Pediatras e Acolhimento Maria Elizabeth Ribeiro dos Santos – PUC-Rio INTRODUÇÃO Pesquisadores que estudam questões de violência e abuso contra crianças têm privilegiado a rede de saúde como um espaço fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes no enfrentamento dessas situações. Segundo esses autores, seja pelas possibilidades de atuação preventiva, potencializadas a partir de iniciativas como o Programa de Saúde da Família(PSF), seja pela compreensão do hospital como um núcleo central de atenção, o acompanhamento a crianças vítimas de violência deveria incluir a implicação dos profissionais de saúde em iniciativas conjuntas com profissionais de outras áreas. Além da atuação que se desenvolve no âmbito das enfermarias pediátricas, toda vez que uma criança é internada sob suspeita de agressão, instituições como a escola, os conselhos tutelares, os centros de saúde ou grupos comunitários deveriam se articular para avaliar de que formas poderiam alcançar melhores resultados, garantindo uma assistência interdisciplinar e mais integrada. (Farinatti,1993; Minayo, 2004;Ferreira,2005). Discussões sobre a violência e seus efeitos sobre os indivíduos e as sociedades foram, tradicionalmente, desenvolvidas pela área de segurança pública e justiça, não sendo consideradas na esfera dos problemas discutidos no âmbito da saúde. Somente nos últimos anos, mais precisamente na década de 90, a Organização Mundial de Saúde trouxe a violência para o âmbito de sua agenda. Assim, enquanto a questão do uso do tabaco e da necessidade de criar meios ambientes saudáveis já tinham sido incluídas nas pautas de saúde desde a Conferência de Atenção Primária em Saúde de Otawa(1982), apenas em 1992, na Conferência de Atenção Primária em Saúde de Santa Fé, foi dado um tratamento especial à violência enquanto um problema de saúde pública. Posteriormente, no relatório da Conferência de Atenção Primária em Saúde de Jacarta(1997), a violência é novamente incluída, ainda que sem nenhuma ênfase especial: a violência civil e doméstica é mencionada como uma entre outras tendências demográficas que mereciam atenção, tais como o aumento de pessoas idosas, a prevalência de doenças crônicas, o aumento de comportamento sedentários ou a resistência a antibióticos. De qualquer forma, é possível datar dessa época a preocupação com estudos epidemiológicos sistematizados sobre a violência em suas diferentes formas e, em especial, a preocupação com a violência doméstica exercida contra mulheres, crianças e adolescentes. Sabidamente não notificada, ou sub-notificada, do ponto de vista de registros epidemiológicos, a violência que se produz no cerne das famílias têm efeitos profundamente marcantes e destrutivos, uma vez que quebra as representações e as expectativas que os indivíduos costumam ter em relação à instituição família. No Brasil, essa preocupação implicou na criação de um Comitê Técnico para discutir a violência na saúde. As reflexões do Comitê produziram um documento, oficializado em portaria em 2001, sob o título de Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Nesse documento, são definidos conceitos e diretrizes de atuação e designadas instituições envolvidas na discussão, ficando clara a compreensão ampla e polissêmica da violência, sendo explicitado que a violência deve ser entendida como: ... o evento representado por ações empreendidas por indivíduos, grupos, classes, nações que provocam danos físicos, emocionais, morais e/ou espirituais a si próprio ou a outros(Minayo e Souza,1998). Nesse sentido, apresenta profundos enraizamentos nas estruturas sociais, econômicas e políticas, bem como nas consciências individuais, numa relação dinâmica entre os envolvidos( Ministério da Saúde, 2001: 7). Ao longo do documento, são definidos aspectos como: a necessidade de sistematizar e consolidar medidas preventivas, atuando em um âmbito préhospitalar; a importância de estabelecer padrões de assistência interdisciplinar e intersetorial; a importância da capacitação de recursos humanos para atuar nesse setor e, finalmente, a necessidade de desenvolver estudos e pesquisas na área. Ao mesmo tempo, o documento procura delinear as responsabilidades institucionais no âmbito da gestão federal (Ministério da Saúde) e das gestões estaduais e municipais (Secretarias Estadual e Municipal de Saúde). Entretanto, conforme assinala Minayo(idem), apesar das propostas de ações e programas, a compreensão da violência como uma questão maior dentro da área de saúde ainda sofre limites, tendo uma entrada que a autora caracteriza como “difícil e lenta”, em especial pelas características da formação dos profissionais de saúde. Tal formação ainda é marcada pelo que tradicionalmente chamamos de mentalidade biomédica, o que vem a se constituir como uma contradição: enquanto as políticas de saúde falam em interdisciplinaridade, ou mesmo transdiciplinaridade, a formação dos profissionais ainda obedece a padrões antigos, engessados em suas próprias áreas de saber. Por exemplo, quando uma criança, vítima de alguma modalidade de violência, é encaminhada a um atendimento de emergência, não se trata apenas de diagnosticar e propor a conduta médica mais adequada: é preciso entender o que vai além da situação, envolvendo valores familiares e culturais. O que se aplicaria, por exemplo, ao uso da punição física: ainda que se verifiquem casos em que foram cometidos excessos, para muitos familiares a punição física faz parte do código de valores que norteiam atitudes educacionais. Isso se choca com os valores dos profissionais que irão atender à criança de imediato o que, muitas vezes, pode determinar emoções muito intensas contra os agentes da agressão: desprovidos de elementos para compreender porque determinada atitude foi tomada, ou para relativizar determinadas atitudes, os profissionais podem atuar impelidos por sentimentos como raiva e desejo de punição dos familiares que maltrataram a criança. Seria o desencadear de sentimentos contra-tranferenciais, que Balint(1988) tão bem aponta em sua obra e que merecem um espaço para discussão. O acolhimento enquanto diretriz do SUS Para lidar com esses problemas, o Ministério da Saúde tem reforçado a idéia da Humanização na Saúde, que se atualiza, entre outras medidas, através da diretriz de acolhimento. Seguindo as diretrizes de universalidade, integralidade e participação comunitária, que devem orientar a assistência à Saúde a partir da Constituição Brasileira de 1988, o Ministério da Saúde tem reforçado a idéia da humanização dos serviços como uma prioridade básica da assistência. Dessa forma, compreende-se que a humanização dos serviços não é um programa específico, mas sim uma estratégia que deve permear todos os níveis de atenção e integrar os diferentes atores desse processo: “Por humanização compreendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Os valores que norteiam essa Política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co- responsabilidade entre eles, os vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão( Humaniza SUS, 2007:3). É verdade que o simples desejo de mudar o padrão de atendimento, por mais intenso que seja, não é suficiente para que o trabalho mude. Deixando de lado a discussão sobre o montante dos recursos necessários para administração de uma saúde efetivamente universal e integralizada, muitos autores apontam entraves que teriam a ver tanto com a formação da equipe de saúde de modo geral, como com a ausência do reconhecimento, por parte da população, de seus direitos. Para esses autores, dentro da discussão sobre humanização estaria a necessidade de promover uma mudança nas relações tradicionalmente estabelecidas entre o médico e seu paciente, o qual deposita no “doutor” a expectativa de cuidado e cura, nem sempre atentando para a necessidade de se implicar nesse processo de cura. A implicação do paciente no processo de cura tem sido reforçada no bojo da discussão deflagrada pelas Conferências de Atenção Primária à Saúde. Desde a Conferência de Alma-Ata(1978), em que se determinou que a saúde é uma condição essencial para o desenvolvimento, a qual depende de outras áreas que não o campo tradicionalmente visto como saúde, até a Conferência de Jacarta(1997), em que se determinou que a “a promoção da saúde efetua-se pelo e com o povo e não sobre o povo”, tem sido incentivada uma mudança radical na postura dos trabalhadores e usuários em saúde. Aos médicos, é pedido que partilhem com outros profissionais a responsabilidade pelo paciente. Aos outros profissionais, como enfermeiros e técnicos que saiam de uma postura acomodada, ou submissa, e se capacitem para avaliar e oferecer os primeiros cuidados em diferentes situações. Aos usuários, que se conscientizem que os profissionais de saúde sozinhos não poderão dar conta do quantun de saúde de cada um. O quantun de saúde pode ter a ver com mudanças de hábitos alimentares, com a prática de exercícios físicos, com o abandono do uso de tabaco ou álcool, com a adesão ao tratamento preconizado, etc. Para que se obtenha um alto padrão de humanização, ou um maior padrão de humanização, é enfatizada a diretriz do acolhimento. Por acolhimento se nomeiam todas as medidas destinadas a receber o paciente que busca atendimento nas unidades de saúde. Seria o que os psicólogos costumam chamar de estabelecimento de rapport ou vínculo e que se constrói a partir da preocupação com uma série de aspectos: a possibilidade de se consultar com o mesmo profissional e de ser identificado por ele, mas, também, o cuidado com o local de atendimento, o que inclui as instalações físicas, o respeito ao horário e outros aspectos. O pediatra, um profissional do acolhimento Em uma conferência para pediatras, realizada na década de quarenta, Winnicott alertou sobre a importância de que a sustentação dos bebês seja feita com segurança, lembrando o reflexo de Moro como exemplo dessa necessidade. Recémnascidos normais, lembra Winnicott, apresentam o reflexo de sobressalto,ou reflexo de Moro, toda vez que não são sustentados adequadamente. Daí, recém-nascidos submetidos a uma sustentação insegura estarão sujeitos à ativação muito freqüente deste reflexo, podendo desenvolver, no futuro, um padrão sobressaltado de ser. Daí, a valorização de um bom padrão de sustentação. Ainda nessa conferência, Winnicott afirma que, em geral, os pediatras teriam um dom especial nessa arte de sustentação dos bebês. Para ele, esse dom seria, talvez, uma das razões da escolha pela pediatria entre outras especialidades médicas: haveria uma disponibilidade interna prévia, uma facilidade natural para o estabelecimento de vínculos com seus pacientes ou familiares que os atrairia jovens acadêmicos para essa área. Tendo acompanhado pediatras em formação, de forma direta ou indireta, durante grande parte de minha vida profissional, pude avaliar de perto a observação de Winnicott, o que me permitiria citar uma imensa quantidade de exemplos clínicos, que falariam a favor dessa sensibilidade apresentada pelos acadêmicos e residentes da área. Na impossibilidade de citar todos esses casos, lembro-me de uma situação de observação em uma enfermaria de pediatria de um grande hospital público localizado no Rio de Janeiro. Na ocasião, realizava uma pesquisa em que se procurava identificar as condições de internação em hospitais públicos do município do Rio de Janeiro, buscando relacionar essas condições com possíveis prejuízos no desenvolvimento das crianças. Nessa pesquisa, realizada com apoio do CNPq, foram levantadas as condições de internação em vinte e três unidades pediátricas públicas, a partir de registros de campo, feitos por uma equipe de 7 alunos de graduação do Departamento de Psicologia da PUC-RIO ao longo de dois anos (1984/1986). Eram observados aspectos como condições físicas das enfermarias, recursos humanos, tempo médio de internação, rotinas médicas, determinação de regras durante o período de internação, maior ou menor flexibilização no cumprimento destas regras, aspectos dinâmicos, etc. Um item altamente significativo era a abertura para a permanência de acompanhantes: na ocasião, ainda não contávamos com o Estatuto da Criança e do Adolescente(1990), que autoriza o acompanhamento de crianças internadas. Daí, a permissão para que o familiar acompanhasse a criança, ou mesmo a autorização para a flexibilização do horário de visitas, repousava sobre a sensibilidade da equipe para a importância dos vínculos familiares-pacientes. Cada item registrado pelos auxiliares de pesquisa recebia uma pontuação, de forma que as instituições foram consideradas como estimuladoras, ou não, a partir do total de pontos recebidos. Ao final dessa primeira etapa, foi possível discriminar instituições que consideramos mais estimuladoras e instituições que consideramos menos estimuladoras, tal como fora previsto no projeto. Foi possível, também, observar os efeitos sobre as crianças e seus familiares, em função da permanência em uma ou outra instituição. Em um desses hospitais, no momento da entrega da carta solicitando autorização para o desenvolvimento do trabalho, o chefe do Serviço de Pediatria propôs uma questão. Sensibilizado pela questão da formação de vínculos, e pelas considerações de René Spitz(1986) sobre o prejuízo das internações pediátricas para o desenvolvimento infantil, solicitava aos residentes do serviço que lessem o texto no qual o autor descrevia as seqüelas provocadas por longas internações(depressão anaclítica),ou os prejuízos advindos de separações afetivas precoces(hospitalismo). Entretanto, segundo esse pediatra, o objetivo de sensibilizar seus próprios residentes não era atingido: eles afirmavam que o relato de Sptiz sobre as condições de prejuízo emocional resultante da institucionalização, ou das separações, não eram observáveis naquele serviço. O pediatra queria saber, então, se poderíamos encontrar uma explicação para o fato. A explicação foi se configurando, à medida que a observação se processou: embora não houvesse uma excelência de condições físicas naquele hospital, havia uma interessante condição humana. A equipe de saúde como um todo parecia mais atenciosa do que a média observada nas outras instituições, conhecendo as crianças pelos nomes e desenvolvendo uma relação muito afetuosa com as crianças. Os residentes – as residentes, seria melhor dizer, porque o grupo era quase todo de mulheres – eram bastante jovens e pareciam absolutamente envolvidas com a tarefa de atender aquelas crianças. Não havia regras sobre a permanência das crianças dentro de seu próprio quarto, como em vários outros hospitais. Era comum que a equipe conversasse com as crianças e elas podiam transitar livremente pelo corredor da enfermaria, algumas vezes jogando bola neste mesmo corredor, embora fossem repreendidas por isso. Mas, uma repreensão leve, que não as impedia de voltar a jogar, assim como não as impedia de rir e implicar umas com as outras, como grupos de escolares no recreio. Na avaliação final, essa instituição foi classificada como uma instituição estimulante, sendo possível propor uma explicação ao chefe do serviço: as questões que Spitz levantara diziam respeito às instituições que poderiam ter um excelente padrão de atendimento físico, mas não se preocupavam com o estabelecimento de vínculos com as crianças. No hospital em questão, ainda que algumas condições ambientais fossem precárias, os vínculos – ou o que hoje chamamos de acolhimento – estavam mantidos e o prejuízo emocional não era observado. Ou, poderíamos dizer, não era observado de forma tão dramática como os relatos de Sptiz nos apontavam.1 A realização dessa pesquisa foi muito importante para meu próprio desenvolvimento profissional, uma vez que os resultados apontaram para a importância das boas condições de atendimento. Numa época em que a psicologia se entrincheirava por trás do discurso dos efeitos decorrentes da ausência da mãe biológica, avaliar que diferentes condições de internação produziriam efeitos menos significativos, permitiu-me relativizar uma série de questões. Permitiu-me, também, reconhecer o potencial de trabalho a ser desenvolvido com pediatras em formação, o que foi feito de diferentes formas ao longo dos últimos trinta anos: através de interconsultas, através de reuniões semanais onde discutíamos casos, através de reuniões nas quais discutimos e escrevemos trabalhos para serem apresentados em congressos pediátricos, ou, ainda hoje, através da supervisão de estagiários de psicologia que trabalham com pediatras. Essa característica de sensibilidade para o outro, ou potencial para desenvolver vínculos sugerida por Winnicott, a qual também pude observar em minha prática profissional, tem favorecido uma ampla produção na área pediátrica sobre a questão do acolhimento e de como favorecê-lo. Tal produção se atualiza através de 1 Numa ocasião muito próxima ao final dessa pesquisa, fiz a uma visita a uma instituição para crianças de 0 a 5 anos, pertencente à rede nacional de atendimento à crianças que existia na época. Nessa instituição, tive a oportunidade de observar um grande número de crianças com apatia, dificuldade de absorção de nutrientes, baixo desenvolvimento motor e outras as características típicas da depressão anaclítica descrita por Spitz. artigos acadêmicos, desenvolvimento de em resoluções programas de das sociedades acolhimento em de pediatrias, hospitais ou no pediátricos especialmente para criança vítimas de violência. Em muitos dos trabalhos, entretanto, são levantadas questões sobre a dificuldade de atuar com essas crianças e seus familiares. O que fazer, uma vez que a formação do pediatra comum não inclui disciplinas com conteúdo diversificados, que introduzam questões sociológicas ou antropológicas? O que fazer se não existem espaços de discussão, onde os pediatras em formação possam trazer suas questões contra-transferenciais? Uma situação vivida por uma residente de pediatria em um hospital no município do Rio de Janeiro pode ser um exemplo dessas situações. Essa jovem médica foi despertada na madrugada durante um plantão, para atender uma adolescente que teria sido estuprada e que fora encaminhada pela delegacia para atendimento. Sem saber exatamente o que fazer, como relatou, foi atender à paciente, deparando-se com uma menina de treze anos. Para sua surpresa, a jovem relata que não vivera uma situação de estupro: fora a uma festa com um amigo e, na volta, tiveram intercurso sexual, com sua aceitação. Segundo a paciente, os pais sabiam disso, mas estavam com muita raiva, porque o rapaz era maior de idade. Então, procuraram a delegacia, que os encaminhou ao hospital. Na ocasião, a médica falou de seu despreparo para ir além da conduta técnica a ser adotada em situações como essa, na qual fez a profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis. Era capaz de reconhecer que deveria ter feito alguma coisa para auxiliar a paciente de uma forma mais ampla, mas não sabia como fazê-lo. Restou, apenas, o sentimento de que deixara de fazer alguma coisa: percebia que seu papel enquanto médica não se esgotava na conduta adotada, mas se deparou com o desconhecimento sobre o que – e como- fazer. No caso dessa residente, havia todo um potencial para acolher, para atuar de acordo com a orientação preconizada pelo Humaniza-SUS, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente ou pela orientação preconizada nos 20 Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizado(1995). Ela foi capaz de perceber a adolescente como um sujeito desejante, capaz de uma opção diferenciada dos pais, que queriam punir o rapaz. Faltou, entretanto, uma orientação sobre como lidar em tais casos. Orientação que poderia ser obtida ainda no curso de graduação, em disciplinas regulares, ou durante a formação da residência, em espaços de reuniões interdisciplinares, que fizessem parte do programa regular de residência. Esse último ponto, reuniões que fizessem parte do programa regular de residência é essencial: assoberbados, para não dizer acometidos, pelas múltiplas tarefas que devem realizar, os acadêmicos e residentes de medicina não freqüentarão reuniões que não fizerem parte de sua formação regular. Portanto, é necessário que estas reuniões sejam sustentadas pelas chefias do Serviço Pediátrico em que estejam realizando o internato ou a residência. Cabe finalizar, insistindo no reconhecimento do avanço que representou a inclusão da violência no bojo das questões que dizem respeito à saúde, bem como a formulação da diretriz do acolhimento, enquanto orientação de nossa atual política de saúde. Cabe assinalar, também, que se existe uma área que tem respondido a essas diretrizes é a pediatria, certamente pelas características já assinalas anteriormente. O que não exclui a necessidade de identificar os problemas vividos pelos pediatras para fazer frente às solicitações de acolhimento que vêm sendo feitas e para as quais não estão sendo adequadamente preparados. Bibliografia ALGERI, S, et al 2007 Violência intrafamiliar contra a criança no contexto hospitalar e as possibilidades de atuação do enfermeiro, Revista 2007;27(2)57-60 BALINT, M., 1988. O Médico, Seu Paciente e a Doença. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu. FERREIRA, A.L.(2003)Acompanhamento de crianças vítimas de violência, Jornal de Pediatria-Vol.81,nº 5(supl), 2005 MINAYO, M.C. 2004. A difícil e lenta entrada da violência na agenda do setor saúde, Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 20(3);646-47, mio-junho, 2004 MINISTÉRIO DA SAÚDE, Portaria nº737, 2001. Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por acidentes e violências :7 SPITZ, R. 1986 O primeiro ano de vida, São Paulo: Martins Fontes WINNICOTT, D.W 1996 - Tudo começa em casa, tradução de Paulo Sandler, São Paulo: Martins Fontes