917 TÍTULO: PRESBIFAGIA: DEGLUTIÇAO NO PROCESSO DO ENVELHECIMENTO AUTORA: MARIA CRISTINA DE ALMEIDA FREITAS CARDOSO Orientador: Prof. Dr. Yukio Moriguchi Co-orientador: Prof. Dr. Rodolfo Schneider FILIAÇAO: PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇAO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA RESUMO: O envelhecimento é uma manifestação de eventos biológicos que ocorrem ao longo de um período da vida humana que é chamada de senescência, na qual ocorrem, por mecanismos múltiplos e influenciáveis, alterações morfológicas e funcionais que atingem todo o organismo. Durante o processo do envelhecimento, há inúmeras alterações estruturais que podem comprometer os órgãos fonoarticulatórios que, por conseqüência, modificam as funções orofaciais. A presbifagia é o termo designado às alterações que ocorrem pela degeneração fisiológica do mecanismo da deglutição, devido ao envelhecimento sadio das fibras nervosas e musculares. Os idosos sadios mantêm a sua funcionalidade, compensando tais perdas, ajustando-se gradativamente a elas. A deglutição é uma função biológica complexa, do sistema estomatognático, que se define como o ato de engolir. Tal função tem um controle neuromotor fino, realizando movimentos coordenados e precisos, cujo objetivo é o transporte do alimento da porção anterior da boca ao estomago, mostrando-se diferenciada entre a criança, da primeira infância, e o adulto devido às diferenças anatômicas das estruturas orofaciais, mas mantém a especialização destas estruturas para com as funções orgânicas, ou seja, a função posicional, a função de respiração e a função de alimentação. A deglutição compõe-se pelas etapas preparatória oral, oral, faríngea e esofágica. As alterações encontradas na presbifagia respaldam-se nas modificações das estruturas anatomofuncionais. As modificações da função de deglutição no envelhecimento ocorrem por disfunção sensorial, de forma progressiva, que afeta paladar e olfato, pelo uso de prótese dentária mal adaptada e/ou pela perda dos dentes, a diminuição 918 da saliva e a redução do tônus muscular prejudicam visivelmente o processo de mastigação e a fase preparatória oral da deglutição. Há modificação quanto à percepção dos quatro tipos de estímulos gustativos – salgado, doce, azedo e amargo – que declina marcadamente a partir da 6ª década, sendo o paladar para salgado e amargo, os que declinam mais acentuadamente. Já, devido à diminuição do volume de saliva, da amilase e da sua atividade, ou seja, da digestão inicial dos carboidratos, ainda na boca, há a perda de percepção do paladar doce. A redução do olfato tem causa multifatorial, cuja característica olfatória muda de acordo com a qualidade da memória semântica e da personalidade do indivíduo. Entre outras modificações encontram-se a redução da eficiência do clearance orofaríngeo e a redução da força muscular da língua, sem que haja um aumento da pressão necessária para a realização da função de deglutição, possibilitando a presença de estase na cavidade oral após a deglutição, o que aumentam a predisposição à disfagia, ou seja, distúrbio de deglutição. Na fase faríngea há uma lentificação dos movimentos musculares, disfunção de epiglote, do esfíncter cricofaríngeo e do fechamento faríngeo, além da redução na elevação da laringe, o que possibilita a penetração do bolo alimentar na laringe e estase na cavidade faríngea após a deglutição. Na literatura encontra-se que as funções orofaciais são básicas do organismo e de fundamental importância para a nutrição corporal. Quando essas se encontram alteradas por um dano neurológico, podem interferir no prognóstico e na saúde do individuo. Embora tais dados sejam amplamente divulgados, a presbifagia, ou seja, as modificações da deglutição ocorridas no envelhecimento são pouco exploradas. O envelhecimento desencadeia modificações no organismo e estas são responsáveis pelos mais variados tipos de alterações clínicas, descritas no trato aéreo-digestivo superior pelos distúrbios de voz e de deglutição, cuja distinção, entre o esperado no envelhecimento e o alterado por doenças de afecção neurológicas, dá-se clinicamente. Devido a estas alterações, alguns idosos não conseguem fazer as adaptações necessárias, podendo acarretar uma disfagia, que altera o seu estado nutricional. 919 Conhecer as possíveis modificações da deglutição pode auxiliar no estabelecimento de ações fonoaudiológicas e na promoção de saúde no envelhecimento desta população, que vem aumentando mundialmente. Palavras Chaves: Presbifagia; Deglutição; Idosos. Referências: 1- Ribeiro A. Aspectos biológicos do envelhecimento. In: Russo IP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Editora Revinter, 1999. 2- Marchesan IQ. Deglutição - Normalidade. In: Furkin AM; Santini CRS. Disfagias orofaríngeas. Carapicuíba: Pró-Fono Departamento Editorial, 1999. 3- Motta L. Distúrbios de deglutição no idoso. In: Terra NL; Dornelles B. Envelhecimento bem-sucedido. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. Cap. 45 4- Freitas MID’A, Ribeiro AF, Chiba T, Mansur LL. Speech and language investigation of the elderly in a home nursing program. Einstein. 2007; 5(1): 69. 5- Pauly L, Stehle P, Volkert D. Nutricional situation of elderly nursing home residents. Z Gerontology Geriatric. 2007; 40:3-12 6- Finiels H, Strubel D, Jacquot JM. Deglutition disorders in the elderly. Epidemiological aspects. Presse Med. 2001; Nov 10; 30(33):1623-34. 7- Bilton TL. Estudo da dinâmica da deglutição e das suas variações associadas ao envelhecimento, avaliadas por videodeglutoesofagograma, em adultos assintomáticos de 20 a 86 anos. <tese de doutorado> Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina, São Paulo, 2000. 8- Roy N, Stemple J, Merrill RM, Thomas L. Dysphagia in the elderly: preliminary evidence of prevalence, risk factors, and socioemotional effects. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2007; Nov; 116(11):858-65. 9- Jahnke V. Dysphagia in the elderly. HNO. 1991; Nov;39(11):442-4 10- Marchesan IQ. Disfagia. In CEFAC. Tópicos em Fonoaudiologia – 1995. Volume II. São Paulo: Editora Lovise, 1995. 11- Marchesan IQ. Distúrbios da motricidade oral. In: Russo ICP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Revinter; 1998. 12- Ferreira DR, Silva AA. Envelhecimento e qualidade de vida: A visão Otorrinolaringológica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. 2003; Vol.69, Set/Out.