Encarte comercial da responsabilidade de «Página Exclusiva». Não pode ser vendido separadamente. Portugal Inovador 2 I Agosto Portugal Inovador Agosto I 3 Portugal Inovador Índice 5Editorial 6 Espaço Mecânico: O melhor equipamento para construção 7 Distrito de Santarém 21 Agentes do Desenvolvimento Local 45 Região Centro 67 Mediação Imobiliária 79 Ponte de Lima 89 Poder Local 4 I Agosto Portugal Inovador Editorial Portugal 2014-2020 As negociações entre o Governo português e a Comissão Europeia, com vista à aprovação do acordo de parceria para os fundos europeus, que vão estar disponíveis no plano 2014-2020, terminaram no final do mês passado. No total, falamos de um pacote de cerca de 21 mil milhões de fundos estruturais e, sensivelmente, quatro mil milhões do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, que deverão ser aplicados nos próximos sete anos nas mais diversas áreas. As temáticas abordadas centram-se nas pessoas e na valorização do capital humano. Como tal as inciativas que visam o combate ao abandono escolar, a inclusão social e a diminuição da taxa de desemprego vão ter um especial enfoque, a par do aumento da competitividade e da aposta na internacionalização (40% das verbas disponibilizadas vão ser alocadas a este tema); finalmente, a sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos são outros pontos que estão em cima da mesa. O plano de políticas a prosseguir é vasto e passa pelo estímulo: à produção de bens e serviços transacionáveis; incremento das exportações; transferência de resultados do sistema científico para o tecido produtivo; redução dos níveis de abandono escolar precoce; cumprimento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos; integração das pessoas em risco de pobreza e combate à exclusão social; promoção do desenvolvimento sustentável, numa óptica de eficiência no uso dos recursos; reforço da coesão territorial, particularmente nas cidades e em zonas de baixa densidade; racionalização, modernização e capacitação da Administração Pública. Após largos anos de aposta na construção e na melhoria de meios físicos, o acordo de parceria coloca em segundo plano o investimento em novas infraestruturas, focando a necessidade de se apostar na competividade com vista a um “crescimento inteligente, sustentável e inclusivo”. Entende-se que a parcela mais importante dos fundos deve ser aplicada ao serviço do aumento da competitividade e da produtividade da economia nacional, reforçando o apoio às regiões menos desfavorecidas. Os centros de investigação e produção de conhecimento, por exemplo, vão ter acesso a um montante global de mil milhões, mas é crucial que a sua utilização seja feita num plano de estratégia de futuro que privilegie a partilha e transferência de conhecimento para as empresas. Nesta edição da Portugal Inovador, apresentamos-lhe um conjunto de entidades, de Norte a Sul, criadas com o intuito de direcionar este fundos, apoiando o investimento, o empreendedorismo, a criação de projetos que valorizem os recursos endógenos das regiões onde se inserem, promovendo o desenvolvimento global das regiões à escala mundial. A direção da Portugal Inovador Propriedade: Página Exclusiva – Publicações Periódicas, Lda. 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Esta aventura empresarial de Manuel Lourenço teve o seu início em 1992. Durante quase duas décadas, como concessionária da Stet, distribuidora da marca Caterpillar em Portugal, a empresa Espaço Mecânico trabalhou esta marca no distrito de Santarém. Mais tarde, a posição que a 6 I Agosto Caterpillar ocupava na sua atividade comercial, como marca de referência nos equipamentos para construção e obras públicas, foi ocupada pela sul-coreana Doosan (acompanhada pela parceria com a Centrocar), sendo que os produtos Caterpillar mantiveram-se presentes na oferta da Espaço Mecânico, mas apenas no domínio das peças e da prestação de serviços. A Doosan, marca reconhecida pelo conforto, baixo consumo e fácil manutenção, é aqui representada numa gama que contempla vários modelos de escavadoras, carregadoras de rodas, dumpers articulados e outros. A empresa Espaço Mecânico mantém, também, uma presença forte nos serviços de manutenção e comércio de usados. Outras marcas figuram, também, na gama disponibilizada por esta empresa ribatejana. Encontram-se, aqui, os equipamentos da marca Ingersoll Rand e as soluções para britagem, crivagem ou reciclagem da Terex Finlay. São também comercializados martelos hidráulicos da marca All-Kor. Novos desafios Paralelamente à alteração que esta empresa conheceu na sua dinâmica comercial no momento da opção pela Doosan, a crise de 2008 motivou uma reflexão sobre diferentes vertentes da sua ativi- Portugal Inovador dade. “Tudo teve de ser repensado e então fomos à procura de outros segmentos de negócio”, conta o administrador. Um exemplo disso foi o alargamento ao negócio dos alugueres: “Não davamos muita importância a esse segmento, mas em algumas empresas estratégicas como a Renova ou o Ecoponto da Chamusca conseguimos fazer contratos de aluguer que temos mantido no tempo. Temos também crescido e ganho posições em outras empresas”. Simultaneamente, a abrangência geográfica das suas representações, na qual já se incluía a região de Santarém, foi alargada a nível nacional para os distritos de Leiria, Castelo Branco e Portalegre. Contudo, aquele que é possivelmente o grande marco na evolução recente desta empresa é o seu processo de internacionalização, iniciado há seis anos. Foi nessa altura que se constituiu a Espaço Mecânico Angola, sediada em Benguela. “É uma aposta que está a funcionar e essa internacionalização foi determinante, porque está a ajudar a potenciar o negócio que temos aqui”, nota Manuel Lourenço. Sobre esta atividade que mantém no exterior, explica que o que a Espaço Mecânico Angola faz é exatamente o mesmo que em Portugal, tendo como diferença a destacar a incursão no negócio da venda de lubrificantes, em parceria com a Sonangalp. Sobre as vantagens comparativas que a sua empresa tem apresentado para se impor neste mercado, considera particularmente importante a estrutura que possui na assistência após venda. Esta é uma mais valia reconhecida pelos seus principais clientes. | Agosto I 7 Portugal Inovador Para o país a República! Para Alcanena o concelho! E para esta antiga reinvindicação, da criação do concelho de Alcanena a 8 de maio de 1914, teve o importante contributo a criação da Associação de Assistência de Alcanena, a 15 de junho de 1912, com o propósito da construção e funcionamento do estabelecimento hospitalar. “Os nossos serviços continuem a ser baseados no trabalho de equipa e numa gestão sustentável, orientada sempre para a inclusão social” A 21 de dezembro de 1931, foi criado por concessão do Governo Civil de Santarém, o alvará para o Albergue Alves Ferreira em Vila Moreira. A 2 de setembro de 1952 foi fundado o “Centro de Assistência Social”, que se veio a encarregar da sopa dos pobres. A 6 de setembro de 1972, devido a grandes dificuldades sentidas pelas três Associações existentes no concelho de Alcanena, levaram a que os seus responsáveis, tivessem tido a coragem e clarividência de promoverem a fusão numa só instituição. Sendo assim criado o CBESA – Centro de Bem Estar Social de Alcanena – tendo para ele transitado todos os direitos, obrigações e património. Assim, o início da história do Centro de Bem Estar Social de Alcanena (CBESA) remonta a 1912. A presente direção está desde abril de 2011 à frente desta Instituição e, desde então, procura fazer crescer e melhorar a cada dia que passa, tendo sempre como princi8 I Agosto pal preocupação o bem-estar da população que os rodeia. Os grandes objetivos passam por contribuir para a promoção da qualidade de vida da população de Alcanena, através das obras que mantém e de outras que “puderem vir a ser consideradas convenientes no campo social, recreativo e cultural”. Esta é uma Instituição reconhecida na região pela qualidade dos serviços que presta, sendo que, tal como fez questão de salientar o presidente desta Instituição, Eduardo Camacho, “os serviços são baseados no trabalho de equipa e numa gestão sustentável, orientada sempre para a inclusão social”. O Centro de Bem Estar Social de Alcanena conta com diversas valências, distribuídas por três edifícios, sendo elas a Residência para Idosos, o Centro de Dia, o Apoio Domiciliário, a Cantina Social, a Creche, o Jardim de Infância, o Portugal Inovador Em termos de sustentabilidade, continuamos a elaborar o “Estudo Económico e Financeiro” e o “Plano Estratégico para os anos de 2015-2020” CATL e o Hospital. A par disto, “temos ainda espaços sociais que são alugados para habitação social”, acrescenta. Desenvolvimento de parcerias O Centro de Bem Estar Social de Alcanena tem como grande preocupação a satisfação dos utentes, por forma a promover o seu bem-estar, proporcionar-lhes o acesso a serviços de qualidade. Uma das formas de fazê-lo é através de um conjunto de parcerias realizadas entre os órgãos de poder local e municipal, bem como com outras instituições de caráter social. “Temos diversas parcerias com instituições da região, 22 das quais são IPSS’s. Por outro lado, trabalhamos em conjunto com o Ministério da Solidariedade e Segurança Social”, explica Eduardo Camacho. áreas, como a saúde e o ensino, mas também, o aumento do número de famílias envolvidas neste projeto e que possam usufruir das diversas valências. “Pretendemos também estabelecer mais parcerias e aceitar jovens para estágios, algo benéfico para ambas as partes. A criação de uma rede de voluntariado será também uma aposta futura, contribuindo assim, para o desenvolvimento da economia local” referem. Neste momento, outro projeto que a Instituição tem é a “Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica”, em que são afetadas cinco vivendas, com capacidade para dez pessoas. “Decidimos apostar nesta vertente, porque no distrito de Santarém não existe nenhum espaço que proteja e apoie estas pessoas”, concluiram. | Continuar a crescer O CBESA é uma Instituição cujas receitas dependem 36% de acordos com o Estado e 64% são receitas próprias, o que faz com que a sustentabilidade seja um dos pilares importantes para o seu futuro. Um dos grandes projetos que os membros da Direção têm em mente é o aumento do número de colaboradores (neste momento são 125) apostando na continuidade da sua formação nas mais diversas Agosto I 9 Portugal Inovador 85 anos de história Com sede na Chamusca, a Persistente e a Imprensa Municipalista integram a César Castelão e Filhos, Lda. Uma sociedade que aposta na inovação, não perdendo a consciência social junto dos seus quadros e da população. O início da Persistente remonta a 1929 quando o fundador, César Castelão, enveredou a sua atividade para os trabalhos gráficos com enfoque na área comercial. A empresa foi crescendo, ajustando-se às alterações e exigências do mercado. Na década de 30 dá-se a mudança de instalações, que permitiu o aumento do número de colaboradores e de equipamentos. Nesta cadência de crescimento, em 1957, a Persistente adquire a Imprensa Municipalista - uma entidade que se dedica ao fornecimento de mercadorias e produtos para entidades públicas. Em 1973, é criada a sociedade César Castelão e Filhos, Lda que agrega a Persistente e a I. Municipalista. Ao longo das décadas, a César Castelão e Filhos, Lda tem crescido no seu volume de vendas e no seu parque de máquinas. “Vamos tentando evoluir, acompanhando as novas tecnologias”, confirma o nosso entrevistado Nuno Castelão, membro da terceira geração, que 10 I Agosto assume agora a administração desta empresa, sendo que Tarquinio Castelão, seu pai, é presença assídua no dia a dia da firma. O grande salto tecnológico do setor deu-se entre as décadas de 70 e 80, com a passagem da tipografia tradicional para o offset. Desde então são constantes as inovações, sendo que “nos últimos 15 anos o investimento desta firma alcançou os quatro milhões e 100 mil euros de investimento em tecnologia e no desenvolvimento dos recursos humanos”. Nuno Castelão admite: “Obviamente, nos últimos anos, sofremos com as contigências do mercado, mas sempre apostando no investimento e na inovação”. Sediada na Chamusca, no distrito de Santarém, “torna-se complicado responder às exigências de clientes que pretendem respostas céleres e a baixo custo”. Principalmente quando estes clientes se situam em Lisboa e no Porto. “Para isso, beneficiamos de uma capacidade de resposta muito grande, disponibilidade por parte da nossa equipa de trabalho, assim como uma capacidade de stock de matéria prima muito elevada”, assume o administrador. A aposta na qualidade do serviço é uma garantia para os clientes, “sendo que os recursos humanos estão formados para os auxiliar e propor soluções mais práticas e tecnologicamente alcançáveis”. Após um período mais conturbado em que a empresa esteve “expectante, cumprindo com todas as suas obrigações”, neste momento, verifica-se um crescimento. “Estamos na perspetiva de novos investimentos e não vamos parar. Salvaguardar os nossos recursos e investir em tecnologia e formação é o nosso objetivo. Queremos estabilizar investindo”. A União é Persistente Num mercado em constante evolução, exigente e altamente concorrencial a César Castelão e Filhos, Lda promove o espírito de grupo e de união entre a sua equipa. “O nosso elo mais importante são os nossos recursos humanos”, refere Nuno Castelão, não deixando de salientar que “o grande dilema da sociedade industrial prende-se com o aumento da tecnologia que leva à menor necessidade de mão de obra”. Hoje, é acrescida a responsabilidade do empresário. “Pretendemos não só manter os nossos recursos, mas alimentar outras vertentes sociais, pois entendemos que solidificar a cultura social é defender o futuro das novas gerações. Hoje, mais do que nunca, devemos apoiar as instituições de ensino e atuar nos casos de carência social”, conclui Nuno Castelão. | Portugal Inovador Agosto I 11 Portugal Inovador A união é o melhor caminho Há mais de 80 anos na Golegã, a Funerária Golganense é a única nesta região. Qualidade, inovação e solidariedade são valores pelos quais Mário Santos rege este negócio familiar. que são exigidos nesta área, sendo um deles o de acompanhamento da família. “Neste ramo de atividade a maior preocupação que se deve ter é com a família. Desde o início, fazemos um acompanhamento rigoroso e tentamos proporcionar um conjunto de condições para que estas se sintam mais confortáveis”, garante.. Unificação das agências PHá muito que o negócio das agências funerárias é visto como um trabalho prestigioso e de referência. Situada na Golegã, em pleno Ribatejo, a funerária de Mário Santos conta quase com um século de existência, tendo passado de geração em geração. Há 16 anos à frente da Funerária Golganense, o nosso entrevistado refere que “sendo um negócio de família”, decidiu assumi-lo “de corpo e alma, melhorando cada vez mais os serviços”. “Tivemos a preocupação de nos irmos moldando às exigências do mercado, mas sobretudo às necessidades das pessoas”. Com dois carros fúnebres e instalações onde expõem os produtos, esta agência tem como principal preocupação o tratamento dos clientes e a assistência que lhes é dada. Como tal, tanto Mário Santos como o filho têm todos os cursos 12 I Agosto A trabalhar essencialmente nos concelhos da Golegã, Pombalinho e Azinhaga, o proprietário da Funerária Golganense admite que trabalha em parceria com as outras agências das regiões limítrofes, garantindo que é através das parcerias e da união das agências que este ramo de negócio vai evoluir. “Hoje em dia, temos de encarar o mercado através das parcerias e, na minha opinião, o futuro passa por nos unirmos e criarmos uma rede”, afirma. Ainda de acordo com Mário Santos, o facto de Portugal (ainda) não estar muito habituado a unir esforços e a trabalhar com parceiros de negócio é uma grande barreira para a criação de uniões e parcerias: “Se houvesse uma unificação das agências que estão num mesmo concelho, isso seria benéfico, não só em termos económicos, como em termos laborais. Além de se rentabilizar as compras, poderia também fazer-se escalas de trabalho, porque neste ramo não há horários”, acrescenta. Futuro Apesar de trabalhar em parceria e de abranger três concelhos, o proprietário da Funerária Golganense não pretende, por enquanto, alargar o seu espaço. O seu único desejo é continuar a servir bem os clientes e a melhorar cada vez mais os serviços que presta. | Portugal Inovador Uma solução ambientalmente correta A Componatura dedica a sua atividade à gestão de resíduos biodegradáveis, a partir da qual criou um produto inovador: o Ferbio. a marca Ferbio, tem combatido a ideia errada que a população tem da gestão dos resíduos orgânicos com este produto novo: um resultado da utilização de resíduos biodegradáveis que de outra maneira não seriam aproveitados, num produto que não tem cheiro, que é homogéneo e rico em nutrientes. A criação deste produto provém também da preocupação ambiental que a Componatura tem sempre presente. CERTIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO Luís Luís, filho da administradora Hortense Teixeira, inicia a nossa entrevista contando a história de como uma empresa de jardinagem, com resíduos de jardinagem e floresta potencialmente incendiáveis, enveredou para a compostagem. “Colocar o lixo orgânico em aterro não era uma hipótese para nós, pois queríamos dar-lhe outra utilização. Assim, concretizamos a nossa intenção de elaborar a compostagem, que foi a primeira privada a ser efetuada em Portugal”, explica o estudante de Engenharia do Ambiente. E provando que ser o primeiro nem sempre é algo bom, a Componatura enfrentou, na altura, o problema de não ter qualquer exemplo a seguir ao lançar-se num ramo novo com todos os problemas inerentes a um processo pioneiro. Partindo desse processo, a Componatura criou o composto orgânico Ferbio, um produto certificado que provém de resíduos de jardinagem, floresta e outros resíduos orgânicos. Este é direcionado para os produtores que necessitam de melhorar a qualidade e eficácia do solo, corrigindo a sua perda de fertilidade sem prejudicar os seus componentes. FERBIO O composto orgânico Ferbio apresenta bastantes vantagens, das quais se realça a melhoria da estrutura, textura e correção do pH do solo, levando a efeitos notáveis na produtividade das culturas. “Ferbio é, nitidamente, um produto natural e um importante fornecedor de energia aos ecossistemas”, indica Pedro Borga, colaborador da empresa. A Componatura, juntamente com Este setor requer muito controlo sobre o trabalho e os produtos, que devem ser acompanhados pela Agência Portuguesa do Ambiente. “Há escassez de meios humanos para realizar uma fiscalização e controlo neste setor e os resíduos devem ser extremamente bem controlados. Cada operador tem a sua área específica e no caso da Componatura essa corresponde aos resíduos biodegradáveis, que resultam num produto final valorizado e em simetria com as normas”, explica Hortense Teixeira. SUSTENTABILIDADE Seguindo a Estratégia Nacional para a Energia (ENE 2020), pretende-se obter a sustentabilidade económica e ambiental e promover a eficiência energética. Assim, a Componatura tem pensado outro uso para os resíduos orgânicos, utilizando o “mau-cheiro” do processo de compostagem, devido à libertação de metano, para produzir biogás. | Agosto I 13 Portugal Inovador Viver a ciência O Agrupamento de Escolas de Vila Nova da Barquinha tem encontrado a sua identidade no envolvimento da comunidade estudantil com a ciência, devidamente suportado pelo seu espaço Ciência Viva. Com sede na Escola Dª Maria II, este Agrupamento resulta da fusão, em 2010, dos dois Agrupamentos distintos que serviam este concelho. Englobando toda a população escolar de Vila Nova da Barquinha, as diferentes unidades que o compõem incluem a escola do 1º ciclo da Praia do Ribatejo, cinco jardins de infância (Atalaia, Barquinha, Moita, Praia do Ribatejo e Tancos), a Escola Ciência Viva (1º Ciclo) e a referida sede, para alunos do segundo e terceiro ciclos e secundário. Em 2013, esta instituição conheceu um especial motivo de congratulação, após ter obtido os melhores resultados no ensino secundário ao nível do distrito de Santarém. “Considero que o nosso trabalho tem sido extremamente produtivo”, afirma a diretora, Antónia Coelho. O mérito das escolas do concelho assenta, em parte, na articulação com 14 I Agosto o trabalho da autarquia. “A Câmara, de facto, considera que, em termos de projeção e desenvolvimento do concelho, a educação deve ser uma das apostas prioritárias”, segundo a nossa interlocutora. Exemplificativa desse esforço foi “a criação de um centro escolar com uma ideologia muito focalizada na área das ciências, que acaba por ser a imagem de marca do Agrupamento”. Iniciada no ano letivo de 2011/2012, a Escola Ciência Viva de Vila Nova da Barquinha foi a escola pioneira em Portugal neste conceito. A funcionar num edifício projetado pelo arquiteto Aires Mateus, apresenta a mais-valia de integrar os alunos num contexto que os expõe a atividades formais e não formais de contacto com a ciência. “Vamos procurar perceber que vantagens é que este projeto irá trazer a nível do conhecimento científico dos alunos ao longo do seu percurso escolar”, avança. Esta tónica na ciência não é, contudo, incompatível com aquilo que Antónia Coelho considera ser “a visão muito humanista” que existe no Agrupamento acerca do que é a escola: “Temos um Agrupamento que não é de grande dimensão, onde o corpo docente é estável e o pessoal não docente também já nos acompanha há muito tempo. Dadas essas condições, atuamos junto dos alunos, sabemos quem eles são e defendemos essa proximidade com eles. Só com esta visão humanista da educação é que estes jovens vão conseguir ser adultos responsáveis”, conclui. | Portugal Inovador As Misericórdias e a Saúde: ontem e hoje Desde os primeiros tempos, nos séculos XV e XVI, nesta altura sob o impulso da rainha D. Leonor, que as Santas Casas se dedicam, com zelo e sucesso, à assistência à população na saúde. Hoje, as Misericórdias continuam essa dedicação, adaptando-se às necessidades atuais e apostando em serviços de qualidade para toda a comunidade, criando inclusive em 2003 o Grupo Misericórdias Saúde. A fundação das Santas Casas da Misericórdia, em Portugal, remonta ao século XV, estando vinculadas à ação da rainha D. Leonor, viúva do rei D. João II, nomeadamente com a criação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Um trabalho secular Durante séculos, estas instituições estiveram associadas ao acompanhamento dos doentes por via dos irmãos voluntários. Mais tarde, a necessidade de prestar um maior e melhor apoio aos utentes, conduziu à criação e estabelecimento de serviços que durante mais de 500 anos serviram de sufrágio às populações necessitadas. D. Leonor ficou conhecida na história das Misericórdias e da Medicina em Portugal desde logo por promover a edifi cação do conhecido Hospital termal de Santa Maria do Pópulo, nas Caldas. “Se preferirmos acompanhar as obras de misericórdia promovidas por D. Leonor seguindo uma ordem cronológica, verificamos que o primeiro grande investimento que mobilizou longa e generosamente a soberana foi a fundação do hospital de Santa Maria do Pópulo”, escreve Ivo Carneiro de Sousa no livro “Da Descoberta da Misericórdia à Fundação das Misericórdias”, onde destaca “o papel central das Misericórdias na história da assistência e da caridade em Portugal”. Como refere este autor, D. Leonor ainda impulsionou a criação, nos primórdios do século XVI, de um hospital no Terreiro Velho em Lisboa e do Hospital de Todos-os-Santos, que a partir de 1564 a Misericórdia de Lisboa passou a gerir. Também o conhecido Hospital de S. Marcos, se bem que hoje não esteja nas mãos da Santa Casa da Misericórdia de Braga, esteve durante muito tempo, desde 1508, a ela ligado, deixando de ser administrado pela Misericórdia só depois de 1974. Recuperar a tradição Aliás, a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974, todos os hospitais geridos pelas Misericórdias foram nacionalizados, sendo retirado às Santas Casas o poder de gestão destas instituições. Só na década de 90 as Misericórdias começaram a recuperar as instalações hospitalares que lhes haviam sido retiradas, facto que veio restabelecer o dinamismo e a importância destas instituições de cariz social junto da sociedade civil. Atualmente, é frequente as Santas Casas e o Estado cooperarem nos serviços prestados, nomeadamente na área da saúde, disponibilizando uma vasta gama de serviços e cuidados especializados e continuados, além da intervenção na vertente social através da abertura de lares de terceira idade, assistência domiciliária, creches, e outras valências. O regresso Agosto I 15 Portugal Inovador das Misericórdias às atividades no setor da saúde conduziu a que o Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) incentivasse, em 2003, a criação do Grupo Misericórdias Saúde (GMS). O GMS pretende o desenvoldesenvolvimento de uma estrutura de suporte, essencialmente técnico, que apoie as Misericórdias em todas as questões que possam surgir, que incentivem o “benchmarking” (processo de comparação do desempenho entre dois ou mais sistemas; busca das melhores práticas na indústria que conduzam ao desempenho superior) e que promovam a criação de uma identidade comum a todas elas. Sendo assim, hoje em dia, são várias as Santas Casas da Misericórdia que disponibilizam os mais variados serviços no âmbito da saúde e ação social, sendo o seu trabalho fundamental para o bem-estar das comunidades, dirigido não só a quem tem altas possibilidades económicas, mas também a gente com menores recursos, com um forte regime de acessibilidade e igualdade. Exemplos da ação das Misericórdias São bons exemplos desta realidade algumas das Santas Casas com as quais a “Portugal Inovador” tem contactado. Mais recentemente, temos visitado as Santas Casas da região do Ribatejo. Na última edição, tivemos a oportunidade de ver de perto o trabalho desenvolvido pela Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento que tem uma grande obra nesta zona, sobretudo na área da saúde. Com uma unidade hospitalar que tem uma vasta gama de especialidades que vão desde a cirurgia geral, plástica, vascular e recontrutuva a neurologia e oftalmologia, esta instituição tem ainda uma unidade de cuidados continuados. A juntar a isto, está o lar, que apoia cerca de 200 idosos, entre o regime de internamento, centro de dia e apoio domiciliário. Já na Golegã, mais precisamente na Azinhaga, a Santa Casa da Misericórdia conta com mais de cinco séculos de existência e é um excelente exemplo da boa utilização dos recursos disponibilizados pelos benfeitores. Atualmente, esta instituição disponibiliza um conjunto de ações como o Programa de Ajuda a Carenciados, o Banco Alimentar 16 I Agosto e a Cantina Social, para assim dar resposta aos mais necessitados. Na Chamusca, em Santarém, é possível visitar uma Misericórdia cheia de iniciativas e que inaugurou em 2010 a Unidade de Cuidados Continuados funciona em permanência 24 horas por dia e emprega 50 pessoas, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de ação médica, fisioterapeutas e assistentes sociais. Como foi referido anteriormente e dado como exemplo o nome destas três Santas Casas da Misericórdia, por todo o país estas instituições desempenham um papel fundamental na ajuda ao próximo e, uma das áreas onde mais investem é na saúde, através de cuidados hospitalares, terapêuticos e farmacêuticos. Especialidades como Imagiologia, Cardiologia e Medicina de Reabilitação são elementos que integram os meios complementares de diagnóstico, cada vez solicitados por uma população tendencialmente envelhecida. Parcerias e formação Como informa o seu sítio na internet, a Grupo Misericórdias Saúde estabeleceu ainda, recentemente, vários protocolos nesta área da Saúde, designadamente com a Praxair para a Aquisição de Gases Medicinais de maneira mais favorável; o GAIF (Grupo Associativo de Investigação em Feridas) para a formação e consultorias em úlceras de pressão; especialistas em controlo de infeção; e uma consultora de gestão da qualidade. A formação, em tempos que a exigem a qualquer momento, é também um dos objetivos das ações do Grupo Misericórdias Saúde, de Norte a Sul de Portugal. Assim, com todo este trabalho, nos tempos atuais, as Misericórdias continuam a ação da Rainha das Misericórdias e o Compromisso de 1516, que afirmava como uma das suas principais missões cuidar dos enfermos. | Portugal Inovador Uma Casa de todos A Santa Casa da Misericórdia da Azinhaga teve início em 1572, sendo a única instituição do género a atuar numa aldeia a Sul do país. Ultrapassando inúmeras vicissitudes ao longo dos séculos, a instituição foi reativada por iniciativa da Cáritas. “O objetivo era apoiar a comunidade no seu todo”, conta-nos Maria de São José Reis Mendes, atual vice provedora. O abandono das terras e o fecho de uma importante firma da região potenciaram as carências da população. Atento a esta situação o grupo Cáritas começou a ouvir as pessoas mais necessitadas. Apoia- do pelo Bispo D. António Francisco Marques, tiveram então a ideia de reativar a Misericórdia. “Corria o ano de 1986, quando, sem qualquer tipo de meios, uma comissão instaladora, auxiliada pelo CRSS Santarém, iniciou um projeto de desenvolvimento comunitário”, acrescenta o provedor João Vicente Saldanha. Em 1987 foi aprovado o primeiro estatuto. Com parcos meios, a procura de alternativas foi impulsionada pela solidariedade daqueles que lhe concediam espaços para laborar. A Junta de Freguesia da Azinhaga e a fábrica SIC, por exemplo, cederam salas para desenvolverem as atividades do ATL. Mais tarde (1988), começou a ser premente a necessidade de prestar apoio aos idosos. Já com o apoio da Segurança Social, em 1990, surge o acordo de cooperação do Centro de Convívio onde passaram a ser servidas refeições e tratadas as roupas dos utentes. Em 1992, a extinção da Casa do Povo proporcionou a entrada nas instalações atuais e “a aquisição do celeiro inativo, pertencente à Companhia das Lezírias”. A partir dessa data a entrada em vários projetos comunitários propiciou a melhoria das instalações e das atividades oferecidas aos utentes. Paulatinamente, a população da Azinhaga foi ganhando confiança num projeto feito por e para eles. O sucesso alcançado - com os programas comunitários, os projetos de Luta Contra a Pobreza e as ações de formação - é aplaudido por todos. Apesar das dificuldades o trabalho realizado por toda a equipa da SCM da Azinhaga é de louvar. Um exemplo de sucesso e de boa utilização dos recursos. “As dificuldades são crescentes, mas o espírito permanece. Por isso estamos cá para viver o dia a dia procurando sempre apoiar a nossa comunidade”. Dia a Dia Para além dos benfeitores, a instituição contou com o apoio do Centro Distrital de Segurança Social, IEFP, Câmara Municipal da Golegã, Junta de Freguesia da Azinhaga, IPJ, Movimento de Solidariedade Rural, Centro de Formação Profissional de Santarém, Agrotejo e Proder. Neste momento, a SCM Azinhaga oferece Apoio Domiciliário - durante cinco ou sete dias a 45 utentes (sendo que os utentes mais dependentes usufruem desse apoio até às 19h); Centro de Dia (23 utentes), Centro de Convívio (20 utentes); Centro Comunitário (116) e OTL no verão. Para além disso, decorrem ainda ações como a Cantina Social, o Programa Alimentar de Ajuda a Carenciados, o Banco Alimentar, Internet Sénior, Hidroginástica, Empresa de Inserção e duas vezes por ano, há um almoço de irmãos da Instituição, além de outras atividades pontuais. | Agosto I 17 Portugal Inovador Em auxílio dos mais necessitados Desde 1630 que a Santa Casa da Misericórdia da Chamusca trabalha em prol da comunidade. Em entrevista à Portugal Inovador, os três rostos desta instituição explicaram como se governa uma casa com mais de quatro séculos de existência. Fernando Barreto, José Nobre e Filinto da Silva Soares, provedor, vice-provedor e tesoureiro, respetivamente, são os rostos mais visíveis desta instituição. A revolução de 1974 foi um marco na história desta Misericórdia, como fez questão de afirmar Fernando Barreto: “Este foi o facto determinante na longa existência desta Santa Casa. Velhinha com séculos, mas sempre bem viva e ativa na prática de obras de misericórdia, ela sempre encontrou forças para ultrapassar todas as vicissitudes”. Ao serviço da população A Santa Casa da Misericórdia da Chamusca conta com um conjunto de valências que proporcionam o bem estar da comunidade, desde as crianças até aos mais idosos. Com uma estrutura residêncial para idosos, uma creche e jardim de infância, um centro de dia e ainda um centro de apoio domiciliário, esta 18 I Agosto instituição presta auxílio nas mais diversas áreas. “O lar de idosos tem capacidade para 50 pessoas, claro que por vezes temos sempre mais uma, mas a nossa missão é ajudar os mais necessitados e não o podemos negar”, refere o vice-provedor. Aquando da construção do lar de idosos, em 1982, foi indispensável a colaboração da Câmara Municipal, que cedeu o terreno onde atualmente se encontram as instalações. Relativamente ao apoio domiciliário, este é prestado a 30 famílias e inclui as refeições e os cuidados de higiene pessoal. Um novo projeto A obra mais recente desta instituição foi a unidade de cuidados continuados, inaugurada em dezembro de 2010 e que tem a capacidade para 25 pessoas na tipologia de média duração e reabilitação e 22 para longa duração e manutenção. De ter em conta que esta unidade funciona em permanência 24 horas por dia e emprega 50 pessoas, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de ação médica, fisioterapeutas e assistentes sociais. “As unidades de cuidados continuados são de extrema importância e na nossa unidade, proporcionamos cuidados que previnem e por vezes retardam o agravamento da situação de dependência, além claro da estabilização clínica”, garante o provedor. Para construir esta unidade de cuidados continuados foi aproveitado o espaço do antigo hospital da Chamusca, o que representou um investimento que contou com diversos apoios comunitários e, enquanto provedor, Fernando Barreto fez questão de salientar mais uma vez o papel da Câmara Municipal da Chamusca: “Em todas as obras que fazemos, podemos contar com o apoio do município, que nos ajuda sempre que o solicitamos. Nunca nos negou qualquer ajuda e tem sido um parceiro excecional. Sem o apoio desta entidade municipal não teríamos feito grande parte da nossa obra”. De referir ainda que são pertença da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca o cine-teatro, a praça de touros o edifício de S. Francisco, as Igrejas de Misericórdia, de S. Pedro e da Sra. Do Pranto. | Portugal Inovador Agosto I 19 Portugal Inovador Há cinco séculos ao cuidado dos abrantinos A Santa Casa da Misericórdia de Abrantes foi uma das primeiras a ser criada. Esta instituição está localizada no anterior Hospital Salvador, que tem sido adaptado para melhorar a qualidade de vida de um grande número de utentes. A enfrentar Alberto Margarido seguiu a sua experiência como vice-provedor e, sempre ligado à vertente social e comunitária, foi convidado para assumir o cargo de provedor. “Estar ligado à Misericórdia ajuda-me a esquecer os meus problemas e a pensar nos outros. Hoje, estou aqui porque percebi a minha vocação para ajudar o próximo e para tentar dar o meu melhor nesse sentido”, conta com satisfação. Das valências da Santa Casa da Misericórdia, no sentido de dar resposta aos pedidos do concelho de Abrantes, consta um Centro de Dia, cerca de 40 pessoas em Apoio Domiciliário, um Lar de Idosos com mais de 100 utentes, Lar de Infância e Juventude (LIJ) para raparigas dos 13 aos 18 anos, Creche e Jardim de Infância e um Centro Médico. Complementando estas estruturas, 20 I Agosto a Misericórdia de Abrantes dispõe de serviços de Psicologia, Serviço Social, Animação Cultural, Fisioterapia e Geriatria. “As nossas valências têm-se complementado positivamente e tivemos muita sorte com os profissionais que escolhemos. Queremos, nos próximos meses, explorar outras vertentes e abranger outras áreas de necessidade”, esclarece o provedor. Uma das valências mais realçadas na nossa entrevista com o provedor foi o LIJ, que tem fornecido acompanhamento às necessidades das jovens que nesse lar se encontram, direcionando muitas delas para diferentes atividades, com a intenção de decidir uma profissão ou função. “Temos jovens que se dedicam a variados desportos e, muitas outras encontram o caminho para o futuro nos cursos profissionais”, elucida Alberto Margarido. O provedor afirmou, reticente, que a maior preocupação com que se confrontam atualmente é com a falta de capacidade de resposta para a procura existente. “Quanto à institucionalização dos utentes, não temos espaço onde os alocar. Este é um problema que muitas outras Santas Casas enfrentam e deve-se à enorme procura de idosos com idades superiores a 85 anos e que, felizmente, devido à excelente esperança de vida que temos atualmente, permanecem nas nossas instalações por muitos anos”, completa. Para o futuro, o provedor referiu alguns projetos que têm sido pensados quanto a obras nos espaços e a manutenção da igreja que têm na instituição e, também, a abertura de uma lavandaria interna juntamente com a construção de um edifício complementar ao lar, de caráter privado. | Portugal Inovador Agentes do Desenvolvimento Local Agosto I 21 Portugal Inovador Terra Fria com coração quente Desde a sua fundação, em 1995, que a AMTFNT tem por objetivo promover e desenvolver projetos de interesse comum dos seus associados e ser um espaço privilegiado de reflexão estratégica dos municípios de Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais. “O turismo tem de ser apresentado com escala, organizado e integrado para podermos ser competitivos ao longo de todas as épocas do ano e não apenas em determinados períodos...” A Associação de Municípios da Terra Fria do Nordeste Transmontano (AMTFNT) esteve na origem de entidades como a CoraNE, a Resíduos do Nordeste ou o AECT ZASNET, que têm conseguido debelar outras carências do território e focar-se noutras temáticas importantes para a região, como seja o apoio ao “mundo rural”, a dedicação a questões ambientais ou o desenvolvimento do espaço transfronteiriço. Um dos projetos sólidos e merecedor de apoio comunitário é a Rota da Terra Fria Transmontana, que projetou esta região para o mercado turístico. “É necessário que seja percebido por todos os intervenientes que o turismo tem de ser apresentado com escala, organizado e integrado para podermos ser competitivos ao longo de todas as épocas do ano e não apenas em determinados períodos do ano”, explica Hernâni Dias, presidente da associação. O projeto da Rota da Terra Fria Transmontana tem como objetivo alavancar a economia regional através do setor turístico, especialmente os produtores e empresários que trabalham com os produtos endógenos. 22 I Agosto Escapadinhas da Rota As Escapadinhas da Rota surgem naturalmente como a forma ideal para suprir carências identificadas, desde logo, pois falamos na criação e promoção de um produto turístico organizado com os agentes turísticos locais. “O conceito das Escapadinhas não é novo, contudo, aplicado desta forma, associado a um território é inédito. As Escapadinhas apresentam dois programas concretos aos potenciais clientes, que têm um custo e têm empresas privadas da região que são os interlo- cutores entre os clientes e os agentes turísticos no terreno. A Escapadinha de verão é a primeira a sair seguindo-se a de outono, inverno e primavera, permitindo desta maneira tentar combater a sazonalidade do turismo da região”, explana o presidente da AMTFNT. Mas outras ações concorrem para o correto desenvolvimento das Escapadinhas da Rota: o portal da Rota da Terra Fria Transmontana completamente renovado; a reposição da sinalização da Rota; o guia da Rota da Terra Fria Transmontana em papel e, em breve, a disponibilização gratuita Portugal Inovador em ebook; as Portas da Rota, onde o turista poderá obter informação, degustar produtos da região e, possivelmente, adquiri-los. Também foi criada uma linha de merchandising, recorrendo essencialmente a produtos regionais, como o mel, a castanha, o sabonete de leite de burra, a navalha de Palaçoulo que serão entregues pelos restaurantes e alojamentos aderentes das Escapadinhas aos turistas que adquiram os programas turísticos. Parcerias As parcerias têm sido uma das formas mais conseguidas de realização de projetos, no âmbito da AMTFNT. Desde o Pacto para o Desenvolvimento da Terra Fria Transmontana, cujos parceiros eram os municípios, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, e agora, mais recentemente, com o PROVERE (Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos), onde se realizou um contrato de consórcio com cerca de 40 parceiros das mais variadas áreas, empresas privadas, instituições de Ensino Superior, Associações de empresários, cooperativas e outros intervenientes no território. Também os projetos de índole transfronteiriça contam com vários parceiros Portugueses e Espanhóis, entre empresas e entidades públicas. | Agosto I 23 Portugal Inovador Promoção do território, captação de investimento Beira Douro - Associação de Desenvolvimento do Vale do Douro foi constituída em 1995, com o objetivo de promover o desenvolvimento integral e integrado das populações da área de intervenção. Beira Douro intervém nos concelhos pertencentes ao Vale do Douro Sul, nomeadamente Armamar, Cinfães, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, Resende, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço e Tarouca. A associação apoia, decididamente, os setores de turismo, agroindustrial, património e cultura, artesanato e o desenvolvimento social. Beira Douro elabora a sua atividade com intenção de melhoria direta e indireta da qualidade de vida da população, através de novos equipamentos, postos de trabalho, valorização sociocultural e o aumento da visibilidade regional. Visando o desenvolvimento local, os projetos apoiados visam reafirmar as potencialidades e reduzir os fatores de risco. “Assim, 24 I Agosto consideramos que os projetos apoiados são sempre exemplares, seja pela sua singularidade, seja pela importância para a economia e desenvolvimento social local” elucida o presidente Rui Oliveira. Na nossa entrevista foram destacados alguns: o Espaço multimédia da Quinta do Pessegueiro, na área do enoturismo; Agroturismo da Quinta da Barroca, quanto a alojamento turístico; o centro de Turismo ativo Naturimont; Artesanato em pedra de Noel Monteiro em Moimenta da Beira; Douro’s Flavours, que oferecem chocolate com vinho do Porto e Licores cistercienses; o centro interpretativo da Aldeia da Faia. Rui Oliveira afirma que é de destacar uma área que a Beira Douro acolheu como central para o desenvolvimento da região que é a Captação de Investimento estrangeiro. “Neste domínio, temos desenvolvido ações de captação de investimento que resultaram em investimentos marcantes do setor turístico e vitivinícola, protagonizados no Douro nos últimos anos” explana o presidente. Estas ações continuam a ser levadas a cabo com a nossa rede de parceiros nacionais e internacionais, sobretudo em países de expressão portuguesa. Está, também, em fase de execução o projeto “Douro - Promover o território, Captar o investimento”, na sua versão 3.0, ao qual juntaram a componente de abertura de mercados para os produtos do território, sendo por isso relevante encontrar formas de internacionalizar os produtos estrela da nossa região. Por outro lado, estão também a coordenar um projeto, que visa desenvolver o enoturismo no Douro, e que se designa por Douro Wine Tourism. Considerando o trabalho extraordinário feito para colocar o Porto como um destino turístico de grande notoriedade, por parte das entidades responsáveis, nomeadamente a ATP, não deixa de ser paradoxal que o Douro não esteja a aproveitar os devidos dividendos desse sucesso. “Sabemos que o nosso papel tem que passar pelo esforço de quebrar esse constrangimento e trazer cada vez mais turistas para o Douro e não é compreensível que a promoção turística do Douro seja feita em desarticulação com o setor dos vinhos, pois são ambos indissociáveis”, completa Rui Oliveira. | Portugal Inovador Agosto I 25 Portugal Inovador Uma comunidade dedicada à preservação da qualidade A OesteCim intervém em 12 municípios, soma cerca de 360 mil habitantes, 2200 km2 e 150 quilómetros de costa atlântica. Esta Comunidade de referência celebra 27 anos de experiência a trabalhar em cooperação e a combater opiniões erradas sobre as comunidades. Áreas de Investimento A OesteCim atua nos concelhos de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras. Esta Comunidade Intermunicipal 26 I Agosto apresenta-se coesa e com objetivos definidos: “Elaboramos uma estratégia com a ajuda de uma equipa externa e de parceiros locais dos vários concelhos, havendo consenso quanto às áreas de aposta no investimento”, inicia o presidente. Em primeiro lugar, é necessário investir na agricultura, nomeadamente nos setores exportadores, desde a horticultura, à fruticultura (pêra rocha) e a viniticultura. Seguidamente, o setor agro-industrial e especialmente no que diz respeito ao aproveitamento dos produtos agrícolas de menor calibre e os excedentes, procurando-se soluções inovadoras para a mesma, como é o caso da fruta fatiada, desidratada e saladas de fruta. Em terceiro lugar, o turismo, visto que dispomos de uma natureza cuidada, com mar e serra, e uma riqueza patrimonial inestimável com alta qualificação, “é necessário ligar todos os fatores de valorização do Oeste ao turismo persistente de Lisboa, capitalizando esses turistas para uma zona diferente, mais autêntica”. A região, no entanto, não se limita a estes três pontos. Uma grande vantagem do Oeste é o seu caráter multifacetado em termos de atividade empresarial, que passa por vários setores. “A atividade económica é o que nos dá grande riqueza e o facto de predominarem as pequenas e médias empresas que são mais flexíveis e que melhor se adaptam às crises, tem sido vantajoso para a Região”, afirma o presidente. Central de Compras A criação de uma Central de Compras para os 12 municípios Portugal Inovador que elabora concursos para produtos de interesse transversal aos mesmos e garante o melhor preço. Assim, os municípios podem disfrutar de preços excelentes por serem em maior quantidade (combustíveis rodoviários, comunicações, eletricidade, seguros e refeições escolares) e maior facilidade de contratação. “Esta é uma iniciativa a fortificar que ainda não é muito comum em Portugal, mas tem permitido aos municípios uma poupança de dinheiro e tempo muito significativa na celebração de diversos contratos”, explica Carlos Miguel. Turismo de Qualidade Disfrutando de um clima muito ameno e uma área não construída de 87%, com belas paisagens e praias magníficas ligadas ao património e ao campo, a bandeira do Quality Coast foi inicialmente hasteada por Torres Vedras e hoje estende-se a todo o Oeste. O projeto Quality Coast testemunha que toda a Região enquanto zona costeira apresenta um desempenho sustentável excelente. Este admirável laurel conferido pela Coastal & Marine Union – EUCC beneficia todos os municípios da região Oeste, potenciando um maior desenvolvimento da economia local e maior atractividade na captação de novos investimentos. Protocolos e Parcerias No seu seio, a OesteCim tem outras associações de fim específico, como a AmoMais direcionada para a gestão de resíduos sólidos e a OesteSustentável dedicada à sustentabilidade do território como prioridade. Quanto a parceiros externos, a OesteCim mantém relações com o Turismo Centro, Escolas Superiores e Associações Empresariais. | Agosto I 27 Portugal Inovador “Juntos ganhamos sempre mais” Este é o espírito de trabalho que caracteriza a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), presidida atualmente por Pedro Ribeiro, autarca de Almeirim. A CIMLT teve as suas origens na antiga Associação de Municípios da Lezíria do Tejo, já há mais de 20 anos. Atualmente, como nos conta o seu presidente, está na sua terceira geração de autarcas. “Temos vindo a cooperar todos; somos gestores de fundos comunitários há muitos anos, com execuções elevadíssimas, e, nesse momento, somos também uma comunidade onde está concentrado um conjunto de serviços”, refere-se assim à sua dinâmica de funcionamento. Esta articulação entre os municípios tem tido os seus benefícios: “Temos uma central de compras eletrónica, que, nestes dois anos, já poupou aos municípios cerca de 9 milhões de euros. Cooperamos também nas áreas 28 I Agosto da higiene e segurança no trabalho ou nas inspeções dos elevadores”. Continuando, afirma que “tudo isto só é possível porque há um entendimento perfeito entre os presidentes de câmara e as decisões são tomadas por unanimidade”. Os responsáveis por estes municípios “conhecem-se, entendem-se e os novos são integrados de forma perfeita”. Um território privilegiado A CIMLT tem como municípios associados Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém, onde está sediada. “Estamos suficientemente perto da capital mas também suficientemente longe dos aspetos negativos que a capital possa ter”, afirma, descrevendo ainda que a vida nestes territórios é “melhor, mais calma e mais económica, não deixando de garantir um acesso rápido a qualquer lado”. O contributo das instituições não é alheio à qualidade de vida que a Lezíria do Tejo oferece: “No Quadro Comunitário anterior gastámos muitas dezenas de milhões de euros na requalificação das escolas, por exemplo, e todos temos vindo a investir na requalificação urbana, nos parques urbanos, nos pavilhões e nos equipamentos culturais e desportivos”. A cultura é também outro assunto digno de atenção, num Portugal Inovador “Temos vindo a investir na requalificação urbana, nos parques urbanos, nos pavilhões e nos equipamentos culturais e desportivos” território de características muito diversas: “Rio Maior está mais associado à região Oeste, Coruche ao Alentejo, a Golegã ao Médio Tejo e cada município faz essa promoção individualizada mas, sendo a capital da região Santarém, tem sido possível fazer a divulgação do que todos nós temos. Não valemos só pela questão patrimonial edificada mas também por todo um património de saberes, como tradições, festas populares, gastronomia ou a cultura associada ao touro e ao cavalo”. Esta riqueza tem vantagens evidentes no turismo, além da grande mais-valia que constitui o posicionamento da região no território nacional, não estivesse esta região entre Lisboa e a “cidade com mais turistas por metro quadrado, que é Fátima”. Por contar com estas condições, a aposta da CIMLT passa “não apenas por atrair pessoas mas também garantir que fiquem, consumam e invistam na região”. | Agosto I 29 Portugal Inovador Em prol do desenvolvimento do Alto Tâmega Criada na década de 80, a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega – ADRAT, procura criar projetos de desenvolvimento de forma a preservar a identidade rural, as tradições e os recursos da região. A ADRAT é uma das associações de desenvolvimento local mais antiga do país. Fundada em 1989, esta instituição procura envolver o maior número de agentes locais para coordenar uma estratégia de desenvolvimento integrado, muito baseado na identidade do território e na captação e contrução de ferramentas de apoio. A área de atuação da associação estende-se aos concelhos de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços. As linhas orientadoras do trabalho da ADRAT passam pela cultura de desenvolvimento, inovação e conhecimento. De acordo com António Montalvão Machado: “Desde o início, que a nossa maior preocupação continua a ser promover um processo de desenvolvimento baseado nas pessoas, no território 30 I Agosto e no fomento de uma cultura de desenvolvimento onde o território tem de ter capacidades para se autopromover e desenhar o seu modelo de vida”. Hoje, a ADRAT agrega à sua volta as autarquias, associações empresariais, cooperativas agrícolas, associações de produtores e outros importantes atores do Alto Tâmega, porque “hoje, não é possÍvel fazer um modelo de desenvolvimento sozinho e este tem de ser adquirido através da cultura, do respeito e da cidadania. Temos de trabalhar em rede com as diversas instituições para sermos úteis e trabalharmos da melhor forma em prol da região”, afirma. Fazer com que o território do Alto Tâmega seja diferente, forte e com uma cultura de desenvolvimento muito própria é um dos grandes desafios que a ADRAT enfrenta. Para isso, “nós temos gerido vários projetos e programas de apoio direto à criação de emprego e de empresas. Aquilo que queremos enquanto instituição é concretizar projetos que sejam inovadores”, revela o secretário geral da associação. Para tal, esta instituição tem investido num conjunto de programas que permitam às pessoas adquirir um conjunto de conhecimentos e competências através da formação. Além disso, procura criar oportunidades para que haja lugar à instalação de empresas e “aí temos colaborado com os municípios que visaram a criação de um ninho de empresas e de parques industriais”, acrescenta. António Montalvão Machado, explica que a falta de conhecimento e inovação no mundo rural é um dos problemas que a ADRAT tem tentado solucionar: “O que faz falta neste momento é que todas as instituições trabalhem na criação de equipamentos, oportunidades e estruturas de apoio a pessoas que querem trabalhar”. Segundo o secretário geral da ADRAT, o Alto Tâmega tem um potencial imenso para ser diferente, pois “desde o Barroso à Terra Quente temos uma variedade muito grande, que nos permite construir um território diferente, apoiado no turismo rural e na inovação turística”. | Portugal Inovador Agosto I 31 Portugal Inovador Qualificar para criar oportunidades de desenvolvimento Tendo como missão a promoção do desenvolvimento rural a Corane – Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina, tem vindo a assumir um papel pró-ativo na qualificação do território (Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais). Sendo localmente a entidade responsável pela gestão do PRODER, esta entidade tem vindo a privilegiar o apoio a investimentos com caracter reprodutivo, isto é, para além de representarem uma mais-valia na qualificação dos recursos endógenos, na criação de postos de trabalho e fixação de população no meio rural, contribuem para a criação de valor acrescentado de riqueza. Neste último quadro comunitário de apoio os instrumentos de apoio financeiro disponibilizados pela Corane foram particularmente aproveitados por dois sectores, considerados estratégicos para o território: a criação de unidades de transformação de produtos e uma aposta claro no aumento da capacidade de alojamento e animação do território na sua vertente turística. Mais de 3,5 milhões de euros de fundos comunitários foram aplicados no 32 I Agosto setor do turismo. A nível dos investimentos públicos destaca-se, por exemplo, a obra realizada no Parque Biológico de Vinhais, concretamente a construção da piscina biológica e a criação do Centro Micológico. Duas infraestruturas diferenciadoras, capazes de atrair visitantes, de dinamizar economicamente a região, de criar riqueza. Este investimento é visível no território que atualmente apresenta uma grande oferta, de qualidade, por exemplo em unidades de Turismo Rural. Os exemplos sucedem-se um pouco pelos quatro concelhos, ali se criam postos de trabalho, muitas vezes se vendem produtos locais, se promove e se vende a região. Também na área de animação e da restauração há investimento visível realizado através da Corane. Os diversos setores de atividade no mundo rural tem uma importância complementar, se há unidades de alojamento que recebam turistas há visitantes que consomem os produtos da região, os compram e levam consigo, que usufruem dos equipamentos de lazer, que contratam empresas de animação para realizar diversas atividades, que visitam e vivem o território na sua plenitude. A Corane tem apostado na formação e qualificação da comunidade local, dotando os residentes de ferramentas e conhecimentos que lhes permitam gerar riqueza a partir dos recursos endógenos, explorar as atividades tradicionais, aproveitar novas oportunidades que possam surgir, criar o seu próprio negócio. A temática dos cogumelos é disso exemplo. Este recurso abundante na região é atualmente apreciado e valorizado como anteriormente não era. A realização de diversos cursos de formação, passeios micológicos, jornadas gastronómicas, provadas de degustação e tantas outras atividades desenvolvidas pela Corane surtiram efeito e hoje este produto constitui uma fonte de riqueza que está a ser aproveitada, nomeadamente na gastronomia local. Este produto deu inclusive origem a uma associação Micológica, a Xixorra, que reúne dezenas de associados empenhados em continuar a valorizar e a aproveitar todo o potencial gastronómico, produtivo e turístico que representa a fileira dos cogumelos. | Portugal Inovador “Somos um exemplo de trabalho em rede e parceria há mais de 20 anos” A DESTEQUE - Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente tem como principal objetivo promover o desenvolvimento do território, valorizando os recursos naturais e culturais. Esta Associação criada em 1991, tem por objeto a dinamização das pessoas, atividades e território do Nordeste transmontano. Os recursos da Terra Quente estão, de acordo com Aurora Ribeiro, coordenadora da DESTEQUE, “contidos na sua paisagem e na sua cultura e, nós apoiamos as iniciativas de investimento dos agentes locais, no sentido da criação de riqueza e valorização sócio-económica e cultural e efetivado num trabalho de proximidade, qualificado e competente, e de valorização da identidade local e regional”. A DESTEQUE trabalha em complementariedade com outras entidades públicas e privadas, a nível nacional e regional. Aurora Ribeiro garante que “as associações de desenvolvimento local são as entidades de maior representatividade social dos territórios, porque temos na composição as Câmaras Municipais, as Associações Comerciais e Industriais, as fileiras agro-alimentares e o setor sócio-cultural. Somos um exemplo de trabalho e parceria em rede há mais de 20 anos”. Levar Trás-os-Montes mais além A grande prioridade da DESTEQUE é levar o nome de Trás-os-Montes mais além e, para isso, em parceria com a Corane abraçou dosi projetos inovadores: o Try Nordestin e o Smart Travel ‘ 14. “Andamos há 20 anos à procura de uma marca para Trás-os-Montes e na minha visão nós temos a marca conseguida para o exterior”. Aurora Ribeiro refere-se ao Try Nordestin, que é um movimento de inovação e promoção de destino turístico territorial, que pretende abranger todo o Nordeste de Portugal. De acordo com a nossa interlocutora, esta é a marca que deve promover esta região. “Try NorDestIn é a marca, porque cabe lá o turismo, a agroalimentar, o património. Para mim esta é a marca ideal para todo o Nordeste e que podemos usar dentro do país e no estrangeiro”, refere. Já o Smart Travel‘14 é um evento mundial que vai ser realizado no Nordeste transmontano e “isso sim, é uma audácia”. Este é um projeto que pretende divulgar internacionalmente o território do Nordeste transmontano, enquanto destino turístico inteligente. “Termos feito esta candidatura e ela ter sido aprovada, é a audácia, associada à competência e vamos ter um evento de nível mundial no nosso território. Este conceito de destinos inteligentes é inovador, mas há uma particularidade, é que esta ideia é original de empresários do Nordeste transmontano”, conclui. | “Contidos na sua paisagem e na sua cultura e, nós apoiamos as iniciativas de investimento dos agentes locais” Agosto I 33 Portugal Inovador Valorizar o território A CIM Médio Tejo integra 13 municípios. A presidente, Maria do Céu Albuquerque, também autarca do município de Abrantes, apresenta-nos os diferentes pilares da sua intervenção. Falar da CIM Médio Tejo é falar dos concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas, Vila de Rei e Vila Nova da Barquinha. “A nossa região não é fácil de gerir por corresponder a um território muito vasto e disperso”, refere, acrescentando que, dentro deste conjunto de municípios, “não há uma cidade que polarize, mas sim um conjunto de cidades médias que criam uma dinâmica de polarização relativa aos territórios de menor dimensão”. Neste contexto, o desafio presente passa pelo respeito por uma “lógica de solidariedade” entre os municípios, que desenvolva a re- 34 I Agosto gião de forma integrada mas pela qual “cada um consiga criar valor dentro do seu próprio território”. Cada autarca tem de “olhar para o seu próprio território enquanto líder da comunidade que o elegeu, olhar para o que esse território tem para oferecer e capitalizar isso sempre numa lógica supramunicipal”. Um objetivo assumido é a valorização dos recursos endógenos da região e do seu potencial turístico. “Queremos criar uma oferta turística estruturada”, assume. “Um fator muito importante que aqui temos é Fátima e temos o objetivo de conseguir que as pessoas venham mas fiquem e queiram conhecer o resto do território”, continua, lembrando exemplos de outros pontos de atração turística com relevância nacional como o Castelo de Almourol ou o Convento de Cristo. Paralelamente ao turismo, entre outros recursos que valorizam esta região destacam-se o rio Tejo, assim como o Zêzere, mas também a floresta e a produção de azeite, vinho ou enchidos. O desenvolvimento empresarial merece também a atenção da CIM, que procura incidir na dinamização dos setores que se destacam em diferentes municípios, como a logística em Torres Novas, o ensino em Tomar ou a energia e metalomecânica em Abrantes. “Temos de olhar para as características de cada município e procurar captar mais investimento e fixar mais quadros jovens”. | Portugal Inovador O desenvolvimento local com identidade Instituída em 2007 para servir os concelhos de Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis, a ADRITEM (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria) alargou, entretanto, o seu âmbito de intervenção aos municípios de Albergaria-a-Velha, Valongo e Gondomar. “Temos estado a apresentar candidaturas a outras linhas de financiamento para a qualificação das empresas do território, nomeadamente ao nível da eficiência energética (SI Qualificação) e na organização de missões empresariais”. HÁ FESTA NA ALDEIA “Contribuir de forma ativa para o desenvolvimento dos municípios que servimos é a nossa tarefa diária, num desafio que assumimos desde a primeira hora”, declara Emídio Sousa, responsável pela associação e também presidente da Câmara de Santa Maria da Feira. A ambição é “afirmar estes cinco dinâmicos concelhos como um destino privilegiado de lazer, cultura e consumo de produtos tradicionais de qualidade”, valorizando os seus recursos endógenos (naturais, culturais, históricos, arquitetónicos e humanos) por via da implementação e gestão de programas, projetos e iniciativas de interesse público. APOIO AO INVESTIMENTO “O nosso papel tem sido decisivo para a concretização de projetos que, de outra forma, não eram possíveis e que contribuem para o bem-estar das populações”, considera. Na prática, o pacote inserido no PRODER que a associação tem gerido já ultrapassou os 12 milhões de euros e em cinco anos resultou na criação de cerca de 100 postos de trabalho. A potencialização destes investimentos é, naturalmente, uma das preocupações que marcam o quotidiano da ADRITEM, por serem, como o próprio responsável reconhece, instrumentais na “fixação das pessoas nos seus territórios de origem e por serem também investimentos que têm impacto na vida das pessoas quer a nível cultural quer social”. Sobre o balanço que faz deste trabalho, Emídio Sousa mostra-se satisfeito, mas não quer ficar por aqui: Areja, Couce, Porto Carvoeiro, Ul e Vilarinho de S. Roque são as cinco “Aldeias de Portugal” que se podem encontrar nas Terras de Santa Maria e foi com vista à promoção daquilo que se pode encontrar nestas localidades que a ADRITEM projetou uma das suas iniciativas mais assinaláveis. O “Há Festa na Aldeia” é, segundo Emídio Sousa, “um exemplo não só pelo seu pioneirismo, mas também por criar um novo foco de atratividade nestes espaços rurais com características próprias”. Seguindo o objetivo de “divulgação patrimonial, dos usos e costumes e também da gastronomia”, este projeto trabalha com as populações ao longo de todo o ano para, entre junho e setembro, mostrar toda essa dinâmica num conjunto de “eventos-âncora que são sempre muito participados”. O primeiro passo foi dado no ano passado e agora, em 2014, as expetativas passam por solidificar um projeto que “fazia falta para a qualificação das aldeias envolvidas”. | Agosto I 35 Portugal Inovador Douro: património nacional e mundial Elevar a imagem da região do Douro e dos seus produtos dentro e fora de portas é a missão da Associação Douro Histórico. A Douro Histórico surgiu em 1992 com o objetivo de dar resposta à implementação do programa Leader. Ao longo de vinte e dois anos de existência, a associação, que abrange os concelhos deAlijó, Sabrosa, Murça, Vila Real, Santa Marta, Peso da Régua, Mesão Frio e as freguesias ribeirinhas de Tabuaço, tem vindo a desenvolver trabalhos com vista à sustentabilidade do território, através de linhas de financiamento para apoiar projetos criados com o intuito de colmatar as necessidades locais. “Tudo o que foi feito foi com base na auscultação das pessoas e na visita ao terreno. Assim se abriram as candidaturas aos projetos apoiados por nós”, introduz Manuela Pires, coordenadora da Associação Douro Histórico. Investir e dinamizar a região do Douro é o objetivo desta associação 36 I Agosto que desenvolve projetos com ênfase nas duas maiores potencialidades do território – o vinho, em particular através do enoturismo e apoio à comercialização, e o alojamento turístico. Estes tópicos foram altamente beneficiados no último quadro comunitário, através de “um grande volume de projetos ao nível do empreendorismo”. Os projetos baseavam-se na melhoria das condições e no aumento da atratividade do território, asssociado à promoção das quintas de enoturismo e dos vinhos, que suportam toda a economia da região. “É essa a base que sustenta o nosso trabalho. Cada vez mais com o sentido de projetar a imagem do Douro e dos vinhos para o estrangeiro”, complementa Luís Tão, vice-presidente da direção. “Independentemente da ação da Associação, quem investe no Douro tem de ter presente que a internacionalização é necessária. Um dos problemas desta região prende-se com a dimensão das quintas e da sua produção. Um investidor tem de ter dois objetivos em vista: atrair turistas e internacionalizar o seu produto”, acrescenta Manuela Pires. Os nossos entrevistados confirmam que os novos empresários já têm essa mentalidade e procuram nichos de mercado adequados ao seu produto. “O segredo está sempre na produção com muita qualidade, independente da quantidade, mas isso continua a ser um entrave à internacionalização”. Ainda em fase de transição para o novo quadro comunitário 2014-2020, a Associação Douro Histórico perspetiva um novo quadro maioritariamente imaterial focado “na animação, formação e na criação de emprego”. No entanto, é certa a continuidade da aposta em projetos agrícolas (investimentos até 25mil €) e de transformação (investimentos até 200mil euros). O turismo e o alojamento serão também contemplados, “se bem que menos direcionado para a criação, mas sim para a requalificação de unidades de alojamentos”. Em final de conversa, Luís Tão não deixa de reforçar que, apesar de todos os investimentos que têm vindo a ser feitos, “Trás-os-Montes não conseguiu ainda estancar a saída de cidadãos”, nomeadamente jovens qualificados. “Tornar este um território atrativo para as pessoas com condições de vida e emprego deve ser o caminho a seguir”, conclui. | Portugal Inovador Na génese da valorização local Direcionando as suas atenções para o turismo rural e para a valorização de produtores agrícolas, a Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte (ADIRN) atua em seis concelhos onde promove iniciativas para melhorar as condições de vida da população residente. criação de 231 postos de trabalho. “Todas as atividades que a ADIRN tem desenvolvido têm sido entendidas como meios para a dinamização e coesão regional do património riquíssimo que temos, tanto em termos sociais, históricos ou rurais. Para tal, apoiamo-nos em diferentes projetos que foram criados para a obtenção da promoção desejada para os concelhos de intervenção da Associação”, explica o presidente, Pedro Ferreira. Templar A ADIRN envolve, atualmente, o território de Alcanena, Ferreira do Zêzere, Ourém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova de Barquinha, considerando também uma expansão para o Entroncamento. A Associação nasceu em 1991, juntamente com o surgimento do programa de iniciativa comunitária LEADER e, desde então que tem direcionado a sua atividade para a gestão desse programa, privilegiando a área do Turismo Rural e Valorização dos Produtos Locais. O programa LEADER tem sido uma grande aposta do estado português, de modo a valorizar o agroturismo, a gastronomia e pequenas e médias empresas instaladas no meio rural com a finalidade de tornar os serviços e produtos dos territórios mais competitivos. No âmbito do sub programa 3 “Dinamização das Zonas Rurais” – abordagem LEADER do PRODER, durante o período de 2007-2013, foram aprovados no território de intervenção da ADIRN, 135 projectos de investimento nas áreas do turismo, diversificação de actividades na exploração agrícola, valorização e conservação do património rural, serviços básicos para a população rural e microempresas de variadas actividades económicas. A totalidade destes projectos correspondem a uma aplicação financeira de €19.326.277,07 de investimento total e €11.585.118,31 de comparticipação pública, com previsão da A empresa Templar é uma agência de viagens e de animação turística que iniciou a sua atividade em 1997, apoiada na ADIRN, com a missão de promover iniciativas de turismo rural, turismo de aventura, ecoturismo, turismo cultural e turismo desportivo. Formações Modulares Certificadas Através do financiamento do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), a ADIRN vai realizar no ano 2014 formações nas áreas de Turismo e Lazer, Produção Agrícola e Animal, Floricultura e Jardinagem, Comércio, Higiene e Segurança no Trabalho a serem efetuadas nos seis concelhos de território de intervenção da ADIRN. | Agosto I 37 Portugal Inovador Potencializar o Douro A Douro Superior Associação de Desenvolvimento (DSAD) foi constituída em 1994 com o intuito de promover o desenvolvimento nos concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro. Com uma atuação alargada, as atividades agrícola e turística, o apoio a empresas, ação social, a promoção e valorização do património rural, foram setores trabalhados no quadro comunitário que agora termina. Em conversa com a coordenadora Catarina Dias, percebemos que o trabalho da Associação tem dado frutos, conseguindo captar um maior número de projetos para a região. “No quadro comunitário, que agora finda, focámos a nossa atuação nas micro empresas para que estas se pudessem renovar dando continuidade ao trabalho desenvolvido. Não podemos descurar a importância que as novas tecnologias têm no meio rural e aguardamos novas medidas de incentivo”. Sediada em Torre de Moncorvo, 38 I Agosto a DSAD pretende divulgar as potencialidades de uma região ainda subaproveitada através de projectos de cooperação interterritorial e transnacional. “A parceria entre os concelhos é crucial para a região e o trabalho em rede fortifica-nos”, reitera. Desta forma, já preparando o novo quadro comunitário 2014-2020, a DSAD está a fazer um levantamento no local das necessidades e expectativas por forma a criar uma estratégia de futuro. A coordenadora reporta-nos ainda o aparecimento de alguns jovens empreendedores que encaram o setor agrícola como uma oportunidade de negócio, “com vontade de trabalhar e de valorizar o produto local”. “É necessário complementar esses investimentos com outras práticas para a captação de turistas e dinamização da região”, defende. Deste modo, procuram promover medidas para apoiar investimentos que se enquadrem nos seus objetivos: “Falamos, por exemplo, de formação apoiada pelo POPH que visa atingir ativos, desempregados e empregados em regime laboral e pós-laboral (cursos de artesanato, comércio, indústrias alimentares, hotelaria e restauração, turismo e lazer, entre outros)”. A adesão a estas iniciativas tem sido muito satisfatória, sendo uma ferramenta que abre horizontes através do conhecimento e da conquista de novos contactos”. Excercendo um forte trabalho de apoio e proximidade à comunidade, Catarina Dias assume que a DSAD tem vindo a colher os resultados dos projetos realizados nas últimas duas décadas. “No futuro, iremos dar continuidade ao trabalho desenvolvido aproveitando todas as ferramentas com vista à diversificação da oferta. No plano estratégico para o quadro comunitário 2014/2020 consideramos essencial, a criação de emprego, para o desenvolvimento e coesão social. Todas as nossas ações estão sempre direcionadas a promover novas oportunidades de emprego para os habitantes. Já se criaram boas dinâmicas e projetos tanto nacionais como internacionais. Agora, temos que dar continuidade ao trabalho desenvolvido criando e dinamizando novas oportunidades”, conclui. | Portugal Inovador Estratégias de desenvolvimento para o Alto Tâmega António Cabeleira, responsável pela Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e também presidente da Câmara Municipal de Chaves, falou connosco acerca dos desafios que a sua região tem pela frente. Agrupando os municípios de Chaves, Montalegre, Boticas, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena, a CIM do Alto Tâmega dá resposta às necessidades de 95 mil habitantes. Sobre as competências de instituições e sobre o que representam na administração do território nacional, António Cabeleira manifesta a sua expetativa de que, futuramente, haja um reforço do seu âmbito de competências. “Estou convicto de que isso vai acontecer, em domínios como a educação, a saúde ou o emprego”, assume. O alargamento da intervenção destas instituições de âmbito regional contraria, na sua ótica, o tratamento “pouco equitativo” a que tem sido sujeito o território nacional e as populações. Dando como exemplos a oferta cultural ou os transportes públicos, António Cabeleira nota evidentes assimetrias: “Um pouco por todo o país, quem suporta esses serviços são os municípios, ao contrário do que acontece nas áreas metropolitanas de Lisboa ou Porto, que beneficiam de equipamentos financiados pelo orçamento geral do Estado”. FOMENTO EMPRESARIAL O tecido de empresas que se encontra no território do Alto Tâmega é, infelizmente, visto pelo nosso interlocutor como sendo ainda “débil e pouco estruturado”. A interioridade continua a ser um problema na captação de investimento, mas o enquadramento geográfico desta região pode também resultar numa mais-valia: “É certo que uma empresa cuja produção esteja direcionada para a exportação de via marítima ou ferroviária poderá ter preferência por outros locais. No entanto, há que lembrar que, para quem quiser exportar por via rodoviária para o centro da Europa, estamos no melhor local do país. Estamos imediatamente ao pé da fronteira e o caminho rodoviário mais próximo para a fronteira de Espanha com França é o que começa aqui”. No aspeto empresarial, a aposta principal recai sobre o aproveitamento daquele que é o grande recurso natural da região, que é, nomeadamente, o solo. Nesse sentido, o objetivo é a dinamização de um forte setor agro-alimentar: “Estamos a criar uma estrutura que consiga organizar melhor a produção, a promoção e a comercialização de um conjunto de produtos característicos do Alto Tâmega. Temos vários exemplos que são referência a nível nacional, como o presunto de Chaves, o presunto do Barroso ou o cabrito do Alvão, mas aquilo que é necessário é conseguirmos adquirir uma escala de produção que nos permita exportar. Não faz sentido estabelecer uma relação comercial com alguém na Alemanha com base numa oferta de mil unidades, precisamos de o fazer com umas cinquenta ou cem mil”. Como garante António Cabeleria, esta aposta no setor primário não passa pelo retorno ao “modelo do agricultor pobre dos anos 60”, mas sim de “verdadeiros empresários agrícolas que saibam tirar proveito das suas empresas”. | Agosto I 39 Portugal Inovador CIM do Douro: rosto da unidade e maximização desta região Francisco Lopes, presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, revelou, em entrevista, as suas reais pretensões para o desenvolvimento geral da região. No nosso périplo pela procura de perceber o papel das comunidades intermunicipais, fomos ao encontro da Comunidade Intermunicipal do Douro, fundada em 2006, com sede em Vila Real e delegações em Lamego em Torre de Moncorvo e que se compõe por 19 municípios - cerca de 220 mil habitantes - distribuídos pela região do Alto Douro, integrando os sub espaços regionais do Douro Norte, Douro Sul e Douro Superior. “A escala municipal há muito que se tornou insuficiente para os desafios atuais que os municípios enfrentam”, começou por dizer Francisco Lopes em relação à razão da fundação destas novas comunidades. Caracterizando esses “desafios” como “globais”, “específicos” e “complexos”, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro argumentou ainda que a criação “sustenta-se na 40 I Agosto base das NUTS III”, com a intenção clara de “homogeneizar uma região em termos de conhecimento, empreendedorismo e qualificação, articulando estas entidades administrativas com as unidades estatísticas comunitárias. De acordo com Francisco Lopes, as ameaças “futuras são evidentes”. Dessa forma, é fundamental “a união de esforços” de forma a atingir o seu grande objetivo: “Deparamo-nos com a gestão de dificuldades do território, nomeadamente a desertificação e redução da população. Queremos que, em 2020, possamos ter uma região mais competitiva, coesa, solidária e que possa ter sustido à perda populacional, que tenha criado riqueza e novos investimentos”, disse. A coexistência de três comunidades permite “um olhar comum em termos de potencialidade e capacidade”, tendo em vista “a homogeneidade, proximidade e identidade dos territórios”, de forma a atingir a finalização dos vários projetos apoiados por fundos QREN: “Pretendemos a criação de emprego, riqueza e apropriação de mais valia. A prioridade foram os centros escolares, no Qren, seguindo-se as acessibilidades, planeamento urbano e promoção empresarial”, afiançou Francisco Lopes. Sublinhado que se destacam como parceiros “ativos” de todas as atividades desenvolvidos em múltiplas áreas da sociedade, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro revelou que foram perentórios na renovação da classificação de património mundial da região do Douro pela UNESCO. Ademais, assumiram também uma posição activa no Museu do Douro, representado, assim, todos os municípios integrantes. Exercendo um papel proactivo “na luta contra fecho de tribunais”, “uma rede de água, saneamento e resíduos, mais eficiente e sustentável”, “um sistema justo de portagens” e “reivindicação de obras como o túnel do Marão, linha área de Trás-os-Montes e a linha ferroviária do Douro”, Francisco Lopes reiterou para o facto da assinatura do compromisso entre as três comunidades intermunicipais, depositando uma palavra de confiança: “Acredito muito nas potencialidades do nosso território e na capacidade dos transmontanos e durienses”, terminou. | Portugal Inovador Promover a região de Trás-os-Montes A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, criada recentemente - Lei 75/2013 de 12 setembro - engloba os concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais. toda a região. Numa carta de intenções enviada ao Executivo apontaram algumas áreas fundamentais de atuação, prometendo o envio de um plano de ação concreto. “Captar investimentos para a região, é fundamental para que esta não se afaste ainda mais, em termos económicos, do resto do país”, refere o presidente Américo Pereira. Competências A criação da Comunidade Intermunicipal prevê a promoção do planeamento e da gestão da estratégia de desenvolvimento económico, social e ambiental do território; a articulação dos investimentos municipais de interesse intermunicipal; a participação na gestão de programas de apoio ao desenvolvimento regional, designadamente no âmbito do QREN e o planeamento das atuações de entidades públicas de caracter supramunicipal. Trás-os-Montes Tirando proveito dos fundos europeus que nas últimas décadas foram aplicados na região, hoje o território apresenta boas estruturas e vias de comunicação que a aproximam dos principais centros urbanos nacionais, “mas a questão social, a baixa densidade populacional e a criação de emprego continuam na ordem do dia”. A CIM das Terras de Trás-os-Montes é uma entidade jovem e os seus intervenientes comungam da vontade de trabalhar em conjunto, partilhando estruturas e ideias. A orientação do próximo quadro comunitário direciona uma grande fatia de apoios para as empresas, nomeadamente no que se refere às questões da competitividade e da inovação. Com vista a tirar o máximo de proveito deste novo plano, a CIM das Terras de Trás-os-Montes, em parceria com a CIM do Douro, a CIM do Alto Tâmega, entidades de Ensino Superior e Associações Empresariais uniram-se para encontrar soluções para o melhor desenvolvimento de Há temáticas que tendem a estar sob a competência da comunidade. Uma dela prende-se com a garantia da mobilidade mínima aos cidadãos. Nesse sentido a CIM das Terras de Trás-os-Montes está a proceder à realização de um estudo com o intuito de analisar a ligação rodoviária dentro dos concelhos e intraconcelhos. “É crucial que se garanta a mobilidade mínima dos cidadãos com a cooperação entre municípios, principalmente nas regiões do Interior”. Entre outras questões, a promoção do território e dos seus produtos, aproveitando a riqueza da gastronomia e das tradições é uma das temáticas que deve ser tratada a nível supramunicipal. “É fundamental a colaboração entre entidades para potenciar a imagem da região a nível internacional”. Ao nível do ensino e formação profissional, é de salientar a presença na região de instituições de ensino – como o Instituto Politécnico de Bragança – fundamentais para a promoção da inovação e da aplicação do conhecimento científico junto das empresas. | Agosto I 41 Portugal Inovador 42 I Agosto Portugal Inovador Ensino Profissional é o caminho! Com mais de dez anos de existência a Escola Profissional Novos Horizontes é uma referência no concelho da Maia. gio já sabem qual a responsabilidade que têm! Aliás, muitos deles acabam por ficar nas empresas onde estagiaram”, refere Paula Miranda. A par da formação profissional, as nossas entrevistadas tentam sempre incutir nos alunos a vertente social. Por este motivo, “fazemos um trabalho mais de caráter social, através dos projetos de turma que implementamos e que procuram fazer a ligação com a sociedade envolvente, a nível da informática, da contabilidade e até mesmo da receção”, assegura a diretora financeira. Estratégia Europa 2020 “Saber ser, saber fazer e saber estar” é o lema desta escola profissional. Sendo uma escola que se tem desenvolvido paulatinamente e cujo projeto educativo assenta na formação em contexto de trabalho e a aprendizagem na sala de aula, a Novos Horizontes oferece aos seus alunos um conjunto de opções, para que estes possam integrar o mercado de trabalho. Em entrevista à Portugal Inovador, Paula Miranda, diretora pedagógica e Isabel Brandão, diretora financeira, explicaram: “Apostamos na formação com qualidade. Somos uma escola que tem cerca de 40 docentes e 250 discentes, mas claro que ao longo dos anos formámos mais de 700 alunos e a nossa diferenciação tem sido a taxa de empregabilidade dos mesmos”. Sendo a única escola profissional no concelho da Maia, esta instituição procura adequar a sua oferta formativa às necessidades do mercado de trabalho. Tal como foi dito por Isabel Brandão, há cursos que são fundamentais e “muitas vezes apostamos em áreas que nos são solicitadas pelos nossos parceiros”. Neste sentido, este ano, a aposta da Novos Horizontes incide nos cursos técnicos de Serviços Jurídicos, Técnico de Restauração e Técnico de Comércio, pois são formações que têm uma taxa de empregabilidade muito alta. Com um conjunto de parcerias que envolvem desde a Câmara Municipal da Maia a diversas entidades da região, esta escola consegue proporcionar aos alunos um conjunto de oportunidades para que estes integrem o mercado de trabalho. “Aqui os nossos alunos são preparados para a vida ativa e quando entram em está- De acordo com o ministro da Educação e do Ensino Superior, Nuno Crato a estratégia para diminuir a taxa de abandono escolar em Portugal, passa pelo incremento dos cursos profissionais. Enquanto diretora pedagógica, Paula Miranda está de acordo com esta solução: “Não tenho qualquer dúvida do sucesso deste tipo de formação. Entendo que será a única mais valia para o nosso país. Temos de vocacionar os alunos para aquilo que o mercado precisa e os quadros intermédios são de maior facilidade de integração no mercado de trabalho”, explica. Estas metas a atingir em 2020 têm, de acordo com as nossas entrevistadas, de ser bem orientadas e “os próprios jovens têm de perceber quais as oportunidades que determinado curso profissional lhes vai trazer”, concluem. | Agosto I 43 Portugal Inovador Artigo de opinião Mais qualificação ou redução do insucesso? O ensino profissional é um tema que, invariavelmente, está relacionado com o teor da nossa publicação. Esta vertente educacional dirige-se, essencialmente, para o tecido empresarial do nosso país. Pelo menos, esse é o seu objetivo número principal. Todavia, e após variadíssimas entrevistas a diretores de agrupamentos escolares de Norte a Sul do país, podemos constatar - tomando a liberdade - que as diretrizes e linhas estratégicas não têm tido a aplicação necessária que se traduza um maior sucesso do que aquele que tem sido obtido. As características demográficas, ambientais e naturais e as próprias necessidades de cada região influenciam de forma direta a escolha e definição dos diferentes cursos profissionais. A aparição do ensino profissional em Portugal remonta a 1837, aquando da criação da Escola Politécnica de Lisboa tendo em vista a criação e formação de profissionais que dariam a ajuda necessária da evolução económico-financeira nacional. Nos anos 80, foi a vez de António Augusto 44 I Agosto Aguiar erguer múltiplas escolas industriais que são relembradas com saudade e merecedora dos mais diversos elogios pela qualidade e experiência transmitida a quem por lá passou. Ao longo dos últimos anos essas mesmas escolas foram fechando as suas portas o que empobreceu a vertente do ensino profissional direcionado ao impulso empreendedor. Atualmente, a situação vivida sofre os efeitos negativos dessa tomada de decisão. Hoje, os alunos que optam pela via profissional no ensino básico ou secundário são, em grande parte dos casos, resultado de insucesso escolar, quem não demonstrou capacidade e vontade em conseguir percorrer o trilho escolar tradicional até ao ingresso no ensino superior. Patamar que, muito dificilmente, atingirão mais tarde. No título está a minha ideia. Será o ensino profissional uma via capaz de fornecer verdadeira qualificação e formar os profissionais necessários ou passará apenas por ser uma “escapatória” à possível desintegração social? “A sociedade atual tem-se caraterizado por rápidas mudanças sociais, tecnológicas e económicas sendo hoje atribuído aos sistemas educativos o mandato de acompanhar essas mudanças”, redigiu Helena Madeira, professora e mestre em Ciências da Educação, num artigo pessoal intitulado “Um Percurso Escolar Diferente Para a (Re)construção de Projetos de Vida”. Não poderia estar mais de acordo. A globalização, movimentação de ideais, culturas ou estilos de vida influenciou de tal forma o mundo em que vivemos, que o ensino, mais que nunca, deve ser capaz de mostrar o caminho do sucesso num só caminho e sem desvios. | Hugo Lopes Portugal Inovador Região Centro Agosto I 45 Portugal Inovador Reciclar, para um futuro sustentável A Tecplasnova é uma empresa portuguesa de referência no setor da reciclagem de materiais técnicos de pós produção. A revista Portugal Inovador foi conhecer a dinâmica desta indústria, junto do seu fundador. Criada em 2001 por Américo Regalado, um experiente profissional do setor da injeção de plásticos, a Tecplasnova tem apostado permanentemente na aquisição de maquinaria de ponta, na qualidade dos materiais que produz, assim como na contratação de novos colaboradores, facto que tem conquistado exigentes clientes à escala mundial. Hoje, 13 anos passados após a criação desta empresa com as suas instalações fabris na Zona Industrial de Mira, o nosso entrevistado mostra-se extremamente orgulhoso com o trabalho alcançado. “A Tecplasnova prima pela aposta na qualidade e pela inovação nos processos”. Recolhendo materiais de pós produção, oriundos da indústria automóvel, alimentar ou sanitária, os seus fornecedores são empresas portuguesas de referência internacional. “Neste momento, 46 I Agosto estamos a reciclar, por exemplo, materiais da indústria automóvel que antes eram enterrados (como o PP, PS, ABS, PA e o PC+ABS), garantindo uma elevada qualidade nas suas múltiplas utilizações futuras”, explica-nos. Até então, “nenhuma outra empresa em Portugal granulava e reciclava materiais como os designados acrílicos”. A indústria automóvel carecia de um parceiro capaz de reprocessar materiais bastante dispendiosos, muito resistentes ao desgaste promovido pelo calor. Também a indústria alimentar necessitava de uma empresa de reciclagem em Portugal. Neste momento, “estamos a vender esse material, com grande controlo da qualidade, sendo que as indústrias nacionais já não precisam de o adquirir no mercado externo, reduzindo assim as importações e promovendo as exportações”. Consciente da fraca imagem que os portugueses alimentam sobre a indústria da reciclagem, Américo Regalado reforça: “O público, em geral, não tem noção da mais-valia da reciclagem e da complexidade do trabalho que realizamos, sendo que nós trabalha- Portugal Inovador mos única e exclusivamente com materiais técnicos de pós produção. Somos fornecedores de indústrias como, a automóvel, a farmacêutica, do calçado ou a alimentar. Os carros de gama baixa já começam a utilizar materiais reprocessados e os testes comprovam que a maioria destes produtos pode ser reciclado ou granulado até seis vezes, sem perder as suas características essenciais”. Trabalho técnico A aposta na inovação é constante, mas 2014 vai ser um ano de transição dado que a aquisição de uma nova unidade industrial e o processo de certificação, em curso, vão permitir criar as condições ideiais para trabalhar uma marca com produtos certificados, devidamente acompanhados por uma ficha técnica. “Será um modo de oficializar e certificar a qualidade dos nossos produtos e a inovação dos nossos processos que desde sempre nos caracterizou como uma empresa de soluções abrangentes de serviço de excelência ao cliente e valor tangível para a sociedade”, acredita o empresário. Este novo espaço vai servir para otimizar todo o processo de produção. Nesta nova unidade vai ser efetuada a triagem, a limpeza e a trituração dos materiais. Sendo que as presentes instalações destinam-se apenas ao processo de granulação, com certificado de análise laboratorial realizado internamente. “Prevemos a abertura dessa unidade em setembro criando mais postos de trabalho e aumentando o valor acrescentado dos nossos produtos”. Totalmente ajustada às exigências do mercado global, a Tecplasnova é uma empresa que trabalha 24 sob 24 horas. A aquisição de novos equipamentos e a contratação de colaboradores é constante. “Recentemente admitimos mais cinco colaboradores e investimos perto de um milhão de euros em mais duas linhas produção. No total temos quatro linhas – três alemãs e uma suíça –, consideramos que se a maquinaria estiver devidamente ajustada às pretensões do produto final e se o material para reciclar for de excelente qualidade, o produto reciclado é de igual qualidade”. Em final de conversa Américo Regalado não deixa de lamentar a falta de apoio à indústria que sente por parte do Governo português. Para uma indústria que consome energia 24 horas por dia, os custos da eletricidade e o pagamento de elevados valores de IVA, associados a todos os outros encargos tornam a rentabilidade muito aquém do desejado. Apesar de tudo, este empresário apaixonado pela sua profissão, continua a lutar, a investir no seu projeto e a criar postos de trabalho. As expectativas para os próximos anos são positivas: “Trabalhamos para responder às expectativas de todos os nossos clientes, cumprindo prazos de entrega e garantindo qualidade, fomentando exportações e diminuindo a dependência da indústria nacional das importações”. | Agosto I 47 Portugal Inovador AQUI SINTO-ME BEM! (Bem-estar, conforto, requinte e lazer) Desfrute de uma paisagem verde em ambiente calmo no coração do Baixo Mondego! Um misto de bem-estar e requinte! O valor da equipa Quinta Verde Repouso e Lazer Lda., localizada em Carapinheira no concelho de Montemor-o-Velho, tem a missão de prestar cuidados individualizados e personalizados, proporcionando bem-estar, conforto, requinte e lazer aos seus residentes, que por algum impedimento não possam assegurar, temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou atividades da vida diária. O Lar Quinta Verde de génese familiar constituída por três sócios surge da dificuldade em encontrar um local adequado e aprazível para os respetivos pais. A esta ideia juntou-se o fato de possuírem um terreno pertença da família onde foram construídas as atuais instalações. O edifício Lar Quinta Verde, construído de raiz, conta com cerca de 30.000 metros quadrados de zona verde envolvente, em plena harmonia com a tranquilidade e ar puro do campo. Tal como o nome indica o local e 48 I Agosto as instalações proporcionam um misto de bem-estar e requinte aos residentes, que gostem de desfrutar de uma paisagem verde em ambiente calmo no coração do Baixo Mondego! Quinta Verde em movimento A Quinta Verde disponibiliza quartos de casal, duplos e individuais, todos com casa de banho privativa e adaptada, televisão, rádio, telefone e internet. Possui ainda instalações de qualidade, com aquecimento central, janelas panorâmicas com vidro térmico e espelhado para uma melhor privacidade, salas multiatividades, salão de cabeleireiro e salão de festas, “devidamente adequadas às necessidades dos idosos, não existindo barreiras arquitetónicas que impeçam a livre circulação pelo espaço interior e exterior”. A alimentação é equilibrada e variada, ajustada às necessidades de cada residente, e confecionada na instituição. A Quinta Verde presta serviços de excelência de apoio à pessoa idosa, sendo hoje uma empresa de referência, que se destaca por promover um envelhecimento ativo. O reconhecimento desta boa imagem deve-se à qualidade dos seus serviços garantidos por uma equipa qualificada e multidisciplinar que proporciona a máxima segurança, acompanhamento constante e personalizado aos seus residentes. A equipa técnica é composta por: médico, enfermeiras, fisioterapeuta, pedagoga, gerontóloga, técnica de serviço social, operário polivalente, ajudantes de lar e cozinheiras. Resultado das várias parcerias com a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Instituto Superior Miguel Torga, Escola Superior de Educação de Coimbra, Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação de Coimbra e Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física de Coimbra, contamos ainda com a colaboração de diversos estagiários das referidas instituições o que contribui para a dinamização e inovação da Quinta Verde. António Pires, um dos gerentes, não perde a oportunidade para realçar a importância da equipa técnica e auxiliar, que vive de forma apaixonada o dia-a-dia da Quinta Verde: “Tenho um orgulho imenso nesta equipa de colaboradores e estagiários, que se entrega de corpo e alma a este projeto, fazendo deste lar também a sua casa”. A aposta na formação dos quadros que integram a institui- Portugal Inovador ção é constante; áreas como os primeiros socorros, o cuidado ao idoso, a demência, a comunicação e a gestão de conflitos são prioritárias. A demência é uma das patologias que mais se evidencia atualmente entre os residentes. É necessário adquirir e desenvolver competências específicas para prestar tais cuidados com qualidade, não negligenciando o próprio cuidador (ergonomia e gestão emocional). Oriundos de diversas regiões do país, os residentes sentem-se cativados pela tranquilidade da freguesia, pelas modernas instalações, pelos vastos jardins e pomar, e principalmente pelo dinamismo incutido diariamente pela equipa profissional. Aqui são tratados de forma diferenciada e integrados numa dinâmica diária que promove atividades e o convívio. Treino cognitivo, motricidade, sessões temáticas, musicoterapia e excursões ao exterior são algumas das várias atividades realizadas. Quinta A+ A Quinta Verde é um lar amigo do ambiente. “Somos uma empresa autónoma, temos um gerador de emergência que garante o constante fornecimento de energia. Os vários painéis solares instalados no local produzem energia fotovoltaica e energia para aquecimento. “Trabalhamos no sentido de rentabilizar ao máximo as energias renováveis. Somos uma Quinta Verde no verdadeiro sentido da palavra”. | Agosto I 49 Portugal Inovador Mãos protegidas pela Ansell A Ansell Portugal, sediada em Vila Nova de Poiares, no distrito de Coimbra, nasceu em 1989. Hoje conta com uma área de 21.615 metros quadrados. A sua produção incide nas luvas industriais de proteção individual, apostando no serviço de qualidade e na inovação. Ansell em Portugal Hélder Fonseca esteve à conversa com a revista Portugal Inovador para nos falar sobre a sua história. A Ansell existe em Vila Nova de Poiares desde 1989, sob a designação Franco Manufatura de Luvas, Lda. Na altura, a empresa começou com apenas uma linha de produção que ainda hoje funciona, a máquina LP1. Ao longo dos anos as máquinas foram sendo numeradas consoante o seu crescente investimento. Em 1994, expandiram para duas novas linhas de produção na gama das luvas imbuídas em nitrilo com suporte de algodão. Em 1996, deu-se a primeira grande mudança, foram adquiridos por um Grupo inglês, a London International Group (LIG), que mais tarde viria a ser alcançado pela SSL. Em 1999, construíram outra linha de produção, a máquina LP4. Em 2003, foram novamente adquiridos por uma empresa francesa, a Comasec, alterando o nome para Marigold Industrial Portugal, Lda. Posteriormente, a Comasec sofreu uma reestruturação interna, levando ao fecho de algumas unidades de produção do grupo, em outros 50 I Agosto países, tendo a fábrica em Portugal beneficiado com os produtos e ativos transferidos, potenciado o seu crescimento. Em 2009, apostaram na tecnologia RFID (Radio Frequency IDentification), que permitiu trabalhar mais eficientemente a gestão dos materiais e produto acabado, sem erros de expedição. Mais recentemente, em 2012, a Ansell considerou o negócio credível e comprou a empresa Comasec. Neste momento, detem fábricas espalhadas por todo o mundo, com cerca de 12.000 trabalhadores. Após nove meses de a Ansell ter adquirido a Comasec, a equipa de Portugal já estava a lançar artigos completamente novos para o mercado. Em 2010, adotaram a filosofia LEAN Manufacturing, que permite gerar maior fluxo na produção, evitando o desperdício, isto é, após a máquina concluir a fase da produção as luvas são carimbadas, empacotadas, e automaticamente ficam num local até um responsável as transportar para o armazém. A agilização do processo encurtou os tempos de ciclo, tornando-os mais competitivos. “O importante é que a luva siga o fluxo contínuo sem interrupções”, aponta o entrevistado. Neste momento, a fábrica conta com 306 funcionários, beneficiando da localização próxima do Porto de Leixões e do Aeroporto de Sá Carneiro. Grande parte das pessoas que estiveram na origem da empresa ainda se mantêm nos quadros. “Mais de 60% dos colaboradores estão há mais de dez anos connosco”, conta. Como existem áreas de atividade que trabalham sete dias consecutivos por semana, a empresa funciona por turnos, gerando rotatividade, contrariando rotinas. Portugal Inovador Atualidade “Cada vez se torna mais difícil imaginar uma tarefa em que não seja necessário o uso das nossas mãos”, por isso a Ansell Portugal está a par das novas tecnologias, em busca de novas soluções para redução de riscos. Investir em sistemas que permitem automatizar algumas funções, reduzir o consumo de gás, eletricidade e água, apostar na higiene e segurança no trabalho, são os principais cuidados atuais da Ansell Portugal. As suas luvas são produzidas com materiais específicos consoante a finalidade para a qual vai ser utilizada. Luvas com capacidade de resistência ao corte são as mais procuradas pelos clientes. Todas as luvas produzidas são sujeitas a ensaios em laboratórios certificados para reclamar os níveis de proteção atingidos, face às normas em vigor. Neste momento, está em projeto o investimento de uma nova máqui- na inovadora, inexistente no mercado, que irá combinar o conceito de automação de robot com o conceito de corrente contínua na máquina. A máquina, idealizada dentro da própria empresa, será contruída com recurso a algumas parcerias, gerará maior produção, quantitativamente e qualitativamente, mais postos de trabalho, dando melhores acessos às novas tecnologias num presente já inspirado no futuro. | Agosto I 51 Portugal Inovador Especialistas em suspensões pneumáticas Orientada para uma gama de alta qualidade, a Pro4Matic é a empresa de referência em Portugal na venda destes componentes. O gerente, Nuno Durão, sempre foi um aficionado pelo mundo automóvel, embora a este não estivesse ligado profissionalmente. Conforme conta, foi numa altura em que precisou de uma peça destas, que não havia em Portugal, que teve início a sua incursão no setor. Tendo conhecido a Arnott, marca americana de suspensões pneumáticas, tornou-se distribuidor oficial da marca em Portugal. Quatro anos após ter iniciado o seu percurso, a Pro4Matic é a “empresa número um” dentro deste nicho. Estando unicamente vocacionada para as suspensões pneumáticas, “a Pro4Matic não é uma casa de peças tradicionais”. Os produtos que comercializa “são de alta qualidade, com borracha 52 I Agosto Continental ou Goodyear, com preços muito mais acessíveis em relação ao que se encontra nos concessionários oficiais”, refere. A área de atuação passa, sobretudo, por Porto e Lisboa, mas também Madeira, que “já começa a ter algum peso no mercado”, Angola e Moçambique. Sobre esta incursão nos PALOP, Nuno Durão conta-nos que, embora com uma dinâmica de crescimento, a Pro4Matic ainda não ganhou muita expressão nesses mercados por certas particularidades que apresentam: “Há muitos automóveis de alta cilindrada mas muitos ainda usam suspensões convencionais, devido ao nível de qualidade das estradas”. Países como o Luxemburgo ou a Suíça também contam para a atividade da empresa, por via do recurso por parte dos emigrantes. Esta presença no mercado é devidamente suportada por um competente serviço de assistência. “Nós estamos permanentemente contactáveis, mesmo não estando presentes na empresa”, assume. Além disso, há também parcerias com transportadoras como a UPS ou os CTT Expresso, que diariamente vêm pedir e trazer material. “Vendemos equipamento para automóveis de gama alta e, naturalmente, este perfil de cliente é muito exigente e não quer esperar muito tempo”. Ainda no que respeita à rápida e eficaz capacidade de resposta que esta empresa mantém, há que dizer que a Pro4Matic tem as suas peças Portugal Inovador em stock. A distribuição foi facilitada quando a Arnott passou a ter um entreposto na Holanda, uma vez que, anteriormente, a importação era feita diretamente dos EUA. Sobre aquilo que faz, Nuno Durão mostra-se muito satisfeito: “Temos clientes muito exigentes mas isto é muito aliciante”. As expetativas estão apontadas para que, em 2016, a Pro4Matic consiga dominar o mercado ibérico, algo que considera exequível devido aos preços praticados serem inferiores aos de Espanha. “Temos muito interesse nesse objetivo mas pensamos sempre de forma ponderada, agindo cautelosamente”, conclui. | Quatro anos após ter iniciado o seu percurso, a Pro4Matic é a “empresa número um” dentro deste nicho. Estando unicamente vocacionada para as suspensões pneumáticas, “a Pro4Matic não é uma casa de peças tradicionais” Agosto I 53 Portugal Inovador Ambiente povoado de encantos Situada no coração da zona Centro, na acolhedora localidade de Tentúgal, com grande aposta no mercado de realização de eventos e do turismo de habitação, a Quinta do Mourão coloca alma e vivacidade em todo o seu labor. poderiam faltar, aqui mora a dedicação de José Pinheiro de Castro. Pinheiros mansos, oliveiras, loureiros, sobreiros, carvalhos são algumas espécies encontradas neste espaço. Futuramente espera poder construir bungalows, aproveitando a arquitetura tradicional portuguesa. Centro de Eventos José Pinheiro de Castro, proprietário da Quinta, e Maria do Céu, responsável pela organização dos eventos, não repousam nesse lugar onde os olhos anseiam pelo revivescer de histórias de um passado distante. O passado agora desvendado sob o olhar de pessoas dedicadas e afincadas às raízes que o espaço conserva. Narrativas reconstruídas Sabe-se que a construção da Quinta do Mourão, pertencente ao clero, remonta a 1722. Mais tarde, depois de ter sido invadida na revolução republicana, ficou na posse de uma família nobre que não conseguiu mantê-la. Chegou ao século XXI, onde José Pinheiro de Castro não hesitou em adquiri-la e transformá-la para este fim. A arquitetura do espaço que se pode observar neste momento, foi trabalhada e transformada ao gosto do seu proprietário. A transformação passou pela reconstrução de novos espaços, ampliando a área envolvente, com o requinte e a qualidade que a construção moderna exigem. A criação da estrutura hoteleira compreende seis suítes, com casa de banho privativa, e um quarto de casal; cozinha tradicional comunitária, equipada com forno de lenha. Para os momentos de desporto e lazer têm à disposição piscina, court de ténis e circuito de manutenção. A 54 I Agosto estrutura tem capacidade para crescer, “existem condições para criar mais seis quartos, tudo dependerá da procura que tivermos”, explica o proprietário. Ar tranquilo No contacto tranquilo do exterior há o equilíbrio com a arquitetura, que serena em espaços verdejantes em toda a extensão do jardim. O turismo de requinte é desfrutado na natureza para pessoas que saibam apreciar a beleza do meio rural. Como grande apreciador e conhecedor da vegetação, as plantas não Amplitude de espaços e luz ambiente proporcionam a realização de diferentes eventos nesta obra arquitetónica. O complexo compreende dois salões com capacidade para 2000 pessoas em simultâneo, um auditório com capacidade para cerca de 300 pessoas, lounge bar, salas de apoio, recursos audiovisuais e heliporto. São solicitados para congressos, apresentações, receções, casamentos, batizados, banquetes, entre muitas outras ocasiões. A empresa Arca d’Encantos com marca registada Narcisu’s®, residente na Quinta, está responsável pelo catering, decoração e animação. Não deixando nada ao acaso, Maria do Céu formula um novo conceito em cada evento, adaptando-o ao gosto do cliente, capaz de superar expectativas. | Portugal Inovador Refrescar com pureza As nascentes de água, de inigualável qualidade, designadas por Caldas de Penacova estão situadas na zona Centro, a aproximadamente 1km do Nordeste da Vila de Penacova e a 0,5 km de Vila Nova no vale do rio Mondego. Urbano Marques esteve à conversa com a revista Portugal Inovador para falar sobre a história que está por detrás das Caldas de Penacova. Homem dinâmico, inicialmente laborava no setor ligado às madeiras, mas cedo percebeu a riqueza das águas de Penacova, rodeando-se de especialistas vários. Em 1991, iniciou afincadamente a atividade onde logrou com distinção. Hoje é uma das empresas portuguesas mais procuradas do setor. Águas profundas trocam a sua vida por minerais e o seu oxigênio por nutrientes. O Aquífero de Águas Mineral Natural da Serra do Buçaco apresenta dois locais de extração, um no Luso e outro em Caldas de Penacova. O local constituído por rochas quartzíticas com baixa solubilidade, conferem à água reduzida mineralização. A sua cristalinidade invulgar é muito apreciada em todo o país. Nela encontram-se atribuídas qualidades terapêuticas tornando-a convidativa para muitos visitantes que queiram aí descobrir frescura e cura para doenças da pele, do aparelho digestivo e do aparelho urinário. PRODUZIR RIGOR As águas sujeitas ao rigoroso controlo realizado trimestralmente no Laboratório do Instituto Superior Técnico desde 1995 evidenciam a estabilidade do seu perfil físico-químico. A fábrica de engarrafamento, equipada com três linhas de enchimento individuais para embalagens de diferentes capacidades, uma linha de garrafões com uma capacidade de produção de 6000 garrafões por hora, outra linha de garrafas de litro e meio, com capacidade de produção de 22 mil garrafas hora, e ainda uma outra com capacidade de produção de 40.000 garrafas hora de meio litro ou 0,33, tem uma área de 10.000m2 na totalidade, 3000 m2 desse espaço estão afetos ao estabelecimento industrial, e os restantes 7000 são destinados para o armazenamento e serviços de apoio. Neste momento emprega 65 trabalhadores. Todos os elementos da equipa constituem um papel importante, gerando laços de confiança num crescimento consonante com a natureza. “Temos tido um aumento significativo no mercado nacional, na exportação, com crescimento em África, Macau, EUA e Europa”, especifica. Conscientes da sua infabilidade, valorizam cada fase do seu labor para ganhar novos impulsos à mudança, fornecendo aos clientes, nacionais e internacionais, produto de qualidade a um preço económico, fruto da investigação da qualidade da água, e da modernização na produção de embalagens. Agora o objetivo é entrar noutros mercados internacionais. Em 2013 a sua unidade fabril engarrafou 160 milhões de litros de água e faturou 15 milhões de euros. Valores que querem ver aumentados. A modernização da linha de enchimento e a construção de um novo armazém de logística passarão a dar maior capacidade de resposta, proliferando com maior competitividade. | Agosto I 55 Portugal Inovador Persistência produtiva A Vicometal nasceu em 2001, em Alfarelos, pelas mãos de Carlos Cordeiro. Agora sediada em Vila Nova de Anços, em Soure, cresce gradualmente, apostando na formação dos seus técnicos e nas energias alternativas. cliente pensa que o vem de fora tem mais valor”, contesta. Este facto fez com que começassem a apostar no mercado externo, ganhando aí maior notoriedade. 14 anos a servir o ramo industrial, com a crescente conquista de novos mercados, levam-no a concluir a urgente mudança de mentalidade que o país necessita. Portugal ecológico Precedentemente a este trabalho, Carlos Cordeiro, foi chefe de manutenção industrial numa fábrica, daí despontou o interesse pela atividade por onde mais tarde decidiu enveredar. Foi por essa mesma área, a manutenção industrial, que a Vicometal começou a dar os primeiros passos. Em 2008, o crescimento da empresa permitiu-lhe mudar de instalações para Vila Nova de Anços, alargando o espaço e a abrangência de serviços, dentro da área da metalomecânica, e da elétrica, ainda que com menor relevo. Os primeiros anos difíceis, que Carlos Cordeiro ainda relembra, não o desanimaram. “A grande indústria em Portugal não dá valor ao nosso trabalho, podemos ter melhores profissionais que no estrangeiro, mas o 56 I Agosto Liderar a revolução energética é um dos objetivos de Portugal. Carlos Cordeiro, aproveitando tudo o que de bom as energias renováveis têm para oferecer, conseguiu a representação de duas marcas, dentro da potência de mini produção, de dois fabricantes de geradores eólicos. Mini produção é a atividade de pequena escala de produção descentralizada de eletricidade, recorrendo a recursos renováveis, por intermédio de unidades de mini produção. Segundo o decreto de Lei nº 34/2011 “a potência máxima atribuível para ligação à rede é de 250 kW”. Durante a sua ativida- de Carlos Cordeiro verifica que há um grande desperdício de energia quando transportada, por isso observa que a solução atual não passa pela construção de novos parques eólicos, mas sim pela capacidade que cada indústria tem em produzir a sua própria energia, aproveitando os recursos locais. “Portugal precisa de maior união, somos muito competitivos e pouco unidos”, são as palavras de Carlos Cordeiro quando questionado sobre o seu mercado. A indústria da metalomecânica em 1974 era uma das que mais fortaleciam a economia do país, agora a falta de associativismo, a não oportunidade de estabelecer parcerias e o pobre espírito de entreajuda, levam ao enfraquecimento das várias empresas. A formação assume, por isso, grande importância para Carlos Cordeiro. Já formaram muitos técnicos executantes. Serralheiros, mecânicos, e soldadores continuam a ter vontade de aprender na Vicometal. | Portugal Inovador Crianças crescem nos livros A Europrice, Grupo ibérico dedicado à edição e comercialização de livros infantis, acredita no papel fundamental que o livro pode ter no desenvolvimento do ser humano. Bons hábitos de leitura tornam-se essenciais para formar os cidadãos de amanhã. A empresa teve a sua origem em 1997 e, inicialmente, direcionava-se para representações europeias. Em 2001, estando atento às necessidades dos mercados, surgiu o negócio das edições infantis, conta Manuel Dias. A empresa sediada em Tentúgal – Coimbra, está implantada nos mercados Europeu, PALOP e América Latina. Presente num mercado mais exigente e diferenciado, a equipa da Europrice é constituída pelos melhores profissionais na área criativa, design e editorial, que acrescenta elevados padrões de qualidade e valor ao processo Ensino-Aprendizagem. Crianças situadas na classe etária dos dois aos nove anos são o público-alvo da Europrice. Os livros são adaptados às diferentes idades, estimulam a criatividade, a leitura e desenvolvem os sentidos através de jogos e quebra-cabeças. O contacto com os livros nestas idades torna-se essencial para a sensibilidade e aprendizagem no rico mundo das palavras, mas Manuel Dias não descura as novas tecnologias: “É um nicho a que estamos atentos”, manifesta. Embora ainda se encontrem numa fase embrionária, já estão a desenvolver atividades nesse âmbito. As novas tecnologias não são consideradas inimigas do livro, mas sim um complemento, trazendo novas formas de observar e desenvolver a literatura. As empresas no mundo atual necessitam de um desenvolvimento permanente. É imperativa a premente atualização nesta área de negócio, porque “os produtos têm cada vez uma menor duração, é necessário criatividade e imaginação, por isso somos tão exigentes em relação à nossa missão”, mostra. A globalização trouxe maior abertura de mercados e uma maior competitividade, permitindo acrescentar valor à empresa. A Europrice mensalmente lança diversas obras e tem como finalidade continuar a aumentar a sua oferta. Dentro dos quadros da empresa a formação, interna e externa é imprescindível para o seu progresso. Um negócio que vive da língua, das palavras e da sua compreensão, revela algumas restrições ao nível linguístico em termos de expansão para outros países, mas nem por isso deixa de ser um desafio aliciante e gratificante aos olhos de Manuel Dias. | Agosto I 57 Portugal Inovador “A responsabilidade social é um dos aspetos mais importante” No nosso périplo por Anadia, estivemos à conversa com Álvaro Pereira e Mário Nogueira, corpo administrativo da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia, que partilharam o seu posicionamento estratégico de acordo com o panorama socioeconómico do concelho aveirense. O Grupo Financeiro Crédito Agrícola está presente em Portugal há mais de 100 anos, tendo atravessado várias fases de crescimento e estruturação. Todavia, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia abriu as suas portas à população apenas em dezembro de 1983 – celebrou 30 anos de existência em 2013 –, com o intuito de “dar resposta à necessidade de criar uma instituição de crédito com base cooperativa”, atuando, principalmente, junto do setor agrícola e dos seus intervenientes diretos. A sua influência estende-se a todo o concelho de Anadia, desenvolvendo a sua atividade através de uma rede integrada 58 I Agosto de três balcões, nomeadamente Candieira e Vilarinho do Bairro, além da agência sede. Enquadramento regional Anadia é um município que está localizado “no coração da Bairrada”, região sobejamente conhecida pelo seu leitão, a simbiose existente entre a serra e o mar, a produção florestal, beneficiando da enorme influência atlântica e das características demográficas e ambientais do distrito de Aveiro. A produção vitivínicola mereceu um destaque por parte do conselho administrativo da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia: “É uma atividade em constante evolução, com um acréscimo de novos agentes económicos, quer a nível individual quer a nivel empresarial. A qualidade dos vinhos produzidos tem trazido grande notoriedade à Região da Bairrada e reconhecimento, como comprovam os diversos prémios conquistados quer a nível nacional quer a nível internacional.” Ademais, é notória a existência de um tecido empresarial espalhado por várias zonas industriais direcionado para os setores da cerâmica e metalomecânica. O próprio turismo também tem sido um fator de desenvolvimento e reconhecimento da região, beneficiando da existência de estâncias termais como as Termas Portugal Inovador da Mó e da Curia, recentemente renovadas. De acordo com Álvaro Pereira e Mário Nogueira, Anadia é um concelho que “tem vindo a modernizar-se apesar das dificuldades que o país atravessa e que tem criado um conjunto de infraestruturas pensadas para o futuro”. Base do sucesso A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia conta com uma equipa de 12 colaboradores totalmente disponíveis para responder às necessidades e exigências dos seus mais de 1600 associados, prestando, dessa forma, um atendimento “personalizado”, através de “um esclarecimento correto”, sustentado por princípios como o “cooperativismo”, a “solidariedade” e “um enraizamento local”, na busca da “total satisfação por parte dos clientes”. Enquadrados no modus operandi do Grupo Financeiro do Crédito Agrícola, Álvaro Pereira e Mário Nogueira revelaram-nos o sucesso que os seus produtos têm recebido: “Temos os serviços financeiros normais e os seguros, ramo real e ramo vida. Aliás, a Exame tem atríbuido alguns prémios a este tipo de seguros. A Companhia de Seguros Crédito Agrícola de Ramos Reais foi classificada como a melhor em 2013, ano especial para nós”, afirmaram. Em prol do concelho e da população “Entendemos que a responsabilidade social é um dos aspetos mais importantes deste tipo de instituição”, afiançaram os responsáveis em relação ao papel desenvolvido junto do meio envolvente. Aliado a isso, Álvaro Pereira e Mário Nogueira reiteraram que a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia não é “alheia” a esse facto, prestando, portanto, um apoio “evidente” a diversas entidades da região, tanto sociais como desportivas, sendo protagonistas de várias atividades de cariz social junto da população anadiense, numa altura em que a conjuntura económico-financeira nacional é desfavorável. Apesar da “forte concorrência” existente no ramo financeiro e bancário, Álvaro Pereira e Mário Nogueira sublinharam que a sua equipa de colaboradores “procura encontrar as soluções mais adequadas para cada cliente”, dando prioridade à “segurança” e à “sustentabilidade” como fatores fundamentais em cada atividade: “A nossa prinicipal missão passa pelo inquestionável apoio à economia, aos setores de atividade, às empresas e às pessoas”, frisaram. No presente a construir o futuro A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia está, invariavelmente, interligada às definições e planeamentos de crescimento do Grupo Financeiro Crédito Agrícola. Porém, o cunho pessoal daqueles que compõem a agência de Anadia estará sempre presente, procurando aperfeiçoar, essencialmente, o serviço que prestam: “Iremos acompanhar o seu desenvolvimento e a sua modernização, serviremos cada vez melhor os nossos clientes e associados, sermos cada vez mais dinâmicos e virados para o futuro, fazendo jus ao slogan “Somos um Banco nacional com pronúncia local”, concluíram Álvaro Pereira e Mário Nogueira. | Agosto I 59 Portugal Inovador Mais do que um restaurante... um ponto de encontro Foi com este conceito em mente que os responsáveis do Restaurante d’Avenida deram início a este projeto em março de 2014. Dino Mauro, juntamente com a esposa Michelle e o chef Lagoa, são os rostos deste restaurante situado no centro de Anadia. Aberto há pouco mais de cinco meses, este espaço tem um conceito diferente do encontrado num típico restaurante. A par das refeições diárias, o nosso interlocutor optou por ter um espaço de buffet, onde os clientes podem ususfruir de uma oferta variada de produtos, todos eles integrados na dieta mediterrânica. “Quando abrimos, não queríamos ser apenas mais um entre muitos restaurantes, queríamos marcar a diferença, por esse motivo apostámos em dois fatores chave: o buffet e a frescura dos nossos alimentos. Prova disso é o facto de não termos arca congeladora. Diariamente vamos às com- 60 I Agosto pras para termos a garantia de que os produtos são realmente frescos”, garante Dino Mauro. Desde o início deste projeto que o chef Lagoa está presente, como o próprio fez questão de referir: “Quando me apresentaram este tipo de serviço não hesitei, porque percebi que não queriam ser apenas mais um restaurante, mas que queriam ser diferentes”. Com uma ementa diária variada, a grande aposta dos nossos entrevistados passa por adaptarem-se ao que o cliente quer e procura. Com uma equipa de 12 elementos, entre os quais cinco estagiários, que vêm da Escola de Hotelaria ou da Escola Vitivinícola, os colaboradores do Restaurante d’Avenida têm entre si um bom espírito de equipa. “É exatamente isso que procuramos. Ter uma equipa bem formada, onde haja espírito de cooperação, pois só assim é possível alcançar os objetivos”, afirma o proprietário. A juntar a este elemento, está a qualidade do serviço que é prestado, como fez questão de explicar o chef Lagoa: “Não há aqui nenhuma casa que tenha um serviço de sala como este, onde as pessoas são recebidas de uma forma personalizada e têm a atenção devida. No fundo há uma preocupação com o cliente e com aquilo que este pretende”. Com clientes que já são como “membros da família” e outros que são novos rostos e se tornam clientes frequentes, Dino Mauro faz questão que todos sejam tratados de igual forma e que tenham o mesmo atendimento personalizado, pois esta forma de atuar “faz com que deixemos de ser mais um restaurante e passemos a ser um ponto de encontro”, acrescenta. Segundo o nosso entrevistado, as palavras que melhor definem o seu espaço são: “Brilhante, fantástico e simpático!”, conclui. | Portugal Inovador O que melhor se produz em Portugal A Kiwicoop - Cooperativa Frutícola da Bairrada, com sede em Oiã, Oliveira do Bairro, surgiu em 1988 pela iniciativa de um grupo de produtores da região. Desde então a cooperativa tem vindo a alargar a sua capacidade de produção e prevê um crescimento para o próximo ano. Ajustando-se constantemente às alterações do mercado, a Kiwicoop é, neste momento, um dos líderes no mercado de kiwis em Portugal. Com uma percentagem de produção para o mercado interno que ronda os 45%, o mercado externo apresenta-se desde longa data como uma aposta ganha, atingindo os 55% de importância na sua faturação. “Trabalhamos a nível nacional, fundamentalmente, com grandes superfícies e a nível internacional com várias empresas, sendo Espanha, Alemanha, Suíça e Inglaterra os nossos principais destinos”, explica Manuel Viegas, tesoureiro. “A nossa qualidade é excelente. Não fornecemos mais países, porque não temos produção suficiente”, acrescenta Manuel Santos, secretário da presidência. Os 260 sócios e os 150 produtores não sócios contribuíram, de forma decisiva, para as cerca de seis mil toneladas de fruto cultivado e vendido em 2013. Em conversa com os dois membros da direção a Portugal Inovador tentou perceber quais as qualidades que a região “entre o Douro e o Mondego” apresenta para o cultivo deste fruto. “A produção kiwi de 2013/2014 foi boa em qualidade e quantidade, tendo apenas problemas de conservação nas câmaras. Na campanha em curso, devido as condições atmosféricas não houve um abrolhamento homogéneo pelo que se prevê uma redução de produção que poderá ser entre 30 a 50 %. No entanto, em condições normais, esta região apresenta condições ímpares para a produção deste fruto, “dado o microclima equilibrado entre o frio e a humidade relativa, não estando sujeito a geadas”. “Espanha, por exemplo, só tem kiwis na zona da Galiza e das Astúrias, apesar de ter uma agricultura altamente desenvolvida. Países como Inglaterra, Alemanha ou Suíça não têm sequer produção, enquanto que Itália é, neste momento, o maior produtor mundial”, esclarece Manuel Viegas. Apesar de muitos jovens olharem agora para o setor agrícola como uma oportunidade de negócio, os nossos entrevistados verificam que esta cultura, dado o exigente investimento inicial, “tem captado cada vez mais pessoas para a profissão, com um percurso profissional mais alargado, normalmente com formação superior ou trabalhos estáveis”. É de realçar a importância do acompanhamento técnico aos associados em toda a cadeia de produção e comercialização. A Kiwicoop tem previsto alguns investimentos que vão permitir duplicar a capacidade de armazenamento. A plantação de novos pomares e o aumento das instalações, com capacidade para as 10 mil toneladas, vai ser crucial para o desenvolvimento da cooperativa com início previsto para 2015. | Agosto I 61 Portugal Inovador “Os clientes são a chave do nosso sucesso” Com mais de 30 anos no mercado, a Diferencial é vista pelos clientes como um sinónimo de qualidade e garantia dos serviços prestados. Fundada em 1981, esta empresa surgiu devido à solicitação do mercado para o desenvolvimento de soluções do tipo “chave na mão”, à medida do cliente e das suas necessidades. Alfredo Rodrigues, sócio-gerente da Diferencial, garante prestar um serviço de qualidade aos clientes, disponibilizando-se “para responder às suas necessidades dentro do enquadramento normativo vigente, nomeadamente no cumprimento integral das regras das instalações elétricas, de infraestruturas de telecomunicações e regras de segurança”. Face à evolução do mercado, a Diferencial sentiu a necessidade de se diferenciar de algum modo, para se poder destacar no mercado. Sendo uma empresa que é vista pelos clientes como um sinónimo de garantia, 62 I Agosto eficácia e honestidade, cujos serviços são cumpridos com fiabilidade, o nosso entrevistado fez questão de referir: “O nosso fator de diferenciação é o cumprimento escrupuloso daquilo a que nos propomos, sabendo que os clientes são a chave para o nosso sucesso. Além disto, criámos dentro da empresa algumas valências que são essenciais para termos esse fator de diferenciação”. Com três áreas de intervenção fundamentais, como a comercialização de materiais elétricos muito direcionada para a área industrial, as instalações eléctrica de Média e Baixa tensão e ainda, o fabrico de quadros elétricos de distribuição, controlo e automação de processo e equipamentos. Parceiros de negócio A atuar de Norte a Sul do país, nas áreas de negócio atrás referidas a Diferencial, liderada por Alfredo Rodrigues, está também presente no mercado externo em países que “até há pouco tempo eram impensáveis atingir”, refere o nosso entrevistado. Angola, Venezuela, Benim, Uganda e Camarões são alguns dos países onde atua, em parceria com outras empresas portuguesas que também estão nestes mercados. É através das parcerias que o nosso interlocutor vê a evolução do mercado e por esse motivo, ao longo dos anos tem sido um parceiro dos clientes com os quais trabalha: “Uma das parcerias mais recentes é com a Universidade de Aveiro, colaborando no estudo de alguns projetos de desenvolvimento de produtos, uma área que estamos a tentar potenciar”. Futuro Com uma estrutura bem montada para poder fazer face às solicitações dos clientes, Alfredo Rodrigues tem algumas ambições para o futuro e manter as parcerias com empresas de renome mundial é uma delas. “Continuar a crescer e manter a qualidade dos nossos serviços e produtos é sempre o objetivo primordial”, conclui. | Portugal Inovador As multifunções de uma empresa são o futuro! Há 11 anos no mercado, a Ruclapinta é uma empresa jovem e dinâmica com um quadro de técnicos profissionais com grande experiência nos vários ramos da construção civil. “A Ruclapinta é uma empresa jovem e dinâmica, que se apresenta no mercado com o objectivo de preencher as muitas solicitações de assistência ao Lar e remodelação de habitações.”, é assim que Rui Alves, sócio-gerente, começa por descrever esta empresa. Fundada em 2003 esta empresa de Paredes do Bairro, em Aveiro, surgiu porque segundo o nosso entrevistado: “As pessoas necessitam de um serviço polivalente e de uma empresa multifunções e nós, ao longo dos anos, fomos criando um nicho de profissionais competentes”. Rapidez, profissionalismo e proximidade com os clientes são os fatores que distinguem a Ruclapinta no mercado. Com 26 colaboradores com grande experiência nos vários ramos da construção civil e um ambiente familiar entre portas esta empresa destaca-se no mercado pela eficiência do trabalho prestado. Ao mesmo tempo, Rui Alves tem uma perspetiva muito inovadora, seja na introdução de novos produtos ou de novas técnicas de aplicação de materiais, enquanto mantém uma postura mais tradicional no que diz respeito à atividade comercial e à qualidade dos serviços e atendimento. A Ruclapinta tem como principais clientes as agências seguradoras, que representam 90% do seu trabalho. “Temos sempre equipas de intervenção que asseguram todas as urgências e consequentemente reabilitamos o imóvel, por forma a deixa-lo conforme se encontrava. No fundo somos uma empresa que tem tudo aquilo que os clientes precisam”, garante Rui Alves. A conjuntura económica que o país atravessa não vai fazer parar a Ruclapinta, antes pelo contrário, uma vez que o grande objetivo do nosso interlocutor é manter a quali- dade e o profissionalismo com vista ao investimento na remodelação de vivendas seculares e quintas senhoriais. “ Além disso, “tendo em conta que, no caso do mercado nacional, os produtos e os imoveis têm cada vez mais que se destacar, seja pela inovação, pragmatismo ou qualidade, trazendo uma mais-valia para o mercado vamos continuar a apostar no que é nosso. Como já dizia o outro “ o que é nacional é bom”, conclui. | Agosto I 63 Portugal Inovador Referência no âmbito desportivo Inovação, qualidade e profissionalismo são linhas mestras de um espaço aberto a todos, mas que se tem destacado pelos resultados na modalidade de kickboxing. O Curigym tem sido notícia nos últimos meses pelo seu mais recente espaço, Arena, onde são realizados eventos de kickboxing com uma forte cobertura por parte dos media. Este espaço, o primeiro a ser construído de raiz em Portugal, que permite a transmissão ao vivo, foi um dos motivos que cativou a Universidade de Cádiz a estabelecer um protocolo com o Curigym para aí desenvolver a componente prática da primeira formação académica na área de kickboxing e defesa pessoal, lecionada na Europa. “A componente prática vai ser realizada aqui”, informa Paulo Santos, o administrador. Um marco importante para a história do ginásio, mas também para a 64 I Agosto dinâmica de toda a região. Mas a que se deve tamanho sucesso? É importante conhecer a história do Curigym e do seu fundador, Paulo Santos. O Curigym foi inaugurado em 1993. Assumindo-se desde logo como uma referência pela sua dimensão, e pelo trabalho de enorme sucesso nas mais variadas modalidades de grupo, mas também pelo trabalho específico nos desportos de combate - ali foram e continuam a ser organizados vários congressos de importância nacional e internacional. Paulo Santos desde cedo pratica desporto, com especial enfoque no kickboxing, tendo já uma carreira de 30 anos. Hoje treinador, dá formação a inúmeros campeões e partilha com João Diogo o cargo de selecionador nacional de light-contact, light-kick, light-contact, low-kick e k1 nos escalões cadetes, iniciados, juvenis e júniores. “A minha carreira como desportista terminou em 1998; sagrei-me campeão nacional de kickboxing e desde então, dedico-me ao estudo e à formação”, explica. Os conhecimentos e a experiência adquirida ao longo dos anos permitem à Curigym apresentar-se de forma autónoma e criativa na modalidade. “Treinamos todos os dias, corremos mundo, vemos e testamos novas técnicas e sequências”, esclarece Paulo Santos. Um trabalho que tem culminado com atletas campeões regionais, nacionais, ibéricos, da Europa e do Mundo, desde a classe amadora até à profissional. “O objetivo é reforçar o nosso nome internacional enquanto espaço de formação, conquistando mais títulos. Desde há três anos, temos obtido um grande crescimento. Se inicialmente, levávamos um atleta a um campeonato internacional, no ano passado apresentámos quatro atletas no Campeonato da Europa e este ano vamos levar cinco ao Campeonato do Mundo em Itália”, informa. O rigor na seleção dos atletas, a dedicação e o treino com objetivos definidos tem vindo a ser reconhecido com a conquista destes prémios. Sendo um dos grandes representantes da modalidade em Portugal, com prestígio internacional, Paulo Santos luta pelo reconhecimento da modalidade perante a sociedade e não apenas pela Federação. É neste âmbito que a parceria com a Universidade de Cádiz é uma vitória pessoal. “Esta modalidade deve ser dada por pessoas formadas. Não podemos permitir que se descredibilize o trabalho de anos feitos por profissionais como eu”, conclui. | Portugal Inovador Uma perspetiva de sucesso É na zona industrial de Anadia que a Primefix tem definido e planeado estratégias com vista ao seu crescimento e desenvolvimento. A presença em mercados externos foi fulcral para a distinção de PME Líder entre 2012 e 2014. Em meados de 2004, a empresa iniciou a montagem dos equipamentos. Nesse ano, iniciou a produção com uma linha de enchimento de produtos via seca. Em 2008, constatou-se que se podia incorporar o pó retido nos filtros de despoeiramento nos produtos em série. Ligou-se então, o silo de despoeiramento a uma máquina interna de recuperação de pós que o passou a introduzir automaticamente no sistema produtivo, por pesagem electrónica, não havendo assim lugar a desperdícios, melhorando o ambiente. De 2009 a 2010, a empresa passou por diversas modificações ao nivel do sistema operativo e de produção, resultando numa optimização geral. Em 2011, houve um maior investimento no desenvolvimento de novos produtos e, consequentemente maior número de ensaios no Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro em Coimbra-entidade europeia acreditada para a certificação, visando atingir mercados mais exigen- tes. Foram criadas parcerias com outras entidades produtivas nacionais para o desenvolvimento de produtos específicos. Também em 2011, no sentido de sustentabilizar o crescimento, a empresa concluiu o seu processo de certificação internacional pela qualidade ao abrigo da norma NP EN ISO 9001/2008 obtido pela entidade certificadora internacional SGS e, no seguimento deste processo, alargou o seu âmbito de certificação, não só para os cimentos cola mas também para as argamassas de alvenaria de reboco, de montagem e argamassas de betumação de juntas. Em 2011, completou o seu processo obtendo o certificado do controlo de produção em fábrica(CPF) para as argamassas de alvenaria de montagem. O ano de 2012 ficou marcado pela consolidação dos produtos existentes, com a aprimoração e caracterização completa dos mesmos. Em 2013, dando continuidade a este processo, a empresa iniciou o desenvolvimento de parcerias interfábricas para a criação de produtos específicos. Ao logo destes anos foram consolidados laços internacionais, direccionando a produção e projectando a empresa para os mercados externos e consequente incremento das vendas via exportação, nomeadamente nos PALOP, região do Magreb e alguns países europeus. Os responsáveis afirmaram ainda que “fruto de um trabalho iniciado há cinco ou seis anos” permitiu à Primefix aumentar a sua exportação: em 2012 atingia os 8% e atualmente atinge cerca de 40%. Por último, a gerência da Primefix realçou que a entrada no mercado externo , embora dificil, é “o caminho a seguir” pelas empresas nacionais que queiram capacitar-se e “fomentar a sua capacidade de visão empresarial”. | Agosto I 65 Portugal Inovador O melhor leitão da Bairrada Com uma história de sete décadas, o restaurante Pedro dos Leitões é o espaço pioneiro nesta tradição gastronómica e a sua grande referência. que incluem lugar próprio para autocarros e até para helicóptero. Para além do pioneirismo, os fatores que têm garantido à casa esta projeção ao longo das décadas são diversos. Como nos conta Filipe Castela, neto de Álvaro Pedro e parte da atual gerência, o “rigor na escolha da matéria-prima sempre foi o ex-libris do restaurante”: “Podia comprá-la a cinco euros o quilo mas não compro, porque não ia haver essa garantia de qualidade. Além disso, não entra aqui leitão de fora do país”. Além disso, o Pedro dos Leitões está dotado de um matadouro próprio: “Tratamos do leitão desde que chega aqui vivo até ir para a mesa. Há muitas casas que não acompanham essa etapa do processo e não sabem como é que foi o trabalho até ali”. O molho também recebe grande atenção e é, segundo Filipe Castela, “diferente do de toda a gente”. Especialidades Foi em 1941 que Álvaro Pedro deu início ao seu trabalho de comercialização do leitão. Na altura, funcionava numa pequena taberna ao pé da estrada, onde o fundador vendia sandes de leitão aos automobilistas. Começou, assim, o primeiro espaço do país a servir leitão da Bairrada. 66 I Agosto Mais tarde, em 1945, inicia-se a construção do que veio a ser as atuais instalações do Pedro dos Leitões, posteriormente sujeitas a aumentos de espaço e remodelação. Presentemente, a capacidade do restaurante é suficiente para servir 430 pessoas, suportada ainda por dois parques de estacionamento Estando, naturalmente, focada no leitão, a oferta gastronómica inclui, para além do leitão assado, outras especialidades como a cabidela de leitão (com batata cozida e miúdos do leitão) ou as iscas de leitão especiais à Pedro dos Leitões. Não ficando por aqui, são também de destacar os filetes de pescada e o linguado, pratos “já muito conhecidos desde o tempo do fundador”, e outros pratos introduzidos mais recentemente como o rosbife à Pedro, o tornedó ou a paella. | Portugal Inovador MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA Distrito de BRAGA Agosto I 67 Portugal Inovador Braga: uma cidade apelativa e de qualidade para se viver! A dinâmica do setor imobiliário alterou-se ao longo dos anos. Em conversa com José Peixoto, administrador da RE/MAX Braga e da RE/MAX Limiana, fomos perceber como se encontra atualmente o setor na região. No mercado imobiliário há 24 anos, e desde o ano 2000 aliado à rede RE/MAX, José Peixoto, administrador de uma das primeiras unidades RE/MAX no País, conhece bem o setor em Braga, bem como em Ponte de Lima, onde desde Agosto de 2013 tem uma nova agência, a RE/MAX Limiana, e tem uma opinião muito própria sobre as alterações que esta área sofreu. À semelhança do que tem acontecido em toda a rede, o ano de 2013 foi o segundo melhor ano para a rede RE/MAX, pois “a partir dessa data verificou-se um maior equilíbrio entre o arrendamento e a compra de imóveis”, explica. O nosso interlocutor fez questão de reforçar a ideia de que Braga 68 I Agosto tem uma realidade diferente do restante país: “Aqui, sempre houve uma política de preços mais baixos e isso fez com que proliferasse a procura em relação à oferta existente”. E, contrariamente ao que acontece num grande centro como Lisboa, esta cidade minhota não tem grandes situações de atração de Golden Visa, o que faz com que o mercado bracarense viva sobretudo de transações de compra e venda tradicional. “Claro que, hoje em dia, as pessoas pensam muito bem antes de comprar um imóvel, ponderam a situação familiar, a financeira e as necessidades que têm, algo que não acontecia anteriormente”. O facto de conhecer tão bem o setor imobiliário na região, faz com que José Peixoto tenha uma visão otimista para o setor, visto que “estamos num processo de reajustamento, mas com tendência para crescer. Se houver acalmia política, o mercado imobiliário vai dar ainda sinais mais fortes de retoma, ajudando assim a economia nacional”, acrescenta. Uma das alterações que este setor de atividade sofreu este ano foi a obrigatoriedade do certificado energético, o que, na opinião do nosso entrevistado, “continua a ser um problema”. José Peixoto acrescenta ainda: “Alguns proprietários não têm possibilidades e nesse sentido deveria haver uma maior flexibilidade. As mediadoras imobiliárias não deveriam ter a obrigação de controlar a existência de certificação energética”. Mantendo sempre a mesma posição de rigor e profissionalismo, o nosso interlocutor garante que o sucesso para se ser bem-sucedido passa por manter a seriedade e tentar perceber cada cliente. “Apesar de haver um denominador comum que é a RE/MAX, cada loja tem um cunho muito pessoal do seu responsável, que no caso da RE/MAX Braga e da RE/MAX Limiana, está a fazer um enorme investimento na formação, especialização e profissionalização dos seus comerciais, pois só assim podemos estar no mercado Imobiliário com a qualidade que os nossos clientes merecem. Antes de isto ser um negócio que lida com imóveis é um negócio de relações interpessoais, como tal apostamos na fidelização e satisfação dos nossos clientes. É esta ligação com o cliente que nos diferencia. Temos de perceber o cliente!”, conclui. | Portugal Inovador “Prometemos sempre o nosso melhor” Existente no mercado do distrito de Braga há 14 anos, a Mérito Invest é liderada por Marisa Brito, que nos partilhou a sua visão particular sobre a mediação imobiliária e a forma como a sua empresa atua no mercado. Iniciou a sua atividade no ramo imobiliário como comercial, função que exerceu durante quatro anos. Posteriormente, em 2000, decidiu abrir a sua própria imobiliária na cidade de Braga. Atualmente, conta também com espaços comerciais em Barcelos e Guimarães, zonas com panoramas imobiliários totalmente distintos: “O mercado de Braga tem bastante oferta, devido à vasta construção no passado, algo que contribuiu positivamente para o mercado de compra e arrendamento. Em Barcelos e Guimarães já não é bem assim”, começou por dizer Marisa Brito. A “má construção” deixou de existir em Braga há alguns anos. Para a responsável, deve-se ao facto de os clientes mostrarem-se “mais exigentes” e com “conhecimento acima da média em relação à construção e edificação” na altura do processo de comercialização do imóvel. Marisa Brito afiançou ainda que os investidores “encontrarão um bom mercado, de qualidade e com vários tipos de imóveis”. Relação com a banca A relação que mantêm com a banca tem-se revelado uma estratégia acertada para a Mérito Invest. O ano de 2013 – considerado o seu melhor ano pela responsável – foi fruto dessa relação que permitiu um volume de faturação na ordem dos 80%. Os restantes 20% prenderam-se com vendas e arrendamentos. Com menos imóveis de retomas da banca em Barcelos e Guimarães, a crise económico-financeira que afetou o mercado imobiliário fez-se sentir fortemente em Braga: “As quebras que o mercado sofreu prendem-se com o seu próprio tamanho. O volume de construção na cidade de Braga acarretou uma dimensão maior no número de retomas do banco”, frisou. Marisa Brito abordou também a questão da exclusividade e a forma como isso influencia a mediação imobiliária: “Consideramos que o cliente vendedor tem de ter liberda- de de promover o seu imóvel e não ficar limitado a uma só empresa.” A responsável acrescentou ainda que “o mais importante é fazer o melhor acompanhamento possível ao cliente”. Nota-se este ano, segundo afirma Marisa Brito, uma maior dinâmica no mercado tradicional, com uma crescente procura imobiliária e uma maior abertura das entidades bancárias em financiar a aquisição de habitação. “Cimentar as relações nas cidades onde estão representadas” e “levar a marca a todo o distrito de Braga”, são os objectivos atuais desta dinâmica empresa. Fruto de algumas parcerias estratégicas com a banca e a possibilidade de novas lojas a liderança no distrito torna-se um propósito alcançável. Garante de valores como “transparência” e “qualidade”, na opinião de Marisa Brito o sucesso da Mérito-Invest “deve-se ao empenho e dinamismo de todos que nela trabalham”. | Agosto I 69 Portugal Inovador Setor imobiliário em Fafe Na continuidade do trabalho desenvolvido na edição anterior, no distrito de Aveiro, a revista Portugal Inovador esteve em Fafe, no distrito de Braga, para perceber a dinâmica atual do setor imobiliário na região. Fernando Pereira e Emília Moreira são os rostos que lideram a equipa da Remax Ases, com sede em Fafe. À semelhança do verificado em toda a rede Remax no ano de 2013, esse foi um período de crescimento para a imobiliária, que ultrapassou com sucesso as dificuldades enfrentadas por todo o setor, em 2012. A queda do valor dos imóveis foi um aliciante para os investidores que sentindo maior confiança no mercado decidiram investir (principalmente os emigrantes, que procuraram habitação própria na sua terra natal). “Estamos a crescer, temos verificado uma procura acima da oferta existente. Fafe é um concelho que tem muita emigração, temos recebido muitos contactos do estrangeiro. Nesse sentido, de um modo geral considero que o mercado imobiliário está de facto a mexer”, confirma Fernando Pereira. Presente em Fafe desde 2010, a Remax Ases tem apresentando “bons resultados, à 70 I Agosto semelhança do que acontece em toda a rede”. Apesar de a compra ser a modalidade mais procurada, o arrendamento tem vindo também a crescer, travado apenas pela escassez da oferta. Num setor que tem sofrido algumas alterações, nomeadamente com a recente obrigatoriedade da apresentação de um certificado energético para publicitação do imóvel, o nosso entrevistado considera que esta questão veio dificultar a atividade, dado que “se muitos proprietários estão a vender devido a problemas económicos, poucos têm dinheiro para pedir a certificação”. Fernando Pereira acrescenta: “Se este fosse requisitado com a garantia da venda seria diferente, mas hoje já é obrigatório até para publicitar. Adianto ainda que considero que existe pouca informação junto dos proprietários, nomeadamente sobre a tipologia de imóvel que necessita ou não deste certificado. No entanto, se esta medida for feita de forma honesta e com profissionalismo só pode servir para melhorar a oferta do nosso parque habitacional”. Assumindo-se a favor da exclusividade de angariação, sendo que apoia a partilha de negócios com qualquer outra rede, nomeadamente local, o empresário não encara de bom grado a interferência da Banca no mercado imobilário. “Noutros países não é permitido à Banca a venda de imóveis e em Portugal deveria ser igual. A concorrência sente-se quando falamos de crédito bancário. As condições dos imóveis deles são bem melhores, no entanto assumo que já se verifica maior flexibilidade da parte deles”. Trabalhando a zona de Fafe, mas também Cabeceiros de Basto e Mondim de Basto É aí que o profissional encontra maior procura de pessoas de fora, nomeadamente do Porto, “em Fafe a procura é só por parte de pessoas da terra”. Com uma equipa composta por 12 pessoas, a Remax Ases tem objetivos ambiciosos, mas mantém um percurso sustentável assente no profissionalismo e acompanhamento personalizado a cada cliente. | Portugal Inovador “Trabalhamos em prol dos clientes! Desde sempre ligados à mediação imobiliária, Álvaro Pinto e Gonçalo Silva abriram em 2006 uma empresa de mediação imobiliária, tendo mais recentemente criado esta nova marca, floresta IMOBILIÁRIA, uma empresa onde a competência e o profissionalismo são as palavras-chave. Concorrência Desleal e Exclusividade O setor da mediação imobiliária já foi um setor com mais regras, mas hoje em dia não é assim, algo que poderá levar à falta de profissionalização nesta área. Gonçalo Silva defende que para se trabalhar em prol da maior profissionalização do setor é necessário ser competente no mercado: “É uma pena não haver um curso superior que abranja este setor, porque se formos a ver, é uma área que agrega imensas competências”. Este é um dos motivos pelos quais os nossos entrevistados preferem trabalhar em exclusividade. Futuro Ao longo dos anos, o mercado imobiliário tem sofrido algumas alterações e Braga não foi exceção. A floresta IMOBILIÁRIA é uma empresa que tem como grande objectivo manter uma postura inovadora, permanentemente disposta a derrubar as tradicionais regras e fronteiras do mercado imobiliário. Em conversa com a revista Portugal Inovador, os proprietários da floresta IMOBILIÁRIA, Álvaro Pinto e Gonçalo Silva, partilham a opinião: “Nos últimos tempos nota-se uma grande procura de imóveis para reabilitação e para renovação. No ano passado o mercado de arrendamento esteve muito forte, mas este ano já não é bem assim, por um simples motivo: a falta de oferta com qualidade e o número de compradores que aumentou”. Contrariamente ao que os colegas do mesmo ramo têm afirmado à nossa revista, Gonçalo Silva garante que em Braga “há uma grande capacidade de compra a pronto. Há pouco recurso a crédito e grande parte dos investidores são casais jovens”. A aposta na adaptação de múltiplas soluções, sempre com o intuito de conseguir o melhor preço, no mais curto espaço de tempo e com o mínimo de inconvenientes para o cliente, tornam esta empresa uma referência. Aliado a isto está a versatilidade da equipa que compõe a floresta IMOBILIÁRIA. “A nossa preocupação é trabalhar em prol do cliente e temos tudo muito bem esclarecido nos mais diversos pontos e colaboradores muito bem formados”, explica Álvaro Pinto. O aconselhamento personalizado e o acompanhamento que é feito aos clientes torna-se numa mais valia e, por este motivo, tanto Gonçalo Silva como Álvaro Pinto são avaliadores imobiliários. “A única maneira de determinar o valor de um imóvel é através da avaliação imobiliária, pois só assim se pode obter informação objetiva e rigorosa relativamente ao melhor preço que pode ser obtido”, acrescenta Gonçalo Silva. Álvaro Pinto e Gonçalo Silva têm grandes pretensões para o futuro e uma delas passa por cimentar a sua imagem no mercado, continuando a atuar da mesma forma séria e competente. Outro grande desejo que os nossos interlocutores têm é conquistar o público estrangeiro, mas para isso “é necessário publicitar o que Braga tem de bom e esse é um trabalho que necessita da colaboração da Câmara Municipal”, concluem. | Agosto I 71 Portugal Inovador Confiança credibilizada A Vendeminho, sediada na rua 24 de outubro, em Vila Verde, está há 11 anos a atuar no mercado imobiliário. À conversa com a revista Portugal Inovador esteve Manuel Araújo para falar sobre o conhecimento adquirido nesta matéria ao longo dos anos. de Manuel Araújo como mediador: “A paciência ajuda a ultrapassar as adversidades”, mostra. Dos produtos mais procurados destacam-se as moradias e os apartamentos. Apologista da comercialização de imóveis em regime de exclusividade disponibiliza recursos e age em conformidade com o rigor da atualidade. Quando questionado acerca da certificação energética declara que tem vindo a haver boa aceitação por parte dos clientes em relação a essa obrigatoriedade. | Segundo a perspetiva de Manuel Araújo a realidade do mercado imobiliário encontra-se numa fase complexa. Consciente das crescentes dificuldades, o seu negócio desafia com ousadia e determinação ajustado a uma gestão cautelosa. A confiança que as pessoas manifestam pelo seu trabalho dá firmeza e segurança a esta casa, resultado da experiência profissional adquirida ao longo de 14 anos. Concretamente em Vila Verde, Manuel Araújo confessa que o mercado torna-se mais equilibrado com a procura e o interesse dos emigrantes: “As nossas vendas são realizadas essencialmente no verão por pessoas que estão a residir em França, Luxemburgo e Suíça”, especifica. Apesar de estar consciente dos facilitismos de outrora em relação ao acesso ao crédito, o bom aproveitamento dessas oportunidades trazem otimismo e dedicação a quem o gere, não perdendo de vista os positivos movimentos de mercado. A pequena dimensão da vila não 72 I Agosto lhe impossibilita de captar boas soluções para os problemas apresentados. “Houve tempos em que as vendas ocorriam com facilidade, agora o negócio apresenta dificuldades, ficou reservado aos mais resistentes”, aponta. A coerente linha de atuação permite-lhe conquistar a resposta assertiva dos clientes que o procuram no dia-a-dia, no entanto verifica que há processos morosos a dificultar o seu trabalho. A aplicação do bom preço, a favorável localização e a legalização são pontos fundamentais a ter em conta para encontrar potenciais compradores. Diferentes clientes necessitam de um atendimento diferenciado, “se não houver acordo entre os intervenientes o negócio não acontece”, sublinha. Vendeminho ágil A Vendeminho sendo das mais antigas mediações imobiliárias da região respira história e vida em todos os seus cantos e recantos. O trabalho credível baseado na proximidade local reforça as qualidades “A aplicação do bom preço, a favorável localização e a legalização são pontos fundamentais a ter em conta para encontrar potenciais compradores. Diferentes clientes necessitam de um atendimento diferenciado” Portugal Inovador Mediação de confiança A IAT tem escritórios no Porto e em Esposende. O seu responsável, Paulo Marrucho, esteve em diálogo connosco. Esta sociedade está em funcionamento desde 1994. À frente de uma equipa sólida e competente, o administrador apresenta a IAT como uma agência onde cada cliente é tratado de uma forma muito pessoal: “Temos essa mais-valia pelo facto de não sermos uma empresa grande. O cliente não tem que se incomodar com nada, uma vez que, na altura da escritura, já está tratado o pedido da água, da luz ou do gás e ele não tem encargos acrescidos por isso”. Em acréscimo, uma componente relevante e diferenciadora do serviço prestado pela IAT prende-se com a gestão de investimentos na área do arrendamento. “Os clientes, muitos deles estrangeiros, adquirem os imóveis e já conhecem quem é que se vai responsabilizar pela relação com os inquilinos, en- tre outros assuntos relativos à sua gestão”, afirma, acrescentando que “as pessoas nunca tiveram razões para não confiar na sua agência e que esse serviço tem sido uma das suas âncoras”. Questionado sobre como caracteriza a realidade do mercado de Esposende, Paulo Marrucho refere a forte incidência nos imóveis de segunda habitação. “É uma zona de praia e há muitos estrangeiros a aproveitar as vantagens fiscais de viver em Portugal”, descreve. Paralelamente, é também uma mais-valia “a proximidade com cidades como o Porto, Braga ou Viana do Castelo e os trinta minutos de distância face ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro”. Toda esta centralidade num ambiente que classifica como “muito calmo”. Noutro âmbito, olha também para o concelho como estando bem posicionado a nível do mercado dos espaços empresariais. Notando que existe um “dinamismo muito grande”, o nosso interlocutor considera a zona industrial “excelente, bem infraestruturada e com a oportunidade de acompanhar a procura de empresas que se estão a expandir e que precisam de espaço para isso”. Já os pequenos espaços comerciais são objeto de preocupação: “Em Esposende há dezenas largas de lojas que vão estar vazias durante muitos anos, que são um custo e que, a serem adaptadas para habitação, iriam ter alguma utilidade. Tenho, por exemplo, clientes com sete lojas para arrendar em que apenas uma se encontra ocupada”. A iniciativa de alterar a legislação de forma a suportar a conversão desses espaços iria, na sua ótica, “reativar o mercado, produzindo mais oferta e fazendo baixar o preço médio do arrendamento”. | “Em Esposende há dezenas largas de lojas que vão estar vazias durante muitos anos, que são um custo e que, a serem adaptadas para habitação, iriam ter alguma utilidade” Agosto I 73 Portugal Inovador HÁ 15 ANOS AO SEU SERVIÇO Joaquim Dias, responsável pela Habijoane, elucidou-nos acerca das dinâmicas de mercado que se verificam na sua área de intervenção. O mercado de Joane é descrito como “um mercado mais difícil do que o das cidades”, facto que foi agravado pelas circunstâncias resultantes da crise. “Não há construção nova aqui; entre 2000 e 2006, viveu-se uma boa altura, mas neste momento está tudo parado”, explica. Contudo, sente que o mercado da aquisição de imóveis “começa a fluir”, tendência que certamente se encontra acompanhada por “uma maior abertura por parte da Banca” e à qual Joaquim Dias se mostra favorável: “Sou a favor de que cada família devia ter a sua casa própria. Uma situação de arrendamento não oferece as mesmas garantias de independência em relação aos senhorios e não traz nenhum retorno do dinheiro pago 74 I Agosto em rendas, mas no crédito ao Banco parte da renda é amortizada à divida. Para além disso, não permite realizar o sonho de ter a sua própria casa e como consequência as pessoas vivem sem grandes objetivos na vida”. E já dizia o poeta: “O sonho comanda a vida”. A realidade local acaba por estar sintonizada com esta sua visão pessoal, uma vez que o mercado de arrendamento em Joane ainda apresenta muito pouca expressão: “A oferta que aqui existe é muito reduzida, além de que os proprietários não estão sensibilizados para tratar disso através das imobiliárias, pelo contrário fazem-no sozinhos”. Um segmento que tem dinamizado o setor um pouco por todo o país é o dos investidores, mas, pelo que tem notado, essa aposta incide principalmente sobre os imóveis colocados à venda pela Banca e não sobre imóveis sujeitos ao valor real do mercado. Já quanto aos emigrantes, as suas movimentações estão muito mais relacionadas com a venda das suas propriedades do que com qualquer interesse em adquirir habitações nas suas zonas de origem. Relativamente à atividade imobiliária e à forma como tem sido regulada, nota que, anteriormente, “as empresas do setor estavam sujeitas a regras complicadíssimas e muito rígidas, mas passou-se do oito ao 80”, pelo que, agora, o setor padece de “muita agressividade”. A esse nível, a preocupação recai, sobretudo, sobre o papel das grandes redes que trabalham com pouco ou nenhum respeito pela deontologia do setor, causando muitas dores de cabeça aos proprietários dos imóveis e das empresas que trabalham na base da confiança e respeitam a deontologia do setor. | Portugal Inovador Potencialidades do centro histórico Braga é uma cidade que oferece diversidade no âmbito cultural, desportivo e do ensino, muito impulsionada pelo dinamismo imposto pela Universidade do Minho e das associações e instituições sediadas na região. Apesar de ser uma cidade cosmopolita e dinâmica também aqui se verificou uma quebra nas transações do mercado imobiliário. De visita à Macedo Imobiliária – integrada no Grupo Habitace, o administrador Cláudio Macedo reportou-nos o seu ponto de vista sobre as atuais circunstâncias do mercado. “Com o pico da crise todas as imobiliárias ressentiram-se e tiveram que se ajustar às circunstâncias. Nós, por exemplo, começámos a apostar no mercado do arrendamento e a focar-nos nas vendas em mercados específicos como o centro histórico”, introduz. Apesar de denotar uma maior abertura da Banca à cedência de crédito bancário, o nosso interlocutor deteta que a conjuntura económica propicia o arrendamento. “A procura de imóveis com recurso ao crédito é muito pequena. As pessoas têm receio de recorrer à Banca e consideram que as condições não são muito aliciantes. Os compradores que surgem já vêm precavidos com a totalidade do valor para compra ou com parte, recorrendo ao crédito apenas para pequenos financiamentos”. Esse nicho de mercado opta por investir na compra de casas muito baratas para reabilitar aproveitando a queda de 20% a 30% no valor dos imóveis. A zona histórica da cidade, alvo de medidas de incentivo à reabilitação, está a renascer beneficiando do investimento privado. No entanto, Cláudio Macedo alerta para o facto de muitos proprietários continuarem alheados da realidade, mantendo o preço dos imóveis muito inflacionados. Beneficiando da circulação de estudantes e quadros superiores, zonas como Lamaçães – perto da Universidade - e Gualtar “têm uma grande oferta e procura de produto para arrendamento, com uma relação qualidade preço muito boa”. Mas e se falarmos de investimento estrangeiro? Cláudio Macedo afirma ter produto que cative esse público e que esta é a altura ideal para investir. “Acredito que quem investir hoje em Braga vai conseguir recuperar esse valor e até obter lucro daqui a uns anos. Já se começa a sentir o crescimento do mercado, sendo que já há falta de produto nomeadamente no centro histórico da cidade”. Presente no mercado há 22 anos, Cláudio Macedo confessa que nunca foi adepto da exclusividade no negócio: “Considero que devem estar em aberto todas as hipóteses com vista a melhor servir o cliente”. No entanto, o nosso entrevistado começa a sentir uma “alteração no mercado e a crescente necessidade de se ter mais produto em exclusivo. Ter o imóvel em várias imobiliárias, nem sempre é produtivo, pois pode vulgarizar os imóveis”. Aproveitando a oportunidade, refere que a imagem do setor imobiliário melhorou bastante nos últimos anos, no entanto a liberalização da atividade está a provocar um retrocesso. “Se dantes a formação era obrigatória e muito abrangente, hoje as regras são menos apertadas, facto que não considero muito benéfico”, conclui. | Agosto I 75 Portugal Inovador “A ERA marca a diferença pelas pessoas” Dinamismo e proactividade são estratégias chave no ramo da mediação imobiliária. Para Paulo Silva o panorama imobiliário de Vila Verde caracteriza-se como “muito diverso”. O seu contributo na ERA estende-se ao longo de oito anos. Começou como diretor comercial, atravessou um período de reconquista de mercado pautado pela “procura da inovação, definição de estratégias em função do mercado e aperfeiçoamento de métodos de trabalho em busca de resultados”. Desde o início do ano optou por se dedicar à liderança e gestão da loja da ERA em Vila Verde. Paulo Silva descreveu um mercado que “sofreu com a quebra do setor da construção civil”. O processo da reabilitação urbana e os traços marcadamente rurais da região “têm permitido muita procura de segundas habitações”, enquanto nos centros de Vila Verde e Vila do Prado “predomina a comercialização de apartamentos”. O mercado de arredamento vive uma fase de grande procura, embora a oferta não seja suficiente: “Não existe em 76 I Agosto grande escala. É um mercado que não se revela muito atrativo para os investidores”, acrescentou o responsável. Para Paulo Silva, o investimento por parte dos mais recentes emigrantes tem sido notório na região, procurando, preferencialmente, “terrenos para construir”: “Nos últimos três anos também tem havido uma procura enorme de “terrenos extensos”, devido aos apoios e fundos europeus de investimento”, mencionou. Circunstâncias do Mercado A relação com alguns sistemas bancários traduziu-se num “upgrade”. O responsável pela ERA de Vila Verde mostrou-se satisfeito com os resultados: “Aqui, não existem muitos imóveis à venda pela Banca. Mas os que existem têm-se revelado um sucesso para nós”. Paulo Silva adiantou ainda que “existem determinados Bancos que se posicionam como parceiros das imobiliárias”. Outro tópico abordado, o certificado energético, tem-se revelado para o nosso interlocutor “um problema no mercado”, havendo “grande dificuldade em convencer alguns clientes”, sendo que a própria medida “encontra-se desajustada no contexto imobiliário”. Porém, Paulo Silva admite que “no futuro poderá ser um fator a ter em conta no processo de escolha de uma habitação”. Quanto à exclusividade, o diretor entende como “fundamental”: “É importante na comercialização do imóvel, permitindo um melhor trabalho e que permitirá um maior investimento no imóvel”, disse. Paulo Silva reconheceu também o valor e o espírito da sua equipa de oito colaboradores: “Trabalhamos o melhor possível e servimos os clientes de acordo com as suas pretensões. Devemos ser dinâmicos, lutadores e proactivos. Isso faz realmente a diferença”, terminou. | Portugal Inovador “Uma imobiliária não vende ilusões” Desde 2004 que a TGB se apresenta no mercado de Aveiro como uma empresa positiva e com vista num futuro além fronteiras. Este ano festeja o seu 10º aniversário, mas considera já novos projetos para o futuro. a enorme procura no stand da TGB, José Gomes constatou que a internacionalização seria uma boa opção. “A curto/médio prazo gostaria de retomar esta técnica de divulgação e parceria, mas ainda tenho de considerar o local ideal para isso”, completa. Também o fator da internacionalização seria uma boa maneira de trazer investimento para Aveiro que o gerente reconhece como algo muito positivo. “Esta cidade tem bons recursos que têm de ser aproveitados, mas ainda não temos construção que atraia investimentos dos Golden Visa”, indica José Gomes. A Portugal Inovador falou com o Dr. José Gomes, membro fundador e atual gerente da TGB, que nos contou um pouco acerca da realidade imobiliária na região aveirense. Esta empresa tem assistido a várias mudanças no mercado, daí que se tenha lançado também na área de gestão e administração de condomínios como alternativa à queda do mercado imobiliário. “Nos últimos dez anos registaram-se bastantes alterações no mercado, principalmente com o impulso da internet. Qualquer empresa que não esteja ligada às redes sociais, certamente não terá um futuro brilhante. Por isso, estamos em constante atualização da imagem e de informação, para criar um conceito positivo ligado à TGB”, explica o Dr. José Gomes. A zona de Aveiro tem sofrido algumas mudanças e o gerente admite que a queda que o mercado sofreu, tanto a nível local como nacional, tem o seu lado positivo. “Algumas habitações foram vendidas pelo dobro do valor real, porque havia muita procura. Aveiro é um dos distritos mais caros do país, principalmente devido à proximidade dos grandes pólos universitários, existindo muita construção, embora lenta”, elucida. A nível de imóveis, na base de dados aliada à Banca, existem cerca de sete mil, dos quais cerca de dois se situam no distrito de Aveiro. O trabalho da TGB foi sempre elaborado em parceria, pois José Gomes não vê com maus olhos a concorrência. Deste modo, o cliente está sempre em primeiro lugar e para dar resposta aos seus pedidos são feitas parcerias com outras imobiliárias. “Temos de ser agressivos, mas saber manter boas relações com os colegas. Assim, são mantidas parcerias saudáveis e, na maioria dos casos, não se trabalha em exclusividade”, completa. Gestão e Administração de Condomínios José Gomes explica que a sua filosofia de trabalho em parceria verifica-se também neste ramo, pois trabalha em outsourcing com empresas de manutenção de limpezas, de manutenção de condomínios e com construtores para fazerem obras mais profundas e de maior dimensão. Este tipo de trabalho é visto como mais coordenado por parte do nosso entrevistado e a troca de serviços é ideal para ambos os ramos de gestão de condomínios e mediação imobiliária. | Para o futuro Pouco tempo após a sua criação a TGB lançou-se na mediação internacional, através de um desafio, para vender imóveis no Brasil. Participando em feiras portuguesas e verificando Agosto I 77 Portugal Inovador Artigo de opinião Reinventar-se na mudança Edificam-se novos lugares todos os dias, um pouco por toda a parte, na perspetiva de acolher novas vidas. Portugal, país de raízes profundas, não é exceção, apesar de se saber que o setor da construção civil já atravessou momentos mais áureos. Mas o que define a nossa conjuntura? O que realmente aconteceu e por onde passa agora a recuperação do mercado imobiliário? Sabe-se que o mercado imobiliário é o barómetro da economia nacional. Os investimentos em construção constituem uma parte significativa da riqueza das famílias e dos Estados, por isso não pode ser descurado e observado como um ato que se esgota no dia do investimento (quando na verdade pode contribuir para ultrapassar a crise atual). Quais serão os próximos passos? O contexto legislativo não beneficiou o desenvolvimento da 78 I Agosto reabilitação em Portugal durante muito tempo. O regime jurídico da reabilitação urbana que foi aprovado ao longo dos últimos anos é complexo. Da sua complexidade resultou o desequilíbrio entre a elevada construção nova e a reduzida reabilitação urbana. As recentes alterações legislativas simplificaram o regime, tornando a reabilitação menos dependente da iniciativa municipal e mais dos promotores, revolucionando o regime do arrendamento urbano. As parcerias que possam vir a ser estabelecidas daqui para a frente entre promotores e municípios só poderão mostrar-se benéficas. A valorização do património, a qualidade de vida e a coesão social são elementos preponderantes para estruturar e incentivar o setor imobiliário à abertura de novos mercados. A Autorização de Residência para Atividade de Investimento, conhecida por Golden Visa, tem sido um dos novos instrumentos para a procura de mercados alternativos, permitindo aos cidadãos estrangeiros não pertencentes à União Europeia e aos Estados Económicos Europeus obterem uma autorização de residência em Portugal, possibilitando a criação de novos vínculos com países com que Portugal tenha acordos internacionais privilegiados. Mas existem outros investimentos a aproveitar o investimento estrangeiro, como o Regime Fiscal de Residentes Não Habituais, capaz de estimular a procura de casa por parte de cidadãos franceses e escandinavos, não abrangidos pelo Golden Visa. 2013 revelou-se como um ano de viragem, tendo já dado sinais de recuperação. O Boletim Económico de Inverno, publicado pelo Banco de Portugal, projeta para o período 2014-2015 uma recuperação da economia portuguesa, prevendo-se a aproximação gradual da zona euro. Mas tudo isto não pode ser analisado de forma isolada numa perspetiva a curto prazo. As gerações futuras irão colher os frutos do empenho agora concretizado. A capacidade que as empresas têm de se reinventar é decisiva para a abertura de novas ideias, na tentativa de gerar oportunidades. E mudanças podem efetivamente acontecer, para isso basta educar e repensar soluções, nunca perdendo de foco o essencial: as pessoas. | Melanie Alves Portugal Inovador Ponte de Lima Agosto I 79 Portugal Inovador A nova Cozinha Velha A Cozinha Velha é um restaurante situado na Queijada, em Cangostas, Ponte de Lima, há 14 anos. Recentemente, Carlos Gomes, o gerente e fundador, tomou a decisão de adquirir um espaço com um conceito tradicional, mas inovador. A Cozinha Velha é um espaço reconhecido a nível nacional, até porque a sua especialidade não é a mesma que a de muitos outros restaurantes de Ponte de Lima: aqui saboreia-se o leitão. Os restantes pratos provêm de uma temática regional que Carlos Gomes escolheu 80 I Agosto trazer da sua história no espaço na Queijada. “Os nossos clientes habituais preferem-nos pelos pratos e serviços que se distinguem pela qualidade”, completa o gerente. A sua esposa, Maria do Céu Abreu, contribuiu para o desenvolvimento da Cozinha Velha, dando um pouco da sua alma a cada prato que confeciona. Ponte de Lima é o local ideal para o conceito que apresenta e Carlos Gomes admite que a fama que esta vila atingiu ao nível da restauração é o motivo de visita de pessoas de vários pontos do país e do mundo. “Resistimos há 14 anos e tentamos ser um dos pontos de referência da restauração de Ponte de Lima”, indica. Novo espaço Procurando um local com condições adequadas, o gerente deparou-se com um espaço em Arcozelo que, sujeito a algumas remodelações decorativas, se tornou um novo local de referência no mês de julho. Transferindo a sua equipa de colaboradores para o novo espaço, A Cozinha Velha pretende singrar com o seu tradicionalismo e homogeneidade no serviço. A Cozinha Velha tem capacidade de 90 lugares, excluindo a Portugal Inovador esplanada, que se encontra em planeamento. “Este restaurante está direcionado para a confeção de almoços e jantares, somando os ocasionais eventos, que funcionam maioritariamente por reserva. Deste modo, conseguimos garantir uma excelente qualidade no serviço, tendo em conta a quantidade de pessoas que iremos servir”, completa o gerente. Neste novo espaço, a Portugal Inovador teve a oportunidade de observar a imensidão de oportunidades de investimento que estão disponíveis para o restaurante A Cozinha Velha. Para a fase inicial em que se encontra e para além do vasto espaço de estacionamento de que disfruta, esta equipa pretende criar um espaço de diversão para crianças, incluindo um parque infantil e, possivelmente, um pequeno campo de futebol. Na visita que efetuámos, embora ainda em obras, conseguimos visualizar o enorme campo por onde passa um rio, que dita o fim do terreno. Para o futuro, planeiam-se algumas novidades que Carlos Gomes preferiu manter em suspense. Estando aberta durante todo o ano, A Cozinha Velha é uma excelente opção a escolher se vem visitar Ponte de Lima em altura das festividades locais. Para concluir, Carlos Gomes deixa um agradecimento aos clientes do restaurante, relembrando: “Se ficou curioso com o serviço d’A Cozinha Velha, venha experimentar!”. | Agosto I 81 Portugal Inovador Arriscar e empreender O desejo de Rosinda Souto em ter o seu próprio negócio surgiu aos trinta anos de idade. Em 2011, ao invés de ir para o desemprego, concebeu a Rosinda Souto, Unipessoal – Lda, em Ponte de Lima, direcionada para o ramo agrícola e pecuária. A formação académica em Produção e Gestão Agrícola e a experiência profissional de 25 anos permitiu a Rosinda Souto adquirir o know-how necessário para fomentar a sua capacidade empreendedora e criar a sua própria empresa. “Comecei por trabalhar numa cooperativa agrícola”, contou a empresária. A mudança para a comercialização e distribuição de rações para animais ocorreu posteriormente, função que exerceu durante 20 anos. Após uma década ao serviço da anterior empresa viu-se na iminência de ficar desempregada. Contudo, optou por apostar fortemente em trabalhar por conta própria na mesma área de negócio, dando origem à Rosinda Souto, Unipessoal – Lda. As suas instalações situam-se em Fontão, uma das freguesias do concelho de Ponte de Lima. Iniciou a sua atividade mantendo uma parceria com a Rações Zêzere. Porém, as “necessidades e pedidos dos clientes” levaram a que o leque de produtos e o número de colaboradores fosse aumentando 82 I Agosto gradualmente: “Temos também para venda fertilizantes agrícolas, plantas de cultivo e produtos fitofarmacêuticos”, disse. Modus operandi na razão do êxito Rosinda Souto argumentou que a relação estabelecida e o atendimento às exigências dos clientes são elementos fulcrais para se conseguir sobressair no mercado: “Tento diferenciar-me pelos produtos colocados para venda que, praticamente, só nós temos. A relação com o consumidor ou o cliente é o principal segredo, obviamente”, frisou. A empresária reconhece que a relação que fomentou ao longo de 20 anos com os seus clientes nas anteriores empresas contribuiu positivamente: “Acho que essa é a razão pelo sucesso do meu negócio”, confessa. O sucesso tem sido de tal forma notório que já tem em vista uma nova etapa que, provavelmente, contribuirá para uma expansão do seu negócio: “Já sentimos necessidade de alargar as nossas instalações. Precisamos de outro tanto para termos maior capacidade de resposta, algo que agrada e fideliza os nossos clientes”, sublinhou. Não dando o mercado por “garantido”, Rosinda Souto confessa que não consegue desligar-se da função de vendas. Juntamente com os seus seis colaboradores, participa na distribuição dos seus produtos - possui três viaturas por dez concelhos entre o distrito de Braga e Viana do Castelo, perfazendo mais de 250 clientes, Portugal Inovador nomeadamente agricultores e pequeno comércio agrícola. Setor agrícola e definição do futuro Em Ponte de Lima, o setor agrícola “tem um enorme peso” no seu desenvolvimento económico. Questionada sobre a sua continuidade, Rosinda Souto não tem boas perspetivas: “Penso que não se manterá desta forma. Quando as pessoas mais velhas se retirarem da atividade, a situação vai ser preocupante”, ressalvou. A responsável pela Rosinda Souto, Unipessoal – Lda acrescentou ainda que a burocracia associada é “terrível” e a legislação tem colocado “vários entraves” aos agricultores com medidas que reduzem o volume de negócios agrícolas por todo o país. No entanto, mantém a “esperança” na melhoria da situação atual do setor. Rosinda Souto partilhou ainda os objetivos definidos para o futuro próximo da sua empresa. A empresária pretende “aumentar as vendas” e, caso necessário “aumentar a rede de distribuição e a equipa de funcionários”. No entanto, admite que o seu negócio é “local”: “O meu negócio foi criado aqui e grande parte dos meus clientes estão relativamente perto. Crio raízes muito facilmente, mas o tempo o dirá, certamente”, pronunciou. Por último, Rosinda Souto assume um balanço positivo nestes últimos três anos, apesar de nunca ter imaginado atingir estas proporções: “Se há sete anos me dissessem que ia atingir este patamar, responderia que tinha muita vontade, mas faltava-me a coragem. É algo que me deixa realizada e extremamente satisfeita”, terminou. | Agosto I 83 Portugal Inovador Soluções sustentáveis A evolução da Doce Chama constrói-se na busca constante de opções mais rentáveis para o meio ambiente e para a economia portuguesa. O que começou por ser um trabalho realizado por três irmãos, concretizado em Almada, acabou mais tarde por se tornar numa empresa com sede em Ponte de Lima, que conta agora com a colaboração de quatro pessoas. Em 1998, quando a Doce Chama nasceu, o negócio incidia na comercialização de lareiras sendo que com o evoluir dos tempos, o recuperador, a caldeira, e mais recentemente, a biomassa ganharam notoriedade, substituindo a opção convencional. A lareira aberta que desperdiça 85% da energia e restituí apenas 15% passou a ser pouco rentável. Com o recuperador consegue-se aproveitar 80% das calorias, desperdiçando apenas 20%: “A evolução natural do mercado vai nesse sentido e com a crise as pessoas acabam por aderir mais facilmente a opções rentáveis”, 84 I Agosto explica Philippe Gomes. Neste momento, procuram um aproveitamento acima dos 90%. Algo que já se tem conseguido com recuperadores mais modernos aquecidos a biomassa, lenha e pellets e que estão a abarcar todo o mercado, substituindo as caldeiras a gasóleo e a gás, poupando assim até 80% na fatura energética. APROVEITAR O LIXO Atenta às inovações dos fabricantes, esta equipa verifica que os pellets são a melhor opção para a sustentabilidade de Portugal e do planeta. Pellets são resíduos de biomassa produzidos a partir da limpeza das florestas e dos desperdícios da indústria da madeira, que depois são triturados e comprimidos para obter a forma final com poder calorífico elevado. “A sua vantagem passa por ser feito de resíduos, levando a um melhor aproveitamento dos recursos”, clarifica o entrevistado. Todas estas preocupações ambientais transportam para outras questões. Philippe Gomes é questionado pelos seus clientes sobre a durabilidade desta técnica. “Não irá acontecer com os pellets o mesmo que sucedeu com o gasóleo?”. Este acredita que não, porque “sendo Portugal produtor de biomassa os pellets garantem futuro”. Uma política consciente na limpeza das matas, a recolha de toda a matéria para a produção industrial de pellets, são elementos a ter em conta para a captação de emprego, com vista a melhorar o meio ambiente, evitando incêndios e explorando recursos naturais. “Temos uma energia disponível, que é nossa, os pellets são muito simples a fabricar e ficam relativamente baratos”, comprova Philippe Gomes. As fábricas de pellets vão procurar difundir-se pelo território nacional de forma a aproveitar os recursos locais, limpando as matas, evitando o transporte, reduzindo a emissão de dióxido de carbono e o custo do produto. Os fabricantes desenvolveram máquinas que se ligam e desligam sozinhas, consoante as necessidades do dia e da noite, trazendo maior conforto à vida das pessoas. Na Doce Chama as energias renováveis vão continuar a ser a grande aposta, estando sempre atentos as novidades que vão surgindo e esperando que o país reconheça todas as valências deste material amigo do ambiente. | Portugal Inovador Fiéis às origens A arte d’avó-fumeiro, empresa familiar, nascida em fevereiro do ano passado, é conhecida pela qualidade da produção artesanal do seu fumeiro. Também no seu talho a gastronomia tradicional portuguesa de boa qualidade é o que por cá se pode encontrar. Inicialmente, a arte d’avó, situada na freguesia de Arcozelo, em Ponte de Lima, era uma mercearia que comercializava carne associada ao fumeiro. Há cerca de um ano e meio, a gerência decidiu mudar para novas instalações e investir numa nova imagem de marca: a arte d’avó-fumeiro. A ideia passou por associar a boa fama que já traziam do seu fumeiro transportando-a para novas especialidades. O reconhecimento que tinham por parte dos clientes dava-lhes garantias da viabilidade do seu negócio. A arte da avó atravessa gerações com o seu nome simbólico. “arte d’avó-fumeiro” é uma forma de homenagear a avó do meu filho, Rosa da Rocha Velho, que transmitiu todos os seus conhecimentos à geração da minha mulher, dando arte à produção do fumeiro”, explica Paulino Silva. Excelência minuciosa A produção artesanal passa por um processo criterioso que conta com diversas fases. Na fase inicial faz-se a seleção da carne, a escolha das especiarias e a preparação e junção dos vários produtos. Posteriormente, a matéria-prima fica a marinar (o período varia consoante o tipo de enchido). O enchimento é o passo a seguir e só depois os enchidos vão para o fumeiro onde são secos e fumados com lenhas selecionadas. A qualidade da lenha influencia a secagem e a cura do fumeiro, que se irá refletir depois na qualidade do produto final. Após os dias de cura e secagem, processo bastante moroso, o produto é conservado para depois ser distribuído e vendido. Dos produtos mais tradicionais destacam-se a chouriça de carne e a chouriça de cebola, produzidas na íntegra utilizando os métodos do antigamente. Apresentam também diversas alheiras: a alheira tradicional de carnes, a alheira de peru com sementes, a alheira de pato e a alheira vegetariana são algumas das variedades da arte d’avó-fumeiro. A alheira de espargo com cogumelos e a alheira de espinafres, ambas vegetarianas, têm tido bastante procura pelas gerações mais novas. Brevemente a grande aposta vai recair na morcela e na farinheira. O crescimento positivo sentido ao longo deste curto espaço de tempo torna a arte d’avó-fumeiro num lugar hospitaleiro com sabores da terra que aguçam o paladar, onde se degustam estas delícias do primeiro ao último momento com a mesma satisfação. Agora o futuro projeta-se com ânimo, mas com a garantia de que nunca se vai alterar o produto original. | Agosto I 85 Portugal Inovador Mãos de Fada Ana Paula Teixeira iniciou-se na estética e beleza com base nos estudos na área de saúde. Cultivando o gosto pela elegância e pelo bem estar, a nossa entrevistada orgulha-se de oferecer, há 14 anos, na Alpa, um serviço com a qualidade por que sempre batalhou. Ana Paula Teixeira apresenta-se no mercado de Ponte de Lima como uma mulher única, forte e muito observadora. O sucesso da Alpa reside na sua preocupação em saber que o cliente sai do seu gabinete “sem dores, contente e agradada com o serviço prestado”. A carreira de Ana Paula Teixeira iniciou-se em Ponte de Lima, quando estagiou numa calista. Após essa experiência, a nossa entrevistada participou em formações de estética e na Empresa Europeia de Estética do Porto, durante um ano. A partir daí, em 2000, Ana Paula Teixeira deu asas a um espaço onde exalta a beleza e a felicidade das suas clientes. “Sempre tive gosto pelo belo e acho que estética não se aplica a uma coisa só. Visto que não gosto de fazer manicures e sempre tive experiência e gosto pelo trabalho com os pés, prefiro contratar alguém que seja profissional e que possa garantir às visitantes da Alpa um serviço de excelência”, completa. O espaço da Alpa tem sido ampliado e conta hoje com quatro gabinetes, nos quais são prestados serviços de “depilações, pedicure/ manicure, verniz gel, maquilhagens, 86 I Agosto assim como workshop’s de automaquilhagem. Somamos também a permanente de pestanas, pinturas de pestanas, limpeza de pele, tratamentos de rosto, massagens terapêuticas, eletrocoagulação e mesoterapia. Quanto a tratamentos de corpo, faço a drenagem linfática manual e adquiri, mais recentemente, a radiofrequência”, enumera Ana Paula Teixeira. A fundadora da Alpa falou-nos, também acerca dos tratamentos a diabéticos que efetua: “Sendo insulinodependente ou não, é necessário um cuidado redobrado, pois existem bastantes riscos de infeção no tratamento do pé diabético”, explana. Acreditando que as suas clientes sentem segurança no trabalho da Alpa, a fundadora admite que, em primeiro lugar, tem em conta o profissionalismo e a honestidade em tudo o que faz. “Os serviços devem prezar pela diferenciação e acredito que, no caso da Alpa, isso existe. Eu quero que as pessoas se sintam bem com a profissional a quem estão a confiar os seus pés, mãos, rosto ou corpo”, indica. Trabalhando com as marcas Bruno Vassari e Thalgo, Ana Paula Teixeira sente-se convicta da qualidade e distinção do seu trabalho. “A decoração do espaço é também outro elemento que me alegra e todos os meses gosto de embelezar o espaço. A beleza não é só humana, está também em tudo o que nos rodeia”, indica. A esteticista considera fascinante oferecer serviços em que os resultados sejam visíveis e orgulha-se em poder fazer o seu papel de maneira profissional, indicando e aconselhando cada cliente com os melhores produtos e serviços. Em jeito de conclusão, Ana Paula Teixeira dedica todo o trabalho aos seus filhos, para que no futuro tenham a oportunidade de perceber todas as dificuldades que enfrentou. | Portugal Inovador Máquina do tempo em papel Sónia Sousa demonstra diariamente a sua paixão pela fotografia ao imortalizar todos os momentos que vive. Ideias Kriativas encontra-se na vila de Ponte de Lima e, desde 2010, instrui os habitantes sobre a importância de relembrar cada momento passado. Desde muito jovem que Sónia Sousa, a gerente e criadora da Ideias Kriativas, começou a sua aventura na fotografia, quando ‘roubava’ a câmara fotográfica do seu pai para realizar novas experiências. Nos anos que se seguiram ao seu percurso escolar, Sónia Sousa tornou-se a fotógrafa principiante oficial de todos os eventos no universo escolar. Tendo iniciado a sua vida profissional com um part-time num estúdio fotográfico e apoiando-se de variadas formações práticas, decidiu em 2010 abrir o seu próprio espaço. “Eu sou completamente autodidata e gosto de me informar sobre novas técnicas e reter mais informação. O mais importante para mim não são os meios utilizados, mas sim o fim para que se trabalha”, completa a gerente da Ideias Kriativas. Para a nossa entrevistada, a fotografia não é apenas um pedaço de papel, mas sim uma máquina do tempo. “Uma fotografia é uma folha de papel que conta uma história e que nos transporta para o passado, recordando-nos de momentos que até nos tínhamos esquecido”, explana. Sónia Sousa refletiu também sobre a importância que dá à colocação da data nos trabalhos que faz e o valor emocional que fornece a uma imagem. O serviço da Ideias Kriativas é complementado pelo carinho e atenção que a gerente aplica em cada momento que capta. “Admito dormir de consciência tranquila pois sei que faço um trabalho honesto e que representa quem sou. Recebo cada cliente como uma pessoa única que merece um tratamento sincero”, explica. Trabalhando com outros profissionais em part-time, a Ideias Kriativas presta serviços direcionados para todas as áreas da fotografia, incluindo fotografia e filmagem de eventos e sessões fotográficas de variadas temáticas. Falando num âmbito de preferência pessoal, Sónia Sousa admite ter uma enorme paixão por fotografar crianças. “Conseguem-se fotografias fantásticas com bebés, pois são tão inocentes e naturais, adjetivos que completam uma fotografia especial”, conclui. | Agosto I 87 Portugal Inovador Artigo de opinião Novo mapa judiciário: Sim ou Não? Depois das alterações ao Código de Processo Civil, feitas no ano passado e que criaram grande desagrado entre os advogados e juízes, surge agora uma outra alteração que já está a gerar polémica: o novo mapa judiciário. A reforma do Mapa Judicial, aprovada em Conselho de Ministros, insere-se num vasto conjunto de medidas legislativas na área da Justiça que o Governo já realizou e tem em curso. É no contexto desta reforma estrutural no âmbito da Justiça que surge agora a Reforma do Mapa Judicial, o qual entrará em vigor a 1 de setembro do presente ano. O novo mapa judiciário, implicará a redução do número de tribunaiso que, consequentemente levará, de acordo com o Jornal de Notícias, a que cerca de 100 profissionais fiquem sem lugar criando, assim, excedentários entre magistrados do Ministério Público e oficiais de Justiça. Mas qual será afinal o grande objetivo deste novo mapa judiciário? Pois bem, o país ficará dividi88 I Agosto do em 23 comarcas em vez das atuais 231 e, de acordo com aquilo que foi divulgado pelo Governo, o principal objetivo desta alteração é: permitir uma gestão, concentrada e autónoma, por cada um destes 23 grandes tribunais, segundo um modelo de gestão por objetivos para maior eficácia e qualidade, que caberá pôr em prática ao «Conselho de Gestão», composto por um Juiz presidente, um Procurador coordenador e um administrador judiciário. O grande senão é que muitos advogados, juízes e funcionários judiciais não concordam com esta alteração. A própria Bastonária dos advogados, Elina Fraga é contra o novo mapa judiciário alegando que é “uma reforma tenebrosa”, realizada “contra tudo e contra todos”. Em de- clarações ao semanário Expresso, a Bastonária adiantou: “Olhou-se para o país e dividiu-se em 23 comarcas, que não servem, naturalmente, os interesses dos utentes da Justiça, que são os cidadãos”. Eliana Fraga garante ainda que a Ordem apela ao Governo para que, pelo menos, suspenda esta reorganização e atente às distintas realidades locais. Por todas as noticias que temos tido a oportunidade de ver, ler e ouvir é possível depreender que grande parte dos atores judiciais não concorda com este novo mapa judicial e os motivos são comuns a todos eles. Fica então esta questão: Será que as manifestações contra esta alteração irão trazer frutos? | Ana Luísa Azevedo Portugal Inovador Poder Local Agosto I 89 Portugal Inovador Uma vila com passado e futuro Com cerca de 4300 habitantes e uma faixa etária bastante jovem, a vila de Cête pertence ao concelho de Paredes, mas tem vindo a tornar-se bastante independente. O presidente Tomás Correia apresentou-nos a região. variedade de oferta”, conta o nosso entrevistado. No combate ao desemprego, esta vila apresenta um excelente dinamismo no setor da confeção, acolhendo empresas desse ramo e cativando outras com êxito, já conta com os maiores empregadores como Confeção Soeiro com mais de 25 anos e Pinto Lopes Viagens com mais de 100 anos e, em colaboração com a Associação Empresarial, o Centro de Emprego, onde temos dado muita formação a desempregados nas instalacoes da junta “Atualmente, nota-se uma retoma do setor da confeção em Cete, que faz a diferença no número de armazéns disponíveis no concelho e nos postos de trabalho que crescem”, explica Tomás Correia. Em Cête, encontramos vários pontos de interesse que conferem bastante valor a esta vila, desde a boa variedade gastronómica, salientando o prato de bacalhau com broa e o cabrito assado no forno num magnífico restaurante o Broa D’Avó , a paisagem de beleza natural e, visto que pertence à Rota do Românico, a vila de Cête é um bom local para fazer algum turismo e conhecer o modo de vida do século XIV. Tomás Correia, presidente da Junta da Vila de Cête, é natural da vila e é, sem dúvida, um lutador pelas boas condições para os habitantes. “Candidatei-me à Junta de Freguesia com a intenção de melhorar a vila e dotá-la de melhores condições e estruturas, principalmente a nível social, às quais 90 I Agosto dou prioridade”, elucida. Apesar de enfrentar algumas dificuldades de concretização de obras, Tomás Correia, juntamente com os seus adjuntos Francisco Sousa e Hilário Barros, mostrou inovação na adequação de estabelecimentos em desuso para as diferentes associações que existem: o Rancho Folclórico, a Banda musical, a Associação de Ciclismo, a Associação de Pesca o centro social e para o karaté. Já contamos também com Bombeiros, Futebol, Farmácia, Correios e a Estação Ferroviária mais movimentada do Vale de Soua. “Todas as instituições estão a ser instaladas na sua devida sede e, seja como presidente da Junta de Freguesia ou não, vou sempre lutar para que Cête tenha Para aliviar o stress Quanto a festividades, para os que preferem conhecer a vila de Cête ornamentada, festeja-se a Festa da Santa Cruz no primeiro domingo de maio e, a 8 de setembro, a festa da Senhora do Vale. A Junta de Freguesia colabora também em caminhadas mensais para motivar os habitantes a terem uma vida ativa. Para os turistas, os pontos de interesse mais reconhecidos são: a Ermida da Nossa Senhora do Vale de origem românica e o mosteiro de Cête de origem gótica, que terá sido construído no século XIV o qual pretendem desenvolver, criando um horário de visitantes mais adequado. | Portugal Inovador Soluções locais A atitude inconformista de José Ferreira, marcada na presidência da união de freguesias de S. Romão e de S. Mamede, contribui para o crescimento das duas localidades, que acolhe 10.000 habitantes. A união das freguesias de S. Romão e de S. Mamede, fruto da nova legislação que gerou a sua agregação, deu origem a uma nova freguesia: o Coronado. A vizinhança das localidades gera proximidade nas relações interpessoais, no entanto, as regiões têm as suas particularidades com um bairrismo muito próprio que as caracteriza. A administração das duas freguesias concretizada por uma única pessoa tem trazido alguns conflitos entre a população, mas José Ferreira encontra-se disponível para os diversos problemas e questões que lhe são apresentados: “Não é tarefa fácil”, revela. Apesar da rivalidade, verifica-se o grande intercâmbio de pessoas entre as duas freguesias, por isso “é mais aquilo que as une do que aquilo que as separa”, cla- rifica. Para que os habitantes de uma das freguesias não se sintam preteridos em relação aos outros, José Ferreira, sensível à questão, pretende não ferir suscetibilidades, fomentando o equilíbrio entre ambas. Valorização social A pouca autonomia e as fracas receitas das Juntas de Freguesia faz com que sejam subsídiodependentes de outros órgãos hierarquicamente e financeiramente mais fortes. José Ferreira tem vindo a ressentir-se nalgumas situações concretas. Atualmente, a Câmara Municipal quer realizar um protocolo com a Junta de Freguesia. No protocolo vem anexada uma cláusula, onde refere que a responsabilidade civil dos acidentes de viação na estrada passará a ser atribuída à Junta de Freguesia. Na opinião de José Ferreira as estradas são o maior problema do concelho da Trofa, por isso não concorda com a atribuição dessa responsabilidade porque a Junta não tem gabinetes jurídicos, nem competências para avaliar o estado do automóvel ou da pessoa que sofreu o acidente. Apesar de, de quatro em quatro meses, a Junta de Freguesia receber o Fundo de Financiamento de Freguesias de 28.000 euros, o valor é insignificante quando é tido em conta tudo o que poderia ser feito para o crescimento desta terra. José Ferreira não fica alheio à conjuntura económica que o país vive e está consciente de que a Junta estabelece a ponte de ligação entre a população e a Câmara. Algumas empresas de referência como a Bial e a Transmaia têm potenciado positivamente a economia da região. A nível social implementaram algumas medidas para apoiar as famílias carenciadas. Criaram o Banco Local de Voluntariado, onde muita gente pode ajudar na recolha de alimentos, roupa e material escolar. Têm também parceria com o Caminho Suave e o IEFP para dar resposta às famílias com dificuldades e apoio aos cidadãos que querem entrar no mercado de trabalho, respetivamente. Futuramente, vão criar uma Universidade sénior para a formação de pessoas acima dos 55 anos. | Agosto I 91 Portugal Inovador A comunidade acima de tudo Com cerca de sete mil habitantes, a Junta de Freguesia de Fermentões, pertencente ao concelho de Guimarães, tem como principal objetivo assegurar o bem estar da população. A proximidade é o fator chave. Nos últimos anos a sociedade alterou-se e com estas mudanças alteraram-se também as prioridades das Juntas de Freguesia. Hoje em dia, de acordo com o nosso entrevistado, Manuel Mendes, os órgãos de poder local têm por “obrigação” preocupar-se com as necessidades sociais da população. “Temos que nos aperfeiçoar, tendo em conta as necessidades que a nossa sociedade enfrenta”. Sempre preocupado com os cidadãos, o presidente da Junta de Freguesia de Fermentões procura dar resposta às suas solicitações: “A Junta de Freguesia colabora 92 I Agosto diretamente com a Casa do Povo de Fermentões e o Agrupamento de Escolas Fernando Távora, sendo um elo com a tal vertente social. Todos juntos, tentamos dar resposta aos mais desfavorecidos”, refere. Considerada uma freguesia jovem, aberta à mudança e ao futuro, esta instituição de poder local investiu um valor significativo no primeiro mandato de Manuel Mendes, por forma a melhorar as condições dos habitantes de Fermentões. Com dois pavilhões gimnodesportivos, um parque de lazer e um rio límpido, esta região reúne um conjunto de condições que beneficiam a população. “Além disto, queremos inovar num outro sentido, para facilitarmos a vida aos nossos habitantes: vamos criar um balcão único, que irá funcionar como uma espécie de loja do cidadão. Deste modo, todos os nosso habitantes, especialmente os mais velhos, podem-se deslocar-se diretamente à Junta e tratar dos seus assuntos”, explica Manuel Mendes. A par disto as melhorias nas redes viárias e no próprio saneamento trouxeram melhorioas significativas para a região, não só a nível quantitativo como qualitativo, uma vez que “melhorou e muito as condições da nossa população”. Parte integrante do concelho de Guimarães, esta freguesia mantém uma estrita relação com a Câmara Municipal que, de acordo com o nosso entrevistado, “está sempre disponível para o que for necessário”. O atual presidente está “constantemente preocupado com o bem-estar da freguesia e está sempre disposto a ajudar”. É através da sensibilidade, criatividade, proximidade e empreendedorismo que esta Junta de Freguesia conseguiu adaptar-se à sociedade. Manuel Mendes, pretende continuar a seguir estes valores e criar uma freguesia ainda melhor.| Portugal Inovador Agosto I 93 Portugal Inovador Artigo de opinião A cultura não é um dever, é uma responsabilidade! É sabido que a cultura ocupa um lugar cimeiro em grande parte dos países. Muitos deles são mais famosos pela sua história e património cultural do que propriamente pelas suas paisagens ou gastronomia. Mas a palavra cultura nao se traduz apenas na história do povo. Festivais, cinema e teatro também são elementos que se fundem com a história de uma região, é muito mais do que isso. É sinónimo de desenvolvimento económico, de emprego, de inovação, de empreendedorismo e Portugal não é exceção! Com um património riquíssimo em termos culturais - desde monumentos, ruas e vielas cheias de história, passando por festas regionais - o nosso país, pequeno em tamanho, mas rico em culturalidade, tem tudo para se tornar num pólo turístico por excelência. Certo é que nos últimos anos, a cultura tem sido descurada dentro de portas, muito graças aos cortes que foram efetuados pelo Ministério da 94 I Agosto Cultura. O Orçamento de Estado para 2014 reduziu a verba para esta temática a 174 milhões de euros, um corte de 20 milhões em relação ao OE 2013, sendo que, hoje em dia, as verbas de apoio à criação artística são de tal forma reduzidas que os seus valores são apenas comparáveis a pequenas despesas de gabinete do Governo. Segundo o atual secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, no presente ano “o setor vai sofrer cortes de cerca de 15 milhões de euros”, o que trará um grande prejuízo. Felizmente ainda há algumas exceções onde os Executivos locais vão apostando fortemente na dinamização da cultura. É o caso da Câmara Municipal do Porto, que vai poder incorporar receita, sobretudo oriunda do saldo de gerência de 2013, o que faz crescer o orçamento para cerca de 199 milhões de euros, sedimen- Portugal Inovador “A palavra cultura nao se traduz apenas na história do povo. Festivais, cinema e teatro também são elementos que se fundem com a história de uma região, é muito mais do que isso” tando a aposta do Executivo de Rui Moreira em diversas áreas, entre as quais está a cultura. De facto, ao longo dos últimos anos o pelouro do Conhecimento e Coesão Social da Câmara Municipal do Porto promoveu uma estratégia cultural na cidade que tenta aliar o conhecimento, a coesão social e a educação como partes de um todo, com vista à construção de uma cidade para todos e, verdade seja dita, a cultura que o Porto transborda é avidamente procurada por aqueles que lá residem e por tantos outros que a visitam pela primeira vez. Por este motivo foi criada a marca PORTOCULTURA que pretende a concretização de uma nova visão de cidade garantindo às futuras gerações um capital civilizacional ímpar e inesgotável. Alguns exemplos práticos desta situação passam, de acordo com a rádio TSF pela aprovação do protocolo que permite à Casa da Animação ocupar os palcos municipais. Para José Miguel Ribeiro, presidente desta entidade, este é um sinal muito positivo. Já o Teatro de Marionetas do Porto abriu portas há 26 anos e, Isabel Barros, diretora artística, diz ter esperança e destaca sobretudo a abertura demonstrada por este executivo. | Ana Luísa Azevedo Agosto I 95 Portugal Inovador 96 I Agosto Portugal Inovador Artigo de opinião Respirar publicidade Num mundo globalizado em que as tecnologias fazem parte do dia de dia de miúdos e graúdos, somos constantemente bombardeados por informação, a maioria das vezes inconscientemente. Já imaginou, por exemplo, parar num semáforo e não ver os habituais outdoors? Ou, assistir a um filme e não ser interrompido por um único anúncio publicitário? Ouvir rádio sem as advertências aos medicamentos, que mal se percebem devido à sua rapidez? Com certeza, à primeira vista, muitos dos leitores consideram este mundo não-publicitado um paraíso. Outros, como eu, valorizam a existência da publicidade. São imagens, ruas enriquecidas com cores, sonoridades que ficam no ouvido - a súbita vontade de adquirir produtos à primeira vista desnecessários (isso talvez não seja tão negativo como parece…). A verdade é que sem a publicidade muitos de nós não teríamos o conhecimento vasto de produtos nacionais e internacionais. Mark Twain, escritor norte-americano, referiu corretamente que “muitas coisas pequenas foram transformadas em grandes pelo tipo certo de publicidade”. A publicidade é global, transversal a todos os meios e atividades, até ao mundo empresarial. Embora muitos gestores a associem a um gasto e não a um investimento, é essencial demonstrar o produto que se pretende vender, seja em meios direcionados ao público-alvo ou a outro mais generalista. Entenda-se que quando falo de um mundo sem publicidade, refiro-me a publicidade não só televisiva, impressa ou radiofónica, mas também ao mais antigo dos meios de publicitação: o boca em boca. Esse é o modo de comunicação mais difícil de evitar, pois basta transmitirmos as qualidades que encontramos numa peça de roupa, num aparelho eletrónico, ou até num alimento, para que outra pessoa passe a reconhecer esse mesmo objeto e, talvez, a desejá-lo. Diariamente, temos à nossa disposição lançamentos de tecnologia de ponta, automóveis com linhas futuristas, roupa inspiradas em centenas de estilos diferentes, comida de todos os cantos do mundo, viagens para os mais remotos locais, entre outros. Habitamos um planeta de tal modo repleto de publicidade que quase a conseguimos observar do Espaço! É certo que em algumas situações esta pode tornar-se imensamente irritante, como quando o filme teima em não recomeçar ou aguardamos o início do bloco de notícias. Mas o que muitas pessoas não pensam é na disparidade de equipamentos que usufruímos devido à publicidade. Já imaginou se conhecessemos apenas uma marca de vestuário em Portugal? Começa a soar a um bom tema para um filme de ficção científica… Na minha opinião - e falo não apenas por gostar muito da área da publicidade, mas também porque sou uma das (raras) pessoas que assume ler os folhetos que são colocados na caixa de correio -, um mundo sem publicidade seria um “mundo sem sal”. Não haveria concorrência e, consequentemente, não observaríamos evolução, mudança, inovação, diferença! Para terminar, e referindo-me a locais volumosamente visitados, o que seria a Times Square em Nova Iorque, Picadilly Circus em Londres ou Las Vegas sem a publicidade que os ilumina? | Diana Ferreira Agosto I 97 Portugal Inovador 98 I Agosto Portugal Inovador Agosto I 99 Portugal Inovador 100 I Agosto