http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 O PROFESSOR COMO AGENTE MEDIADOR NA CONSTRUÇÃO DAS POSSIBILIDADES CRÍTICAS ÀS DESIGUALDADES URBANO-REGIONAIS A PARTIR DOS TERRITÓRIOS ESCOLARES Maria Luiza Sardinha de Nóbrega Universidade Nove de Julho - UNINOVE [email protected] INTRODUÇÃO Ao pensar a proposta do VI CIETA que tem por objetivo refletir sobre as principais condições que as mudanças históricas vêm provocando na esfera dos processos territoriais e ambientais estimulando o diálogo interdisciplinar na contemporaneidade identifiquei nas práticas escolares, que envolvem as questões espaciais, uma perspectiva adequada para pensar na educação como fator essencial para a compreensão dos processos que levam as desigualdades urbano regionais primeira condição para enfrentar o processo de sua superação. Este pressuposto permite indagar como o professor, na escola, por meio do ensino da Geografia, responde às novas demandas da contemporaneidade, e sua complexidade, quanto à questão dos territórios que se constroem ao longo do processo formativo levando em conta o impacto que as desigualdades urbano regionais revelam no contexto escolar. O trabalho do professor deve resultar na aprendizagem e formação dos conceitos científicos, neste caso a partir do campo da ciência geográfica, que elevam as possibilidades de ocorrer uma compreensão das relações sócio espaciais que levam ao surgimento das desigualdades urbano-regionais. Esta dinâmica essencial dos processos de formação escolar permite pensar a condição do professor como agente que participa da construção de uma dimensão do conhecimento interdisciplinar que impacta o modo como se pensa, interpreta, percebe e produz os processos de organização e acesso aos territórios. O trabalho atende a proposta do terceiro eixo que o VI CIETA indica – 897 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 Desigualdades urbano-regionais: agentes, políticas e perspectivas – destacando a questão dos agentes que atuam no âmbito do território e podem pensar as questões da desigualdade e das políticas públicas que impactam os arranjos espaciais e a organização dos territórios. Participar desse campo de reflexão interessa na medida em que, sendo educadora, busco ampliar a idéia de que sejamos sujeitos que constituem trajetórias no território como se esta condição garantisse o protagonismo da pessoa e do cidadão nas esferas territoriais. Nem sempre o sujeito tem sido capaz de atuar no sentido da transformação seja na perspectiva de seu projeto de vida seja na condição de cidadão. Na escola os alunos são sujeitos, os professores também. Mas têm sido sujeitos que ocupam lugares marcados no campo das atividades escolares. A gestão mobiliza espaços territoriais que tem impedido a atuação de alunos e professores considerando iniciativas relevantes para o ensino e para a aprendizagem. O eixo referido pelo VI CIETA ajuda a reconhecer a necessidade de se pensar o território a partir da idéia de agentes que vivenciam sua lógica. Neste artigo o conceito de agente vem das formulações de Bourdieu (1996) que entende o homem, considerando o campo em que esteja atuando, capaz de agir e decidir sobre perspectivas que sejam significativas. Rompendo com as proposições estruturalistas, que trouxeram a idéia de sujeito, Bordieu critica este conceito ponderando que este pode ser passivo, pode manter-se fora do jogo de interesses nos campos de atuação (acrescento, dos territórios em que vive) pode não ter voz ou condições de atuação em determinadas circunstâncias. Não deixa de ser um sujeito. Mas nem sempre age de acordo com suas necessidades. Quando esse sujeito se mobiliza e se coloca em campo escolhendo estratégias de ação passa a ter um papel de agente. Aquele que pensa e atua em função de seus interesses e necessidades. Essa é uma concepção relevante para pensar a condição de agente de professores que atuam no que vamos chamar de territórios escolares. Na condição de agente a tomada de decisões passa a requer que haja compreensão para a ação. Supera-se o risco de se agir sob a tutela de outros e fora dos interesses do campo escolar que é a aprendizagem e a formação integral das crianças. O professor corre o saudável risco de agir, de forma compartilhada, no âmbito dos projetos que desenvolve nos territórios educativos que se constroem por meio da escola. Em projeto de pesquisa docente de 2010 encaminhei a diretoria de Pesquisa da Universidade em que trabalho (UNINOVE) a discussão sobre a formação inicial de 898 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 professores do Ensino fundamental I e Educação Infantil a quem cabe o chamado ensino polivalente. Este professor irá trabalhar com as áreas das Ciências, Linguagens e Códigos, Ética, Estética sem ter passado por curso de licenciatura específica. Caberia ao Curso de Pedagogia preparar esse profissional para atuar a partir de parâmetros curriculares, destinados a estabelecer diretrizes que exigem o domínio de saberes e conhecimentos aos quais terá acesso por meio do recorte metodológico. Os cursos de Pedagogia devem organizar matrizes curriculares que possam assegurar a formação dos professores nas diversas áreas do conhecimento, a partir das chamadas Metodologias do Ensino que introduzem as diversas disciplinas de base científica na formação do professor de Ensino Fundamental I e Educação Infantil. Na formação desse professor a questão metodológica é entendida como desdobramento das possibilidades didáticas o que permitiria assegurar que este futuro docente construísse ao longo do curso repertório suficiente para ensinar as várias áreas do conhecimento. Sem esta formação é à criança que se nega o direito ao saber, ao conhecimento, a aprendizagem, mas, sobretudo ao florescimento do Ser da criança. Em atividade oferecida aos alunos do curso de Pedagogia, intervenção planejada no âmbito do Projeto de pesquisa docente, pedia-se a construção de uma linha de tempo como eixo temático para discutir a formação profissional quanto à escolha feita. Estavam envolvidas as disciplinas de História e Geografia. Os alunos enfrentaram dificuldades para analisar e decidir os elementos constitutivos dessa linha, ainda que se referissem a sua vida pessoal prévia a escolha profissional. Pedia-se a contextualização da decisão. A idéia era construir essa linha prospectando um percurso formativo, até o momento em que decidiram cursar Pedagogia. Surgiu problema da maior relevância: os futuros professores enfrentaram dificuldades para interpretar, planejar, decidir e desenvolver os vários momentos de construção de sua linha de tempo, sobretudo quanto a simultaneidades, anterioridades, posterioridades, transformações e permanências, diferenças e semelhanças dos fatos que impactavam a vida de cada um dos alunos. O estudo permitiu observar que além dos conceitos essenciais para compreender a categoria tempo, como vimos acima, as professoras não dominavam os conceitos essenciais para compreender a categoria espaço. De modo geral os alunos não referiram espaços geográficos, territórios, lugares, regiões que contextualizassem as 899 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 diferentes origens geográficas. Havia uma exclusão dos dados espaciais. A linha do tempo era um recorte de acontecimentos, interpretados essencialmente por fatos pessoais. Conjunturas e contextos políticos, históricos e geopolíticos, praticamente não apareceram nessa atividade proposta, a não ser deforma subjacente. Foi possível observar que as noções de tempo-espaço estavam pouco elaboradas como referencia conceitual no modo de pensar o tempo e o espaço em cada um dos alunos, futuros professores. Não puderam, de modo geral, articular as experiências prévias ao tema da escolha profissional, usando referencias como: “minha cidade”; “meu bairro”; “minha região”. Os alunos de Pedagogia, na primeira década dos anos 2000, eram filhos e filhas de gerações migrantes, fixados na região metropolitana de São Paulo, primeiros ingressantes no Ensino Superior de suas famílias. Os aspectos geopolíticos desses deslocamentos simplesmente não foram mencionados como fator decisivo para o percurso da vida e da escolha profissional. Genericamente as alunas mencionaram sonho de infância e a força das pessoas amadas para concretizar tal sonho. As condições de fé também foram mencionadas. Não ocorreram indicações de que em dado momento os fatores geopolíticos e econômicos (mesmo que referidos a partir de uma percepção de senso comum) teriam determinado a migração. Finda esta etapa de investigação e a partir dela passei a investigar como os alunos percebiam seu contexto espacial. Nova surpresa. Em minhas salas de aula, no curso de Pedagogia, durante três semestres consecutivos, ao iniciar as aulas da disciplina Metodologia do Ensino da Geografia (após o ajuste na Matriz Curricular) as alunas tinham imensa dificuldade em indicar o bairro de origem, caso fossem minoria, vindo dos bairros distantes. Quando, entretanto, um grupo de alunos tinha a mesma origem, sobretudo de bairros caracterizados como pobres, violentos, precários quanto a estrutura urbano, mencionavam essa origem com um pouco mais de conforto. Ao desenvolver o Programa da disciplina, introduzindo sua base conceitual a partir de lugar, território, paisagem, espaço geográfico, sociedade e natureza, numa perspectiva de compreensão das condições de organização territorial da cidade e das regiões, as atitudes começavam a mudar. Ao compreender, com base nestes fundamentos cientifico e filosófico, as implicações que a ocupação territorial desencadeava e ao conhecer os documentos que trazem novas possibilidades para os arranjos curriculares numa perspectiva interdisciplinar para o trabalho escolar, a partir da Geografia, passavam a 900 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 demonstrar uma maior compreensão de sua condição pessoal, quanto às questões territoriais que envolvem os processos escolares que definem processos de inclusão ou exclusão para as crianças da escola pública, sobretudo. Tendo observado o resultado da exclusão conceitual na formação desse aluno egresso da educação básica na condição, agora, de futuro professor, foi possível inferir que a retomada do debate sobre a formação inicial do professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental I e da Educação Infantil, torna-se urgente e estratégica do ponto de vista didático, curricular e do ponto de vista das políticas públicas que impactam as diretrizes educacionais para a formação docente para compreender como a escola participa da dinâmica que provoca a ocorrência das desigualdades urbano regionais, provocando-as e aprofundando-as. É essencial que se pense em uma didática da Geografia, como já vem sendo conduzido por pesquisadores como Castellar, Cavalcante e Callai (2013). Ensinar é próprio do campo didático. O fortalecimento deste campo é fundamental para que se possa pensar nas ações de ensino e aprendizagem. Para isto deve-se identificar o professor como o agente desse campo didático.A formação do professor faz parte de uma opção da sociedade por garantir a formação de sua cidadania. O pressuposto é que a escola intervém, a partir dos territórios educativos que produz, no modo como a sociedade interpreta a produção de desigualdades urbano-regionais que marcam a vida contemporânea. A pesquisa sobre a didática da Geografia tem avançado muito. Vale destacar o trabalho de campo de Pontchusca (2006) com as propostas de Estudo do Meio, realizado em campo, que valoriza a perspectiva de um currículo ativo, a ser construído incluindo a ação efetiva das crianças. Também será essencial reconhecer as contribuições de Almeida (2006) para as questões que fundamentam teoricamente como as crianças compreendem e desenvolvem suas capacidades para as condições da aprendizagem da cartografia. Em estudo inédito Nóbrega (2007) traz resultados de experimento sobre em que condições as crianças da Educação Infantil poderiam interagir com os elementos cartográficos como os croquis de localização. Todas estas iniciativas reconduziram questões curriculares que envolvem o ensino da Geografia e como os agentes desse ensino podem enfrentar as questões que envolvem a formação de competências, no âmbito das práticas socioespaciais para enfrentar as desigualdades urbano regionais a partir dos territórios escolares. Uma das inferências feitas a partir do estudo referido acima é a própria escola produz os territórios que provocam inclusões ou exclusões das crianças que chegam para 901 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 estudar. COMO OS TERRITÓRIOS ESCOLARES SE ORGANIZAM AO INCLUIR E EXCLUIR AS CRIANÇAS QUE CHEGAM À SALA DE AULA? É importante retomar neste momento a reflexão sobre as possibilidades de uso, no âmbito da pesquisa, do conceito de território na Geografia. São muitas as definições para o conceito. Tem sido proposto pelos estudos em Biologia, Política, Economia, Sociologia, Antropologia. A Geografia, todavia, permite mobilizar este conceito a partir de uma multiplicidade de dimensões, sobretudo porque se aplica na diversidade multiescalar que caracteriza os processos ensino aprendizagem. No caso da Educação formal/escolar, o conceito de território transforma-se em ferramenta essencial para que se compreenda os processos de inclusão e exclusão que ocorrem nos espaços escolares, considerando a relação aluno/professor como base da produção dos territórios escolares. Os territórios escolares definidos pelo processo de produção e/ou reprodução do conhecimento, fundamentalmente organizados a partir do trabalho de ensino e do processo de aprendizagem na sala de aula, devem ser entendidos como resultado de uma apropriação local do espaço de conhecimento que resultará da disputa entre a gestão e a docência sobre a atenção dos alunos. É fato que a gestão escolar trabalha com uma visão privilegiada que se organiza a partir de cima, dos órgãos da administração, que considera escalas regionais e nacionais, que acabam por determinar o modo de fazer educação escolar, na escala local. O professor, agente do ensino por meio da mediação, pode compreender as necessidades de aprendizagens e o faz quando olha para seus alunos estabelecendo as relações socioespaciais que definem esse território educativo que esta sob sua responsabilidade direta. Um aspecto importante das questões que se referem ao território e a educação escolar pode ser trazido a este debate da obra de Haesbaert (2009) que propõe dois sentidos para a palavra território: [...] um, predominante, dizendo respeito à terra e, portanto a território como materialidade, outro, minoritário, referido aos sentimentos que o ‘território’ inspira (por exemplo, de medo pra quem dele é excluído, de satisfação para aqueles que dele usufruem ou que com ele se identificam). (HAESBAERT, 2009, p. 43-44). Para Haesbaert (2009) o território inspira sentimentos. O território escolar, que 902 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 sintetiza o território de determinada comunidade, na escala local, do bairro, por exemplo, é marcado por processos simultâneos de inclusão e exclusão. A tensão que se observa na escola é relativa aos deslocamentos que ocorrem da favela, do bairro para dentro da sala de aula. Ali há um redimensionamento dos lugares que crianças e professores ocuparão nesse território. Antes que se estabeleça o aprender e o ensinar, o território escolar vai marcar pontos claros, hierarquizados, que se organizam levando em conta a escala regional/municipal de onde emanam as formas regimentais para o funcionamento das escolas. A gestão dirá como o território escolar será delimitado. Todavia alunos e professores, em sala de aula, podem construir nesse território escolar um território educativo, sob o controle dessa comunidade única, a sala de aula. Podem, também, confirmar um território escolarizável, a partir do qual será reproduzida e confirmada a inclusão de alguns e a decisiva exclusão de muitos. A questão fundamental deste trabalho é identificar e apontar, a propósito de refletir, algumas condições de como o professor torna-se agente de resistência nos territórios escolares e como se transforma em agente de invenção e reinvenção dos territórios educativos que não podem ser apropriados por nenhuma dimensão institucional, mas ao contrário deve ser a referência para que se delineiem as políticas públicas. O PROFESSOR MEDIADOR NA CONSTRUÇÃO DA CRÍTICA ÀS DESIGUALDADES URBANO-REGIONAIS Entenda-se por resistência docente a capacidade do professor manter-se em exercício intelectual, de construção de sua criticidade. Cabe ao professor o papel prático (a ação) de disseminação do conhecimento. Disseminar o conhecimento não é reproduzi-lo ou dogmatizá-lo, a partir de sistemas didáticos articulados a partir de cima e de fora da escola. O exercício crítico, como princípio que funda as ações de ensino, constrói as possibilidades de aprendizagem. O aluno tem direito aos processos de construção do conhecimento baseados em sua autonomia e autodeterminação. A atividade intelectual do professor constitui a primeira dimensão de sua condição de agente mediador para a construção das críticas a desigualdade em condição urbana quando consideramos os territórios educativos nos quais deverá atuar. A segunda dimensão, já apontada acima, diz respeito a necessidade de se garantir na formação dos professores de Ensino fundamental I e Educação Infantil, as condições para o ensino das 903 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 ciências, de modo geral, embora aqui façamos um apontamento específico para as Geociências, sobretudo a Geografia. Em estudo de 2009 realizou-se pesquisa financiada por FAPESP /UFMG 1 e outras agências de financiamento a pesquisa, visando analisar se e como as desigualdades socioespaciais impactavam a educação ofertada por escolas públicas. Esse estudo recorre a pioneiro trabalho de Becker (1952) que identificara, na Chicago dos anos de 1950, uma tendência a progressão de carreira docente por impacto socioespacial. Nesse estudo, levantou-se a hipótese de que os professores tendiam a se distanciar de escolas problemáticas, do ponto de vista socioespacial vulneráveis a violência, para territórios de melhor vizinhança, o que lhes traria conforto profissional, hipótese comprovada ao final da pesquisa. O estudo de Becker foi tomado como referência para pesquisa de escopo semelhante na cidade de São Paulo, na estrutura da Secretaria Municipal de Educação. Também para SP observou-se que os professores se transferem entre escolas, em concurso chamado de remoção, numa das subprefeituras da zona leste da cidade, para livrar-se progressivamente de situações de extrema dificuldade para o ensino em função das condições de vulnerabilidade das escolas. As trocas intraterritório identificadas pelo estudo indicam que faz parte da carreira docente olhar para o entorno para medir o grau de interesse pela escola a qual o docente se destina. A questão é conhecida de todo professor de escola pública com as características da periferia de SP. E assemelha-se a situações urbanas que ocorrem por todo território brasileiro. No caso de SP os resultados acabam por apontar a necessidade de outros estudos que possam aprofundar as situações encontradas quanto às condições de concorrência entre professores que disputam as melhores vagas e outro que aborde a condição dos professores que permanecem nas escolas de territórios periféricos vulneráveis, desenvolvendo sua carreira. Esta última situação coloca o desafio de levar em conta como as questões territoriais que ocorrem a partir da escola levam a inclusões e exclusões inclusive do professor. O professor, mediador essencial na condução da construção da critica as desigualdades sociais, pode, ele mesmo, ser vitima dos processos que aprofundam as desigualdades territoriais no exercício profissional. Enfrentar esta situação implica levar em 1 Dados extraídos de Relatório publicado pelo grupo de trabalho na ANPED, 2013 904 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 conta as questões territoriais que envolvem a formação dos professores. Uma questão que identificamos na pesquisa referida no inicio deste trabalho foi a questão da auto exclusão do discurso do aluno de Pedagogia, quanto a referencias a sua origem espacial, na região metropolitana da Grande São Paulo. Os alunos evitam indicar moradia nas franjas da cidade ou quando o fazem sublinham os traços característicos de seu lugar periférico num processo de defesa, que antecipa a crítica para evitar a humilhação. A definição de referencias conceituais pensadas a partir das Matrizes Curriculares do curso de formação inicial de professores e o modo como se definem as diretrizes para essa formação, segundo a hipótese que levanto, podem definir como as questões socioespaciais impactam o trabalho pedagógico em sala de aula e o exercício docente. Não apenas do ponto de vista dos conteúdos conceituais e dos procedimentais. O conjunto de atitudes pode, a partir da correta compreensão dos conceitos sócio espaciais e da atitude política que se tenha diante desse aparato teórico, fundamento suficiente para reorganizar a inclusão socioespacial nas escolas de crianças que têm direito a territórios educativos. Os cursos de formação de professores devem ser compreendidos também na dimensão territorial, escolar. Somente a partir dos anos de 1990 expandiram-se os cursos de Pedagogia em nível superior, na rede particular de ensino. Os cursos de Pedagogia substituíram os cursos de Magistério, em nível médio. Os cursos de formação de professores, oferecidos em licenciaturas de três anos de duração, como a Pedagogia, atraem futuros professores que buscam ascensão profissional para superar vivências espaciais em territórios de exclusão consolidadas por uma escola pública que não garantiu formação plena. Estudantes de Pedagogia tem origem em cursos da modalidade EJA, em retorno tardio a Universidade bem como de uma educação básica que ao pretender formar para o mundo do trabalho exclui uma formação ampla de base filosófica, científica, ética e estética. Os cursos de Magistério organizados em nível Médio, até passado recente, alcançaram capilaridade pelo território nacional, sendo oferecido em larga escala, nos municípios brasileiros por meio do sistema público de ensino. Os cursos de Pedagogia, que substituíram os cursos de Magistério, estão organizados em condições urbanas de difícil acesso a uma ampla maioria de potenciais estudantes. 905 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 Em geral localizados no centro das cidades, incorporam professores universitários que, de modo geral, são profissionais das estruturas de ensino público como supervisores, diretores, gestores educacionais surgindo dessa prática formativa uma escola concebida nos órgãos centrais das estruturas burocráticas. Outro perfil do professor universitário se origina na lógica acadêmica com base na pesquisa. Neste caso a escola pública emerge no discurso marcado pela lógica da pesquisa, portanto enquanto objeto. Professores com origem nas salas de aula da Educação Básica são excluídos dos processos de organização e gestão dos cursos de formação de professores que acabam marcados por um distanciamento significativo dos territórios educativos das escolas que funcionam no cotidiano urbano-regional. A escola que emerge do Projeto Pedagógico dos cursos de formação de professores é idealizada a partir da visão territorial que decorre da centralidade dos órgãos de gestão das redes de ensino, que a vêem como unidade de um sistema hierárquico, ou dos departamentos de pesquisa das Universidades e agências de pesquisa que a vêem como objeto de interesse e estudo. Uma escola que seja concebida a partir de seu entorno como unidade exógena ao espaço geográfico, exclui que seja a expressão do território e do lugar em que se constrói que possa ser considerada espaço vivido, espaço de cultura, de construção do conhecimento, de identidade. A Escola dos cursos de Pedagogia esta desterritorializada e transforma-se em conceito-obstáculo, nas condições enunciadas por Lacoste (1988) quando discute os limites do conceito de região. Quando é enunciada como unidade de organização da educação formal, num espaço geográfico ao qual não pertence e manejada pelos órgãos centrais do sistema formal de educação. Lacoste (1988) alerta os professores de Geografia, de que é importante romper com as configurações regionais para entender o território educativo pela lógica primordial do lugar. Regionalizar o entendimento de cada escola como se fosse um ponto numa regionalidade administrativa, por exemplo, exclui a lógica que marca a Escola que se organiza na escala local. Sobre a escola e a condição do professor, a reflexão de Lacoste (1988, p.14) permite levar em conta que: Os professores de geografia dedicaram tal interesse às coincidências de conjuntos espaciais estabelecidos por disciplinas diferentes, que acabaram vendo nessa correspondência, senão a regra, ao menos o único tipo de configuração espacial digno de interesse. Em vez de representar a diversidade e a complexidade do espaço terrestre como o resultado das interseções entre os 906 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 múltiplos conjuntos espaciais que convém distinguir, segundo as diversas preocupações científicas, os professores de geografia forjaram e inculcaram uma representação do espaço terrestre baseada, muitas vezes, contra toda a evidência cartográfica, sobre a coincidência de contornos das diversas categorias de conjuntos. A proposição de Lacoste (1988) pode servir de fundamento para pensar e repensar possibilidades de mediação no ensino considerando que os territórios educativos devem ser pensados na escala local e não como regionalidade. Também os professores do Ensino fundamental I no Brasil habituaram-se a ensinar a partir de um currículo definido por meio de representações pré-estabelecidas, que eliminam as possibilidades de se reconhecer conjuntos espaciais distintos para compreender a escola, sua proposta educacional e seu sentido peculiar. A reconstrução de Matrizes Curriculares nos cursos de formação de professores é uma dimensão que depende da clareza que se tenha dos territórios educativos como constituintes dos conjuntos espaciais que oferecem a educação escolar. A escola, nessa perspectiva, só pode romper com as regionalidades mistificadoras se o espaço da sala de aula puder ser construído como experiência socioespacial de professores e alunos. Uma reflexão relevante que a Geografia pode garantir a construção de uma nova perspectiva mediadora para enfrentar as questões de desigualdades urbanas esta no fato de o ensino ter condições de abordar diferentes escalas: Posto em prática desde há uns quinze anos pelos geógrafos, esse estudo das relações interurbanas dessas "redes urbanas", que é preciso recolocar num quadro nacional e internacional, modificou e enriqueceu consideravelmente a problemática que se aplicava aos bairros centrais e reciprocamente. Cada um desses diferentes níveis de análise que se pode distinguir, desde a maior até a menor escala, não corresponde somente à consideração de conjuntos espaciais mais ou menos amplos, mas também à definição das características estruturais que permitem delimitar-se os contornos.(LACOSTE, 1988, P.15) Como professora testemunho que as crianças, nas poucas aulas de Geografia propostas no Ensino Fundamental I, entram em contato com a noção de casa, rua e bairro, em geral, a partir de material didático que supõe certa regularidade urbana, a partir de determinada perspectiva de realidade espacial como se esses modelos fossem universais e tivessem contornos definidos previamente e para todas as regiões. É comum estudar trajetos em livros do 1º ao 5º ano que estabelecem a praça, a igreja, o banco, supermercado, casas, ruas como expressão do lugar médio em que moram os alunos. Jamais encontrei em 907 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 materiais apostilados a cartografia de favelas, de condomínios exclusivos, de ruas degradadas por empresas irregulares como é o caso das frotas de empresas de telecomunicações que tem tomado os bairros para fazer no espaço público da rua o que é trabalho privado que visa o lucro. O manejo dessas frotas tem sido feito a vontade nas ruas das cidades. O que dizer às crianças cujas ruas foram tomadas por tais frotas? Em situação recente o pai de um aluno desculpou-se por chegar atrasado: é que o moço da TV a Cabo que tem na minha rua, tava montando o carro. Todo mundo tem que trabalhar, né? A situação era real e muitas crianças enfrentavam tais problemas. Uma empresa não deve manejar sua frota num páteo destinado a isto? O profilático bairro dos livros didáticos exclui a percepção do conjunto espacial ao qual pertence a escola, as famílias, a comunidade local e a criança. Nesse contexto não é possível assegurar condições para construção do olhar crítico que observe, analise, compare, registre, sistematize e sintetize os dados observados por meio de projetos de trabalho pedagógico que permitam compreender a realidade estudada em campo. A escola conduz o processo de ensino a partir de um material didático que se adote. As narrativas e discursos pedagógicos afirmam que guias e material didático são apenas parte do que deve ser ensinado. Todavia o processo de avaliação que se desenvolve nas escolas será referenciado nesse material. Os estudos de campo e do meio que se colocam numa perspectiva curricular interdisciplinar no ensino fundamental, esbarram em questões regimentais de natureza pragmática e legal. Nas condições em que a escola funciona hoje a possibilidade de organizar idas a campo para estudos que garantam observar, registrar, relatar, comparar, etc. ficam limitadas por trâmites administrativos. Superar essas limitações é uma ação estratégica que deve interessar não só a escola, mas a Universidade, aos movimentos sociais, aos órgãos de gestão pública, aos proponentes e executores de políticas públicas, dentre outros. Compreender a realidade a partir das atividades propostas pela escola, numa dimensão curricular que suponha o protagonismo do aluno, exige essa transformação na perspectiva de formação do professor. O conjunto didático que a escola pode disponibilizar para os professores deve ser mobilizado a partir da proposta curricular que a escola tenha organizado a partir de seu projeto político pedagógico e que deve ser fruto do trabalho de planejamento dos professores. Este é um ponto essencial para que os professores assumam sua condição mediadora no ensino da Geografia, dentro da proposta polivalente que caracteriza o Ensino Fundamental I. Esta é uma das dimensões que podem assegurar a construção crítica nas 908 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 esferas em que ocorrem as desigualdades urbano regionais. O PROFESSOR MEDIADOR E A MOBILIZAÇÃO DE REFERENCIA CONCEITUAL PARA O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM Uma outra dimensão essencial para que o professor assuma sua condição mediadora no processo de ensino que trate das questões das desigualdades urbano-regionais, para a formação da criticidade como competência dos alunos, respeito a compreensão da dinâmica da cidade e a inclusão do conceito diz de lugar geográfico, território, paisagem e espaço geográfico como base e fundamento do trabalho pedagógico. Considera-se que esta base conceitual pode favorecer a proposição de atividades formativas que permitam dentre outras possibilidades, a construção da Identidade dos alunos. Estes trazem para o diálogo formativo a compreensão das desigualdades urbano-regionais e os modos como o impacto dessas desigualdades afetam os espaços escolares, fundamentais ao processo de distribuição do conhecimento nos ”territórios educacionais” nem sempre formativos, justamente pelo que impõe na vida dos alunos. Os alunos têm direito a incluir o território de sua vida cotidiana como território legítimo, de interesse para todo o projeto pedagógico da escola. Ora, dependemos da mediação do professor cuja ação é intencional, para compreender na escala local a dinâmica da vida das pessoas que deve ser pensada na esfera da ação didática. A condição reflexiva do professor é condição essencial para que se organize a intervenção mediada em sala de aula. Garantir que o professor assuma seu papel intelectual no processo de ensino é papel dos cursos de formação inicial, que são oferecidos na universidade. Um avanço significativo para o ensino da geografia foi a definição, por meio do esforço de pesquisa na área das geociências, de um referencial teórico adequado ao ensino das crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. Em estudo de Nóbrega (2007) investigou-se se crianças da Educação Infantil poderiam usar e criar croquis de localização para desenvolver atividades espaciais na escola. O experimento realizado comprovou que as crianças são capazes de produzir e interpretar a partir dos três anos e meio elementos gráficos que progridam para o uso de croquis de localização. Também os movimentos dos profissionais da educação no final dos anos de 1980 permitiram a recondução dos fundamentos das propostas pedagógicas para o ensino 909 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 fundamental. Esses movimentos levantaram aspectos relevantes com relação a necessidade de se pensar a formação da infância e da juventude num grande ciclo que a partir de 1996 passou a ser chamado de Educação Básica. A Geografia Crítica que vai influenciar esse novo momento que traz a edição dos Parâmetros Curriculares Nacionais faz avançar o reconhecimento de que o referencial teórico para se trabalhar com as crianças deve envolver os conceitos de sociedade/natureza, espaço geográfico, lugar, paisagem, território. Esta base conceitual articulada aos princípios da cartografia e os estudos sobre a cidade constituem a base teórica a partir da qual será possível construir as ações formativas no território escolar marcado até então por práticas que interpretavam os espaços geográficos como elementos descritos cuja descrição deveria ser memorizada para efeito de aprendizagem. Ocorria um grande avanço. Na Educação Infantil a inclusão do eixo Sociedade e Natureza nas Referencias Curriculares editadas pelo MEC a partir das reformas da década dos anos de 1990 estabelece a necessidade de se buscar no campo da disciplina Geografia referencias para pensar o binômio levando em conta as questões do espaço geográfico. A formação do professor não pode, nessa dimensão, dispensar os saberes da Geografia. As desigualdades urbano-regionais, que se imagina estar distante da compreensão de crianças pequenas, estão presentes em seu cotidiano. Um avanço para a Educação Infantil nos últimos 20 anos é o reconhecimento de que as vivencias sócio espaciais no cotidiano das crianças, como contexto de aprendizagem, mais do que possibilitar exigem que os saberes prévios que trazem para a escola tratem das características urbano-regionais que marcam sua experiência pessoal. Cabe ao professor, como profissional da escola, mobilizar os elementos observados na paisagem, no lugar, no território em que a criança vive e desenvolve sua experiência. Vale lembrar que o cotidiano da criança, hoje, revela por meio das mídias e dos processos comunicativos múltiplas escalas em que ocorrem as desigualdades. É papel de a escola criar as condições para que a criança compreenda os arranjos espaciais em que sua vida se desenvolve. O professor precisa estar preparado para as indagações e relatos das crianças sobre a enchente, a violência, a UBS sem médico, as catástrofes e as guerras pelo mundo afora. Abordar as desigualdades urbano-regionais observadas pelas crianças é papel do professor. O professor recebe da sociedade a tarefa profissional de responder ao 910 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 coletivo de crianças, decidindo como encaminhar os momentos essenciais que vivencia com seus alunos nos territórios educativos. Como abordar a suspensão das aulas por falta de água ou por ocorrência de enchentes? Estas abordagens devem exigir uma ação pedagógica que transforma o professor em agente no sentido de que ele assume a direção da situação didática para ampliar a voz da criança que indaga, relata, critica e se apresenta. Também no Ensino fundamental I o professor terá a oportunidade de aprofundar os conceitos de lugar, território e paisagem, levando em conta a dinâmica urbano-regional. Nesse nível de ensino as crianças estarão em condições de aprofundar sua observação do espaço geográfico incluindo os espaços escolares. Este será o momento de as crianças aprofundarem essa observação a partir de escalas diversas incluindo a possibilidade de representar cartograficamente o resultado dessas vivências. É importante reconhecer que as dimensões didático-metodologicas que o professor adote em seu trabalho em sala de aula podem representar um eixo de enfrentamento dos problemas que decorrem das desigualdades que se observam no contexto urbano-regional. A possibilidade de se promover a reflexão em sala de aula, acerca dessas desigualdades, cria maior consciência sobre o processo e contexto em que se vive. Mais que uma ação formal a educação escolar, que tenha por base os referenciais que apontamos acima, faz avançar o compartilhamento de idéias, conceitos, saberes que podem ser compartilhados desde os territórios educativos com a possibilidade de se constituir esferas de atuação para uma cidadania ativa. É nessa dimensão que se pode afirmar que o professor é agente capaz de atuar no processo de crítica e transformação em contextos em que se observam as desigualdades urbano regionais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Há muito a Escola indica a possibilidade de reordenar os territórios no conjunto espacial em que ocorrem desigualdades e exclusão social, em contexto urbano regional. Embora essa indicação seja feita de forma recorrente há pouca ação que se materialize em políticas públicas relevantes. A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) promulgada no Brasil na década passada, admite que o território é um elemento constituinte das políticas públicas significativas para a transformação da vida das pessoas e da cidadania. E é assim que se pode conceber um papel realmente transformador para o professor: mobilizar, com o coletivo da escola, e mediar os processos de ensino que resultem em maior consciência das desigualdades urbano-regionais, reconhecendo que é também nessa escala que se 911 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 encontra o potencial transformador para a realidade em que ocorrem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36ª Reunião Nacional da ANPEd – 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goiânia-GO6 Relatório DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS E CONCORRÊNCIA ENTRE PROFESSORES POR ESCOLAS. metodológicos S.P. Editora: XAMÃ, 2013. HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. 2 ed. rev. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009 ALMEIDA, R. D. Do Desenho ao Mapa: Iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2006. LACOSTE, Yves. Geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra, Campinas: editora Papirus, 1988. BECKER, Howard S. The Career of the Chicago Public Schoolteacher. American Journal of NOBREGA, Maria Luiza Sardinha de.Geografia e educação infantil: os croquis de localização. Data de defesa: 28/07/2007, 198 folhas. Tese de Doutorado. USP – São Paulo. Sociology, v. 57, n. 5, p. 470-477, mar. 1952. BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996. PONTUSCHKA, N. N; PAGANELLI, T. I. CACETE, N. H. Para Ensinar e Aprender Geografia. São Paulo: Editora Cortez, 2007. CASTELLAR, S. CAVALCANTI l. CALLAI H. (org). Didática da geografia - aportes teóricos e 912 http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 O PROFESSOR COMO AGENTE MEDIADOR NA CONSTRUÇÃO DAS POSSIBILIDADES CRÍTICAS ÀS DESIGUALDADES URBANO-REGIONAIS A PARTIR DOS TERRITÓRIOS ESCOLARES EIXO 3 — Desigualdades urbano-regionais:agentes, políticas e perspectivas RESUMO O projeto docente "A formação inicial do professor: ensinar e aprender o espaço-tempo na metrópole", apresentado à diretoria de pesquisa da Universidade Nove de Julho para o biênio 2011 / 2013 investigou quais noções espaciais os futuros professores, estudantes da Licenciatura de Pedagogia, dominavam considerando que o ensino da Geografia faz parte das diretrizes para o currículo do Ensino Fundamental I. Estas noções, incluindo o domínio do conceito espaço geográfico são essenciais para o desenvolvimento conceitual, procedimental e atitudinal no ensino/aprendizagem da Geografia. As aulas de Metodologia do Ensino da Geografia e os procedimentos da IC desenvolvida por alunos colaboradores no desenvolvimento do Projeto docente revelaram que as alunas desconheciam os conceitos formais que dão base ao ensino da Geografia. O dado relevante desse estudo, todavia, é que se apurou que as futuras professoras em contato com as referencias conceituais, procedimentais e atitudinais trabalhados na disciplina passaram a trazer para o ambiente formativo, didático-pedagógico, elementos de reflexão sobre sua própria condição espacial. A compreensão da dinâmica da cidade e a inclusão do conceito de lugar geográfico para a construção da Identidade trouxeram para o diálogo formativo a compreensão das desigualdades urbano-regionais e os modos como o impacto dessas desigualdades afetam os espaços escolares, fundamentais ao processo de distribuição do conhecimento nos ”territórios educacionais” nos espaços de vivência formativa. Observou-se que os elementos da paisagem segregada nas periferias foram escolhidos como espaço de estudo nas atividades acadêmicas em contraposição a ocultação de origem espacial no inicio do curso. Palavras chave: Educação; desigualdades urbano-regionais; formação socioespacial. 913