As Demonstrações Contábeis para Pequenas e Médias Empresas (PMEs) NBC T 19.41 – Resolução 1255/09 do CFC Profa Marcia Ferreira Neves Tavares Prof. Severino Ramos da Silva O que vamos conversar... • Por quê e para quê Contabilidade Internacional para PMEs? • Objetivo da NBC T 19.41 (Resolução CFC 1255/09); • Descrição de pequenas e médias empresas (PMEs); • Demonstrações Contábeis exigidas; • Como agir neste novo contexto? • Conclusão. Por quê e para quê Contabilidade Internacional para PMEs? S/A de capital fechado 100% dos clientes são instituições governamentais Enquadrada no Simples até 2009 Em média 300 funcionários Faturamento Anual: R$ 10.000.000 Principais problemas... CAIXA TRIBUTÁRIOS CONTABILIDADE • Dificuldades de conciliar contas a pagar com contas a receber • Aumento do endividamento bancário • Confissão de dívidas tributárias anteriores à SRF do Brasil • Aumento do passivo tributário de anos • Até 2009, não se tinha uma contabilidade real • Pensava-se que era lucrativa; quando o PL de 2010 já se encontrava negativo... Tentativa de Solução... Lucro Financiamento subsidiado Mais de R$ 1.000.000 já gastos em projetos Prejuízo: Aporte de capital com recursos próprios O trade-off... • Demonstrar o prejuízo e não conseguir empréstimo, atestando a descontinuidade? o • E as licitações? • Quais os critérios contábeis para reconhecimento de receitas e despesas? Não poderíamos ser ajudados, com artifícios contábeis? • E agora? O que fazer ? Não conseguimos captar novos sócios... Objetivo da Resolução 1.255/09 • Fornecer uma linguagem comum, considerando também as necessidades de pequenas e médias empresas; • Simplificar as full IFRS; • Melhorar acesso ao crédito (qualidade informação) e à abertura do capital social; • Promover eficiências de auditoria. da Descrição de PMEs • Não tem obrigação pública de prestação de contas; • Não tem práticas contábeis ditadas por órgãos reguladores; • Elaboram demonstrações contábeis para fins gerais para usuários externos. Obrigação Pública de Prestação de Contas • Se instrumentos de dívida ou patrimoniais são negociados em mercado de ações ou se os mesmos estiverem no processo de emissão para negociação em mercado aberto ou; • Se a empresa possuir ativos em condição fiduciária perante um grupo amplo de terceiros, como um de seus principais negócios. Assim... • • • • As S/A de capital fechado, Sociedade Limitadas; Demais sociedades comerciais; Desde que não enquadradas pela Lei 11.638/07 como SGP São consideradas PMEs. Definição de SGP “Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais)” Fonte: Lei 11.638/07, art. 3, parágrafo único Alguns exemplos (IASB) Posso usar a Resolução CFC 1255/09? • Empresa pequena cujas ações sejam listadas em uma bolsa de valores? • Grande fabricante com capital fechado (não listado)? • Pequeno banco comercial com capital fechado? • Fábrica não listada subsidiária de uma controladora listada na Bolsa de Valores que utiliza os IFRS completos? Conjunto Completo de Demonstrações Contábeis • • • • • • Balanço Patrimonial (BP) (Posição Patrimonial e Financeira) Demonstração do Resultado (DRE) (Desempenho) Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) (Desempenho) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) (Obrigatória) Notas Explicativas (NE). Os pressupostos básicos associados as características qualitativas das demonstrações contábeis estabelecem o arcabouço teórico onde subjaz toda a prática contábil. Estrutura do Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO + PL Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo Investimentos Receita Diferida líquida Imobilizado Patrimônio Líquido Intangível Capital Social Diferido* Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Ações em Tesouraria (-) Prejuízos Acumulados Total do Ativo Fonte: Lei 11.941/09 Total do Passivo + PL Estrutura do Balanço Patrimonial Observações sobre o Patrimônio Líquido 1. Reserva de Reavaliação (saldo remanescente) 2. Ajustes de Avaliação Patrimonial (positivo ou negativo) 3. Lucros Acumulados 4. Quotas Liberadas (operação proibida a partir da vigência do Novo Código Civil) Demonstração do Resultado do Exercício Receita de vendas (-) Deduções de vendas Receita líquida de vendas (-) Custo das Mercadorias/Serviços Vendidos Lucro Bruto Despesas/Receitas Operacionais (-) Despesas com vendas (-) Despesas administrativas (-) Despesas tributárias (-) Despesas Gerais (-) Despesas com investimentos em outras sociedades (+) Receitas com investimentos em outras sociedades (+) Outras Receitas Operacionais Resultado antes do resultado financeiro líquido (-) Despesas Financeiras (+) Receitas Financeiras Resultado antes dos tributos sobre o lucro (-) Provisão para CSLL (-) Provisão para IRPJ Resultado líquido das operações continuadas (+) Venda do ativo não circulante (-) Custo do ativo não circulante vendido (+) Resultado do ajuste a valor justo Resultado das operações descontinuadas (-) Provisão para CSLL - Operações descontinuadas (-) Provisão para IRPJ - Operações descontinuadas Resultado líquido das operações descontinuadas Resultado líquido do exercício xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx Estrutura da DRE Fonte: Silva, Lourivaldo Lopes da (2010) O que é a DRA? A DRA objetiva evidenciar a mutação que ocorre no PL durante um período que resulta de transações e outros eventos que não são derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários. Inicia-se com o término da DRE, considerando: • Ganhos e perdas provenientes da conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior; • Alterações no valor justo de instrumentos de hedge; • Ganhos e perdas atuariais. Se não se possui nenhum item classificados como O.R.A, apresenta-se, apenas, a DRE. Estrutura da DRA 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. ESQUEMA DE ACORDO COM O CPC PME Lucro Líquido do exercício (-) Ajustes de instrumentos financeiros (+) Tributos sobre ajuste de instrumentos financeiros (+) Equivalência Patrimonial sobre ganhos abrangentes de coligadas (+) Ajustes de conversão do período (-) Tributos sobre ajustes de conversão do período (=) Outros resultados abrangentes antes da reclassificação (+) Ajustes de instrumentos financeiros reclassificados para o Resultado (=) Resultado abrangente total Parcela dos sócios da controladora Parcela dos sócios não controladores 272.000 (60.000) 20.000 30.000 260.000 (90.000) 160.000 10.600 442.600 414.600 28.000 Saldos iniciais Aumento de Capital Gastos com emissão de ações Opções outorgadas reconhecidas Ações em tesouraria adquiridas Ações em tesouraria vendidas Dividendos Transações de capital com os sócios Lucro Líquido do exercício Ajustes instrumentos financeiros Tributos s/ ajustes instrumentos financeiros Equival. Patrim. sobre ganhos abrangentes de coligadas Ajustes de conversão do período Tributos s/ ajustes de conversão do período Outros resultados abrangentes Reclassific. para o resultado - Aj. Instrum. Financeiros Resultado abrangente total Constituição de reservas Realização da reserva de reavaliação Tributos sobre a realização da reserva de reavaliação Saldos finais Fonte: CPC 26 Reservas de Capital, Lucros ou Outros opções outorgadas e Prejuízos Resultados Capital Social Integralizado ações em tesouraria Reservas de Lucros Acumulados abrangentes 1.000.000,00 80.000,00 300.000,00 270.000,00 500.000,00 (50.000,00) (100.000,00) (7.000,00) 30.000,00 (20.000,00) 60.000,00 (162.000,00) 250.000,00 (60.000,00) 20.000,00 24.000,00 260.000,00 (90.000,00) 10.600,00 140.000,00 1.500.000,00 93.000,00 340.000,00 (140.000,00) 78.800,00 (26.800,00) 0,00 (78.800,00) 26.800,00 382.600,00 Participação dos não PL dos sócios controladores PL da controladora no PL das consolidado 1.650.000,00 158.000,00 1.808.000,00 350.000,00 32.000,00 382.000,00 (7.000,00) (7.000,00) 30.000,00 30.000,00 (20.000,00) (20.000,00) 60.000,00 60.000,00 (162.000,00) (13.200,00) (175.200,00) 251.000,00 18.800,00 269.800,00 250.000,00 22.000,00 272.000,00 (60.000,00) (60.000,00) 20.000,00 20.000,00 24.000,00 6.000,00 30.000,00 260.000,00 260.000,00 (90.000,00) (90.000,00) 154.000,00 6.000,00 160.000,00 10.600,00 10.600,00 414.600,00 28.000,00 442.600,00 2.315.600,00 204.800,00 2.520.400,00 Formato Alternativo Elaborar a DRE e DLPA, ao invés da DRA e DMPL, se as únicas alterações no PL decorrerem de: • • • • Resultado do período; Pagamento de dividendos; Retificação de erros de períodos anteriores e; Alteração em políticas contábeis Exemplo de DLPA Saldo no início do período (+/-) Ajuste de exercício anterior a. efeitos de mudança de critérios contábeis b. retificação de erros de exercícios anteriores (=) Saldo inicial ajustado (-) Parcela dos lucros incorporada ao capital social (+) Reversão das reservas de lucros a. Reserva legal b. Reserva estatutária c. Reserva para contingência d. Reserva de retenção de lucros e. Reserva especial para pagamento de dividendos f. Reserva de exaustão incentivada (+) Transferências de reservas a. Reserva de Capital b. Reserva de reavaliação c. (-) tributos sobre reserva de reavaliação d. (-) participações sobre reserva de reavaliação (+) Outros Recursos a. Bônus de Adimplência fiscal a utilizar (+/-) Lucro (prejuízo) líquido do exercício (=) Saldo a disposição da assembléia xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx (-) Transferências para reservas de lucros a. Reserva legal b. Reserva estatutária c. Reserva para contingência d. Reserva de retenção de lucros e.Reserva de lucros a realizar f. Reserva especial para pagamento de dividendos g. Reserva de exaustão incentivada (-) Dividendos ou lucros a distribuir a. dividendos por ação do capital social b. lucro por quota do capital social (-) Outras destinações a. Juros sobre capital próprio (=) Saldo no final do período xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx Demonstração dos Fluxos de Caixa • Objetivo: Fornecer informações acerca das alterações no caixa e equivalentes de caixa da entidade para um período contábil, evidenciando separadamente as mudanças nas atividades operacionais, investimentos e financiamentos; • Por que tanta ênfase na DFC? • Por que se elabora normalmente pelo método indireto? Exemplo de DFC – Método Indireto DFC - Método Indireto Lucro Líquido do exercício (+) Depreciação Lucro que afeta o caixa Variações no Circulante Duplicatas a receber Estoques Fornecedores Imposto de renda a pagar Caixa gerado nos negócios Atividades de Investimento (-) Aquisição de Permanentes Móveis e Utensílios Terrenos Ações de outras Cias. Atividades de Financiamento Integralização do capital Empréstimos bancários (-) Dividendos pagos Resultado final de caixa Saldo existente no ínicio do exercício Saldo final de caixa 1.950,00 120,00 2.070,00 (500,00) (500,00) 1.000,00 1.050,00 1.050,00 (3.440,00) (300,00) (1.000,00) (2.140,00) 1.120,00 1.500,00 470,00 (850,00) 800,00 1.500,00 2.300,00 Exemplo de DFC – Método Direto Demonstração do Fluxo de Caixa Atividades Operacionais Recebimento de vendas (-) Pagamento de compras Caixa bruto obtido nas operações (-) Despesas Operacionais vendas Administrativas Caixa gerado no negócio (-) Despesas Financeiras Pagas Caixa gerado após as operações financeiras Atividades de Investimento (-) Aquisição de Permanentes Móveis e Utensílios Terrenos Ações de outras Cias. Atividades de Financiamento Integralização do capital Empréstimos bancários (-) Dividendos pagos Resultado final de Caixa (+) Saldo existente em 31-12-X6 Saldo existente em 31-12-X7 9.500,00 (5.000,00) 4.500,00 (500,00) (380,00) 3.620,00 (500,00) 3.120,00 (3.440,00) (300,00) (1.000,00) (2.140,00) 1.120,00 1.500,00 470,00 (850,00) 800,00 1.500,00 2.300,00 E a DVA? • Demonstração não obrigatória para as PMEs; • Objetivo: Evidenciar o valor da riqueza agregada a um produto por uma determinada empresa, e de que forma esse valor agregado foi distribuído entre os fatores de produção. • Estimula-se fortemente a elaboração da DVA, para fins gerenciais. Exemplo da DVA 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Demonstração do Valor Adicionado Receitas (Receitas líquidas + impostos) Vendas de mercadorias, produtos ou serviços Provisão para crédito de liquidação duvidosa (inclusive reversão) Resultados não operacionais (-) Insumos adquiridos de terceiros (inclui ICMS e IPI) Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos Energia, serviços e outras despesas de terceiros Perda/Recuperação de valores ativos Valor Adicionado Bruto (1-2) (-) Retenções Depreciação, amortização e exaustão do período (=) Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3-4) Valor adicionado recebido em transferência Receita Financeira Dividendos recebidos Resultado de equivalência patrimonial Alugéis e royalties recebidos (=) Valor Adicionado Total a Distribuir (5 – 6) 8 Distribuição do valor adicionado 8.1 Para empregados: Despesas com pessoal (salários + encargos com férias, 13o salário) FGTS, alimentação, transporte e outros gastos Comissões pagas a vendedores Honorários dos diretores Participação dos empregados no lucro 8.2 Para terceiros: Juros Correção monetária e cambial Aluguéis e arrendamento 8.3 Para os acionistas: Dividendos Juros sobre o capital próprio 8.4 Para o governo: Impostos indiretos Imposto de renda e contribuição social Contribuição ao INSS Taxas e contribuições diversas 8.5 Para reenvestimento: Parcela de lucros retido Parcela de lucros destinados para reservas Notas Explicativas • Objetivo: Fornecer descrições narrativas e detalhes de itens apresentados nas demonstrações contábeis e informações acerca de itens que não se qualificam para reconhecimento. • Divulgar informações sobre práticas contábeis, julgamento e principais fontes de incerteza das estimativas. Como agir nesse novo contexto? • Romper com o paradigma do de para; • Saber pensar a contabilidade nas suas estruturas e critérios conceituais; • Questionar sempre: Por quê? • Se adaptar à realidade contábil de princípios e não de regras detalhadas. Conclusão • Contabilidade Internacional realidade para PMEs; também já é • Conflitos de interesse serão dirimidos, em última instância, por comportamentos éticos; • Necessidade de consultoria especializada; • É preciso acompanhar as mudanças, sair da “zona de conforto” e contribuir para o processo. OBRIGADA! Eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça (Isaías 41:10) Onde nos encontrar: Prof. Severino - [email protected] Profa. Marcia – [email protected] Site institucional: www.ferreiraauditores.com.br