A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS *Maria de Fátima Macedo Melo **Catarina Maria dos Santos RESUMO O exposto neste artigo vem mostrar o nível de degradação dos ecossistemas brasileiros.Esta questão é muito debatida, visto a importância do meio ambiente para a qualidade de vida da sociedade, que não poderá se manter com os acidentes provocados pela ação do homem, e que causam danos diariamente aos recursos naturais, afetando o equilíbrio ambiental. PALAVRAS CHAVE: Degradação, Ecossistema, Meio Ambiente. ABSTRACT: This article intends to show the degradation level of Brazilian ecossystems. Nowadays, this is a very dicussed subject since it is well-known the importance of environment for society’s quality of life, which will not be able to survive because of several accidents caused by man’s action over nature and also bring about daily harm towards the narural resources, affecting the environmental balance. Keywords: Degradation, Ecossystem, Environment. “O homem (...) depende da existência de uma natureza rica, complexa e equilibrada em torno de si.” (Samuel Murgel, 1997) A natureza sempre atendeu as necessidades humanas. Nos primórdios de forma simplória restringia-se apenas à alimentação, porém ao deixar sua condição de nômade o homem precisou desenvolver habilidades que suprissem as novas circunstâncias. A posição era outra e passou a exigir mais do meio natural, era necessário produzir, e não apenas colher. 1 Até adentrar na Era Industrial a degradação ambiental ocorria em uma escala menor, mas era conveniente avançar, a humanidade alcançara outro estágio – aumentara a população e conseqüentemente a produção em todos os níveis. A degradação dos ecossistemas atualmente está globalizada e inversamente proporcional à produção e ao consumo da população mundial, todavia vamos nos ater aos impactos ambientais no território brasileiro, que é secular. Desde o descobrimento, o solo, as águas, a fauna e a flora são exploradas para as diversas atividades, quando então o país tornou-se fonte inesgotável para abastecer a produção industrial em todo o mundo. Primeiro foi o pau-brasil que estava mais á mostra, depois os mais variados tipos de matéria-prima, que atendia o crescimento industrial da Europa e que se inicia no Brasil na segunda metade do século XX. O desenvolvimento foi e será necessário, todavia alcançou um limite que não é mais possível controlar, e a degradação dos ecossistemas brasileiros é conseqüência tanto da exploração externa como interna para manter o processo desenvolvimentista que sempre se preocupou exclusivamente com a produção e o lucro. *Bacharelanda em Turismo da Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina FAETE **Mestra em Educação. Profª. e Coordenadora do Curso de Turismo da FAETE. Este artigo é resultado de um debate sobre meio ambiente, na disciplina Turismo e Meio Ambiente, Ministrada pela Profª. Catarina Maria dos Santos, no Curso de Turismo da Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina – FAETE. 2 A ameaça que circunda os ecossistemas se dar por falta de um compromisso maior quando da utilização dos recursos naturais. A falta de um planejamento adequado levou a uma corrida exagerada para a exploração destes recursos, cuja renovação não acompanhou o ritmo intenso da produção. Ao todo são sete ecossistemas que cobrem o Brasil de norte a sul, e de suma importância para continuidade da vida, inclusive do planeta com toda a modernidade que alcançou ao longo dos milênios. Se não houver preservação, como sustentar o progresso que não pode retroceder? Na Amazônia está o maior ecossistema do mundo, e devido às boas condições climáticas concentra a maior biodiversidade do planeta. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), organização não-governamental, a região possui uma vegetação composta por mais de 30 mil espécies distribuídas de forma heterogênea entre cerrados com savanas nas áreas mais secas; gramíneas nos campos e campinaranas. Dependendo do solo e da topografia a vegetação pode ser dividida em matas de terras firmes - que nunca são alagadas, - matas de várzea – que sofrem alagamentos durante os meses de cheia - e matas de igapó – que são permanentemente alagadas (Furlan e Nucci: 1999, p. 24). A fauna possui 85% dos peixes de água doce da América do Sul, 350 espécies de mamíferos, 950 tipos de aves e aproximadamente 2,5 milhões de insetos. Toda estas comunidades animais e vegetais habitam níveis diferentes ao longo da floresta. A degradação que vem ocorrendo na Amazônia é provocada pelas as atividades mineradoras e agropecuárias, bem como pela caça e pesca predatória que colocam em risco sua biodiversidade com impactos como o desmatamento, erosão, poluição das águas e inundações de florestas (Almanaque Abril-Brasil – 2002). O Pantanal, localizado no Centro Oeste brasileiro é a maior planície inundável do planeta com 150 mil quilômetros quadrados, numa área de transição entre a Amazônia e o Cerrado, com ecossistemas aquáticos. Essencialmente agrícola, e com forte atração para o Turismo ecológico pela bela paisagem que possui, apresenta graves problemas em termos de degradação ambiental, principalmente com o lixo acumulado nas regiões ribeirinhas, que concentram localidades com saneamento básico precário e são pontos de partidas para várias atividades e terminam por contaminar as águas ao longo das hidrovias. 3 O prejuízo causado ao meio natural pantaneiro se deve ao crescimento urbano, a pecuária extensiva, o turismo e a caça e pesca predatória, como também as atividades da mineração. Com isso o alto grau de degradação da paisagem foi se estendendo e como conseqüência está havendo desequilíbrio da fauna e flora, poluição das águas e assoreamentos dos rios. A região foi reconhecida em 2001 pela Unesco – Órgão das Nações Unidas (ONU), Patrimônio Natural da Humanidade pela sua riqueza biológica e beleza cênica. Entretanto é preciso intensificar sua preservação ambiental para que esse titulo permaneça. O Ecossistema de Caatinga predomina na região do semi-árido e envolve oito Estados do Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí), e o norte de Minas Gerais. O clima semi-árido e as altas temperaturas, a maior media do país, entre 25º C e 29º C e o solo seco. A fauna é composta por lagartos, serpentes, anfíbios e mamíferos, entres estes últimos, estão o veado, preá, cutia, gambá, capivara, etc. O que caracteriza esta vegetação é a perda por completo das folhagens de quase todas as espécies durante a estação seca: o armazenamento de água em seus tecidos, as folhas com superfície reduzida ou reduzidas a espinhos. Na Caatinga dominam as famílias Leguminosae (juremas e jatobás), Bignoniceae (carobas e paus d’arco), Enphorbiaceae (maniçoba e marmeleiros). Entre as cactáceas, encontramos o mandacaru (Cereus jamacuru), o xique-xique (Cephalo cereus gounellei), etc (Joselina Rodrigues: 2001, p. 57). Este ecossistema vem sofrendo degradação há séculos, as perdas foram principalmente devido à colonização da área baseada exclusivamente na agricultura e pecuária, que favoreceu a formação de grandes latifúndios que permanecem nos dias atuais, causando prejuízos com o desmatamento, uso excessivo dos lençóis de água e a desertificação. No processo de desertificação, segundo Silva Neto (2001, p. 34), “o Estado do Piauí apresenta uma considerável área consumida por esta degradação que gera o desaparecimento de espécies animais e vegetais (...). As causas básicas do processo de desertificação na região de Gilbués (e áreas circunvizinhas) foram à eliminação da cobertura vegetal motivada, num primeiro momento, pela exploração de jazidas de diamantes e, posteriormente, pela implantação de campos pastoris”. 4 A segunda maior formação vegetal do país é o Cerrado e abrange dez estados do Brasil Central, o que corresponde 23,1%. Com duas estações bem definidas com o inverno seco e verão chuvoso, este ecossistema abriga três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul. Concentra uma vegetação rica, com arvores esparsas e disseminadas entre arbustos, e uma vida animal diversificada, tendo inclusive algumas espécies ameaçadas de extinção (o mico-leão dourado e a preguiça de coleira) por causa da caça e o comercio ilegal de animais e vegetais. Os fatores de degradação que mais afetam as áreas de Cerrado são: mineração; os projetos agropecuários e a expansão territorial. Na mesma velocidade que se processa o desenvolvimento, ocorre a degradação, e o distanciamento entre o equilíbrio econômico e o ambiental fica cada vez maior. A Mata Atlântica foi o ecossistema mais degradado, e junto com o Cerrado, Mata de Araucárias e a Zona Litorânea, forma uma das maiores interações ecossistêmicas. A cobertura vegetal correspondia 15% das terras descobertas, abrangendo a região Sudeste, Sul e Nordeste. Sua degradação foi intensa e vários fatores foram utilizados simultaneamente, desmatamento, agricultura, e expansão urbana. Atualmente está reduzida a 7% de sua área original, preservados, graças à presença da Serra do Mar. Conforme Furlan e Nucci, “Essas florestas encontram-se em diferentes condições de umidade, de temperatura e de tipo de solo; portanto, cada uma delas apresenta características exclusivas. A composição de espécies, por exemplo, não é a mesma numa floresta ao nível do mar e em outra, no topo de uma montanha”. Na vegetação se destacam espécies de madeira raras e de grande valor econômico como a peroba rosa (Aspidosperma peroba), e o cedro (Cedrela fissilis). A fauna apresenta variedades tanto para os ambientes aquáticos (jacarés, cagados, patos, mergulhão pescador, e varias espécies de peixes), como para os de terra firme como, lagartos, quatis, gambás, onças, e vários tipos de primatas. Os campos predominam na Região Norte, em faixa isoladas, entretanto, é no sul do Brasil que apresenta em extensa pradaria. Nos pampas-gaúchos a vegetação é aberta e com árvores de pequeno porte formadas por gramíneas (campos limpos), arbustos (campos sujos) e herbáceas. Algumas espécies são endêmicas, como os cactos e bromélias. A qualidade da terra, o clima e a hidrografia favorecem a atividades agropecuárias, que são responsáveis pela degradação que ocorre neste ecossistema, e que 5 produz a perda da fertilidade do solo, erosão, desmatamento e desertificação. A alternância de culturas foi o fator que mais contribuiu para os fortes impactos. Os produtores atualmente buscam terras férteis em outras áreas do território nacional, principalmente no Norte e Nordeste. A titulo de ilustração, produtores gaúchos se instalaram na região sul do Piauí, onde desenvolvem com êxito a cultura da soja. Fato que ainda provoca muitas discussões, por apresentar de um lado certos benefícios, e por outro, danos muito sérios para o meio ambiente. Na Região Sul, também está o ecossistema de Mata de Araucária, com uma formação vegetal especifica, e exclusiva de regiões de clima subtropical. Esta vegetação deve um alto grau de destruição, visto que o que hoje se apresenta é apenas 2% de sua totalidade. Motivo? Terra boa para o plantio do trigo e uva. O pinho ainda é muito utilizado como mátria prima para as indústrias de moveis e papel. Os Sistemas Costeiros e Insulares apresentam uma grande diversidade biológica por envolver praias, ilhas, estuários, etc. A vegetação é rica e o domínio maior é das restingas e mangues. Na restinga sobressaem, os tipos arbóreos e arbustivos muito densos. No mangue o Rhizophora mangle e a Avecennia são típicos das áreas litorâneas, com suas raízes suspensas e entrançadas, e com uma altura que ultrapassam os 20m. Tanto quanto a flora a fauna apresenta uma variedade muito grande entre mamíferos, aves, peixes, anfíbios e insetos. Um dos lugares tidos com santuário biológico nesta região é o atol das Rocas por manter intacta a paisagem natural e a riqueza da biodiversidade. O grau de degradação desse ecossistema foi e continua sendo muito alto por ocupar toda a costa brasileira, onde se concentram grandes cidades, portos, tem uma pesca intensa, e são atrativos turísticos com uma demanda alta o que provoca a especulação imobiliária tanto nos grandes centros como nas áreas mais afastadas. Estas atividades produzem impactos de grandes proporções ao meio ambiente, atingindo recursos naturais como o ar, água e o solo, essenciais à vida dos animais, vegetais e a do ser humano ator principal de muitas ações. O panorama ambiental do Brasil está a merecer uma atenção especial, tanto por parte das autoridades brasileiras, como dos organismos internacionais que zelam pela harmonia entre o homem e o meio ambiente. 6 Os programas de preservação devem ser intensificados para impedir interferências mais fortes sobre o meio ambiente, bem como tomar medidas de conservação que levam ao manejo sustentável, ou seja, a exploração dos recursos sem grandes impactos ambientais. Para mudar conceitos e hábitos, será necessário não apenas educar o homem para uma melhor convivência com o espaço natural, mas mudar as relações capitalistas, como novos sistemas produtivos e com uma nova estrutura social. Todavia todo este enfoque não tira do homem a sua parte de responsabilidade quanto à degradação causada aos recursos naturais. A gestão racional é uma alternativa para reintegrar homem e natureza, que não são partes isoladas, o espaço é o mesmo para a convivência harmoniosa de ambos. Para o ecossistema evoluir não poderá haver isolamento de uma espécie dentro do sistema geral, a evolução é constante e sucessiva com estabilidade para todos os componentes. A idéia de uso múltiplo das unidades básicas da organização da natureza apresenta-se como uma maneira mais apropriada para sanar o desequilíbrio ambiental, pois implica em responsabilidade para a utilização dos recursos naturais, onde o manejo propiciará uma estabilidade dos ecossistemas. Para a atividade turística, a degradação ambiental representa perda de insumo, visto que o meio ambiente natural exerce forte poder de atração. O turismo ainda se beneficia com a segunda natureza, ou seja, o meio ambiente construído, que tem no patrimônio histórico arquitetônico sua maior força motriz. Embora provoque impactos negativo ao meio ambiente, este não é o fator mais forte da degradação ambiental. O turismo como objeto de crescimento econômico busca alternativas e faz surgir novas práticas menos agressivas a natureza, atendendo uma demanda que hoje busca áreas ecologicamente preservadas, e contribui para a manutenção do equilíbrio ambiental. Segundo Ruschmann (2000, p. 27), “O turismo nos espaços naturais não é apenas modismo de uma época e a opinião pública tem se conscientizado, cada vez mais, da necessidade de proteger o meio ambiente”. Para a manutenção do turismo e conseqüentemente do meio natural explorado são implementas hoje políticas voltadas para o desenvolvimento sustentado, e o ecoturismo desponta como principal vetor para contribuir com a preservação ambiental e a qualidade de vida das regiões receptoras. 7 BIBLIOGRAFIA Almanaque Abril – Meio Ambiente. P. 263 -267/274 -288. 2002. BRANCO, Samuel Murgel. O Meio Ambiente em Debate. 26ª ed – renovada e ampliada. São Paulo: Moderna, 1999. FURLAN, Sueli Ângelo, NUCCI, João Carlos. A Conservação das Florestas Tropicais. São Paulo: Atual, 1999. RODRIGUES, Joselina Lima Pereira. Estudos Regionais do Piauí. Teresina: Halley, 2001. RUSCHMANN, Dóris van de Meene. Turismo e Planejamento Sustentável: A proteção do meio ambiente. 6ª Edição. Campinas – SP: Papirus, 2000. SILVA NETO, Francisco Ferreira. O Piauí e sua geografia em seus aspectos físicos, humanos e econômicos. Teresina: Capital, 2001. 8