PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ANO 30 • Nº 253 BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES FEVEREIRO 2008 VOLKSWAGEN SECOND LIFE Um novo jeito de se comunicar com o cliente IBIZA O pôr-do-sol mais bonito do mundo ENTREVISTA Eduardo Alves, do Galeto´s Recado Onde tudo é possível P ouca gente apostou nessa novidade. E mesmo os que botaram fé, pensaram que o Second Life não passaria de um modismo e que jamais seduziria alguém com mais de 20 e poucos anos. Surpresa! O Second Life ou metaverso, como preferem alguns especialistas em novas mídias, é hoje um misto de entretenimento, site de relacionamentos e de negócios. O movimento de dinheiro é tal que determinou uma pesquisa da consultoria Gartner, segundo a qual, “se você ainda não tem uma segunda vida no mundo virtual, terá.” Este também foi o motivo pelo qual decidimos abordar o assunto. Parece improvável, mas de acordo com a consultoria, “80% dos usuários da internet terão uma vida virtual até o fim de 2011”, e isso inclui praticamente a totalidade de nossos leitores. O fato de qualquer pessoa poder “ter” a vida, a aparência, a profissão, o sucesso, o dinheiro, o poder e os amores que sempre sonhou, ainda que virtualmente, parece ter extrapolado o bom senso e o prazer dos relacionamentos tête-à-tête. Cada vez mais gente prefere viver uma fantasia ao dia-a-dia real. Sem entrar no mérito filosófico ou psicológico, o fato é que pessoas e um crescente número de empresas começam a ganhar dinheiro por estarem no Second Life. Alguns casos de cidadãos que já fizeram o primeiro milhão de dólares criando e vendendo produtos para os “avatares” – figuras com gestos e interatividade que representam os usuários – ou comercializando espaços publicitários nesse mundo virtual, são internacionalmente conhecidos, como a personagem Anshe Chung, identidade da chinesa Ailin Graef, que faturou mais de um milhão de dólares no último ano explorando os shoppings, lojas virtuais e marcas que criou, e principalmente investindo em ações também virtuais de empresas que lá estão. Empresas reais, como a Adidas que vende tênis para avatares, a Volkswagen que oferece quatro modelos de carros em uma concessionária, o Bradesco que anuncia em relógios de rua, o Credicard Citi que tem um posto de atendimento e a Petrobras que promove palestras. Nesse mundo cada vez menos imaginário, especialmente quando se pensa no volume de dinheiro que está girando, muitas outras empresas vêem um ambiente onde é possível realizar tudo: reuniões virtuais, treinamento, simulações e negócios. Para os especialistas, o Second Life é o futuro da internet, o espaço onde as pessoas criarão e interagirão com os mais diversos conteúdos. “Onde serão realizados negócios e surgirão novas formas de mídia, tudo regido por uma economia virtual que transcenderá as fronteiras geográficas dos países”. Certo, ainda é cedo para apostar as economias no Second Life, mas não há dúvida de que esse espaço já é uma mídia consagrada. Boa leitura. Cartas Expediente PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES VOLKSWAGEN stock.xchng Ano 31 – Edição 252 – Janeiro de 2008 NOVOS LEITORES EM 2008 Li a Revista Showroom e adorei o conteúdo, a qualidade do papel, da impressão e das fotos. Tudo é excelente! Por isso gostaria de recebê-la regularmente no meu endereço. Aproveito a oportunidade para desejar um feliz Ano Novo a toda a equipe. Lidia Cunha Nogueira São Paulo - SP As matérias são muito boas, seu conteúdo, excelente, assim como a atualidade dos temas. COLABORADORES DA REDE VW Clermon Amorim Rio de Janeiro – RJ Projeto Gráfico e Direção de Arte Azevedo Publicidade - Marcelo Azevedo [email protected] Aqui na empresa em que trabalho, a VW Gamma Automóveis, tenho lido a revista Showroom com freqüência, mas gostaria muito de poder recebê-la em minha residência e assim compartilhar, com tranqüilidade, as reportagens, notícias e todo o seu conteúdo com a minha família. CLIENTES DA REDE VW Publicidade Disal Serviços Maria Marta Mello Guimarães Tel (11) 5078-5480 [email protected] com essa causa. FERRAMENTA DE TRABALHO 4 Parabéns pela matéria que ilustra a primeira capa do ano (Edição 252 – Janeiro 2008 – Meio Ambiente em Risco). É forte, instigante e corajosa, especialmente por ser editada por empresários da distribuição de veículos. Sem receio de assumir que o automóvel, produto que os senhores comercializam, é um dos vilões do meio ambiente, acabam por merecer o respeito da sociedade. Tomara que todos os setores de nossa economia se comprometam Editoria e Redação Trade AT Once - Comunicação e Websites Ltda. Rua Itápolis, 815 – CEP 01245-000 – São Paulo – SP Tel (11) 5078-5427 / 3825–1980 [email protected] Ângelo V. de Duller São Paulo - SP Marco Antonio Menezes Monteiro Iturama – MG MEIO AMBIENTE Conselho Editorial Antonio Francischinelli Jr. , Carlos Alberto Riquena, Evaldo Ouriques, Juan Carlos Escorza Dominguez, Mauro I.C. Imperatori e Silvia Teresa Bella Ramunno. Primeiramente quero lhes desejar um 2008 com muita paz, saúde e alegria. Aproveito também a oportunidade para lhes parabenizar pelas excelentes matérias que vocês têm publicado. Sou funcionário da concessionário VW Real Veículos de Itaguaí e gostaria de receber em minha residência a revista Showroom, pois a mesma tem me servido como uma excelente ferramenta de apoio para o meu trabalho. Sou um cliente fiel da Volkswagen, pois todos os meus carros até hoje foram da marca. E foi numa concessionária VW que tive o prazer de ler a revista Showroom. Gostaria de receber as edições futuras, pois achei a publicação muito interessante. Lucas Albuquerque Cuiabá - MT QUALIDADE DA INFORMAÇÃO Tive o prazer de conhecer a revista Showroom o mês passado em uma concessionária de Curitiba, a Copava veículos. Como leitor assíduo de conteúdos interessantes adorei todo o charme e a qualidade de informação veiculada por ela. Gostaria de saber como faço para receber os exemplares em minha residência e assim poder ter contato continuo com a publicação. Reinaldo G. FO. Curitiba – Pr. Editora e Jornalista Responsável Silvia Teresa Bella Ramunno (13.452/MT) Redação - Rosângela Lotfi (23.254/MT) Impressão Gráfica Itú Tiragem 6.000 exemplares Revista filiada à ABERJ Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. As matérias assinadas são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a posição da Assobrav. Registro nº 137.785 – 3º Cartório Civil de Pessoas Jurídicas da Capital de São Paulo. Assobrav Av. José Maria Whitaker, 603 CEP 04057-900 São Paulo – SP Tel: (11) 5078-5400 [email protected] Diretoria Executiva Presidente: Elias dos Santos Monteiro Vice-presidentes: Carlos Roberto Franco de Mattos Jr., Evandro Cesar Garms, Heloisa Souza Ribeiro Ferreira, Luiz Sérgio de Oliveira Maia, Mauro Pinto de Moraes Filho, Mauro Saddi, Nilo Augusto Moraes Coelho Filho, Rogério Wink e Walter Keiti Yaginuma. Presidentes dos Conselhos Regionais Região I: Rodrigo Gaspar de Faria Região II: Luiz Alberto Reze Região III: Roberto Petersen Região IV: Carlos Francisco Restier Região V: João França Neto Região VI: Ignacy Goldfeld Região VII: André Luiz Cortez Martins Conselho de Ex-Presidentes Sérgio Antonio Reze, Paulo Pires Simões, João Cláudio Pentagna Guimarães, Orlando S. Álvares de Moura, Amaury Rodrigues de Amorim, Carlos Roberto Franco de Mattos, Roberto Torres Neves Osório, Elmano Moisés Nigri e Rui Flávio Chúfalo Guião. Foto de capa: divulgação 3 Recado 24 Consulta SEBRAE A mensagem do Conselho Editorial. As dicas dos consultores do SEBRAE. 6 Quem Passou Por Aqui 25 TechMania Amigos e personalidades que visitaram a Assobrav e o Grupo Disal. O que acontece nos laboratórios e pistas de testes da indústria automotiva, segundo o jornalista Fernando Calmon. 8 Gente Eduardo Alves, Diretor Administrativo do Grupo Galeto´s, uma rede de restaurantes com 37 anos de vida, que sabe conciliar com maestria tradição e modernidade. Um exemplo de relacionamento com fornecedores, colaboradores e clientes. 14 Capa “Second Life”, uma espécie de videogame sem fases e sem objetivo a ser alcançado, misturado a site de relacionamento, com figuras, gestos e interatividade grupal, com economia e moeda própria. Um mundo virtual que encanta cerca de 600 mil pessoas mensalmente no mundo todo. No Brasil, os visitantes do Second Life são os responsáveis por colocar o País na briga com a Alemanha e o Japão pelo segundo lugar entre as nações que mais se logam nesse universo paralelo. Um mundo fantástico que já se revelou uma mídia poderosa e que ainda vai crescer muito. 20 RedeNews O que acontece na Rede Volkswagen. 26 Comportamento “Sendo da natureza humana criar e inovar, por que o homem fica travado quando se depara com obstáculos?” 28 Administração “O segredo da longevidade da maioria das empresas está diretamente ligado à busca de novos mercados, de inovações no leque de produtos e na capacidade de adaptação às mudanças que ocorrem nos ambientes econômico, político e tecnológico.” 29 Motivação “Quando se fala em motivação, o foco deve mudar. Não há mais lugar para programas ou palestrantes mirabolantes. O foco da discussão está na responsabilidade que cada um tem sobre o desenvolvimento da sua própria motivação.” 32 A Passeio Suas próximas férias? Escolha Ibiza, uma das ilhas do arquipélago Baleares e espécie de resumo do que a Espanha tem de melhor. Ponto de encontro dos A PASSEIO CAPA GENTE Marcos Alves Sumário hippies europeus na década de 60, destino do chamado jet-set internacional, e recentemente point internacional da boemia, sinônimo de baladas e ferveção, Ibiza possui lindas praias, uma natureza exuberante, clima excelente, boa gastronomia e gente bonita. Um lugar paradisíaco onde o culto ao hedonismo é levado muito a serio. 38 Cotidiano O conto curto de Marco Antônio de Araújo Bueno. 39 Freio Solto A opinião, a crítica e a ironia do jornalista Joel Leite. 40 Novidades O que há de novo em eletrônica digital, periféricos de informática e outras utilidades. 41 Livros & Afins Nossas dicas para a sua biblioteca, videoteca e cedeteca. 42 Vinhos & Videiras A opinião abalizada de Arthur Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers – SP. 42 Mesa Posta Histórias de receitas e de cozinheiros. 5 Quem passou po r aqui Grande personalidade do mundo automotivo, hoje consultor responsável pela Pesquisa Fenabrave, Luiz Adelar Scheuer, para uma visita de cortesia... Entre uma reunião e outra, Rosana Faber, do Contas a Pagar da Volkswagen, para elogiar o “verde natural” da Assobrav... Sorridente e cativante, Camilla Monteiro, diretora de arte do departamento de Promoção, Merchandising e Eventos da Volkswagen, para mostrar algumas das muitas peças novas que estão por vir... 6 Em pose especial para a coluna e dando ênfase à gama de produtos da marca, Renato Celiberti, consultor comercial de Importados da VW... Eduardo Sampaio, também consultor comercial de Importados da Volkswagen, checando as notícias sobre o segmento, que, felizmente para a marca, continua em ascensão... Agora na área de Importados da Montadora, a sempre dinâmica Conceição (Con) Mirandola, para uma rodada de avaliação com seus pares da Assobrav sobre a evolução do mercado... Entre inúmeros afazeres, mas sempre solícito, Herlander Zola, gerente de Propaganda da Volkswagen, para apresentar novas campanhas do universo VW... Ed de Almeida Carlos, do Itaú Seguros e Previdências, para apresentar novos produtos... Ricardo Kraft, da T Systems, em merecida pausa para o café, para mais uma série de reuniões operacionais para o aperfeiçoamento de sistemas... Amável e talentoso, Reynaldo Berto, para conferir suas mais recentes obras de arte na Casa... 7 Gente Galeto´s “Nem tudo que é velho é tradicional, nem tudo que é jovem é melhor” Marcos Alves Por Silvia Bella E 8 m dias onde o descartável impera e o fast food comanda as nossas vidas, o lema “37 anos sob a mesma direção” parece um slogan de efeito publicado em antigos almanaques. Nem mesmo o “Slow Movement”, tema abordado por Showroom na edição passada, nascido em 1986 para desacelerar o homem contemporâneo e cuja vertente, o Slow Food – leia-se, prazer à mesa – é a onda mais forte, explica facilmente a longevidade (com grande sucesso e em Marcos Alves constante crescimento) de uma empresa no ramo alimentício. Ainda mais se o negócio em questão é um restaurante, segmento fortemente influenciado por modismos e outras variáveis como a localização, facilidade de estacionamento, a freqüência do público ou a especialidade da cozinha, considerando que de tanto em tanto, alguns alimentos ou o preparo dos mesmos são eleitos os vilões da saúde pela comunidade médica. Como manter a clientela sem aviltar a qualidade dos pratos, dos preços e do atendimento, dentro de um mercado que demanda mudanças de hábitos e costumes hiper velozes? O segredo parece residir na escolha de um bom produto, não necessariamente sofisticado, aliado ao bom senso e a uma administração eficiente que não fecha os olhos às novas vontades do consumidor. Um dos melhores exemplos nacionais que une tradição, qualidade, boa relação custo- benefício e capacidade de adaptação às evoluções do mercado é o grupo de restaurantes Galeto´s. Desde 1971, quando inaugurou sua primeira loja na Rua Dr. Vieira de Carvalho, no centro de São Paulo, o empresário português, Adelino Gala, só fez ampliar o seu negócio. À época, com 51 anos de idade, ele é o clássico exemplo de que nunca é tarde para começar uma nova atividade e ter sucesso com ela, desde que nela se coloque foco total. E empenho foi o que nunca faltou à família Gala. Tanto que ao lançar no mercado a idéia de uma opção rápida, mais econômica e moderna no segmento de carnes grelhadas, indo contra o modelo que parecia ser imbatível – as grandes churrascarias – os Gala provaram que o acróstico G de gostoso, A de agradável, L de leve, E de elegante, T de transado, O de organizado e S de saudável, é mais do que um mote mercadológico. É um atestado de competência. 9 Gente Dois anos depois do primeiro restaurante, o Grupo se expandiu para a Rua Pedro Américo e, planejadamente, nos dois anos seguintes para a Rua Timbiras. Se parar no tempo, acompanhou o desenvolvimento de São Paulo e decidiu fechar dois restaurantes do centro, inaugurando em 1982 o primeiro restaurante Galeto’s na Alameda Santos, nos Jardins, com a sofisticação exigida pelo bairro. Desde então, o Galeto’s vem se espalhando pelas melhores regiões da cidade. Em 1984, instalou-se no Itaim Bibi e em 1986 inaugurou seus primeiros restaurantes nos shoppings. No cardápio, além do diferencial de ser o único restaurante que possui o galeto desossado, e que tem na Sadia seu fornecedor exclusivo de frangos de leite, está a especialidade “Pudim Galeto’s”, cuja receita original e guardada a sete chaves, foi preparada durante anos por dona Célia, esposa de Adelino Gala. Este toque familiar é também o que garante a unidade e a qualidade dos serviços prestados por mais de 500 funcionários, distribuídos entre 11 restaurantes, que atendem cerca de 2 milhões de pessoas anualmente, que consomem mais de 60 mil unidades de frango por mês! SHOWROOM O quanto a tradição portuguesa foi importante para deslanchar a marca Galeto´s? EDUARDO ALVES, DIRETOR ADMINISTRATIVO DO GRUPO GALETO´S A influência portuguesa está em alguns pratos, como o “Bacalhau com Batatas ao Murro”, o “Pudim Galeto´s” – que é uma receita de família -, o “Caldo Verde”. O sucesso que conseguimos, principalmente nos primeiros anos, lá na década de 70, está ligado também à perseverança e ao espírito empreendedor muito característico de pessoas que migram para ganhar a vida em outras terras. 10 Foi a diferença, isto é, o fato de ter um prato “carrochefe” como o galeto desossado que tornou o restaurante famoso e freqüentado? Fez diferença sim... O galeto é um prato muito apreciado em todos lugares. Além de ter uma carne saborosa e macia, também é bastante saudável, mas eu acho uma simplificação muito grande imaginar que apenas um fator tenha sido decisivo. Construir um restaurante, operá-lo e fazer dele um local com uma boa freqüência não é fácil, fazer isso por mais de trinta anos é bem mais difícil, e “Nossa opção é por qualidade absoluta de produtos e para isso é importante ter fornecedores parceiros, que conheçam e respeitem nossos objetivos” com uma rede então, mais ainda. Eu acho que antes de um fator objetivo, tem que ter um outro aspecto, intangível, mas que faz muita diferença: inquietude. É preciso estar sempre procurando novidades, tem que existir um desassossego. Quem acha que tem no produto ou no serviço um diferencial competitivo, mais cedo ou mais tarde pode ter um desapontamento. Pra lhe dar um exemplo, o galeto desossado que você citou foi lançado no nosso cardápio no início da década de 90 quando já tínhamos mais de 20 anos de operação e já éramos uma rede importante na cidade de São Paulo. Depois, veio a mesa de saladas, depois, as massas...Agora estamos lançando petiscos para o happy hour que são deliciosos e já estão nos ajudando a atrair mais clientes. Sabe-se que o relacionamento de vocês com os fornecedores é muito estreito, a ponto de a Sadia ter sido treinada por vocês e ser hoje um fornecedor exclusivo. O quanto essa relação de parceria que extrapola o objetivo meramente comercial é importante para o sucesso de uma empresa? nesse valor agregado entre restaurantes. Marcos Alves “Definir o padrão é a primeira coisa a fazer” É verdade. Nossa opção é por qualidade absoluta de produtos e para isso é importante ter fornecedores parceiros, que conheçam e respeitem nossos objetivos. A Sadia é assim. Durante muito tempo tivemos criação própria dos nossos galetos porque àquela altura não conseguíamos fornecedores que nos garantissem o padrão de qualidade. No inicio dos anos 90 firmamos com a Sadia uma parceria que dura até hoje. Além do altíssimo padrão de qualidade dos galetos, ainda fomos além, passamos para eles o nosso know-how de desossa e eles montaram uma linha de produção exclusiva para nós em uma de suas fábricas do Paraná. Por que vocês decidiram fechar os restaurantes do centro de São Paulo e ingressar nos shopping centers e estabelecer-se em endereços mais sofisticados? Essa “aura de sofisticação” do Galeto´s não o afastou da origem: boa gastronomia a um custo bem acessível? Nosso público-alvo sempre foi o mesmo. Houve um tempo em que esse público se encontrava no centro da cidade. Isso mudou e nós soubemos acompanhar essa mudança. Mas o nosso cardápio continua com uma ótima relação custobenefício, talvez até melhor, porque temos lançado produtos novos e deliciosos, como as “Lascas de Salmão com molho de Ervas Finas e Champignons”. Muita gente faz, erroneamente, a comparação entre os preços de um restaurante com os preços de varejo. São coisas muito diferentes. Restaurante agrega valor aos produtos; preparo, conveniência, conforto. E ainda há uma variação muito grande Vocês têm um padrão de atendimento ao cliente muito bom e valorizam “a arte de servir”. Como passam esse conceito aos garçons, por exemplo, de forma que não se sintam “realizando um trabalho menor” ao servir às mesas? Temos um acróstico: Gostoso, Agradável, Leve, Elegante, Transado, Organizado, Saudável. Esperamos que os clientes nos percebam dessa maneira. Não é única e exclusivamente a comida que conta na escolha de um restaurante. Procuramos reforçar em todos os treinamentos, que entregamos não apenas uma refeição e sim uma experiência. A Experiência Galeto´s. Quanto o fato de todos os restaurantes pertencerem ao mesmo grupo é importante para manter esse padrão de atendimento e qualidade? Facilita, na medida em que a decisão pela implementação de um determinado padrão operacional é única. Definir o padrão é a primeira coisa a fazer. Como passar isso para os franqueados, que, segundo consta, vocês pretende ter? Um dos motivos que leva uma pessoa a procurar uma franquia é a percepção de que o sucesso do seu negócio depende também de padrão operacional, que no caso de franquias já está testado. Um franqueado compra know-how, e padrão operacional está contido nele. 11 Marcos Alves Marcos Alves Gente O número médio de 50 funcionários em cada restaurante não é grande? Essa equipe se justifica pelo fato de vocês cozinharem “artesanalmente”? Esse modus operandi ainda é viável hoje em dia? Considerando o nível de serviço, o número de 50 funcionários por loja é bom. Há restaurantes com nível de serviço similar que precisam de até 70, 80 funcionários. “Estamos sempre procurando novas maneiras para ganhar eficiência” Como cliente, soube que uma equipe de assistentes chega aos restaurantes ainda na madrugada para preparar os alimentos que serão usados na cozinha, para cortar legumes, lavar as folhas etc. Isso é verdade? O mesmo acontece na Central de Abastecimento com as carnes? 12 O abastecimento dos nossos restaurantes é feito durante as madrugadas. Há uma equipe responsável por pedido e recebimento de mercadorias, estocagem e higienização de verduras. Na Central também há um turno noturno, mas para as entregas a produção é feita durante o dia, todos os dias. Esse método seria uma “prévia” para tentar agilizar os processos? Não correm o risco de cair no “fast food”? Não. As atividades da noite são de organização e não de preparo. Vocês têm custos altos, como uma frota própria para distribuir os alimentos nos restaurantes. Isto não é uma característica das empresas “antigas”? Estamos sempre procurando novas maneiras para ganhar eficiência. Mas o nosso custo de distribuição não me parece alto, sobretudo por conta de se tratar de transporte de alimentos. Tenho informação de que de tanto em tanto, um “cliente fantasma” – alguém da cúpula da empresa visita os restaurantes para avaliar o atendimento, a qualidade etc. É verdade? Não funcionaria adequadamente com a diretoria porque somos todos conhecidos de todos os funcionários e o serviço conosco pode ocorrer diferente da experiência de consumo de um cliente. Contratamos periodicamente empresas especializadas nesse tipo de pesquisa. Eles mandam pessoas visitar nossos restaurantes e depois nos relatam detalhadamente como foram atendidos. É uma ferramenta bastante interessante para controle de padrão e treinamento de equipes. Eu mesma constatei um dia que os garçons almoçavam no próprio salão, em turnos, antes de chegar o público, e comiam os mesmos pratos – montados da mesma maneira – que os clientes. Fiquei muito bem impressionada. Isso é comum? Não podemos ainda ampliar como gostaríamos essa prática. O cardápio dos colaboradores é mais restrito, mas de modo geral suas refeições são feitas no salão sim. Aos 37 anos como manter-se jovem e digno de continuar seguindo a tradição que fez toda a diferença? Não são características antagônicas? É escolher corretamente o que deve ter continuidade e o que pode ser melhorado ou revisto, isto é, identificar de fato o que é importante ser mantido. Nem tudo que é velho é tradicional, nem tudo que é jovem é melhor. Capa Ser lindo, poderoso, e dar festas sem que os vizinhos reclamem Se você ainda não tem uma segunda vida no mundo virtual, terá. É o que diz a consultoria Gartner. De acordo com um estudo divulgado por ela, 80% dos usuários da internet terão uma vida virtual até o fim de 2011. Por Rosângela Lotfi 14 N essa segunda personificação, ser humano é “avatar”. Segundo a Wikipédia, a expressão provém do sânscrito avatãra e é um conceito do Hinduísmo, que significa “descida de uma divindade do Paraíso à Terra”). Pois bem, cada ser humano viverá em sites como o “Second Life”, em um mundo virtual chamado” metaverso”. E o melhor: lá cada um pode ter uma vida idílica com a aparência que sempre sonhou e ser o que bem quiser. Com qualidades (e bens) que não possui na vida real. O “Second Life” é uma espécie de videogame sem fases e sem objetivo a ser alcançado, misturado a site de relacionamento, com figuras (os avatares), gestos e interatividade grupal, com economia e moeda própria. Segundo muitos, um futuro promissor que atrai muitas pessoas, empresas de tijolo e cimento, instituições (sérias) de ensino e uma miríade negócios. O site foi criado pelo engenheiro estadunidense Philip Rosedale, em 2002, mas só deslanchou três anos depois. De lá para cá continua crescendo e rendendo dólares de verdade à Linden Lab, empresa criada por Rosedale para vender terrenos virtuais, 80% do faturamento da empresa. Não que os terrenos, cobrados em moeda própria, o “linden dólar”, sejam caros, mas diante de tantos interessados, a empreitada já é lucrativa, mesmo sem cobrar taxa de inscrição dos usuários, chamados de “residentes”. De acordo com a Linden Lab, 516 mil pessoas em todo o mundo se “logaram” no Second Life por um tempo mínimo entre meados de dezembro do ano passado e janeiro de 2008. Em uma estimativa, não muito precisa, a população (flutuante) desse universo paralelo já atinge mais de 5,4 milhões de habitantes originários de computadores espalhados mundo afora. No Brasil, a Linden Lab fechou uma parceria exclusiva com uma pequena empresa do interior de São Paulo, a Kaisen Games, que, por sua vez, firmou uma sociedade com o iG, responsável pela infra-estrutura de servidores. Dessa união surgiu a Mainland Brasil, a porta de entrada nacional para o site e a responsável por gerenciar e garantir o dinamismo desse mundo à parte. Antes do Second Life, a Kaisen desenvolvia jogos massivos on-line (MMOGs) licenciados de desenvolvedores da Coréia do Sul. Com a parceria ampliou a sua atuação, desenvolvendo soluções para empresas no “metaverso” e exploração de novas formas de mídia nos mundos virtuais. Segundo Maurílio Shintati, Maurílio Shintati, diretor-executivo da Mainland, no Brasil diretor-executivo da Mainland, no Brasil o Second Life cresce exponencialmente. “O número de usuários cadastrados representa algo em torno de um milhão de brasileiros. Uma variável importante na análise do mundo virtual é o número de usuários ativos. Entre meados de dezembro e janeiro últimos, 37 mil brasileiros estiveram “logados” pelo período mínimo ou 7,17% do total. Hoje, a comunidade brasileira saltou da 15ª posição no ranking dos países com maior número de usuários, para brigar pelo segundo lugar com a Alemanha e o Japão.” A meta, conta o CEO, é representar 10% da comunidade global até abril de 2008, quando a Mainland Brasil completará um ano de existência. Futuro em 3D Ambientes virtuais tridimensionais como o Second Life, na opinião de vários especialistas, serão o futuro da internet. “No futuro, os mundos virtuais tridimensionais serão o espaço onde as pessoas criarão e interagirão com os mais diversos conteúdos. Onde serão realizados negócios e surgirão novas formas de 15 Capa mundo virtual, que por possuir lastro na economia real, vai gerar lucros reais. “Milhares de pessoas no mundo todo, centenas de brasileiros, completam suas rendas ou vivem dos lucros obtidos em empreendimentos no Second Life e na Mainland Brasil”, diz. 16 mídia, tudo regido por uma economia virtual que transcenderá as fronteiras geográficas dos países”, diz Shintati. Mesmo vislumbrando o Second Life como o principal, o executivo acredita em outros vários mundos virtuais operando em conjunto, nos quais os usuários conseguirão, com o mesmo avatar, transitar entre eles. Qual é o impacto dessa brincadeira no mundo real? Ainda é cedo para dizer, tudo é muito embrionário. As principais fontes de receita da Mainland/Kaizen são a conversão de reais em moeda virtual e a “comercialização, aluguel e leilão” dos terrenos nas ilhas das cidades digitais, além dos ganhos de publicidade com os anúncios, outdoors e placas colocados por empresas nos locais valorizados e da cobrança de assinaturas dos usuários que querem comprar terrenos virtuais e para isso pagam mensalidade. Para Shintati, o fato das pessoas interagirem em um ambiente tridimensional e colaborativo, aprofundando o modo como se comunicam, muito além do e-mail, chats, comunicadores instantâneos e fóruns de discussão, vai representar uma plataforma tecnológica na qual os negócios e pessoas que trabalham no metaverso ganharão uma nova dimensão para explorar a economia do Plataforma de negócios Já há caso de avatar que ficou milionário e famoso mundialmente. Trata-se de Anshe Chung, identidade da chinesa Ailin Graef, que faturou mais de um milhão de dólares no último ano. O seu patrimônio virtual é formado por mais de 40 km2 de terras e milhões de linden dólares. Ela construiu vários shoppings virtuais, cadeias de lojas e explora esses espaços. Também criou novas marcas no metaverso e investiu em ações virtuais de empresas do Second Life. Na vida prática, Maurílio Shintati diz que as possibilidades são muitas: “Trabalhamos para que nosso território se torne um ambiente propício para negócios, projetos educacionais, manifestações artísticas e culturais, e que seja repleto de atrações, entretenimento e serviços para os nossos usuários. No metaverso as pessoas podem ter ainda o seu próprio negócio, por exemplo, o de especulação imobiliária, venda de itens para avatares, clubes etc. Ou podem atuar nos mais diversos segmentos, tais como organização de eventos, promoção, modelagem 3D, programação e uma infinidade de outros.” Especulação imobiliária é, aliás, a principal atividade econômica. O território do Second Life é constituído por mais de 950 km2 de terras virtuais. A construtora Rossi lançou ali um prédio, réplica de outro que está erguendo de verdade em São Paulo. Enquanto o empreendimento real não fica pronto, quem compra ganha uma unidade virtual e pode visitar a planta, simular a decoração e até promover um open house até às seis da manhã sem que os vizinhos reclamem do barulho. As outras atividades econômicas que prosperam neste mundo virtual relacionam-se com a venda de acessórios para avatares (roupas, cabelos, peles, genitália), atividades sociais (eventos, promoções, segurança) e desenvolvimento de aplicações in-world (modelagem e programação de scripts). Estudar as guerras no front virtual de batalhas Entre as aplicações de maior potencial estão o ensino a distância, treinamentos, simulações, turismo e marketing. Universidades consagradas, como Harvard, a Universidade de Nova York, Berkeley, Oxford, Insead, entre muitas outras, instalaram salas de aula no Second Life. Em agosto passado foi a vez de instituições brasileiras como a Universidade de São Paulo, PUC-SP, Cásper Líbero e Mackenzie, ao lado da UNB e da Universidade Federal de Minas. As instituições ganharam auditório e terreno numa parceria com a IG/Kaizen, para desbravar o mundo virtual, recriar o modelo de aprendizagem tradicional, buscar experiências no mundo virtual 3D e se relacionarem com empresas e instituições de ensino internacionais. Para Gilson Schwartz, diretor da Cidade do Conhecimento do Instituto de Estudos Avançados da USP, espaços como o Second Life estão um passo além do e-learning. Segundo ele, “convencional, formal, chato, estático e segmentado”. “O ensino em ambientes tridimensionais já 17 Capa representa um avanço em relação ao que é usualmente oferecido no ensino on-line. No “SL” tem mais espaço para informalidade e improviso. Pode-se experimentar, criar linguagem, compartilhar impressões sobre relacionamento e culturas, discutir temas polêmicos, além de testar idéias que podem ser aplicadas no mundo real.” O avatar do professor, “Benteve Tibett”, já foi até a seminários na Croácia. No futuro, acredita ele, será possível a um aluno que quiser saber sobre a I Guerra Mundial teletransportar-se para uma trincheira e interagir com os personagens da história. Possibilidades ilimitadas Muitas empresas estão começando a perceber o potencial da plataforma do Second Life para várias finalidades. A maioria vislumbra uma nova forma de se comunicar com os seus clientes, como mais um ponto de contato com o consumidor que se relaciona com a marca via entretenimento. O escritório de advocacia Opice Blum, especializado em direito digital, vê o “SL” como uma extensão da internet. “Com o advento da internet criamos um site, agora, com o surgimento de ambientes virtuais de interação também estamos presentes. Mas 18 sem qualquer tipo de prestação de serviços jurídicos (que é vedado por lei), apenas como canal de publicidade. Do mesmo jeito que há pesquisas na internet, há pesquisas no Second Life”, explica Rony Vainzof, sócio do escritório. Outras empresas aproveitam para inovar no lançamento e promoção de seus produtos, como fez a Toyota ao lançar o modelo Scion simultaneamente no mundo real e no metaverso. A Sony/BMG vende músicas para download no Second Life. A Adidas vende tênis para avatares, a Volkswagen, quatro modelos de carros em uma concessionária virtual. O Bradesco anuncia em relógios de rua, o Credicard Citi tem um posto de atendimento e a Petrobras promoveu uma palestra lá. Outras empresas vislumbram um ambiente onde é possível realizar reuniões virtuais, treinamento, simulações. Além das já citadas, entre muitas outras, estão no metaverso, o banco Itaú, a Fiat, TAM, TV Record e Globo; o jornal Estado de São Paulo e a Editora Abril com uma redação virtual da revista VIP. As possibilidades são ilimitadas, assim como a criatividade. Maurílio Shintati promete novidades este ano que tornarão o ambiente de negócios ainda mais propicio e interessante. RedeNews VW ALTA E VOLKSWAGEN Formam turma de mecânicos em Heliópolis 20 VW CATALÃO Enxugando custos O Grupo Catalão Veículos, de Belo Horizonte (MG), optou pela solução Planetfone - que integra os conceitos mais avançados de telefone IP e PABX, para reduzir os custos com telefonia e melhorar ainda mais a qualidade do atendimento aos seus clientes. Na Catalão, o uso do Planetfone envolve todas as áreas da empresa: comercial, administrativa, vendas. Além disso, segundo João Carlos Viotti, diretor comercial da concessionária, “é possível conversar com a outra empresa do Grupo a custo zero e a relação custo-benefício do produto valeu a pena. O sistema tem muito mais funcionalidades que um PABX convencional, por um preço bem atraente”. As funcionalidades do sistema abrangem inúmeros recursos como serviço de mensagens para caixa postal com voz, gravação das ligações no servidor, mais de uma linha por ramal e classes de ramais que programa permissões para determinados tipos de ligações. Para o diretor comercial, a utilização da URA tem gerado resultados positivos. “Ela otimiza processos e permite a criação de aplicações sofisticadas de atendimento aos clientes, como, por exemplo, direcionar as ligações, para o setor correto. Com pouco mais de um ano de uso, já vemos uma redução de 40% com a conta telefônica, e a redução de custos é um dos principais objetivos da empresa, diz João Carlos Viotti. Dia 13 de dezembro passado foram diplomados os primeiros jovens da Comunidade de Heliópolis, formados em um curso especial de mecânico de automóveis, ministrado dentro da Volkswagen do Brasil e da concessionária Alta Veículos, no bairro da Liberdade em São Paulo. O projeto, desenvolvido em parceria com a UNAS/Heliópolis, que administra as ações comunitárias no complexo, levou nove meses para alcançar seu objetivo final: oferecer uma formação com oportunidade de emprego direto dentro das concessionárias Volkswagen da capital paulsita. Durante esse período, a UNAS/Heliópolis selecionou 35 jovens da comunidade, dentro dos padrões determinados para a seleção dos candidatos, realizada por uma consultoria de Recursos Humanos. Após entrevistas com cada jovem e família, foram selecionados doze candidatos com idades de 16 a 21 anos, entre eles uma moça. Estes realizaram o curso teórico e pratico com duração de aproximadamente três meses e alguns deles, logo após formados, passaram a exercer a função de aprendiz de mecânico nas unidades do Grupo Alta. “Isso é muito bom para a auto-estima desses jovens. Um projeto que já os encaminha para o mercado de trabalho é muito legal”, disse João Miranda Neto, presidente da UNAS/Heliópolis, presente à solenidade que contou também com o titular da VW Alta, Paulo Altenfelder e executivos da Volkswagen. “Espero que esta iniciativa seja implantada também por outras concessionárias de São Paulo, pois este é o meio efetivo de promover a educação e a profissionalização de jovens carentes em situação de risco”, referendou o empresário. Altenfelder agradeceu também o apoio da Volkswagen, que adotou a idéia assim que ela foi proposta. “Eles abraçaram a idéia imediatamente, tanto é que a montadora disponibilizou uma classe de treinamento dentro de suas dependências especialmente para receber os jovens de Heliópolis.” GUARÁ MOTOR 40 Anos “Fazer as coisas certas, fazer certo as coisas e não fazer certas coisas”. Este é o lema que pauta a filosofia da VW Guará Motor há 40 anos, presente nas cidades de Guaratinguetá, Aparecida e Lorena, no interior de São Paulo. Na verdade, a concessionária nasceu na cidade de Oswaldo Cruz em 1960, quando o empreendedor Augustin Soliva implantou a Califórnia Motor. O desenvolvimento da Alta Paulista, no entanto, fez com que o negócio da família migrasse par a Guaratiguetá em 1967. A partir dessa data, a Guará só fez crescer. Hoje a empresa emprega 90 pessoas e está presente nessas três importantes cidades da região, garantindo um serviço diferenciado e a oferta de um significativo volume de veículos zero e seminovos mensalmente. ALTA PERFORMANCE Os melhores em VW VW COPAVA Investe em feirões de seminovos A concorrência acirrada entre os concessionários de automóveis de Curitiba e a queda dos juros do financiamento dos 0 km têm levado as autorizadas a buscar mercado para os seminovos na região metropolitana e no interior do Estado. A Copava, por exemplo, realiza todo mês um feirão em cidades onde a oferta de carros é escassa. O resultado dos feirões fora da capital já representa mais de 20% das vendas de seminovos da concessionária, que tem duas lojas em Curitiba. “Escolhemos municípios onde há poucas ou mesmo nenhuma concessionária, o oposto de Curitiba, que atravessa uma fase de proliferação de distribuidoras de novos e usados”, avalia o diretor comercial da Copava, Willians Zultan. Em meio à explosão de vendas de carros zero – o emplacamento de veículos novos cresceu 28,5% neste ano em Curitiba, a migração para o interior é também uma forma de garantir mercado para os usados recebidos como parte de pagamento e que acabam preteridos pelos consumidores da capital à procura de automóveis cada vez mais novos. Já para os compradores do interior, as concessionárias “forasteiras” proporcionam garantia de procedência do carro, acesso facilitado ao crédito e a possibilidade de troca. VW BELCAR Novas instalações Não é à toa que uma concessionária com mais de 50 anos continua no mercado, cada vez mais forte, mais organizada e o melhor: sendo exemplo de atendimento ao cliente. Os oito mil metros quadrados de área que a VW Belcar de Goiânia inaugurou em seu novo Showroom dão prova disso. O novo ponto tem a direção do ex-sucessor Glauber Fernando, que desde a assunção dos empresários Claudionor Rodrigues e Shirley Leal na década de 80, trabalha na empresa. Já estão valendo os pontos para a Campanha Alta Performance, idealizada pela Volkswagen para premiar as 60 melhores concessionárias de 2008 em desempenho nas áreas de vendas de veículos, peças e acessórios, participação de mercado e estrutura. As empresas (matriz e filiais) estão sendo avaliadas mensalmente e semestralmente de acordo com seu tamanho e participação de mercado, acumulando pontos nesses quesitos, sendo que no item “Estrutura”, 40% da pontuação é dada ao aspecto “Satisfação do Cliente”, enquanto os 13% restantes são dados à estrutura da concessionária propriamente dita. Como o objetivo da Campanha é fazer com que as concessionárias da marca se aprimorem ainda mais na prestação de serviços através da excelência em qualidade, os quesitos Vendas de Veículos e Vendas de Peças e Acessórios têm pesos de 28% e 19% respectivamente. Os benefícios para os concessionários que se dedicarem a obter a pontuação máxima na Campanha são muitos e muito apropriados, pois contemplam o patrimônio das empresas, físico e humano. Assim, as autorizadas classificadas em primeiro, segundo e terceiro lugar, de acordo com sua categoria e região, receberão prêmios em equipamentos – que vão desde móveis, passando por veículos utilitários e até aparelhos de precisão - para estrutura, e cursos, presentes e viagens para os funcionários. Categorias As 20 melhores concessionárias de cada uma das três categorias – Categoria A (média de vendas de veículos zero quilômetro acima de 150 unidades ao mês), Categoria B (média de vendas de veículos zero quilômetros entre 51 e 150 unidades ao mês) e Categoria C (venda de até 50 unidades de veículos zero quilômetro ao mês) -, portanto, 60 autorizadas VW, além dos benefícios citados, serão premiadas com outros reconhecimentos em três grupos de classificação: DIAMANTE: as 10 concessionárias classificadas neste padrão receberão viagens de incentivo, presentes para todos os funcionários, placa personalizada e participarão de evento especial de premiação; OURO: as 20 concessionárias classificadas neste padrão receberão placa personalizada e participarão de evento especial de premiação; PRATA: as 30 concessionárias classificadas neste padrão também receberão placa personalizada e participarão de evento especial de premiação. A Campanha Alta Performance se encerra ao final do exercício, mas é contínua. No início de cada ano, a contagem dos pontos recomeça. 21 Co nsulta Sebrae Para você perceber se a venda está em crescimento ou em queda, a análise da evolução do faturamento entre dois períodos iguais já é o suficiente. Porém, para identificar quais foram os fatores que influenciaram para que ocorresse esta oscilação e em que nível, somente os indicadores poderão ajudá-lo. O 24 INDICADORES, Por Jorge Luiz da Rocha Pereira conceito de indicador, conforme consta no dicionário da língua portuguesa, cita o seguinte: “...que ou o que fornece indicações de pesos e medidas diversas (diz-se de instrumento, dispositivo etc.” Para a Administração pode-se afirmar que é o resultado da relação entre dois parâmetros que possibilitam a análise relativa de algum fator de interesse para a gestão do negócio. Cada atividade empresarial tem os seus próprios indicadores básicos, criados e aprimorados ao longo do tempo. Para um supermercado, por exemplo, o valor do ticket médio é frequentemente utilizado nas análises de resultados do negócio, que considera o faturamento em relação à quantidade de clientes que efetivamente compraram na loja. Já para uma indústria, a relação de produtos fabricados por hora possibilita ao titular perceber a produtividade em um determinado momento da produção. Poderíamos continuar a listar diversos outros indicadores e sua importância, mas de nada adiantaria obter estes sinalizadores da vida empresarial números se os padrões não existissem para oferecer consistência às ações administrativas. Afinal, para analisar um número é necessária a comparação com outro, desde que o fator comparativo seja confiável e devidamente aceito por todos os envolvidos. Para criar os indicadores-padrão é fundamental realizar inúmeras pesquisas de campo e casos, considerando sazonalidades, pessoas e o momento empresarial adequado, pois algumas distorções provocadas pelas oscilações de mercado podem inibir ou alterar uma situação empresarial qualquer. Mas considerar o indicador somente no final de um determinado período pode significar inúmeros prejuízos para o negócio, portanto, as checagens devem acontecer periodicamente; para sua alteração ou adequação, considerando os possíveis desvios, dentro de uma margem de tolerância aceitável, para a empresa e suas relações mercadológicas. Tenha cuidado com o exagero na elaboração de indicadores, que quando em grande quantidade podem dificultar a análise final dos resultados, por considerarem parâmetros completamente diversos e de áreas de negócios que indicam fatores, portanto, que podem demonstrar índices desproporcionais entre eles. Um bom exemplo é o das despesas em publicidade e propaganda que precisam crescer quando o faturamento está em queda, ou ainda, algum custo direto de produção que está registrando alta ou baixa, para atender à estratégia comercial aplicada em um determinado momento. Mas, sempre será importante a utilização de um ou mais indicadores para a adequada elaboração das estratégias empresariais. Jorge Luiz da Rocha Pereira é consultor do Sebrae-SP TechMania Engenheiros se preocupam em aperfeiçoar as condições de habitabilidade do interior dos automóveis porque a cada dia passamos mais tempo dentro deles. promete O interior Por Fernando Calmon N inguém tem dúvida. Vamos permanecer mais tempo dentro dos carros. A frota aumenta e, especificamente no Brasil, pouco se investe em melhoria e controle do trânsito. Sem contar o atraso histórico do País na ampliação do meio de transporte urbano mais eficiente, o metrô. Por isso, os engenheiros se preocupam em aperfeiçoar as condições de habitabilidade do interior dos automóveis. Hoje existe um abismo em termos de conforto e qualidade dos materiais empregados entre um carro barato e um topo de linha. A diferença de custo chega a ser de dez vezes. Ainda assim é possível utilizar revestimentos amigáveis ao tato, criar inúmeros portaobjetos, bancos anatômicos, superfícies sem cantos vivos e ainda assim o preço se manter dentro do alcance do comprador médio. Há outras premissas também importantes ao se projetar o interior de um carro. Talvez a principal seja manter a atenção nas condições de reciclagem ao final da vida útil do veículo. Exigência que vai se aprofundar nos próximos anos. Substituir botões por comandos sensíveis ao toque é tendência para o futuro. E nem pensar em surgir fontes de ruído que exigiriam material fonoabsorvente à custa de peso e preço. A realidade de hoje é que os automóveis estão ficando maiores a toda nova geração. Um Golf, por exemplo, tem quase o mesmo espaço interno de um Santana e os dois estão separados por pouco além de uma década. Existe um limite para isso: espaço maior não pode significar aumento indefinido de peso porque dificulta a diminuição de consumo de combustível. A solução é partir para assentos e encostos de bancos cada vez mais estreitos (finos), incluindo os painéis e consoles (horizontal e vertical). O desafio é grande. O habitáculo de um automóvel médio atual utiliza 30 kg de plástico, 10 m2 de revestimento têxtil, 5 m2 de superfícies plásticas tocáveis. Um banco chega a pesar 50 kg, incluindo 10 a 20 kg do sistema elétrico de regulagem. Painel completo vai de 80 a 100 kg sem computar estruturas pesadas com coluna de direção. O peso total de um interior vai de 150 a 300 kg e terá de diminuir até 30%. A Faurecia, fabricante francês de autopeças e líder mundial em painéis e quadros de instrumentos, tem avançado no aperfeiçoamento de interiores. Em estudos, encostos de cabeça sobem apenas quando alguém senta no banco, aumentando a sensação de espaço. Idem para encosto de braço central autorebatível do banco traseiro. Ao utilizar reforço de plástico e madeira de reflorestamento é possível produzir bancos bem mais finos. Para evitar o desgaste das bordas dos assentos, o banco pode se elevar por meio de um mecanismo ligado à abertura das portas. Entre outras idéias da empresa estão o painel em peça única (sem console), eliminação de grelhas de saída de ar, airbags para passageiro de dimensões menores (sem comprometer a segurança) para economizar espaço sobre o painel e saídas de ar laterais do tipo aeronáutico, mais eficientes e silenciosas. Horas perdidas no trânsito certamente trazem muitos prejuízos. A melhor maneira de atenuar é um interior bem projetado, aconchegante e seguro, além de recursos incrementais de conforto, espaço, entretenimento e informação. Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado, tendo começado em 1967. Colunista desde 1999 de uma rede de 41 jornais, revistas e sites brasileiros. Correspondente para América do Sul do site Just-Auto (Inglaterra). Conferencista e consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação. 25 Co mpo rtamento Passou pela vida e não viveu H 26 Por Rafael Ricca orário de verão em São Paulo. O final de tarde estava lindo. Senti vontade de caminhar. Meu carro ficara em casa, mesmo porque era o dia do rodízio. Assim fui andando pelas ruas do bairro. Nos bares as pessoas curtiam o happy hour em mesas colocadas nas calçadas. Cerveja e tira gosto era o que não faltava. Numa cidade em que circulam diariamente milhões de automóveis, em que o trânsito é caótico, nada melhor que aproveitar esses raros momentos de distração e esperar a poeira baixar para voltar para casa. Eu seguia o meu caminho de retorno ao lar quando passei pela igreja do bairro. Entrei e escolhi um banco na parte central do templo para fazer algumas orações e, principalmente, agradecer ao Criador pelo belíssimo dia que tivera. Foi quando me deparei com aquele papel dobrado sobre o assento do banco. “A quem possa interessar” era o que estava escrito. Curioso, pus-me a ler o texto contido no seu interior: “Esta mensagem inicial poderia servir como introdução a um livro que nunca será escrito porque eu não acredito em mim mesmo. Não acredito que seja capaz de expressar o que realmente penso e sinto. Sempre tem sido assim em minha vida. Tudo o que começo fazer não concluo por absoluta falta de confiança em mim próprio. Nesta vida já fiz muita coisa. Em relação à família, trabalho e religiosidade bati na trave nos momentos decisivos. Fui quase um profissional de primeira linha, quase um bom marido e companheiro, quase um pai dedicado, quase um bom cristão, quase um escritor, quase um humanista, quase um humorista e, agora, quase no final da vida, sem grandes perspectivas, percebi que passei pela vida e não vivi. De tanto perder tempo na vida, quase perdi a vida empregando mal o tempo que me foi reservado. Deixo este recado a quem se interessar, para que o meu exemplo não seja seguido pelos mais jovens, pelos que ainda possuem um considerável estoque de tempo, esse maravilhoso recurso, igualmente disponível tanto para o mais rico como para o mais pobre dos mortais”. Decidi então tornar público aquele apelo através do seguinte recado: “Caro Anônimo, se é que me permite assim chamá-lo. Você faz parte de uma imensa legião de pessoas espalhadas pelo mundo todo. Boa parte dos humanos age da mesma forma. Não acredita no seu verdadeiro potencial. Indecisa, não consegue transpor os mais simples obstáculos. José Luiz Tejon Megido, o escritor de “O Vôo do Cisne” afirmou o seguinte: “Existe um tempo inútil de vida que a gente pensa que está vivendo, mas está morrendo. Sabe o nome? Covardia! Esse também é o nome do preço que a gente paga por estar sofrendo e não conseguir se libertar do carrasco de nosso sofrimento. E sempre, sem exceção, nós mesmos – eu dentro de mim, você dentro de você – nos aprisionamos. Não há prisão externa que destrua um ser humano. Só autorizamos a nossa destruição por uma ordem interna. Vem lá de dentro, de dentro de cada um de nós”. Abraham Maslow o idealizador da hierarquia das necessidades acreditava que o homem aspirava se tornar auto-realizado. Maslow buscava saber por que as pessoas não criam nem inovam. Queria descobrir “onde se perdeu o potencial humano, onde ele se danificou.” Sendo da natureza humana criar e inovar, por que o homem fica travado quando se depara com obstáculos? A resposta talvez esteja no seguinte pensamento de Emmanuel: “Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela corre por nossa conta”. Rafael Ricca é profissional de Comunicação, com especialização em Relações Públicas, consultor e articulista de revistas especializadas em Comunicação e Marketing. Administração Uma longa vida O segredo da longevidade da maioria das empresas está diretamente ligado à busca de novos mercados, de inovações no leque de produtos e na capacidade de adaptação às mudanças que ocorrem nos ambientes econômico, político e tecnológico U 28 Por Danilo Sanchez ma empresa mais antiga que a Revolução Francesa. Em 1870 essa organização já contava com 500 empregados, alcançando o dobro de colaboradores em 1890. E o mais importante: mesmo tendo fabricado o seu primeiro produto em 1761 continua viva, demonstrando que, se encaradas como instituições, as empresas tendem a uma longa vida que pode atravessar muitas gerações de empreendedores. O segredo dessa longevidade pode estar diretamente ligado à busca de novos mercados, de inovações no leque de produtos e na capacidade de adaptação às mudanças que ocorrem nos ambientes econômico, político e tecnológico. A empresa em questão é a Faber-Castell que possui 15 fábricas espalhadas ao redor do mundo, contando com mais de 5.500 funcionários e tendo seus produtos em mais de 100 países. É o maior fabricante de lápis do mundo. Há 246 anos, Kaspar Faber fabricou seu primeiro lápis com cabo, dando início à formação de uma das fábricas mais respeitadas e antigas do mundo. Da oitava geração, o conde Anton Wolfgrang von Faber-Castel comandante atual, ficou com a responsabilidade de reescrever a história dessa importante organização. Conforme matéria de Darcio Oliveira, para não perder o bonde da história, “O conde desenvolveu pessoalmente a linha a Graf Von Faber-Castell, com canetas que chegam a custar 2 mil euros. Também há lapiseiras, agendas de couro e acessórios que nada devem para o mercado de luxo. Foi a estratégia encontrada por “uma marca que visa transformar em objeto de desejo, em grife de prestígio, à imagem e semelhança do conde: nobre, elegante, sem deixar de lado a tradição”. Como é possível observar, uma empresa que espera ter longa vida necessita lastrear-se em uma consistente filosofia. Em suas crenças e valores. Pretende “cumprir com todos os compromissos e atender às demandas surgidas na confiança depositada. A Faber Castell entende que a confiança deve ser construída dia após dia”. Apóia-se na tradição de ser a mais antiga produtora de instrumentos de escrita do mundo. Diz estar preparada para ser administrada como empresa familiar. Considera seus funcionários e sua marca como os ativos mais importantes. Pretende que o seu produto seja “o melhor de sua categoria”. Entende que a inovação é um meio de assegurar o próprio futuro. Vê o mundo como o seu mercado global. Crê na opinião dos usuários de seus produtos. Afirma que seus produtos são feitos a partir de matérias-primas ecologicamente corretas. Estimula o gerenciamento cooperativo e o trabalho em equipe. Essa mensagem pode ser encontrada no site da empresa na Internet. A mesma sorte não teve a mais antiga empresa do mundo, conforme notícia publicada na Business Week: “A Kongo Gumi do Japão, que ficou aberta por 14 séculos construindo templos budistas e sobreviveu em momentos de tumulto, como no século 19, quando perdeu o subsídio do governo e começou a construir prédios comerciais. Mesmo assim, a fabricação de templos manteve a empresa funcionando, contribuindo com 80% do lucro de US$ 4.67,6 milhões que teve em 2004”. Seu último presidente, Masakazu Kongo, - o 40º membro da família a comandar a empresa – afirmou que a flexibilidade da construtora em selecionar seus líderes foi um dos principais motivos da longevidade. “Em vez de entregar o comando para os filhos mais velhos, Kongo Gumi escolhia sempre o filho que exibia melhor saúde, responsabilidade e talento para o trabalho”. Todavia, mesmo com essa preocupação, vários fatores levaram a Gumi à falência. Um empréstimo feito para investir no mercado imobiliário, portanto, fora do foco principal da organização, que ocasionou uma enorme dívida demonstrando a fragilidade que pode abalar a estrutura empresarial quando se deixar de contar com os recursos próprios para depender de terceiros, e a mudança social da população japonesa, que diminuiu a demanda por templos budistas, percebido tardiamente por seus dirigentes. Especialmente este fato, uma implacável e incontrolável contingência de mercado, não permitiu à empresa, assim como aos dinossauros, sobreviver num ambiente hostil. Danilo Sanchez é administrador de empresas, especializado em Marketing, professor universitário e consultor de várias organizações nas áreas de Marketing Estratégico e Gestão Responsável. Motivação Um novo paradigma Quando se fala em motivação, o foco deve mudar. Não há mais lugar para programas ou palestrantes mirabolantes. O foco da discussão está na responsabilidade que cada um tem sobre o desenvolvimento da sua própria motivação. E Por Armando Correa de Siqueira Neto grande o número de trabalhadores que crê no desenvolvimento da sua motivação através de terceiros. Eles esperam bem mais do outro do que de si próprios. E é igualmente significativa a parcela de líderes que se apóia nesta mesma premissa. Por conseguinte, há dois lados distintos ligados pela mesma interpretação a respeito do assunto. Com o passar do tempo não apenas se estabeleceu, mas solidificou-se a idéia de que as organizações devem motivar os seus empregados, e estes assumem uma postura bastante passiva de aguardar por tal vantagem. Contudo, é chegado o momento de rever tal ponto de vista, em razão de muitos programas motivacionais darem com os burros n’água após o seu planejamento e implementação. O foco da discussão está na responsabilidade que cada um tem sobre o desenvolvimento da sua motivação. É evidente que uma dada situação pode estimular alguém, e, uma pessoa é capaz de provocar o ânimo de outra. Influência e provocação são termos importantes a serem observados também. É fundamental que a organização ofereça bom salário, clima adequado etc. Mas é o compromisso pessoal que define o grau de consciência que se tem a respeito do controle sobre a própria motivação, e, conseqüentemente, do uso que se faz dela. A professora Cecília Bergamini, da Fundação Getúlio Vargas, aponta que “A perspectiva mais natural para para a motivação se compreender a motivação humana parece ser aquela que individualiza as pessoas levando em conta a sua história de vida particular, isto é, aquilo que se denomina de “realidade motivacional do ser”.” Quanto mais se compreende que está em si mesmo o poder de se gerar motivação, tanto mais se tende a assumir os projetos (pessoais e profissionais), dominá-los e obter melhores resultados. Aumenta-se inclusive o nível de motivação ao incluir a própria percepção de autonomia e evolução presentes. Todavia, para que se alcance favoravelmente a dimensão complexa da motivação no trabalho, Bergamini assinala: “A estratégia de se conseguir trabalhar com pessoas motivadas exige mais dedicação do superior, ele deve conhecer as necessidades de cada um dos seus subordinados.” Logo, vale a pena questionar: os líderes estão dispostos a evoluir em tal direção e se relacionar com os seguidores a ponto de conhecê-los bem mais do que o fazem atualmente, já que o nível de relacionamento no eixo líder-seguidor é, via de regra, superficial? As mudanças sofridas pela necessária evolução do mercado impõem nova perspectiva, ou seja, uma mudança de paradigma sobre a motivação. Tradicionais modelos de se gerir pessoas não encontram resposta adequada às novas demandas. Então, emergem duas situações claras: primeira, é preciso modificar a crença da dependência acerca da motivação. Cada pessoa deve se responsabilizar e responder por sua motivação. Forte comunicação e atitude pertinentes podem abrir as portas a tal propósito inicialmente. Segunda, as lideranças que desejam evoluir servirão de exemplo às suas equipes, promovendo àquele que estiver aberto à quebra de paradigma e transformações; uma oportunidade de refletir e se conhecer melhor. É uma jornada que requer empenho, mas vale a pena, tendo em vista o aperfeiçoamento que se instala tanto em relação à melhora na qualidade do relacionamento humano, quanto pelos resultados que se seguem naturalmente pelo grau de motivação mais duradoura e legítima existente no íntimo de cada um. Mas é preciso mudar de paradigma. Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoas, professor e mestre em Liderança pela Unisa Business School. Co-autor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: [email protected] 29 A Passeio IBIZA: a melhor tradução do hippie-chic Por Sophia Zahle Dizem que à exceção de Portugal, nenhum outro país europeu fala tanto à alma do brasileiro quanto a Espanha. Talvez pela semelhança, já que o espanhol, resultado de várias culturas e raças, é um povo sui generis. Eles são festeiros, ao mesmo tempo ligados à família; são modernos e tradicionalistas; anárquicos e conservadores. O brasileiro se sente em casa na Espanha e lá, se o destino escolhido for Ibiza, uma das ilhas do arquipélago Baleares e espécie de resumo do que a Espanha tem de melhor, fica mais à vontade ainda. 32 I biza ficou conhecida como ponto de encontro dos hippies europeus na década de 60. Depois, destino do chamado jetset internacional, isto é, dos endinheirados do mundo todo. Recentemente: point internacional da boemia, sinônimo de baladas e ferveção, ao som de música eletrônica. Ibiza é tudo isso e muito mais: é hippie-chic, possui lindas praias, uma natureza exuberante, clima excelente, boa gastronomia e gente bonita. Um lugar paradisíaco onde o culto ao hedonismo é levado muito a serio. Localizada no meio do mar Mediterrâneo, as Ilhas Baleares formam um dos dois arquipélagos espanhóis – o outro são as Canárias – e Ibiza, ao lado de Maiorca, Formentera e Menorca são as mais conhecidas. As águas do Mediterrâneo são calmas e amistosas. E as praias das quatro Baleares são charmosas, pequenas, tranqüilas e, não raro, semidesertas. Além da fama de festeiras, as ilhas não deixam nada a desejar também nos quesitos cultura e riqueza histórica. Foram colonizadas pelos fenícios, depois pelos cartagineses, romanos, bizantinos e muçulmanos, em uma sucessão de invasões e reconquistas até a posse definitiva pela Coroa Espanhola. 33 A Passeio Situada na costa centro-leste da Espanha, próxima a duas conhecidas cidades litorâneas - Barcelona e Valência -, Ibiza tem 572 quilômetros de extensão ocupados por 56 belas praias, que agradam aos mais diferentes tipos de turistas. A ilha tem uma atmosfera mágica, tanto que os cartagineses acreditavam que era sagrada e gastavam uma fortuna para serem enterrados ali. Seu nome, Ybshm, ou Ilha de Bes, foi uma homenagem ao deus da fertilidade. Talvez advenha daí o fato de Ibiza ser um centro hedônico até hoje. Em 654 a.C. era um dos mais importantes entrepostos comerciais do Mar Mediterrâneo, já com vocação para atrair e misturar gente de diversas partes do planeta. Charmosa e atraente 34 No século XX, mais precisamente em 1999, a ilha foi tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, protegido pela UNESCO. Um reconhecimento à bela arquitetura e às antigas construções. A capital, também chamada Ibiza, é uma cidade charmosa, salpicada de casinhas brancas. O bairro antigo, Dalt Vila, ou Cidade Alta, foi erguido sobre um grande rochedo cercado por muralhas do século XVI, conhecida como Portal de Ses Taules. Ali está também a catedral em estilo gótico-catalão fundada no século XIII e os magníficos museus de Arqueologia e Arte Contemporânea. O primeiro, localizado na Praça da Catedral, ocupa os prédios de uma antiga capela, da universidade e do governo da ilha até o século XVIII. A mostra permanente traz, em seis seções, a história da colonização da ilha. Se conhecer a história não for o objetivo do visitante, vale visitar o museu pela espetacular vista panorâmica da baía de Ibiza. Já o Museu de Arte Contemporânea foi o primeiro do seu estilo na Espanha. Inaugurado em 1969, sua história começou cinco anos antes quando os organizadores da Bienal local decidiram que os trabalhos premiados deveriam fazer parte da coleção do museu que um dia iria existir. Depois da visita, galgue a escadaria que conduz ao topo da catedral de Nossa Senhora das Neves para curtir a vista panorâmica. Além dos museus, da arquitetura, Dalt Vila abriga inúmeros bares, restaurantes, cafés e boutiques. Na parte norte da capital há inúmeras igrejas, como a de Sant Miguel, e aldeias encantadoras. As construções da minúscula Balafià, com o seu casario branco e uma antiga torre de vigia, são registros das edificações do local. Outros passeios que não podem faltar em nenhum roteiro são Sa Caleta e Sant Antoni. Construído pelos fenícios, o povoado de Sa Caleta também encanta pela arquitetura. A segunda cidade de Ibiza, Sant Antoni, foi conhecida pelos romanos como Portus Magnus, devido à sua grande baía. Nas últimas décadas se transformou de uma simples aldeia de pescadores em uma estância turística. Ali localiza-se o famoso Café Del Mar, onde turistas e nativos se reúnem para aplaudir o pôr-do-sol no Mediterrâneo ao som de música eletrônica. As festas rolam Com cem mil habitantes, Ibiza recebe mais de dois milhões de turistas anualmente. Em sua maioria, norteamericanos e europeus, em busca de... festa! Que acontecem em todos os lugares como o Faro de Botafoc, o farol oficial de Ibiza e seu porto, onde os clubbers se reúnem quando a noite começa, sempre depois da meia-noite e se estendem até o início da tarde. Há várias megadiscotecas, inúmeros clubes e bares dançantes encarregados de fazer a ilha ferver a semana inteira na temporada de verão (de meados de julho até a última semana de setembro) com festas que duram 24 horas por dia. Portanto, se o objetivo for balada, vale conhecer a lendária - com filiais em vários lugares do mundo – Pacha, point de ricos e famosos nas décadas de 70 e 80. A noite é embalada por hip-hop, funk e jazz e a tradicional festa “Flower Power”, onde as pessoas se vestem à moda dos hippies para dançar hits da época a noite inteira. Mas, evidentemente, há festas embaladas por DJs famosos e sempre uma casa da moda na estação. O turista não precisa nem se preocupar em conhecer previamente o roteiro, porque há uma linha de ônibus chamada DiscoBus que passa somente nas boates. Incrível, não? Quem não é fã do “bate-estaca” da música techno, não precisa se preocupar. O que faz Ibiza inesquecível são 35 A Passeio as praias e as riquezas naturais. O sol e o clima são atrações à parte. Sempre agradável, a temperatura da ilha oscila entre 13º no inverno e 30º no verão. A costa litorânea é irregular e recortada por enseadas e belas praias de areia branca. As praias mais movimentadas são Las Salinas e Talamanca, esta última, indicada para a prática de esportes aquáticos como o windsurf. De dia o ambiente é tranqüilo e familiar, com crianças na praia e atmosfera típica de veraneio. À noite, é uma festa só. Água azul turquesa e areia fina As praias mais populares são a Ses Salines e a Praia d’Es Cavallet, ambas na costa sul e perto de imensas salinas da época dos cartagineses, que constituíam a maior atividade econômica de Ibiza até a proliferação do turismo. A Ses Salines é um dos pontos mais concorridos da região. A badalação acontece do nascer ao pôr-do-sol, que, por sinal, é eleito um dos mais belos do mundo. Praias sossegadas também não faltam como a Cala Bassa, com águas claras, em tons azul turquesa e areia fina, ou a Playas de Comte. Opção de sossego é a Fiqueretas, situada ao sul, e onde o turista que não leva câmera fotográfica se arrepende muito, pois lá estão as esculturas de areia do conhecido “Sandman”. A Praia D´en Bossa é a mais longa de toda ilha. É também onde se pratica windsurf e mergulho, com direito a muitos bares para recarregar as baterias. Em outra praia, a Cala Vadella, o mar parece uma autêntica piscina natural. Para mais entretenimento, lazer e esportes aquáticos, visite a Port de Ses Caletes, com direito a compras depois do sol. 36 Já na parte norte da cidade, existem várias praias agradáveis e menos apinhadas no verão como Cala Salada, com a sua baía emoldurada por pinheiros ou a Sa Caleta, a praia mais freqüentada pelos locais, por ser tranqüila e longe de toda a bagunça eletrônica. Longe das praias, no interior de Ibiza, o cenário é montanhoso, salpicado de pinheiros, oliveiras, amendoeiras e figueiras. Entre Sant Antoni e o litoral, a sudoeste há uma região de terras altas conhecida como Els Amunt, com uma paisagem de montes cobertos de pinhais e vales férteis, pitorescas aldeias rurais e pequenas estâncias turísticas. No caminho em direção à costa, vale procurar a Cova de Can Marca, um conjunto de grutas subterrâneas iluminadas com luzes coloridas. A leste da ilha, também longe do mar, vale conhecer a vila de Santa Eulália, que abriga uma igreja construída no topo de uma colina durante o século XVI, e ao lado, o Museu Etnológico, que exibe trajes tradicionais, alfaias agrícolas e uma fantástica coleção de fotografias antigas de Ibiza. Cozinha mediterrânea Como nem só de sol, mar, passeios e baladas vive o ser humano, comer é um prazer em Ibiza. Com a sua localização privilegiada no Mar Mediterrâneo, Ibiza tem pratos típicos com muitos frutos do mar, legumes, arroz, especiarias e temperos requintados. O mais conhecido é o “guisado de peixe”, de preferência com o peixe local “estrella”, acompanhado de camarão, lagosta, arraia, lula, entre outras delícias. Em vários lugares você pode optar pelos peixes preparados pelos próprios pescadores, acompanhados de saladas simples ou os “bocatas”: sanduíches recheados com tomate e presunto. O centro local da gastronomia é a aldeia de San Rafael. Na Plaza de Iglesia, diante da catedral, se acomode sob as árvores no restaurante provençal El Clos Denis. Peça leitão na brasa e confira a excelente carta de vinhos espanhóis e franceses. As casseroles são grandes e saborosas. Em Formentera, no Juan y Andrea, um elegante restaurante abrigado entre as dunas de areia que cingem o porto de águas azuis repleto de iates, banqueteie-se com “calamares e sangria” sob gigantescos guarda-sóis brancos. O restaurante é um dos pontos de encontro prediletos dos ricos freqüentadores das ilhas, que vão ali saborear paellas e peixe cozido, e discutir quem tem o maior iate da baía. Na Dalt Vila, vale conhecer o aconchegante La Brasa especializado em frutos do mar e degustar um salmão com molho de lagosta ou o “pudim de cacto”, outra especialidade da casa. Estando lá o ideal é se informar sobre os restaurantes e bares da moda já que muitos deles duram apenas uma estação. Uma última e importante dica: alugue um carro ou uma moto. Em Ibiza os transportes públicos são precários e sem carro é impossível desbravar toda a região. Outra coisa que chama a atenção dos brasileiros, pela igualdade, são as estradas estreitas, cheias de curvas e buracos, o que arranha um pouco o charme da cidade, mas que não chega nem longe a comprometer estas, que certamente serão suas férias inesquecíveis. 37 Cotidiano PROCESSADOR CENTRAL Por Marco Antônio de Araújo Bueno F ui chamada às pressas ao pequeno apartamento de Liza. Era madrugada alta, tempo chuvoso. Mas faminta, apenas ocupava-me em juntar condimentos leves à mistura das refeições do dia e escutava Ginastera, a “Variação canônica para oboé e fagote”, relíquia recuperada pelo meu ócio resignado desses últimos anos. Os 2:31 minutos que levava à repetição ad nauseum, repetição em volume reduzido nem tanto - enlevando-me e velando o misterioso sono de minha vizinhança zumbi. Quando em vez, fumava pelas frestas de um basculante; a fumaça conspiratória denunciada pela lúgubre luminância da rua fantasma. Pois bem, Liza, tivera um daqueles pesadelos reais. Registrou o sonho, Liza? Não. Mas contou-me o suficiente às minhas anotações e, tendo antes ligado para mãe e, esta insistido na idéia de recorrer a mim para acompanhar Liza ao centro, parecia mais determinada a agir que propriamente angustiada. Interrompi o processamento dos meus resíduos culinários, insisti para que ela recolhesse do ralo do esquecimento, do aquém-linguagem, os resíduos de seu pesadelo e, com uma gravidade emputecida na voz, tentei dissuadi-la a se embrenhar pelo centro, como zumbi, na ilusão de mitigar suas intimidades angustiadas naquela maquinaria suspeita do “CPP” – nome obscuro para uma autarquia que se pretendia como um organismo público de processamento de pesadelos. Um contra senso instituído, em face da alta incidência de distúrbios do sono – pesadelos, aferida pelo Ministério do Trabalho e Lazer, desde o início de 2036. 38 Liza, sejamos razoáveis, passar por sessões relâmpago de dramatização do óbvio – que são os teus fantasmas mesmo, ora! Filas, senhas e mais filas de pessoas apavoradas que não trocam palavra com medo de perder a vaga, depois...a Máquina! Mas mamãe conhece o sobrinho do homem da estatal que sabe de um psiquiatra gnomotivistaexperimental (...) No cinzento daquela manhã, incapaz ou sem alma suficiente para dissuadir Liza de farfalhar sua singularidade pelos receptores daquela incubadora caleidoscópica, de espargir seus fragmentos oníricos pelos corredores de uma repartição pública cartorial, setorizada...kafkiana, minha recusa foi lapidar. Preciso passar pela “Retro-sensibilização”, retorquiu minha amiga, convicta de que já estivera impregnada por pesadelos classe “D” por mais de duas vezes naquele quadrimestre; risco de demissão na certa! Classe “D”, ruminei? É! “D”, de derrelição?! Ela recordou-se do texto de Hilda Hilst, mas não adiantou. Pairava sob síndrome de abstinência de substância específica: sentido. Entrei pela manhã relendo fragmentos de alguns clássicos. Entre eles, Gilles Deleuze, sobre coisas como a “máquina desejante”. Nas ruas, Liza, atarantada, na pressa, agonizava atropelada. Seu fantasma, para redimir minha recusa, lembrou-me um verso de “Iracema”, um clássico também, de Adoniran Barbosa: (...) “travessou contramão”. E eu? “eu sempre dizia”, deveras. Era a minha questão central. Paga ainda “meus alfinetes”, hoje. Marco Antonio de Araújo Bueno é psicólogo, psicanalista lacaniano com especialização em psicoterapia de família. É mestre pela Faculdade de educação – Núcleo de Semiótica da Unicamp, especialista-doutor em Psicologia Educacional e doutorando em Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte, também na Unicamp. Escreve para diversas publicações e é contista premiado. Freio Solto Sobre IMAGEM E MARCAS A marca de um produto, uma expressão publicitária, não brota do nada, tem uma história, é carregada de emoção, expressa um repertório e aponta para uma direção. Por Joel Leite M arca e produto são dissociáveis. A marca é tão independente quanto o produto. E não raro a marca custa mais do que o produto. Uma fábrica de cigarros vale muito menos do que a marca Marlboro. A maior e melhor lanchonete do mundo valeria uma pequena fração do preço de uma marca como Mc Donald’s. Não é preciso dizer que uma fábrica de refrigerantes custa uma ninharia diante do valor de uma marca como a Coca-Cola. A imagem de um produto normalmente é maior do que o próprio produto. Deve ser duro para um engenheiro aceitar isso, mas é a realidade do mercado, onde quem manda são os comunicadores e não os fazedores. Se um produto tem uma imagem negativa, não vende, mesmo sendo tecnicamente bom. E nenhum de nós está livre desses conceitos pré-estabelecidos por essa instituição que ronda o nosso dia-a-dia, chamada “mercado”. Vamos fazer um teste: responda pra você mesmo, qual é a imagem que lhe vem à cabeça quando você ouve as seguintes marcas: Marlboro, Microsoft, Volkswagen, Madre Tereza de Calcutá, George Bush? Cada uma dessas referências suscitou uma reação diferente em você, positiva ou negativa, de prazer ou repulsa. E isso acontece porque cada uma dessas marcas tem uma história, bem ou mal construída, com percalços, erros e acertos, não importa: tem um repertório próprio, único, que lhe molda o formato e provoca reação, emociona. A marca de um produto, uma expressão publicitária, não brota do nada, tem uma história, é carregada de emoção, expressa um repertório e aponta para uma direção. Mas muitas vezes coisas são batizadas com nomes pouco ortodoxos, apontando uma mensagem dissociada da realidade do receptor. Os publicitários de antigamente eram como os pais de antigamente, que sabiam exatamente qual era o melhor marido para a filha: o filho do vizinho, claro, que tinha uma promissora carreira de engenheiro, médico ou advogado, ou no mínimo um futuro tranqüilo como caixa do Banco do Brasil. A geração pós-moderna jogou no lixo a experiência e a sabedoria da geração anterior. Revolucionou o dia-a-dia e portanto o seu futuro, mas particularmente a comunicação: nomes, marcas e expressões que povoam o arsenal publicitário moderno. Uma pastelaria no Largo Treze - região de comércio popular em Santo Amaro, São Paulo – ganhou o nome de “Planeta Pastel” na onda dos “Planet”. O que essa “modernidade” acrescentou à imagem desse negócio popular? Não seria mais apropriado “Pastelaria da Praça”? “Padaria Pão Nosso”, “Pizzeria Mamma Mia”, “Restaurante Garfo de Ouro”? A obsessão pelo óbvio pode – é verdade – levar a erros grosseiros, caso do nome de um restaurante em Porto Velho (RO), “Pizzaria Boi na Brasa”. Nada contra a modernidade e os nomes exóticos, mas como o mais importante é a imagem, é preciso batizar a criança sabendo que ela vai carregar por toda a vida a pecha que o nome eventualmente carrega. Na hora de “comprar” um produto, pense nisso: a sua repulsa a determinada coisa ou a sua paixão por outra, pode ser fruto (provavelmente é) de um conceito construído pela comunicação e que faz parte do seu repertório. Joel Leite é jornalista, formado pela Fundação Cásper Líbero, com pós-graduação em Semiótica, Comunicação Visual e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, assina colunas em jornais, revistas, rádio, TV e internet. Não tem nenhum livro editado e nunca ganhou nenhum prêmio de jornalismo. Nem se inscreveu. 39 No v idades O novo Mac Anualmente a Apple faz sua convenção - o MacWorld - paralelamente a CES, e desvia a atenção dos aficionados e jornalistas especializados. O que será que a Apple vai aprontar dessa vez? O MacBook® Air, o mais fino do mundo. Sem sacrificar o tamanho do teclado ou a tela de widescreen 13.3 polegadas – o Air tem espessura de 1,94cm e alta performance rodando com processador Intel Core 2 Duo de 1.6 GHz, memória de 2GB e disco rígido de 1.8 polegadas e 80GB. Todos os modelos trazem uma porta micro-DVI para conectar monitores maiores, câmera integrada iSight para vídeo conferências e trackpad com multi-touch e suporte a reconhecimento de gestos para que os usuários possam fazer o zoom in e out, girar e clicar tornando intuitiva a navegação e rotação de fotos ou zoom nas páginas da web. Vídeo Transfer Também mostrado na CES 2008, só que mais acessível e prometido para o mercado brasileiro em abril, o Pinnacle Vídeo Transfer. O aparelhinho – 12 cm de comprimento por 6 cm de largura – é um dispositivo móvel que permite ao usuário transferir vídeo analógico para qualquer dispositivo de armazenamento USB 2.0, sem que seja necessário armazenar os arquivos em um PC. Compatível com iPod e PSPs como o da Sony, os usuários podem gravar programas de TV, vídeos pessoais ou mesmo armazená-los em um drive USB para assistir depois. Para aqueles que guardam vídeos em formato VHS, Hi8 ou VHS-C, a solução pode ser usada para fazer cópias digitais em dispositivos USB sem que seja necessária a utilização de aplicativos complicados. Outra vantagem é o hardware, incluso, que captura vídeos direto em H.264, formato de alta compressão utilizado em iPods com até três vezes mais eficiência na compressão, se comparado a formatos como o MPEG-2, utilizado em DVD. O produto estará disponível no Brasil em abril. www.pinnacleal.com O Novo MacBook chega às revendas autorizadas e lojas em março. Preço sugerido: R$6.499,00 A tela mais fina do mundo Mesa digitalizadora Que tal dar uma folga ao mouse e ao braço? A Trust lançou uma mesa digitalizadora a um preço bem acessível, que interage com o PC como o mouse e o teclado fariam, facilitando o uso e evitando que o usuário fique muito tempo com a mão na mesma posição, o que pode causar tendinite. Desenhos, rascunhos, assinaturas e outras anotações passam direto para o PC, graças à caneta digital que acompanha o produto. Não se trata de um tablet profissional que substitui o caderno de rascunhos para ilustradores e artistas, nem pode ser usado para arte final, mas facilita a vida de quem trabalha em pé, como médicos, chefes de seção e gerentes de vendas. Onde encontrar: www.superkit.com.br Preço: R$150,00 40 Todos os anos, logo no início, o mercado de eletroeletrônicos se agita e mostra novidades na maior feira mundial do setor, a Consumer Electronics Show – CES. Na edição de 2008 as grandes vedetes foram as TVs, com telas cada vez mais finas. Várias marcas mostraram a tela OLED, sigla em inglês de Diodo Orgânico Emissor de Luz, tecnologia que promete telas planas muito mais finas, leves e baratas que as atuais telas de LCD e com cores mais vivas para qualquer dispositivo (celulares, palmtops, displays de filmadoras, câmeras digitais e televisão). A OLED possui “luz própria”, pois usa diodos orgânicos, compostos por moléculas de carbono que emitem luz ao receberem uma carga elétrica. A vantagem é que ao contrário dos diodos tradicionais, estas moléculas podem ser diretamente aplicadas sobre a superfície da tela, usando algum método de impressão. Com isso a escala de cores é muito superior a de qualquer outra tecnologia de TV e o contraste também; taxa de 1.000.000:1, contra 20.000:1 em uma plasma comum. Esta é da Sony, a XEL-1 de 11 polegadas com tela OLED de três milímetros de espessura, a mais fina do mundo. À venda por US$ 2.500. Com tempo e escala, o tamanho aumentará e o preço cairá. Liv ro s&Afins Juno: simpático e divertido “Onde os velhos não têm vez” Inspirado no livro “Onde os velhos não têm vez”, o filme “Onde os fracos não têm vez”, dirigido pelos irmãos Coen, recebeu oito indicações para Oscar, entre elas, melhor filme, ator coadjuvante, diretor e roteiro adaptado. O livro é do aclamado e premiado Cormac McCarthy, visto como um dos melhores escritores americanos contemporâneos. Na melhor tradição de William Faulkner, os romances de McCarthy se popularizam e ganham fama através do cinema, cuja linguagem também parece inspirá-lo. A narrativa ágil e enxuta e o enredo que mistura ação, suspense e violência, fizeram o jornal The New York Times comparar o livro aos filmes de Quentin Tarantino ou a um “faroeste sem compaixão”. A menção ao faroeste não é por acaso: o livro é ambientado no Texas e tem na figura de um Xerife a voz das reflexões do autor: a profunda meditação sobre a eterna batalha entre o bem e o mal. McCarthy conta a história em duas vozes narrativas. A maior parte do texto é narrada em terceira pessoa, intercalada com as reminiscências do Xerife, em primeira pessoa, o que torna a ação arrebatadora. E deixa o leitor sem fôlego. McCarthy é um grande contador de histórias, e seus romances um entretenimento de qualidade. Onde os velhos não têm vez (Editora Alfaguara, 256 páginas) Preço sugerido: R$ 38,90 A indicação de “Juno” para o Oscar em quatro categorias (melhor filme, atriz para Ellen Page, roteiro e diretor) causou surpresa e fez com que os críticos de cinema o comparassem a “Pequena Miss Sunshine”, que em 2007 disputou e levou duas estatuetas (ator coadjuvante e roteiro original), mas Juno é o azarão da disputa. Para o Globo de Ouro, a principal prévia do Oscar, já havia sido indicado em três categorias (melhor filme, atriz e roteiro), mas não faturou nenhuma. “Juno” mistura comédia romântica e musical adolescente. É simples, simpático e divertido ao narrar a estória da protagonista que dá título ao longa, interpretada por Ellen Page, de “Menina Má”. Em uma tarde entediante, Juno decide iniciar sua vida sexual com o amigo, charmoso e meio afeminado, Bleeker (Michael Cera). Daí é pura matemática: ela engravida, decide entregar a criança para adoção e traça uma estratégia para encontrar pais perfeitos. Grande parte do apelo do filme está nos diálogos de Juno e suas amigas sobre sexo. Francos, cômicos e femininos. A linguagem contemporânea foi exportada do blog que a roteirista Diablo Cody mantém e que lhe rendeu o convite para escrever este roteiro. “Juno” (EUA / Canadá / Hungria – 2007 – 91 min.). Direção: Jason Reitman (“Obrigado Por Fumar”) com Ellen Page, Michael Cera, Jason Bateman, Jennifer Garner. Nos Cinemas: estréia prometida em 22 de fevereiro 41 Vinhos & Videiras Aquecimento global: ameaça para os vinhos? Na velocidade em que a Terra está se aquecendo, o comprometimento para as espécies de uvas, e conseqüentemente de vinhos, é inevitável. Por Arthur Azevedo N o momento em que sentimos na pele, literalmente, os efeitos do intenso calor do verão brasileiro, fica difícil esquecer tudo o que tem sido dito sobre os efeitos do aquecimento global. Será que haverá uma real ameaça para a produção de vinhos de qualidade? Grande especialista no assunto, o espanhol Pancho Campo esteve recentemente no Brasil e, em palestra, discorreu sobre como as alterações climáticas estão alterando o panorama vitivinícola mundial. As causas do aquecimento global estão sendo amplamente estudadas, sendo a mais importante delas a emissão descontrolada de gases para a atmosfera, criando o chamado “efeito estufa”. Pancho Campo disse que a temperatura vem aumentando de um terço de grau Celsius a cada 10 anos, o que representa um aumento de 3º C nos próximos 100 anos, e isso é muito mais rápido do que aconteceu na Terra nos últimos 10 mil anos. Esta velocidade impede a adaptação de várias espécies e ecossistemas. Para as uvas e por extensão, para os vinhos, dois panoramas podem ser vislumbrados. Nas regiões mais frias, onde as uvas sempre tiveram dificuldade para amadurecer, o aumento de temperatura está sendo até benéfico, mas onde a temperatura já é mais elevada, a situação se torna mais grave, pois com a tendência atual de se colher as uvas tintas mais tardiamente para esperar o amadurecimento dos taninos, há um acúmulo maior de açúcar, o que faz com que o teor de álcool dos vinhos aumente muito acima do razoável. As soluções, a curto prazo, são procurar novas áreas de plantio e também desenvolver novos clones e porta-enxertos, visando uma adaptação às novas condições climáticas. A longo prazo, soluções mais duradouras terão que ser buscadas e isso depende basicamente da boavontade de governos e da colaboração de todos. Arthur Azevedo é presidente da ABS-SP (www.abs-sp.com.br) , editor da revista Wine Style (www.winestyle.com.br) e do website Artwine (www.artwine.com.br) Mesa Posta É verão: aproveite o seu jardim, mas sem churrasco! F aço uma proposta diferente da tradição de acender o fogo na churrasqueira, colocar nela lingüiças, costela, picanha, fraldinha e chamar todos para almoçar ou jantar. Com um pouco de atenção aos detalhes é possível preparar muitas outras coisas, normalmente feitas no forno ou nas panelas. Podemos, assim, desfrutar os prazeres de preparar a refeição ao ar livre com o sabor que a grelha oferece e interagir com os convidados num papo agradável e sentindo os aromas que aguçam as nossas papilas. 1) SALMÃO COM PIPÉRADE (pipérade é uma mistura de temperos com vegetais grelhados, oriunda da Região Basca, no Sudoeste da França): Para 4 pessoas utilize uma cebola grande cortada em rodelas com 1cm de espessura; 1 pimentão verde e 1 vermelho sem sementes, cortados em rodelas com 1cm de largura; 1/4 de xícara de chá com azeite extra virgem. Coloque os legumes na grelha, pincele com o azeite, tempere levemente com sal e pimenta do reino preta moída na hora e grelhe por 4 minutos. Vire os legumes e repita a operação, grelhando por mais 4 minutos. Transfira para uma tigela, separe os anéis de cebola e tempere com 2 colheres de sopa com tomilho fresco (se for seco use 1 colher de chá), 2 colheres de sopa com salsinha picada, 42 Por Isabel Caldeira o restante do azeite, sal e pimenta do reino preta moída na hora. Misture bem e reserve. Tempere 4 filés de salmão (com o couro) com azeite extra virgem, sal e pimenta do reino preta, coloque sobre a grelha com o couro voltado para baixo e quando estiverem cozidos, vire os filés apenas para marcar a carne (leva ao todo 10 minutos). Divida a pipérade em 4 pratos, coloque sobre ela o filé grelhado e sirva (podem também ser usados badejo, robalo e pacu). 2) ATUM COM ALHO ASSADO E CEBOLA ASSADA COM MOSTARDA DE ESTRAGÃO: Para 4 pessoas use 4 bifes de atum com 250 gramas cada, azeite extra virgem, sal e pimenta do reino preta moída na hora. Tempere os 2 lados e reserve em temperatura ambiente. Use 4 cabeças de alho grandes, corte 0,5cm da parte inferior de forma a aparecer a polpa do alho. Faça um molho com 2 colheres de sopa com azeite extra virgem, 1 colher de sopa de tomilho fresco (ou 1 de chá se for seco), sal e pimenta do reino preta. Misture bem as cabeças de alho nesse molho, embrulhe em papel alumínio e coloque num canto menos quente da grelha para assar. Prepare a mostarda de estragão com 2 colheres de sopa com vinagre de vinho branco (ou vinagre com estragão), 2 colheres de sopa com mostarda de Dijon, 1/3 de xícara de chá com azeite extra virgem, 2 colheres de sopa com estragão fresco bem picado (se for seco use 1 colher de chá), 1/4 de colher de chá com sal e uma pitada de pimenta preta moída na hora. Misture primeiro o vinagre e a mostarda até incorporar, depois mexendo sempre, o azeite e em seguida o restante dos ingredientes. Reserve. Descasque as cebolas e em cada uma faça dois cortes em “x” para abrir um pouco as folhas, cuidando para não quebrá-las. Coloque as cebolas num canto da grelha com a parte superior voltada para baixo e cubra com papel alumínio, deixandoas grelhar até ficarem ligeiramente douradas. O alho e a cebola levarão cerca de 40 minutos para assarem. Um pouco antes, coloque no centro da grelha em fogo forte os bifes de atum, 5 minutos de cada lado, para ficarem ligeiramente dourados. Sirva cada um acompanhado por uma cebola com a mostarda de estragão e uma cabeça de alho regada com o molho que se formou no pacote de papel alumínio em que foram assados. Caem bem os vinhos tinto leve, refrescado, ou rosé levemente gelado, ou ainda, branco, gelado. Isabel Caldeira é cozinheira, estudiosa e especialista em receitas e cardápios especiais. Contato: [email protected]