Importante lembrar
que o foco na prevenção e correção economiza
esforço de correção e solução.
Uma situação de dificuldade não
necessariamente se transforma em um
acidente, se há cuidados com prevenção
de riscos. Um exemplo simples é o caso de
pessoas com cabelo comprido executarem a
técnica de rapel com cabelo solto ou preso.
Com o cabelo preso não há risco de o mesmo
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Agosto 2013
prender no aparelho de freio.
A prevenção de risco não é uma atitude
individual. Montanhismo é um esporte coletivo
e isso sugere que as pessoas envolvidas
intervenham quando percebam situação de
risco. Quanto mais entrosado o grupo, melhor
a qualidade nas ações de prevenção.
Exemplos de ações de prevenção são o
treinamento individual (capacitação técnica)
e treinamento coletivo (resgate, orientação,
comunicação, etc.).
Itens que devem ser considerados em
um planejamento
Preparo:
- pessoas,
- percurso,
- material,
- clima ,
- duração.
Execução:
- aproximação,
- uso do material,
- duração,
- análise das condições do grupo.
Correção:
- o ideal é tender a zero.
Finalização:
- manutenção do material ,
- discussão dos pontos arriscados,
- analise pós conclusão,
- registro para atividades futuras,
eventual comunicação com o grupo
ou com a comunidade, dependendo
da importância dos fatos ocorridos.
Atenção às regras de ouro que
salvam vidas
-
Comunicação
com
as
pessoas
informando previsão de chegada, etc. Se fez
o alarme e a situação se resolveu, desfaça o
alarme.
-Material disponível em boas condições
de uso (lanterna, anorak, kit de primeiros
socorros, celular,etc).
-Observar o uso correto do material
conforme indicado pelo fabricante (leia os
manuais dos seus equipamentos), o que fazer
e o que não se pode fazer?
-
Tempo de vida útil do material e
margem de segurança, além de cuidados no
armazenamento.
-Supervisão para orientação adequada
e fechamento dos mosquetões, sentido das
forças, arestas, etc.
-
Orientação adequada da corda nas
costuras, economia de tempo ao costurar.
-
Verificação dos nós, independente
da experiência dos envolvidos. Treinamento
individual ao ponto de condicionamento.
-Ponto de ancoragem: Prender-se a
pelo menos um ponto de proteção. Organizarse para garantir adequação correta, checar
qualidade dos pontos, montagem adequada da
ancoragem.
-Descida – atenção redobrada.
-Atenção à fauna e flora: peçonhentos,
plantas venenosas e alergias.
Papo de Montanha sobre Prevenção de acidentes
Recentemente
a
Confederação
Brasileira de Montanhismo e Escalada CBME reformulou seu sistema de relatos
de acidentes. A apresentação dos relatos
é feita de forma completamente anônima,
conta o administrador do sistema, André
Moreira. Evitando que pessoas se sintam
inibidas em fazer um relato, completa. Na
página http://www.cbme.org.br/relato é
possivel visualizar e incluir relatos, além de
ser possível se cadastrar para receber um
aviso sempre que um novo caso for incluído
no sistema.
É uma iniciativa importante para
entendermos melhor as causas de acidentes
e o que podemos fazer para tentar evitá-los.
Sua participação é muito importante.
Se você passou ou testemunhou alguma
situação de risco, contribua com seu relato.
Toda a comunidade agradece.
Rosangela Gelly
Escaladora desde 1984 e Guia Escaladora desde 1987 com diversas vias
conquistadas nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba. Foi Diretora
de Divulgação do CERJ. É Sócia Fundadora do GAE e da FEMERJ. Diversas
palestras ministradas, em clubes e entidades no Rio de Janeiro, São Paulo e
Paraíba e Minas Gerais, em cursos Formação de Guias, Cursos de Prevenção
de Acidentes, Cursos de Resgate, Cursos de Formação de Montanhistas e
Escaladores (Básico).
O Papo de Montanha é uma iniciativa do Clube Excursionista Light - CEL e visa difundir
conhecimento entre os montanhistas, através de um ciclo de palestras e debates que
acontecem sempre na terceira semana de cada mês, às 20h, em nossa sede, na Av. Marechal Floriano, 199 5º andar, Centro do Rio de Janeiro.
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Montanhas no CEL
PARQUES NATUR
O montanhismo foi para mim, um
encontro pessoal muito importante que
definiu vários aspectos da minha vida,
entre eles, a própria fotografia. Antes de
percorrer trilhas, eu já fotografava, mas
foi nelas que encontrei meu principal
tema: a paisagem. Faço distinção entre
fotografia de natureza e fotografia de
paisagem. Fundamentalmente, o que
me interessa são os espaços abertos,
a grandiosidade das formas, a vista
ampla. O que me interessa é mostrar o
“em torno”, o panorâmico.
A fotografia de paisagem se
elabora na contramão do mundo
contemporâneo. É uma criação lenta.
Exige do fotógrafo paciência e tempo
para o registro e o gosto por sucessivos
retornos ao tema. A natureza exige
tempo para a contemplação e atenção
para as sutilezas. Acima de tudo, a
paisagem consome tempo.
A exposição “Parques Nacionais”
que apresento no Clube Excursionista
Light (C.E.L.) é o resultado de
algumas trilhas. No entanto, não são
projetos específicos. Não fiz a trilha
propriamente para fotografar os
temas. São fotos “caçadas” durante a
caminhada. O tempo aqui foi essencial
para os retornos, até encontrar a foto.
As variações de luz e clima são desafios
para a fotografia de paisagem. Assim,
essas fotos são o resultado de uma boa
combinação.
“Parques Nacionais”, no Clube
Excursionista Light, é uma exposição,
particularmente, feliz. Pois o Clube é
formado por pessoas muito acolhedoras.
Fui levado pelo querido amigo e mestre
Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Teresópolis, RJ, foto maior e acima.
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RAIS
Curadoria: Karla Paiva
Renatão (Renato Índio do Brasil) que
me convenceu que além de caminhar,
eu poderia escalar. Na verdade, acabei
não fazendo muitas escaladas, mas
o suficiente para conhecer novas
possibilidades e, sobretudo, conhecer
pessoas muito interessantes que me
receberam de braços abertos no C.E.L.
Atualmente, estou afastado do
Clube por conta de problemas de saúde.
Entretanto, mantenho um grande
carinho e admiração pelo grupo que me
acolheu e sempre se mostrou unido,
além da trilha e da escalada. Uma
família.
Iniciei na fotografia em
1985 como laboratorista em uma agência
de fotojornalismo. Atuei
inicialmente como fotógrafo documental
e em seguida realizei
alguns trabalhos para
agências de moda
e publicidade. Após
uma rápida passagem pela graduação
de Matemática ingressei no curso de
Educação Artística com o objetivo de
lecionar fotografia. Meus principais
interesses estão voltados para a
educação e a fotografia de expressão
pessoal. O tema recorrente em meus
trabalhos são as formas da natureza.
A partir de 1992 comecei a expor
meu trabalho de forma contínua, em
instituições como Universidade Federal
Fluminense, SESC, MAC, Centro Cultural
de São Paulo, entre outras. Nos anos
noventa participei como docente do
curso profissionalizante de fotografia
do SENAC e, posteriormente, como
coordenador do curso técnico, até 2005.
Cursei a Especialização Lato Senso
Comunicação e Imagem na PUC-RJ.
Atualmente, além de desenvolver
meus projetos fotográficos, leciono em
cursos livres de fotografia e sou professor
de Artes no município de Petrópolis.
Herbert Macário
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Parque Nacional da Tijuca
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Acima e à direita, dois angulos da Pedra da Gávea,
RJ. Abaixo, Vista do Cume da Pedra da Gávea.
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À esquerda, Pico das Agulhas
Negras. À direita, Planalto do
Parque Nacional do Itatiaia.
Abaixo, Prateleiras.
Parque Nacional do Itatiaia
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Parque
Estadual do
Ibitipoca
À esquerda e abaixo, dois momentos na
Trilha para a Janela do Céu.
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Parque Estadual da Serra
da Tiririca
Acima e abaixo, Vista do Alto Mourão, Niterói.
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Acima, paisagem do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG.
Ao lado, Pico do Boné.
Parque Estadual
da Serra do
Brigadeiro
O projeto Montanhas no CEL é uma iniciativa da diretoria social do Clube
Excursionista Light e tem como proposta apresentar periodicamente exposições sobre o
tema montanhas, reunindo registros de amigos, fotógrafos amadores e profissionais da
fotografia, sempre com foco no montanhismo e todas as suas vertentes.
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SOFTWARE PARA ESCALADORES
Um laboratório onde
os croquis são criados,
aprimorados e facilmente
corrigidos.
CroquiLab
Desde o início a ideia sempre foi mais que
um programa para criar croquis, pois criar já
se fazia. Não nego que facilitar o processo
foi uma forte motivação. Mas a verdadeira
necessidade que me fez criar o programa
foi corrigir os croquis. Se eu esqueci alguma
coisa? Se a via sofreu uma manutenção? Se a
escala não ficou boa? Se o feijão tá queimando
e eu preciso parar pra continuar depois?
Com a ideia em mãos, me deparei com
a dúvida de como implementar, que linha
de raciocínio seguir? Para chegar à lógica
do CroquiLab vou abrir um parênteses aqui
e falar um pouco sobre os programas de
imagens que temos por aí.
No universo de programas gráficos
existem duas naturezas principais, os
programas de pintura, como o bom e velho
Paint Brush do Windows e os programas de
vetores como o Corel Draw e o Illustrator. E
tem os meio lá meio cá como o Photoshop,
embora no fim das contas ele seja mais um
programa de pintura.
E qual a diferença entre eles? Pintura,
como o nome diz, é como um desenho à
tinta: você vai desenhando e como ficar
ficou. Corrigir dá um trabalhão, ou joga tinta
branca em cima ou usa uma borracha que
apaga mais do que devia. Vetor já é mais como
uma colagem; você tem infinitos “adesivos” de
bolinhas, quadradinhos, linhas e vai colando
no papel pra fazer seu desenho. Não gostou de
onde ficou? Arrasta e “cola” em outro lugar.
Agora imagina essa colagem com a vantagem
que só os computadores podem oferecer: para
cada “adesivinho” destes você pode mudar a cor
à vontade, mudar o tamanho, girar e até colar
de cabeça pra baixo como bem entender.
Se você é da área de artes digitais e
quisesse fazer um croqui, certamente partiria
pra um Corel, ou Ilustrator, mas se você
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Agosto 2013
Por Flávia dos Anjos
não tem a menor familiaridade com esses
programas, iria usar o Paint e sofrer muito.
A ideia do CroquiLab é ser uma
ferramenta super fácil de usar, oferecendo ao
público comum todas as vantagens do desenho
em vetor, sem precisar fazer cursos desses
programas complexos.
O princípio é simples, no menu de
ferramentas, em vez de polígonos, linhas,
retângulos e círculos... o CroquiLab já
disponibiliza os elementos típicos de uma
escalada, isto é, grampos, árvores, paradas,
blocos, diedros, e por aí vai. Este é o detalhe
que faz até os designers abandonarem sua
ferramenta de trabalho para usar o CroquiLab.
Para começar a criar um croqui basta
escolher um elemento, por exemplo, a
palmeira e depois clicar na área de desenho
onde a arvorezinha vai aparecer pronta. Para
alterar a palmeira, você deve selecionar
a ferramenta de seleção, a seta. Ao clicar
no desenho você poderá escolher uma cor,
alterar sua posição ou tamanho.
Abaixo vemos uma palmeira sendo
criada.
Logo após, a mesma palmeira
selecionada, com sua cor modificada, durante
o processo de alterar seu tamanho.
O CroquiLab possui 4 padrões
principais de elementos:
- Os elementos sólidos de
tamanho fixo. São basicamente as
proteções. Você pode movê-las e
mudar sua cor, mas não pode alterar
seu tamanho.
- Os elementos sólidos de
tamanho variável. São as vegetações
e alguns elementos de rocha. Você
pode movê-las, mudar sua cor, e
também seu tamanho.
Alguns elementos possuem mais
detalhes, como chaminés e diedros que podem
ter sua largura alterada. Em linhas curvas,
além de manipular os vértices, você manipula
a curvatura.
- Elementos de 2 pontos.
Diedros, fendas, chaminés e etc.
Você pode movê-lo como um todo, ou
manipular uma de suas extremidades
para alterar sua forma.
- Elementos de vários pontos.
Polígonos, linha das vias, paradas da
via, etc. Você pode movê-los como
um todo, ou manipular cada vértice
individualmente para alterar sua
forma.
Além da cor e do tamanho, que já foram
citados, pode-se alterar o tipo de linha para
pontilhado e sua espessura, por exemplo. A
ordem dos elementos também é configurável,
pois à medida que criamos um elemento este
ficará por cima dos outros.
Fora os elementos que nos remetem ao
universo de montanha, figuras livres também
estão presentes no menu de ferramentas.
Círculos, retângulos, polígonos e textos
Exemplo da criação de um diedro. O primeiro clique determinou
o ponto de início e um segundo permitirá determinar seu fim.
A ferramenta de “imagem” permite
colocar um JPG de uma montanha no fundo
para fazer o traçado por cima, ou o scanner de
um croqui feito à mão que você esteja querendo
digitalizar para alterar.
Na imagem ao lado, o exemplo do croqui
de uma falésia (fictícia!) sobre uma imagem de
fundo.
Para personalizar os elementos foram
incluídas as ferramentas básicas que até o
PowerPoint possui.
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podem ser usados conforme a criatividade do
desenhista. Não há regras! Na figura anterior,
por exemplo, a ferramenta de paradas foi
utilizada para enumerar as vias da falésia. Esta
ferramenta é vantajosa porque incrementa os
números automaticamente.
Exemplo de um croqui com diversos elementos.
Sobre o projeto
O CroquiLab começou a ser desenvolvido
em 2006 e foi todo feito à duas únicas mãos,
nas horas vagas dessa desenvolvedora que vos
escreve. Em 2007, 90% de suas funcionalidades
já estavam prontas. Ao longo dos anos veio
sofrendo melhorias, mas a grande lista de
necessidades quase não andou. Escrever
este artigo certamente fez reacender o desejo
por continuar. Quem sabe uma nova versão
não venha em breve. Interessados em ajudar
podem entrar em contato.
O CroquiLab roda apenas em Windows,
mas futuras versões para Linux, Mac e Android
são possibilidades reais.
E ao final de tudo? Como eu compartilho
meu croqui com o mundo?
Bem, o CroquiLab, por ser um programa
de vetor, funciona como todos os outros citados
acima. Quando você salvar seu trabalho
será gerado um arquivo “.crq” que apenas
o CroquiLab entende. Assim como o “.ai”
só o Illustrator entende e o “.cdr” só o Corel
entende.
Qualquer correção ou melhoria só poderá
ser feita nesse arquivo, o “.crq”. Sendo assim
guarde-o!
Assim como nos outros programas, para
compartilhar você deve exportar a imagem.
Você vai tirá-la de seu formato natural, vai
capturar e perpetuar aquele momento do
desenho. O CroquiLab exporta para png, jpg e
pdf. Estes arquivos você imprime, manda para
os amigos, publica nas croquitecas ou expõem
nas redes sociais, mas não precisa guardar,
se você salvou o “.crq” poderá exportar para
imagem quantas vezes quiser.
Agora, de quebra, algo que não foi motivação, mas veio como benefício. Se a popularidade do CroquiLab aumentar, os croquis
manterão o mesmo padrão, tornando a leitura
geral dos mesmos mais rápida e clara para os
escaladores.
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Set de pincéis e canetas, ícone do CroquiLab
Seu desenvolvimento foi feito em C++
utilizando IUP e CD que são bibliotecas
gratuitas e multi-plataforma de Interface com
usuário de Desenho 2D. Ambas desenvolvidas
pelo Tecgraf da PUC-Rio.
Mais informações em:
www.tecgraf.puc-rio.br/iup
www.tecgraf.puc-rio.br/cd
O programa pode ser baixado no site
Escalada no Ceará.
Flavia dos Anjos é
escaladora desde 2001.
Engenheira de computação
e mestre em Informática pela
PUC-Rio. Hoje, juntamente com
Felipe Dallorto, é proprietária do
Centro de Escalada JPA.
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Curiosidades
Café quentinho sem fogareiro
Se você é daqueles que não vive sem um café, nem
mesmo durante suas escaladas ou trilhas, o SunRocket
veio para facilitar sua vida.
O aparelho nada mais é que uma garrafa
térmica com capacidade para meio litro de
água e que aquece essa água com energia
solar!
Você posiciona “o bicho” no chão, ao ar
livre, abre os dois painéis de alumínio polido
e deixa que a energia do Sol faça seu papel.
Dependendo do clima, em meia-hora a água
está no ponto, e como o negócio é uma garrafa
térmica, a água permanecerá quentinha por
horas a fio.
O SunRocket custa US$60 na Amazon. Pesa
cerca de 1 Kg e tem 43 cm de comprimento.
Fonte: www.amazon.com
Bebendo água do mar sem sal
Uma equipe de estudantes da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, projetou um garrafa
que pode ser a solução para situações críticas.
O invento que separa a água potável a partir da água do mar ainda não existe - exceto na
imagem que você vê aqui, mas poderá ser uma adição útil para os equipamentos de segurança
de um barco, logo que estiver
disponível para venda.
O projeto entrou, recentemente, para o prêmio IDEA 2013. A
idéia é simples: bombear um êmbolo no topo da garrafa, pressurizando a água do mar, que é empurrada através de uma membrana
no fundo de uma câmara. A água
doce, em seguida, entra em outra
câmara. A tecnologia utilizada é a
de osmose reversa. “Este é o único
produto que pode fornecer água
potável continuamente quando as
pessoas entram em catástrofes
marítimas.”, dizem os estudantes.
Só nos resta torcer e aguardar
a produção da garrafa.
Fonte: www.fastcoexist.com
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sem sair de casa
Em março deste
ano o Google Maps
adicionou ao sistema
de Street View fotos de
algumas das mais altas
montanhas da terra.
As imagens foram capturadas com câmeras comuns, utilizando uma lente olho de peixe
e tripé simples. É possível explorar o Everest, Kilimanjaro, Elbrus e Aconcágua. Além das
montanhas, a equipe da expedição fotografou o que estava ao seu redor, incluindo mosteiros,
bazares, e muito mais. Uma boa amostra é o Mosteiro de Tengboche http://goo.gl/maps/YUFPW
que fica na trilha para o campo base do Everest.
A coleção completa de imagens pode ser vista aqui:
http://www.google.com/help/maps/streetview/gallery/the-worlds-highest-peaks/
Fonte: www.google.com
Escalada
é eleita como terceiro esporte mais saudável
A Forbes montou um ranking com os 10 melhores esportes e a escalada ficou em 3º lugar.
Foram atribuídos valores de 1 a 5 nos seguintes quesitos: resistência cardiorrespiratória,
força e resistência muscular, flexibilidade e gasto calórico. Sendo 5 “excelente” e 1 “nada
especial”.
Enquanto isso, risco de lesão recebeu notas de 1 a 3, sendo 3 “baixo” e 1 “alto”.
Nossa diversão obteve as maiores notas nos quesitos força, resistência e flexibilidade.
Proporcionando a queima de até 475 calorias após 30 minutos de atividade.
Confira abaixo o quadro comparativo e vamos escalar!
Fonte: www.forbes.com
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Curiosidades
Explorando
as grandes
montanhas
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Programação permanente na sede do CEL
- Todas às terças e quintas: Muro de escalada e reunião social;
- Terceira semana do mês: Palestra/debate no Papo de Montanha;
acesse:
www.celight.org.br
e fique sabendo da programação do clube e as
vantagens de se associar.
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Download

PAPO DE MONTANHA Revista do CEL