CAPITAL INTELECTUAL: AO LAPIDAREM SEUS RECURSOS, AS EMPRESAS DESCOBREM A MINA DE OURO Armando Sérgio de Aguiar Filho1 RESUMO: Num cenário de mercado impactado por mudanças constantes, em que é fundamental gerenciar bem os recursos humanos de forma a torná-los uma vantagem competitiva, a organização que sai na frente encontra, nos seus talentos, atitudes e ideias, a estratégia adequada para se posicionar frente aos desafios que cercam o mundo empresarial. PALAVRAS–CHAVE: Recursos Humanos, Conhecimento, Capital Intelectual. 1 INTRODUÇÃO O contexto empresarial experimenta mudanças que, cada vez mais, serão rotineiras no desenvolvimento de seus negócios: produtos ficam obsoletos da noite para o dia, o acesso e o compartilhamento da informação tornam as empresas e seus produtos de certa forma similares e os processos organizacionais são alterados. Assim, as empresas precisam estar preparadas para também mudar constantemente. Para se tornarem competitivas, devem estabelecer estratégias de desenvolvimento, treinamento e capacitação focadas em medidas que possam descobrir, tratar e potencializar o conhecimento de seus colaboradores. Neste quadro de mudanças, não há mais espaço para organizações que não incentivam e aprendem com a experiência de seus talentos. O modelo organizacional que ora surge requer agilidade e ajuste inclusive nas formas tradicionais de recrutamento e seleção, uma vez que agora o grande desafio não se encerra na descoberta do talento, mas sim na fidelização e no desenvolvimento deste na estrutura organizacional. A elaboração deste trabalho teve como metodologia a realização de pesquisas bibliográficas e análise de dados secundários. O objetivo deste artigo é 1 Mestre em Administração pela Fundação João Pinheiro. Professor da Universidade Salgado de Oliveira e da Faculdade Promove apresentar o conhecimento, aqui denominado capital intelectual, como um ativo da empresa e analisar de que forma ele contribui para que a organização tenha uma vantagem competitiva no mercado. 2 CONHECIMENTO, TALENTO E CAPITAL INTELECTUAL Stuart (1998) apresenta uma metáfora para descrever o risco que corre uma empresa que não se atenta para uma política de gestão do conhecimento. Para o autor, o capital intelectual é um “ouro” e, caso a organização não se coloque ativa nessa discussão, provavelmente irá perder toda essa riqueza para os concorrentes, que, muitas vezes, sabem muito bem mapear, explorar e lapidar os recursos. A empresa Merck, segundo a revista Forbes, teve por 7 anos consecutivos o título de empresa de maior prestígio, não por sua capacidade de fabricar pílulas mas sim pela capacidade de seus cientistas em descobrir medicamentos. Perceber esse conhecimento, muitas vezes, tão ofertado na empresa, mas ainda não explorado, implica reconhecer que os bens tangíveis de uma empresa estão muito menos relacionados com seus produtos e serviços acabados, e muito mais com bens intangíveis, num conjunto que integra o capital intelectual da empresa. Assim, investir numa política de gestão do conhecimento organizacional significa investir num conjunto de talentos, atitudes e ideias, ressaltando que não há capital físico sem o intelectual. A dificuldade de tangibilizar o capital intelectual da empresa é um dos motivos pelos quais a organizações não administram os conhecimentos, uma vez que os contadores não possuem instrumentos que possam mensurar o capital intelectual. Quase sempre o conhecimento vem envolto numa forma tangível. Ainda na metáfora de Stuart (1998), o autor descreve que empresas que escavam seus depósitos de conhecimento descobrem que se encontram na boca de uma mina de ouro. Um exemplo bastante tangível é o da Down Chemical Corp. que encontrou quase por eventualidade este filão, quando a chegada de um novo diretor de bens intelectuais mostrou que a Down explorava apenas a metade de suas patentes, o que acabava fazendo com que a empresa deixasse de ganhar milhões de dólares. A gestão de Recursos Humanos, neste contexto, não é mais um fator de visão mecanicista, sistemática, metódica, ou a existência do controle exagerado das tarefas e a obediência incontestável. Gerenciar pessoas é discutir e entender técnicas modernas, é a gestão da participação e do conhecimento. Esse tipo de gestão tem a função que permite a colaboração eficaz das pessoas para alcançar os objetivos organizacionais e individuais. Alguns estudos apontam que o capital intelectual de uma empresa supera três ou quatro vezes o valor contábil da empresa. Porém, o intangível é por definição difícil de apreender. É necessário criar mecanismos que o torne palpável, útil e voltado para a ação, ou seja, para achar o ouro oculto é necessário um “mapa”. É bem verdade, entretanto, que as empresas realmente não sabem lidar com seu capital intelectual, concentram todas as estratégias nos produtos e serviços, quando muito tentam agregar valor através da marca e se esquecem de que o bem mais valioso é o conhecimento, aplicado através do talento das pessoas que compõem a empresa. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O mundo moderno caracteriza-se por um conjunto de tendências que envolvem globalização, tecnologia, informação, conhecimento, serviços, ênfase à satisfação das necessidades do cliente, produtividade e competitividade. Essas tendências afetam a maneira pela qual as organizações utilizam e administram o seu capital humano. Hoje, os colaboradores são o bem mais importante da empresa, pois, além de manusearem os equipamentos e as informações, eles também são detentores de criatividade e inovação, contribuindo para o crescimento da empresa no cenário atual. O capital intelectual depende das empresas e vice-versa, tornando-se uma vantagem competitiva que mantém e promove o sucesso da empresa. Portanto, as empresas que escavam seus depósitos de conhecimento descobrem que se encontram na boca de uma mina de ouro. REFERÊNCIAS STEWART, T. Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Cap. 4, p.51-70. LUCENA, Maria Diva da S. Planejamento de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 1995. 265 p. STONER, James A. F.; FREEMAN, R. Edward. Administração. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1992. 533 p. Mais e melhores competências. Forbes Management, São Paulo, 11 nov. 2001, Savana, p. 24. RIEHL, Hank. Gestão baseada nas capacidades. HSM Management, São Paulo, 8/maio/1998, Savana, p.104.