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Portugal Inovador
2 I Agosto
Portugal Inovador
Agosto I 3
Portugal Inovador
Índice
5Editorial
6
Espaço Mecânico:
O melhor equipamento para construção
7
Distrito de Santarém
21 Agentes do Desenvolvimento Local
45 Região Centro
67 Mediação Imobiliária
79 Ponte de Lima
89 Poder Local
4 I Agosto
Portugal Inovador
Editorial
Portugal 2014-2020
As negociações entre o Governo português
e a Comissão Europeia, com vista à aprovação
do acordo de parceria para os fundos europeus,
que vão estar disponíveis no plano 2014-2020,
terminaram no final do mês passado. No total,
falamos de um pacote de cerca de 21 mil milhões
de fundos estruturais e, sensivelmente, quatro
mil milhões do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, que deverão ser aplicados
nos próximos sete anos nas mais diversas áreas.
As temáticas abordadas centram-se nas
pessoas e na valorização do capital humano.
Como tal as inciativas que visam o combate ao
abandono escolar, a inclusão social e a diminuição da taxa de desemprego vão ter um especial
enfoque, a par do aumento da competitividade
e da aposta na internacionalização (40% das
verbas disponibilizadas vão ser alocadas a este
tema); finalmente, a sustentabilidade e eficiência
no uso dos recursos são outros pontos que estão
em cima da mesa.
O plano de políticas a prosseguir é vasto
e passa pelo estímulo: à produção de bens e
serviços transacionáveis; incremento das exportações; transferência de resultados do sistema
científico para o tecido produtivo; redução dos
níveis de abandono escolar precoce; cumprimento da escolaridade obrigatória até aos 18
anos; integração das pessoas em risco de pobreza e combate à exclusão social; promoção
do desenvolvimento sustentável, numa óptica
de eficiência no uso dos recursos; reforço da
coesão territorial, particularmente nas cidades e
em zonas de baixa densidade; racionalização,
modernização e capacitação da Administração
Pública.
Após largos anos de aposta na construção e
na melhoria de meios físicos, o acordo de parceria coloca em segundo plano o investimento em
novas infraestruturas, focando a necessidade
de se apostar na competividade com vista a um
“crescimento inteligente, sustentável e inclusivo”.
Entende-se que a parcela mais importante
dos fundos deve ser aplicada ao serviço do
aumento da competitividade e da produtividade
da economia nacional, reforçando o apoio às
regiões menos desfavorecidas. Os centros de
investigação e produção de conhecimento, por
exemplo, vão ter acesso a um montante global
de mil milhões, mas é crucial que a sua utilização
seja feita num plano de estratégia de futuro que
privilegie a partilha e transferência de conhecimento para as empresas.
Nesta edição da Portugal Inovador, apresentamos-lhe um conjunto de entidades, de Norte
a Sul, criadas com o intuito de direcionar este
fundos, apoiando o investimento, o empreendedorismo, a criação de projetos que valorizem
os recursos endógenos das regiões onde se
inserem, promovendo o desenvolvimento global
das regiões à escala mundial.
A direção da Portugal Inovador
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Agosto I 5
Portugal Inovador
O melhor
equipamento para construção
Instalada no Centro de Negócios de Vila Nova da Barquinha, a empresa Espaço Mecânico tem
conseguido afirmar-se como sinónimo de um serviço de excelência na área do fornecimento
de equipamentos para a construção civil e obras públicas.
Esta aventura empresarial de
Manuel Lourenço teve o seu início
em 1992. Durante quase duas
décadas, como concessionária da
Stet, distribuidora da marca Caterpillar em Portugal, a empresa
Espaço Mecânico trabalhou esta
marca no distrito de Santarém.
Mais tarde, a posição que a
6 I Agosto
Caterpillar ocupava na sua atividade comercial, como marca de
referência nos equipamentos para
construção e obras públicas, foi
ocupada pela sul-coreana Doosan
(acompanhada pela parceria com a
Centrocar), sendo que os produtos
Caterpillar mantiveram-se presentes na oferta da Espaço Mecânico,
mas apenas no domínio das peças
e da prestação de serviços. A
Doosan, marca reconhecida pelo
conforto, baixo consumo e fácil
manutenção, é aqui representada
numa gama que contempla vários
modelos de escavadoras, carregadoras de rodas, dumpers articulados e outros. A empresa Espaço
Mecânico mantém, também, uma
presença forte nos serviços de
manutenção e comércio de usados.
Outras marcas figuram, também, na gama disponibilizada por
esta empresa ribatejana. Encontram-se, aqui, os equipamentos da
marca Ingersoll Rand e as soluções
para britagem, crivagem ou reciclagem da Terex Finlay. São também
comercializados martelos hidráulicos da marca All-Kor.
Novos desafios
Paralelamente à alteração que
esta empresa conheceu na sua
dinâmica comercial no momento
da opção pela Doosan, a crise de
2008 motivou uma reflexão sobre
diferentes vertentes da sua ativi-
Portugal Inovador
dade. “Tudo teve de ser repensado
e então fomos à procura de outros
segmentos de negócio”, conta o
administrador. Um exemplo disso
foi o alargamento ao negócio dos
alugueres: “Não davamos muita
importância a esse segmento, mas
em algumas empresas estratégicas
como a Renova ou o Ecoponto
da Chamusca conseguimos fazer
contratos de aluguer que temos
mantido no tempo. Temos também
crescido e ganho posições em outras empresas”.
Simultaneamente, a abrangência geográfica das suas representações, na qual já se incluía a região
de Santarém, foi alargada a nível
nacional para os distritos de Leiria,
Castelo Branco e Portalegre. Contudo, aquele que é possivelmente o
grande marco na evolução recente
desta empresa é o seu processo
de internacionalização, iniciado há
seis anos. Foi nessa altura que se
constituiu a Espaço Mecânico Angola, sediada em Benguela.
“É uma aposta que está a funcionar e essa internacionalização
foi determinante, porque está a
ajudar a potenciar o negócio que
temos aqui”, nota Manuel Lourenço.
Sobre esta atividade que mantém
no exterior, explica que o que a
Espaço Mecânico Angola faz é exatamente o mesmo que em Portugal,
tendo como diferença a destacar a
incursão no negócio da venda de
lubrificantes, em parceria com a
Sonangalp.
Sobre as vantagens comparativas que a sua empresa tem
apresentado para se impor neste
mercado, considera particularmente importante a estrutura que possui
na assistência após venda. Esta é
uma mais valia reconhecida pelos
seus principais clientes. |
Agosto I 7
Portugal Inovador
Para o país a República!
Para Alcanena o concelho!
E para esta antiga reinvindicação, da criação do concelho de Alcanena a 8 de maio de 1914,
teve o importante contributo a criação da Associação de Assistência de Alcanena, a 15 de
junho de 1912, com o propósito da construção e funcionamento do estabelecimento hospitalar.
“Os nossos
serviços continuem
a ser baseados
no trabalho de
equipa e numa
gestão sustentável,
orientada sempre
para a inclusão
social”
A 21 de dezembro de 1931, foi
criado por concessão do Governo
Civil de Santarém, o alvará para
o Albergue Alves Ferreira em Vila
Moreira.
A 2 de setembro de 1952 foi
fundado o “Centro de Assistência
Social”, que se veio a encarregar
da sopa dos pobres.
A 6 de setembro de 1972, devido
a grandes dificuldades sentidas
pelas três Associações existentes
no concelho de Alcanena, levaram
a que os seus responsáveis, tivessem tido a coragem e clarividência
de promoverem a fusão numa só
instituição. Sendo assim criado
o CBESA – Centro de Bem Estar
Social de Alcanena – tendo para
ele transitado todos os direitos,
obrigações e património.
Assim, o início da história do
Centro de Bem Estar Social de Alcanena (CBESA) remonta a 1912.
A presente direção está desde
abril de 2011 à frente desta Instituição e, desde então, procura fazer
crescer e melhorar a cada dia que
passa, tendo sempre como princi8 I Agosto
pal preocupação o bem-estar da
população que os rodeia. Os grandes objetivos passam por contribuir
para a promoção da qualidade de
vida da população de Alcanena,
através das obras que mantém e de
outras que “puderem vir a ser consideradas convenientes no campo
social, recreativo e cultural”. Esta
é uma Instituição reconhecida na
região pela qualidade dos serviços
que presta, sendo que, tal como fez
questão de salientar o presidente
desta Instituição, Eduardo Camacho, “os serviços são baseados no
trabalho de equipa e numa gestão
sustentável, orientada sempre para
a inclusão social”.
O Centro de Bem Estar Social
de Alcanena conta com diversas
valências, distribuídas por três edifícios, sendo elas a Residência para
Idosos, o Centro de Dia, o Apoio
Domiciliário, a Cantina Social, a
Creche, o Jardim de Infância, o
Portugal Inovador
Em termos de
sustentabilidade,
continuamos a
elaborar o “Estudo
Económico e
Financeiro” e o
“Plano Estratégico
para os anos de
2015-2020”
CATL e o Hospital. A par disto, “temos ainda espaços sociais que são
alugados para habitação social”,
acrescenta.
Desenvolvimento de
parcerias
O Centro de Bem Estar Social
de Alcanena tem como grande
preocupação a satisfação dos
utentes, por forma a promover o
seu bem-estar, proporcionar-lhes
o acesso a serviços de qualidade.
Uma das formas de fazê-lo é através de um conjunto de parcerias
realizadas entre os órgãos de
poder local e municipal, bem como
com outras instituições de caráter
social. “Temos diversas parcerias
com instituições da região, 22 das
quais são IPSS’s. Por outro lado,
trabalhamos em conjunto com o
Ministério da Solidariedade e Segurança Social”, explica Eduardo
Camacho.
áreas, como a saúde e o ensino,
mas também, o aumento do número de famílias envolvidas neste
projeto e que possam usufruir das
diversas valências. “Pretendemos
também estabelecer mais parcerias
e aceitar jovens para estágios, algo
benéfico para ambas as partes.
A criação de uma rede de voluntariado será também uma aposta
futura, contribuindo assim, para
o desenvolvimento da economia
local” referem.
Neste momento, outro projeto
que a Instituição tem é a “Casa
Abrigo para Mulheres Vítimas de
Violência Doméstica”, em que
são afetadas cinco vivendas, com
capacidade para dez pessoas.
“Decidimos apostar nesta vertente,
porque no distrito de Santarém não
existe nenhum espaço que proteja e
apoie estas pessoas”, concluiram. |
Continuar a crescer
O CBESA é uma Instituição
cujas receitas dependem 36% de
acordos com o Estado e 64% são
receitas próprias, o que faz com
que a sustentabilidade seja um
dos pilares importantes para o seu
futuro. Um dos grandes projetos
que os membros da Direção têm em
mente é o aumento do número de
colaboradores (neste momento são
125) apostando na continuidade da
sua formação nas mais diversas
Agosto I 9
Portugal Inovador
85 anos de história
Com sede na Chamusca, a Persistente e a Imprensa Municipalista integram a César Castelão
e Filhos, Lda. Uma sociedade que aposta na inovação, não perdendo a consciência social
junto dos seus quadros e da população.
O início da Persistente remonta
a 1929 quando o fundador, César
Castelão, enveredou a sua atividade para os trabalhos gráficos
com enfoque na área comercial. A
empresa foi crescendo, ajustando-se às alterações e exigências do
mercado. Na década de 30 dá-se
a mudança de instalações, que
permitiu o aumento do número de
colaboradores e de equipamentos.
Nesta cadência de crescimento,
em 1957, a Persistente adquire
a Imprensa Municipalista - uma
entidade que se dedica ao fornecimento de mercadorias e produtos
para entidades públicas. Em 1973,
é criada a sociedade César Castelão e Filhos, Lda que agrega a
Persistente e a I. Municipalista.
Ao longo das décadas, a César
Castelão e Filhos, Lda tem crescido no seu volume de vendas e no
seu parque de máquinas. “Vamos
tentando evoluir, acompanhando
as novas tecnologias”, confirma o
nosso entrevistado Nuno Castelão,
membro da terceira geração, que
10 I Agosto
assume agora a administração
desta empresa, sendo que Tarquinio Castelão, seu pai, é presença
assídua no dia a dia da firma.
O grande salto tecnológico do
setor deu-se entre as décadas
de 70 e 80, com a passagem da
tipografia tradicional para o offset.
Desde então são constantes as
inovações, sendo que “nos últimos
15 anos o investimento desta firma alcançou os quatro milhões e
100 mil euros de investimento em
tecnologia e no desenvolvimento
dos recursos humanos”. Nuno
Castelão admite: “Obviamente,
nos últimos anos, sofremos com
as contigências do mercado, mas
sempre apostando no investimento
e na inovação”.
Sediada na Chamusca, no
distrito de Santarém, “torna-se
complicado responder às exigências de clientes que pretendem
respostas céleres e a baixo custo”. Principalmente quando estes
clientes se situam em Lisboa e no
Porto. “Para isso, beneficiamos de
uma capacidade de resposta muito
grande, disponibilidade por parte da
nossa equipa de trabalho, assim
como uma capacidade de stock de
matéria prima muito elevada”, assume o administrador. A aposta na
qualidade do serviço é uma garantia
para os clientes, “sendo que os
recursos humanos estão formados
para os auxiliar e propor soluções
mais práticas e tecnologicamente
alcançáveis”.
Após um período mais conturbado em que a empresa esteve
“expectante, cumprindo com todas
as suas obrigações”, neste momento, verifica-se um crescimento.
“Estamos na perspetiva de novos
investimentos e não vamos parar.
Salvaguardar os nossos recursos e
investir em tecnologia e formação é
o nosso objetivo. Queremos estabilizar investindo”.
A União é Persistente
Num mercado em constante
evolução, exigente e altamente
concorrencial a César Castelão
e Filhos, Lda promove o espírito
de grupo e de união entre a sua
equipa. “O nosso elo mais importante são os nossos recursos
humanos”, refere Nuno Castelão,
não deixando de salientar que “o
grande dilema da sociedade industrial prende-se com o aumento
da tecnologia que leva à menor
necessidade de mão de obra”. Hoje,
é acrescida a responsabilidade do
empresário. “Pretendemos não só
manter os nossos recursos, mas
alimentar outras vertentes sociais,
pois entendemos que solidificar a
cultura social é defender o futuro
das novas gerações. Hoje, mais
do que nunca, devemos apoiar as
instituições de ensino e atuar nos
casos de carência social”, conclui
Nuno Castelão. |
Portugal Inovador
Agosto I 11
Portugal Inovador
A união é o melhor caminho
Há mais de 80 anos na Golegã, a Funerária Golganense é a única nesta região. Qualidade,
inovação e solidariedade são valores pelos quais Mário Santos rege este negócio familiar.
que são exigidos nesta área, sendo
um deles o de acompanhamento da
família. “Neste ramo de atividade a
maior preocupação que se deve ter é
com a família. Desde o início, fazemos
um acompanhamento rigoroso e tentamos proporcionar um conjunto de
condições para que estas se sintam
mais confortáveis”, garante..
Unificação
das agências
PHá muito que o negócio das
agências funerárias é visto como um
trabalho prestigioso e de referência.
Situada na Golegã, em pleno Ribatejo, a funerária de Mário Santos conta
quase com um século de existência,
tendo passado de geração em geração. Há 16 anos à frente da Funerária
Golganense, o nosso entrevistado
refere que “sendo um negócio de
família”, decidiu assumi-lo “de corpo
e alma, melhorando cada vez mais os
serviços”. “Tivemos a preocupação de
nos irmos moldando às exigências do
mercado, mas sobretudo às necessidades das pessoas”. Com dois carros
fúnebres e instalações onde expõem
os produtos, esta agência tem como
principal preocupação o tratamento
dos clientes e a assistência que lhes
é dada. Como tal, tanto Mário Santos
como o filho têm todos os cursos
12 I Agosto
A trabalhar essencialmente nos
concelhos da Golegã, Pombalinho e
Azinhaga, o proprietário da Funerária
Golganense admite que trabalha em
parceria com as outras agências das
regiões limítrofes, garantindo que é
através das parcerias e da união das
agências que este ramo de negócio
vai evoluir. “Hoje em dia, temos de
encarar o mercado através das parcerias e, na minha opinião, o futuro
passa por nos unirmos e criarmos
uma rede”, afirma. Ainda de acordo
com Mário Santos, o facto de Portugal
(ainda) não estar muito habituado a
unir esforços e a trabalhar com parceiros de negócio é uma grande barreira
para a criação de uniões e parcerias:
“Se houvesse uma unificação das
agências que estão num mesmo concelho, isso seria benéfico, não só em
termos económicos, como em termos
laborais. Além de se rentabilizar as
compras, poderia também fazer-se
escalas de trabalho, porque neste
ramo não há horários”, acrescenta.
Futuro
Apesar de trabalhar em parceria
e de abranger três concelhos, o proprietário da Funerária Golganense
não pretende, por enquanto, alargar
o seu espaço. O seu único desejo é
continuar a servir bem os clientes e a
melhorar cada vez mais os serviços
que presta. |
Portugal Inovador
Uma solução
ambientalmente correta
A Componatura dedica a sua atividade à gestão de resíduos biodegradáveis, a partir da qual
criou um produto inovador: o Ferbio.
a marca Ferbio, tem combatido a ideia
errada que a população tem da gestão
dos resíduos orgânicos com este produto novo: um resultado da utilização
de resíduos biodegradáveis que de
outra maneira não seriam aproveitados,
num produto que não tem cheiro, que é
homogéneo e rico em nutrientes.
A criação deste produto provém
também da preocupação ambiental que
a Componatura tem sempre presente.
CERTIFICAÇÃO
E LEGISLAÇÃO
Luís Luís, filho da administradora
Hortense Teixeira, inicia a nossa
entrevista contando a história de
como uma empresa de jardinagem,
com resíduos de jardinagem e floresta potencialmente incendiáveis,
enveredou para a compostagem.
“Colocar o lixo orgânico em aterro
não era uma hipótese para nós, pois
queríamos dar-lhe outra utilização.
Assim, concretizamos a nossa intenção de elaborar a compostagem,
que foi a primeira privada a ser
efetuada em Portugal”, explica o estudante de Engenharia do Ambiente.
E provando que ser o primeiro nem
sempre é algo bom, a Componatura
enfrentou, na altura, o problema de
não ter qualquer exemplo a seguir
ao lançar-se num ramo novo com
todos os problemas inerentes a um
processo pioneiro.
Partindo desse processo, a Componatura criou o composto orgânico
Ferbio, um produto certificado que
provém de resíduos de jardinagem,
floresta e outros resíduos orgânicos.
Este é direcionado para os produtores que necessitam de melhorar a
qualidade e eficácia do solo, corrigindo a sua perda de fertilidade sem
prejudicar os seus componentes.
FERBIO
O composto orgânico Ferbio apresenta bastantes vantagens, das quais
se realça a melhoria da estrutura, textura e correção do pH do solo, levando
a efeitos notáveis na produtividade das
culturas. “Ferbio é, nitidamente, um produto natural e um importante fornecedor
de energia aos ecossistemas”, indica
Pedro Borga, colaborador da empresa.
A Componatura, juntamente com
Este setor requer muito controlo
sobre o trabalho e os produtos, que devem ser acompanhados pela Agência
Portuguesa do Ambiente. “Há escassez
de meios humanos para realizar uma
fiscalização e controlo neste setor e os
resíduos devem ser extremamente bem
controlados. Cada operador tem a sua
área específica e no caso da Componatura essa corresponde aos resíduos
biodegradáveis, que resultam num produto final valorizado e em simetria com
as normas”, explica Hortense Teixeira.
SUSTENTABILIDADE
Seguindo a Estratégia Nacional
para a Energia (ENE 2020), pretende-se obter a sustentabilidade económica
e ambiental e promover a eficiência
energética. Assim, a Componatura tem
pensado outro uso para os resíduos
orgânicos, utilizando o “mau-cheiro”
do processo de compostagem, devido
à libertação de metano, para produzir
biogás. |
Agosto I 13
Portugal Inovador
Viver a ciência
O Agrupamento de Escolas de Vila Nova da Barquinha tem encontrado a sua identidade
no envolvimento da comunidade estudantil com a ciência, devidamente suportado pelo seu
espaço Ciência Viva.
Com sede na Escola Dª Maria II,
este Agrupamento resulta da fusão,
em 2010, dos dois Agrupamentos
distintos que serviam este concelho.
Englobando toda a população escolar de Vila Nova da Barquinha, as
diferentes unidades que o compõem
incluem a escola do 1º ciclo da Praia
do Ribatejo, cinco jardins de infância
(Atalaia, Barquinha, Moita, Praia do
Ribatejo e Tancos), a Escola Ciência
Viva (1º Ciclo) e a referida sede, para
alunos do segundo e terceiro ciclos e
secundário.
Em 2013, esta instituição conheceu um especial motivo de congratulação, após ter obtido os melhores
resultados no ensino secundário ao
nível do distrito de Santarém. “Considero que o nosso trabalho tem sido
extremamente produtivo”, afirma a
diretora, Antónia Coelho.
O mérito das escolas do concelho
assenta, em parte, na articulação com
14 I Agosto
o trabalho da autarquia. “A Câmara,
de facto, considera que, em termos
de projeção e desenvolvimento do
concelho, a educação deve ser uma
das apostas prioritárias”, segundo a
nossa interlocutora. Exemplificativa
desse esforço foi “a criação de um
centro escolar com uma ideologia
muito focalizada na área das ciências,
que acaba por ser a imagem de marca
do Agrupamento”.
Iniciada no ano letivo de 2011/2012,
a Escola Ciência Viva de Vila Nova da
Barquinha foi a escola pioneira em
Portugal neste conceito. A funcionar
num edifício projetado pelo arquiteto
Aires Mateus, apresenta a mais-valia
de integrar os alunos num contexto
que os expõe a atividades formais e
não formais de contacto com a ciência. “Vamos procurar perceber que
vantagens é que este projeto irá trazer
a nível do conhecimento científico
dos alunos ao longo do seu percurso
escolar”, avança.
Esta tónica na ciência não é,
contudo, incompatível com aquilo
que Antónia Coelho considera ser “a
visão muito humanista” que existe no
Agrupamento acerca do que é a escola: “Temos um Agrupamento que não
é de grande dimensão, onde o corpo
docente é estável e o pessoal não docente também já nos acompanha há
muito tempo. Dadas essas condições,
atuamos junto dos alunos, sabemos
quem eles são e defendemos essa
proximidade com eles. Só com esta
visão humanista da educação é que
estes jovens vão conseguir ser adultos responsáveis”, conclui. |
Portugal Inovador
As Misericórdias e a Saúde:
ontem e hoje
Desde os primeiros tempos, nos séculos XV e XVI, nesta altura sob o impulso da rainha D.
Leonor, que as Santas Casas se dedicam, com zelo e sucesso, à assistência à população
na saúde. Hoje, as Misericórdias continuam essa dedicação, adaptando-se às necessidades
atuais e apostando em serviços de qualidade para toda a comunidade, criando inclusive em
2003 o Grupo Misericórdias Saúde.
A fundação das Santas Casas
da Misericórdia, em Portugal,
remonta ao século XV, estando
vinculadas à ação da rainha D.
Leonor, viúva do rei D. João II,
nomeadamente com a criação da
Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa.
Um trabalho secular
Durante séculos, estas instituições estiveram associadas ao
acompanhamento dos doentes por
via dos irmãos voluntários. Mais
tarde, a necessidade de prestar um
maior e melhor apoio
aos utentes, conduziu à criação
e estabelecimento de serviços que
durante mais de 500 anos serviram
de sufrágio às populações necessitadas.
D. Leonor ficou conhecida na
história das Misericórdias e da
Medicina em Portugal desde logo
por promover a edifi cação do conhecido Hospital termal de Santa
Maria do Pópulo, nas Caldas. “Se
preferirmos acompanhar as obras
de misericórdia promovidas por D.
Leonor seguindo uma ordem cronológica, verificamos que o primeiro
grande investimento que mobilizou
longa e generosamente a soberana
foi a fundação do hospital de Santa
Maria do Pópulo”, escreve Ivo Carneiro de Sousa no livro “Da Descoberta da Misericórdia à Fundação
das Misericórdias”, onde destaca “o
papel central das Misericórdias na
história da assistência e da caridade em Portugal”. Como refere este
autor, D. Leonor ainda impulsionou
a criação, nos primórdios do século
XVI, de um hospital no Terreiro
Velho em Lisboa e do Hospital de
Todos-os-Santos, que a partir de
1564 a Misericórdia de Lisboa passou a gerir. Também o conhecido
Hospital de S. Marcos, se bem que
hoje não esteja nas mãos da Santa
Casa da Misericórdia
de Braga, esteve durante muito
tempo, desde 1508, a ela ligado,
deixando de ser administrado pela
Misericórdia só depois de 1974.
Recuperar a tradição
Aliás, a seguir à Revolução
de 25 de Abril de 1974, todos os
hospitais geridos pelas Misericórdias foram nacionalizados, sendo
retirado às Santas Casas o poder
de gestão destas instituições. Só
na década de 90 as Misericórdias começaram a recuperar as
instalações hospitalares que lhes
haviam sido retiradas, facto que
veio restabelecer o dinamismo e a
importância destas instituições de
cariz social junto da sociedade civil.
Atualmente, é frequente as Santas Casas e o Estado cooperarem
nos serviços prestados, nomeadamente na área da saúde, disponibilizando uma vasta gama de
serviços e cuidados especializados
e continuados, além da intervenção na vertente social através da
abertura de lares de terceira idade,
assistência domiciliária, creches, e
outras valências. O regresso
Agosto I 15
Portugal Inovador
das Misericórdias às atividades no
setor da saúde conduziu a que o
Secretariado Nacional da
União das Misericórdias Portuguesas (UMP) incentivasse, em
2003, a criação do Grupo Misericórdias Saúde (GMS). O GMS
pretende o desenvoldesenvolvimento de uma estrutura de suporte,
essencialmente técnico, que apoie
as Misericórdias em todas as questões que possam surgir, que incentivem o “benchmarking” (processo
de comparação do desempenho
entre dois ou mais sistemas; busca
das melhores práticas na indústria
que conduzam ao desempenho
superior) e que promovam a criação de uma identidade comum a
todas elas.
Sendo assim, hoje em dia, são
várias as Santas Casas da Misericórdia que disponibilizam os mais
variados serviços no âmbito da
saúde e ação social, sendo o seu
trabalho fundamental
para o bem-estar das comunidades, dirigido não só a quem tem
altas possibilidades económicas,
mas também a gente com menores
recursos, com um forte regime de
acessibilidade e igualdade.
Exemplos da ação
das Misericórdias
São bons exemplos desta realidade algumas das Santas Casas
com as quais a “Portugal Inovador”
tem contactado. Mais recentemente, temos visitado as Santas Casas
da região do Ribatejo. Na última
edição, tivemos a oportunidade de
ver de perto o trabalho desenvolvido pela Santa Casa da Misericórdia
do Entroncamento que tem uma
grande obra nesta zona, sobretudo na área da saúde. Com uma
unidade hospitalar que tem uma
vasta gama de especialidades que
vão desde a cirurgia geral, plástica,
vascular e recontrutuva a neurologia e oftalmologia, esta instituição
tem ainda uma unidade de cuidados
continuados. A juntar a isto, está o
lar, que apoia cerca de 200 idosos,
entre o regime de internamento,
centro de dia e apoio domiciliário.
Já na Golegã, mais precisamente na Azinhaga, a Santa Casa da
Misericórdia conta com mais de cinco séculos de existência e é um excelente exemplo da boa utilização
dos recursos disponibilizados pelos
benfeitores. Atualmente, esta instituição disponibiliza um conjunto de
ações como o Programa de Ajuda
a Carenciados, o Banco Alimentar
16 I Agosto
e a Cantina Social, para assim dar
resposta aos mais necessitados.
Na Chamusca, em Santarém,
é possível visitar uma Misericórdia cheia de iniciativas e que
inaugurou em 2010 a Unidade de
Cuidados Continuados funciona
em permanência 24 horas por
dia e emprega 50 pessoas, entre
médicos, enfermeiros, auxiliares
de ação médica, fisioterapeutas e
assistentes sociais.
Como foi referido anteriormente e dado como exemplo o nome
destas três Santas Casas da Misericórdia, por todo o país estas instituições desempenham um papel
fundamental na ajuda ao próximo e,
uma das áreas onde mais investem
é na saúde, através de cuidados
hospitalares, terapêuticos e farmacêuticos. Especialidades como
Imagiologia, Cardiologia e Medicina de Reabilitação são elementos
que integram os meios complementares de diagnóstico, cada
vez solicitados por uma população
tendencialmente envelhecida.
Parcerias e formação
Como informa o seu sítio na
internet, a Grupo Misericórdias
Saúde estabeleceu ainda, recentemente, vários protocolos nesta
área da Saúde, designadamente
com a Praxair para a Aquisição de
Gases Medicinais de maneira mais
favorável; o GAIF (Grupo Associativo de Investigação em Feridas)
para a formação e consultorias em
úlceras de pressão; especialistas
em controlo de infeção; e uma consultora de gestão da qualidade. A
formação, em tempos que a exigem
a qualquer momento, é também um
dos objetivos das ações do Grupo
Misericórdias Saúde, de Norte a
Sul de Portugal. Assim, com todo
este trabalho, nos tempos atuais,
as Misericórdias continuam a ação
da Rainha das Misericórdias e o
Compromisso de 1516, que afirmava como uma das suas principais
missões cuidar dos enfermos. |
Portugal Inovador
Uma Casa de todos
A Santa Casa da Misericórdia da Azinhaga teve início em 1572, sendo a única instituição do
género a atuar numa aldeia a Sul do país.
Ultrapassando inúmeras vicissitudes ao longo dos séculos,
a instituição foi reativada por iniciativa da Cáritas. “O objetivo era
apoiar a comunidade no seu todo”,
conta-nos Maria de São José Reis
Mendes, atual vice provedora.
O abandono das terras e o fecho
de uma importante firma da região
potenciaram as carências da população. Atento a esta situação o
grupo Cáritas começou a ouvir as
pessoas mais necessitadas. Apoia-
do pelo Bispo D. António Francisco
Marques, tiveram então a ideia de
reativar a Misericórdia. “Corria o
ano de 1986, quando, sem qualquer tipo de meios, uma comissão
instaladora, auxiliada pelo CRSS
Santarém, iniciou um projeto de
desenvolvimento comunitário”,
acrescenta o provedor João Vicente
Saldanha.
Em 1987 foi aprovado o primeiro estatuto. Com parcos meios, a
procura de alternativas foi impulsionada pela solidariedade daqueles
que lhe concediam espaços para
laborar. A Junta de Freguesia da
Azinhaga e a fábrica SIC, por
exemplo, cederam salas para desenvolverem as atividades do ATL.
Mais tarde (1988), começou a
ser premente a necessidade de
prestar apoio aos idosos. Já com
o apoio da Segurança Social, em
1990, surge o acordo de cooperação do Centro de Convívio onde
passaram a ser servidas refeições
e tratadas as roupas dos utentes.
Em 1992, a extinção da Casa do
Povo proporcionou a entrada nas
instalações atuais e “a aquisição
do celeiro inativo, pertencente à
Companhia das Lezírias”.
A partir dessa data a entrada em
vários projetos comunitários propiciou a melhoria das instalações
e das atividades oferecidas aos
utentes. Paulatinamente, a população da Azinhaga foi ganhando
confiança num projeto feito por e
para eles.
O sucesso alcançado - com os
programas comunitários, os projetos de Luta Contra a Pobreza e as
ações de formação - é aplaudido
por todos. Apesar das dificuldades
o trabalho realizado por toda a
equipa da SCM da Azinhaga é de
louvar. Um exemplo de sucesso
e de boa utilização dos recursos.
“As dificuldades são crescentes,
mas o espírito permanece. Por isso
estamos cá para viver o dia a dia
procurando sempre apoiar a nossa
comunidade”.
Dia a Dia
Para além dos benfeitores, a
instituição contou com o apoio
do Centro Distrital de Segurança
Social, IEFP, Câmara Municipal da
Golegã, Junta de Freguesia da Azinhaga, IPJ, Movimento de Solidariedade Rural, Centro de Formação
Profissional de Santarém, Agrotejo
e Proder.
Neste momento, a SCM Azinhaga oferece Apoio Domiciliário
- durante cinco ou sete dias a 45
utentes (sendo que os utentes
mais dependentes usufruem desse
apoio até às 19h); Centro de Dia (23
utentes), Centro de Convívio (20
utentes); Centro Comunitário (116)
e OTL no verão. Para além disso,
decorrem ainda ações como a Cantina Social, o Programa Alimentar
de Ajuda a Carenciados, o Banco
Alimentar, Internet Sénior, Hidroginástica, Empresa de Inserção e
duas vezes por ano, há um almoço
de irmãos da Instituição, além de
outras atividades pontuais. |
Agosto I 17
Portugal Inovador
Em auxílio dos
mais necessitados
Desde 1630 que a Santa Casa da Misericórdia da Chamusca trabalha em prol da comunidade.
Em entrevista à Portugal Inovador, os três rostos desta instituição explicaram como se
governa uma casa com mais de quatro séculos de existência.
Fernando Barreto, José Nobre
e Filinto da Silva Soares, provedor,
vice-provedor e tesoureiro, respetivamente, são os rostos mais visíveis desta instituição. A revolução
de 1974 foi um marco na história
desta Misericórdia, como fez questão de afirmar Fernando Barreto:
“Este foi o facto determinante na
longa existência desta Santa Casa.
Velhinha com séculos, mas sempre
bem viva e ativa na prática de obras
de misericórdia, ela sempre encontrou forças para ultrapassar todas
as vicissitudes”.
Ao serviço da
população
A Santa Casa da Misericórdia da
Chamusca conta com um conjunto
de valências que proporcionam o
bem estar da comunidade, desde
as crianças até aos mais idosos.
Com uma estrutura residêncial para
idosos, uma creche e jardim de infância, um centro de dia e ainda um
centro de apoio domiciliário, esta
18 I Agosto
instituição presta auxílio nas mais
diversas áreas. “O lar de idosos
tem capacidade para 50 pessoas,
claro que por vezes temos sempre
mais uma, mas a nossa missão é
ajudar os mais necessitados e não
o podemos negar”, refere o vice-provedor. Aquando da construção
do lar de idosos, em 1982, foi indispensável a colaboração da Câmara
Municipal, que cedeu o terreno
onde atualmente se encontram
as instalações. Relativamente ao
apoio domiciliário, este é prestado
a 30 famílias e inclui as refeições
e os cuidados de higiene pessoal.
Um novo projeto
A obra mais recente desta instituição foi a unidade de cuidados
continuados, inaugurada em dezembro de 2010 e que tem a capacidade para 25 pessoas na tipologia
de média duração e reabilitação
e 22 para longa duração e manutenção. De ter em conta que esta
unidade funciona em permanência
24 horas por dia e emprega 50 pessoas, entre médicos, enfermeiros,
auxiliares de ação médica, fisioterapeutas e assistentes sociais. “As
unidades de cuidados continuados
são de extrema importância e na
nossa unidade, proporcionamos
cuidados que previnem e por vezes
retardam o agravamento da situação de dependência, além claro
da estabilização clínica”, garante
o provedor. Para construir esta
unidade de cuidados continuados
foi aproveitado o espaço do antigo
hospital da Chamusca, o que representou um investimento que contou
com diversos apoios comunitários
e, enquanto provedor, Fernando
Barreto fez questão de salientar
mais uma vez o papel da Câmara
Municipal da Chamusca: “Em todas
as obras que fazemos, podemos
contar com o apoio do município,
que nos ajuda sempre que o solicitamos. Nunca nos negou qualquer
ajuda e tem sido um parceiro excecional. Sem o apoio desta entidade
municipal não teríamos feito grande
parte da nossa obra”.
De referir ainda que são pertença da Santa Casa da Misericórdia
da Chamusca o cine-teatro, a praça
de touros o edifício de S. Francisco,
as Igrejas de Misericórdia, de S.
Pedro e da Sra. Do Pranto. |
Portugal Inovador
Agosto I 19
Portugal Inovador
Há cinco séculos
ao cuidado dos abrantinos
A Santa Casa da Misericórdia de Abrantes foi uma das primeiras a ser criada. Esta instituição
está localizada no anterior Hospital Salvador, que tem sido adaptado para melhorar a
qualidade de vida de um grande número de utentes.
A enfrentar
Alberto Margarido seguiu a sua
experiência como vice-provedor e,
sempre ligado à vertente social e comunitária, foi convidado para assumir
o cargo de provedor. “Estar ligado à
Misericórdia ajuda-me a esquecer os
meus problemas e a pensar nos outros. Hoje, estou aqui porque percebi a
minha vocação para ajudar o próximo
e para tentar dar o meu melhor nesse
sentido”, conta com satisfação.
Das valências da Santa Casa
da Misericórdia, no sentido de dar
resposta aos pedidos do concelho
de Abrantes, consta um Centro de
Dia, cerca de 40 pessoas em Apoio
Domiciliário, um Lar de Idosos com
mais de 100 utentes, Lar de Infância
e Juventude (LIJ) para raparigas dos
13 aos 18 anos, Creche e Jardim
de Infância e um Centro Médico.
Complementando estas estruturas,
20 I Agosto
a Misericórdia de Abrantes dispõe de
serviços de Psicologia, Serviço Social,
Animação Cultural, Fisioterapia e
Geriatria. “As nossas valências têm-se complementado positivamente e
tivemos muita sorte com os profissionais que escolhemos. Queremos,
nos próximos meses, explorar outras
vertentes e abranger outras áreas de
necessidade”, esclarece o provedor.
Uma das valências mais realçadas
na nossa entrevista com o provedor foi
o LIJ, que tem fornecido acompanhamento às necessidades das jovens que
nesse lar se encontram, direcionando
muitas delas para diferentes atividades, com a intenção de decidir uma
profissão ou função. “Temos jovens
que se dedicam a variados desportos
e, muitas outras encontram o caminho
para o futuro nos cursos profissionais”,
elucida Alberto Margarido.
O provedor afirmou, reticente,
que a maior preocupação com que
se confrontam atualmente é com a
falta de capacidade de resposta para
a procura existente. “Quanto à institucionalização dos utentes, não temos
espaço onde os alocar. Este é um
problema que muitas outras Santas
Casas enfrentam e deve-se à enorme
procura de idosos com idades superiores a 85 anos e que, felizmente,
devido à excelente esperança de vida
que temos atualmente, permanecem
nas nossas instalações por muitos
anos”, completa.
Para o futuro, o provedor referiu
alguns projetos que têm sido pensados quanto a obras nos espaços e
a manutenção da igreja que têm na
instituição e, também, a abertura de
uma lavandaria interna juntamente
com a construção de um edifício complementar ao lar, de caráter privado. |
Portugal Inovador
Agentes do
Desenvolvimento Local
Agosto I 21
Portugal Inovador
Terra Fria com coração quente
Desde a sua fundação, em 1995, que a AMTFNT tem por objetivo promover e desenvolver
projetos de interesse comum dos seus associados e ser um espaço privilegiado de reflexão
estratégica dos municípios de Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais.
“O turismo tem de
ser apresentado com
escala, organizado
e integrado para
podermos ser
competitivos ao
longo de todas as
épocas do ano e
não apenas em
determinados
períodos...”
A Associação de Municípios da
Terra Fria do Nordeste Transmontano
(AMTFNT) esteve na origem de entidades como a CoraNE, a Resíduos
do Nordeste ou o AECT ZASNET, que
têm conseguido debelar outras carências do território e focar-se noutras
temáticas importantes para a região,
como seja o apoio ao “mundo rural”,
a dedicação a questões ambientais
ou o desenvolvimento do espaço
transfronteiriço.
Um dos projetos sólidos e merecedor de apoio comunitário é a Rota
da Terra Fria Transmontana, que
projetou esta região para o mercado
turístico. “É necessário que seja percebido por todos os intervenientes
que o turismo tem de ser apresentado
com escala, organizado e integrado
para podermos ser competitivos ao
longo de todas as épocas do ano e
não apenas em determinados períodos do ano”, explica Hernâni Dias,
presidente da associação. O projeto
da Rota da Terra Fria Transmontana tem como objetivo alavancar a
economia regional através do setor
turístico, especialmente os produtores
e empresários que trabalham com os
produtos endógenos.
22 I Agosto
Escapadinhas da Rota
As Escapadinhas da Rota surgem
naturalmente como a forma ideal para
suprir carências identificadas, desde
logo, pois falamos na criação e promoção de um produto turístico organizado
com os agentes turísticos locais. “O
conceito das Escapadinhas não é
novo, contudo, aplicado desta forma,
associado a um território é inédito. As
Escapadinhas apresentam dois programas concretos aos potenciais clientes,
que têm um custo e têm empresas
privadas da região que são os interlo-
cutores entre os clientes e os agentes
turísticos no terreno. A Escapadinha de
verão é a primeira a sair seguindo-se
a de outono, inverno e primavera, permitindo desta maneira tentar combater
a sazonalidade do turismo da região”,
explana o presidente da AMTFNT.
Mas outras ações concorrem para
o correto desenvolvimento das Escapadinhas da Rota: o portal da Rota
da Terra Fria Transmontana completamente renovado; a reposição da
sinalização da Rota; o guia da Rota da
Terra Fria Transmontana em papel e,
em breve, a disponibilização gratuita
Portugal Inovador
em ebook; as Portas da Rota, onde
o turista poderá obter informação,
degustar produtos da região e,
possivelmente, adquiri-los.
Também foi criada uma linha
de merchandising, recorrendo essencialmente a produtos regionais,
como o mel, a castanha, o sabonete de leite de burra, a navalha
de Palaçoulo que serão entregues
pelos restaurantes e alojamentos
aderentes das Escapadinhas aos
turistas que adquiram os programas turísticos.
Parcerias
As parcerias têm sido uma
das formas mais conseguidas de
realização de projetos, no âmbito
da AMTFNT. Desde o Pacto para
o Desenvolvimento da Terra Fria
Transmontana, cujos parceiros
eram os municípios, a Comissão
de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e
o Instituto de Conservação da
Natureza e da Biodiversidade, e
agora, mais recentemente, com
o PROVERE (Programas de Valorização Económica de Recursos
Endógenos), onde se realizou um
contrato de consórcio com cerca
de 40 parceiros das mais variadas áreas, empresas privadas,
instituições de Ensino Superior,
Associações de empresários, cooperativas e outros intervenientes
no território. Também os projetos
de índole transfronteiriça contam
com vários parceiros Portugueses
e Espanhóis, entre empresas e
entidades públicas. |
Agosto I 23
Portugal Inovador
Promoção do território,
captação de investimento
Beira Douro - Associação de Desenvolvimento do Vale do Douro foi constituída em 1995,
com o objetivo de promover o desenvolvimento integral e integrado das populações da área
de intervenção.
Beira Douro intervém nos concelhos pertencentes ao Vale do
Douro Sul, nomeadamente Armamar, Cinfães, Lamego, Moimenta
da Beira, Penedono, Resende, São
João da Pesqueira, Sernancelhe,
Tabuaço e Tarouca. A associação
apoia, decididamente, os setores
de turismo, agroindustrial, património e cultura, artesanato e
o desenvolvimento social. Beira
Douro elabora a sua atividade
com intenção de melhoria direta
e indireta da qualidade de vida
da população, através de novos
equipamentos, postos de trabalho, valorização sociocultural e o
aumento da visibilidade regional.
Visando o desenvolvimento
local, os projetos apoiados visam
reafirmar as potencialidades e reduzir os fatores de risco. “Assim,
24 I Agosto
consideramos que os projetos
apoiados são sempre exemplares,
seja pela sua singularidade, seja
pela importância para a economia
e desenvolvimento social local”
elucida o presidente Rui Oliveira.
Na nossa entrevista foram destacados alguns: o Espaço multimédia da Quinta do Pessegueiro, na
área do enoturismo; Agroturismo
da Quinta da Barroca, quanto a
alojamento turístico; o centro de
Turismo ativo Naturimont; Artesanato em pedra de Noel Monteiro
em Moimenta da Beira; Douro’s
Flavours, que oferecem chocolate
com vinho do Porto e Licores cistercienses; o centro interpretativo
da Aldeia da Faia.
Rui Oliveira afirma que é de
destacar uma área que a Beira
Douro acolheu como central para
o desenvolvimento da região que
é a Captação de Investimento estrangeiro. “Neste domínio, temos
desenvolvido ações de captação
de investimento que resultaram
em investimentos marcantes do
setor turístico e vitivinícola, protagonizados no Douro nos últimos
anos” explana o presidente. Estas
ações continuam a ser levadas a
cabo com a nossa rede de parceiros nacionais e internacionais,
sobretudo em países de expressão
portuguesa.
Está, também, em fase de execução o projeto “Douro - Promover
o território, Captar o investimento”,
na sua versão 3.0, ao qual juntaram a componente de abertura
de mercados para os produtos do
território, sendo por isso relevante
encontrar formas de internacionalizar os produtos estrela da nossa
região. Por outro lado, estão também a coordenar um projeto, que
visa desenvolver o enoturismo no
Douro, e que se designa por Douro
Wine Tourism.
Considerando o trabalho extraordinário feito para colocar o
Porto como um destino turístico de
grande notoriedade, por parte das
entidades responsáveis, nomeadamente a ATP, não deixa de ser
paradoxal que o Douro não esteja
a aproveitar os devidos dividendos
desse sucesso. “Sabemos que o
nosso papel tem que passar pelo
esforço de quebrar esse constrangimento e trazer cada vez
mais turistas para o Douro e não
é compreensível que a promoção
turística do Douro seja feita em
desarticulação com o setor dos
vinhos, pois são ambos indissociáveis”, completa Rui Oliveira. |
Portugal Inovador
Agosto I 25
Portugal Inovador
Uma comunidade dedicada à
preservação da qualidade
A OesteCim intervém em 12 municípios, soma cerca de 360 mil habitantes, 2200 km2 e 150
quilómetros de costa atlântica. Esta Comunidade de referência celebra 27 anos de experiência
a trabalhar em cooperação e a combater opiniões erradas sobre as comunidades.
Áreas de
Investimento
A OesteCim atua nos concelhos
de Alcobaça, Alenquer, Arruda
dos Vinhos, Bombarral, Cadaval,
Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de
Monte Agraço e Torres Vedras.
Esta Comunidade Intermunicipal
26 I Agosto
apresenta-se coesa e com objetivos
definidos: “Elaboramos uma estratégia com a ajuda de uma equipa
externa e de parceiros locais dos
vários concelhos, havendo consenso quanto às áreas de aposta no
investimento”, inicia o presidente.
Em primeiro lugar, é necessário investir na agricultura,
nomeadamente nos setores exportadores, desde a horticultura,
à fruticultura (pêra rocha) e a
viniticultura.
Seguidamente, o setor agro-industrial e especialmente no
que diz respeito ao aproveitamento dos produtos agrícolas de
menor calibre e os excedentes,
procurando-se soluções inovadoras para a mesma, como é o
caso da fruta fatiada, desidratada e saladas de fruta.
Em terceiro lugar, o turismo,
visto que dispomos de uma natureza cuidada, com mar e serra,
e uma riqueza patrimonial inestimável com alta qualificação, “é
necessário ligar todos os fatores
de valorização do Oeste ao turismo persistente de Lisboa, capitalizando esses turistas para uma
zona diferente, mais autêntica”.
A região, no entanto, não se
limita a estes três pontos. Uma
grande vantagem do Oeste é
o seu caráter multifacetado em
termos de atividade empresarial,
que passa por vários setores. “A
atividade económica é o que nos
dá grande riqueza e o facto de
predominarem as pequenas e
médias empresas que são mais
flexíveis e que melhor se adaptam
às crises, tem sido vantajoso para
a Região”, afirma o presidente.
Central de Compras
A criação de uma Central de
Compras para os 12 municípios
Portugal Inovador
que elabora concursos para produtos de interesse transversal
aos mesmos e garante o melhor
preço. Assim, os municípios
podem disfrutar de preços excelentes por serem em maior quantidade (combustíveis rodoviários,
comunicações, eletricidade,
seguros e refeições escolares)
e maior facilidade de contratação. “Esta é uma iniciativa a
fortificar que ainda não é muito
comum em Portugal, mas tem
permitido aos municípios uma
poupança de dinheiro e tempo
muito significativa na celebração
de diversos contratos”, explica
Carlos Miguel.
Turismo de
Qualidade
Disfrutando de um clima muito
ameno e uma área não construída de 87%, com belas paisagens
e praias magníficas ligadas
ao património e ao campo, a
bandeira do Quality Coast foi
inicialmente hasteada por Torres
Vedras e hoje estende-se a todo
o Oeste. O projeto Quality Coast
testemunha que toda a Região
enquanto zona costeira apresenta um desempenho sustentável
excelente.
Este admirável laurel conferido pela Coastal & Marine
Union – EUCC beneficia todos
os municípios da região Oeste,
potenciando um maior desenvolvimento da economia local e
maior atractividade na captação
de novos investimentos.
Protocolos e
Parcerias
No seu seio, a OesteCim tem
outras associações de fim específico, como a AmoMais direcionada para a gestão de resíduos
sólidos e a OesteSustentável dedicada à sustentabilidade do território como prioridade. Quanto a
parceiros externos, a OesteCim
mantém relações com o Turismo
Centro, Escolas Superiores e
Associações Empresariais. |
Agosto I 27
Portugal Inovador
“Juntos ganhamos sempre mais”
Este é o espírito de trabalho que caracteriza a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo
(CIMLT), presidida atualmente por Pedro Ribeiro, autarca de Almeirim.
A CIMLT teve as suas origens
na antiga Associação de Municípios da Lezíria do Tejo, já há
mais de 20 anos. Atualmente,
como nos conta o seu presidente, está na sua terceira geração
de autarcas. “Temos vindo a cooperar todos; somos gestores de
fundos comunitários há muitos
anos, com execuções elevadíssimas, e, nesse momento, somos
também uma comunidade onde
está concentrado um conjunto
de serviços”, refere-se assim à
sua dinâmica de funcionamento.
Esta articulação entre os
municípios tem tido os seus benefícios: “Temos uma central de
compras eletrónica, que, nestes
dois anos, já poupou aos municípios cerca de 9 milhões de euros.
Cooperamos também nas áreas
28 I Agosto
da higiene e segurança no trabalho ou nas inspeções dos elevadores”. Continuando, afirma que
“tudo isto só é possível porque
há um entendimento perfeito
entre os presidentes de câmara
e as decisões são tomadas por
unanimidade”. Os responsáveis
por estes municípios “conhecem-se, entendem-se e os novos são
integrados de forma perfeita”.
Um território
privilegiado
A CIMLT tem como municípios
associados Almeirim, Alpiarça,
Azambuja, Benavente, Cartaxo,
Chamusca, Coruche, Golegã,
Rio Maior, Salvaterra de Magos
e Santarém, onde está sediada.
“Estamos suficientemente perto
da capital mas também suficientemente longe dos aspetos negativos que a capital possa ter”,
afirma, descrevendo ainda que a
vida nestes territórios é “melhor,
mais calma e mais económica,
não deixando de garantir um
acesso rápido a qualquer lado”.
O contributo das instituições
não é alheio à qualidade de vida
que a Lezíria do Tejo oferece:
“No Quadro Comunitário anterior
gastámos muitas dezenas de
milhões de euros na requalificação das escolas, por exemplo,
e todos temos vindo a investir
na requalificação urbana, nos
parques urbanos, nos pavilhões
e nos equipamentos culturais e
desportivos”.
A cultura é também outro
assunto digno de atenção, num
Portugal Inovador
“Temos vindo
a investir na
requalificação
urbana, nos
parques urbanos,
nos pavilhões e
nos equipamentos
culturais e
desportivos”
território de características muito
diversas: “Rio Maior está mais
associado à região Oeste, Coruche ao Alentejo, a Golegã ao
Médio Tejo e cada município faz
essa promoção individualizada
mas, sendo a capital da região
Santarém, tem sido possível
fazer a divulgação do que todos
nós temos. Não valemos só pela
questão patrimonial edificada
mas também por todo um património de saberes, como tradições, festas populares, gastronomia ou a cultura associada ao
touro e ao cavalo”. Esta riqueza
tem vantagens evidentes no turismo, além da grande mais-valia
que constitui o posicionamento
da região no território nacional,
não estivesse esta região entre
Lisboa e a “cidade com mais turistas por metro quadrado, que
é Fátima”. Por contar com estas
condições, a aposta da CIMLT
passa “não apenas por atrair
pessoas mas também garantir
que fiquem, consumam e invistam na região”. |
Agosto I 29
Portugal Inovador
Em prol do desenvolvimento
do Alto Tâmega
Criada na década de 80, a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega –
ADRAT, procura criar projetos de desenvolvimento de forma a preservar a identidade rural,
as tradições e os recursos da região.
A ADRAT é uma das associações de desenvolvimento local mais
antiga do país. Fundada em 1989,
esta instituição procura envolver
o maior número de agentes locais
para coordenar uma estratégia de
desenvolvimento integrado, muito
baseado na identidade do território e na captação e contrução de
ferramentas de apoio. A área de
atuação da associação estende-se
aos concelhos de Boticas, Chaves,
Montalegre, Ribeira de Pena, Vila
Pouca de Aguiar e Valpaços. As
linhas orientadoras do trabalho
da ADRAT passam pela cultura
de desenvolvimento, inovação e
conhecimento. De acordo com António Montalvão Machado: “Desde
o início, que a nossa maior preocupação continua a ser promover
um processo de desenvolvimento
baseado nas pessoas, no território
30 I Agosto
e no fomento de uma cultura de
desenvolvimento onde o território
tem de ter capacidades para se
autopromover e desenhar o seu
modelo de vida”.
Hoje, a ADRAT agrega à sua volta as autarquias, associações empresariais, cooperativas agrícolas,
associações de produtores e outros
importantes atores do Alto Tâmega,
porque “hoje, não é possÍvel fazer
um modelo de desenvolvimento
sozinho e este tem de ser adquirido
através da cultura, do respeito e da
cidadania. Temos de trabalhar em
rede com as diversas instituições
para sermos úteis e trabalharmos
da melhor forma em prol da região”,
afirma.
Fazer com que o território do
Alto Tâmega seja diferente, forte
e com uma cultura de desenvolvimento muito própria é um dos
grandes desafios que a ADRAT
enfrenta. Para isso, “nós temos gerido vários projetos e programas de
apoio direto à criação de emprego e
de empresas. Aquilo que queremos
enquanto instituição é concretizar
projetos que sejam inovadores”,
revela o secretário geral da associação. Para tal, esta instituição
tem investido num conjunto de programas que permitam às pessoas
adquirir um conjunto de conhecimentos e competências através da
formação. Além disso, procura criar
oportunidades para que haja lugar à
instalação de empresas e “aí temos
colaborado com os municípios que
visaram a criação de um ninho de
empresas e de parques industriais”,
acrescenta. António Montalvão Machado, explica que a falta de conhecimento e inovação no mundo rural
é um dos problemas que a ADRAT
tem tentado solucionar: “O que faz
falta neste momento é que todas
as instituições trabalhem na criação
de equipamentos, oportunidades e
estruturas de apoio a pessoas que
querem trabalhar”.
Segundo o secretário geral da
ADRAT, o Alto Tâmega tem um
potencial imenso para ser diferente, pois “desde o Barroso à Terra
Quente temos uma variedade muito
grande, que nos permite construir
um território diferente, apoiado no turismo rural e na inovação turística”. |
Portugal Inovador
Agosto I 31
Portugal Inovador
Qualificar para criar oportunidades
de desenvolvimento
Tendo como missão a promoção do desenvolvimento rural a Corane – Associação de
Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina, tem vindo a assumir um papel pró-ativo
na qualificação do território (Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais).
Sendo localmente a entidade responsável pela gestão do PRODER,
esta entidade tem vindo a privilegiar
o apoio a investimentos com caracter reprodutivo, isto é, para além de
representarem uma mais-valia na
qualificação dos recursos endógenos,
na criação de postos de trabalho e
fixação de população no meio rural,
contribuem para a criação de valor
acrescentado de riqueza.
Neste último quadro comunitário
de apoio os instrumentos de apoio
financeiro disponibilizados pela Corane
foram particularmente aproveitados
por dois sectores, considerados estratégicos para o território: a criação de
unidades de transformação de produtos e uma aposta claro no aumento da
capacidade de alojamento e animação
do território na sua vertente turística.
Mais de 3,5 milhões de euros de fundos comunitários foram aplicados no
32 I Agosto
setor do turismo.
A nível dos investimentos públicos
destaca-se, por exemplo, a obra realizada no Parque Biológico de Vinhais,
concretamente a construção da piscina
biológica e a criação do Centro Micológico. Duas infraestruturas diferenciadoras, capazes de atrair visitantes, de
dinamizar economicamente a região,
de criar riqueza.
Este investimento é visível no
território que atualmente apresenta
uma grande oferta, de qualidade, por
exemplo em unidades de Turismo
Rural. Os exemplos sucedem-se um
pouco pelos quatro concelhos, ali se
criam postos de trabalho, muitas vezes
se vendem produtos locais, se promove e se vende a região. Também na
área de animação e da restauração há
investimento visível realizado através
da Corane.
Os diversos setores de atividade
no mundo rural tem uma importância
complementar, se há unidades de
alojamento que recebam turistas há
visitantes que consomem os produtos
da região, os compram e levam consigo, que usufruem dos equipamentos
de lazer, que contratam empresas de
animação para realizar diversas atividades, que visitam e vivem o território
na sua plenitude.
A Corane tem apostado na formação e qualificação da comunidade
local, dotando os residentes de ferramentas e conhecimentos que lhes
permitam gerar riqueza a partir dos
recursos endógenos, explorar as atividades tradicionais, aproveitar novas
oportunidades que possam surgir,
criar o seu próprio negócio. A temática
dos cogumelos é disso exemplo. Este
recurso abundante na região é atualmente apreciado e valorizado como
anteriormente não era. A realização de
diversos cursos de formação, passeios
micológicos, jornadas gastronómicas,
provadas de degustação e tantas
outras atividades desenvolvidas pela
Corane surtiram efeito e hoje este produto constitui uma fonte de riqueza que
está a ser aproveitada, nomeadamente
na gastronomia local.
Este produto deu inclusive origem a
uma associação Micológica, a Xixorra,
que reúne dezenas de associados empenhados em continuar a valorizar e a
aproveitar todo o potencial gastronómico, produtivo e turístico que representa
a fileira dos cogumelos. |
Portugal Inovador
“Somos um exemplo de trabalho em
rede e parceria há mais de 20 anos”
A DESTEQUE - Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente tem como principal
objetivo promover o desenvolvimento do território, valorizando os recursos naturais e culturais.
Esta Associação criada em 1991,
tem por objeto a dinamização das
pessoas, atividades e território do
Nordeste transmontano. Os recursos
da Terra Quente estão, de acordo com
Aurora Ribeiro, coordenadora da DESTEQUE, “contidos na sua paisagem
e na sua cultura e, nós apoiamos as
iniciativas de investimento dos agentes locais, no sentido da criação de
riqueza e valorização sócio-económica
e cultural e efetivado num trabalho de
proximidade, qualificado e competente, e de valorização da identidade local
e regional”.
A DESTEQUE trabalha em complementariedade com outras entidades
públicas e privadas, a nível nacional e
regional. Aurora Ribeiro garante que
“as associações de desenvolvimento
local são as entidades de maior representatividade social dos territórios,
porque temos na composição as
Câmaras Municipais, as Associações
Comerciais e Industriais, as fileiras
agro-alimentares e o setor sócio-cultural. Somos um exemplo de trabalho e
parceria em rede há mais de 20 anos”.
Levar Trás-os-Montes
mais além
A grande prioridade da DESTEQUE é levar o nome de Trás-os-Montes mais além e, para isso, em parceria
com a Corane abraçou dosi projetos
inovadores: o Try Nordestin e o Smart
Travel ‘ 14. “Andamos há 20 anos à
procura de uma marca para Trás-os-Montes e na minha visão nós temos a
marca conseguida para o exterior”. Aurora Ribeiro refere-se ao Try Nordestin,
que é um movimento de inovação e
promoção de destino turístico territorial,
que pretende abranger todo o Nordeste de Portugal. De acordo com a nossa
interlocutora, esta é a marca que deve
promover esta região. “Try NorDestIn
é a marca, porque cabe lá o turismo,
a agroalimentar, o património. Para
mim esta é a marca ideal para todo o
Nordeste e que podemos usar dentro
do país e no estrangeiro”, refere.
Já o Smart Travel‘14 é um evento mundial que vai ser realizado no
Nordeste transmontano e “isso sim, é
uma audácia”. Este é um projeto que
pretende divulgar internacionalmente
o território do Nordeste transmontano,
enquanto destino turístico inteligente.
“Termos feito esta candidatura e ela ter
sido aprovada, é a audácia, associada
à competência e vamos ter um evento
de nível mundial no nosso território.
Este conceito de destinos inteligentes é
inovador, mas há uma particularidade,
é que esta ideia é original de empresários do Nordeste transmontano”,
conclui. |
“Contidos na
sua paisagem e
na sua cultura
e, nós apoiamos
as iniciativas de
investimento dos
agentes locais”
Agosto I 33
Portugal Inovador
Valorizar o território
A CIM Médio Tejo integra 13 municípios. A presidente, Maria do Céu Albuquerque, também
autarca do município de Abrantes, apresenta-nos os diferentes pilares da sua intervenção.
Falar da CIM Médio Tejo é
falar dos concelhos de Abrantes,
Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere,
Mação, Ourém, Sardoal, Sertã,
Tomar, Torres Novas, Vila de Rei
e Vila Nova da Barquinha. “A
nossa região não é fácil de gerir
por corresponder a um território
muito vasto e disperso”, refere,
acrescentando que, dentro deste
conjunto de municípios, “não há
uma cidade que polarize, mas sim
um conjunto de cidades médias
que criam uma dinâmica de polarização relativa aos territórios de
menor dimensão”.
Neste contexto, o desafio presente passa pelo respeito por uma
“lógica de solidariedade” entre os
municípios, que desenvolva a re-
34 I Agosto
gião de forma integrada mas pela
qual “cada um consiga criar valor
dentro do seu próprio território”.
Cada autarca tem de “olhar para
o seu próprio território enquanto
líder da comunidade que o elegeu,
olhar para o que esse território
tem para oferecer e capitalizar
isso sempre numa lógica supramunicipal”.
Um objetivo assumido é a
valorização dos recursos endógenos da região e do seu potencial
turístico. “Queremos criar uma
oferta turística estruturada”, assume. “Um fator muito importante
que aqui temos é Fátima e temos
o objetivo de conseguir que as
pessoas venham mas fiquem
e queiram conhecer o resto do
território”, continua, lembrando
exemplos de outros pontos de
atração turística com relevância
nacional como o Castelo de Almourol ou o Convento de Cristo.
Paralelamente ao turismo, entre
outros recursos que valorizam
esta região destacam-se o rio
Tejo, assim como o Zêzere, mas
também a floresta e a produção de
azeite, vinho ou enchidos.
O desenvolvimento empresarial merece também a atenção
da CIM, que procura incidir na
dinamização dos setores que se
destacam em diferentes municípios, como a logística em Torres
Novas, o ensino em Tomar ou a
energia e metalomecânica em
Abrantes. “Temos de olhar para as
características de cada município
e procurar captar mais investimento e fixar mais quadros jovens”. |
Portugal Inovador
O desenvolvimento local
com identidade
Instituída em 2007 para servir os concelhos de Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis,
a ADRITEM (Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria)
alargou, entretanto, o seu âmbito de intervenção aos municípios de Albergaria-a-Velha,
Valongo e Gondomar.
“Temos estado a apresentar candidaturas a outras linhas de financiamento
para a qualificação das empresas do
território, nomeadamente ao nível da
eficiência energética (SI Qualificação)
e na organização de missões empresariais”.
HÁ FESTA NA ALDEIA
“Contribuir de forma ativa para
o desenvolvimento dos municípios
que servimos é a nossa tarefa diária,
num desafio que assumimos desde a
primeira hora”, declara Emídio Sousa,
responsável pela associação e também presidente da Câmara de Santa
Maria da Feira. A ambição é “afirmar
estes cinco dinâmicos concelhos
como um destino privilegiado de lazer,
cultura e consumo de produtos tradicionais de qualidade”, valorizando os
seus recursos endógenos (naturais,
culturais, históricos, arquitetónicos e
humanos) por via da implementação
e gestão de programas, projetos e
iniciativas de interesse público.
APOIO AO INVESTIMENTO
“O nosso papel tem sido decisivo
para a concretização de projetos que,
de outra forma, não eram possíveis e
que contribuem para o bem-estar das
populações”, considera. Na prática, o
pacote inserido no PRODER que a
associação tem gerido já ultrapassou
os 12 milhões de euros e em cinco
anos resultou na criação de cerca de
100 postos de trabalho.
A potencialização destes investimentos é, naturalmente, uma das
preocupações que marcam o quotidiano da ADRITEM, por serem, como
o próprio responsável reconhece,
instrumentais na “fixação das pessoas
nos seus territórios de origem e por
serem também investimentos que têm
impacto na vida das pessoas quer a
nível cultural quer social”.
Sobre o balanço que faz deste
trabalho, Emídio Sousa mostra-se
satisfeito, mas não quer ficar por aqui:
Areja, Couce, Porto Carvoeiro, Ul
e Vilarinho de S. Roque são as cinco
“Aldeias de Portugal” que se podem
encontrar nas Terras de Santa Maria e
foi com vista à promoção daquilo que
se pode encontrar nestas localidades
que a ADRITEM projetou uma das
suas iniciativas mais assinaláveis.
O “Há Festa na Aldeia” é, segundo
Emídio Sousa, “um exemplo não só
pelo seu pioneirismo, mas também
por criar um novo foco de atratividade
nestes espaços rurais com características próprias”.
Seguindo o objetivo de “divulgação patrimonial, dos usos e costumes
e também da gastronomia”, este projeto trabalha com as populações ao
longo de todo o ano para, entre junho
e setembro, mostrar toda essa dinâmica num conjunto de “eventos-âncora
que são sempre muito participados”.
O primeiro passo foi dado no ano passado e agora, em 2014, as expetativas
passam por solidificar um projeto que
“fazia falta para a qualificação das
aldeias envolvidas”. |
Agosto I 35
Portugal Inovador
Douro:
património nacional e mundial
Elevar a imagem da região do Douro e dos seus produtos dentro e fora de portas é a missão
da Associação Douro Histórico.
A Douro Histórico surgiu em 1992
com o objetivo de dar resposta à implementação do programa Leader. Ao
longo de vinte e dois anos de existência,
a associação, que abrange os concelhos
deAlijó, Sabrosa, Murça, Vila Real, Santa
Marta, Peso da Régua, Mesão Frio e as
freguesias ribeirinhas de Tabuaço, tem
vindo a desenvolver trabalhos com vista
à sustentabilidade do território, através
de linhas de financiamento para apoiar
projetos criados com o intuito de colmatar
as necessidades locais. “Tudo o que foi
feito foi com base na auscultação das
pessoas e na visita ao terreno. Assim
se abriram as candidaturas aos projetos
apoiados por nós”, introduz Manuela
Pires, coordenadora da Associação
Douro Histórico.
Investir e dinamizar a região do
Douro é o objetivo desta associação
36 I Agosto
que desenvolve projetos com ênfase
nas duas maiores potencialidades do
território – o vinho, em particular através
do enoturismo e apoio à comercialização, e o alojamento turístico. Estes
tópicos foram altamente beneficiados
no último quadro comunitário, através
de “um grande volume de projetos ao
nível do empreendorismo”. Os projetos
baseavam-se na melhoria das condições e no aumento da atratividade do
território, asssociado à promoção das
quintas de enoturismo e dos vinhos, que
suportam toda a economia da região.
“É essa a base que sustenta o nosso
trabalho. Cada vez mais com o sentido
de projetar a imagem do Douro e dos
vinhos para o estrangeiro”, complementa
Luís Tão, vice-presidente da direção.
“Independentemente da ação da
Associação, quem investe no Douro tem
de ter presente que a internacionalização
é necessária. Um dos problemas desta
região prende-se com a dimensão das
quintas e da sua produção. Um investidor tem de ter dois objetivos em vista:
atrair turistas e internacionalizar o seu
produto”, acrescenta Manuela Pires.
Os nossos entrevistados confirmam
que os novos empresários já têm essa
mentalidade e procuram nichos de
mercado adequados ao seu produto.
“O segredo está sempre na produção
com muita qualidade, independente da
quantidade, mas isso continua a ser um
entrave à internacionalização”.
Ainda em fase de transição para o
novo quadro comunitário 2014-2020, a
Associação Douro Histórico perspetiva
um novo quadro maioritariamente imaterial focado “na animação, formação e na
criação de emprego”. No entanto, é certa
a continuidade da aposta em projetos
agrícolas (investimentos até 25mil €) e de
transformação (investimentos até 200mil
euros). O turismo e o alojamento serão
também contemplados, “se bem que
menos direcionado para a criação, mas
sim para a requalificação de unidades
de alojamentos”.
Em final de conversa, Luís Tão não
deixa de reforçar que, apesar de todos
os investimentos que têm vindo a ser
feitos, “Trás-os-Montes não conseguiu
ainda estancar a saída de cidadãos”,
nomeadamente jovens qualificados.
“Tornar este um território atrativo para
as pessoas com condições de vida e
emprego deve ser o caminho a seguir”,
conclui. |
Portugal Inovador
Na génese da valorização local
Direcionando as suas atenções para o turismo rural e para a valorização de produtores
agrícolas, a Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte (ADIRN)
atua em seis concelhos onde promove iniciativas para melhorar as condições de vida da
população residente.
criação de 231 postos de trabalho.
“Todas as atividades que a
ADIRN tem desenvolvido têm sido
entendidas como meios para a
dinamização e coesão regional do
património riquíssimo que temos,
tanto em termos sociais, históricos
ou rurais. Para tal, apoiamo-nos
em diferentes projetos que foram
criados para a obtenção da promoção desejada para os concelhos de
intervenção da Associação”, explica
o presidente, Pedro Ferreira.
Templar
A ADIRN envolve, atualmente, o
território de Alcanena, Ferreira do
Zêzere, Ourém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova de Barquinha, considerando também uma expansão
para o Entroncamento. A Associação nasceu em 1991, juntamente
com o surgimento do programa de
iniciativa comunitária LEADER e,
desde então que tem direcionado a
sua atividade para a gestão desse
programa, privilegiando a área do
Turismo Rural e Valorização dos
Produtos Locais.
O programa LEADER tem sido
uma grande aposta do estado português, de modo a valorizar o agroturismo, a gastronomia e pequenas
e médias empresas instaladas
no meio rural com a finalidade de
tornar os serviços e produtos dos
territórios mais competitivos.
No âmbito do sub programa 3
“Dinamização das Zonas Rurais” –
abordagem LEADER do PRODER,
durante o período de 2007-2013,
foram aprovados no território de intervenção da ADIRN, 135 projectos
de investimento nas áreas do turismo, diversificação de actividades
na exploração agrícola, valorização
e conservação do património rural,
serviços básicos para a população
rural e microempresas de variadas
actividades económicas. A totalidade destes projectos correspondem
a uma aplicação financeira de
€19.326.277,07 de investimento
total e €11.585.118,31 de comparticipação pública, com previsão da
A empresa Templar é uma
agência de viagens e de animação
turística que iniciou a sua atividade
em 1997, apoiada na ADIRN, com
a missão de promover iniciativas de
turismo rural, turismo de aventura,
ecoturismo, turismo cultural e turismo desportivo.
Formações
Modulares
Certificadas
Através do financiamento do
Programa Operacional Potencial
Humano (POPH), a ADIRN vai
realizar no ano 2014 formações
nas áreas de Turismo e Lazer,
Produção Agrícola e Animal, Floricultura e Jardinagem, Comércio,
Higiene e Segurança no Trabalho
a serem efetuadas nos seis concelhos de território de intervenção
da ADIRN. |
Agosto I 37
Portugal Inovador
Potencializar o Douro
A Douro Superior Associação de Desenvolvimento (DSAD) foi constituída em 1994 com o
intuito de promover o desenvolvimento nos concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Nova de
Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro.
Com uma atuação alargada, as
atividades agrícola e turística, o apoio
a empresas, ação social, a promoção
e valorização do património rural, foram
setores trabalhados no quadro comunitário que agora termina.
Em conversa com a coordenadora
Catarina Dias, percebemos que o trabalho da Associação tem dado frutos,
conseguindo captar um maior número
de projetos para a região. “No quadro
comunitário, que agora finda, focámos
a nossa atuação nas micro empresas
para que estas se pudessem renovar
dando continuidade ao trabalho desenvolvido. Não podemos descurar a
importância que as novas tecnologias
têm no meio rural e aguardamos novas
medidas de incentivo”.
Sediada em Torre de Moncorvo,
38 I Agosto
a DSAD pretende divulgar as potencialidades de uma região ainda
subaproveitada através de projectos
de cooperação interterritorial e transnacional. “A parceria entre os concelhos
é crucial para a região e o trabalho
em rede fortifica-nos”, reitera. Desta
forma, já preparando o novo quadro
comunitário 2014-2020, a DSAD está
a fazer um levantamento no local das
necessidades e expectativas por forma
a criar uma estratégia de futuro.
A coordenadora reporta-nos ainda
o aparecimento de alguns jovens empreendedores que encaram o setor
agrícola como uma oportunidade de
negócio, “com vontade de trabalhar
e de valorizar o produto local”. “É
necessário complementar esses investimentos com outras práticas para
a captação de turistas e dinamização
da região”, defende.
Deste modo, procuram promover
medidas para apoiar investimentos
que se enquadrem nos seus objetivos:
“Falamos, por exemplo, de formação
apoiada pelo POPH que visa atingir
ativos, desempregados e empregados
em regime laboral e pós-laboral (cursos de artesanato, comércio, indústrias
alimentares, hotelaria e restauração,
turismo e lazer, entre outros)”. A adesão a estas iniciativas tem sido muito
satisfatória, sendo uma ferramenta
que abre horizontes através do conhecimento e da conquista de novos
contactos”.
Excercendo um forte trabalho de
apoio e proximidade à comunidade,
Catarina Dias assume que a DSAD
tem vindo a colher os resultados dos
projetos realizados nas últimas duas
décadas. “No futuro, iremos dar continuidade ao trabalho desenvolvido
aproveitando todas as ferramentas
com vista à diversificação da oferta.
No plano estratégico para o quadro
comunitário 2014/2020 consideramos
essencial, a criação de emprego, para
o desenvolvimento e coesão social.
Todas as nossas ações estão sempre direcionadas a promover novas
oportunidades de emprego para os
habitantes. Já se criaram boas dinâmicas e projetos tanto nacionais como
internacionais.
Agora, temos que dar continuidade
ao trabalho desenvolvido criando e
dinamizando novas oportunidades”,
conclui. |
Portugal Inovador
Estratégias de desenvolvimento
para o Alto Tâmega
António Cabeleira, responsável pela Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e também
presidente da Câmara Municipal de Chaves, falou connosco acerca dos desafios que a sua
região tem pela frente.
Agrupando os municípios de Chaves, Montalegre, Boticas, Valpaços,
Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena,
a CIM do Alto Tâmega dá resposta às
necessidades de 95 mil habitantes.
Sobre as competências de instituições
e sobre o que representam na administração do território nacional, António
Cabeleira manifesta a sua expetativa
de que, futuramente, haja um reforço
do seu âmbito de competências. “Estou
convicto de que isso vai acontecer, em
domínios como a educação, a saúde
ou o emprego”, assume.
O alargamento da intervenção
destas instituições de âmbito regional
contraria, na sua ótica, o tratamento
“pouco equitativo” a que tem sido sujeito o território nacional e as populações.
Dando como exemplos a oferta cultural
ou os transportes públicos, António
Cabeleira nota evidentes assimetrias:
“Um pouco por todo o país, quem
suporta esses serviços são os municípios, ao contrário do que acontece
nas áreas metropolitanas de Lisboa
ou Porto, que beneficiam de equipamentos financiados pelo orçamento
geral do Estado”.
FOMENTO EMPRESARIAL
O tecido de empresas que se
encontra no território do Alto Tâmega
é, infelizmente, visto pelo nosso interlocutor como sendo ainda “débil e pouco
estruturado”. A interioridade continua
a ser um problema na captação de
investimento, mas o enquadramento
geográfico desta região pode também
resultar numa mais-valia: “É certo que
uma empresa cuja produção esteja
direcionada para a exportação de via
marítima ou ferroviária poderá ter preferência por outros locais. No entanto,
há que lembrar que, para quem quiser
exportar por via rodoviária para o centro da Europa, estamos no melhor local
do país. Estamos imediatamente ao
pé da fronteira e o caminho rodoviário
mais próximo para a fronteira de Espanha com França é o que começa aqui”.
No aspeto empresarial, a aposta
principal recai sobre o aproveitamento
daquele que é o grande recurso natural
da região, que é, nomeadamente, o
solo. Nesse sentido, o objetivo é a
dinamização de um forte setor agro-alimentar: “Estamos a criar uma estrutura que consiga organizar melhor
a produção, a promoção e a comercialização de um conjunto de produtos
característicos do Alto Tâmega. Temos
vários exemplos que são referência a
nível nacional, como o presunto de
Chaves, o presunto do Barroso ou o
cabrito do Alvão, mas aquilo que é necessário é conseguirmos adquirir uma
escala de produção que nos permita
exportar. Não faz sentido estabelecer
uma relação comercial com alguém na
Alemanha com base numa oferta de
mil unidades, precisamos de o fazer
com umas cinquenta ou cem mil”.
Como garante António Cabeleria,
esta aposta no setor primário não
passa pelo retorno ao “modelo do
agricultor pobre dos anos 60”, mas sim
de “verdadeiros empresários agrícolas
que saibam tirar proveito das suas
empresas”. |
Agosto I 39
Portugal Inovador
CIM do Douro: rosto da unidade
e maximização desta região
Francisco Lopes, presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, revelou, em entrevista,
as suas reais pretensões para o desenvolvimento geral da região.
No nosso périplo pela procura de
perceber o papel das comunidades
intermunicipais, fomos ao encontro
da Comunidade Intermunicipal do
Douro, fundada em 2006, com sede
em Vila Real e delegações em Lamego em Torre de Moncorvo e que
se compõe por 19 municípios - cerca
de 220 mil habitantes - distribuídos
pela região do Alto Douro, integrando
os sub espaços regionais do Douro
Norte, Douro Sul e Douro Superior.
“A escala municipal há muito
que se tornou insuficiente para os
desafios atuais que os municípios
enfrentam”, começou por dizer Francisco Lopes em relação à razão da
fundação destas novas comunidades.
Caracterizando esses “desafios”
como “globais”, “específicos” e “complexos”, o presidente da Comunidade
Intermunicipal do Douro argumentou
ainda que a criação “sustenta-se na
40 I Agosto
base das NUTS III”, com a intenção
clara de “homogeneizar uma região em termos de conhecimento,
empreendedorismo e qualificação,
articulando estas entidades administrativas com as unidades estatísticas
comunitárias.
De acordo com Francisco Lopes,
as ameaças “futuras são evidentes”.
Dessa forma, é fundamental “a união
de esforços” de forma a atingir o seu
grande objetivo: “Deparamo-nos com
a gestão de dificuldades do território,
nomeadamente a desertificação e redução da população. Queremos que,
em 2020, possamos ter uma região
mais competitiva, coesa, solidária e
que possa ter sustido à perda populacional, que tenha criado riqueza e
novos investimentos”, disse.
A coexistência de três comunidades permite “um olhar comum em termos de potencialidade e capacidade”,
tendo em vista “a homogeneidade,
proximidade e identidade dos territórios”, de forma a atingir a finalização
dos vários projetos apoiados por fundos QREN: “Pretendemos a criação
de emprego, riqueza e apropriação de
mais valia. A prioridade foram os centros escolares, no Qren, seguindo-se
as acessibilidades, planeamento
urbano e promoção empresarial”,
afiançou Francisco Lopes.
Sublinhado que se destacam
como parceiros “ativos” de todas as
atividades desenvolvidos em múltiplas áreas da sociedade, o presidente
da Comunidade Intermunicipal do
Douro revelou que foram perentórios
na renovação da classificação de património mundial da região do Douro
pela UNESCO. Ademais, assumiram
também uma posição activa no Museu do Douro, representado, assim,
todos os municípios integrantes.
Exercendo um papel proactivo
“na luta contra fecho de tribunais”,
“uma rede de água, saneamento e
resíduos, mais eficiente e sustentável”, “um sistema justo de portagens”
e “reivindicação de obras como o
túnel do Marão, linha área de Trás-os-Montes e a linha ferroviária do
Douro”, Francisco Lopes reiterou para
o facto da assinatura do compromisso
entre as três comunidades intermunicipais, depositando uma palavra
de confiança: “Acredito muito nas
potencialidades do nosso território e
na capacidade dos transmontanos e
durienses”, terminou. |
Portugal Inovador
Promover a região
de Trás-os-Montes
A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, criada recentemente - Lei
75/2013 de 12 setembro - engloba os concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de
Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.
toda a região. Numa carta de intenções
enviada ao Executivo apontaram algumas áreas fundamentais de atuação,
prometendo o envio de um plano de
ação concreto. “Captar investimentos
para a região, é fundamental para que
esta não se afaste ainda mais, em
termos económicos, do resto do país”,
refere o presidente Américo Pereira.
Competências
A criação da Comunidade Intermunicipal prevê a promoção do planeamento e da gestão da estratégia de
desenvolvimento económico, social
e ambiental do território; a articulação
dos investimentos municipais de interesse intermunicipal; a participação
na gestão de programas de apoio ao
desenvolvimento regional, designadamente no âmbito do QREN e o planeamento das atuações de entidades
públicas de caracter supramunicipal.
Trás-os-Montes
Tirando proveito dos fundos europeus que nas últimas décadas foram
aplicados na região, hoje o território
apresenta boas estruturas e vias de
comunicação que a aproximam dos
principais centros urbanos nacionais,
“mas a questão social, a baixa densidade populacional e a criação de
emprego continuam na ordem do dia”.
A CIM das Terras de Trás-os-Montes é uma entidade jovem e os seus
intervenientes comungam da vontade
de trabalhar em conjunto, partilhando
estruturas e ideias. A orientação do
próximo quadro comunitário direciona
uma grande fatia de apoios para as
empresas, nomeadamente no que se
refere às questões da competitividade
e da inovação. Com vista a tirar o máximo de proveito deste novo plano, a
CIM das Terras de Trás-os-Montes, em
parceria com a CIM do Douro, a CIM
do Alto Tâmega, entidades de Ensino
Superior e Associações Empresariais
uniram-se para encontrar soluções
para o melhor desenvolvimento de
Há temáticas que tendem a estar
sob a competência da comunidade.
Uma dela prende-se com a garantia da
mobilidade mínima aos cidadãos. Nesse
sentido a CIM das Terras de Trás-os-Montes está a proceder à realização
de um estudo com o intuito de analisar a
ligação rodoviária dentro dos concelhos
e intraconcelhos. “É crucial que se garanta a mobilidade mínima dos cidadãos
com a cooperação entre municípios,
principalmente nas regiões do Interior”.
Entre outras questões, a promoção do território e dos seus produtos,
aproveitando a riqueza da gastronomia
e das tradições é uma das temáticas
que deve ser tratada a nível supramunicipal. “É fundamental a colaboração
entre entidades para potenciar a imagem da região a nível internacional”.
Ao nível do ensino e formação profissional, é de salientar a presença na
região de instituições de ensino – como
o Instituto Politécnico de Bragança
– fundamentais para a promoção da
inovação e da aplicação do conhecimento científico junto das empresas. |
Agosto I 41
Portugal Inovador
42 I Agosto
Portugal Inovador
Ensino Profissional
é o caminho!
Com mais de dez anos de existência a Escola Profissional Novos Horizontes é uma referência
no concelho da Maia.
gio já sabem qual a responsabilidade
que têm! Aliás, muitos deles acabam
por ficar nas empresas onde estagiaram”, refere Paula Miranda. A par
da formação profissional, as nossas
entrevistadas tentam sempre incutir
nos alunos a vertente social. Por este
motivo, “fazemos um trabalho mais de
caráter social, através dos projetos de
turma que implementamos e que procuram fazer a ligação com a sociedade
envolvente, a nível da informática, da
contabilidade e até mesmo da receção”, assegura a diretora financeira.
Estratégia
Europa 2020
“Saber ser, saber fazer e saber
estar” é o lema desta escola profissional. Sendo uma escola que se
tem desenvolvido paulatinamente
e cujo projeto educativo assenta na
formação em contexto de trabalho e
a aprendizagem na sala de aula, a
Novos Horizontes oferece aos seus
alunos um conjunto de opções, para
que estes possam integrar o mercado
de trabalho. Em entrevista à Portugal
Inovador, Paula Miranda, diretora pedagógica e Isabel Brandão, diretora
financeira, explicaram: “Apostamos na
formação com qualidade. Somos uma
escola que tem cerca de 40 docentes
e 250 discentes, mas claro que ao
longo dos anos formámos mais de
700 alunos e a nossa diferenciação
tem sido a taxa de empregabilidade
dos mesmos”.
Sendo a única escola profissional
no concelho da Maia, esta instituição
procura adequar a sua oferta formativa
às necessidades do mercado de trabalho. Tal como foi dito por Isabel Brandão, há cursos que são fundamentais
e “muitas vezes apostamos em áreas
que nos são solicitadas pelos nossos
parceiros”. Neste sentido, este ano, a
aposta da Novos Horizontes incide nos
cursos técnicos de Serviços Jurídicos,
Técnico de Restauração e Técnico de
Comércio, pois são formações que têm
uma taxa de empregabilidade muito
alta. Com um conjunto de parcerias
que envolvem desde a Câmara Municipal da Maia a diversas entidades
da região, esta escola consegue
proporcionar aos alunos um conjunto
de oportunidades para que estes integrem o mercado de trabalho. “Aqui os
nossos alunos são preparados para a
vida ativa e quando entram em está-
De acordo com o ministro da
Educação e do Ensino Superior,
Nuno Crato a estratégia para diminuir a taxa de abandono escolar em
Portugal, passa pelo incremento dos
cursos profissionais. Enquanto diretora pedagógica, Paula Miranda está
de acordo com esta solução: “Não
tenho qualquer dúvida do sucesso
deste tipo de formação. Entendo que
será a única mais valia para o nosso
país. Temos de vocacionar os alunos
para aquilo que o mercado precisa e
os quadros intermédios são de maior
facilidade de integração no mercado
de trabalho”, explica. Estas metas a
atingir em 2020 têm, de acordo com
as nossas entrevistadas, de ser bem
orientadas e “os próprios jovens têm de
perceber quais as oportunidades que
determinado curso profissional lhes vai
trazer”, concluem. |
Agosto I 43
Portugal Inovador
Artigo de opinião
Mais qualificação ou
redução do insucesso?
O ensino profissional é um tema que, invariavelmente, está
relacionado com o teor da nossa publicação. Esta vertente
educacional dirige-se, essencialmente, para o tecido
empresarial do nosso país. Pelo menos, esse é o seu objetivo
número principal.
Todavia, e após variadíssimas
entrevistas a diretores de agrupamentos escolares de Norte a
Sul do país, podemos constatar
- tomando a liberdade - que as
diretrizes e linhas estratégicas
não têm tido a aplicação necessária que se traduza um maior
sucesso do que aquele que tem
sido obtido. As características demográficas, ambientais e naturais
e as próprias necessidades de
cada região influenciam de forma
direta a escolha e definição dos
diferentes cursos profissionais.
A aparição do ensino profissional em Portugal remonta a 1837,
aquando da criação da Escola
Politécnica de Lisboa tendo em
vista a criação e formação de
profissionais que dariam a ajuda
necessária da evolução económico-financeira nacional. Nos anos
80, foi a vez de António Augusto
44 I Agosto
Aguiar erguer múltiplas escolas
industriais que são relembradas
com saudade e merecedora dos
mais diversos elogios pela qualidade e experiência transmitida a
quem por lá passou.
Ao longo dos últimos anos
essas mesmas escolas foram
fechando as suas portas o que
empobreceu a vertente do ensino
profissional direcionado ao impulso empreendedor. Atualmente, a
situação vivida sofre os efeitos negativos dessa tomada de decisão.
Hoje, os alunos que optam pela via
profissional no ensino básico ou
secundário são, em grande parte
dos casos, resultado de insucesso
escolar, quem não demonstrou capacidade e vontade em conseguir
percorrer o trilho escolar tradicional
até ao ingresso no ensino superior.
Patamar que, muito dificilmente,
atingirão mais tarde.
No título está a minha ideia.
Será o ensino profissional uma
via capaz de fornecer verdadeira
qualificação e formar os profissionais necessários ou passará
apenas por ser uma “escapatória”
à possível desintegração social?
“A sociedade atual tem-se caraterizado por rápidas mudanças
sociais, tecnológicas e económicas sendo hoje atribuído aos
sistemas educativos o mandato
de acompanhar essas mudanças”, redigiu Helena Madeira,
professora e mestre em Ciências
da Educação, num artigo pessoal
intitulado “Um Percurso Escolar
Diferente Para a (Re)construção
de Projetos de Vida”.
Não poderia estar mais de
acordo. A globalização, movimentação de ideais, culturas ou estilos
de vida influenciou de tal forma
o mundo em que vivemos, que o
ensino, mais que nunca, deve ser
capaz de mostrar o caminho do
sucesso num só caminho e sem
desvios. |
Hugo Lopes
Portugal Inovador
Região Centro
Agosto I 45
Portugal Inovador
Reciclar, para um futuro
sustentável
A Tecplasnova é uma empresa portuguesa de referência no setor da reciclagem de materiais
técnicos de pós produção. A revista Portugal Inovador foi conhecer a dinâmica desta indústria,
junto do seu fundador.
Criada em 2001 por Américo Regalado, um experiente profissional
do setor da injeção de plásticos, a
Tecplasnova tem apostado permanentemente na aquisição de maquinaria de ponta, na qualidade dos
materiais que produz, assim como
na contratação de novos colaboradores, facto que tem conquistado
exigentes clientes à escala mundial.
Hoje, 13 anos passados após a
criação desta empresa com as suas
instalações fabris na Zona Industrial de Mira, o nosso entrevistado
mostra-se extremamente orgulhoso
com o trabalho alcançado.
“A Tecplasnova prima pela aposta na qualidade e pela inovação nos
processos”. Recolhendo materiais
de pós produção, oriundos da
indústria automóvel, alimentar ou
sanitária, os seus fornecedores são
empresas portuguesas de referência internacional. “Neste momento,
46 I Agosto
estamos a reciclar, por exemplo,
materiais da indústria automóvel
que antes eram enterrados (como
o PP, PS, ABS, PA e o PC+ABS),
garantindo uma elevada qualidade
nas suas múltiplas utilizações futuras”, explica-nos.
Até então, “nenhuma outra
empresa em Portugal granulava
e reciclava materiais como os
designados acrílicos”. A indústria
automóvel carecia de um parceiro
capaz de reprocessar materiais
bastante dispendiosos, muito resistentes ao desgaste promovido pelo
calor. Também a indústria alimentar
necessitava de uma empresa de
reciclagem em Portugal. Neste
momento, “estamos a vender esse
material, com grande controlo da
qualidade, sendo que as indústrias nacionais já não precisam
de o adquirir no mercado externo,
reduzindo assim as importações e
promovendo as exportações”.
Consciente da fraca imagem
que os portugueses alimentam
sobre a indústria da reciclagem,
Américo Regalado reforça: “O
público, em geral, não tem noção
da mais-valia da reciclagem e da
complexidade do trabalho que realizamos, sendo que nós trabalha-
Portugal Inovador
mos única e exclusivamente com
materiais técnicos de pós produção.
Somos fornecedores de indústrias
como, a automóvel, a farmacêutica, do calçado ou a alimentar. Os
carros de gama baixa já começam
a utilizar materiais reprocessados e
os testes comprovam que a maioria
destes produtos pode ser reciclado
ou granulado até seis vezes, sem
perder as suas características essenciais”.
Trabalho técnico
A aposta na inovação é constante, mas 2014 vai ser um ano
de transição dado que a aquisição
de uma nova unidade industrial
e o processo de certificação, em
curso, vão permitir criar as condições ideiais para trabalhar uma
marca com produtos certificados,
devidamente acompanhados por
uma ficha técnica. “Será um modo
de oficializar e certificar a qualidade
dos nossos produtos e a inovação
dos nossos processos que desde
sempre nos caracterizou como uma
empresa de soluções abrangentes
de serviço de excelência ao cliente
e valor tangível para a sociedade”,
acredita o empresário.
Este novo espaço vai servir
para otimizar todo o processo de
produção. Nesta nova unidade vai
ser efetuada a triagem, a limpeza
e a trituração dos materiais. Sendo que as presentes instalações
destinam-se apenas ao processo
de granulação, com certificado
de análise laboratorial realizado
internamente. “Prevemos a abertura dessa unidade em setembro
criando mais postos de trabalho e
aumentando o valor acrescentado
dos nossos produtos”.
Totalmente ajustada às exigências do mercado global, a Tecplasnova é uma empresa que trabalha
24 sob 24 horas. A aquisição de
novos equipamentos e a contratação de colaboradores é constante.
“Recentemente admitimos mais
cinco colaboradores e investimos
perto de um milhão de euros em
mais duas linhas produção. No total
temos quatro linhas – três alemãs e
uma suíça –, consideramos que se
a maquinaria estiver devidamente
ajustada às pretensões do produto
final e se o material para reciclar for
de excelente qualidade, o produto
reciclado é de igual qualidade”.
Em final de conversa Américo
Regalado não deixa de lamentar
a falta de apoio à indústria que
sente por parte do Governo português. Para uma indústria que
consome energia 24 horas por
dia, os custos da eletricidade e o
pagamento de elevados valores
de IVA, associados a todos os
outros encargos tornam a rentabilidade muito aquém do desejado.
Apesar de tudo, este empresário
apaixonado pela sua profissão,
continua a lutar, a investir no
seu projeto e a criar postos de
trabalho. As expectativas para
os próximos anos são positivas:
“Trabalhamos para responder às
expectativas de todos os nossos
clientes, cumprindo prazos de
entrega e garantindo qualidade,
fomentando exportações e diminuindo a dependência da indústria
nacional das importações”. |
Agosto I 47
Portugal Inovador
AQUI SINTO-ME BEM!
(Bem-estar, conforto, requinte e lazer)
Desfrute de uma paisagem verde em ambiente calmo no coração do Baixo Mondego! Um
misto de bem-estar e requinte!
O valor da equipa
Quinta Verde Repouso e Lazer
Lda., localizada em Carapinheira
no concelho de Montemor-o-Velho, tem a missão de prestar cuidados individualizados e
personalizados, proporcionando
bem-estar, conforto, requinte e
lazer aos seus residentes, que por
algum impedimento não possam
assegurar, temporária ou permanentemente, a satisfação das
suas necessidades básicas e/ou
atividades da vida diária.
O Lar Quinta Verde de génese familiar constituída por três
sócios surge da dificuldade em
encontrar um local adequado e
aprazível para os respetivos pais.
A esta ideia juntou-se o fato de
possuírem um terreno pertença da
família onde foram construídas as
atuais instalações.
O edifício Lar Quinta Verde,
construído de raiz, conta com
cerca de 30.000 metros quadrados de zona verde envolvente,
em plena harmonia com a tranquilidade e ar puro do campo.
Tal como o nome indica o local e
48 I Agosto
as instalações proporcionam um
misto de bem-estar e requinte
aos residentes, que gostem de
desfrutar de uma paisagem verde
em ambiente calmo no coração
do Baixo Mondego!
Quinta Verde em
movimento
A Quinta Verde disponibiliza
quartos de casal, duplos e individuais, todos com casa de banho
privativa e adaptada, televisão,
rádio, telefone e internet. Possui
ainda instalações de qualidade,
com aquecimento central, janelas
panorâmicas com vidro térmico e
espelhado para uma melhor privacidade, salas multiatividades,
salão de cabeleireiro e salão de
festas, “devidamente adequadas
às necessidades dos idosos, não
existindo barreiras arquitetónicas
que impeçam a livre circulação
pelo espaço interior e exterior”. A
alimentação é equilibrada e variada, ajustada às necessidades de
cada residente, e confecionada na
instituição.
A Quinta Verde presta serviços
de excelência de apoio à pessoa
idosa, sendo hoje uma empresa
de referência, que se destaca por
promover um envelhecimento ativo. O reconhecimento desta boa
imagem deve-se à qualidade dos
seus serviços garantidos por uma
equipa qualificada e multidisciplinar que proporciona a máxima
segurança, acompanhamento
constante e personalizado aos
seus residentes. A equipa técnica
é composta por: médico, enfermeiras, fisioterapeuta, pedagoga,
gerontóloga, técnica de serviço
social, operário polivalente, ajudantes de lar e cozinheiras.
Resultado das várias parcerias
com a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Instituto
Superior Miguel Torga, Escola
Superior de Educação de Coimbra, Faculdade de Psicologia e
Ciências de Educação de Coimbra e Faculdade de Ciências do
Desporto e Educação Física de
Coimbra, contamos ainda com a
colaboração de diversos estagiários das referidas instituições o
que contribui para a dinamização
e inovação da Quinta Verde.
António Pires, um dos gerentes, não perde a oportunidade
para realçar a importância da
equipa técnica e auxiliar, que vive
de forma apaixonada o dia-a-dia
da Quinta Verde: “Tenho um orgulho imenso nesta equipa de
colaboradores e estagiários, que
se entrega de corpo e alma a este
projeto, fazendo deste lar também
a sua casa”.
A aposta na formação dos
quadros que integram a institui-
Portugal Inovador
ção é constante; áreas como os
primeiros socorros, o cuidado ao
idoso, a demência, a comunicação
e a gestão de conflitos são prioritárias. A demência é uma das
patologias que mais se evidencia
atualmente entre os residentes.
É necessário adquirir e desenvolver competências específicas
para prestar tais cuidados com
qualidade, não negligenciando
o próprio cuidador (ergonomia e
gestão emocional).
Oriundos de diversas regiões
do país, os residentes sentem-se cativados pela tranquilidade
da freguesia, pelas modernas
instalações, pelos vastos jardins
e pomar, e principalmente pelo
dinamismo incutido diariamente
pela equipa profissional. Aqui são
tratados de forma diferenciada e
integrados numa dinâmica diária
que promove atividades e o convívio. Treino cognitivo, motricidade,
sessões temáticas, musicoterapia e excursões ao exterior são
algumas das várias atividades
realizadas.
Quinta A+
A Quinta Verde é um lar amigo do ambiente. “Somos uma
empresa autónoma, temos um
gerador de emergência que garante o constante fornecimento
de energia. Os vários painéis
solares instalados no local
produzem energia fotovoltaica
e energia para aquecimento.
“Trabalhamos no sentido de rentabilizar ao máximo as energias
renováveis. Somos uma Quinta
Verde no verdadeiro sentido da
palavra”. |
Agosto I 49
Portugal Inovador
Mãos protegidas pela Ansell
A Ansell Portugal, sediada em Vila Nova de Poiares, no distrito de Coimbra, nasceu em
1989. Hoje conta com uma área de 21.615 metros quadrados. A sua produção incide nas
luvas industriais de proteção individual, apostando no serviço de qualidade e na inovação.
Ansell em Portugal
Hélder Fonseca esteve à conversa com a revista Portugal Inovador para nos falar sobre a sua
história. A Ansell existe em Vila
Nova de Poiares desde 1989, sob a
designação Franco Manufatura de
Luvas, Lda. Na altura, a empresa
começou com apenas uma linha de
produção que ainda hoje funciona,
a máquina LP1. Ao longo dos anos
as máquinas foram sendo numeradas consoante o seu crescente
investimento.
Em 1994, expandiram para
duas novas linhas de produção
na gama das luvas imbuídas em
nitrilo com suporte de algodão. Em
1996, deu-se a primeira grande
mudança, foram adquiridos por um
Grupo inglês, a London International Group (LIG), que mais tarde
viria a ser alcançado pela SSL.
Em 1999, construíram outra linha
de produção, a máquina LP4. Em
2003, foram novamente adquiridos por uma empresa francesa, a
Comasec, alterando o nome para
Marigold Industrial Portugal, Lda.
Posteriormente, a Comasec sofreu
uma reestruturação interna, levando ao fecho de algumas unidades
de produção do grupo, em outros
50 I Agosto
países, tendo a fábrica em Portugal
beneficiado com os produtos e ativos transferidos, potenciado o seu
crescimento.
Em 2009, apostaram na tecnologia RFID (Radio Frequency
IDentification), que permitiu trabalhar mais eficientemente a gestão
dos materiais e produto acabado,
sem erros de expedição. Mais
recentemente, em 2012, a Ansell
considerou o negócio credível e
comprou a empresa Comasec.
Neste momento, detem fábricas
espalhadas por todo o mundo, com
cerca de 12.000 trabalhadores.
Após nove meses de a Ansell
ter adquirido a Comasec, a equipa de Portugal já estava a lançar
artigos completamente novos para
o mercado. Em 2010, adotaram a
filosofia LEAN Manufacturing, que
permite gerar maior fluxo na produção, evitando o desperdício, isto é,
após a máquina concluir a fase da
produção as luvas são carimbadas,
empacotadas, e automaticamente
ficam num local até um responsável
as transportar para o armazém. A
agilização do processo encurtou os
tempos de ciclo, tornando-os mais
competitivos. “O importante é que
a luva siga o fluxo contínuo sem interrupções”, aponta o entrevistado.
Neste momento, a fábrica conta
com 306 funcionários, beneficiando
da localização próxima do Porto de
Leixões e do Aeroporto de Sá Carneiro. Grande parte das pessoas
que estiveram na origem da empresa ainda se mantêm nos quadros.
“Mais de 60% dos colaboradores
estão há mais de dez anos connosco”, conta. Como existem áreas de
atividade que trabalham sete dias
consecutivos por semana, a empresa funciona por turnos, gerando
rotatividade, contrariando rotinas.
Portugal Inovador
Atualidade
“Cada vez se torna mais difícil
imaginar uma tarefa em que não
seja necessário o uso das nossas
mãos”, por isso a Ansell Portugal
está a par das novas tecnologias,
em busca de novas soluções para
redução de riscos. Investir em sistemas que permitem automatizar
algumas funções, reduzir o consumo de gás, eletricidade e água,
apostar na higiene e segurança no
trabalho, são os principais cuidados
atuais da Ansell Portugal. As suas
luvas são produzidas com materiais
específicos consoante a finalidade
para a qual vai ser utilizada. Luvas
com capacidade de resistência ao
corte são as mais procuradas pelos
clientes. Todas as luvas produzidas
são sujeitas a ensaios em laboratórios certificados para reclamar os
níveis de proteção atingidos, face
às normas em vigor.
Neste momento, está em projeto
o investimento de uma nova máqui-
na inovadora, inexistente no mercado, que irá combinar o conceito de
automação de robot com o conceito
de corrente contínua na máquina.
A máquina, idealizada dentro da
própria empresa, será contruída
com recurso a algumas parcerias,
gerará maior produção, quantitativamente e qualitativamente, mais
postos de trabalho, dando melhores
acessos às novas tecnologias num
presente já inspirado no futuro. |
Agosto I 51
Portugal Inovador
Especialistas
em suspensões pneumáticas
Orientada para uma gama de alta qualidade, a Pro4Matic é a empresa de referência em
Portugal na venda destes componentes.
O gerente, Nuno Durão, sempre
foi um aficionado pelo mundo automóvel, embora a este não estivesse
ligado profissionalmente. Conforme
conta, foi numa altura em que precisou de uma peça destas, que não
havia em Portugal, que teve início a
sua incursão no setor. Tendo conhecido a Arnott, marca americana de
suspensões pneumáticas, tornou-se distribuidor oficial da marca em
Portugal.
Quatro anos após ter iniciado
o seu percurso, a Pro4Matic é
a “empresa número um” dentro
deste nicho. Estando unicamente
vocacionada para as suspensões
pneumáticas, “a Pro4Matic não é
uma casa de peças tradicionais”.
Os produtos que comercializa “são
de alta qualidade, com borracha
52 I Agosto
Continental ou Goodyear, com
preços muito mais acessíveis em
relação ao que se encontra nos
concessionários oficiais”, refere.
A área de atuação passa, sobretudo, por Porto e Lisboa, mas também Madeira, que “já começa a ter
algum peso no mercado”, Angola e
Moçambique. Sobre esta incursão
nos PALOP, Nuno Durão conta-nos
que, embora com uma dinâmica de
crescimento, a Pro4Matic ainda não
ganhou muita expressão nesses
mercados por certas particularidades que apresentam: “Há muitos
automóveis de alta cilindrada mas
muitos ainda usam suspensões
convencionais, devido ao nível de
qualidade das estradas”. Países
como o Luxemburgo ou a Suíça
também contam para a atividade
da empresa, por via do recurso por
parte dos emigrantes.
Esta presença no mercado é
devidamente suportada por um
competente serviço de assistência.
“Nós estamos permanentemente
contactáveis, mesmo não estando
presentes na empresa”, assume.
Além disso, há também parcerias
com transportadoras como a UPS
ou os CTT Expresso, que diariamente vêm pedir e trazer material.
“Vendemos equipamento para
automóveis de gama alta e, naturalmente, este perfil de cliente é
muito exigente e não quer esperar
muito tempo”.
Ainda no que respeita à rápida e
eficaz capacidade de resposta que
esta empresa mantém, há que dizer
que a Pro4Matic tem as suas peças
Portugal Inovador
em stock. A distribuição foi facilitada
quando a Arnott passou a ter um
entreposto na Holanda, uma vez
que, anteriormente, a importação
era feita diretamente dos EUA.
Sobre aquilo que faz, Nuno
Durão mostra-se muito satisfeito:
“Temos clientes muito exigentes
mas isto é muito aliciante”. As
expetativas estão apontadas para
que, em 2016, a Pro4Matic consiga
dominar o mercado ibérico, algo
que considera exequível devido aos
preços praticados serem inferiores
aos de Espanha. “Temos muito interesse nesse objetivo mas pensamos sempre de forma ponderada,
agindo cautelosamente”, conclui. |
Quatro anos
após ter iniciado
o seu percurso,
a Pro4Matic é a
“empresa número
um” dentro deste
nicho.
Estando
unicamente
vocacionada para
as suspensões
pneumáticas,
“a Pro4Matic não é
uma casa de peças
tradicionais”
Agosto I 53
Portugal Inovador
Ambiente povoado de encantos
Situada no coração da zona Centro, na acolhedora localidade de Tentúgal, com grande
aposta no mercado de realização de eventos e do turismo de habitação, a Quinta do Mourão
coloca alma e vivacidade em todo o seu labor.
poderiam faltar, aqui mora a dedicação
de José Pinheiro de Castro. Pinheiros
mansos, oliveiras, loureiros, sobreiros,
carvalhos são algumas espécies encontradas neste espaço. Futuramente
espera poder construir bungalows,
aproveitando a arquitetura tradicional
portuguesa.
Centro de Eventos
José Pinheiro de Castro, proprietário
da Quinta, e Maria do Céu, responsável
pela organização dos eventos, não
repousam nesse lugar onde os olhos
anseiam pelo revivescer de histórias de
um passado distante. O passado agora
desvendado sob o olhar de pessoas
dedicadas e afincadas às raízes que o
espaço conserva.
Narrativas
reconstruídas
Sabe-se que a construção da Quinta
do Mourão, pertencente ao clero, remonta a 1722. Mais tarde, depois de ter sido
invadida na revolução republicana, ficou
na posse de uma família nobre que não
conseguiu mantê-la. Chegou ao século
XXI, onde José Pinheiro de Castro não
hesitou em adquiri-la e transformá-la
para este fim. A arquitetura do espaço
que se pode observar neste momento,
foi trabalhada e transformada ao gosto
do seu proprietário. A transformação
passou pela reconstrução de novos
espaços, ampliando a área envolvente,
com o requinte e a qualidade que a
construção moderna exigem. A criação
da estrutura hoteleira compreende seis
suítes, com casa de banho privativa, e
um quarto de casal; cozinha tradicional
comunitária, equipada com forno de
lenha. Para os momentos de desporto
e lazer têm à disposição piscina, court
de ténis e circuito de manutenção. A
54 I Agosto
estrutura tem capacidade para crescer,
“existem condições para criar mais seis
quartos, tudo dependerá da procura que
tivermos”, explica o proprietário.
Ar tranquilo
No contacto tranquilo do exterior
há o equilíbrio com a arquitetura, que
serena em espaços verdejantes em
toda a extensão do jardim. O turismo de
requinte é desfrutado na natureza para
pessoas que saibam apreciar a beleza
do meio rural.
Como grande apreciador e conhecedor da vegetação, as plantas não
Amplitude de espaços e luz ambiente
proporcionam a realização de diferentes eventos nesta obra arquitetónica.
O complexo compreende dois salões
com capacidade para 2000 pessoas em
simultâneo, um auditório com capacidade para cerca de 300 pessoas, lounge
bar, salas de apoio, recursos audiovisuais e heliporto. São solicitados para
congressos, apresentações, receções,
casamentos, batizados, banquetes,
entre muitas outras ocasiões.
A empresa Arca d’Encantos com
marca registada Narcisu’s®, residente na Quinta, está responsável pelo
catering, decoração e animação. Não
deixando nada ao acaso, Maria do Céu
formula um novo conceito em cada
evento, adaptando-o ao gosto do cliente,
capaz de superar expectativas. |
Portugal Inovador
Refrescar
com pureza
As nascentes de água, de inigualável qualidade, designadas
por Caldas de Penacova estão situadas na zona Centro, a
aproximadamente 1km do Nordeste da Vila de Penacova
e a 0,5 km de Vila Nova no vale do rio Mondego.
Urbano Marques esteve à conversa
com a revista Portugal Inovador para
falar sobre a história que está por detrás das Caldas de Penacova. Homem
dinâmico, inicialmente laborava no setor
ligado às madeiras, mas cedo percebeu
a riqueza das águas de Penacova,
rodeando-se de especialistas vários.
Em 1991, iniciou afincadamente a atividade onde logrou com distinção. Hoje
é uma das empresas portuguesas mais
procuradas do setor.
Águas profundas trocam a sua
vida por minerais e o seu oxigênio por
nutrientes. O Aquífero de Águas Mineral
Natural da Serra do Buçaco apresenta
dois locais de extração, um no Luso e
outro em Caldas de Penacova. O local
constituído por rochas quartzíticas com
baixa solubilidade, conferem à água
reduzida mineralização. A sua cristalinidade invulgar é muito apreciada em
todo o país. Nela encontram-se atribuídas qualidades terapêuticas tornando-a
convidativa para muitos visitantes que
queiram aí descobrir frescura e cura
para doenças da pele, do aparelho
digestivo e do aparelho urinário.
PRODUZIR RIGOR
As águas sujeitas ao rigoroso controlo realizado trimestralmente no Laboratório do Instituto Superior Técnico
desde 1995 evidenciam a estabilidade
do seu perfil físico-químico.
A fábrica de engarrafamento, equipada com três linhas de enchimento
individuais para embalagens de diferentes capacidades, uma linha de
garrafões com uma capacidade de
produção de 6000 garrafões por hora,
outra linha de garrafas de litro e meio,
com capacidade de produção de 22 mil
garrafas hora, e ainda uma outra com
capacidade de produção de 40.000
garrafas hora de meio litro ou 0,33,
tem uma área de 10.000m2 na totalidade, 3000 m2 desse espaço estão
afetos ao estabelecimento industrial,
e os restantes 7000 são destinados
para o armazenamento e serviços de
apoio. Neste momento emprega 65
trabalhadores. Todos os elementos da
equipa constituem um papel importante,
gerando laços de confiança num crescimento consonante com a natureza.
“Temos tido um aumento significativo no
mercado nacional, na exportação, com
crescimento em África, Macau, EUA e
Europa”, especifica. Conscientes da
sua infabilidade, valorizam cada fase do
seu labor para ganhar novos impulsos
à mudança, fornecendo aos clientes,
nacionais e internacionais, produto de
qualidade a um preço económico, fruto
da investigação da qualidade da água,
e da modernização na produção de
embalagens.
Agora o objetivo é entrar noutros
mercados internacionais. Em 2013 a
sua unidade fabril engarrafou 160 milhões de litros de água e faturou 15 milhões de euros. Valores que querem ver
aumentados. A modernização da linha
de enchimento e a construção de um
novo armazém de logística passarão a
dar maior capacidade de resposta, proliferando com maior competitividade. |
Agosto I 55
Portugal Inovador
Persistência produtiva
A Vicometal nasceu em 2001, em Alfarelos, pelas mãos de Carlos Cordeiro. Agora sediada
em Vila Nova de Anços, em Soure, cresce gradualmente, apostando na formação dos seus
técnicos e nas energias alternativas.
cliente pensa que o vem de fora tem
mais valor”, contesta. Este facto fez
com que começassem a apostar no
mercado externo, ganhando aí maior
notoriedade. 14 anos a servir o ramo
industrial, com a crescente conquista
de novos mercados, levam-no a
concluir a urgente mudança de mentalidade que o país necessita.
Portugal ecológico
Precedentemente a este trabalho,
Carlos Cordeiro, foi chefe de manutenção industrial numa fábrica, daí
despontou o interesse pela atividade
por onde mais tarde decidiu enveredar. Foi por essa mesma área, a manutenção industrial, que a Vicometal
começou a dar os primeiros passos.
Em 2008, o crescimento da empresa
permitiu-lhe mudar de instalações
para Vila Nova de Anços, alargando o
espaço e a abrangência de serviços,
dentro da área da metalomecânica,
e da elétrica, ainda que com menor
relevo.
Os primeiros anos difíceis, que
Carlos Cordeiro ainda relembra, não
o desanimaram. “A grande indústria
em Portugal não dá valor ao nosso
trabalho, podemos ter melhores profissionais que no estrangeiro, mas o
56 I Agosto
Liderar a revolução energética é
um dos objetivos de Portugal. Carlos
Cordeiro, aproveitando tudo o que de
bom as energias renováveis têm para
oferecer, conseguiu a representação
de duas marcas, dentro da potência
de mini produção, de dois fabricantes
de geradores eólicos. Mini produção
é a atividade de pequena escala
de produção descentralizada de
eletricidade, recorrendo a recursos
renováveis, por intermédio de unidades de mini produção. Segundo o
decreto de Lei nº 34/2011 “a potência
máxima atribuível para ligação à rede
é de 250 kW”. Durante a sua ativida-
de Carlos Cordeiro verifica que há
um grande desperdício de energia
quando transportada, por isso observa que a solução atual não passa
pela construção de novos parques
eólicos, mas sim pela capacidade
que cada indústria tem em produzir
a sua própria energia, aproveitando
os recursos locais.
“Portugal precisa de maior união,
somos muito competitivos e pouco
unidos”, são as palavras de Carlos
Cordeiro quando questionado sobre
o seu mercado. A indústria da metalomecânica em 1974 era uma das
que mais fortaleciam a economia do
país, agora a falta de associativismo,
a não oportunidade de estabelecer
parcerias e o pobre espírito de entreajuda, levam ao enfraquecimento
das várias empresas. A formação
assume, por isso, grande importância para Carlos Cordeiro. Já
formaram muitos técnicos executantes. Serralheiros, mecânicos, e
soldadores continuam a ter vontade
de aprender na Vicometal. |
Portugal Inovador
Crianças crescem nos livros
A Europrice, Grupo ibérico dedicado à edição e comercialização de livros infantis, acredita
no papel fundamental que o livro pode ter no desenvolvimento do ser humano. Bons hábitos
de leitura tornam-se essenciais para formar os cidadãos de amanhã.
A empresa teve a sua origem
em 1997 e, inicialmente, direcionava-se para representações
europeias. Em 2001, estando
atento às necessidades dos
mercados, surgiu o negócio das
edições infantis, conta Manuel
Dias.
A empresa sediada em Tentúgal – Coimbra, está implantada
nos mercados Europeu, PALOP
e América Latina.
Presente num mercado mais
exigente e diferenciado, a equipa
da Europrice é constituída pelos
melhores profissionais na área
criativa, design e editorial, que
acrescenta elevados padrões de
qualidade e valor ao processo
Ensino-Aprendizagem.
Crianças situadas na classe
etária dos dois aos nove anos
são o público-alvo da Europrice. Os livros são adaptados às
diferentes idades, estimulam a
criatividade, a leitura e desenvolvem os sentidos através de
jogos e quebra-cabeças.
O contacto com os livros
nestas idades torna-se essencial
para a sensibilidade e aprendizagem no rico mundo das palavras,
mas Manuel Dias não descura as
novas tecnologias: “É um nicho a
que estamos atentos”, manifesta. Embora ainda se encontrem
numa fase embrionária, já estão
a desenvolver atividades nesse
âmbito. As novas tecnologias
não são consideradas inimigas
do livro, mas sim um complemento, trazendo novas formas de observar e desenvolver a literatura.
As empresas no mundo atual necessitam de um desenvolvimento
permanente. É imperativa a
premente atualização nesta área
de negócio, porque “os produtos
têm cada vez uma menor duração, é necessário criatividade e
imaginação, por isso somos tão
exigentes em relação à nossa
missão”, mostra.
A globalização trouxe maior
abertura de mercados e uma
maior competitividade, permitindo acrescentar valor à empresa.
A Europrice mensalmente lança
diversas obras e tem como finalidade continuar a aumentar a
sua oferta.
Dentro dos quadros da empresa a formação, interna e
externa é imprescindível para o
seu progresso.
Um negócio que vive da
língua, das palavras e da sua
compreensão, revela algumas
restrições ao nível linguístico em
termos de expansão para outros
países, mas nem por isso deixa
de ser um desafio aliciante e
gratificante aos olhos de Manuel
Dias. |
Agosto I 57
Portugal Inovador
“A responsabilidade social
é um dos aspetos mais
importante”
No nosso périplo por Anadia, estivemos à conversa com Álvaro Pereira e Mário Nogueira,
corpo administrativo da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Anadia, que partilharam o
seu posicionamento estratégico de acordo com o panorama socioeconómico do concelho
aveirense.
O Grupo Financeiro Crédito
Agrícola está presente em Portugal há mais de 100 anos, tendo
atravessado várias fases de crescimento e estruturação.
Todavia, a Caixa de Crédito
Agrícola Mútuo de Anadia abriu as
suas portas à população apenas
em dezembro de 1983 – celebrou
30 anos de existência em 2013 –,
com o intuito de “dar resposta à
necessidade de criar uma instituição de crédito com base cooperativa”, atuando, principalmente,
junto do setor agrícola e dos seus
intervenientes diretos.
A sua influência estende-se
a todo o concelho de Anadia,
desenvolvendo a sua atividade
através de uma rede integrada
58 I Agosto
de três balcões, nomeadamente
Candieira e Vilarinho do Bairro,
além da agência sede.
Enquadramento
regional
Anadia é um município que
está localizado “no coração da
Bairrada”, região sobejamente conhecida pelo seu leitão, a simbiose existente entre a serra e o mar,
a produção florestal, beneficiando
da enorme influência atlântica e
das características demográficas
e ambientais do distrito de Aveiro.
A produção vitivínicola mereceu
um destaque por parte do conselho administrativo da Caixa de
Crédito Agrícola Mútuo de Anadia:
“É uma atividade em constante
evolução, com um acréscimo de
novos agentes económicos, quer
a nível individual quer a nivel
empresarial. A qualidade dos
vinhos produzidos tem trazido
grande notoriedade à Região da
Bairrada e reconhecimento, como
comprovam os diversos prémios
conquistados quer a nível nacional quer a nível internacional.”
Ademais, é notória a existência de um tecido empresarial
espalhado por várias zonas industriais direcionado para os setores
da cerâmica e metalomecânica.
O próprio turismo também tem
sido um fator de desenvolvimento e reconhecimento da região,
beneficiando da existência de estâncias termais como as Termas
Portugal Inovador
da Mó e da Curia, recentemente
renovadas.
De acordo com Álvaro Pereira
e Mário Nogueira, Anadia é um
concelho que “tem vindo a modernizar-se apesar das dificuldades
que o país atravessa e que tem
criado um conjunto de infraestruturas pensadas para o futuro”.
Base do sucesso
A Caixa de Crédito Agrícola
Mútuo de Anadia conta com uma
equipa de 12 colaboradores totalmente disponíveis para responder
às necessidades e exigências dos
seus mais de 1600 associados,
prestando, dessa forma, um atendimento “personalizado”, através
de “um esclarecimento correto”,
sustentado por princípios como
o “cooperativismo”, a “solidariedade” e “um enraizamento local”,
na busca da “total satisfação por
parte dos clientes”.
Enquadrados no modus operandi do Grupo Financeiro do
Crédito Agrícola, Álvaro Pereira
e Mário Nogueira revelaram-nos
o sucesso que os seus produtos
têm recebido: “Temos os serviços
financeiros normais e os seguros,
ramo real e ramo vida. Aliás,
a Exame tem atríbuido alguns
prémios a este tipo de seguros.
A Companhia de Seguros Crédito Agrícola de Ramos Reais foi
classificada como a melhor em
2013, ano especial para nós”,
afirmaram.
Em prol do concelho
e da população
“Entendemos que a responsabilidade social é um dos aspetos mais importantes deste
tipo de instituição”, afiançaram
os responsáveis em relação
ao papel desenvolvido junto do
meio envolvente. Aliado a isso,
Álvaro Pereira e Mário Nogueira
reiteraram que a Caixa de Crédito
Agrícola Mútuo de Anadia não é
“alheia” a esse facto, prestando,
portanto, um apoio “evidente” a diversas entidades da região, tanto
sociais como desportivas, sendo
protagonistas de várias atividades
de cariz social junto da população
anadiense, numa altura em que a
conjuntura económico-financeira
nacional é desfavorável.
Apesar da “forte concorrência”
existente no ramo financeiro e
bancário, Álvaro Pereira e Mário
Nogueira sublinharam que a sua
equipa de colaboradores “procura encontrar as soluções mais
adequadas para cada cliente”,
dando prioridade à “segurança” e
à “sustentabilidade” como fatores
fundamentais em cada atividade:
“A nossa prinicipal missão passa
pelo inquestionável apoio à economia, aos setores de atividade,
às empresas e às pessoas”,
frisaram.
No presente a
construir o futuro
A Caixa de Crédito Agrícola
Mútuo de Anadia está, invariavelmente, interligada às definições
e planeamentos de crescimento
do Grupo Financeiro Crédito
Agrícola. Porém, o cunho pessoal daqueles que compõem
a agência de Anadia estará
sempre presente, procurando
aperfeiçoar, essencialmente, o
serviço que prestam: “Iremos
acompanhar o seu desenvolvimento e a sua modernização,
serviremos cada vez melhor os
nossos clientes e associados,
sermos cada vez mais dinâmicos
e virados para o futuro, fazendo
jus ao slogan “Somos um Banco
nacional com pronúncia local”,
concluíram Álvaro Pereira e
Mário Nogueira. |
Agosto I 59
Portugal Inovador
Mais do que um restaurante...
um ponto de encontro
Foi com este conceito em mente que os responsáveis do Restaurante d’Avenida deram início
a este projeto em março de 2014.
Dino Mauro, juntamente com
a esposa Michelle e o chef Lagoa,
são os rostos deste restaurante
situado no centro de Anadia. Aberto
há pouco mais de cinco meses, este
espaço tem um conceito diferente do
encontrado num típico restaurante.
A par das refeições diárias, o nosso
interlocutor optou por ter um espaço
de buffet, onde os clientes podem
ususfruir de uma oferta variada de
produtos, todos eles integrados na
dieta mediterrânica. “Quando abrimos, não queríamos ser apenas
mais um entre muitos restaurantes,
queríamos marcar a diferença, por
esse motivo apostámos em dois
fatores chave: o buffet e a frescura
dos nossos alimentos. Prova disso
é o facto de não termos arca congeladora. Diariamente vamos às com-
60 I Agosto
pras para termos a garantia de que
os produtos são realmente frescos”,
garante Dino Mauro.
Desde o início deste projeto que
o chef Lagoa está presente, como o
próprio fez questão de referir: “Quando me apresentaram este tipo de
serviço não hesitei, porque percebi
que não queriam ser apenas mais
um restaurante, mas que queriam ser
diferentes”. Com uma ementa diária
variada, a grande aposta dos nossos
entrevistados passa por adaptarem-se ao que o cliente quer e procura.
Com uma equipa de 12 elementos, entre os quais cinco estagiários,
que vêm da Escola de Hotelaria ou
da Escola Vitivinícola, os colaboradores do Restaurante d’Avenida têm
entre si um bom espírito de equipa.
“É exatamente isso que procuramos.
Ter uma equipa bem formada, onde
haja espírito de cooperação, pois só
assim é possível alcançar os objetivos”, afirma o proprietário. A juntar
a este elemento, está a qualidade
do serviço que é prestado, como fez
questão de explicar o chef Lagoa:
“Não há aqui nenhuma casa que
tenha um serviço de sala como este,
onde as pessoas são recebidas de
uma forma personalizada e têm a
atenção devida. No fundo há uma
preocupação com o cliente e com
aquilo que este pretende”. Com clientes que já são como “membros da
família” e outros que são novos rostos e se tornam clientes frequentes,
Dino Mauro faz questão que todos
sejam tratados de igual forma e que
tenham o mesmo atendimento personalizado, pois esta forma de atuar
“faz com que deixemos de ser mais
um restaurante e passemos a ser
um ponto de encontro”, acrescenta.
Segundo o nosso entrevistado, as
palavras que melhor definem o seu
espaço são: “Brilhante, fantástico e
simpático!”, conclui. |
Portugal Inovador
O que melhor se produz
em Portugal
A Kiwicoop - Cooperativa Frutícola da Bairrada, com sede em Oiã, Oliveira do Bairro, surgiu
em 1988 pela iniciativa de um grupo de produtores da região. Desde então a cooperativa tem
vindo a alargar a sua capacidade de produção e prevê um crescimento para o próximo ano.
Ajustando-se constantemente
às alterações do mercado, a Kiwicoop é, neste momento, um dos
líderes no mercado de kiwis em
Portugal. Com uma percentagem
de produção para o mercado interno que ronda os 45%, o mercado
externo apresenta-se desde longa
data como uma aposta ganha,
atingindo os 55% de importância
na sua faturação.
“Trabalhamos a nível nacional,
fundamentalmente, com grandes
superfícies e a nível internacional
com várias empresas, sendo Espanha, Alemanha, Suíça e Inglaterra
os nossos principais destinos”, explica Manuel Viegas, tesoureiro. “A
nossa qualidade é excelente. Não
fornecemos mais países, porque
não temos produção suficiente”,
acrescenta Manuel Santos, secretário da presidência.
Os 260 sócios e os 150 produtores não sócios contribuíram, de
forma decisiva, para as cerca de
seis mil toneladas de fruto cultivado
e vendido em 2013. Em conversa
com os dois membros da direção a
Portugal Inovador tentou perceber
quais as qualidades que a região
“entre o Douro e o Mondego” apresenta para o cultivo deste fruto. “A
produção kiwi de 2013/2014 foi boa
em qualidade e quantidade, tendo
apenas problemas de conservação nas câmaras. Na campanha
em curso, devido as condições
atmosféricas não houve um abrolhamento homogéneo pelo que se
prevê uma redução de produção
que poderá ser entre 30 a 50 %.
No entanto, em condições normais, esta região apresenta condições ímpares para a produção
deste fruto, “dado o microclima
equilibrado entre o frio e a humidade relativa, não estando sujeito
a geadas”. “Espanha, por exemplo,
só tem kiwis na zona da Galiza e
das Astúrias, apesar de ter uma
agricultura altamente desenvolvida.
Países como Inglaterra, Alemanha
ou Suíça não têm sequer produção,
enquanto que Itália é, neste momento, o maior produtor mundial”,
esclarece Manuel Viegas.
Apesar de muitos jovens olharem
agora para o setor agrícola como
uma oportunidade de negócio, os
nossos entrevistados verificam que
esta cultura, dado o exigente investimento inicial, “tem captado cada
vez mais pessoas para a profissão,
com um percurso profissional mais
alargado, normalmente com formação superior ou trabalhos estáveis”.
É de realçar a importância do acompanhamento técnico aos associados
em toda a cadeia de produção e
comercialização.
A Kiwicoop tem previsto alguns
investimentos que vão permitir
duplicar a capacidade de armazenamento. A plantação de novos
pomares e o aumento das instalações, com capacidade para as 10
mil toneladas, vai ser crucial para
o desenvolvimento da cooperativa
com início previsto para 2015. |
Agosto I 61
Portugal Inovador
“Os clientes são a chave do
nosso sucesso”
Com mais de 30 anos no mercado, a Diferencial é vista pelos clientes como um sinónimo
de qualidade e garantia dos serviços prestados.
Fundada em 1981, esta empresa
surgiu devido à solicitação do mercado para o desenvolvimento de soluções do tipo “chave na mão”, à medida
do cliente e das suas necessidades.
Alfredo Rodrigues, sócio-gerente
da Diferencial, garante prestar um
serviço de qualidade aos clientes,
disponibilizando-se “para responder
às suas necessidades dentro do
enquadramento normativo vigente,
nomeadamente no cumprimento
integral das regras das instalações
elétricas, de infraestruturas de telecomunicações e regras de segurança”.
Face à evolução do mercado, a
Diferencial sentiu a necessidade de
se diferenciar de algum modo, para
se poder destacar no mercado. Sendo
uma empresa que é vista pelos clientes como um sinónimo de garantia,
62 I Agosto
eficácia e honestidade, cujos serviços
são cumpridos com fiabilidade, o nosso entrevistado fez questão de referir:
“O nosso fator de diferenciação é o
cumprimento escrupuloso daquilo a
que nos propomos, sabendo que os
clientes são a chave para o nosso
sucesso. Além disto, criámos dentro
da empresa algumas valências que
são essenciais para termos esse fator
de diferenciação”. Com três áreas de
intervenção fundamentais, como a
comercialização de materiais elétricos
muito direcionada para a área industrial, as instalações eléctrica de Média
e Baixa tensão e ainda, o fabrico de
quadros elétricos de distribuição,
controlo e automação de processo e
equipamentos.
Parceiros de negócio
A atuar de Norte a Sul do país,
nas áreas de negócio atrás referidas
a Diferencial, liderada por Alfredo
Rodrigues, está também presente no
mercado externo em países que “até
há pouco tempo eram impensáveis
atingir”, refere o nosso entrevistado.
Angola, Venezuela, Benim, Uganda
e Camarões são alguns dos países
onde atua, em parceria com outras
empresas portuguesas que também
estão nestes mercados. É através
das parcerias que o nosso interlocutor vê a evolução do mercado e por
esse motivo, ao longo dos anos tem
sido um parceiro dos clientes com os
quais trabalha: “Uma das parcerias
mais recentes é com a Universidade
de Aveiro, colaborando no estudo de
alguns projetos de desenvolvimento
de produtos, uma área que estamos
a tentar potenciar”.
Futuro
Com uma estrutura bem montada
para poder fazer face às solicitações
dos clientes, Alfredo Rodrigues tem
algumas ambições para o futuro e
manter as parcerias com empresas de
renome mundial é uma delas. “Continuar a crescer e manter a qualidade
dos nossos serviços e produtos é
sempre o objetivo primordial”, conclui. |
Portugal Inovador
As multifunções de uma
empresa são o futuro!
Há 11 anos no mercado, a Ruclapinta é uma empresa jovem e dinâmica com um quadro de
técnicos profissionais com grande experiência nos vários ramos da construção civil.
“A Ruclapinta é uma empresa
jovem e dinâmica, que se apresenta
no mercado com o objectivo de
preencher as muitas solicitações de
assistência ao Lar e remodelação
de habitações.”, é assim que Rui
Alves, sócio-gerente, começa por
descrever esta empresa. Fundada
em 2003 esta empresa de Paredes
do Bairro, em Aveiro, surgiu porque
segundo o nosso entrevistado: “As
pessoas necessitam de um serviço
polivalente e de uma empresa multifunções e nós, ao longo dos anos,
fomos criando um nicho de profissionais competentes”. Rapidez,
profissionalismo e proximidade com
os clientes são os fatores que distinguem a Ruclapinta no mercado.
Com 26 colaboradores com
grande experiência nos vários
ramos da construção civil e um ambiente familiar entre portas esta empresa destaca-se no mercado pela
eficiência do trabalho prestado. Ao
mesmo tempo, Rui Alves tem uma
perspetiva muito inovadora, seja na
introdução de novos produtos ou
de novas técnicas de aplicação de
materiais, enquanto mantém uma
postura mais tradicional no que diz
respeito à atividade comercial e à
qualidade dos serviços e atendimento.
A Ruclapinta tem como principais clientes as agências seguradoras, que representam 90% do seu
trabalho. “Temos sempre equipas
de intervenção que asseguram
todas as urgências e consequentemente reabilitamos o imóvel,
por forma a deixa-lo conforme se
encontrava. No fundo somos uma
empresa que tem tudo aquilo que
os clientes precisam”, garante Rui
Alves.
A conjuntura económica que o
país atravessa não vai fazer parar
a Ruclapinta, antes pelo contrário,
uma vez que o grande objetivo do
nosso interlocutor é manter a quali-
dade e o profissionalismo com vista
ao investimento na remodelação
de vivendas seculares e quintas
senhoriais. “ Além disso, “tendo
em conta que, no caso do mercado
nacional, os produtos e os imoveis
têm cada vez mais que se destacar,
seja pela inovação, pragmatismo ou
qualidade, trazendo uma mais-valia
para o mercado vamos continuar a
apostar no que é nosso. Como já
dizia o outro “ o que é nacional é
bom”, conclui. |
Agosto I 63
Portugal Inovador
Referência
no âmbito desportivo
Inovação, qualidade e profissionalismo são linhas mestras de um espaço aberto a todos,
mas que se tem destacado pelos resultados na modalidade de kickboxing.
O Curigym tem sido notícia
nos últimos meses pelo seu mais
recente espaço, Arena, onde são
realizados eventos de kickboxing
com uma forte cobertura por parte
dos media. Este espaço, o primeiro a ser construído de raiz em Portugal, que permite a transmissão
ao vivo, foi um dos motivos que
cativou a Universidade de Cádiz
a estabelecer um protocolo com
o Curigym para aí desenvolver a
componente prática da primeira
formação académica na área de
kickboxing e defesa pessoal, lecionada na Europa.
“A componente prática vai ser
realizada aqui”, informa Paulo
Santos, o administrador. Um
marco importante para a história
do ginásio, mas também para a
64 I Agosto
dinâmica de toda a região.
Mas a que se deve tamanho
sucesso? É importante conhecer
a história do Curigym e do seu
fundador, Paulo Santos.
O Curigym foi inaugurado em
1993. Assumindo-se desde logo
como uma referência pela sua
dimensão, e pelo trabalho de enorme sucesso nas mais variadas
modalidades de grupo, mas também pelo trabalho específico nos
desportos de combate - ali foram
e continuam a ser organizados
vários congressos de importância
nacional e internacional.
Paulo Santos desde cedo pratica desporto, com especial enfoque
no kickboxing, tendo já uma carreira de 30 anos. Hoje treinador, dá
formação a inúmeros campeões e
partilha com João Diogo o cargo
de selecionador nacional de light-contact, light-kick, light-contact,
low-kick e k1 nos escalões cadetes, iniciados, juvenis e júniores.
“A minha carreira como desportista terminou em 1998; sagrei-me
campeão nacional de kickboxing e
desde então, dedico-me ao estudo
e à formação”, explica.
Os conhecimentos e a experiência adquirida ao longo
dos anos permitem à Curigym
apresentar-se de forma autónoma
e criativa na modalidade. “Treinamos todos os dias, corremos
mundo, vemos e testamos novas
técnicas e sequências”, esclarece Paulo Santos. Um trabalho
que tem culminado com atletas
campeões regionais, nacionais,
ibéricos, da Europa e do Mundo,
desde a classe amadora até à
profissional.
“O objetivo é reforçar o nosso
nome internacional enquanto espaço de formação, conquistando
mais títulos. Desde há três anos,
temos obtido um grande crescimento. Se inicialmente, levávamos um atleta a um campeonato
internacional, no ano passado
apresentámos quatro atletas no
Campeonato da Europa e este ano
vamos levar cinco ao Campeonato
do Mundo em Itália”, informa. O
rigor na seleção dos atletas, a
dedicação e o treino com objetivos
definidos tem vindo a ser reconhecido com a conquista destes
prémios.
Sendo um dos grandes representantes da modalidade em Portugal, com prestígio internacional,
Paulo Santos luta pelo reconhecimento da modalidade perante
a sociedade e não apenas pela
Federação. É neste âmbito que a
parceria com a Universidade de
Cádiz é uma vitória pessoal. “Esta
modalidade deve ser dada por
pessoas formadas. Não podemos
permitir que se descredibilize o
trabalho de anos feitos por profissionais como eu”, conclui. |
Portugal Inovador
Uma perspetiva de sucesso
É na zona industrial de Anadia que a Primefix tem definido e planeado estratégias com vista
ao seu crescimento e desenvolvimento. A presença em mercados externos foi fulcral para
a distinção de PME Líder entre 2012 e 2014.
Em meados de 2004, a empresa
iniciou a montagem dos equipamentos.
Nesse ano, iniciou a produção com
uma linha de enchimento de produtos
via seca.
Em 2008, constatou-se que se podia incorporar o pó retido nos filtros de
despoeiramento nos produtos em série.
Ligou-se então, o silo de despoeiramento
a uma máquina interna de recuperação
de pós que o passou a introduzir automaticamente no sistema produtivo,
por pesagem electrónica, não havendo
assim lugar a desperdícios, melhorando
o ambiente. De 2009 a 2010, a empresa
passou por diversas modificações ao nivel do sistema operativo e de produção,
resultando numa optimização geral. Em
2011, houve um maior investimento no
desenvolvimento de novos produtos e,
consequentemente maior número de
ensaios no Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro em Coimbra-entidade
europeia acreditada para a certificação,
visando atingir mercados mais exigen-
tes. Foram criadas parcerias com outras
entidades produtivas nacionais para o
desenvolvimento de produtos específicos. Também em 2011, no sentido de
sustentabilizar o crescimento, a empresa
concluiu o seu processo de certificação
internacional pela qualidade ao abrigo
da norma NP EN ISO 9001/2008 obtido
pela entidade certificadora internacional
SGS e, no seguimento deste processo,
alargou o seu âmbito de certificação, não
só para os cimentos cola mas também
para as argamassas de alvenaria de
reboco, de montagem e argamassas
de betumação de juntas. Em 2011,
completou o seu processo obtendo o
certificado do controlo de produção em
fábrica(CPF) para as argamassas de
alvenaria de montagem. O ano de 2012
ficou marcado pela consolidação dos
produtos existentes, com a aprimoração
e caracterização completa dos mesmos.
Em 2013, dando continuidade a este
processo, a empresa iniciou o desenvolvimento de parcerias interfábricas
para a criação de produtos específicos.
Ao logo destes anos foram consolidados
laços internacionais, direccionando a
produção e projectando a empresa para
os mercados externos e consequente
incremento das vendas via exportação,
nomeadamente nos PALOP, região do
Magreb e alguns países europeus.
Os responsáveis afirmaram ainda
que “fruto de um trabalho iniciado há
cinco ou seis anos” permitiu à Primefix
aumentar a sua exportação: em 2012
atingia os 8% e atualmente atinge cerca
de 40%.
Por último, a gerência da Primefix
realçou que a entrada no mercado
externo , embora dificil, é “o caminho a
seguir” pelas empresas nacionais que
queiram capacitar-se e “fomentar a sua
capacidade de visão empresarial”. |
Agosto I 65
Portugal Inovador
O melhor leitão da Bairrada
Com uma história de sete décadas, o restaurante Pedro dos Leitões é o espaço pioneiro
nesta tradição gastronómica e a sua grande referência.
que incluem lugar próprio para
autocarros e até para helicóptero.
Para além do pioneirismo, os
fatores que têm garantido à casa
esta projeção ao longo das décadas
são diversos. Como nos conta Filipe
Castela, neto de Álvaro Pedro e
parte da atual gerência, o “rigor na
escolha da matéria-prima sempre
foi o ex-libris do restaurante”: “Podia comprá-la a cinco euros o quilo
mas não compro, porque não ia
haver essa garantia de qualidade.
Além disso, não entra aqui leitão de
fora do país”. Além disso, o Pedro
dos Leitões está dotado de um
matadouro próprio: “Tratamos do
leitão desde que chega aqui vivo
até ir para a mesa. Há muitas casas
que não acompanham essa etapa
do processo e não sabem como é
que foi o trabalho até ali”. O molho
também recebe grande atenção e é,
segundo Filipe Castela, “diferente
do de toda a gente”.
Especialidades
Foi em 1941 que Álvaro Pedro
deu início ao seu trabalho de comercialização do leitão. Na altura,
funcionava numa pequena taberna
ao pé da estrada, onde o fundador
vendia sandes de leitão aos automobilistas. Começou, assim, o
primeiro espaço do país a servir
leitão da Bairrada.
66 I Agosto
Mais tarde, em 1945, inicia-se
a construção do que veio a ser as
atuais instalações do Pedro dos Leitões, posteriormente sujeitas a aumentos de espaço e remodelação.
Presentemente, a capacidade do
restaurante é suficiente para servir
430 pessoas, suportada ainda por
dois parques de estacionamento
Estando, naturalmente, focada
no leitão, a oferta gastronómica
inclui, para além do leitão assado,
outras especialidades como a cabidela de leitão (com batata cozida e
miúdos do leitão) ou as iscas de leitão especiais à Pedro dos Leitões.
Não ficando por aqui, são também de destacar os filetes de pescada e o linguado, pratos “já muito
conhecidos desde o tempo do fundador”, e outros pratos introduzidos
mais recentemente como o rosbife
à Pedro, o tornedó ou a paella. |
Portugal Inovador
MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA
Distrito de BRAGA
Agosto I 67
Portugal Inovador
Braga: uma cidade apelativa e
de qualidade para se viver!
A dinâmica do setor imobiliário alterou-se ao longo dos anos. Em conversa com José Peixoto,
administrador da RE/MAX Braga e da RE/MAX Limiana, fomos perceber como se encontra
atualmente o setor na região.
No mercado imobiliário há 24
anos, e desde o ano 2000 aliado
à rede RE/MAX, José Peixoto, administrador de uma das primeiras
unidades RE/MAX no País, conhece
bem o setor em Braga, bem como em
Ponte de Lima, onde desde Agosto
de 2013 tem uma nova agência, a
RE/MAX Limiana, e tem uma opinião
muito própria sobre as alterações que
esta área sofreu. À semelhança do
que tem acontecido em toda a rede,
o ano de 2013 foi o segundo melhor
ano para a rede RE/MAX, pois “a partir dessa data verificou-se um maior
equilíbrio entre o arrendamento e a
compra de imóveis”, explica.
O nosso interlocutor fez questão
de reforçar a ideia de que Braga
68 I Agosto
tem uma realidade diferente do
restante país: “Aqui, sempre houve
uma política de preços mais baixos
e isso fez com que proliferasse a
procura em relação à oferta existente”. E, contrariamente ao que
acontece num grande centro como
Lisboa, esta cidade minhota não
tem grandes situações de atração
de Golden Visa, o que faz com que o
mercado bracarense viva sobretudo
de transações de compra e venda
tradicional. “Claro que, hoje em dia,
as pessoas pensam muito bem antes
de comprar um imóvel, ponderam a
situação familiar, a financeira e as
necessidades que têm, algo que não
acontecia anteriormente”. O facto de
conhecer tão bem o setor imobiliário
na região, faz com que José Peixoto
tenha uma visão otimista para o setor,
visto que “estamos num processo de
reajustamento, mas com tendência
para crescer. Se houver acalmia
política, o mercado imobiliário vai dar
ainda sinais mais fortes de retoma,
ajudando assim a economia nacional”, acrescenta.
Uma das alterações que este
setor de atividade sofreu este ano
foi a obrigatoriedade do certificado
energético, o que, na opinião do nosso entrevistado, “continua a ser um
problema”. José Peixoto acrescenta
ainda: “Alguns proprietários não
têm possibilidades e nesse sentido
deveria haver uma maior flexibilidade. As mediadoras imobiliárias
não deveriam ter a obrigação de
controlar a existência de certificação
energética”.
Mantendo sempre a mesma
posição de rigor e profissionalismo,
o nosso interlocutor garante que o
sucesso para se ser bem-sucedido
passa por manter a seriedade e tentar perceber cada cliente. “Apesar de
haver um denominador comum que é
a RE/MAX, cada loja tem um cunho
muito pessoal do seu responsável,
que no caso da RE/MAX Braga e da
RE/MAX Limiana, está a fazer um
enorme investimento na formação,
especialização e profissionalização dos seus comerciais, pois só
assim podemos estar no mercado
Imobiliário com a qualidade que os
nossos clientes merecem. Antes de
isto ser um negócio que lida com
imóveis é um negócio de relações
interpessoais, como tal apostamos
na fidelização e satisfação dos nossos clientes.
É esta ligação com o cliente que
nos diferencia. Temos de perceber o
cliente!”, conclui. |
Portugal Inovador
“Prometemos
sempre o nosso
melhor”
Existente no mercado do distrito de Braga
há 14 anos, a Mérito Invest é liderada por
Marisa Brito, que nos partilhou a sua visão
particular sobre a mediação imobiliária
e a forma como a sua empresa atua no
mercado.
Iniciou a sua atividade no ramo
imobiliário como comercial, função que
exerceu durante quatro anos. Posteriormente, em 2000, decidiu abrir a sua
própria imobiliária na cidade de Braga.
Atualmente, conta também com
espaços comerciais em Barcelos e
Guimarães, zonas com panoramas
imobiliários totalmente distintos: “O
mercado de Braga tem bastante oferta,
devido à vasta construção no passado,
algo que contribuiu positivamente para
o mercado de compra e arrendamento.
Em Barcelos e Guimarães já não é
bem assim”, começou por dizer Marisa
Brito.
A “má construção” deixou de existir
em Braga há alguns anos. Para a responsável, deve-se ao facto de os clientes mostrarem-se “mais exigentes” e
com “conhecimento acima da média
em relação à construção e edificação”
na altura do processo de comercialização do imóvel. Marisa Brito afiançou
ainda que os investidores “encontrarão
um bom mercado, de qualidade e com
vários tipos de imóveis”.
Relação com a banca
A relação que mantêm com a banca tem-se revelado uma estratégia
acertada para a Mérito Invest. O ano
de 2013 – considerado o seu melhor
ano pela responsável – foi fruto dessa
relação que permitiu um volume de
faturação na ordem dos 80%. Os
restantes 20% prenderam-se com
vendas e arrendamentos.
Com menos imóveis de retomas
da banca em Barcelos e Guimarães,
a crise económico-financeira que
afetou o mercado imobiliário fez-se
sentir fortemente em Braga: “As quebras que o mercado sofreu prendem-se com o seu próprio tamanho. O
volume de construção na cidade
de Braga acarretou uma dimensão
maior no número de retomas do
banco”, frisou.
Marisa Brito abordou também a
questão da exclusividade e a forma
como isso influencia a mediação
imobiliária: “Consideramos que o
cliente vendedor tem de ter liberda-
de de promover o seu imóvel e não
ficar limitado a uma só empresa.”
A responsável acrescentou ainda
que “o mais importante é fazer o
melhor acompanhamento possível
ao cliente”.
Nota-se este ano, segundo afirma
Marisa Brito, uma maior dinâmica no
mercado tradicional, com uma crescente procura imobiliária e uma maior
abertura das entidades bancárias em
financiar a aquisição de habitação.
“Cimentar as relações nas cidades onde estão representadas” e
“levar a marca a todo o distrito de
Braga”, são os objectivos atuais
desta dinâmica empresa. Fruto de
algumas parcerias estratégicas com
a banca e a possibilidade de novas
lojas a liderança no distrito torna-se
um propósito alcançável.
Garante de valores como “transparência” e “qualidade”, na opinião de Marisa Brito o sucesso da
Mérito-Invest “deve-se ao empenho
e dinamismo de todos que nela trabalham”. |
Agosto I 69
Portugal Inovador
Setor imobiliário em Fafe
Na continuidade do trabalho desenvolvido na edição anterior, no distrito de Aveiro, a revista
Portugal Inovador esteve em Fafe, no distrito de Braga, para perceber a dinâmica atual do
setor imobiliário na região.
Fernando Pereira e Emília
Moreira são os rostos que lideram a equipa da Remax Ases,
com sede em Fafe. À semelhança do verificado em toda a rede
Remax no ano de 2013, esse foi
um período de crescimento para
a imobiliária, que ultrapassou
com sucesso as dificuldades
enfrentadas por todo o setor,
em 2012.
A queda do valor dos imóveis
foi um aliciante para os investidores que sentindo maior confiança
no mercado decidiram investir
(principalmente os emigrantes,
que procuraram habitação própria na sua terra natal). “Estamos
a crescer, temos verificado uma
procura acima da oferta existente. Fafe é um concelho que tem
muita emigração, temos recebido
muitos contactos do estrangeiro.
Nesse sentido, de um modo geral
considero que o mercado imobiliário está de facto a mexer”,
confirma Fernando Pereira.
Presente em Fafe desde
2010, a Remax Ases tem apresentando “bons resultados, à
70 I Agosto
semelhança do que acontece
em toda a rede”. Apesar de a
compra ser a modalidade mais
procurada, o arrendamento tem
vindo também a crescer, travado
apenas pela escassez da oferta.
Num setor que tem sofrido
algumas alterações, nomeadamente com a recente obrigatoriedade da apresentação de
um certificado energético para
publicitação do imóvel, o nosso entrevistado considera que
esta questão veio dificultar a
atividade, dado que “se muitos
proprietários estão a vender devido a problemas económicos,
poucos têm dinheiro para pedir
a certificação”.
Fernando Pereira acrescenta: “Se este fosse requisitado
com a garantia da venda seria
diferente, mas hoje já é obrigatório até para publicitar. Adianto
ainda que considero que existe
pouca informação junto dos
proprietários, nomeadamente
sobre a tipologia de imóvel que
necessita ou não deste certificado. No entanto, se esta medida
for feita de forma honesta e com
profissionalismo só pode servir
para melhorar a oferta do nosso
parque habitacional”.
Assumindo-se a favor da exclusividade de angariação, sendo
que apoia a partilha de negócios
com qualquer outra rede, nomeadamente local, o empresário não
encara de bom grado a interferência da Banca no mercado imobilário. “Noutros países não é permitido à Banca a venda de imóveis
e em Portugal deveria ser igual.
A concorrência sente-se quando
falamos de crédito bancário. As
condições dos imóveis deles são
bem melhores, no entanto assumo
que já se verifica maior flexibilidade da parte deles”.
Trabalhando a zona de Fafe,
mas também Cabeceiros de
Basto e Mondim de Basto É aí
que o profissional encontra maior
procura de pessoas de fora,
nomeadamente do Porto, “em
Fafe a procura é só por parte de
pessoas da terra”.
Com uma equipa composta
por 12 pessoas, a Remax Ases
tem objetivos ambiciosos, mas
mantém um percurso sustentável
assente no profissionalismo e
acompanhamento personalizado
a cada cliente. |
Portugal Inovador
“Trabalhamos em
prol dos clientes!
Desde sempre ligados à mediação imobiliária, Álvaro Pinto e
Gonçalo Silva abriram em 2006 uma empresa de mediação
imobiliária, tendo mais recentemente criado esta nova marca,
floresta IMOBILIÁRIA, uma empresa onde a competência e o
profissionalismo são as palavras-chave.
Concorrência Desleal
e Exclusividade
O setor da mediação imobiliária já
foi um setor com mais regras, mas hoje
em dia não é assim, algo que poderá
levar à falta de profissionalização nesta
área. Gonçalo Silva defende que para
se trabalhar em prol da maior profissionalização do setor é necessário
ser competente no mercado: “É uma
pena não haver um curso superior que
abranja este setor, porque se formos a
ver, é uma área que agrega imensas
competências”. Este é um dos motivos
pelos quais os nossos entrevistados
preferem trabalhar em exclusividade.
Futuro
Ao longo dos anos, o mercado imobiliário tem sofrido algumas alterações
e Braga não foi exceção. A floresta
IMOBILIÁRIA é uma empresa que tem
como grande objectivo manter uma
postura inovadora, permanentemente
disposta a derrubar as tradicionais
regras e fronteiras do mercado imobiliário.
Em conversa com a revista Portugal Inovador, os proprietários da
floresta IMOBILIÁRIA, Álvaro Pinto
e Gonçalo Silva, partilham a opinião:
“Nos últimos tempos nota-se uma
grande procura de imóveis para reabilitação e para renovação. No ano
passado o mercado de arrendamento
esteve muito forte, mas este ano já não
é bem assim, por um simples motivo:
a falta de oferta com qualidade e o número de compradores que aumentou”.
Contrariamente ao que os colegas do
mesmo ramo têm afirmado à nossa
revista, Gonçalo Silva garante que em
Braga “há uma grande capacidade de
compra a pronto. Há pouco recurso a
crédito e grande parte dos investidores
são casais jovens”.
A aposta na adaptação de múltiplas
soluções, sempre com o intuito de conseguir o melhor preço, no mais curto
espaço de tempo e com o mínimo de
inconvenientes para o cliente, tornam
esta empresa uma referência. Aliado
a isto está a versatilidade da equipa
que compõe a floresta IMOBILIÁRIA.
“A nossa preocupação é trabalhar em
prol do cliente e temos tudo muito bem
esclarecido nos mais diversos pontos
e colaboradores muito bem formados”,
explica Álvaro Pinto. O aconselhamento personalizado e o acompanhamento
que é feito aos clientes torna-se numa
mais valia e, por este motivo, tanto
Gonçalo Silva como Álvaro Pinto são
avaliadores imobiliários. “A única maneira de determinar o valor de um imóvel é através da avaliação imobiliária,
pois só assim se pode obter informação objetiva e rigorosa relativamente
ao melhor preço que pode ser obtido”,
acrescenta Gonçalo Silva.
Álvaro Pinto e Gonçalo Silva têm
grandes pretensões para o futuro e
uma delas passa por cimentar a sua
imagem no mercado, continuando a
atuar da mesma forma séria e competente. Outro grande desejo que os
nossos interlocutores têm é conquistar
o público estrangeiro, mas para isso
“é necessário publicitar o que Braga
tem de bom e esse é um trabalho que
necessita da colaboração da Câmara
Municipal”, concluem. |
Agosto I 71
Portugal Inovador
Confiança credibilizada
A Vendeminho, sediada na rua 24 de outubro, em Vila Verde, está há 11 anos a atuar no
mercado imobiliário. À conversa com a revista Portugal Inovador esteve Manuel Araújo para
falar sobre o conhecimento adquirido nesta matéria ao longo dos anos.
de Manuel Araújo como mediador:
“A paciência ajuda a ultrapassar as
adversidades”, mostra. Dos produtos mais procurados destacam-se
as moradias e os apartamentos.
Apologista da comercialização de
imóveis em regime de exclusividade disponibiliza recursos e age
em conformidade com o rigor da
atualidade. Quando questionado
acerca da certificação energética
declara que tem vindo a haver boa
aceitação por parte dos clientes em
relação a essa obrigatoriedade. |
Segundo a perspetiva de Manuel Araújo a realidade do mercado
imobiliário encontra-se numa fase
complexa. Consciente das crescentes dificuldades, o seu negócio
desafia com ousadia e determinação ajustado a uma gestão cautelosa. A confiança que as pessoas
manifestam pelo seu trabalho dá
firmeza e segurança a esta casa,
resultado da experiência profissional adquirida ao longo de 14 anos.
Concretamente em Vila Verde,
Manuel Araújo confessa que o
mercado torna-se mais equilibrado
com a procura e o interesse dos
emigrantes: “As nossas vendas
são realizadas essencialmente
no verão por pessoas que estão
a residir em França, Luxemburgo
e Suíça”, especifica. Apesar de
estar consciente dos facilitismos
de outrora em relação ao acesso
ao crédito, o bom aproveitamento
dessas oportunidades trazem
otimismo e dedicação a quem o
gere, não perdendo de vista os
positivos movimentos de mercado.
A pequena dimensão da vila não
72 I Agosto
lhe impossibilita de captar boas
soluções para os problemas apresentados.
“Houve tempos em que as vendas ocorriam com facilidade, agora
o negócio apresenta dificuldades,
ficou reservado aos mais resistentes”, aponta. A coerente linha de
atuação permite-lhe conquistar a
resposta assertiva dos clientes
que o procuram no dia-a-dia, no
entanto verifica que há processos
morosos a dificultar o seu trabalho.
A aplicação do bom preço, a favorável localização e a legalização
são pontos fundamentais a ter em
conta para encontrar potenciais
compradores. Diferentes clientes
necessitam de um atendimento diferenciado, “se não houver acordo
entre os intervenientes o negócio
não acontece”, sublinha.
Vendeminho ágil
A Vendeminho sendo das mais
antigas mediações imobiliárias da
região respira história e vida em
todos os seus cantos e recantos. O
trabalho credível baseado na proximidade local reforça as qualidades
“A aplicação do
bom preço, a
favorável localização
e a legalização
são pontos
fundamentais a
ter em conta para
encontrar potenciais
compradores.
Diferentes clientes
necessitam de
um atendimento
diferenciado”
Portugal Inovador
Mediação de
confiança
A IAT tem escritórios no Porto e em Esposende. O seu
responsável, Paulo Marrucho, esteve em diálogo connosco.
Esta sociedade está em funcionamento desde 1994. À frente de
uma equipa sólida e competente,
o administrador apresenta a IAT
como uma agência onde cada
cliente é tratado de uma forma
muito pessoal: “Temos essa mais-valia pelo facto de não sermos uma
empresa grande. O cliente não tem
que se incomodar com nada, uma
vez que, na altura da escritura, já
está tratado o pedido da água, da
luz ou do gás e ele não tem encargos acrescidos por isso”.
Em acréscimo, uma componente relevante e diferenciadora do
serviço prestado pela IAT prende-se com a gestão de investimentos
na área do arrendamento. “Os
clientes, muitos deles estrangeiros,
adquirem os imóveis e já conhecem
quem é que se vai responsabilizar
pela relação com os inquilinos, en-
tre outros assuntos relativos à sua
gestão”, afirma, acrescentando que
“as pessoas nunca tiveram razões
para não confiar na sua agência e
que esse serviço tem sido uma das
suas âncoras”.
Questionado sobre como caracteriza a realidade do mercado de
Esposende, Paulo Marrucho refere
a forte incidência nos imóveis de
segunda habitação. “É uma zona
de praia e há muitos estrangeiros
a aproveitar as vantagens fiscais
de viver em Portugal”, descreve.
Paralelamente, é também uma
mais-valia “a proximidade com
cidades como o Porto, Braga ou
Viana do Castelo e os trinta minutos de distância face ao Aeroporto
Francisco Sá Carneiro”. Toda esta
centralidade num ambiente que
classifica como “muito calmo”.
Noutro âmbito, olha também
para o concelho como estando
bem posicionado a nível do mercado dos espaços empresariais.
Notando que existe um “dinamismo
muito grande”, o nosso interlocutor
considera a zona industrial “excelente, bem infraestruturada e com
a oportunidade de acompanhar a
procura de empresas que se estão a expandir e que precisam de
espaço para isso”. Já os pequenos
espaços comerciais são objeto de
preocupação: “Em Esposende há
dezenas largas de lojas que vão
estar vazias durante muitos anos,
que são um custo e que, a serem
adaptadas para habitação, iriam
ter alguma utilidade. Tenho, por
exemplo, clientes com sete lojas
para arrendar em que apenas uma
se encontra ocupada”. A iniciativa
de alterar a legislação de forma
a suportar a conversão desses
espaços iria, na sua ótica, “reativar
o mercado, produzindo mais oferta
e fazendo baixar o preço médio do
arrendamento”. |
“Em Esposende há
dezenas largas de
lojas que vão estar
vazias durante muitos
anos, que são um
custo e que, a serem
adaptadas para
habitação, iriam ter
alguma utilidade”
Agosto I 73
Portugal Inovador
HÁ 15 ANOS
AO SEU SERVIÇO
Joaquim Dias, responsável pela Habijoane, elucidou-nos
acerca das dinâmicas de mercado que se verificam na sua
área de intervenção.
O mercado de Joane é descrito como “um mercado mais difícil
do que o das cidades”, facto que
foi agravado pelas circunstâncias resultantes da crise. “Não
há construção nova aqui; entre
2000 e 2006, viveu-se uma boa
altura, mas neste momento está
tudo parado”, explica.
Contudo, sente que o mercado da aquisição de imóveis
“começa a fluir”, tendência que
certamente se encontra acompanhada por “uma maior abertura por parte da Banca” e à
qual Joaquim Dias se mostra
favorável: “Sou a favor de que
cada família devia ter a sua casa
própria. Uma situação de arrendamento não oferece as mesmas
garantias de independência em
relação aos senhorios e não traz
nenhum retorno do dinheiro pago
74 I Agosto
em rendas, mas no crédito ao
Banco parte da renda é amortizada à divida. Para além disso,
não permite realizar o sonho de
ter a sua própria casa e como
consequência as pessoas vivem
sem grandes objetivos na vida”.
E já dizia o poeta: “O sonho comanda a vida”.
A realidade local acaba por
estar sintonizada com esta sua
visão pessoal, uma vez que o
mercado de arrendamento em
Joane ainda apresenta muito
pouca expressão: “A oferta que
aqui existe é muito reduzida,
além de que os proprietários
não estão sensibilizados para
tratar disso através das imobiliárias, pelo contrário fazem-no
sozinhos”.
Um segmento que tem dinamizado o setor um pouco por
todo o país é o dos investidores,
mas, pelo que tem notado, essa
aposta incide principalmente
sobre os imóveis colocados à
venda pela Banca e não sobre
imóveis sujeitos ao valor real
do mercado. Já quanto aos emigrantes, as suas movimentações
estão muito mais relacionadas
com a venda das suas propriedades do que com qualquer interesse em adquirir habitações nas
suas zonas de origem.
Relativamente à atividade
imobiliária e à forma como tem
sido regulada, nota que, anteriormente, “as empresas do setor
estavam sujeitas a regras complicadíssimas e muito rígidas,
mas passou-se do oito ao 80”,
pelo que, agora, o setor padece de “muita agressividade”. A
esse nível, a preocupação recai,
sobretudo, sobre o papel das
grandes redes que trabalham
com pouco ou nenhum respeito
pela deontologia do setor, causando muitas dores de cabeça
aos proprietários dos imóveis e
das empresas que trabalham na
base da confiança e respeitam a
deontologia do setor. |
Portugal Inovador
Potencialidades do centro histórico
Braga é uma cidade que oferece diversidade no âmbito cultural, desportivo e do ensino,
muito impulsionada pelo dinamismo imposto pela Universidade do Minho e das associações
e instituições sediadas na região.
Apesar de ser uma cidade cosmopolita e dinâmica também aqui se
verificou uma quebra nas transações
do mercado imobiliário. De visita à Macedo Imobiliária – integrada no Grupo
Habitace, o administrador Cláudio
Macedo reportou-nos o seu ponto de
vista sobre as atuais circunstâncias
do mercado. “Com o pico da crise
todas as imobiliárias ressentiram-se e
tiveram que se ajustar às circunstâncias. Nós, por exemplo, começámos
a apostar no mercado do arrendamento e a focar-nos nas vendas em
mercados específicos como o centro
histórico”, introduz.
Apesar de denotar uma maior
abertura da Banca à cedência de
crédito bancário, o nosso interlocutor
deteta que a conjuntura económica
propicia o arrendamento. “A procura
de imóveis com recurso ao crédito
é muito pequena. As pessoas têm
receio de recorrer à Banca e consideram que as condições não são
muito aliciantes. Os compradores que
surgem já vêm precavidos com a totalidade do valor para compra ou com
parte, recorrendo ao crédito apenas
para pequenos financiamentos”. Esse
nicho de mercado opta por investir
na compra de casas muito baratas
para reabilitar aproveitando a queda
de 20% a 30% no valor dos imóveis.
A zona histórica da cidade, alvo
de medidas de incentivo à reabilitação, está a renascer beneficiando
do investimento privado. No entanto,
Cláudio Macedo alerta para o facto
de muitos proprietários continuarem
alheados da realidade, mantendo o
preço dos imóveis muito inflacionados.
Beneficiando da circulação de
estudantes e quadros superiores,
zonas como Lamaçães – perto da
Universidade - e Gualtar “têm uma
grande oferta e procura de produto
para arrendamento, com uma relação
qualidade preço muito boa”.
Mas e se falarmos de investimento
estrangeiro? Cláudio Macedo afirma
ter produto que cative esse público e
que esta é a altura ideal para investir.
“Acredito que quem investir hoje em
Braga vai conseguir recuperar esse
valor e até obter lucro daqui a uns
anos. Já se começa a sentir o crescimento do mercado, sendo que já há
falta de produto nomeadamente no
centro histórico da cidade”.
Presente no mercado há 22 anos,
Cláudio Macedo confessa que nunca
foi adepto da exclusividade no negócio: “Considero que devem estar em
aberto todas as hipóteses com vista
a melhor servir o cliente”. No entanto, o nosso entrevistado começa a
sentir uma “alteração no mercado e a
crescente necessidade de se ter mais
produto em exclusivo. Ter o imóvel
em várias imobiliárias, nem sempre
é produtivo, pois pode vulgarizar os
imóveis”.
Aproveitando a oportunidade,
refere que a imagem do setor imobiliário melhorou bastante nos últimos
anos, no entanto a liberalização da
atividade está a provocar um retrocesso. “Se dantes a formação era
obrigatória e muito abrangente, hoje
as regras são menos apertadas, facto
que não considero muito benéfico”,
conclui. |
Agosto I 75
Portugal Inovador
“A ERA marca
a diferença pelas
pessoas”
Dinamismo e proactividade são estratégias chave no ramo da
mediação imobiliária. Para Paulo Silva o panorama imobiliário
de Vila Verde caracteriza-se como “muito diverso”.
O seu contributo na ERA estende-se ao longo de oito anos.
Começou como diretor comercial,
atravessou um período de reconquista de mercado pautado pela
“procura da inovação, definição de
estratégias em função do mercado
e aperfeiçoamento de métodos de
trabalho em busca de resultados”.
Desde o início do ano optou por se
dedicar à liderança e gestão da loja
da ERA em Vila Verde.
Paulo Silva descreveu um mercado que “sofreu com a quebra
do setor da construção civil”. O
processo da reabilitação urbana e
os traços marcadamente rurais da
região “têm permitido muita procura
de segundas habitações”, enquanto
nos centros de Vila Verde e Vila do
Prado “predomina a comercialização de apartamentos”. O mercado
de arredamento vive uma fase de
grande procura, embora a oferta
não seja suficiente: “Não existe em
76 I Agosto
grande escala. É um mercado que
não se revela muito atrativo para
os investidores”, acrescentou o
responsável.
Para Paulo Silva, o investimento
por parte dos mais recentes emigrantes tem sido notório na região,
procurando, preferencialmente,
“terrenos para construir”: “Nos últimos três anos também tem havido
uma procura enorme de “terrenos
extensos”, devido aos apoios e
fundos europeus de investimento”,
mencionou.
Circunstâncias do
Mercado
A relação com alguns sistemas
bancários traduziu-se num “upgrade”. O responsável pela ERA de
Vila Verde mostrou-se satisfeito
com os resultados: “Aqui, não
existem muitos imóveis à venda
pela Banca. Mas os que existem
têm-se revelado um sucesso para
nós”. Paulo Silva adiantou ainda
que “existem determinados Bancos
que se posicionam como parceiros
das imobiliárias”.
Outro tópico abordado, o certificado energético, tem-se revelado
para o nosso interlocutor “um
problema no mercado”, havendo
“grande dificuldade em convencer alguns clientes”, sendo que a
própria medida “encontra-se desajustada no contexto imobiliário”.
Porém, Paulo Silva admite que “no
futuro poderá ser um fator a ter em
conta no processo de escolha de
uma habitação”. Quanto à exclusividade, o diretor entende como
“fundamental”: “É importante na
comercialização do imóvel, permitindo um melhor trabalho e que
permitirá um maior investimento no
imóvel”, disse.
Paulo Silva reconheceu também
o valor e o espírito da sua equipa
de oito colaboradores: “Trabalhamos o melhor possível e servimos
os clientes de acordo com as suas
pretensões. Devemos ser dinâmicos, lutadores e proactivos. Isso faz
realmente a diferença”, terminou. |
Portugal Inovador
“Uma imobiliária não
vende ilusões”
Desde 2004 que a TGB se apresenta no mercado de Aveiro como uma empresa positiva e
com vista num futuro além fronteiras. Este ano festeja o seu 10º aniversário, mas considera
já novos projetos para o futuro.
a enorme procura no stand da TGB,
José Gomes constatou que a internacionalização seria uma boa opção. “A
curto/médio prazo gostaria de retomar
esta técnica de divulgação e parceria,
mas ainda tenho de considerar o local
ideal para isso”, completa.
Também o fator da internacionalização seria uma boa maneira de
trazer investimento para Aveiro que o
gerente reconhece como algo muito
positivo. “Esta cidade tem bons recursos que têm de ser aproveitados,
mas ainda não temos construção que
atraia investimentos dos Golden Visa”,
indica José Gomes.
A Portugal Inovador falou com o
Dr. José Gomes, membro fundador
e atual gerente da TGB, que nos
contou um pouco acerca da realidade imobiliária na região aveirense.
Esta empresa tem assistido a várias
mudanças no mercado, daí que se
tenha lançado também na área de
gestão e administração de condomínios como alternativa à queda do
mercado imobiliário. “Nos últimos dez
anos registaram-se bastantes alterações no mercado, principalmente
com o impulso da internet. Qualquer
empresa que não esteja ligada às
redes sociais, certamente não terá um
futuro brilhante. Por isso, estamos em
constante atualização da imagem e
de informação, para criar um conceito
positivo ligado à TGB”, explica o Dr.
José Gomes.
A zona de Aveiro tem sofrido algumas mudanças e o gerente admite
que a queda que o mercado sofreu,
tanto a nível local como nacional,
tem o seu lado positivo. “Algumas
habitações foram vendidas pelo dobro do valor real, porque havia muita
procura. Aveiro é um dos distritos
mais caros do país, principalmente
devido à proximidade dos grandes
pólos universitários, existindo muita
construção, embora lenta”, elucida.
A nível de imóveis, na base de dados
aliada à Banca, existem cerca de sete
mil, dos quais cerca de dois se situam
no distrito de Aveiro.
O trabalho da TGB foi sempre
elaborado em parceria, pois José
Gomes não vê com maus olhos a
concorrência. Deste modo, o cliente
está sempre em primeiro lugar e para
dar resposta aos seus pedidos são feitas parcerias com outras imobiliárias.
“Temos de ser agressivos, mas saber
manter boas relações com os colegas.
Assim, são mantidas parcerias saudáveis e, na maioria dos casos, não se
trabalha em exclusividade”, completa.
Gestão e
Administração de
Condomínios
José Gomes explica que a sua
filosofia de trabalho em parceria
verifica-se também neste ramo, pois
trabalha em outsourcing com empresas de manutenção de limpezas, de
manutenção de condomínios e com
construtores para fazerem obras mais
profundas e de maior dimensão. Este
tipo de trabalho é visto como mais
coordenado por parte do nosso entrevistado e a troca de serviços é ideal
para ambos os ramos de gestão de
condomínios e mediação imobiliária. |
Para o futuro
Pouco tempo após a sua criação
a TGB lançou-se na mediação internacional, através de um desafio, para
vender imóveis no Brasil. Participando
em feiras portuguesas e verificando
Agosto I 77
Portugal Inovador
Artigo de opinião
Reinventar-se na mudança
Edificam-se novos lugares todos os dias, um pouco por toda
a parte, na perspetiva de acolher novas vidas. Portugal, país
de raízes profundas, não é exceção, apesar de se saber que
o setor da construção civil já atravessou momentos mais
áureos.
Mas o que define a nossa
conjuntura? O que realmente aconteceu e por onde passa agora a
recuperação do mercado imobiliário? Sabe-se que o mercado imobiliário é o barómetro da economia
nacional. Os investimentos em
construção constituem uma parte
significativa da riqueza das famílias
e dos Estados, por isso não pode
ser descurado e observado como
um ato que se esgota no dia do
investimento (quando na verdade
pode contribuir para ultrapassar a
crise atual). Quais serão os próximos passos?
O contexto legislativo não beneficiou o desenvolvimento da
78 I Agosto
reabilitação em Portugal durante
muito tempo. O regime jurídico da
reabilitação urbana que foi aprovado ao longo dos últimos anos é
complexo. Da sua complexidade
resultou o desequilíbrio entre a elevada construção nova e a reduzida
reabilitação urbana. As recentes alterações legislativas simplificaram
o regime, tornando a reabilitação
menos dependente da iniciativa
municipal e mais dos promotores,
revolucionando o regime do arrendamento urbano. As parcerias que
possam vir a ser estabelecidas
daqui para a frente entre promotores e municípios só poderão
mostrar-se benéficas. A valorização
do património, a qualidade de vida
e a coesão social são elementos
preponderantes para estruturar
e incentivar o setor imobiliário à
abertura de novos mercados.
A Autorização de Residência
para Atividade de Investimento,
conhecida por Golden Visa, tem
sido um dos novos instrumentos
para a procura de mercados alternativos, permitindo aos cidadãos
estrangeiros não pertencentes
à União Europeia e aos Estados
Económicos Europeus obterem
uma autorização de residência em
Portugal, possibilitando a criação
de novos vínculos com países com
que Portugal tenha acordos internacionais privilegiados. Mas existem
outros investimentos a aproveitar
o investimento estrangeiro, como
o Regime Fiscal de Residentes
Não Habituais, capaz de estimular
a procura de casa por parte de cidadãos franceses e escandinavos,
não abrangidos pelo Golden Visa.
2013 revelou-se como um ano
de viragem, tendo já dado sinais de
recuperação. O Boletim Económico
de Inverno, publicado pelo Banco
de Portugal, projeta para o período
2014-2015 uma recuperação da
economia portuguesa, prevendo-se a aproximação gradual da zona
euro. Mas tudo isto não pode ser
analisado de forma isolada numa
perspetiva a curto prazo. As gerações futuras irão colher os frutos
do empenho agora concretizado.
A capacidade que as empresas
têm de se reinventar é decisiva
para a abertura de novas ideias, na
tentativa de gerar oportunidades.
E mudanças podem efetivamente
acontecer, para isso basta educar e repensar soluções, nunca
perdendo de foco o essencial: as
pessoas. |
Melanie Alves
Portugal Inovador
Ponte de Lima
Agosto I 79
Portugal Inovador
A nova Cozinha Velha
A Cozinha Velha é um restaurante situado na Queijada, em Cangostas, Ponte de Lima, há
14 anos. Recentemente, Carlos Gomes, o gerente e fundador, tomou a decisão de adquirir
um espaço com um conceito tradicional, mas inovador.
A Cozinha Velha é um espaço
reconhecido a nível nacional, até
porque a sua especialidade não é
a mesma que a de muitos outros
restaurantes de Ponte de Lima: aqui
saboreia-se o leitão. Os restantes
pratos provêm de uma temática regional que Carlos Gomes escolheu
80 I Agosto
trazer da sua história no espaço
na Queijada. “Os nossos clientes
habituais preferem-nos pelos pratos
e serviços que se distinguem pela
qualidade”, completa o gerente. A
sua esposa, Maria do Céu Abreu,
contribuiu para o desenvolvimento
da Cozinha Velha, dando um pouco da sua alma a cada prato que
confeciona.
Ponte de Lima é o local ideal
para o conceito que apresenta e
Carlos Gomes admite que a fama
que esta vila atingiu ao nível da
restauração é o motivo de visita de
pessoas de vários pontos do país e
do mundo. “Resistimos há 14 anos
e tentamos ser um dos pontos de
referência da restauração de Ponte
de Lima”, indica.
Novo espaço
Procurando um local com condições adequadas, o gerente deparou-se com um espaço em Arcozelo
que, sujeito a algumas remodelações decorativas, se tornou um
novo local de referência no mês de
julho. Transferindo a sua equipa de
colaboradores para o novo espaço,
A Cozinha Velha pretende singrar
com o seu tradicionalismo e homogeneidade no serviço.
A Cozinha Velha tem capacidade de 90 lugares, excluindo a
Portugal Inovador
esplanada, que se encontra em
planeamento. “Este restaurante
está direcionado para a confeção
de almoços e jantares, somando os
ocasionais eventos, que funcionam
maioritariamente por reserva. Deste
modo, conseguimos garantir uma
excelente qualidade no serviço,
tendo em conta a quantidade de
pessoas que iremos servir”, completa o gerente.
Neste novo espaço, a Portugal
Inovador teve a oportunidade de
observar a imensidão de oportunidades de investimento que estão
disponíveis para o restaurante A
Cozinha Velha. Para a fase inicial
em que se encontra e para além
do vasto espaço de estacionamento de que disfruta, esta equipa pretende criar um espaço de
diversão para crianças, incluindo
um parque infantil e, possivelmente, um pequeno campo de futebol.
Na visita que efetuámos, embora
ainda em obras, conseguimos
visualizar o enorme campo por
onde passa um rio, que dita o
fim do terreno. Para o futuro,
planeiam-se algumas novidades
que Carlos Gomes preferiu manter
em suspense.
Estando aberta durante todo o
ano, A Cozinha Velha é uma excelente opção a escolher se vem
visitar Ponte de Lima em altura das
festividades locais.
Para concluir, Carlos Gomes
deixa um agradecimento aos clientes do restaurante, relembrando:
“Se ficou curioso com o serviço
d’A Cozinha Velha, venha experimentar!”. |
Agosto I 81
Portugal Inovador
Arriscar e empreender
O desejo de Rosinda Souto em ter o seu próprio negócio surgiu aos trinta anos de idade.
Em 2011, ao invés de ir para o desemprego, concebeu a Rosinda Souto, Unipessoal – Lda,
em Ponte de Lima, direcionada para o ramo agrícola e pecuária.
A formação académica em
Produção e Gestão Agrícola e
a experiência profissional de 25
anos permitiu a Rosinda Souto adquirir o know-how necessário para
fomentar a sua capacidade empreendedora e criar a sua própria
empresa. “Comecei por trabalhar
numa cooperativa agrícola”, contou
a empresária. A mudança para a
comercialização e distribuição de
rações para animais ocorreu posteriormente, função que exerceu
durante 20 anos.
Após uma década ao serviço da
anterior empresa viu-se na iminência de ficar desempregada. Contudo, optou por apostar fortemente
em trabalhar por conta própria na
mesma área de negócio, dando
origem à Rosinda Souto, Unipessoal – Lda.
As suas instalações situam-se
em Fontão, uma das freguesias do
concelho de Ponte de Lima. Iniciou
a sua atividade mantendo uma
parceria com a Rações Zêzere.
Porém, as “necessidades e pedidos dos clientes” levaram a que o
leque de produtos e o número de
colaboradores fosse aumentando
82 I Agosto
gradualmente: “Temos também
para venda fertilizantes agrícolas,
plantas de cultivo e produtos fitofarmacêuticos”, disse.
Modus operandi na
razão do êxito
Rosinda Souto argumentou que
a relação estabelecida e o atendimento às exigências dos clientes
são elementos fulcrais para se
conseguir sobressair no mercado:
“Tento diferenciar-me pelos produtos
colocados para venda que, praticamente, só nós temos. A relação com
o consumidor ou o cliente é o principal segredo, obviamente”, frisou.
A empresária reconhece que a
relação que fomentou ao longo de
20 anos com os seus clientes nas
anteriores empresas contribuiu
positivamente: “Acho que essa é a
razão pelo sucesso do meu negócio”, confessa.
O sucesso tem sido de tal forma
notório que já tem em vista uma
nova etapa que, provavelmente,
contribuirá para uma expansão do
seu negócio: “Já sentimos necessidade de alargar as nossas instalações. Precisamos de outro tanto
para termos maior capacidade de
resposta, algo que agrada e fideliza
os nossos clientes”, sublinhou.
Não dando o mercado por “garantido”, Rosinda Souto confessa
que não consegue desligar-se da
função de vendas. Juntamente
com os seus seis colaboradores,
participa na distribuição dos seus
produtos - possui três viaturas por dez concelhos entre o distrito
de Braga e Viana do Castelo,
perfazendo mais de 250 clientes,
Portugal Inovador
nomeadamente agricultores e pequeno comércio agrícola.
Setor agrícola e
definição do futuro
Em Ponte de Lima, o setor
agrícola “tem um enorme peso” no
seu desenvolvimento económico.
Questionada sobre a sua continuidade, Rosinda Souto não tem boas
perspetivas: “Penso que não se
manterá desta forma. Quando as
pessoas mais velhas se retirarem
da atividade, a situação vai ser
preocupante”, ressalvou. A responsável pela Rosinda Souto, Unipessoal – Lda acrescentou ainda que
a burocracia associada é “terrível”
e a legislação tem colocado “vários
entraves” aos agricultores com
medidas que reduzem o volume de
negócios agrícolas por todo o país.
No entanto, mantém a “esperança”
na melhoria da situação atual do
setor.
Rosinda Souto partilhou ainda
os objetivos definidos para o futuro
próximo da sua empresa. A empresária pretende “aumentar as vendas” e, caso necessário “aumentar
a rede de distribuição e a equipa de
funcionários”. No entanto, admite
que o seu negócio é “local”: “O meu
negócio foi criado aqui e grande
parte dos meus clientes estão relativamente perto. Crio raízes muito
facilmente, mas o tempo o dirá,
certamente”, pronunciou.
Por último, Rosinda Souto assume um balanço positivo nestes últimos três anos, apesar de
nunca ter imaginado atingir estas
proporções: “Se há sete anos
me dissessem que ia atingir este
patamar, responderia que tinha
muita vontade, mas faltava-me a
coragem. É algo que me deixa realizada e extremamente satisfeita”,
terminou. |
Agosto I 83
Portugal Inovador
Soluções sustentáveis
A evolução da Doce Chama constrói-se na busca constante de opções mais rentáveis para
o meio ambiente e para a economia portuguesa.
O que começou por ser um trabalho realizado por três irmãos, concretizado em Almada, acabou mais
tarde por se tornar numa empresa
com sede em Ponte de Lima, que
conta agora com a colaboração de
quatro pessoas. Em 1998, quando
a Doce Chama nasceu, o negócio
incidia na comercialização de lareiras
sendo que com o evoluir dos tempos,
o recuperador, a caldeira, e mais recentemente, a biomassa ganharam
notoriedade, substituindo a opção
convencional.
A lareira aberta que desperdiça
85% da energia e restituí apenas 15%
passou a ser pouco rentável. Com o
recuperador consegue-se aproveitar
80% das calorias, desperdiçando
apenas 20%: “A evolução natural do
mercado vai nesse sentido e com a
crise as pessoas acabam por aderir
mais facilmente a opções rentáveis”,
84 I Agosto
explica Philippe Gomes. Neste momento, procuram um aproveitamento
acima dos 90%. Algo que já se tem
conseguido com recuperadores mais
modernos aquecidos a biomassa,
lenha e pellets e que estão a abarcar
todo o mercado, substituindo as caldeiras a gasóleo e a gás, poupando
assim até 80% na fatura energética.
APROVEITAR O LIXO
Atenta às inovações dos fabricantes, esta equipa verifica que os
pellets são a melhor opção para a
sustentabilidade de Portugal e do
planeta. Pellets são resíduos de biomassa produzidos a partir da limpeza
das florestas e dos desperdícios da
indústria da madeira, que depois são
triturados e comprimidos para obter
a forma final com poder calorífico
elevado. “A sua vantagem passa por
ser feito de resíduos, levando a um
melhor aproveitamento dos recursos”,
clarifica o entrevistado. Todas estas
preocupações ambientais transportam para outras questões. Philippe
Gomes é questionado pelos seus
clientes sobre a durabilidade desta
técnica. “Não irá acontecer com os
pellets o mesmo que sucedeu com
o gasóleo?”. Este acredita que não,
porque “sendo Portugal produtor de
biomassa os pellets garantem futuro”.
Uma política consciente na limpeza
das matas, a recolha de toda a matéria para a produção industrial de
pellets, são elementos a ter em conta
para a captação de emprego, com
vista a melhorar o meio ambiente,
evitando incêndios e explorando recursos naturais. “Temos uma energia
disponível, que é nossa, os pellets
são muito simples a fabricar e ficam
relativamente baratos”, comprova
Philippe Gomes.
As fábricas de pellets vão procurar
difundir-se pelo território nacional de
forma a aproveitar os recursos locais,
limpando as matas, evitando o transporte, reduzindo a emissão de dióxido
de carbono e o custo do produto. Os
fabricantes desenvolveram máquinas
que se ligam e desligam sozinhas,
consoante as necessidades do dia
e da noite, trazendo maior conforto à
vida das pessoas. Na Doce Chama
as energias renováveis vão continuar a ser a grande aposta, estando
sempre atentos as novidades que
vão surgindo e esperando que o país
reconheça todas as valências deste
material amigo do ambiente. |
Portugal Inovador
Fiéis às origens
A arte d’avó-fumeiro, empresa familiar, nascida em fevereiro do ano passado, é conhecida
pela qualidade da produção artesanal do seu fumeiro. Também no seu talho a gastronomia
tradicional portuguesa de boa qualidade é o que por cá se pode encontrar.
Inicialmente, a arte d’avó, situada na freguesia de Arcozelo, em
Ponte de Lima, era uma mercearia
que comercializava carne associada ao fumeiro. Há cerca de um ano
e meio, a gerência decidiu mudar
para novas instalações e investir
numa nova imagem de marca: a
arte d’avó-fumeiro. A ideia passou
por associar a boa fama que já traziam do seu fumeiro transportando-a para novas especialidades. O
reconhecimento que tinham por
parte dos clientes dava-lhes garantias da viabilidade do seu negócio.
A arte da avó atravessa gerações
com o seu nome simbólico. “arte
d’avó-fumeiro” é uma forma de
homenagear a avó do meu filho,
Rosa da Rocha Velho, que transmitiu todos os seus conhecimentos
à geração da minha mulher, dando
arte à produção do fumeiro”, explica
Paulino Silva.
Excelência minuciosa
A produção artesanal passa por
um processo criterioso que conta
com diversas fases. Na fase inicial
faz-se a seleção da carne, a escolha das especiarias e a preparação
e junção dos vários produtos. Posteriormente, a matéria-prima fica a
marinar (o período varia consoante
o tipo de enchido). O enchimento
é o passo a seguir e só depois os
enchidos vão para o fumeiro onde
são secos e fumados com lenhas
selecionadas. A qualidade da lenha
influencia a secagem e a cura do
fumeiro, que se irá refletir depois na
qualidade do produto final. Após os
dias de cura e secagem, processo
bastante moroso, o produto é conservado para depois ser distribuído
e vendido.
Dos produtos mais tradicionais
destacam-se a chouriça de carne
e a chouriça de cebola, produzidas
na íntegra utilizando os métodos
do antigamente. Apresentam também diversas alheiras: a alheira
tradicional de carnes, a alheira de
peru com sementes, a alheira de
pato e a alheira vegetariana são
algumas das variedades da arte
d’avó-fumeiro. A alheira de espargo com cogumelos e a alheira de
espinafres, ambas vegetarianas,
têm tido bastante procura pelas gerações mais novas. Brevemente a
grande aposta vai recair na morcela
e na farinheira.
O crescimento positivo sentido
ao longo deste curto espaço de
tempo torna a arte d’avó-fumeiro
num lugar hospitaleiro com sabores
da terra que aguçam o paladar,
onde se degustam estas delícias do
primeiro ao último momento com a
mesma satisfação. Agora o futuro
projeta-se com ânimo, mas com a
garantia de que nunca se vai alterar
o produto original. |
Agosto I 85
Portugal Inovador
Mãos de Fada
Ana Paula Teixeira iniciou-se na estética e beleza com base nos estudos na área de saúde.
Cultivando o gosto pela elegância e pelo bem estar, a nossa entrevistada orgulha-se de
oferecer, há 14 anos, na Alpa, um serviço com a qualidade por que sempre batalhou.
Ana Paula Teixeira apresenta-se no mercado de Ponte de Lima
como uma mulher única, forte e
muito observadora. O sucesso da
Alpa reside na sua preocupação
em saber que o cliente sai do seu
gabinete “sem dores, contente e
agradada com o serviço prestado”.
A carreira de Ana Paula Teixeira
iniciou-se em Ponte de Lima, quando estagiou numa calista. Após
essa experiência, a nossa entrevistada participou em formações de
estética e na Empresa Europeia de
Estética do Porto, durante um ano.
A partir daí, em 2000, Ana Paula
Teixeira deu asas a um espaço
onde exalta a beleza e a felicidade
das suas clientes. “Sempre tive
gosto pelo belo e acho que estética
não se aplica a uma coisa só. Visto
que não gosto de fazer manicures
e sempre tive experiência e gosto
pelo trabalho com os pés, prefiro
contratar alguém que seja profissional e que possa garantir às
visitantes da Alpa um serviço de
excelência”, completa.
O espaço da Alpa tem sido
ampliado e conta hoje com quatro
gabinetes, nos quais são prestados
serviços de “depilações, pedicure/
manicure, verniz gel, maquilhagens,
86 I Agosto
assim como workshop’s de automaquilhagem. Somamos também a
permanente de pestanas, pinturas
de pestanas, limpeza de pele,
tratamentos de rosto, massagens
terapêuticas, eletrocoagulação e
mesoterapia. Quanto a tratamentos
de corpo, faço a drenagem linfática
manual e adquiri, mais recentemente, a radiofrequência”, enumera Ana
Paula Teixeira.
A fundadora da Alpa falou-nos,
também acerca dos tratamentos
a diabéticos que efetua: “Sendo
insulinodependente ou não, é necessário um cuidado redobrado,
pois existem bastantes riscos de
infeção no tratamento do pé diabético”, explana.
Acreditando que as suas clientes sentem segurança no trabalho
da Alpa, a fundadora admite que,
em primeiro lugar, tem em conta o
profissionalismo e a honestidade
em tudo o que faz. “Os serviços
devem prezar pela diferenciação e
acredito que, no caso da Alpa, isso
existe. Eu quero que as pessoas
se sintam bem com a profissional a
quem estão a confiar os seus pés,
mãos, rosto ou corpo”, indica.
Trabalhando com as marcas
Bruno Vassari e Thalgo, Ana Paula
Teixeira sente-se convicta da qualidade e distinção do seu trabalho.
“A decoração do espaço é também
outro elemento que me alegra e todos os meses gosto de embelezar o
espaço. A beleza não é só humana,
está também em tudo o que nos
rodeia”, indica.
A esteticista considera fascinante oferecer serviços em que os
resultados sejam visíveis e orgulha-se em poder fazer o seu papel de
maneira profissional, indicando e
aconselhando cada cliente com os
melhores produtos e serviços.
Em jeito de conclusão, Ana
Paula Teixeira dedica todo o trabalho aos seus filhos, para que no
futuro tenham a oportunidade de
perceber todas as dificuldades que
enfrentou. |
Portugal Inovador
Máquina do tempo em papel
Sónia Sousa demonstra diariamente a sua paixão pela fotografia ao imortalizar todos os
momentos que vive. Ideias Kriativas encontra-se na vila de Ponte de Lima e, desde 2010,
instrui os habitantes sobre a importância de relembrar cada momento passado.
Desde muito jovem que Sónia
Sousa, a gerente e criadora da
Ideias Kriativas, começou a sua
aventura na fotografia, quando ‘roubava’ a câmara fotográfica do seu
pai para realizar novas experiências. Nos anos que se seguiram ao
seu percurso escolar, Sónia Sousa
tornou-se a fotógrafa principiante
oficial de todos os eventos no universo escolar.
Tendo iniciado a sua vida profissional com um part-time num
estúdio fotográfico e apoiando-se
de variadas formações práticas,
decidiu em 2010 abrir o seu próprio
espaço. “Eu sou completamente
autodidata e gosto de me informar
sobre novas técnicas e reter mais
informação. O mais importante para
mim não são os meios utilizados,
mas sim o fim para que se trabalha”, completa a gerente da Ideias
Kriativas.
Para a nossa entrevistada, a
fotografia não é apenas um pedaço
de papel, mas sim uma máquina do
tempo. “Uma fotografia é uma folha
de papel que conta uma história e
que nos transporta para o passado, recordando-nos de momentos
que até nos tínhamos esquecido”,
explana. Sónia Sousa refletiu também sobre a importância que dá à
colocação da data nos trabalhos
que faz e o valor emocional que
fornece a uma imagem.
O serviço da Ideias Kriativas
é complementado pelo carinho e
atenção que a gerente aplica em
cada momento que capta. “Admito
dormir de consciência tranquila pois
sei que faço um trabalho honesto e
que representa quem sou. Recebo
cada cliente como uma pessoa
única que merece um tratamento
sincero”, explica.
Trabalhando com outros profissionais em part-time, a Ideias Kriativas presta serviços direcionados
para todas as áreas da fotografia,
incluindo fotografia e filmagem de
eventos e sessões fotográficas de
variadas temáticas. Falando num
âmbito de preferência pessoal,
Sónia Sousa admite ter uma enorme paixão por fotografar crianças.
“Conseguem-se fotografias fantásticas com bebés, pois são tão
inocentes e naturais, adjetivos que
completam uma fotografia especial”, conclui. |
Agosto I 87
Portugal Inovador
Artigo de opinião
Novo mapa judiciário: Sim ou Não?
Depois das alterações ao Código de Processo Civil, feitas no ano passado e que criaram
grande desagrado entre os advogados e juízes, surge agora uma outra alteração que já
está a gerar polémica: o novo mapa judiciário.
A reforma do Mapa Judicial,
aprovada em Conselho de Ministros,
insere-se num vasto conjunto de
medidas legislativas na área da Justiça que o Governo já realizou e tem
em curso. É no contexto desta reforma estrutural no âmbito da Justiça
que surge agora a Reforma do Mapa
Judicial, o qual entrará em vigor a
1 de setembro do presente ano. O
novo mapa judiciário, implicará a
redução do número de tribunaiso
que, consequentemente levará, de
acordo com o Jornal de Notícias,
a que cerca de 100 profissionais
fiquem sem lugar criando, assim,
excedentários entre magistrados do
Ministério Público e oficiais de Justiça. Mas qual será afinal o grande
objetivo deste novo mapa judiciário?
Pois bem, o país ficará dividi88 I Agosto
do em 23 comarcas em vez das
atuais 231 e, de acordo com aquilo
que foi divulgado pelo Governo, o
principal objetivo desta alteração é:
permitir uma gestão, concentrada
e autónoma, por cada um destes
23 grandes tribunais, segundo um
modelo de gestão por objetivos
para maior eficácia e qualidade, que
caberá pôr em prática ao «Conselho
de Gestão», composto por um Juiz
presidente, um Procurador coordenador e um administrador judiciário. O grande senão é que muitos
advogados, juízes e funcionários
judiciais não concordam com esta
alteração. A própria Bastonária dos
advogados, Elina Fraga é contra o
novo mapa judiciário alegando que é
“uma reforma tenebrosa”, realizada
“contra tudo e contra todos”. Em de-
clarações ao semanário Expresso, a
Bastonária adiantou: “Olhou-se para
o país e dividiu-se em 23 comarcas,
que não servem, naturalmente, os
interesses dos utentes da Justiça,
que são os cidadãos”. Eliana Fraga
garante ainda que a Ordem apela
ao Governo para que, pelo menos,
suspenda esta reorganização e
atente às distintas realidades locais.
Por todas as noticias que temos
tido a oportunidade de ver, ler e ouvir
é possível depreender que grande
parte dos atores judiciais não concorda com este novo mapa judicial
e os motivos são comuns a todos
eles. Fica então esta questão: Será
que as manifestações contra esta
alteração irão trazer frutos? |
Ana Luísa Azevedo
Portugal Inovador
Poder Local
Agosto I 89
Portugal Inovador
Uma vila com passado e futuro
Com cerca de 4300 habitantes e uma faixa etária bastante jovem, a vila de Cête pertence
ao concelho de Paredes, mas tem vindo a tornar-se bastante independente. O presidente
Tomás Correia apresentou-nos a região.
variedade de oferta”, conta o nosso
entrevistado.
No combate ao desemprego, esta
vila apresenta um excelente dinamismo
no setor da confeção, acolhendo empresas desse ramo e cativando outras
com êxito, já conta com os maiores
empregadores como Confeção Soeiro
com mais de 25 anos e Pinto Lopes
Viagens com mais de 100 anos e,
em colaboração com a Associação
Empresarial, o Centro de Emprego,
onde temos dado muita formação a
desempregados nas instalacoes da
junta “Atualmente, nota-se uma retoma
do setor da confeção em Cete, que faz
a diferença no número de armazéns
disponíveis no concelho e nos postos
de trabalho que crescem”, explica Tomás Correia.
Em Cête, encontramos vários pontos de interesse que conferem bastante
valor a esta vila, desde a boa variedade
gastronómica, salientando o prato de
bacalhau com broa e o cabrito assado
no forno num magnífico restaurante
o Broa D’Avó , a paisagem de beleza
natural e, visto que pertence à Rota do
Românico, a vila de Cête é um bom
local para fazer algum turismo e conhecer o modo de vida do século XIV.
Tomás Correia, presidente da Junta
da Vila de Cête, é natural da vila e é,
sem dúvida, um lutador pelas boas
condições para os habitantes. “Candidatei-me à Junta de Freguesia com
a intenção de melhorar a vila e dotá-la
de melhores condições e estruturas,
principalmente a nível social, às quais
90 I Agosto
dou prioridade”, elucida.
Apesar de enfrentar algumas dificuldades de concretização de obras,
Tomás Correia, juntamente com os
seus adjuntos Francisco Sousa e Hilário Barros, mostrou inovação na adequação de estabelecimentos em desuso para as diferentes associações que
existem: o Rancho Folclórico, a Banda
musical, a Associação de Ciclismo, a
Associação de Pesca o centro social
e para o karaté. Já contamos também
com Bombeiros, Futebol, Farmácia,
Correios e a Estação Ferroviária mais
movimentada do Vale de Soua. “Todas
as instituições estão a ser instaladas
na sua devida sede e, seja como presidente da Junta de Freguesia ou não,
vou sempre lutar para que Cête tenha
Para aliviar o stress
Quanto a festividades, para os que
preferem conhecer a vila de Cête ornamentada, festeja-se a Festa da Santa
Cruz no primeiro domingo de maio e, a
8 de setembro, a festa da Senhora do
Vale. A Junta de Freguesia colabora
também em caminhadas mensais para
motivar os habitantes a terem uma
vida ativa.
Para os turistas, os pontos de
interesse mais reconhecidos são: a
Ermida da Nossa Senhora do Vale de
origem românica e o mosteiro de Cête
de origem gótica, que terá sido construído no século XIV o qual pretendem
desenvolver, criando um horário de
visitantes mais adequado. |
Portugal Inovador
Soluções locais
A atitude inconformista de José Ferreira, marcada na presidência da união de freguesias de
S. Romão e de S. Mamede, contribui para o crescimento das duas localidades, que acolhe
10.000 habitantes.
A união das freguesias de S.
Romão e de S. Mamede, fruto da
nova legislação que gerou a sua
agregação, deu origem a uma nova
freguesia: o Coronado. A vizinhança
das localidades gera proximidade
nas relações interpessoais, no
entanto, as regiões têm as suas
particularidades com um bairrismo
muito próprio que as caracteriza. A
administração das duas freguesias
concretizada por uma única pessoa
tem trazido alguns conflitos entre
a população, mas José Ferreira
encontra-se disponível para os diversos problemas e questões que
lhe são apresentados: “Não é tarefa
fácil”, revela. Apesar da rivalidade,
verifica-se o grande intercâmbio de
pessoas entre as duas freguesias,
por isso “é mais aquilo que as une
do que aquilo que as separa”, cla-
rifica. Para que os habitantes de
uma das freguesias não se sintam
preteridos em relação aos outros,
José Ferreira, sensível à questão,
pretende não ferir suscetibilidades, fomentando o equilíbrio entre
ambas.
Valorização social
A pouca autonomia e as fracas
receitas das Juntas de Freguesia
faz com que sejam subsídiodependentes de outros órgãos hierarquicamente e financeiramente mais
fortes. José Ferreira tem vindo a
ressentir-se nalgumas situações
concretas. Atualmente, a Câmara
Municipal quer realizar um protocolo com a Junta de Freguesia. No
protocolo vem anexada uma cláusula, onde refere que a responsabilidade civil dos acidentes de viação
na estrada passará a ser atribuída
à Junta de Freguesia. Na opinião
de José Ferreira as estradas são
o maior problema do concelho da
Trofa, por isso não concorda com
a atribuição dessa responsabilidade
porque a Junta não tem gabinetes
jurídicos, nem competências para
avaliar o estado do automóvel ou
da pessoa que sofreu o acidente.
Apesar de, de quatro em quatro
meses, a Junta de Freguesia receber o Fundo de Financiamento de
Freguesias de 28.000 euros, o valor
é insignificante quando é tido em
conta tudo o que poderia ser feito
para o crescimento desta terra.
José Ferreira não fica alheio à
conjuntura económica que o país
vive e está consciente de que a
Junta estabelece a ponte de ligação entre a população e a Câmara.
Algumas empresas de referência
como a Bial e a Transmaia têm potenciado positivamente a economia
da região. A nível social implementaram algumas medidas para apoiar
as famílias carenciadas. Criaram o
Banco Local de Voluntariado, onde
muita gente pode ajudar na recolha
de alimentos, roupa e material escolar. Têm também parceria com o
Caminho Suave e o IEFP para dar
resposta às famílias com dificuldades e apoio aos cidadãos que querem entrar no mercado de trabalho,
respetivamente. Futuramente, vão
criar uma Universidade sénior para
a formação de pessoas acima dos
55 anos. |
Agosto I 91
Portugal Inovador
A comunidade acima de tudo
Com cerca de sete mil habitantes, a Junta de Freguesia de Fermentões, pertencente ao
concelho de Guimarães, tem como principal objetivo assegurar o bem estar da população.
A proximidade é o fator chave.
Nos últimos anos a sociedade
alterou-se e com estas mudanças
alteraram-se também as prioridades das Juntas de Freguesia. Hoje
em dia, de acordo com o nosso
entrevistado, Manuel Mendes,
os órgãos de poder local têm por
“obrigação” preocupar-se com as
necessidades sociais da população. “Temos que nos aperfeiçoar,
tendo em conta as necessidades
que a nossa sociedade enfrenta”.
Sempre preocupado com os cidadãos, o presidente da Junta de
Freguesia de Fermentões procura
dar resposta às suas solicitações:
“A Junta de Freguesia colabora
92 I Agosto
diretamente com a Casa do Povo
de Fermentões e o Agrupamento de
Escolas Fernando Távora, sendo
um elo com a tal vertente social. Todos juntos, tentamos dar resposta
aos mais desfavorecidos”, refere.
Considerada uma freguesia
jovem, aberta à mudança e ao
futuro, esta instituição de poder
local investiu um valor significativo
no primeiro mandato de Manuel
Mendes, por forma a melhorar as
condições dos habitantes de Fermentões. Com dois pavilhões gimnodesportivos, um parque de lazer
e um rio límpido, esta região reúne
um conjunto de condições que beneficiam a população. “Além disto,
queremos inovar num outro sentido,
para facilitarmos a vida aos nossos
habitantes: vamos criar um balcão
único, que irá funcionar como uma
espécie de loja do cidadão. Deste
modo, todos os nosso habitantes,
especialmente os mais velhos,
podem-se deslocar-se diretamente
à Junta e tratar dos seus assuntos”,
explica Manuel Mendes. A par disto
as melhorias nas redes viárias e
no próprio saneamento trouxeram
melhorioas significativas para a
região, não só a nível quantitativo
como qualitativo, uma vez que
“melhorou e muito as condições da
nossa população”.
Parte integrante do concelho de
Guimarães, esta freguesia mantém
uma estrita relação com a Câmara
Municipal que, de acordo com o
nosso entrevistado, “está sempre
disponível para o que for necessário”. O atual presidente está
“constantemente preocupado com
o bem-estar da freguesia e está
sempre disposto a ajudar”.
É através da sensibilidade,
criatividade, proximidade e empreendedorismo que esta Junta de
Freguesia conseguiu adaptar-se à
sociedade. Manuel Mendes, pretende continuar a seguir estes valores
e criar uma freguesia ainda melhor.|
Portugal Inovador
Agosto I 93
Portugal Inovador
Artigo de opinião
A cultura não é um dever,
é uma responsabilidade!
É sabido que a cultura ocupa um lugar cimeiro em grande parte dos países. Muitos deles
são mais famosos pela sua história e património cultural do que propriamente pelas suas
paisagens ou gastronomia. Mas a palavra cultura nao se traduz apenas na história do povo.
Festivais, cinema e teatro também são elementos que se fundem com a história de uma
região, é muito mais do que isso. É sinónimo de desenvolvimento económico, de emprego,
de inovação, de empreendedorismo e Portugal não é exceção!
Com um património riquíssimo em termos culturais - desde monumentos, ruas e vielas
cheias de história, passando
por festas regionais - o nosso
país, pequeno em tamanho, mas
rico em culturalidade, tem tudo
para se tornar num pólo turístico
por excelência. Certo é que nos
últimos anos, a cultura tem sido
descurada dentro de portas,
muito graças aos cortes que foram efetuados pelo Ministério da
94 I Agosto
Cultura. O Orçamento de Estado
para 2014 reduziu a verba para
esta temática a 174 milhões de
euros, um corte de 20 milhões
em relação ao OE 2013, sendo
que, hoje em dia, as verbas de
apoio à criação artística são de
tal forma reduzidas que os seus
valores são apenas comparáveis
a pequenas despesas de gabinete do Governo. Segundo o atual
secretário de Estado da Cultura,
Jorge Barreto Xavier, no presente
ano “o setor vai sofrer cortes de
cerca de 15 milhões de euros”,
o que trará um grande prejuízo.
Felizmente ainda há algumas
exceções onde os Executivos locais vão apostando fortemente na
dinamização da cultura. É o caso
da Câmara Municipal do Porto,
que vai poder incorporar receita,
sobretudo oriunda do saldo de
gerência de 2013, o que faz crescer o orçamento para cerca de
199 milhões de euros, sedimen-
Portugal Inovador
“A palavra cultura
nao se traduz
apenas na história
do povo. Festivais,
cinema e teatro
também são
elementos que
se fundem com a
história de uma
região, é muito mais
do que isso”
tando a aposta do Executivo de
Rui Moreira em diversas áreas,
entre as quais está a cultura. De
facto, ao longo dos últimos anos o
pelouro do Conhecimento e Coesão Social da Câmara Municipal
do Porto promoveu uma estratégia cultural na cidade que tenta
aliar o conhecimento, a coesão
social e a educação como partes
de um todo, com vista à construção de uma cidade para todos e,
verdade seja dita, a cultura que
o Porto transborda é avidamente
procurada por aqueles que lá
residem e por tantos outros que
a visitam pela primeira vez. Por
este motivo foi criada a marca
PORTOCULTURA que pretende a
concretização de uma nova visão
de cidade garantindo às futuras
gerações um capital civilizacional
ímpar e inesgotável.
Alguns exemplos práticos desta situação passam, de acordo
com a rádio TSF pela aprovação
do protocolo que permite à Casa
da Animação ocupar os palcos
municipais. Para José Miguel Ribeiro, presidente desta entidade,
este é um sinal muito positivo. Já
o Teatro de Marionetas do Porto
abriu portas há 26 anos e, Isabel
Barros, diretora artística, diz ter
esperança e destaca sobretudo
a abertura demonstrada por este
executivo. |
Ana Luísa Azevedo
Agosto I 95
Portugal Inovador
96 I Agosto
Portugal Inovador
Artigo de opinião
Respirar publicidade
Num mundo globalizado em que as tecnologias fazem parte
do dia de dia de miúdos e graúdos, somos constantemente
bombardeados por informação, a maioria das vezes
inconscientemente.
Já imaginou, por exemplo,
parar num semáforo e não ver os
habituais outdoors? Ou, assistir a
um filme e não ser interrompido
por um único anúncio publicitário?
Ouvir rádio sem as advertências
aos medicamentos, que mal se
percebem devido à sua rapidez?
Com certeza, à primeira vista,
muitos dos leitores consideram
este mundo não-publicitado um
paraíso. Outros, como eu, valorizam a existência da publicidade.
São imagens, ruas enriquecidas
com cores, sonoridades que ficam
no ouvido - a súbita vontade de
adquirir produtos à primeira vista
desnecessários (isso talvez não
seja tão negativo como parece…).
A verdade é que sem a publicidade muitos de nós não teríamos o
conhecimento vasto de produtos
nacionais e internacionais. Mark
Twain, escritor norte-americano,
referiu corretamente que “muitas
coisas pequenas foram transformadas em grandes pelo tipo certo
de publicidade”.
A publicidade é global, transversal a todos os meios e atividades, até ao mundo empresarial.
Embora muitos gestores a associem a um gasto e não a um investimento, é essencial demonstrar o
produto que se pretende vender,
seja em meios direcionados ao
público-alvo ou a outro mais generalista.
Entenda-se que quando falo
de um mundo sem publicidade,
refiro-me a publicidade não só televisiva, impressa ou radiofónica,
mas também ao mais antigo dos
meios de publicitação: o boca em
boca. Esse é o modo de comunicação mais difícil de evitar, pois
basta transmitirmos as qualidades
que encontramos numa peça de
roupa, num aparelho eletrónico,
ou até num alimento, para que
outra pessoa passe a reconhecer
esse mesmo objeto e, talvez, a
desejá-lo.
Diariamente, temos à nossa
disposição lançamentos de tecnologia de ponta, automóveis com
linhas futuristas, roupa inspiradas
em centenas de estilos diferentes, comida de todos os cantos
do mundo, viagens para os mais
remotos locais, entre outros. Habitamos um planeta de tal modo repleto de publicidade que quase a
conseguimos observar do Espaço!
É certo que em algumas situações esta pode tornar-se imensamente irritante, como quando
o filme teima em não recomeçar
ou aguardamos o início do bloco
de notícias. Mas o que muitas
pessoas não pensam é na disparidade de equipamentos que
usufruímos devido à publicidade.
Já imaginou se conhecessemos
apenas uma marca de vestuário
em Portugal? Começa a soar a um
bom tema para um filme de ficção
científica…
Na minha opinião - e falo não
apenas por gostar muito da área
da publicidade, mas também porque sou uma das (raras) pessoas
que assume ler os folhetos que
são colocados na caixa de correio
-, um mundo sem publicidade
seria um “mundo sem sal”. Não
haveria concorrência e, consequentemente, não observaríamos
evolução, mudança, inovação,
diferença!
Para terminar, e referindo-me
a locais volumosamente visitados, o que seria a Times Square
em Nova Iorque, Picadilly Circus
em Londres ou Las Vegas sem a
publicidade que os ilumina? |
Diana Ferreira
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