PROGRAMA EQ-ANP Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Natural Cálculo de Equilíbrio de Fases em Alta Pressão Aplicado à Industria do Petróleo Marcelo Ferreira Alfradique Tese de Doutorado Orientador Prof. Marcelo Castier Dezembro de 2006 ii CÁLCULO DE EQUÍLIBRIO DE FASES EM ALTA PRESSÃO APLICADO À INDÚSTRIA DO PETRÓLEO Marcelo Ferreira Alfradique Tese submetida ao Corpo Docente do Curso de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências. Aprovado por: Prof.____________________________________ (Marcelo Castier, Ph. D.) (orientador – presidente da banca) Prof.____________________________________ (Affonso Carlos Seabra da Silva Telles, Ph. D.) Prof.____________________________________ (Fernando Luiz Pellegrini Pessoa, D. Sc.) Prof.____________________________________ (Gustavo Mendes Platt, D. Sc.) Prof.____________________________________ (Luiz Nélio Henderson Guedes de Oliveira, D. Sc.) Prof.____________________________________ (Martín Aznar, D. Sc.) Rio de Janeiro, RJ - Brasil Dezembro de 2006 iii Alfradique, Marcelo Ferreira. Cálculo de Equílibrio de Fases em Alta Pressão Aplicado à Indústria do Petróleo / Marcelo Ferreira Alfradique. – Rio de Janeiro: UFRJ/EQ, 2006. xxvii, 238 f. : il. Dissertação (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Escola de Química, 2006. Orientador: Marcelo Castier 1. Equilíbrio de Fases. 2. Pontos Críticos – Teses. I. Castier, Marcelo (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Química. III. Título. iv Aos meus pais v AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Gilberto e Genilda, pelo apoio incondicional em todas as minhas escolhas, pela educação e cuidados com muito amor, durante todos estes anos. Aos meus irmãos, Eduardo e Patrícia, pelo carinho e companheirismo. À minha esposa Sabrina, pelo amor, paciência e dedicação em todos os momentos durante a confecção deste trabalho. Ao orientador, Professor Marcelo Castier, pela amizade, paciência e competência durante tantos anos trabalhando juntos, sob sua excelente orientação. Aos companheiros do Laboratório de Simulação Molecular da Escola de Química, por proporcionarem um excelente ambiente de trabalho e cooperação para superar as dificuldades. Ao corpo de professores da Escola de Química e às Secretarias de PósGraduação e da ANP-PRH-13 pelos serviços prestados durante meu curso de doutorado. Ao Professor Papa Matar Ndiaye da Universidade Federal do Paraná pelas discussões iniciais a respeito dos diagramas de fases e fenômenos críticos. Ao Pesquisador Epaminondas C. Voutsas pelo fornecimento dos parâmetros da equação de estado de Peng-Robinson (PR-f). Ao apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo – ANP – e da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor de Petróleo e Gás – PRH-ANP/MCT, em particular ao PRH 13, da Escola de Química - Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Natural. Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. vi Resumo da Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química/UFRJ como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Doutor em Ciências, com ênfase na área de Petróleo e Gás Natural. CÁLCULO DE EQUÍLIBRIO DE FASES EM ALTA PRESSÃO APLICADO À INDÚSTRIA DO PETRÓLEO Marcelo Ferreira Alfradique Dezembro, 2006 Orientador: Prof. Marcelo Castier, Ph. D. Os estudos a respeito do cálculo de equilíbrio de fases em altas pressões têm adquirido grande importância nas últimas décadas. Parte desta importância está no interesse científico em se compreender o comportamento do equilíbrio de fases, em especial dos sistemas que exibem comportamentos não convencionais. Neste contexto, neste trabalho investiga-se o comportamento de fases em altas pressões em misturas assimétricas. Formulam-se e resolvem-se as condições termodinâmicas para a ocorrência de fenômenos complexos, tais como o de vaporização retrógrada dupla e fenômenos críticos tais como pontos críticos terminais e tricríticos, identificando os tipos de diagramas de fases que podem ser previstos. Aplica-se essa metodologia em misturas de hidrocarbonetos e na análise do comportamento de reservatórios de gás natural. Aborda-se também o equilíbrio termodinâmico entre fases adsorvidas, bem como o estudo de pontos críticos de tais fases. Para a execução de tais cálculos, diferentes equações de estado como Peng-Robinson, SAFT e PC-SAFT para fases volumares e uma equação de estado baseada na teoria do gás reticulado para fases adsorvidas são utilizadas. Para os cálculos de pontos críticos foi utilizado o método de Hicks e Young modificado. A fim de comparar as simulações executadas e o desempenho de diferentes equações de estado nos cálculos descritos acima, são utilizados dados experimentais disponíveis na literatura. Neste aspecto, a equação de Peng-Robinson obteve bons resultados, tanto no cálculo de diagramas de fases quanto na predição de pontos críticos de misturas de hidrocarbonetos. A equação SAFT mostrou grandes desvios em relação à informação experimental nos cálculos de pontos críticos. Na predição do comportamento de fases em reservatórios de gás natural, a equação PC-SAFT foi a mais precisa. Os programas confeccionados durante este trabalho compõem uma ferramenta poderosa na análise do equilíbrio de fases em altas pressões. vii Abstract of a Thesis presented to Curso de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos - EQ/UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Science with emphasis on Petroleum and Natural Gas. HIGH PRESSURE PHASE EQUILIBRIUM CALCULATIONS APPLIED TO PETROLEUM INDUSTRY Marcelo Ferreira Alfradique December, 2006 Supervisor: Prof. Marcelo Castier, Ph. D. Studies of high-pressure fluid phase equilibria have received much attention in recent decades. Part of this attention is due to the scientific interest of understanding fluid phase equilibrium, especially in systems that present non conventional behavior. In this context, the objective of this work is to investigate the high pressure fluid phase behavior of asymmetrical mixtures. The thermodynamic conditions for the occurrence of complex phase phenomena were formulated and solved, for problems such as double retrograde vaporization and location of critical end points and tricritical points, identifying the types of critical phase diagrams. These methodologies were applied in multicomponent hydrocarbons mixtures and in the analysis of the behavior of natural gas reservoirs. Studies about the phase equilibrium of adsorbed mixtures and their critical phenomena were also carried out. To execute these calculations, different equations of state like Peng-Robinson, SAFT and PC-SAFT for bulk phases and an equation of state based on the lattice gas theory for adsorbed phases were used. The modified Hicks e Young method was used to calculate critical points of mixtures. In order to compare the simulations and the performance of different equations of state in the calculations describe above, experimental data sets from the literature available were used. The Peng-Robinson equation provides good results both for phase diagram calculations and critical points predictions. The SAFT equation showed large deviations to experimental data in critical point calculations. In the prediction of phase behavior of natural gas reservoirs, the predictions of PC-SAFT equation were the most accurate. The programs developed in this work constitute a powerful tool for the analysis of high pressure fluid phase equilibria. viii LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Esquema de formação de uma molécula no modelo SAFT. a) Inicialmente o fluido é formado por esferas duras. b) Forças atrativas são adicionadas. c) Formação de moléculas formadas por cadeias. d) Moléculas formam complexos de associação. Fonte: Ndiaye (2004). (p. 12) Figura 3.1 – Região retangular de busca. (p. 54) Figura 3.2 – Localização dos pontos de entrada. (p. 56) Figura 3.3 – Trajetória dos pontos de entrada na região de busca. (p. 57) Figura 4.1 – Os principais tipos de diagramas de fases para sistemas binários de acordo com a classificação de van Konynenburg e Scott (1980). As linhas sólidas são as pressões de vapor dos dois componentes puros, as linhas tracejadas representam as linhas trifásicas (LLV) e as linhas pontilhadas são as linhas críticas (adaptado de Scott, 1999). (p. 59) Figura 4.2 – Diagrama de fases do Tipo I: (− − − ) curva crítica, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (o ) pontos críticos dos componentes puros (adaptado de van Pelt et al.,1991). (p. 60) Figura 4.3 – Diagrama de fases do Tipo II: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e (∆ ) UCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). (p. 61) Figura 4.4 – Diagrama de fases do Tipo III: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e (∆ ) UCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). (p. 62) Figura 4.5 – Diagrama de fases do Tipo IV: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). (p. 63) Figura 4.6 – Diagrama de fases do Tipo V: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al.,1991). (p. 64) Figura 4.7 – Diagrama de fases do Tipo VI: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al.,1991). (p. 65) ix Figura 4.8 – Diagrama de fases do Tipo VII: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). (p. 66) Figura 4.9 – Diagrama de fases do Tipo VIII: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). (p. 67) Figura 4.10 – Diagrama de fases do Tipo IX: (. . .)curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (− − − ) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais (adaptado de van Pelt et al., 1995). (p. 68) Figura 4.11 – Diagrama de fases do Tipo X: (. . .)curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (− − − ) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais (adaptado de van Pelt et al., 1995). (p. 69) Figura 4.12 – Um esquema de diagrama global de fases predito pela equação de estado de van der Waals para uma mistura com moléculas de mesmo tamanho, como calculado por van Konynenburg and Scott (Attwood e Hall, 2003). As coordenadas Λ e ζ são parâmetros adimensionais baseados nos termos “a” e “b” da equação de estado. (p. 72) Figura 4.13 – Ponto tricrítico como transição entre os Tipos II e IV: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP, (∇) LCEP e (•) ponto tricrítico (adaptado de Deiters e Pegg, 1989). (p. 74) Figura 4.14 – Ponto crítico terminal duplo como transição entre os Tipos III e IV: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP, (∇) LCEP e (•) ponto crítico terminal duplo (adaptado de Deiters e Pegg, 1989). (p. 76) Figura 4.15 – Ponto crítico azeótropo terminal como transição entre Tipo III-A e IIIHA: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais, (•) ponto crítico azeotrópico terminal (van Pelt, 1992). (p. 77) Figura 4.16 – Ponto de van Laar no diagrama P,T. (.....) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (− − −) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais, (•) ponto de van Laar (van Pelt et al., 1993). (p. 79) Figura 4.17 – As regiões do Tipo II, III, e IV no diagrama global de fases em torno do ponto de van Laar. Esta figura está fora de escala para facilitar a visualização. Tr é a x curva tricrítica, MDP é a linha de pontos duplos matemáticos, DCEP é a curva de pontos críticos terminais duplos, gm é curva da regra de combinação e VL é o ponto de van Laar (van Pelt e de Loos, 1992). (p. 80) Figura 4.18 – Transição entre os diagramas II e VI. (---) pressões de vapor dos componentes puros, (-.-) cruva trifásica, (-) curvas críticas (adaptado de Wang e Sadus, 2000). (p. 81) Figura 4.19 – Ampliação da região onde se encontra a “shield region” no diagrama global de fases e as regiões dos novos tipos II-A*, III-Am*, III-Am** (van Konynenburg e Scott, 1980). (p. 82) Figura 5.1. Diagrama de fase P-T mostrando o comportamento retrógrado (adaptado de Hicks e Young,1975). (p. 91) Figura 5.2 – Diagrama P-x-y para o sistema etano-limoneno a 307,4 K e 305,3 K (Tc do etano: 305,4K). As linhas sólidas e tracejadas representam as curvas de pontos de orvalho e de bolha, respectivamente. (p. 93) Figura 5.3 – Representação esquemática das transições no diagrama P-x-y com o aumento da temperatura. “A” representa o componente mais volátil (adaptado de Raeissi e Peters, 2001). (p. 94) Figura 5.4 – Curvas de pontos de orvalho para o sistema metano+n-butano a 189,06 K usando a regra GM para a ij e outra regras para b ij . (•) Chen et al. (1974). (p. 98) Figura 5.5 – Curvas de pontos de orvalho para o sistema metano+n-butano a 189,06 K usando a regra BE para a ij e outra regras para b ij . (•) Chen et al. (1974). (p. 99) Figura 5.6 – Isopletas em fração molar para o sistema etano+limoneno com 99,93% em etano usando a regra GM para a ij e outras regras para b ij : (a) AM, (b) LS, (c) SA, (d) LO, e (e) GH. (•) Raeissi and Peters (2002a). (p. 100) Figura 5.7 – Curvas de ponto de orvalho para o sistema metano+n-pentano a 191,08 K. (a) GM com AM, (b) GM com LS, (c) BE com SA, (d) BE com AM e (e) BE com LS. (•): Chen et al. (1974). (p. 102) Figura 5.8 – Imiscibilidade líquido-líquido para o sistema metano+n-pentano a 191,08 K. (a) GM com LS, (b) BE com SA, e (c) BE com LS. (p. 103) Figura 5.9 – VRD nos sistemas: (a) propano+naftaleno a 373,5K, (b) propano+1-metilnaftaleno a 373,0K, (c) propano+bifenil a 372,8 K, (d) propano+difenil-metano a 372,2 K. (p. 105) Figura 6.1 – Pressão de espalhamento ( π ) em função da fração molar do componente 1 nas fases adsorvidas ( x1α e x1β ) na temperatura de 140 K. (p. 113) xi Figura 6.2 – Quantidade de matéria adsorvida em função da pressão da fase volumar do sistema na temperatura de 140 K. (p. 113) Figura 6.3 – Diagramas da pressão de espalhamento ( π )-e composições das fases adsorvidas ( x1α e x1β ) para o Exemplo 1 nas temperaturas de 95, 145 e 215 K. (p. 116) Figura 6.4 – Diagramas da pressão de espalhamento ( π )-composições das fases adsorvidas ( x1α e x1β ) para o Exemplo 2 nas temperaturas de 385, 395 e 405 K. (p. 118) Figura 6.5 – Curva de ponto de orvalho de adsorção em forma de “S”. (p. 120) Figura 6.6 – Curva de ponto de orvalho de adsorção que caracteriza a vaporização retrógrada dupla. (p. 120) Figura 6.7 – Comportamento retrógrado em fases adsorvidas. (p. 121) Figura 6.8 – Diagrama de fases para o sistema que apresenta três fases adsorvidas em equilíbrio. (p. 123) Figura 7.1 – Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo I. (o) pontos críticos dos componentes puros. (p. 132) Figura 7.2 – Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo II. (o) pontos críticos dos componentes puros e ( ) UCEP. (p. 133) Figura 7.3 – Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo III. (o) pontos críticos dos componentes puros e ( ) UCEP.(p. 134) Figura 7.4 – a) Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo IV. b) Região ampliada em torno dos pontos críticos terminais. (o) pontos críticos dos componentes puros, ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 135) Figura 7.5 – a) Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo V. b) Região ampliada em torno dos pontos críticos terminais. (o) pontos críticos dos componentes puros, ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 137) Figura 7.6 – Transição entre os Tipos I e V. a) Tipo I (U22 = 1064,70 J/mol). b) TCP (◊) como transição entre Tipo I-V (U22 = 1061,74 J/mol). c) Tipo V (U22 = 1061,00 J/mol). (p. 138) Figura 7.7 – Transição entre os Tipos II e IV. a) Tipo II (U22 = 6040,00 J/mol). b) TCP (◊) como transição entre Tipo II-IV (U22 = 6059,38 J/mol). c) Tipo IV (U22 = 6065,00 J/mol). (p. 139) xii Figura 7.8 – Transição entre os Tipos III e IV. a) Tipo IV (U22 = 6114,00 J/mol). b) DCEP () como transição entre Tipo III-IV (U22 = 6114,44 J/mol). c) Tipo III (U22 = 6115,00 J/mol). (p. 140) Figura 8.1 – Diagramas de fases para a mistura metano+etano. Dados experimentais: (Hicks e Young, 1975). (p. 145) Figura 8.2 – Diagramas de fases para a mistura metano+propano. Dados experimentais: (Hicks e Young, 1975). (p. 146) Figura 8.3 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-butano. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), (∫) Elliot et al. (1974), () Kahre (1974). (p. 147) Figura 8.4 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 148) Figura 8.5 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 148) Figura 8.6 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PCSAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 149) Figura 8.7 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PCSAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 149) Figura 8.8 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). (p. 150) Figura 8.9 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 151) Figura 8.10 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 152) Figura 8.11 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PCSAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 152) xiii Figura 8.12 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PCSAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 153) Figura 8.13 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). (p. 153) Figura 8.14 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1974). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 155) Figura 8.15 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1974). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 155) Figura 8.16 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1974). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 156) Figura 8.17 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PCSAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1974). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 156) Figura 8.18 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PCSAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1974). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 157) Figura 8.19 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 158) Figura 8.20 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 158) Figura 8.21 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 159) Figura 8.22 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PCSAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP. (p. 159) Figura 8.23 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PCSAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 160) xiv Figura 8.24 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 161) Figura 8.25 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 161) Figura 8.26 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PCSAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP. (p. 162) Figura 8.27 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PCSAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 162) Figura 8.28 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 163) Figura 8.29 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 164) Figura 8.30 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 164) Figura 8.31 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PCSAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP. (p. 165) Figura 8.32 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PCSAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 165) Figura 8.33 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. (p. 166) Figura 9.1 – Diagrama de fases P-T para uma mistura. (p. 175) Figura 9.2 – Diagrama de Fases do GNS1. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 179) Figura 9.3 – Diagrama de Fases do GNS2. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson, ( ) PC-SAFT e (⌠) Experimental. (p. 180) Figura 9.4 – Diagrama de Fases do GNS3. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson, ( ) PC-SAFT e (⌠) Experimental. (p. 180) Figura 9.5 – Diagrama de Fases do GNS4. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 182) xv Figura 9.6 – Diagrama de Fases do GNS5. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 182) Figura 9.7 – Diagrama de Fases do GNS6. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 183) Figura 9.8 – Diagrama de Fases do GNS7. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 183) Figura 9.9 – Diagrama de Fases do GNS8. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 184) Figura 9.10 – Diagrama de Fases do GNS9. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 185) Figura 9.11 – Diagrama de Fases do GNS10. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 185) Figura 9.12 – Diagrama de Fases do GNS11. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 186) Figura 9.13 – Diagrama de Fases do GNS12. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 186) Figura 9.14 – Diagrama de Fases do GNS13. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 187) Figura 9.15 – Diagrama de Fases do GNS14. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 188) Figura 9.16 – Diagrama de Fases do GNS15. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 188) Figura 9.17 – Diagrama de Fases do GNS16. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 189) Figura 9.18 – Diagrama de Fases do GNS17. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 190) Figura 9.19 – Diagrama de Fases do GNS18. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 190) Figura 9.20 – Diagrama de Fases do GNS19. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PCSAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: () Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. (p. 191) xvi Figura A.1 – Diagramas de fases para a mistura etano+propano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 222) Figura A.2 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-butano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 222) Figura A.3 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-pentano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 223) Figura A.4 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 223) Figura A.5 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 224) Figura A.6 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-octano. Dados experimentais: Singh et al. (2000). (p. 224) Figura A.7 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-nonano. Dados experimentais: Singh et al. (2000). (p. 225) Figura A.8 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 225) Figura A.9 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-butano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 226) Figura A.10 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-pentano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 226) Figura A.11 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 227) Figura A.12 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 227) Figura A.13 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 228) Figura A.14 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 228) Figura A.15 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-pentano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 229) Figura A.16 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 229) xvii Figura A.17 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 230) Figura A.18 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 230) Figura A.19 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 231) Figura A.20 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 231) Figura A.21 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 232) Figura A.22 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 232) Figura A.23 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-nonano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 233) Figura A.24 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 233) Figura A.25 – Diagramas de fases para a mistura n-hexano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 234) Figura A.26 – Diagramas de fases para a mistura n-hexano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 234) Figura A.27 – Diagramas de fases para a mistura n-hexano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 235) Figura A.28 – Diagramas de fases para a mistura n-heptano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). (p. 235) xviii LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Constantes do modelo referentes às Equações (2.51) e (2.52). (p. 23) Tabela 6.1 – Parâmetros do modelo de adsorção para componentes hipotéticos ( λ = 8.443 × 104 m2/mol). (p. 112) Tabela 6.2 – Resultados do flash e a distribuição dos componentes em um sistema que apresenta duas fases adsorvidas e uma fase volumar. (p. 114) Tabela 6.3 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 1. ( λ =3,83 × 107 m2/mol). (p. 115) Tabela 6.4 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 2. ( λ =8,44 × 104 m2/mol). (p. 117) Tabela 6.5 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 3 ( λ =8,44 × 104 m2/mol). (p. 119) Tabela 6.6 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 4. ( λ =8,44 × 104 m2/mol). (p. 122) Tabela 7.1 – Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo I. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). (p. 131) Tabela 7.2 – Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo II. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). (p. 133) Tabela 7.3 – Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo III. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). (p. 134) Tabela 7.4 – Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo IV. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). (p. 135) Tabela 7.5 – Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo V. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). (p. 136) Tabela 8.1 – Resumo dos diagramas críticos da série metano+n-alcanos. (p. 166) Tabela 8.2 – Misturas binárias de n-alcanos calculadas. (p. 168) Tabela 8.3 – Composição molar das misturas (Peng e Robinson, 1977). (p. 170) Tabela 8.4 – Pressões críticas das misturas. (p. 171) xix Tabela 8.5 – Temperaturas críticas das misturas. (p. 172) Tabela 9.1 – Composição (% molar) dos GNS. (p. 178) Tabela 9.2 – Composição (% molar) dos GNS. (p. 178) Tabela A.II.1 – Parâmetros utilizados na EdE PR (Poling et al., 2000). (p. 237) Tabela A.II.2 – Parâmetros utilizados na EdE PR-f (Voutsas et al., 2006). (p. 237) Tabela A.II.3 – Parâmetros utilizados na EdE PC-SAFT (Gross e Sadowski, 2001). (p. 238) Tabela A.II.4 – Parâmetros utilizados na EdE PC-SAFT-f (Cismondi et al., 2005). (p. 238) Tabela A.II.5 – Parâmetros utilizados na EdE SAFT (Huang e Radosz, 1990). (p. 238) xx LISTA DE ABREVIATURAS BOL Ponto de bolha; BWR Benedict-Webb-Rubin; CA Computação algébrica; EdE Equação de estado; LL Equilíbrio líquido-líquido; LV Equilíbrio líquido-vapor; LLV Equilíbrio líquido-líquido-vapor EOSCF Crossover equation of state for chain fluids Exp Experimental; GC-EOS Group Contribution – Equation of State; LCEP Ponto crítico terminal inferior MCSL Mansoori-Carnahan-Starling- Leland ORV Ponto de orvalho; PC-SAFT Perturbed Chain – SAFT; PR Peng-Robinson; PRSV Peng-Robinson-Stryjek-Vera PSRK Predicted Soave Redlich Kwong PVAP Pressão de vapor; RK Redlich-Kwong; SAFT Statistical Association Fluid Theory; SPHCT Simplified Perturbed Hard Chain Theory SRK Soave-Redlich-Kwong; Temp Temperatura; UCEP Ponto crítico terminal superior UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro; xxi LISTA DE SÍMBOLOS A Energia livre de Helmholtz; a Parâmetro atrativo da equação de estado de Peng-Robinson; a Área molar de adsorção; a0i, a1i, a2i Constantes da EdE PC-SAFT; b Parâmetro (covolume) da equação de estado de Peng-Robinson; b0i, b1i, b2i Constantes da EdE PC-SAFT; c Número de componentes; d Diâmetro efetivo do segmento; Dij São constantes universais; F Vetor das equações a serem resolvidas; fi Fugacidade; gii Função de correlação de pares; J Matriz Jacobiana; k Constante de Boltzmann; ki Representa a constante de Henry para a adsorção; k ij Parâmetro de interação binária; l ij Parâmetro de interação binária; ln Logaritmo neperiano; m Número de segmentos; M Número de sítios; N Número de moléculas adsorvidas; Nav Número de Avogadro; P Pressão; Q Função de partição canônica; qi Parâmetro relacionado com a área molecular; R Constante universal dos gases; T Temperatura; xxii u0 Energia de interação entre os segmentos; U ij Energia molar de interação; v Volume molar; x Fração molar; distância radial reduzida em torno do segmento; X Vetor de incógnitas; x Vetor de fração molar; y Vetor de fração molar; Z Número de coordenação do reticulado; Letras gregas: β Tamanho do passo do método de Newton Raphson; ξk Função proporcional à densidade molar; η Fator de Empacotamento; λ Área ocupada por um mol de sítios no reticulado; µi Potencial químico do componente i; π Pressão de espalhamento; ρ Densidade; σ Diâmetro de um segmento; ΩG Função de Gibbs do critério de estabilidade de fases; ω Fator acêntrico; Σ Somatório; ∂ Derivada parcial; Subscritos/Sobrescritos ads Fase adsorvida; assoc Associação; c Crítico; cadeia Cadeia; disp Dispersão; ed Esferas duras; xxiii hc Cadeia de esferas duras; i Componente; j Componente; nc Número de componentes; sat Condição de saturação; vap Vaporização; V Vapor; ref Referência; id Ideal; res Residual; ig Gás ideal; 0 Estado de referência; T Transposto; h Referente ao balanço de energia; lv Referente a equação adicional (líquido-vapor); L Líquido; vol Fase volumar; b Iteração; ´ Fase incipiente; _ Vetor; média; = Matriz; xxiv SUMÁRIO p. CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .............................................................................. 1 1.1 – Importância no Setor de Petróleo e Gás Natural 1 1.2 – Extração com Fluidos Supercríticos 2 1.3 – Escopo do Trabalho 3 CAPÍTULO 2 – EQUAÇÕES DE ESTADO PARA MODELAGEM DO EQUILÍBRIO DE FASES ......................................................................................... 7 2.1 – Introdução 7 2.2 – A EdE Peng-Robinson 8 2.3 – A EdE SAFT 11 2.3.1 – Termo de esferas duras 13 2.3.2 – Termo de formação da cadeia 15 2.3.3 – Termo de dispersão 16 2.4 – A EdE PC-SAFT 19 2.4.1 – Termo de cadeia de esferas duras 19 2.4.2 – Termo de dispersão 21 2.5 – Parâmetros das EdE SAFT e PC-SAFT 24 2.6 – A EdE Bidimensional Baseada no Modelo de Gás Reticulado 25 CAPÍTULO 3 – TÉCNICAS COMPUTACIONAIS PARA O CÁLCULO DE EQUILÍBRIO DE FASES ....................................................................................... 28 3.1 – Introdução 28 3.2 – Cálculo das Raízes da Equação de Estado 29 3.3 – Computacão Algébrica 29 3.4 – Teste Global de Estabilidade de Fases 31 3.4.1 – Introdução 31 3.4.2 – A abordagem de Michelsen 31 3.4.3 – Metodologia de cálculo 32 3.5 – Cálculo de Pontos de Bolha e Orvalho 37 3.5.1 – Introdução 37 xxv 3.5.2 – Metodologia 38 3.6 – Cálculo de Pontos Críticos 41 3.6.1 – Introdução 41 3.6.2 – Progressos nos cálculos de pontos críticos para misturas 43 3.6.3 – O método de Hicks e Young 53 CAPÍTULO 4 – DIAGRAMAS DE FASES ............................................................. 58 4.1 – Introdução 58 4.1.1 – Diagramas de Fases do Tipo I 60 4.1.2 – Diagramas de Fases do Tipo II 61 4.1.3 – Diagramas de Fases do Tipo III 62 4.1.4 – Diagramas de Fases do Tipo IV 63 4.1.5 – Diagramas de Fases do Tipo V 64 4.1.6 – Diagramas de Fases do Tipo VI 64 4.1.7 – Diagramas de Fases do Tipo VII 65 4.1.8 – Diagramas de Fases do Tipo VIII 66 4.1.9 – Diagramas de Fases do Tipo IX 67 4.1.10 – Diagramas de Fases do Tipo X 68 4.2 – Diagramas Globais de Fases 69 4.2.1 – Introdução 69 4.2.2 – Transições entre regiões do DGF 72 4.2.2.1 – O ponto tricrítico 73 4.2.2.2 – O ponto crítico terminal duplo 75 4.2.2.3 – Azeótropos limites 76 4.2.2.4 – Ponto crítico azeotrópico terminal 77 4.2.2.5 – Ponto crítico terminal a T=0K 78 4.2.2.6 – Pontos duplos matemáticos 78 4.2.2.7 – Pressão crítica máxima degenerada 80 4.2.3 – Avanços nos cálculos de DGF 81 4.2.4 – Resumo 88 CAPÍTULO 5 – COMPORTAMENTO RETRÓGRADO NO EQUILÍBRIO DE FASES ................................................................................................................. 5.1 – Vaporização/Condensação Retrógrada 90 90 xxvi 5.2 – Vaporização Retrógrada Dupla 92 5.2.1 – Introdução 92 5.2.2 - Metodologia 96 5.2.3 – Efeito da regra e combinação na predição da VRD 96 5.3 – VRD em Misturas de Hidrocarbonetos Contendo Aromáticos 104 5.4 – Conclusões 105 CAPÍTULO 6 – EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO ENTRE FASES ADSORVIDAS ......................................................................................................... 107 6.1 – Introdução 107 6.2 – Cálculo do Ponto Crítico do Componente Puro Adsorvido 108 6.3 – Metodologia para o Cálculo do Equilíbrio de Fases 109 6.4 – Resultados e Discussões 110 6.4.1 – Exemplo 1 114 6.4.2 – Exemplo 2 116 6.4.3 – Exemplo 3 118 6.4.4 – Exemplo 4 121 6.5 - Conclusões 123 CAPÍTULO 7 – FENÔMENOS CRÍTICOS ENTRE FASES ADSORVIDAS . 125 7.1 – Introdução 125 7.2 – Cálculo de Pontos Críticos entre Fases Adsorvidas 127 7.3 – Resultados e Discussões 130 7.3.1 – Diagrama do Tipo I 131 7.3.2 – Diagrama do Tipo II 132 7.3.3 – Diagrama do Tipo III 133 7.3.4 – Diagrama do Tipo IV 134 7.3.5 – Diagrama do Tipo V 136 7.3.6 – Transição entre os diagramas de fases 137 7.4 - Conclusões 141 CAPÍTULO 8 – CÁLCULO DE PONTOS CRÍTICOS EM MISTURAS 142 8.1 – Introdução 142 8.2 – Metodologia 143 8.3 – Resultados e Discussões 143 xxvii 8.3.1 – Diagramas críticos de misturas binárias de hidrocarbonetos 144 8.3.1.1 – Misturas de metano+n-alcanos 144 8.3.1.1.1 – Mistura metano+etano 144 8.3.1.1.2 – Mistura metano+propano 145 8.3.1.1.3 – Mistura metano+n-butano 146 8.3.1.1.4 – Mistura metano+n-pentano 147 8.3.1.1.5 – Mistura metano+n-hexano 150 8.3.1.1.6 – Mistura metano+n-heptano 154 8.3.1.1.7 – Mistura metano+n-octano 157 8.3.1.1.8 – Mistura metano+n-nonano 160 8.3.1.1.9 – Mistura metano+n-decano 163 8.3.1.2 – Misturas de n-alcanos+n-alcanos 167 8.3.2 – Pontos críticos de misturas multicomponentes 168 8.4 - Conclusões 173 CAPÍTULO 9 – CÁLCULO DE EQUILÍBRIO DE FASES EM RESERVATÓRIOS DE GÁS NATURAL............................................................. 174 9.1 – Introdução 174 9.2 – Metodologia 177 9.3 – Resultados e Discussões 177 9.4 – Conclusões 191 CAPÍTULO 10 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES 193 10.1 – Conclusões 193 10.2 – Sugestões 195 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 197 APÊNDICE I – DIAGRAMAS DE FASES DE MISTURAS BINÁRIAS DE N-ALCANOS............................................................................................................ 221 APÊNDICE II – PARÂMETROS DAS EQUAÇÕES DE ESTADO................... 236 Capítulo 1 - Introdução 1 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO Os estudos a respeito do cálculo de equilíbrio de fases em altas pressões têm adquirido grande importância nas últimas décadas. Parte desta importância está no interesse científico em se compreender o comportamento do equilíbrio de fases e, em especial, dos sistemas que exibem comportamentos não convencionais. Mas a principal causa do grande número de estudos sobre equilíbrio de fases em altas pressões está na grande variedade de aplicações industriais em que este tema está inserido. Entre muitos exemplos, pode-se citar as várias aplicações na exploração e processamento de petróleo e gás natural e os processos de separação com fluidos supercríticos. 1.1 – Importância no Setor de Petróleo e Gás Natural Para o setor de petróleo e gás natural, o problema de equilíbrio de fases em altas pressões tem relevância científica e tecnológica, pois constitui a base para o entendimento do comportamento dos fluidos nas condições dos poços, para simular mecanismos para aumentar a recuperação de óleo em poços via injeção de gás, para projetar processos de liquefação de gás natural e de extração supercrítica de óleos pesados e para o projeto de diversos equipamentos de separação da indústria de petróleo e gás. As misturas de petróleo envolvidas em tais processos são, em geral, multicomponentes e altamente assimétricas, exibindo um complexo comportamento de fases próximo da região crítica. Neste tipo de sistema, a modelagem do equilíbrio termodinâmico a altas pressões é Capítulo 1 - Introdução 2 especialmente relevante e conduz a cálculos notoriamente difíceis, tendo em vista a possibilidade de ocorrência de múltiplas fases líquidas (mesmo em sistemas aparentemente simples como metano+n-hexano) e de diversos fenômenos complexos, tais como a existência de pontos críticos terminais, pontos tricríticos, dentre outros. As informações obtidas a partir de tais cálculos podem ser importantes para estabelecer as condições adequadas de produção de poços e processamento de fluidos de petróleo e gás. A maior parte dos reservatórios de petróleo contém certa quantidade de hidrocarbonetos pesados. Entretanto, em alguns reservatórios encontrados em águas profundas, onde os fluidos são armazenados sob elevadas condições de pressão e temperatura, os componentes mais leves estão no estado supercrítico e são capazes de solubilizar uma quantidade considerável de hidrocarbonetos com elevada massa molecular. Estes componentes pesados (geralmente parafinas e asfaltenos), que são solúveis no óleo nas condições do reservatório, podem precipitar quando a temperatura diminui abaixo do ponto de névoa. Assim, a presença de hidrocarbonetos pesados em reservatórios de óleo apresenta um risco, pois pode provocar entupimentos nos equipamentos em diferentes estágios de exploração. Para prevenir e evitar o depósito destes compostos pesados nos dutos, modelos termodinâmicos que consigam predizer o equilíbrio de fases com precisão numa ampla faixa de pressão e temperatura ainda são foco de pesquisa. 1.2 – Extração com Fluidos Supercríticos O estudo da solubilidade de fases condensadas em gases a altas pressões tem recebido bastante atenção nos últimos anos e há várias pesquisas cujo foco é a recuperação ou separação de substâncias que apresentam dificuldade de separação por processos de destilação Capítulo 1 - Introdução 3 ou extração convencionais ou que se degradam em temperaturas elevadas. Nesse tipo de técnica de separação, gases com temperaturas críticas próximas da temperatura atmosférica, como, por exemplo, o CO2, são os mais usados como solventes. Além da vantagem de se trabalhar em baixas temperaturas para separação de substâncias pouco voláteis, a extração supercrítica, geralmente, é mais eficiente termicamente que os processos de separação convencionais porque a solubilidade pode ser controlada por pequenos ajustes de pressão e temperatura sem a necessidade de mudança de fase. Outra importante vantagem do solvente supercrítico é a sua facilidade de remoção dos produtos, por causa de sua baixa densidade relativa e alta volatilidade. 1.3 – Escopo do Trabalho Neste contexto, pretende-se, com este trabalho, investigar o comportamento das fases em altas pressões em misturas assimétricas. Planeja-se formular e resolver as condições termodinâmicas para a ocorrência de fenômenos complexos como o de vaporização retrógrada dupla e fenômenos críticos tais como pontos críticos terminais, tricríticos, identificando os tipos de diagramas de fases que podem ser previstos. Pretende-se aplicar este metodologia em misturas de hidrocarbonetos e na análise do comportamento de reservatórios de gás natural. Pretende-se também abordar o equilíbrio termodinâmico entre fases adsorvidas, bem como o estudo de pontos críticos de tais fases. Os tópicos abordados neste trabalho serão discutidos, detalhadamente, em capítulos específicos para cada etapa relevante. Capítulo 1 - Introdução 4 O Capítulo 2 apresenta as equações de estado (EdE) utilizadas neste trabalho. O Capítulo 3 mostra os aspectos computacionais envolvidos no cálculo de equilíbrio de fases em altas pressões utilizando EdE. As metodologias utilizadas para cálculo de pontos críticos são também descritas neste capítulo. O Capítulo 4 mostra os diagramas de fases e sua classificação segundo van Konynenburg e Scott (1980). Este capítulo trata também dos avanços nos calculos de diagramas de fases utilizando EdE. No Capítulo 5, apresenta-se uma discussão sobre o fenômeno da vaporização retrógrada dupla e o efeito das regras de combinação para EdE cúbicas na predição deste fenômeno. Apresenta-se também a predição deste fenômeno em misturas de hidrocarbonetos. O Capítulo 6 aborda o equilíbrio termodinâmico entre fases adsorvidas usando uma EdE bidimensional para fases adsorvidas baseada na teoria do gás reticulado. Diferentes diagramas de fases são apresentados fazendo uma analogia com os diagramas de fases líquido-vapor tradicionais. O Capítulo 7 apresenta o estudo dos fenômenos críticos entre fases adsorvidas. Apresentam-se diferentes diagramas críticos em analogia com a classificação de van Konynenburg e Scott (1980) para sistemas binários líquido-vapor. O Capítulo 8 mostra um estudo comparativo de cálculo de pontos críticos em misturas de hidrocarbonetos usando diferentes EdE. Apresentam-se diferentes diagramas críticos de Capítulo 1 - Introdução 5 acordo com a classificação de van Konynenburg e Scott (1980) para as misturas binárias e cálculos com misturas multicomponentes. No Capítulo 9, apresenta-se o cálculo de equilíbrio de fases em reservatórios de gás natural usando diferentes EdE. Faz-se um estudo comparativo na predição do comportamento dos reservatórios em diferentes condições, confrontando com dados experimentais disponíveis na literatura. No Capítulo 10, são apresentadas as conclusões finais e sugestões para trabalhos futuros. Vale ressaltar que, durante a realização deste trabalho, os seguintes artigos foram publicados: Alfradique, M.F. e Castier, M. Effect of combining rules for cubic equations of state on the prediction of double retrograde vaporization, Fluid Phase Equilibria, vol. 230, n. 1-2, p. 1-8, Março de 2005. (Referente à tese de doutorado) Nogueira, B.M.M; Alfradique, M.F. e Castier, M. Automatic Generation of Procedures for the Simulation of Multistage Separators Using Computer Algebra, Journal of Supercritical Fluids, vol. 34, n. 2, p. 203-208, Junho de 2005. (Colaboração) Alfradique, M.F. e Castier, M. Modeling and simulation of reactive distillation columns using computer algebra, Computers and Chemical Engineering, vol. 29, n. 9, p. 1875-1884, Agosto de 2005. (Referente à tese de mestrado) Capítulo 1 - Introdução 6 Cabral, V. F.; Alfradique, M. F., Tavares, F. W. e Castier, M. Thermodynamic equilibrium of adsorbed phases, Fluid Phase Equilibria, vol. 233, n. 1, p. 66-72, Junho de 2005. Cabral, V. F.; Alfradique, M. F., Tavares, F. W. e Castier, Erratum to “Thermodynamic equilibrium of adsorbed phases” [Fluid Phase Equilib. 233 (2005) 66–72], Fluid Phase Equilibria, vol. 237, n. 1-2, p. 227, Outubro de 2005. (Referente à tese de doutorado) Alfradique, M.F.; Ndiaye, P.M. e Castier, M. Critical points of adsorbed phases using a 2D lattice gas equation of state, Fluid Phase Equilibria, vol. 244, n. 1, p. 2-10, Junho de 2006. (Referente à tese de doutorado) Abreu, C.R.A; Alfradique, M.F. e Silva Telles, A. Boundary layer flows with Dufour and Soret effects: I: Forced and natural convection, Chemical Engineering Science, vol. 61, n. 13, p. 4282-4289, Julho de 2006. (Colaboração) Alfradique, M.F. e Silva Telles, A. Closure of Turbulent Fluxes for the Transport of Momentum, Energy, and Mass, AIChE Journal, vol. 52, n. 8, p. 2684-2696, Agosto de 2006. (Colaboração) Ndiaye, P.M.; Alfradique, M.F. e Castier, M. Phase Equilibrium Calculations at High Pressure Using the SAFT and the PC-SAFT Equations of State, (Aceito para publicação no Brazilian Journal of Chemical Engineering). (Referente à tese de doutorado) Capítulo 2 – Equações de Estado 7 CAPÍTULO 2 – EQUAÇÕES DE ESTADO PARA MODELAGEM DO EQUILÍBRIO DE FASES Este Capítulo apresenta as equações de estado (EdE) utilizadas no desenvolvimento deste trabalho. Na seção 2.1, apresenta-se uma breve introdução sobre a aplicação das EdE no cálculo do equilíbrio de fases e, nas seções seguintes, são apresentados as EdE e suas respectivas regras de mistura e combinação abordadas neste trabalho. 2.1 – Introdução O cálculo de equilíbrio de fases no setor de petróleo e gás natural está cada vez mais voltado para uso de EdE. Dentre as justificativas, estão a crescente evolução do poder computacional e a necessidade de modelos que consigam predizer as propriedades de fluidos em condições drásticas de pressão, pois a exploração de petróleo em águas cada vez mais profundas vem ganhando espaço no cenário petroleiro mundial. Com o passar dos anos, a indústria do petróleo tem trocado sua abordagem baseada em correlações (por exemplo, o método black-oil) por uma metodologia composicional baseada em modelos termodinâmicos em que as EdE ocupam um papel de destaque. Este Capítulo, atem-se apenas a apresentar as EdE utilizadas neste trabalho. Na literatura existem várias revisões sobre EdE como, por exemplo, Gubbins (1983), Tsonopoulos e Heidman (1985), Donohue e Vimalchand (1988) Anderko (1990), Wei e Sadus (2000), Muller e Gubbins (2001), Mulero et al. (2001), Valderrama (2003), Prausnitz e Capítulo 2 – Equações de Estado 8 Tavares (2004), Tumakaka et al. (2005), entre outras. A EdE de Peng e Robinson (PR) (Peng e Robinson, 1976) foi escolhida para representar as EdE cúbicas em volume, por se tratar de uma referência imediata na indústria da petróleo. Das EdE baseadas em modelo molecular, a SAFT (Statistical Association Fluid Theory) desenvolvida por Chapman et al. (1990) é uma referência importante em cálculo de equilíbrio de fases. Neste trabalho, duas versões foram escolhidas: a desenvolvida por Huang e Radosz (1991) e a PC-SAFT (Perturbed ChainSAFT), desenvolvida por Gross e Sadowski (2001). Nesta tese, cálculos de equilíbrio de fases de misturas adsorvidas também foram realizados. Uma revisão sobre modelos disponíveis para a modelagem de fases adsorvidas pode ser encontrada no trabalho de Cabral (2005). Neste capítulo, a discussão sobre modelos para adsorção se resume à apresentação de uma EdE para fases adsorvidas baseada na teoria do gás reticulado. 2.2 – A EdE Peng-Robinson A EdE PR é uma das equações mais utilizadas para o cálculo de equilíbrio de fases. Simplicidade de implementação, solução analítica e poucos parâmetros são algumas das características que tornaram esta equação uma referência. Sua fórmula é apresentada na Equação (2.1): P= RT a (T ) − v − b v( v + b) + b( v − b) (2.1) Capítulo 2 – Equações de Estado 9 na qual as constantes a e b são calculadas a partir de seus valores para compostos puros, a i e bi : R 2Tc2,i a i = 0.45724 αi Pc,i 1 α i = 1 + κ i 1 − (T / Tc ,i )2 (2.2) 2 κ i = 0.37464 + 1.54226ωi − 0.26992ωi2 b i = 0.07780 RTc ,i Pc ,i (2.3) (2.4) (2.5) Nestas equações, Tc ,i , Pc ,i e ωi são a temperatura crítica, a pressão crítica e o fator acêntrico de cada componente, respectivamente. As regras de misturas clássicas amplamente utilizadas para os parâmetros a e b desta EdE são: a = ∑∑ x i x ja ij i j b = ∑∑ x i x jb ij i j (2.6) (2.7) As regras de combinação para os parâmetros de energia ( a ij ) e co-volume ( b ij ) usadas neste trabalho são: Capítulo 2 – Equações de Estado A1) A regra clássica (média geométrica) a ij = a i a j (1 − k ij ) (2.8) A2) A regra de Berthelot (Kontogeorgis et al., 1998 ) a ia j a ij = b ij bi b j (1 − k ) (2.9) ij B1) A regra clássica (média aritmética) b ij = bi + b j 2 (1 − l ) (2.10) ij B2) A regra de Lorentz (Hicks e Young, 1975) 3 b1i/ 3 + b1j/ 3 (1 − l ij ) b ij = 2 (2.11) B3) A regra de Lee et al. (Lee et al., 1989) b i2 / 3 + b 2j / 3 b ij = 2 3/ 2 (1 − l ) ij (2.12) 10 Capítulo 2 – Equações de Estado 11 B4) A regra de Sadus (Sadus, 1993) b ij = 1 b1i / 3 + b1j / 3 1/ 3 4*2 ( ) (b 2 + bj) 1/ 3 i (2.13) B5) A regra de Good e Hope (média geométrica) (Good e Hope, 1970) b ij = b i b j (1 − l ij ) (2.14) Nestas regras de combinação, k ij e l ij são parâmetros ajustáveis a partir de dados experimentais. Neste trabalho, este conjunto de parâmetros é colocado igual a zero em todos os cálculos, uma vez que o objetivo deste trabalho é efetuar todos os estudos comparativos sem parâmetros correlacionados. Mais detalhes sobre estas regras de combinação são apresentados no Capítulo 5. No Capítulo 8, utiliza-se também a EdE de PR com os parâmetros ajustados desenvolvidos por Voutsas et al. (2006). 2.3 – A EdE SAFT No modelo SAFT, as moléculas são interpretadas como uma mistura de segmentos esféricos interagindo segundo um potencial intermolecular (Lennard-Jones, por exemplo). Adicionalmente, dois tipos de ligações entre estas esferas podem ocorrer: covalentes, para formar cadeias e pontes de hidrogênio, para interagir especificamente, como representado na Figura 2.1. Capítulo 2 – Equações de Estado (a) (d) 12 (b) (c) Figura 2.1 – Esquema de formação de uma molécula no modelo SAFT. a) Inicialmente o fluido é formado por esferas duras. b) Forças atrativas são adicionadas. c) Formação de moléculas formadas por cadeias. d) Moléculas formam complexos de associação. Fonte: Ndiaye (2004). Pode-se escrever a EdE SAFT como a soma de contribuições da energia livre de Helmholtz para cada uma destas etapas. A energia livre de Helmholtz residual é dada por: a res = a ed + a disp + a cadeia + a assoc (2.15) Capítulo 2 – Equações de Estado 13 na qual aed representa a mudança na energia livre de Helmholtz devido às interações entre as esferas duras, numa dada densidade e temperatura. adisp representa a contribuição na energia livre de Helmholtz devida à dispersão entre os segmentos moleculares. acadeia representa a mudança na energia de Helmhotz devida às ligações covalentes entre segmentos, resultando na formação da cadeia. aassoc contabiliza a mudança devida às interações entre sítios específicos, localizados na superfície dos segmentos como, por exemplo, as pontes de hidrogênio. Este último termo não será contabilizado em nossa metodologia porque foram estudadas misturas de hidrocarbonetos, nas quais não se espera a existência de fortes ligações específicas, como pontes de hidrogênio. Para equacionar cada termo utilizado, usa-se a abordagem de Huang e Radosz (1990, 1991). 2.3.1 – Termo de esferas duras O termo de esferas duras da EdE SAFT é definido como: a ed = ma ed 0 (2.16) onde, a ed 0 é a energia livre de Helmholtz por mol de segmentos e m é o número de segmentos. Para componentes puros, o termo de esferas duras é calculado a partir da equação proposta por Carnahan e Starling (1969): a ed 4η − 3η2 0 = RT (1 − η )2 (2.17) onde T é a temperatura, R é a constante dos gases e η é o fator de empacotamento, dado por: Capítulo 2 – Equações de Estado η = 0.74048ρmv0 14 (2.18) onde ρ é a densidade molar das cadeias de moléculas polissegmentadas, e v0 representa o volume molar de segmentos (mL/mol de segmentos), definido por: v0 = πN av 3 d 6τ (2.19) na qual Nav é o número de Avogadro, d é o diâmetro efetivo do segmento, função da temperatura, e τ = 0,74048. A dependência de d com a temperatura segue a proposta de Chen e Kreglewski (1977): −3u 0 d = σ 1 − Ce kT (2.20) na qual u0 é a energia de interação entre os segmentos, específica para cada componente; k é a constante de Boltzmann, C = 0,12 e σ é o diâmetro de um segmento, independente da temperatura. Nesta abordagem, o volume molar v00 é usado como parâmetro ajustável no lugar do diâmetro de segmento σ, segundo a expressão: v00 = πN av 3 σ 6τ (2.21) Em misturas de segmentos de esferas duras, a expressão para a energia livre residual de Helmholtz para é dada por [Boublik (1970) e Mansoori et al. (1971)]: Capítulo 2 – Equações de Estado 3 2 3 ξ2 ) ( a ed 6 ( ξ2 ) + 3ξ1ξ 2 ξ3 − 3ξ1ξ 2 ( ξ3 ) ln 1 = − ξ − − ξ ( ) 0 3 2 2 RT πρN av ξ 1 − ξ ξ ( ) ( ) 3 3 3 15 (2.22) onde ξk é uma função proporcional à densidade molar, proposta por Chapman et al. (1990): ξk = πN av ρ 6 ∑ x m (d ) i i i k para k = 0, 1, 2 e 3 (2.23) i onde xi é a fração molar do componente i, mi é o número de segmentos da molécula i. 2.3.2 – Termo de formação da cadeia O termo de formação de cadeia para um componente puro é definido como: a cadeia = (1- m ) ln ( g ii ) RT (2.24) onde gii é a função de correlação de pares, calculada no diâmetro de contato através de equação de Carnahan-Starling (1969) definida por: 1 1- η 2 g ii = (1- η)3 (2.25) Para uma mistura de esferas duras, a função de correlação de pares gij é calculada através da equação [Boublik (1970) e Mansoori et al. (1971)]: Capítulo 2 – Equações de Estado 2 di d j 3d i d j ξ2 ξ 22 1 g ij = + + 2 3 1 − ξ 2 d i + d j (1 − ξ3 ) 2 di + d j (1 − ξ3 ) 16 (2.26) Para segmentos de mesmo tamanho temos di = dj, e a Equação (2.26) torna-se: 2 g ii = 3d ξ2 ξ 22 1 di + i + 2 2 3 1- ξ 2 2 (1- ξ3 ) 2 (1- ξ3 ) (2.27) A energia livre de Helmholtz de formação da cadeia molecular para uma mistura de esferas duras de mesmo tamanho é dada por: a cadeia = RT ∑ x (1 − m ) ln ( g ) i i (2.28) ii i 2.3.3 – Termo de dispersão A contribuição do termo de dispersão do componente puro é dada por: a disp = ma disp 0 (2.29) onde a disp é a energia livre de Helmholtz de um mol de segmentos. Admitindo que os 0 segmentos interajam segundo um potencial tipo poço-quadrado, a energia livre de Helmholtz pode ser calculada usando-se a equação desenvolvida por Alder et al. (1972). Capítulo 2 – Equações de Estado a disp 0 = RT ∑∑ i j i u η Dij kT τ 17 (2.30) j onde Dij são constantes universais propostas por Chen e Kreglewski (1977). A dependência da profundidade do poço u em relação à temperatura é dada por Chen e Kreglewski (1977): (2.31) e u = u o 1 + kT Como o parâmetro de energia é definido por segmento e não por molécula, e é fixado igual a k 10 K para a maioria dos componentes. Para misturas, a energia livre de Helmholtz é representada por: (2.32) a disp a disp =m 0 RT RT na qual m é o número de segmentos total da mistura e a disp 0 é a energia livre de Helmholtz RT para um mol de segmento, dada por: a disp 0 = RT ∑∑ i j u Dij kT i ξ3 τ j (2.33) Capítulo 2 – Equações de Estado 18 No termo de dispersão, existem dois parâmetros que precisam ser determinados através de regras de mistura, u e m. Huang e Radosz (1991) propuseram regras de mistura kT baseadas na teoria de um fluido de van der Waals: u ij ∑∑ x x m m kT ( v ) i u = kT j i j x x m m v ∑∑ i j i j ( ij0 ) i 0 ij (2.34) j i j na qual ( vij0 ) e u ij são calculados através de regras de combinação: ( ) vij0 1 = vi0 2 ( ) 1 3 + ( ) v 0j 1 3 3 (2.35) e ( )( u ij = 1 − k ij u i u j ) 1 2 (2.36) em que kij é um parâmetro de interação binária ajustado a partir de dados experimentais de misturas. O número de segmentos m pode ser utilizado como uma medida do tamanho molecular e é dado por uma regra de mistura do tipo: m= ∑∑ x x m i i m ij = j ij (2.37) j 1 mi + m j 2 ( ) (2.38) Capítulo 2 – Equações de Estado 19 2.4 – A EdE PC-SAFT Uma das mais recentes versões da EdE SAFT foi desenvolvida por Gross e Sadowski (2001). Com estrutura similar à SAFT proposta por Huang e Radosz (1990, 1991), as moléculas são formadas por cadeias compostas de segmentos esféricos. No termo de dispersão do modelo SAFT, as estruturas de cadeia dos compostos poliméricos não são consideradas, pois é adotada uma referência para as esferas duras. Já na EdE PC-SAFT, o termo de dispersão é equacionado aplicando a teoria de perturbação de segunda ordem de Barker e Henderson (1967a,b), usando uma expressão para a distribuição radial de um fluido de esferas duras como referência. Pode-se escrever a EdE PC-SAFT como a soma das contribuições da energia livre de Helmholtz para cada uma destas etapas. A energia livre de Helmholtz residual é dada por: a res = a hc + a disp (2.39) onde ahc representa a contribuição de um fluido formado por cadeias de esferas duras adotado como fluido de referência. adisp representa a contribuição de dispersão. Tal como no caso da EdE SAFT e pelo mesmo motivo, o termo referente à associação das moléculas não é considerado. 2.4.1 Termo de cadeia de esferas duras Esta contribuição segue a equação desenvolvida por Chapman et al. (1990) para misturas de cadeias de esferas duras com m segmentos, dada por: Capítulo 2 – Equações de Estado a hc = ma ed − ∑ x (m i i 20 (2.40) − 1) ln g iied (σii ) i onde m é o número de segmentos médio da mistura ( m = ∑ x i mi ), xi é a fração molar de i cadeias do componente i e mi e o número de segmentos da cadeia do componente i. A energia livre de Helmholtz para as esferas duras (aed) é dada por [Boublik (1970) e Mansoori et al. (1971)]: a ed 3 2 3 ξ2 ) ( 1 ( ξ 2 ) + 3ξ1ξ 2 ξ3 − 3ξ1ξ 2 ( ξ3 ) = − ξ − − ξ ln 1 ( ) 0 3 2 2 ξ0 ξ − ξ ξ 1 ( 3) 3( 3) (2.41) onde a função de distribuição radial para um fluido de esferas duras é representada por: 2 g ijed di d j 3d i d j ξ2 ξ 22 1 = + + 2 3 1 − ξ 2 d i + d j (1 − ξ3 ) 2 d i + d j (1 − ξ3 ) (2.42) com ξk definido como: ξk = πρ 6 ∑ x m (d ) i i i k para k = 0, 1, 2 e 3 (2.43) i na qual o diâmetro do segmento do componente i (di) tem dependência com a temperatura de acordo com a seguinte expressão: Capítulo 2 – Equações de Estado −3 ε i d i = σi 1 − Ce kT 21 (2.44) 2.4.2 – Termo de dispersão No termo de dispersão, a energia livre de Helmholtz para uma substância pura é dada como a soma dos termos de primeira e segunda ordem da teoria de Barker e Henderson (1967a,b): (2.45) A A A disp = 1 + 2 kTN kTN kTN onde (2.46) ∞ A1 ε 3 hc 2 = −2πρm 2 σ u% ( x )g ( m; xσ / d ) x dx kTN kT 1 ∫ −1 2 ∞ A2 ∂Zhc 2 ε 3 ∂ % 2 g hc ( m; xσ / d ) x 2 dx = −πρm 1 + Zhc + ρ m σ ρ u(x) kTN ∂ρ ∂ρ 1 kT ∫ (2.47) % onde x é a distância radial reduzida em torno do segmento x = r / σ e u(x) / ε é o potencial intermolecular reduzido. ghc é a função de distribuição radial média segmento-segmento de um fluido formado por cadeias de esferas duras com diâmetro de segmento dependente da temperatura. O termo de compressibilidade pode ser obtido por: Capítulo 2 – Equações de Estado ∂Zhc 8η − 2η2 20η − 27η2 + 12η3 − 2η4 hc + (1 − m) 1 + Z + ρ = 1 + m ∂ρ (1 − η)4 ((1 − η)(2 − η))2 22 (2.48) onde fração de empacotamento η representa a densidade reduzida do segmento. A fim de resolver as integrais das Equações (2.46) e (2.47), introduz-se a seguinte abreviação: ∞ ∫ I1 = u% ( x )g hc ( m; xσ / d ) x 2 dx (2.49) 1 I2 = ∞ ∂ % 2 g hc ( m; xσ / d ) x 2 dx ρ u(x) ∂ρ 1 ∫ (2.50) Gross e Sadowski (2001) substituem estas integrais por séries de potências na densidade η, nas quais os coeficientes da série são função do comprimento de cadeia, dadas por: 6 I1 = ∑a η i (2.51) i i =0 6 I2 = ∑b η i (2.52) i i=0 onde a i = a 0i + m −1 m −1 m − 2 a1i + a 2i m m m (2.53) Capítulo 2 – Equações de Estado bi = b0i + 23 (2.54) m −1 m −1 m − 2 b1i + b 2i m m m As Equações (2.51) e (2.52) requerem um total de 42 constantes que são calculadas a partir de dados experimentais de n-alcanos puros. Estas constantes são apresentadas na Tabela 2.1 (Gross e Sadowski, 2001). Tabela 2.1 – Constantes do modelo referentes às Equações (2.51) e (2.52). i a0i a1i a2i b0i b1i b2i 0 0,79198281 -0,62311554 -0,06777556 0,79198281 -0,62311554 -0,06777556 1 1,07148651 0,48573437 0,02837411 2,14297303 0,97146874 0,05674823 2 0,91474661 1,12485267 0,09612281 2,74423982 3,37455809 0,28836841 3 -7,81060651 -2,09485016 0,06815027 -31,2424260 -8,37940062 0,27260110 4 25,7855977 9,45049823 0,05980187 128,927988 47,2524911 0,29900933 5 -56,9822877 -17,1027262 0,28660979 -341,893726 -102,616357 1,71965874 6 41,9308941 7,77610281 -0,74701698 293,516259 54,4327197 -5,22911885 Para misturas, a equação pode ser estendida utilizando a regra de mistura de van der Waals aos termos de perturbação: A1 = −2πρI1 kTN εij ∑∑ x x m m kT σ i i j i j (2.55) 3 ij j −1 A2 ∂Zhc = −πρm 1 + Zhc + ρ I2 kTN ∂ρ 2 ∑∑ i j εij 3 x i x j mi m j σij kT (2.56) Capítulo 2 – Equações de Estado 24 As séries de potências I1 e I 2 são calculadas pelo número de segmentos médio da mistura m= ∑x m i i , onde xi é a fração molar de cadeias do componente i e mi é o número de i segmentos da cadeia do componente i. Os parâmetros para um par de segmentos diferentes são obtidos segundo as regras de combinação clássicas: σij = (2.57) 1 ( σi + σ j ) 2 (2.58) εij = (1 − k ij ) εi ε j onde um parâmetro de interação binária, kij, é introduzido para corrigir as interações segmento-segmento de cadeias diferentes. No Capítulo 8, utiliza-se além da PC-SAFT com parâmetros originais do artigo de Gross e Sadowski (2001), uma versão da EdE PC-SAFT com parâmetros estimados com base nas propriedades criticas dos componentes puros desenvolvida por Cismondi et al. (2005). 2.5 – Parâmetros das EdE SAFT e PC-SAFT Nas equações SAFT e PC-SAFT, existem três parâmetros independentes da temperatura para cada componente puro não associativo. Na SAFT, tem-se a profundidade do poço-quadrado, u0 , o volume molar, v00 , e o número de segmentos, m. Já na PC-SAFT, temk se o número de segmentos, m, o diametro do segmento, σi e o parametro de energia do segmento εi . k Capítulo 2 – Equações de Estado 25 Para componentes puros não associativos, os parâmetros são, normalmente, obtidos a partir de dados de pressão de vapor e de densidade do líquido saturado. Huang e Radosz (1990) e Gross e Sadowski (2001) apresentaram valores tabelados, assim como correlações generalizadas para diferentes parâmetros de uma série de compostos incluindo alcanos, alquenos, compostos aromáticos, aminas, ácidos, álcoois, éteres, ésteres e alguns polímeros comuns de baixo peso molecular para SAFT e PC-SAFT, respectivamente. 2.6 – A EdE Bidimensional Baseada no Modelo de Gás Reticulado O modelo usado para as fases adsorvidas é baseado na hipótese que a adsorção ocorre na superfície que é dividida em sítios reticulados. As moléculas adsorvidas são consideradas como um conjunto de segmentos moleculares conectados. Cada sítio no reticulado pode estar vazio ou conter apenas um segmento molecular. Há a possibilidade de ter mais de um tipo de sítio, diferindo um do outro no valor da energia de interação característica de cada tipo de segmento molecular. Segmentos moleculares adsorvidos somente interagem com seus vizinhos não conectados, por meio de um potencial de energia característico de cada contato. A função de partição do modelo foi derivada por Cabral et al. (2003) usando termodinâmica estatística. Dada a natureza paramétrica da pesquisa reportada aqui, é conveniente impor a existência de um único tipo de sítio, pois, com esta hipótese, um número menor de parâmetros é necessário para caracterizar o fenômeno da adsorção. A pressão de espalhamento (π) está relacionada com a função de partição pela seguinte equação: Capítulo 2 – Equações de Estado 26 (2.59) π 1 ∂ = ln Q(T, M, N) RT λ ∂M T,N onde Q(T, M, N) é a função de partição canônica de um sistema composto por N moléculas adsorvidas em um reticulado composto por M sítios, λ é a área ocupada por um mol de sítios no reticulado e T é a temperatura absoluta do sistema. A expressão da EdE é dada pelas seguintes equações: c a − λ m jx j j=1 π 1 = − ln Z RT λ c 2 λ + a − λ 2 Z 2 m x j=1 j j a aZ ∑ ∑ Zq i = m i (Z − 2) + 2 λ − (2.60) c c ∑ q ∑ m U x i i =1 j=1 2a 2 RT j ij j (2.61) Nas equações (2.60) e (2.61), c é o número de componentes, a é a área molar de uma fase adsorvida, m j é o número de segmentos da molécula j , x j é a fração molar do componente j , Z é o número de coordenação do reticulado (neste trabalho, Z = 4 ), q i é um parâmetro relacionado com a área molecular e U ij é a energia molar de interação entre os segmentos i e j adsorvidos em sítios vizinhos, calculada através da seguinte regra de combinação: Capítulo 2 – Equações de Estado U ij = m i m j U ii + U jj 27 (2.62) mi + m j As fugacidades de um componente na fase volumar ( f̂ ivol ) e na fase adsorvida ( f̂ iads ) são relacionadas por: f̂ ivol = λm i ads f̂ i k i RT (2.63) na qual k i representa a constante de Henry para a adsorção. No cálculo de equilíbrio termodinâmico entre fases adsorvidas, o termo k i não é especificado. λm i se cancela e, por esta razão, o valor de k i RT Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 28 CAPÍTULO 3 – TÉCNICAS COMPUTACIONAIS PARA O CÁLCULO DE EQUILÍBRIO DE FASES Este Capítulo mostra as técnicas computacionais para o cálculo de equilíbrio de fases utilizadas neste trabalho. Na seção 3.1, tem-se uma breve introdução sobre o tema, seguido da análise de teste de estabilidade de fases descrita na seção 3.2. Nas seções 3.3 e 3.4, apresentam-se as técnicas para o cálculo de ponto de bolha e orvalho e pontos críticos, respectivamente. 3.1 – Introdução O desenvolvimento de algoritmos para o cálculo de equilíbrio de fases é uma das áreas de pesquisa mais tradicionais em Termodinâmica aplicada à Engenharia Química. A necessidade de modelos e técnicas computacionais cada vez mais apuradas somadas às descobertas de sistemas cada vez mais complexos faz desta área um desafio e vem sendo objeto de pesquisa de grande interesse acadêmico e industrial. A vastidão do assunto e da literatura existente faz com que seja muito difícil realizar uma revisão completa do que existe publicado. Por este motivo, o objetivo deste capítulo é situar o problema e discutir algumas das principais linhas de algoritmos existentes, enfatizando aquelas que serão implementadas no presente trabalho. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 29 3.2 – Cálculo das Raízes da Equacão de Estado Cálculos do equilíbrio de fases usando equações de estado (EdE) não cúbicas necessitam de uma estratégia adequada de cálculo de densidade de cada fase. Enquanto uma EdE cúbica pode ser resolvida analiticamente, uma EdE não cúbica deve ser resolvida numericamente. Uma forma de calcular as raízes de densidade foi proposta por Topliss et al. (1988) e consiste em examinar como a pressão varia com a densidade, mantendo-se a temperatura fixa. O exame identifica o tipo de curva de pressão versus densidade apresentada pela fase e guia a estratégia numérica para o cálculo da raiz adequada. Neste trabalho, utilizase este algoritmo, na versão implementada por Silva (1993), para o cálculo das raízes correspondentes às densidades das fases. 3.3 – Computacão Algébrica As equações de equilíbrio termodinâmico são de estrutura matemática relativamente simples, mas requerem valores de propriedades termodinâmicas calculadas por modelos que, em alguns casos, são bastante complexos. O sistema de equações resultante é não linear e uma das possibilidades para resolvê-lo é empregar o método de Newton-Raphson, o que demanda derivadas analíticas de todas as equações em relação a todas as incógnitas. No caso de modelos termodinâmicos complexos, obter tais derivadas manualmente não é tarefa simples. Por esse motivo, é freqüente usar outros métodos numéricos para promoção de convergência que não requerem derivadas, como o método de Broyden (1965), ainda que, freqüentemente, à custa de uma redução da velocidade de convergência. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 30 Neste trabalho, utilizam-se programas de computação algébrica para a geração automática de rotinas que implementam modelos termodinâmicos. Usando a linguagem de programação do software comercial Mathematica, Castier (1999) desenvolveu um programa chamado Thermath que, a partir de uma expressão para energia livre de Gibbs em excesso (GE) ou de uma EdE, permite deduzir várias propriedades oriundas do modelo original, tais como coeficientes de atividade ou fugacidade e várias propriedades de excesso ou residuais, e implementá-las automaticamente em uma linguagem de programação, como Fortran. Com isso, reduz-se bastante o número de erros de programação e, conseqüentemente, a necessidade de depuração dos programas gerados. Vários modelos termodinâmicos e de equipamentos de separação foram implementados usando o programa Thermath (Alfradique et al., 2002; Alfradique e Castier, 2005 e Nogueira et al., 2005) e essa ferramenta computacional foi utilizada neste trabalho para implementar as EdE apresentadas no Capítulo 2, bem como suas regras de mistura e de combinação e as derivadas necessárias para os cálculos de equilíbrio de fases e de pontos críticos. Como neste trabalho utiliza-se o programa Thermath para fazer as derivações necessárias das EdE para o cálculo do equilíbrio de fases, não são apresentadas, por exemplo, as expressões para as fugacidades. Estas podem ser encontradas nos artigos originais das EdE utilizadas ou em Gani et al. (2006). Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 31 3.4 – Teste Global de Estabilidade de Fases 3.4.1 – Introdução Cálculos de equilíbrio de fases corretos devem satisfazer o teste de estabilidade de fases. Há duas fontes de dificuldades para a resolução de problemas de equilíbrio de fases: errar o número de fases presentes (por exemplo, resolver um problema de equilíbrio bifásico quando, na verdade, o estado de equilíbrio é trifásico) ou, mesmo acertando o número de fases presentes, alcançar uma condição de mínimo local, e não global, do potencial termodinâmico desejado, errando, assim, a distribuição dos componentes entre as fases. A utilização criteriosa do teste global de estabilidade de fases diminui a probabilidade de ocorrência das duas dificuldades mencionadas. Por este motivo, o teste ocupa um papel central em vários dos algoritmos modernos para cálculos de equilíbrio de fases e a próxima seção é dedicada a apresentar a sua formulação termodinâmica e a comentar alguns aspectos numéricos a ele associados. 3.4.2 – A abordagem de Michelsen Neste trabalho, adota-se a abordagem de Michelsen para o teste global de estabilidade de fases, também conhecido como o critério de Gibbs da distância do plano tangente (Baker et al., 1982). O conjunto dos dois artigos de Michelsen (Michelsen 1982a,b) estabelece uma estratégia de cálculo na qual o número de fases é aumentado gradativamente durante o procedimento de resolução de um problema de flash. Para explicar brevemente a estratégia, considera-se o caso de um cálculo de equilíbrio de fases (flash, por exemplo) sem reação, com especificação de temperatura, pressão e quantidade de cada componente (flash TPN), Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 32 descartando a possibilidade de presença de fases sólidas e supondo o uso de uma EdE cúbica em volume molar para modelar o comportamento de cada fase presente. O cálculo se inicia admitindo que o sistema contenha apenas uma fase. Deve-se verificar quantas raízes reais a EdE fornece na condição do problema. Se houver apenas uma raiz real de volume molar, ela é adotada para caracterizar a possível solução monofásica do problema. Se houver três raízes reais de volume molar, deve-se então identificar qual das raízes fornece o menor valor para a energia livre de Gibbs do sistema. Aplica-se, então, o teste global de estabilidade de fases. Se o teste identificar que a solução adotada é estável, o problema estará terminado; em caso contrário, deve-se formular e resolver um problema de equilíbrio bifásico. No caso do flash usado como exemplo nesta discussão, isto corresponde a minimizar a energia livre de Gibbs impondo, a priori, a presença de duas fases. Havendo concluído tal minimização, deve-se verificar a estabilidade das fases obtidas na solução numérica do problema. Se as fases forem estáveis, o problema de flash estará concluído; em caso contrário, deve-se formular e resolver um problema de equilíbrio trifásico e assim sucessivamente. Dessa forma, a solução do problema é obtida pela inserção gradual de fases no sistema até que o conjunto de fases obtidas seja identificado como globalmente estável. 3.4.3 – Metodologia de cálculo Considere que, em uma dada etapa de um cálculo de flash TPN, haja-se minimizado a energia livre de Gibbs supondo a existência de np fases. A questão que se coloca no teste global de estabilidade de fases é a de determinar se a existência de uma fase adicional permitiria obter uma configuração do sistema com valor menor da energia livre de Gibbs do que aquele já obtido na solução que contém np fases. A resposta a essa questão depende da análise da função (Michelsen, 1982a): Capítulo 3 – Técnicas Computacionais nc ΩG = ∑ yi' (µi' − µi ) 33 (3.1) i =1 na qual yi' representa a fração molar do composto i na fase incipiente, isto é, a fase que potencialmente se deseja incluir no sistema, nc é o número de compostos e µi' e µi representam o potencial químico do composto i na fase incipiente e em uma das fases já existentes no sistema na configuração que minimizou a energia livre de Gibbs com np fases. É irrelevante saber de qual fase se obtém o valor de µi , pois numa configuração que minimiza a energia livre de Gibbs do sistema, mesmo se apenas localmente, os potenciais químicos de cada composto são iguais em todas as fases. Uma configuração do sistema será estável se o valor da função ΩG for sempre positivo para qualquer conjunto de frações molares yi' da fase incipiente. Para caracterizar o sistema como instável, é suficiente que exista um conjunto de frações molares yi' que forneça um valor negativo para a função ΩG . Colocado desta maneira, este seria um problema de solução muito difícil tendo em vista a existência de infinitos conjuntos de frações molares possíveis para a fase incipiente. Uma formulação matemática mais elegante e conveniente do ponto de vista prático é determinar o conjunto de frações molares yi' que minimiza o valor da função ΩG . Se esta função for positiva em seu ponto de mínimo global, então ela será positiva para qualquer outro conjunto de frações molares e, portanto, o sistema será estável. Por outro lado, se ela for negativa, o sistema será instável. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 34 Essa formulação requer a resolução de um problema de minimização de uma função não linear, ΩG , com (nc-1) incógnitas independentes, pois a temperatura e a pressão são especificadas e as frações molares yi' devem somar 1, de modo que o valor de uma das nc frações molares pode sair por diferença. A conclusão a respeito da estabilidade ou não do sistema termodinâmico somente será garantidamente correta se o mínimo global da função ΩG for determinado. Uma dificuldade prática, fartamente documentada na literatura, é a possível existência de mínimos locais nessa função. Portanto, é importante utilizar estratégias ou métodos que diminuam o risco de terminar o processo iterativo de minimização em uma condição que não corresponda ao mínimo global. Michelsen (1982a) usa múltiplas estimativas iniciais para as frações molares da fase incipiente e aplica um método de otimização local que utiliza a primeira e a segunda derivadas analíticas da função objetivo em relação às suas incógnitas. Admitindo que o índice do composto cuja fração molar é dependente seja nc, a diferenciação de ΩG em relação às frações molares independentes fornece expressões que, igualadas a zero, permitem obter o seguinte sistema de (nc-1) equações que caracteriza um ponto estacionário da função ΩG : (µi' − µi ) − (µ 'n c − µ n c ) = 0 (3.2) nas quais o índice i pode variar de 1 a (nc-1). As primeiras derivadas de ΩG , apresentadas na Equacão (3.2), constituem os termos do gradiente e podem ser diferenciadas novamente em relação às frações molares independentes para obter os elementos da matriz Hessiana do problema de otimização. A fim de tentar reduzir o esforço numérico, deve-se monitorar o sinal da função ΩG em cada iteração: um valor negativo durante alguma etapa intermediária Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 35 do cálculo é suficiente para concluir que o sistema é instável. Assim, pode-se interromper o problema de otimização antes que ele alcance a sua convergência numérica. Com esse e outros cuidados na implementação, a estratégia é numericamente veloz e, embora possa falhar, a experiência de vários outros autores é que isso raramente ocorre (Michelsen, 1984; Castier e Sandler, 1997a,b). Além desta abordagem utilizada por Michelsen (1982a,b), existem outras duas abordagens ou métodos que diminuam o risco de terminar o processo iterativo de minimização em uma condição que não corresponda ao mínimo global. A primeira consiste em utilizar algoritmos empíricos de otimização global, como simulated annealing, que aumentam a probabilidade de encontrar o mínimo global da função e a segunda é usar métodos rigorosos de otimização global, como o de análise intervalar, que independentemente da estimativa inicial, garantem que o ótimo global da função é obtido no interior de um espaço de busca previamente especificado. A primeira abordagem consiste em utilizar métodos aproximados ou empíricos de otimização global ou para a obtenção de todas as raízes de sistemas de equações algébricas não lineares. Os algoritmos genético e de simulated annealing para otimização e de continuação homotópica para busca de raízes são os mais comumente empregados nessa classe de abordagem. A característica comum a esses algoritmos, quando aplicados ao problema de estabilidade de fases, é que eles aumentam a probabilidade de encontrar o ótimo global da função ΩG , mas não fornecem uma garantia formal de que isso, de fato, aconteça. Zhu e Xu (1999a,b), por exemplo, utilizaram um método de simulated annealing para testar a estabilidade de sistemas em cálculos de equilíbrio líquido-líquido de sistemas cujas fases foram modeladas por expressões para energia livre de Gibbs em excesso. Zhu et al. (2000) Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 36 utilizaram abordagem similar para analisar a estabilidade de sistemas a pressões elevadas, que foi testado em sistemas cujas fases foram modeladas pelas EdE de SRK e de PR. Henderson et al. (2001) também usaram método de simulated annealing em circunstâncias similares, ou seja, em sistemas cujas fases foram modeladas pela EdE de PR. Rangaiah (2001) resolveu problemas de estabilidade de fases usando os algoritmos de simulated annealing e genético, obtendo com este último um desempenho plenamente satisfatório. A segunda abordagem consiste em utilizar métodos rigorosos de otimização global que garantem encontrar o mínimo global de uma dada função dentro de um intervalo de busca previamente definido. Os primeiros trabalhos que utilizaram métodos rigorosos de otimização global, capazes de garantir formalmente a convergência ao mínimo global da energia livre de Gibbs em problemas de flash e ao mínimo da função ΩG em problemas de estabilidade de fases, foram realizados por Floudas e colaboradores (McDonald e Floudas, 1995a,b,c, 1997; Harding e Floudas, 2000). No entanto, a implementação dos modelos termodinâmicos utilizados demanda uma cuidadosa análise de sua forma funcional, pois a maneira em que eles são usualmente escritos e computacionalmente implementados é inadequada para o método numérico utilizado, que é do tipo branch-and-bound. Além disso, na maior parte desses trabalhos, utilizam-se expressões para a energia livre de Gibbs em excesso como modelos termodinâmicos para as fases líquidas presentes e equação de gás ideal para a fase vapor. Apenas no trabalho de Harding e Floudas (2000) modelam-se fases não ideais com EdE, mas mesmo assim somente com EdE cúbicas. Não existem trabalhos publicados por esse grupo sobre a aplicação de métodos de otimização global em sistemas modelados por EdE não cúbicas. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 37 Outra vertente da aplicação de métodos rigorosos de otimização global é a que utiliza o método de análise intervalar na análise de estabilidade de fases, o que foi feito em uma extensa série de artigo de Stadtherr e colaboradores (Hua et al., 1996b,a, 1998a,b; Tessier et al., 2000; Xu et al., 2002; Burgos-Solorzano et al., 2004; Xu et al., 2005) e Souza et al. (2006). Especificando um intervalo possível para cada incógnita de um sistema de equações algébricas não lineares, esse método garante que todas as soluções do sistema são encontradas. No caso do teste de estabilidade, determinam-se todas as condições que zeram o gradiente da função ΩG e calculam-se os valores correspondentes dessa função. Aquele que tiver o menor valor de ΩG será o mínimo global no intervalo especificado para as incógnitas. O método é elegante e fornece resultados confiáveis, mas com custo computacional muito elevado. Uma estratégia para uso dos métodos de otimização global em testes de estabilidadede fases é utilizá-los somente para a verificação final do resultado (BurgosSolorzano et al., 2004). 3.5 – Cálculo de Pontos de Bolha e Orvalho 3.5.1 – Introdução Vários equipamentos industriais para a separação de fluidos se baseiam na transferência de massa entre fases como, por exemplo, colunas de destilação, extração e absorção. Para projetar tais equipamentos, é essencial conhecer os estados de equilíbrio do sistema, caracterizados por propriedades tais como temperatura, pressão e frações molares das fases presentes. No estado de equilíbrio, os valores dessas variáveis se relacionam através das equações dos pontos de saturação, que são os pontos de bolha e orvalho no caso de equilíbrio Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 38 líquido-vapor (LV). Para calcular as propriedades das fases, é necessário também adotar um modelo termodinâmico para cada fase. 3.5.2 – Metodologia Em cálculos de equilíbrio LV, as fugacidades de cada componente i nas fases líquida fiL e vapor fiV devem ser iguais: ln fiL (T,P, x) − ln fiV (T, P, y ) = 0 (3.3) Na Equação (3.3), T e P são a temperatura e a pressão e x e y são os vetores das frações molares nas fases líquida e vapor. As seguintes equações são válidas: nc x i − 1 = 0 i =1 (3.4) nc yi − 1 = 0 i =1 (3.5) ∑ ∑ As fugacidades de cada componente i nas fases líquida ou vapor são calculadas pela EdE escolhida. As condições de equilíbrio de fases são determinadas resolvendo o sistema constituído pelas Equações (3.3) a (3.5). Resolvidas essas equações, testa-se a estabilidade das fases usando o critério do plano tangente proposto por Baker et al. (1982) utilizando a implementação de Michelsen (1982a) (apresentado na seção 3.4) para verificar se uma terceira fase está presente. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 39 O sistema não linear de equações algébricas resultantes da formulação deste problema foi resolvido usando o método de Newton-Raphson. A cada iteração deste método, o seguinte sistema linear é resolvido: b ( ) b J ∆X = −F X onde X b (3.6) ( )e b , FX b J b representam os valores das incógnitas, das funções e da matriz Jacobiana na iteração b. As expressões das funções e a matriz Jacobiana foram geradas automaticamente usando Thermath. O valor do vetor X para a iteração seguinte é obtido usando a expressão: X b +1 b = X + β∆X b (3.7) na qual β é o tamanho do passo. Em cada iteração, procura-se inicialmente usar β igual a 1; caso ocorra a violação do limite físico de alguma variável, tais como temperaturas ou número negativo de moles, usa-se um valor de β menor do que 1. Cabe observar que a variação de β pode influenciar o padrão de convergência do método Newton-Raphson; freqüentemente, necessita-se reduzir β nas iterações iniciais, mas isso é, geralmente, desnecessário na vizinhança da solução do sistema de equações. O programa utilizado permite a escolha de cinco classes de problemas de ponto de bolha (BOL) e orvalho (ORV) e o cálculo de pressões de vapor (PVAP) de componentes puros segundo as seguintes especificações: Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 40 1. BOL P: Cálculo de yi e P, dados xi e T; 2. ORV P: Cálculo de xi e P, dados yi e T; 3. BOL T: Cálculo de yi e T, dados xi e P; 4. ORV T: Cálculo de xi e T, dados yi e P; 5. PVAP T: Cálculo de Psat, dado T. Em todos os casos, é possível variar sistematicamente os valores das variáveis especificadas, como no caso da elaboração de diagramas de fases P-x-y e T-x-y de misturas binárias, e no caso do diagrama P-T da pressão de vapor de compostos puros. Quando tais variações sistemáticas são feitas, usam-se extrapolações lineares dos valores convergidos das incógnitas nas duas condições imediatamente precedentes a fim de gerar estimativas iniciais para a nova especificação. Esse procedimento facilita a realização de cálculos de equilíbrio de fases em regiões próximas a pontos críticos, onde a convergência numérica é notoriamente mais difícil. Adicionalmente, é possível o cálculo de isopletas em composição e cálculos de equilíbrio líquido-líquido (LL) usando a metodologia adotada. Para o cálculo de isopletas, uma série de cálculos de pontos de bolha e orvalho é executada variando a temperatura para uma dada composicão. Para o cálculo das curvas de LL, o procedimento é dividido em duas etapas. Primeiro, faz-se o cálculo do diagrama de fases P-x-y e verifica-se se existe alguma faixa de composição na curva de pontos de bolha onde a pressão é constante. Em caso afirmativo, o programa é modificado em sua entrada de dados para admitir LL e sua estimativa inicial é agora a composição onde se inicia o LL na curva de pontos de bolha. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 41 3.6 – Cálculo de Pontos Críticos 3.6.1 – Introdução No estudo do comportamento das fases de um determinado sistema em altas pressões, a localização do ponto crítico torna-se um problema de grande relevância teórica e prática. Sua correta localização auxilia no estabelecimento das condições de operação de processos de separação. Por exemplo, próximo do ponto crítico LV, as composições das fases em equilíbrio são similares, o calor de vaporização se aproxima de zero e as capacidades caloríficas crescem severamente. Assim, o desempenho de equipamentos que dependem destas propriedades, como separadores convencionais (colunas de destilação e absorção), tambores de flash e refervedores poderá ser inadequado se as condições operacionais estiverem próximas da condição crítica do sistema. Outro exemplo de aplicação de pontos críticos pode ser um encontrado na análise de processos de exploração de reservatórios de gás natural, pois o conhecimento do ponto crítico é fundamental para o estabecimento das regiões retrógradas. Para substâncias puras, o ponto crítico está localizado na condição em que a temperatura e a pressão atingem os maiores valores para a coexistência das fases líquida e vapor. Isto não é aplicado para misturas, pois as duas fases podem coexistir em condições acima da temperatura ou pressão crítica da mistura (comportamento retrógrado). Para substâncias puras, a análise das isotermas no plano Pressão-Volume revela que a isoterma crítica tem inclinação nula no ponto crítico e este representa um ponto de inflexão. Assim, matematicamente, o ponto crítico é descrito por: Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 42 (3.8) 2 ∂P ∂ P = 2 = 0 ∂v T ∂v T Em misturas, bem como em substâncias puras, o ponto crítico é definido como um ponto no diagrama de fases onde as propriedades intensivas (densidade, entalpia molar, entropia molar, etc...) das fases em equilíbrio tornam-se macroscopicamente indistingüíveis. Uma substância pura apresenta apenas um ponto crítico LV enquanto misturas podem apresentar uma variedade de fenômenos críticos envolvendo transições LL e LV. Em misturas multicomponentes, o critério de criticalidade pode ser obtido, dentre outras maneiras (Reid e Beegle, 1977), a partir da expansão em série de Taylor da energia livre de Helmholtz: (3.9) nc 1 nc nc ∂ 2 A A − A − µ ∆ n = ∆n i ∆n j ∑ ∑∑ 0 i i i =1 T0 ,V0 2 i=1 j=1 ∂n i ∂n j T ,V + 1 nc nc nc ∂ 3A ∑∑∑ 6 i=1 j=1 k =1 ∂n i ∂n j∂n k ∆n i ∆n j∆n k + ... T ,V onde A é a energia livre de Helmholtz, µi é o potencial químico e ni é o número de moles do componente i. O subscrito 0 significa a condição do sistema cuja criticalidade se deseja determinar. A condição de ponto crítico é dada por: 1 nc nc ∂ 2 A ∑∑ 2 i =1 j=1 ∂n i ∂n j T,V 1 nc nc nc ∂ 3A ∆n i ∆n j = ∑∑∑ 6 i =1 j=1 k =1 ∂n i ∂n j∂n k ∆n i ∆n j∆n k = 0 T,V (3.10) Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 43 A localização do ponto crítico de uma mistura com composição conhecida é obtida resolvendo as Equações (3.10) determinando, por exemplo, os valores da temperatura e volume molar que zeram os somatórios. Após a determinação do ponto que satisfaça esta condição, deve ser realizado o teste de estabilidade de fases, a fim de verificar se os pontos encontrados são estáveis, completando os requisitos necessários para serem classificados como críticos. 3.6.2 – Progressos nos cálculos de pontos críticos para misturas Desde a formulação dos critérios termodinâmicos, primeiramente apresentados por Gibbs (1928), para pontos críticos de misturas, muitos estudos têm sido feitos para calcular as condições para a ocorrência desse tipo de fenômeno. Métodos empíricos (Spencer et al., 1973) baseados em correlações empíricas de propriedades críticas dos componentes puros, métodos indiretos (Asselineau et al., 1979; Michelsen, 1980), nos quais o ponto crítico é encontrado a partir da construção do diagrama de fases e os métodos diretos, que resolvem um sistema de equações proveniente de um rigoroso critério termodinâmico, são as classes propostas para o cálculo de pontos críticos. Os métodos diretos são superiores em relação aos outros métodos citados (Elliot e Daubert, 1987) e serão comentadas a seguir. A utilização das condições de criticalidade propostas por Gibbs (1928) para a localização dos pontos críticos em misturas pode ser encontrada em trabalhos como o de Spear et al. (1969, 1971) que utiliza a EdE de Redlich-Kwong (RK) (Redlich e Kwong, 1949) em misturas binárias e ternárias. Outras EdE também são utilizadas como a BWR (Benedict et al., 1940), no trabalho de Sarashina et al. (1974), e Soave-Redlich-Kwong (SRK) (Soave, 1972), no trabalho de Huron (1976), ambos para misturas binárias. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 44 O primeiro procedimento genérico para determinação direta dos pontos críticos de uma mistura foi desenvolvido por Peng e Robinson (1977). Este método baseia-se no critério proposto por Gibbs em 1876 (Gibbs, 1928) e usa a energia livre de Gibbs molar como relação termodinâmica fundamental. As expressões matemáticas são colocadas da seguinte forma: det (U(T, P )) = 0 (3.11) det (M (T, P )) = 0 (3.12) onde os elementos das matrizes U e M são: ∂ 2g onde i, j = 1, 2,..., n − 1 Ui, j = ∂x x i j T , P (3.13) ∂ (det(U)) e M i, j = U i, j para i = 2,..., n − 1 M1, j = ∂x j T , P (3.14) onde g é a energia livre de Gibbs molar e xi é a fração molar dos componentes. Mais tarde, Sadus e Young (1987) desenvolveram um método semelhante utilizando a energia livre de Helmholtz. Hicks e Young (1977) propuseram um procedimento que parte da definição de uma área retangular de busca no plano v-T e obtém todos os pontos do perímetro de definição desta área no qual uma das equações que determina a localização do ponto crítico é nula. Determina-se, então, o lugar geométrico em que esta equação permanece nula no interior Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 45 desta área de busca. Durante o traçado destas linhas, monitora-se o sinal da segunda equação para determinação do ponto crítico. Uma troca de sinal indica a passagem por uma solução desta segunda equação e, portanto, por um ponto crítico. O método de bisseção determina o ponto crítico com a precisão desejada. Em seguida, cada ponto crítico passa por um rigoroso teste de estabilidade mecânica e material. Este método é discutido em mais detalhes na seção 3.6.3. Reid e Beegle (1977) usaram transformadas de Legendre para demonstrar que as condições de limite de estabilidade e ponto crítico podem ser expressas de várias formas equivalentes, dependendo da escolha e ordem das variáveis independentes. Baker e Luks (1980) perceberam que o conjunto de variáveis independentes mais conveniente quando se trabalha com EdE explícitas em pressão são a temperatura, o volume e o número de moles (T,V,n). Com estas variáveis independentes, as condições para o cálculo do ponto crítico são expressas como função da energia livre de Helmholtz. Este método requer o cálculo de muitos determinantes assim como no caso do método proposto por Peng e Robinson (1977). Heidemann e Khalil (1980) usaram uma expansão em série de Taylor da energia livre de Helmholtz e formularam um critério para ponto crítico de uma mistura com n componentes como: T Q ⋅ ∆n = 0, ∆n ∆n = 1 (3.15) Capítulo 3 – Técnicas Computacionais ∂ 3A ∆n i ∆n j∆n k = 0 C = ∑∑∑ i j k ∂n i ∂n j∂n k T,V 46 (3.16) onde A é a energia livre de Helmholtz e a matriz Q tem elementos: ∂ 2A ∂ ln f j = RT ∂ ln f i = RT Qij = ∂n ∂n ∂n ∂n j T , V i T , V i j T, V (3.17) No cálculo da temperatura e volume críticos, usa-se o método de Newton-Raphson para determinar a temperatura na qual o conjunto de equações homogêneas representadas pela Equação (3.15) tem solução não trivial. Os elementos ∆n i são calculados e normalizados, e o cálculo da forma cúbica C é usado para corrigir os valores do volume em um ciclo iterativo externo. Este procedimento é repetido até alcançar a convergência. Logo após a divulgação deste método, duas modificações foram apresentadas para melhorar a eficiência computacional. Michelsen (1980) propôs uma modificação na forma cúbica C do algoritmo na qual as derivadas parciais de segunda ordem das fugacidades com respeito aos números de moles não são necessárias. O autor reescreve a expressão da forma cúbica em termos de derivadas numéricas direcionais, diminuindo o custo computacional. Michelsen e Heidemann (1981) descrevem uma modificação computacional do método de Heidemann e Khalil (1980) aplicável a equações de estado de dois parâmetros. Esta modificação permitiu a redução do tempo computacional em relação ao método original. Billingsley e Lam (1986) estenderam esta abordagem para cálculo de pontos críticos utilizando os parâmetros de interação binária da equação de estado diferentes de zero. Recentemente, Nichita (2005) retoma esta abordagem, com um novo método de redução para o cálculo de pontos críticos. Segundo o autor, a modificação feita na forma cúbica C permite Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 47 o cálculo de pontos críticos para misturas com muitos componentes com poucos parâmetros de interação binária iguais a zero. O algoritmo é testado em sistemas de hidrocarbonetos. Vários estudos utilizaram o procedimento computacional de Heidemann e Khalil (1980) para a localização dos pontos críticos das misturas multicomponentes. Como exemplos, podese citar: • Smith et al. (1989) investigaram os pontos críticos de diversos sistemas usando uma EdE proposta por Suzuki et al. (1989); • García-Sanchez et al. (1992) mostraram a predição de pontos críticos de fluidos de reservatório de petróleo usando a EdE SPHCT (Simplified Perturbed Hard Chain Theory) proposta por Kim et al. (1986); • Kolar e Kojima (1996) calcularam pontos críticos usando a EdE de contribuição de grupos PSRK (Predicted Soave Redlich Kwong) proposta por Holderbaum e Gmehling (1991) para diversos sistemas e compararam sua performance com outras EdE; • Stockfleth e Dohrn (1998) descrevem um procedimento para combinar este método com qualquer programa para cálculo de equilíbrio de fases usando EdE. Os autores também mostram a combinação do método para ponto crítico com o simulador de processos ASPEN PLUS. • Wang et al. (1999) utilizaram este método com o método de continuação homotópica para o cálculo de pontos críticos de misturas binárias utilizando a EDE de van der Waals. • Gauter et al. (1999) modificaram este método para cálculo de pontos críticos terminais e usaram o critério do plano tangente proposto por Baker et al. (1982) para determinação da ocorrência da uma fase adicional. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais • 48 Abu-Eishah (1999) utiliza este método para calcular propriedades críticas de misturas binárias com a EdE Peng-Robinson-Stryjek-Vera (PRSV-2) (Stryjek e Vera, 1986). O autor compara suas simulações com dados experimentais de sistemas polares e apolares e propõe uma modificação na equação para corrigir a predição dos volumes críticos. • Arce et al. (2002) utilizaram este método para cálculo de pontos críticos de misturas binárias utilizando as EdE SRK, PR e SPHCT. Os autores concluíram que a EdE SPHCT obteve a melhor performance nos sistemas analisados. • Chaikunchuensakun e Tanthapanichakoon (2003) estenderam este método para o uso de regras de misturas baseados em modelos de energia livre em excesso. Os autores descrevem as derivadas parciais analíticas necessárias para programar o algoritmo e usam a EdE de PR com as regras de mistura de Wong-Sandler (Wong e Sandler, 1992) e Huron-Vidal (Huron e Vidal, 1979) nos cálculos de pontos críticos. Michelsen (1984) descreve um método computacional para cálculo de pontos críticos baseado no critério proposto por Michelsen (1982b), onde as condições de criticalidade são baseadas no critério de estabilidade de fases desenvolvido por Baker et al. (1982). A temperatura e pressão crítica são determinadas diretamente usando o método de NewtonRaphson. O método possui a desvantagem de precisar de estimativas iniciais próximas da solução para executar o cálculo. Nagarajan et al. (1991) reformula a análise de Michelsen (1984) para criticalidade de fases adotando a densidade molar como variável primária ao invés de fração molar ou número de moles dos componentes da mistura. Castier e colaboradores (Castier e Sandler, 1997a,b; Alvarado et al., 1998 e Castier et al., 2004) estudaram os pontos críticos e os tipos de diagramas de fases de misturas binárias Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 49 utilizando as EdE de van der Waals e Peng-Robinson modificada (PRSV) com as regras de misturas de Wong-Sandler (Wong e Sandler, 1992). Para a obtenção das linhas críticas, os autores utilizaram uma versão modificada do método de Hicks e Young (1977), na qual o procedimento de busca é refinado pelo procedimento de Heidmann e Khalil (1980). Oh et al. (2004) utilizaram este método a para calcular a curva crítica do sistema 1-propanol+n-hexano. Rochocz et al. (1997) investigaram os pontos críticos em misturas semicontínuas usando a EdE PR. O método computacional utilizado foi o de Hicks e Young (1977) modificado por Castier e Sandler (1997a). O mesmo método foi utilizado por Mattedi et al. (2000, 2002) que calcularam pontos críticos usando uma EdE baseada na teoria de van der Waals generalizada combinada com a teoria de gás reticulado (Mattedi et al., 1998). Cai et al. (2000) analisaram o efeito de uma função de distribuição, usando conceitos da termodinâmica do contínuo, no comportamento de fases de misturas de fluidos polidispersos. Os autores utilizaram o método de Hicks e Young (1977) para calcular os pontos críticos com a EdE de van der Waals. Mais tarde Cai et al. (2006) utilizam os conceitos da termodinâmica do contínuo para cálculos de pontos críticos em misturas pseudobinárias utilizando a EdE SRK combinada com a teoria de remormalização de grupos (RG) (Wilson, 1971). Jiang e Prausnitz (2000) utilizaram a EdE EOSCF (Jiang e Prausnitz, 1999) com uma correção baseada na teoria da renormalização de grupos para calcular pontos críticos de misturas de hidrocarbonetos. Os autores utilizam a abordagem de Redlich e Kister (1962) para a obtenção das coordenadas críticas. O benefício de utilizar esta modelagem é a precisão no cálculo dos pontos críticos, mas com elevado custo computacional. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 50 Stradi et al. (2001) utilizam o procedimento de análise intervalar combinado com o método de Heidemann e Khalil (1980) para determinação de pontos críticos de misturas. Esta técnica evita o uso de estimativas iniciais próximas à solução, como requer o método de Newton-Raphson, mas com elevado custo computacional. Os autores utilizam as EdE PR e SRK para ilustrar o procedimento nos exemplos apresentados. Os autores afirmam que este método garante a localização de todos os pontos críticos da mistura. Henderson et al. (2004) formularam um procedimento para localização de pontos críticos baseados no critério do plano tangente de Gibbs (Baker et al., 1982), permitindo o seu cálculo via otimização global. Para resolver o problema de otimização, os autores utilizaram o método simulated anneling. Freitas et al. (2004) investigaram pontos críticos em misturas binárias utilizando esta metodologia e calcularam múltiplos pontos críticos para o sistema metano+H2S mostrando a capacidade do método. Mi et al. (2005) calcularam pontos críticos de misturas binárias utilizando a EdE SAFT combinada com a RG. Os autores utilizaram a abordagem de Sadus (1992) para a determinação da região crítica dos sistemas. Hoteit et al. (2006) adaptaram o método de Heidemann e Khalil (1980) com as seguintes alterações: o algoritmo de Brent (Press et al., 1992) no lugar do método de NewtonRaphson; fatorização de matrizes no lugar da eliminação Gaussiana e uma mudança na forma de calcular a forma cúbica. Os autores utilizaram este procedimento para calcular pontos críticos de misturas de petróleo e afirmam que a metodologia é eficiente e robusta e muito mais rápida que a de Stradi et al. (2001) para o mesmo nível de confiança. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 51 Além dos procedimentos para cálculo de pontos críticos convencionais, a literatura apresenta alguns algoritmos para o cálculo de pontos críticos de ordem superior, como o ponto tricrítico. Widom e Sundar (1986) apresentam uma revisão sobre os aspectos teóricos sobre fenômenos críticos em fluidos e enfatizam a descrição de teorias para obtenção de pontos tricríticos como a de Griffiths (1974). Bartis (1973) derivou o critério termodinâmico para obtenção de pontos críticos de ordem superior como os tricríticos para sistemas multicomponentes. O procedimento adotado é uma extensão dos critérios adotados por Gibbs (1928) para o ponto crítico ordinal. Mistura (1976) também propõe um procedimento para cálculo de coordenadas tricríticas baseado nos critérios de Gibbs (1928). Medeiros (1982) utiliza a EdE PR para cálculo do sistema H2O+EtOH+CO2 em altas pressões. O autor baseia-se nas condições de criticalidade de fases descritas por Gibbs (1928) para desenvolver algoritmos computacionais para determinação das coordenadas críticas. O ponto tricrítico do sistema é calculado, de forma aproximada, seguindo as curvas críticas do sistema. Michelsen e Heidemann (1988) desenvolveram um método direto para cálculo de pontos tricríticos usando uma equação de estado, baseado numa expansão em série de Taylor da função que mede a distância do plano tangente à superfície da energia livre de Gibbs. Deste modo, a condição para o ponto tricrítico implica que os termos de segunda até quinta ordem devam ser nulos e que o de sexta ordem desta expansão em série seja positivo. Os Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 52 autores utilizaram as EdE de PR e SRK para cálculo dos pontos tricríticos em misturas ternárias e obtiveram concordância qualitativa com dados experimentais. Medeiros (1990) desenvolveu um modelo para cálculo de equilíbrio de fases de misturas baseado em uma modificação do modelo de gás reticulado, pela admissão de múltipla ocupação de sítios da estrutura reticular. O modelo é aplicado ao estudo da vizinhança tricrítica do sistema dióxido de carbono+etanol+água. Kohse e Heidemann (1992) usaram o procedimento descrito por Michelsen e Heidemann (1988) para calcular linhas tricríticas em misturas quaternárias. Os autores utilizaram a função distância do plano tangente escrita em termos da energia livre de Helmholtz e a EdE SRK como modelo termodinâmico. Kohse e Heidemann (1993) apresentam modificações no método de Michelsen e Heidemann (1988) para cálculo de pontos tricríticos para misturas usando uma equação de estado. As modificações propostas permitem a localização de mais de um ponto tricrítico. Os autores comparam o desempenho das duas metodologias numa variedade de sistemas ternários e concluíram que o método desenvolvido é capaz de calcular pontos tricríticos em sistemas com comportamento de fases complexo. Arce (2005) calculou o equilíbrio de fases e fenômenos críticos em sistemas ternários formados por dióxido de carbono+polímero+co-solvente usando diferentes EdE. O autor utiliza o método de Heidemann e Khalil para cálculos dos pontos críticos e o procedimento desenvolvido por Deiters e Pegg (1989) para cálculo dos pontos tricríticos e pontos críticos terminais duplos destes sistemas. Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 53 Além destes procedimentos para o cálculo de pontos tricríticos para misturas multicomponentes, existe uma gama de métodos para a localização destes pontos em misturas ternárias baseados na aproximação de misturas “quase-binárias”. Como exemplos, podemos citar os trabalhos de Pegg et al. (1990) e Peters et al. (1989). 3.6.3 – O método de Hicks e Young O método de Hicks e Young apresenta algumas vantagens em relação ao método de Heidemann e Khalil, como a capacidade de encontrar múltiplos pontos críticos e não necessitar de estimativas iniciais. A principal causa da escolha deste método para calcular os pontos críticos neste trabalho, além das expostas acima, deve-se à possibilidade de utilização das rotinas computacionais desenvolvidas por Castier e Sandler (1997a) tanto para o cálculo de pontos críticos entre fases adsorvidas (Capítulo 7) quando para o cálculo de pontos críticos de misturas de hidrocarbonetos (Capítulo 8) e de reservatórios de gás natural (Capítulo 9). O procedimento discutido aqui é baseado na proposta de que os pontos críticos da misturas são localizados como solução das formas quadrática e cúbica da expansão em série de Taylor da energia livre de Helmholtz, que são representadas por: ~ 1 nc nc ∂ 2 A α~ v, T = ∑∑ 2 i =1 j=1 ∂n i∂n j ( ) ∆n i ∆n j = 0 (3.18) T,V ~ 1 nc nc nc ∂ 3A v, T = ∑∑∑ β~ 6 i=1 j=1 k =1 ∂n i ∂n j∂n k ( ) ∆n i ∆n j∆n k = 0 T ,V (3.19) Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 54 Este método inicia-se com a definição de uma região denominada como área de busca que será analisada no plano T-v. Usualmente, utilizam-se coordenadas adimensionais definidas como: (3.20) v ~ T T= v= e ~ Tpc b nc onde Tpc = ∑ x i Tc ,i é a temperatura pseudocrítica da mistura e b é um parâmetro característico i =1 de tamanho molecular, tal qual o parâmetro “b” de uma equação de estado cúbica. Assim, a região retangular de busca é definida através dos intervalos definidos para ~ T e ~ v, apresentada na Figura 3.1. ~v , T 1 2 ~v , T 1 1 ~v , T 2 2 ~v , T 2 1 Figura 3.1 – Região retangular de busca. Após a definição da região de busca, cada aresta é dividida em um número especificado de pontos e calcula-se, ao longo das bordas da região de busca, o sinal de α . Uma mudança de sinal de α indica a passagem por um ponto em que a forma quadrática é nula. Neste caso, um método de bisseção permite obter com a precisão desejada o ponto Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 55 α = 0 . Após este procedimento, tem-se uma lista de todos os pontos ao longo das bordas da região de busca em que α = 0 denominados pontos de entrada. Em seguida, inicia-se a busca no interior da região de busca. Partindo de cada ponto de entrada, determina-se o lugar geométrico dos pontos onde α = 0 . O levantamento dos lugares geométricos de α = 0 é efetuado até a saída da região de busca. Este ponto deverá corresponder a um dos pontos de entrada já obtidos na análise do perímetro, sem a necessidade de analisá-lo novamente. Durante o cálculo das curvas de α = 0 , calcula-se o sinal da forma cúbica β a cada ponto. Uma mudança de sinal de β indica a passagem por um ponto em que α e β são zerados simultaneamente, atendendo as condições de ponto crítico. Estes pontos são calculados com maior precisão e cada um deles passa por um processo de análise de estabilidade. Assim podemos dividir o problema em três partes: (1) a localização dos pontos de entrada, (2) o estabelecimento da trajetória dos pontos de entrada na região de busca e (3) a localização precisa da solução e testes de estabilidade. Estes itens serão discutidos em detalhes nos próximos parágrafos. (1) Localização dos pontos de entrada ~ v − T são Os pontos de entrada, definidos por α = 0 , dentro da região de busca no plano ~ localizados à medida que se percorre o perímetro da área retangular com pequenos ~ intervalos ∆~ v ou ∆T , calculando o valor de α a cada passo. A mudança de sinal no valor de α localiza uma raiz no limite da região de busca, como mostra a Figura 3.2. Ativa-se o método de bisseção para encontrar este ponto de entrada com a precisão desejada. A vantagem do método de bisseção usado aqui é que, depois de um certo número de bisseções de um dado intervalo, pode-se conhecer o erro máximo com o qual o ponto de entrada foi localizado. Entretanto, isto promove também uma desvantagem, pois raízes de Capítulo 3 – Técnicas Computacionais 56 α que sejam muito próximas umas das outras (menores que o tamanho do passo inicial) podem ser perdidas. Durante o procedimento de rastreamento, a curva dos pontos onde α = 0 é traçada do ponto de entrada ao ponto de saída. Uma lista é feita com todos os pontos de entrada encontrados. Para evitar a construção de duas curvas iguais, os novos pontos de entrada são verificados pela lista antes de serem usados. α1 = 0 α4 = 0 α2 = 0 α>0 α<0 α3 = 0 Figura 3.2 – Localização dos pontos de entrada. (2) A trajetória dos pontos de entrada na região de busca Uma vez identificados os pontos onde α = 0 , inicia-se a busca no interior do retângulo ~ delimitado no plano ~ v − T . Partindo de cada ponto de entrada, utiliza-se um método de predição e correção desenvolvido por Castier e Sandler (1997a) para determinar o lugar geométrico dos pontos onde α = 0 , como mostra a Figura 3.3. A etapa de predição é realizada por uma extrapolação cúbica do ponto de entrada e a correção é feita utilizando o método de Newton-Raphson. Hicks e Young (1977) utilizaram um método de busca ~ exaustiva pouco eficiente, envolvendo transformação de coordenadas no plano ~ v −T . Capítulo 3 – Técnicas Computacionais α1 = 0 57 α2 = 0 C C α>0 α<0 β>0 β<0 α 4 = 0 α3 = 0 Figura 3.3 – Trajetória dos pontos de entrada na região de busca. (3) A localização precisa da solução e testes de estabilidade Seguindo o procedimento desenvolvido por Castier e Sandler (1997a), quando o algoritmo está próximo da solução, o método de Heidemann e Khalil (1980) é ativado para refinar o cálculo com a tolerância desejada, sem nenhuma dificuldade numérica significativa. A solução das condições de criticalidade é uma condição necessária, mas não suficiente para a identificação de um ponto crítico. No ponto crítico, os autovalores da matriz Hessiana da energia livre de Helmholtz devem ser todos não negativos e o primeiro termo não nulo deve ser positivo e de ordem par. Dois testes são programados para classificar os pontos encontrados: o primeiro determina o sinal da quarta derivação da energia livre de Helmholtz e o segundo é o teste de estabilidade global baseado no critério do plano tangente (Baker et al., 1982; Michelsen, 1982a). Somente são classificados como pontos críticos os pontos que, além de atenderem as condições de criticalidade, são considerados estáveis. Capítulo 4 – Diagramas de Fases 58 CAPÍTULO 4 – DIAGRAMAS DE FASES Neste Capítulo, discutem-se os diagramas de fases segundo a classificação de van Konynenburg e Scott (1980). Na seção 4.1, apresenta-se uma breve introdução sobre os tipos de diagramas de fases. Na seção 4.2, faz-se uma breve discussão sobre o diagrama global de fases. A seção 4.3 descreve a formulação utilizada para projetar esses diagramas. 4.1 – Introdução Os estudos de van Konynenburg e Scott (Scott e van Konynenburg, 1970; van Konynenburg e Scott, 1980) discutiram um grande número de diagramas de fases de sistemas binários sem levar em consideração o equilíbrio com fases sólidas, como também se faz nas formulações do presente trabalho. A Figura 4.1 mostra a classificação de diagramas de fases segundo van Konynenburg e Scott (1980). Esta classificação baseia-se na presença ou ausência das linhas trifásicas líquido-líquido-vapor (LLV), e, quando presentes, na maneira pela qual elas são conectadas às outras linhas. Nos sistemas que são classificados como diagramas do Tipo I somente ocorre equilíbrio líquido-vapor (LV), enquanto nos sistemas que são representados por diagramas dos Tipos II ao VI, o equilíbrio líquido-líquido (LL) também ocorre em certas regiões do diagrama de fases. Uma discussão detalhada sobre a observação experimental dos tipos de diagramas de fases pode ser encontrada em algumas revisões como, por exemplo, o livro de Rowlinson e Swinton (1982). Esta seção restringe-se apenas a uma pequena revisão sobre os vários tipos de diagramas de fases, discutindo-os de acordo com a classificação de van Konynenburg e Scott (1980). Cada tipo de diagrama de fases será ilustrado com um ou mais exemplos de sistemas binários que mostram este tipo de Capítulo 4 – Diagramas de Fases 59 comportamento de fases. Revisões extensas sobre dados experimentais de pontos críticos em sistemas binários podem ser encontradas em Hicks e Young (1975), Shouten (1989), Sadus (1992, 1994) e nos trabalhos de Schneider (1983a,b;1998;2002). Figura 4.1 – Os principais tipos de diagramas de fases para sistemas binários de acordo com a classificação de van Konynenburg e Scott (1980). As linhas sólidas são as pressões de vapor dos dois componentes puros, as linhas tracejadas representam as linhas trifásicas (LLV) e as linhas pontilhadas são as linhas críticas (adaptado de Scott, 1999). Apesar da classificação original de van Konynenburg e Scott (1980) apresentar seis diagramas de fases distintos, pretende-se, neste capítulo, caracterizar os diagramas de fases até o Tipo X, atendo-se apenas às suas características principais. Capítulo 4 – Diagramas de Fases 60 4.1.1. – Diagramas de fases do Tipo I Os diagramas de fases do Tipo I têm uma curva de equilíbrio LV crítica contínua sem qualquer equilíbrio LL, como mostra a Figura 4.2. Geralmente, em sistemas reais, a cristalização de um dos componentes impede o equilíbrio LL a baixas temperaturas (van Pelt, 1992). O comportamento de fases do Tipo I ocorre em sistemas binários entre duas substâncias quimicamente similares e/ou com propriedades críticas próximas. Este tipo de diagrama pode ser encontrado em sistemas como metano+etano, etano+2-metilpropano e benzeno+ciclohexano. Neste tipo de diagrama, também podem ser incluídos sistemas que apresentam azeótropos; neste caso o diagrama, denomina-se Tipo I-A. Figura 4.2 – Diagrama de fases do Tipo I: (− − − ) curva crítica, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (o ) pontos críticos dos componentes puros (adaptado de van Pelt et al., 1991). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 61 4.1.2 – Diagramas de fases do Tipo II Os diagramas de fases do Tipo II possuem uma curva crítica LV contínua como os diagramas do Tipo I. Em adição, possuem uma curva crítica de imiscibilidade LL em temperaturas abaixo do ponto crítico do componente mais volátil. Apresentam também uma curva trifásica (LLV) no plano P-T entre as curvas de pressão de vapor dos componentes puros, terminando em um ponto crítico terminal superior (UCEP), como representado na Figura 4.3. Sistemas binários como CO2+n-octano e amônia+tolueno apresentam este tipo de diagrama. Na presença do fenômeno de azeotropismo, este diagrama denomina-se Tipo II-A. Figura 4.3 – Diagrama de fases do Tipo II: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e (∆ ) UCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 62 4.1.3 – Diagramas de fases do Tipo III Sistemas que apresentam diagramas de fases classificados como do Tipo III têm duas curvas críticas distintas, uma começando no ponto crítico do componente menos volátil, que prossegue até pressões infinitas. A outra curva crítica começa no ponto crítico do componente mais volátil e encontra a curva trifásica LLV no UCEP, como mostra a Figura 4.4. Neste tipo de diagrama, quando a curva crítica que prossegue até pressões infinitas tem inclinação positiva, ocorre o chamado equilíbrio gás-gás (duas fases em equilíbrio em temperaturas maiores que as temperaturas críticas de ambos os componentes puros). Como exemplos de diagramas do Tipo III, pode-se citar os sistemas etano+metanol, metano+tolueno e água+propano. Na presença de azeótropo ordinal, este diagrama recebe o nome de Tipo III-A e, no caso de heteroazeótropo, Tipo III-HA. Mais detalhes sobre os diagramas de fases do Tipo III podem ser encontrados em Quiñones-Cisneros (1997). Figura 4.4 – Diagrama de fases do Tipo III: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e (∆ ) UCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 63 4.1.4 – Diagramas de fases do Tipo IV Em diagramas de fases classificados como do Tipo IV, encontram-se três tipos distintos de curvas críticas. Uma delas é uma curva crítica LL que começa no UCEP da linha trifásica LLV e vai para pressões infinitas. A segunda curva crítica começa no ponto crítico do componente mais volátil e termina no UCEP de uma segunda curva trifásica LLV. A terceira curva começa no ponto crítico do componente menos volátil e termina no ponto crítico terminal inferior (LCEP) da segunda linha trifásica LLV como mostra a Figura 4.5. O diagrama de fases Tipo IV ocorre em sistemas binários como etano+1-propanol e CO2+nitrobenzeno. Figura 4.5 – Diagrama de fases do Tipo IV: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 64 4.1.5 – Diagramas de fases do Tipo V Estes diagramas são similares aos do Tipo IV sem a curva crítica tipo LL e a linha trifásica LLV a baixas temperaturas (Figura 4.6). Misturas de n-alcanos com grande diferença de tamanho de moléculas apresentam este tipo de diagrama de fases como, por exemplo, metano+hexano e também misturas contendo álcoois, como o caso da mistura eteno+metanol. Na presença de azeótropos, este diagrama é identificado como do Tipo V-A. Figura 4.6 – Diagrama de fases do Tipo V: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al.,1991). 4.1.6 – Diagramas de fases do Tipo VI O diagrama de fases do Tipo VI consiste de uma curva crítica de LV conectando os dois pontos críticos dos componentes puros, e uma curva crítica LL com um máximo em pressão Capítulo 4 – Diagramas de Fases 65 conectando os LCEP e o UCEP da mesma linha trifásica LLV (Figura 4.7). Diagramas do Tipo VI são geralmente encontrados em sistemas aquosos como água+2-butanol. Figura 4.7 – Diagrama de fases do Tipo VI: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al.,1991). 4.1.7 – Diagramas de fases do Tipo VII Os diagramas do Tipo VII têm uma região de imiscibilidade LL fechada como no Tipo VI, mas a curva crítica LV é interrompida por uma linha trifásica LLV. A Figura 4.8 ilustra este tipo de diagrama. Os diagramas do Tipo VII ainda não foram confirmados experimentalmente. Boshkov (1987) apresentou este tipo de diagramas para misturas de Lennard-Jones de moléculas de mesmo tamanho. Yelash e Kraska (1998) e Wang et al. (2000) também obtiveram este tipo de comportamento de fases em misturas binárias de Capítulo 4 – Diagramas de Fases 66 moléculas de mesmo tamanho usando as equações de estado (EdE) de Carnahan-Starling-van der Waals (Carnahan e Starling, 1969) e Guggenheim (Guggenheim, 1965), respectivamente. Figura 4.8 – Diagrama de fases do Tipo VII: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). 4.1.8 – Diagramas de fases do Tipo VIII O diagrama de fases do Tipo VIII tem três tipos de curvas críticas. Uma curva crítica começa no ponto crítico do componente menos volátil e prossegue a altas pressões. A outra curva crítica começa no ponto crítico do componente mais volátil e se estende até o UCEP onde termina a linha trifásica. A terceira linha crítica é do tipo LL, começa em altas pressões e termina no LCEP. A Figura 4.9 ilustra este tipo de diagrama. van Pelt et al. (1991) apresentou este diagrama para o sistema CF4+NH3 utilizando a EdE SPHCT (Kim et al., 1986). Polishuk Capítulo 4 – Diagramas de Fases 67 et al. (1999b) também encontraram este tipo de diagrama para o sistema NO+HCONH2 utilizando a EdE SRK (Soave, 1972). Figura 4.9 – Diagrama de fases do Tipo VIII: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP e (∇) LCEP (adaptado de van Pelt et al., 1991). 4.1.9 – Diagramas de fases do Tipo IX van Pelt et al. (1995) analisaram o comportamento global das fases em misturas binárias utilizando a equação de estado SPHCT. Os autores descobriram novos tipos de diagramas para sistemas com moléculas que possuem grande diferença de tamanho, dentre eles, o Tipo IX (Figura 4.10). Este diagrama é similar ao Tipo VIII, com a adição de mais uma curva trifásica conectando os UCEP e LCEP. Ainda não há comprovação experimental deste diagrama. Capítulo 4 – Diagramas de Fases 68 Figura 4.10 – Diagrama de fases do Tipo IX: (. . .) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (− − − ) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais (adaptado de van Pelt et al., 1995). 4.1.10 – Diagramas de fases do Tipo X Este diagrama, encontrado por van Pelt et al. (1995), possui quatro curvas críticas (Figura 4.11). Uma delas encontra-se em elevadas pressões. As demais são conectadas com linhas trifásicas nos seus respectivos UCEP e LCEP. Os autores simularam este novo tipo de diagrama utilizando a equação de estado SPHCT em sistemas com moléculas que possuem grande diferença de tamanho. Assim como no diagrama do Tipo IX, não há comprovação experimental deste diagrama. Capítulo 4 – Diagramas de Fases 69 Figura 4.11 – Diagrama de fases do Tipo X: (. . .) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (− − − ) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais (adaptado de van Pelt et al., 1995). 4.2- Diagrama Global de Fases 4.2.1 – Introdução Existem duas áreas principais nos quais os avanços nos cálculos dos diagramas de fases têm sido feitos nos últimos anos. A primeira delas é a investigação topológica completa do diagrama de fases necessária para um melhor entendimento e melhor investigação de certos modelos termodinâmicos. A outra é a aplicação do método para o entendimento do comportamento das fases em sistemas complexos (Boshkov et al., 2002). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 70 A investigação topológica completa dos diagramas de fases foi desenvolvida por van Konynenburg e Scott (1980) e recebeu a denominação de diagrama global de fases (DGF). No DGF, cada sistema experimental é representado por um único ponto, localizado numa certa região, que está relacionado a um tipo de diagrama de fase. Diferentes sistemas podem ser localizados numa mesma região do DGF, como, por exemplo, os sistemas que são classificados como do Tipo I. Desta forma, o DGF pode ser usado como uma ferramenta prática para caracterização e sistematização do comportamento de uma variedade de misturas binárias, para a comparação de diferentes misturas e de sistemas de famílias, onde um componente é fixado, e, o outro, é membro de uma série homóloga (Bardas et al., 2002). Outra aplicação do estudo dos DGF é a análise de sistemas multicomponentes contendo moléculas poli-segmentadas. Este tipo de sistema é importante para inúmeras áreas da indústria, incluindo refino de petróleo, purificação farmacêutica, e o processamento de muitos tipos de polímeros, tais como borrachas, plásticos, e aditivos para lubrificantes. O conhecimento do comportamento das fases de uma solução contendo moléculas polisegmentadas durante o processamento nos permite induzir ou evitar a separação das fases e isto é um fator importante para o sucesso do projeto e operação deste processo. Uma maneira de abordar este problema é construir um DGF que prediz o comportamento das fases esperadas, dada uma EdE. Usando o conhecimento inserido em um DGF, o engenheiro pode ajustar o processo, selecionando, por exemplo, um tipo de comportamento apropriado para ele (Attwood e Hall, 2003). Desde os estudos de van Konynenburg e Scott (Scott e van Konynenburg, 1970; van Konynenburg e Scott, 1980), no qual foi desenvolvido um método para o cálculo de DGF aplicado a misturas binárias simples, os desenvolvimentos no cálculo de DGF enfocaram Capítulo 4 – Diagramas de Fases 71 sistemas complexos como substâncias polares, sistemas iônicos, soluções poliméricas. Este tipo de diagrama representa um mapa que mostra todos os comportamentos de fases que podem ser previstos por um dado modelo termodinâmico, como mostrado na Figura 4.12. O DGF é plotado em um plano no qual os eixos coordenados correspondem aos valores dos parâmetros do modelo, admitindo-se que eles possam variar continuamente. van Konynenburg e Scott (1980), em seu estudo sistemático de pontos críticos, definiram variáveis auxiliares, a partir dos parâmetros “a” e “b” da EdE de van der Waals, para representar as coordenadas do diagrama. Estas variáveis são: b 22 − b11 b 22 + b11 (4.1) a 22 a 11 2 − 2 b b11 ζ = 22 a 22 a 11 2 + 2 b 22 b11 (4.2) a 22 2a12 a11 2 − + 2 b 22 b11b 22 b11 Λ= a 22 a11 2 + 2 b 22 b11 (4.3) ξ= A forma das Equações (4.1) a (4.3) pode mudar, dependendo da forma da EdE utilizada. Usualmente, utiliza-se o diagrama ζ-Λ para valores constantes de ξ. Os parâmetros variam de –1 a 1. van Konynenburg e Scott (1980) mostraram que, para a EdE de van der Capítulo 4 – Diagramas de Fases 72 Waals, dois sistemas com os mesmos ζ, Λ e ξ têm o mesmo comportamento em coordenadas reduzidas, mesmo que os valores de “a” e “b” sejam diferentes. Figura 4.12 – Um esquema de diagrama global de fases predito pela equação de estado de van der Waals para uma mistura com moléculas de mesmo tamanho, como calculado por van Konynenburg and Scott (Attwood e Hall, 2003). As coordenadas Λ e ζ são parâmetros adimensionais baseados nos termos “a” e “b” da equação de estado. 4.2.2 – Transições entre regiões do DGF Nos DGF, há linhas que representam as transições entre as áreas de diferentes tipos de diagramas de fases como, por exemplo, Tipos I, II, III, IV e V, com ou sem a presença de azeotrópos. A ocorrência dessas linhas de transição está associada a certos fenômenos que são discutidos nos itens que se seguem. Capítulo 4 – Diagramas de Fases 73 4.2.2.1 – O ponto tricrítico O ponto tricrítico (TCP) é o estado termodinâmico onde três fases em equilíbrio tornamse simultaneamente idênticas. Esta análise pode ser estendida a pontos críticos de ordem superior como, por exemplo, pontos tetracríticos, nos quais quatro fases tornam-se idênticas simultaneamente. O número mínimo de componentes no sistema permitido para que ocorra o fenômeno de criticalidade de ordem superior pode ser obtido analisando a regra das fases. Para este caso, pode ser escrita da seguinte forma: F = n −φ +3− k (4.4) na qual F é o número de graus de liberdade, n é o número de componentes, φ é o número de fases e k é a ordem do ponto crítico (número de fases idênticas). Para o estado tricrítico, φ = k = 3 e, portanto, F = n − 3 . Assim, necessita-se de ao menos três componentes para alcançarmos o TCP. Entretanto, se um dos parâmetros de um dos componentes puros na mistura binária ou o parâmetro de interação binária entre moléculas diferentes na mistura é encarado como variável, consegue-se um grau de liberdade extra. Este grau extra permite calcular um TCP em misturas binárias (van Pelt, 1992). A condição matemática para a existência de um TCP pode ser expressa de muitas maneiras (Griffiths, 1974; Michelsen e Heidemann, 1988). Nesta seção, apresenta-se o critério usado por Deiters e Pegg (1989) para misturas binárias. As equações são: g 2x = g 3x = g 4x = g 5x = 0, (4.5) Capítulo 4 – Diagramas de Fases 74 (4.6) g 6x ≥ 0 ∂ig representa a derivada parcial da energia livre de Gibbs molar com relação i ∂x P,T onde g ix = à fração molar de um dos componentes. Os TCP são responsáveis pela distinção entre os Tipos I e V, ou II e IV (Figura 4.13), ou VI e VII, no DGF, ou seja, as linhas que separam esses pares de regiões são os lugares geométricos de TCPs. A diferença entre estes tipos está no fato da linha crítica líquido-vapor ser contínua nos casos dos Tipos I, II e VI o que não acontece nos Tipos V, IV e VII. Estas curvas são encontradas nas regiões onde a curva trifásica diminui até constituir um ponto tricrítico. Figura 4.13 – Ponto tricrítico como transição entre os Tipos II e IV: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP, (∇) LCEP e (•) ponto tricrítico (adaptado de Deiters e Pegg, 1989). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 75 4.2.2.2 – O ponto crítico terminal duplo Os pontos críticos terminais duplos (DCEP) denotam a transição entre os diagramas do Tipo IV e III (Figura 4.14), ou I e VI, ou V e VII. A condição matemática para a ocorrência deste fenômeno pode ser expressa segundo algumas relações termodinâmicas (Deiters e Pegg, 1989 e van Pelt, 1992). Uma delas é a condição de inclinação tangente (tangent slope condition). Esta condição afirma que a inclinação da curva crítica é igual à inclinação da curva trifásica no DCEP. As expressões necessárias para o cálculo do DCEP, em misturas binárias, são expressas da seguinte forma: g 2x = g 3x = 0 , (condição de criticalidade) (4.7) µ ci = µ ai , i=1,2 (equilíbrio de fases) (4.8) ( ( ) ) s c − s a − x c − x a scx sc2x = , (critério de inclinação) vc2x v c − v a − x c − x a vcx (4.9) onde “c” denota a fase crítica e “a” a fase auxiliar. A notação das derivadas com a entropia molar (s) e volume molar (v) são análogas àquelas para energia livre de Gibbs (Equação 4.5). A dedução destas equações pode ser encontrada em Deiters e Pegg (1989). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 76 Figura 4.14 – Ponto crítico terminal duplo como transição entre os Tipos III e IV: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros, (∆ ) UCEP, (∇) LCEP e (•) ponto crítico terminal duplo (adaptado de Deiters e Pegg, 1989). 4.2.2.3 – Azeótropos limites Os azeótropos limites são azeótropos nas composições x=0 e x=1, que representam, no DGF, a transição do Tipo I para Tipo I-A, por exemplo. As condições matemáticas para expressar estes pontos em misturas binárias são (van Pelt, 1992): µ1V = µ1L , em x = 0 ou x = 1 (4.10) µ V2 = µ L2 , em x = 0 ou x = 1 (4.11) x = y = 0 ou x = y = 1 (4.12) Capítulo 4 – Diagramas de Fases 77 4.2.2.4 – Ponto crítico azeotrópico terminal A transição entre os diagramas do Tipo III-A e III-HA é caracterizada pelo ponto crítico azeotrópico terminal (ACEP). O ACEP é formado se uma mistura binária que exibe o Tipo III-HA também exibir o Tipo III-A. A condição extra para a ocorrência do ACEP é que a curva azeotrópica deve encontrar a curva trifásica neste ponto terminal (Figura 4.15). A condição termodinâmica para a ocorrência desse fenômeno está expressa nas seguintes equações (Deiters e Pegg, 1989): ∂2a ∂ 2 a ∂ 3a = 2 = 3 =0 ∂v T ∂v∂x T ∂v T (4.13) µ ci = µ ai , i=1,2 (4.14) Figura 4.15 – Ponto crítico azeótropo terminal como transição entre Tipo III-A e III-HA: (− − − ) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (−.−) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais, (•) ponto crítico azeotrópico terminal (van Pelt, 1992). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 78 4.2.2.5 – Ponto crítico terminal a T = 0K A transição de diagramas de fases do Tipo I para o Tipo II é formada pelo ponto crítico terminal a T = 0K (ZTEP). O ZTEP é obtido se, no diagrama do Tipo II, o ponto crítico terminal da curva trifásica estiver localizado em T = 0K . No ZTEP, o volume molar crítico se aproxima do covolume, com P e T se aproximando de zero. A condição matemática para a existência desse fenômeno pode ser expressa por (Deiters e Pegg, 1989): G 2 x = G 3 x = 0 , T, P → 0 K (4.15) 4.2.2.6 – Pontos duplos matemáticos Os pontos duplos matemáticos (MDP) ocorrem se duas curvas críticas se interceptam no plano P,T de uma mistura binária. O MDP pode ser instável (Meijer et al., 1988) ou estável (van Pelt et al., 1993). A análise matemática desse fenômeno é muito extensa e pode ser encontrada em van Pelt et al. (1993). As condições termodinâmicas que caracterizam o MDP são: g 2x = g 3x = 0 (4.16) ∂g 3x ∂g 2x ∂g 2x ∂g 3x ∂T ∂x − ∂T ∂x = 0 V,x V,T V,x V,T (4.17) ∂g 3x ∂g 2x ∂g 2x ∂g 3x ∂V ∂T − ∂V ∂T = 0 T,x V,x T,x V,x (4.18) Capítulo 4 – Diagramas de Fases 79 Quando um MDP (classificado como de primeira espécie) torna-se tricrítico, este recebe o nome de ponto de van Laar (Meijer et al., 1988) e sua estabilidade depende do sinal de G 6 x ( G 6 x > 0 : estável, G 6 x ≤ 0 : instável). O ponto de van Laar (Figura 4.16) pode ser localizado no DGF nas regiões onde a curva de pontos tricríticos encontra a curva dos pontos críticos terminais duplos, representando a transição entre os diagramas do Tipo II, III e IV (Figura 4.17). Figura 4.16 – Ponto de van Laar no diagrama P-T. (.....) curvas críticas, (− ) pressões de vapor dos componentes puros, (− − −) curva trifásica, (o ) pontos críticos dos componentes puros e terminais, (•) ponto de van Laar (van Pelt et al., 1993). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 80 Figura 4.17 – As regiões do Tipo II, III, e IV no diagrama global de fases em torno do ponto de van Laar. Esta figura está fora de escala para facilitar a visualização. Tr é a curva tricrítica, MDP é a linha de pontos duplos matemáticos, DCEP é a curva de pontos críticos terminais duplos, gm é curva da regra de combinação e VL é o ponto de van Laar (van Pelt e de Loos, 1992). 4.2.2.7 – Pressão crítica máxima degenerada A pressão crítica máxima degenerada (dCPM) representa a transição entre os diagramas do Tipo V e III, ou VII e VI, ou II e VI (Figura 4.18). A condição matemática para a representação deste fenômeno pode ser expressa da seguinte forma (Boshkov e Yelash, 1997): ∂ 3g g 2x = g 3x = 2 = 0 , T → 0K ∂x ∂T (4.19) Capítulo 4 – Diagramas de Fases 81 Figura 4.18 – Transição entre os diagramas II e VI. (---) pressões de vapor dos componentes puros, (-.-) curva trifásica, (-) curvas críticas (adaptado de Wang et al., 2000). 4.2.3 – Avanços nos cálculos de DGF van Konynenburg e Scott (Scott e van Konynenburg, 1970; van Konynenburg e Scott, 1980) usaram a EdE de van der Waals com a regra de mistura clássica para investigar diagramas de fases em misturas binárias. Os autores propuseram uma classificação para os diagramas de fases baseada em curvas críticas e trifásicas e conseguiram distinguir seis tipos de comportamento de fases dos quais cinco puderam ser qualitativamente representados pela equação de van der Waals. No mesmo trabalho, os autores propuseram uma ferramenta poderosa para investigar o comportamento das fases de misturas simples como complexas que denominaram DGF. Desde os trabalhos de van Konynenburg e Scott (Scott e van Konynenburg, 1970; van Konynenburg e Scott, 1980), outros grupos de pesquisa têm adotado esta metodologia para investigar o comportamento de fases com outras EdE. Furman et al. (1977) estudaram os diagramas de fases usando um modelo microscópico de gás reticulado com aproximação pelo Capítulo 4 – Diagramas de Fases 82 campo médio para uma mistura ternária. Os autores descrevem equações para determinação de pontos críticos, críticos terminais e tricríticos e encontraram resultados similares aos de van Konynenburg e Scott (Scott e van Konynenburg, 1970; van Konynenburg e Scott, 1980) para moléculas de mesmo diâmetro. Mais tarde, Furman e Griffiths (1978) estenderam esta formulação para análise global do comportamento das fases em misturas binárias usando uma versão modificada da equação de estado de van der Waals e descobriram a, até então desconhecida, “shield region” (Figura 4.19), uma pequena região do DGF, onde EdE baseadas na teoria do campo médio predizem quatro fases em equilíbrio para misturas binárias. Nessa região, novos tipos de diagramas são encontrados como o II-A*, III-Am*, III-Am** caracterizados por apresentarem pontos quádruplos (*) (três fases líquidas e uma fase vapor em equilíbrio). Mais tarde, Wei e Scott (1988) e Mejía e Segura (2003, 2005) desenvolveram métodos para calcular esta região com mais detalhes. Figura 4.19 – Ampliação da região onde se encontra a “shield region” no diagrama global de fases e as regiões dos novos tipos II-A*, III-Am*, III-Am** (van Konynenburg e Scott, 1980). Capítulo 4 – Diagramas de Fases 83 Mazur e colaboradores (Mazur e Boshkov, 1984; Mazur et al., 1985 e Boshkov e Mazur, 1986) investigaram o DGF de misturas binárias formadas por moléculas de mesmo tamanho. Os autores utilizaram a EdE proposta por Ree (1980) para fluidos de Lennard-Jones. Novos tipos de diagramas, como o Tipo II-A, III-A foram adicionados à classificação de van Konynenburg e Scott (1980). Utilizando a mesma metodologia, Boshkov (1987) conseguiu calcular o diagrama do Tipo VII. Meijer e colaboradores (Meijer e Napiorkowski, 1987; Meijer, 1988a,b; Meijer et al., 1988; Meijer, 1989; Meijer et al., 1990; Meijer e Pegg, 1991 e Keskin et al.,1992) investigaram o DGF em sistemas binários em planos Pressão-Temperatura e densidade molar, usando modelos da teoria do gás reticulado. Os autores também utilizaram a classificação de van Konynenburg e Scott (1980) para distinguir os vários tipos de comportamento de fases. A maior parte da pesquisa está focada na descrição de “pontos duplos matemáticos” e no comportamento das fases em torno do ponto de van Laar no diagrama global de fases. Deiters e Pegg (1989) realizaram uma investigação sistemática do diagrama global de fases para misturas binárias utilizando a EdE RK (Redlich e Kwong, 1949). Além do uso de uma EdE mais precisa que a de van der Waals, os autores trazem contribuições importantes na análise de sistemas binários com moléculas de diferentes tamanhos. Dentre os fenômenos críticos que definem a transição entre diferentes tipos de diagramas de fases, Deiters e Pegg ressaltam o ponto tricrítico, ponto crítico terminal duplo e ponto crítico terminal na temperatura igual zero Kelvin. Os autores indicam ainda novos tipos de diagramas. Dando continuidade a este trabalho, Kraska e Deiters (1992) investigaram o DGF utilizando a equação de estado CSRK (Carnahan e Starling, 1972). Os autores concluem que, para misturas binárias formadas por moléculas de mesmo tamanho, os resultados obtidos são Capítulo 4 – Diagramas de Fases 84 similares aos encontrados pelas equações de van der Waals e RK. Para moléculas de tamanhos diferentes, os autores encontraram alguns comportamentos de fases não usuais, como quatro fases em equilíbrio e instabilidades em densidades elevadas. van Pelt e colaboradores (van Pelt et al., 1991, van Pelt e de Loos, 1992, van Pelt et al., 1993, van Pelt et al., 1995) analisaram os fenômenos críticos em sistemas binários utilizando a equação de estado SPHCT obtendo o DGF em função dos valores de parâmetros moleculares que indicam as diferenças de tamanhos e de flexibilidade entre os dois componentes do sistema. O método de Hicks e Young é utilizado para a determinação dos pontos críticos dos sistemas analisados. Os autores apresentam fenômenos especiais obtidos com esta EdE, como a transição entre as regiões Tipo VI e VII, formada por uma linha de pontos críticos terminais duplos. Os autores analisam também as curvas críticas do sistema etano-n-butano em função dos parâmetros de interação binária, o diagrama de fase da classe VIII e pontos de van Laar no plano T-x, mostrando a influência da temperatura crítica nas proximidades deste ponto. Green e Jackson (1992) estudaram uma variedade de sistemas envolvendo misturas de água+álcoois. Os autores utilizaram uma equação de van der Waals modificada para estudar os efeitos de tamanho da cadeia e associação destes sistemas no DGF. Nos cálculos, foram encontrados vários tipos de azeotropismo e imiscibilidade LL presentes em diagramas de fases do Tipo VI. Boshkov e Yelash (1997) utilizaram a EdE RK para predição da imiscibilidade líquidolíquido em misturas binárias. Os autores calcularam o DGF nesta região e descobriram dois Capítulo 4 – Diagramas de Fases 85 novos pontos para as transições entre tipos de diagramas: o CPSP (critical pressure step point) e CPLP (critical pressure level point) que promovem a transição do Tipo III para IIIm e do Tipo V para Vm, respectivamente. Os critérios termodinâmicos para obtenção destes pontos são também descritos neste trabalho. Kolafa et al. (1998) descrevem o comportamento de fases de misturas binárias preditas pela EdE MCSL (Mansoori et al. 1971) para esferas duras de diferentes diâmetros acoplada com o termo atrativo da equação de van der Waals. Os autores mostram que, além dos comportamentos de fases usuais, essas misturas exibem também imiscibilidade líquidolíquido fechada característica de diagramas do Tipo VI e VII, e uma variedade de novos fenômenos azeotrópicos, como o ponto azeótropo terminal duplo. Análise similar é feita por Kolafa et al. (1999) e Kolafa (1999) utilizando um outro modelo para esferas duras e a EdE RK, respectivamente. Nezbeda et al. (1999) utilizam a EdE SAFT para estudar o comportamento das fases de misturas binárias formadas por água e álcoois na região de imiscibilidade líquido-líquido fechada. Os resultados são demonstrados em um DGF. Polishuk et al. (1999b, 2002) estudaram estados de transição em diagramas de fases preditos por equações de estado cúbicas e regras de misturas clássicas. As EdE utilizadas foram RK e SRK. Os autores mostram alternativas de como calcular estados de transição hipotéticos como, por exemplo, pontos críticos terminais a T = 0 K utilizando a energia livre de Gibbs da mistura. Resultados interessantes foram obtidos, dentre os quais pode-se citar a predição do Tipo VIII no sistema NO-HCONH2 pela equação SRK. Capítulo 4 – Diagramas de Fases 86 Scott (1999) combinou uma EdE “tipo” van der Waals com a equação de Sanchez (1994) e calculou DGF para moléculas de diferentes tamanhos. O autor encontrou uma região menor para o Tipo VI e VII no DGF do que aquelas encontradas por Yelash e Kraska (1998). Bardas et al. (2002) mediram experimentalmente e calcularam isotermas para o sistema CO2+1-butino e compararam seu comportamento com outros sistemas binários do tipo CO2+C4Hn em um DGF utilizando a EdE PR. Scalise e colaboradores (Scalise et al., 1999; Scalise e Silbert, 2002) utilizam um modelo de segunda ordem da teoria da perturbação para analisar o comportamento de fases de fluidos de Lennard-Jones. Os autores focaram sua análise nas transições entre os diagramas do Tipo I e III. Blas e Galindo (Blas e Galindo, 2002; Galindo e Blas, 2002) utilizam a EdE SAFT-VR para examinar o comportamento das fases de sistemas binários constituídos de CO2+nalcanos. Percorrendo a série homóloga dos n-alcanos, os autores conseguem predizer transições de fases à medida que aumenta a cadeia. Wang e colobaradores (Wang et al., 2000; Wang e Sadus 2003a,b) calcularam propriedades críticas em misturas binárias com moléculas de mesmo tamanho com as EdE de Guggenheim e Carnahan-Starling-van der Waals. Com estas equações os autores conseguiram calcular a maioria dos diagramas de fases conhecidos (inclusive o Tipo VI). Os autores ainda calcularam diagramas de fases em misturas binárias com a EdE hard convex body-van der Capítulo 4 – Diagramas de Fases 87 Waals e constataram que certas misturas podem apresentar um novo tipo de diagrama de fases, o “Tipo IV inverso”. Attwood e Hall (2003) calcularam o DGF em misturas contendo monômeros e dímeros. Os autores utilizaram uma EdE baseada numa generalização do modelo de Flory para dímeros. Cinco dos seis diagramas mais representativos foram encontrados e são apresentados no EdE, com exceção do Tipo VI. Attwood e Hall (2004) calcularam o efeito da fase sólida no DGF em misturas de fluidos de Lennard-Jones usando a técnica de integração de Gibbs-Duhem. Os autores analisaram o impacto da inserção da fase sólida comparando com o DGF formado somente por fases fluidas e concluíram que, para misturas assimétricas, a interação entre as fases vapor e sólida pode alterar substancialmente o comportamente do equilíbrio de fases. Bumba e Kolafa (2004) calcularam o DGF utilizando as EdE de van der WaalsDieterici e BMCSL-Dieterici (Boublik, 1970; Mansoori et al., 1971). Os autores notaram que a adição da metodologia de Dieterici (1899) de relacionar os termos atrativo e repulsivo das EdE, permitiram a análise de novas curvas críticas. Levelt Sengers (2004) reporta que, em 1905, van Laar determinou os diagramas de fases do Tipo II e III usando a EdE de van der Waals com regra de mistura clássica e encontrou as coordenadas exatas do ponto de van Laar. O artigo ainda comenta como van Laar postulou e provou a existência do diagrama do Tipo IV. Capítulo 4 – Diagramas de Fases 88 Woywod and Schoen (2006) utilizaram a teoria de funcional de campo médio, baseado num modelo de rede, para calcular o DGF em misturas binárias formadas por moléculas de mesmo tamanho. Os autores calcularam o DGF em três dimensões e analisam o comportamento da curva TCP para as misturas. Szalai e Dietrich (2005) usaram uma abordagem semelhante para calcular o DGF em misturas binárias dipolares. Cismondi e Michelsen (2007) propuseram uma variação do método de Heidemann e Khalil (1980) para calcular diagramas de fases de misturas binárias. Os autores apresentam uma metodologia que permite calcular pontos críticos, pontos críticos terminais e curvas trifásicas num mesmo ambiente, utilizando o método de Newton-Raphson combinado com o critério do plano tangente para a estabilidade global das fases. Os autores utilizaram a EdE SRK para simular os diagramas de fases de vários exemplos que foram classificados segundo a terminologia de van Konynenburg e Scott (1980). Além da tradicional classificação de van Konynenburg e Scott (1980), outras denominações para os diagramas de fases foram sugeridas e podem ser encontradas nos trabalhos de Nezbeda et al. (1997), Bolz et al. (1998), Bluma e Deiters (1999) e Aicardi et al. (2002). 4.2.4 – Resumo Desde o trabalho de van Konynenburg e Scott (1980), as principais linhas de trabalho se concentram na repetição do procedimento adotado por estes autores para outras equações de estado, analisando os tipos de diagramas possíveis de serem obtidos. Poucas linhas de Capítulo 4 – Diagramas de Fases 89 pesquisa demonstraram avanços na abordagem termodinâmica das transições entre os tipos de diagramas de fases. Todos os trabalhos que estudam os fenômenos críticos via DGF são restritos a misturas binárias, com a exceção dos trabalhos de Furman et al. (1977) e Bluma e Deiters (1999) que analisam diagramas de misturas ternárias. A descrição termodinâmica dos fenômenos críticos que caracterizam as transições entre os tipos de diagramas de fases como, por exemplo, DCEP em misturas multicomponentes ainda não foi desenvolvida. O DGF é geralmente representado no espaço bidimensional e é uma ferramenta auxiliar no entendimento de alguns aspectos do comportamento de fases de sistemas reais. De qualquer forma, as curvas críticas podem também ser calculadas para misturas binárias separadamente e por causa do complexo comportamento de fases que certas misturas podem exibir na região crítica, a comparação das simulações com seus dados experimentais representam um teste difícil para qualquer EdE e suas regras de mistura (Polishuk et al, 1999a). Neste contexto, este trabalho adota este tipo de análise. O Capítulo 8 trata da predição de curvas críticas, com diferentes EdE, em misturas binárias de séries homólogas de hidrocarbonetos, em que existe a mudança do tipo de diagrama com a mudança dos membros da série. O Capítulo 7 trata da predição, via EdE baseada num modelo de rede bidimensional, dos diagramas críticos de misturas binárias adsorvidas. A mudança de tipo de diagrama, neste caso, se dá com a variação dos parâmetros que caracterizam um dos componentes da mistura hipotética. Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 90 CAPÍTULO 5 – COMPORTAMENTO RETRÓGRADO NO EQUILÍBRIO DE FASES Este Capítulo trata do comportamento retrógrado de misturas quando submetidas a altas pressões. Na seção 5.1, faz-se uma análise da vaporização e condensação retrógradas. Na seção 5.2, discute-se o efeito das regras de combinação de uma equação de estado (EdE) cúbica sobre a predição do fenômeno da vaporização retrógrada dupla (VRD). Na seção 5.3, mostra-se a VRD em mistura de hidrocarbonetos contendo aromáticos e, na seção 5.4, apresentam-se as conclusões desta etapa da pesquisa. 5.1 – Vaporização/Condensação Retrógrada As leis da termodinâmica que traduzem o equilíbrio de fases admitem a existência do comportamento retrógrado em sistemas em equilíbrio líquido-vapor. Os sistemas retrógrados são muito importantes, pois constituem uma classe de reservatórios de gás natural conhecida como campos de gás-condensado. O líquido produzido, conhecido como condensado, pode ser considerado como um óleo muito leve, sem impurezas como resinas ou parafinas sólidas. A maior parte dos reservatórios de gás natural no mundo é da forma de gás-condensado. O comportamento termodinâmico de misturas retrógradas é complexo e há muito tempo vem sendo objeto de pesquisa científica. Os problemas termodinâmicos são basicamente causados pela proximidade do ponto crítico da mistura no comportamento das fases. Historicamente, a análise do comportamento retrógrado nestas misturas é uma ferramenta prática para o aumento da recuperação do condensado. Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 91 O fenômeno de vaporização/condensação retrógrada é convenientemente discutido em um diagrama Pressão-Temperatura (P-T) a composição constante, como mostra a Figura 5.1. Considere uma mistura sendo aquecida isobaricamente ao longo da linha AA’ na Figura 5.1. Ao ultrapassar a curva de pontos de bolha, uma região bifásica surge e a quantidade de vapor vai aumentando até passar por um máximo e depois diminui até ser completamente condensada. Este fenômeno é conhecido como vaporização retrógrada e o oposto, a condensação retrógrada, ocorre quando o segmento AA’ é percorrido na direção oposta. De forma análoga, comprimindo isotermicamente a mistura ao longo da linha BB’ na Figura 5.1 a fase líquida aparece quando o processo atinge a região bifásica. Com o aumento da pressão a quantidade de líquido primeiro aumenta e depois diminui até ser completamente vaporizada novamente. O ponto D aponta a região supercrítica e o ponto C determina o ponto crítico da mistura. Figura 5.1. Diagrama de fase P-T mostrando o comportamento retrógrado (adaptado de Hicks e Young,1975). Como mencionado anteriormente, o conhecimento desse fenômeno é muito importante para otimizar a produção de poços de petróleo e gás natural. Em reservatórios de gás natural, Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 92 por exemplo, a pressão no interior do poço tende a diminuir à medida que o reservatório é explorado. Se isto não for evitado, pode ocorrer a formação de uma fase líquida e uma conseqüente redução da produção do poço. Esta situação pode ser contornada injetando no poço gás rico em hidrocarbonetos leves, a fim de manter a pressão elevada. Em suma, o estudo do comportamento retrógrado tem relevância em processos de produção, transporte e armazenagem de gás e processos de desasfaltação usando solventes em condições próximas às críticas, tão importantes para a indústria do petróleo. 5.2 – Vaporização Retrógrada Dupla 5.2.1 – Introdução O cálculo de equilíbrio de fases em sistemas binários compostos por hidrocarbonetos a altas pressões tem interesse tanto teórico quanto prático. Tais sistemas apresentam um comportamento complexo quando composto por moléculas assimétricas em condições próximas da região crítica. Muitas vezes, estas misturas apresentam comportamento de fases semelhantes a fluidos de reservatórios multicomponentes. A primeira verificação do fenômeno da vaporização retrógrada dupla (VRD) foi relatada por Chen et al. (1974a,b) que mediram o equilíbrio líquido-vapor das misturas metano+n-butano e metano+n-pentano e observaram que as curvas de ponto de orvalho nestes sistemas, no plano P-x-y, em composições próximas do metano puro e a temperaturas próximas da temperatura crítica do metano, apresentam três pontos de orvalho a temperaturas abaixo, porém muito próximas, da temperatura crítica e quatro pontos de orvalho a temperaturas na vizinhança superior da temperatura crítica do metano, respectivamente. Este Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 93 último comportamento recebeu o nome de VRD. A Figura 5.2 mostra estes dois casos para o sistema etano+limoneno. A curva com a T < Tc tem formato de “S” (S-shaped), e, por exemplo, a mistura com a fração molar de etano igual a 0,9995, tem três pontos de orvalho: SI , SII e SIII . A curva com a T > Tc possui dois domos (double-dome) na curva de orvalho; assim, a mistura com fração molar de etano igual a 0,9990 tem quatro pontos de orvalho: D I , D II , D III e D IV . A fim de ilustrar este fenômeno com outro exemplo, a Figura 5.3 mostra todas as transições no diagrama P-x-y quando a temperatura é gradativamente aumentada em uma mistura assimétrica hipotética (A+B). 5 c DIV DIII DII SIII P (MPa) 4 T>Tc 3 SII T<Tc 2 SI 1 DI 0 0.9990 0.9995 1.0000 Fração molar de etano Figura 5.2 – Diagrama P-x-y para o sistema etano-limoneno a 307,4 K e 305,3 K (Tc do etano: 305,4K). As linhas sólidas e tracejadas representam as curvas de pontos de orvalho e de bolha, respectivamente. Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 94 Figura 5.3 – Representação esquemática das transições no diagrama P-x-y com o aumento da temperatura. “A” representa o componente mais volátil (adaptado de Raeissi e Peters, 2001). O fenômeno de VRD foi verificado experimentalmente em poucos sistemas, como metano+n-butano (Chen et al., 1974a e Kahre, 1974), metano+n-pentano (Chen et al., 1974b e Chu et al., 1976), NaCl+H2O (Bichoff et al., 1986), etano+limoneno (Raeissi e Peters, 2001, 2002a) e etano+linalol (Raeissi and Peters, 2002b, 2002c) e na mistura pseudo-binária etano+óleo da casca de laranja (Raeissi e Peters, 2004a e Sampaio de Souza et al., 2004). Possivelmente, a razão da existência de pouca informação experimental se deve ao fato desse fenômeno ocorrer em um intervalo muito pequeno de temperatura e composição. Entretanto, Raeissi e Peters (2003) sugerem que a VRD é um fenômeno razoavelmente comum em misturas binárias altamente assimétricas. Com o propósito de simular a VRD, Arai et al. (1974) usaram a EdE Benedict-WebbRubin (BWR) (Benedict et al., 1940) para determinar a curva de pontos de orvalho dos sistemas metano+n-butano and metano+n-pentano, conseguindo apenas simular as curvas no Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 95 formato de “S”. Tentativas recentes de modelar a VRD com sucesso foram usados os modelos de Leung-Griffiths modificado (Kiselev et al., 1998), a GCEOS (Group Contribuition Equation of State) (Espinosa et al., 2002, 2004) e a EdE Peng-Robinson (PR) (Raeissi e Peters, 2003) com regras clássicas de mistura e combinação. O sucesso da última metodologia mostra que mesmo uma EdE relativamente simples pode predizer a VRD, ao menos qualitativamente. De fato, Deiters (Deiters, 2003) analisou o fenômeno da VRD usando a equação de Gibbs-Konowalow e concluiu que uma EdE simples podem predizer este fenômeno, constatando que, ainda que dois domos na curva de orvalho sejam razoavelmente comuns, é improvável que três ou mais domos venham a ser identificados na natureza. Recentemente, Raeissi e Peters (2004b) explicaram a VRD com base no comportamento crítico da mistura à diluição infinita. O critério para a existência de VRD está baseado em propriedades volumétricas das duas fases em equilíbrio. Raeissi e Peters (2005) mostraram também que a aplicação da VRD pode contribuir para a melhoria da separação via fluidos supercríticos. O objetivo desta parte do trabalho é modelar este fenômeno utilizando uma EdE e representá-lo em misturas assimétricas. Desta forma, analisa-se o efeito das regras de combinação para uma EdE cúbica na predição desse fenômeno. Para isso, diferentes regras de combinação são utilizadas na EdE PR (Peng e Robinson, 1976) a fim de identificar qual delas representa melhor este fenômeno quando confrontado com os dados experimentais. Estuda-se também a VRD para misturas de hidrocarbonetos contendo compostos aromáticos. Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 96 5.2.2 - Metodologia As condições de equilíbrio de fases são determinadas resolvendo as equações de igualdade de fugacidades para ambas as especificações de pontos de bolha e orvalho, numa série de cálculos isotérmicos ou cálculos de isopletas em fração molar. A estabilidade das fases nos cálculos de pontos de bolha e orvalho é testada usando o critério do plano tangente proposto por Baker et al. (1982), usando a implementação de Michelsen (1982a), para verificar se uma terceira fase está presente, como será discutido na seção de resultados. A EdE PR foi usada em todos os cálculos. Maiores detalhes sobre esta metodologia podem ser encontrados no Capítulo 3. 5.2.3 – Efeito da regra e combinação na predição da VRD Dado que a EdE PR com regras de mistura e combinação clássicas pode predizer a VRD, é interessante avaliar como outras regras influenciam na predição deste fenômeno. Nos cálculos presentes neste trabalho, utiliza-se a regra de mistura clássica (Equações 2.6 e 2.7), mas testam-se diferentes regras de combinação, motivados pelo fato de que algumas das regras de combinação selecionadas melhoram a predição de equilíbrio líquido-vapor de EdE cúbicas em misturas assimétricas. Para o parâmetro de energia ( a ij ), foram testadas a regra clássica (média geométrica) (Equação 2.8) e a regra de Berthelot (Kontogeorgis et al., 1998) (Equação 2.9). Para o parâmetro de covolume ( b ij ), foram testadas: (a) a regra clássica (media aritmética) (Equação 2.10); (b) a regra proposta por Good e Hope (1970) (Equação 2.14), que mostrou bons resultados para a estimação do segundo coeficiente de virial em misturas gasosas (Good e Hope, 1971); Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 97 (c) a regra de Lorentz (Equação 2.11), que é comumente usada em EdE originadas da teoria da mecânica estatística (Dimitrelis e Prausnitz, 1986); (d) a regra proposta por Lee at al. (1989) (Equação 2.12), usada em cálculos PVT da mistura dióxido de carbono+n-butano com a EdE PR; (e) a regra proposta por Sadus (1993) (Equação 2.13), que foi usada com sucesso para predizer diagramas do Tipo III (diagrama existente em misturas altamente assimétricas). Sadus (1993) reporta que esta regra de combinação é mais precisa que as regras de Lorentz, a clássica e a de Good e Hope. Recentemente, Cabral et al. (2001) usaram uma EdE cúbica (Harismiadis et al., 1994) com as regras de combinação clássica e a proposta por Sadus (1993), e as compararam com simulações de Monte Carlo no ensemble de Gibbs para o equilíbrio de fases de misturas binárias formadas por fluidos de Lennard-Jones. Observou-se que ambas regras de combinação obtiveram resultados similares para misturas razoavelmente simétricas. Entretanto, a regra de combinação de Sadus (1993) sempre obteve melhores resultados quando os componentes formavam uma mistura assimétrica. Uma vez que o fenômeno da VRD ocorre em misturas assimétricas e numa faixa estreita de composição e temperatura, esta predição representa um difícil teste para regras de combinação. A análise do efeito das regras de combinação na predição de curvas de pontos de orvalho com formato de “S” e VRD está baseada em comparações com dados experimentais disponíveis na literatura para estes tipos de comportamento de fases em misturas binárias nãoeletrolíticas. As Figuras 5.4 e 5.5 apresentam os resultados dos cálculos de pontos de orvalho para o sistema metano+n-butano a 189,06 K usando as regras de combinação clássica (GM) e de Berthelot (BE) para o parâmetro a ij , respectivamente. As propriedades críticas dos Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 98 componentes puros foram retiradas de Poling et al. (1987). Cada uma dessas regras de combinação para o parâmetro a ij foi usada em conjunto com a regra de combinação clássica (AM), de Lorentz (LO), de Sadus (SA), de Lee et al. (LS) e de Good e Hope (GH) para o parâmetro b ij . Estes cálculos são comparados com os dados experimentais retirados do trabalho de Chen et al. (1974a). As regras GM para a ij e AM para b ij (Figura 5.4) obtiveram a melhor concordância com os dados experimentais. Além do mais, comparando-se as curvas correspondentes nas Figuras 5.4 e 5.5, observa-se que, quando a mesma regra de combinação é usada para b ij , a regra GM para a ij sempre produziu melhores resultados. Note que, com a escolha da regra de combinação GH para o parâmetro b ij , a regra de Berthelot para o parâmetro a ij se reduz à regra GM para a ij e, por esta razão, esta curva não aparece na Figura 5.5. 5 P (MPa) 4 3 AM LO SA LS GH Exp. 2 1 0 0.997 0.998 0.999 1.000 Fração molar de metano Figura 5.4 – Curvas de pontos de orvalho para o sistema metano+n-butano a 189,06 K usando a regra GM para a ij e outra regras para b ij . (•) Chen et al. (1974a). Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado 99 5 P (MPa) 4 3 AM LO SA LS Exp. 2 1 0 0.997 0.998 0.999 1.000 Fração molar de metano Figura 5.5 – Curvas de pontos de orvalho para o sistema metano+n-butano a 189,06 K usando a regra BE para a ij e outra regras para b ij . (•) Chen et al. (1974a). A Figura 5.6 mostra isopletas em fração molar para o sistema etano+limoneno a 99,93% em etano. As propriedades críticas usadas nesta simulação foram retiradas do artigo de Raeissi e Peters (2003) e os dados experimentais, de Raeissi e Peters (2002a). A regra GM para a ij com a regra AM para b ij (Figura 5.6a) novamente obteve o melhor resultado quando confrontado com os dados experimentais. As predições da VRD pioraram a medida que a regra para b ij foi trocada nas Figuras 5.6b, 5.6c e 5.6d, até a VRD não ser mais predita (Figura 5.6e). Usando a regra BE para a ij , todas as regras de combinação utilizadas para b ij falharam ao tentar predizer a VRD e gráficos similares ao encontrado na Figura 5.6e foram obtidos. Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado100 5.0 (a) 5.0 4.5 P (MPa) P (MPa) 4.5 (b) 4.0 3.5 4.0 3.5 3.0 285 295 305 3.0 285 315 295 T (K) 5.0 (c) 5.0 325 (d) 4.5 P (MPa) P (MPa) 315 T (K) 4.5 4.0 3.5 3.0 285 305 4.0 3.5 295 305 315 325 3.0 285 295 T (K) 305 315 325 T (K) 5.5 (e) P (MPa) 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 285 295 305 315 325 335 T (K) Figura 5.6 – Isopletas em fração molar para o sistema etano+limoneno com 99,93% em etano usando a regra GM para a ij e outras regras para b ij : (a) AM, (b) LS, (c) SA, (d) LO, e (e) GH. (•) Raeissi and Peters (2002a). Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado101 Para o sistema metano+n-pentano, a Figura 5.7 apresenta os cálculos da curva de pontos de orvalho a 191,08 K. As propriedades críticas dos componentes puros foram retiradas de Poling et al. (1987). Nesta temperatura, somente o par da regra GM para a ij com a regra AM para b ij e o par da regra BE para a ij com a regra AM para b ij conseguiram predizer duas fases em equilíbrio em toda faixa de composição (Figuras 5.7a,d). Os seguintes pares de regras de combinação: a regra GM para a ij com a regra LS para b ij ; a regra BE para a ij com a regra SA para b ij ; a regra BE para a ij com a regra LS para b ij conseguem predizer a VRD (Figuras 5.7b,c,e), mas também a existência de três fases em equilíbrio (Figuras 5.8a,b,c) numa certa faixa de composição. Os outros pares de regras de combinação considerados aqui não foram capazes de predizer a VRD para este sistema. A evidência experimental disponível (Lin et al., 1977) indica que o n-hexano é o primeiro n-alcano que, quando misturado com o metano, apresenta imiscibilidade líquido-líquido. Esta mistura (metano+n-hexano) apresenta um diagrama crítico do Tipo V (McCabe et al., 1998) segundo a classificação de van Konynenburg e Scott (1980). Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado102 5 5 (b) P (MPa) P (MPa) (a) 4 3 0.9990 0.9993 0.9996 4 3 0.9990 0.9999 0.9993 Fração molar de metano 5 0.9999 5 (c) (d) P (MPa) P (MPa) 0.9996 Fração molar de metano 4 3 0.9990 0.9993 0.9996 0.9999 4 3 0.9990 Fração molar de metano 0.9993 0.9996 0.9999 Fração molar de metano 5 P (MPa) (e) 4 3 0.9990 0.9993 0.9996 0.9999 Fração molar de metano Figura 5.7 – Curvas de ponto de orvalho para o sistema metano+n-pentano a 191,08 K. (a) GM com AM, (b) GM com LS, (c) BE com SA, (d) BE com AM e (e) BE com LS. (•): Chen et al. (1974b). Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado103 4.9 (a) 4.8 4.8 L1+L2 P (MPa) P (MPa) (b) 4.9 4.7 L1+L2 4.7 L1+L2+V 4.6 4.6 L1+L2+V 4.5 0.88 L+V L+V 0.92 0.96 4.5 0.88 1.00 0.92 1.00 Fração molar de metano Fração molar de metano 4.9 0.96 (c) P (MPa) 4.8 L1+L2 4.7 L1+L2+V 4.6 L+V 4.5 0.88 0.92 0.96 1.00 Fração molar de metano Figura 5.8 – Imiscibilidade líquido-líquido para o sistema metano+n-pentano a 191,08 K. (a) GM com LS, (b) BE com SA, e (c) BE com LS. Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado104 5.3 – VRD em Misturas de Hidrocarbonetos Contendo Aromáticos Espinosa et al. (2004) simularam o fenômeno de VRD em séries homólogas de nalcanos usando uma EdE baseada na contribuição de grupos (GC-EOS, Skjold-Jorgensen, 1988). Os autores selecionaram solventes de n-alcanos variando do metano até o n-pentano e solutos que vão desde n-alcanos leves, como n-butano, até o octacosano. Em seguida, os autores tentaram criar uma relação baseada no diâmetro de esfera-dura da expressão de Carnahan-Starling para generalizar o fenômeno de acordo com os compostos presentes nas misturas binárias. Seguindo esta mesma linha de raciocínio, pretende-se verificar qualitativamente a existência de VRD, usando a EdE PR com as regras de mistura e combinação clássicas, em sistemas de hidrocarbonetos contendo aromáticos. Adota-se o propano como solvente (muito usado em processos de desasfaltação) e, como soluto, algumas espécies da família dos aromáticos como o naftaleno, o 1-metil-naftaleno, a bifenila e o difenil-metano (substâncias presentes em óleos pesados). As propriedades críticas destes compostos foram obtidas de O’Connell et al. (2001). A Figura 5.9 mostra os resultados obtidos para misturas binárias destes compostos. Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado105 5.0 5.0 (a) (b) 4.0 Pressão (MPa) Pressão (MPa) 4.0 3.0 2.0 1.0 3.0 2.0 curva de orvalho curva de bolha 1.0 curva de orvalho curva de bolha 0.0 0.9960 0.9965 0.9970 0.9975 0.0 0.9970 0.9980 Fração Molar de Propano 0.9975 0.9980 0.9985 5.0 5.0 (c) (d) 4.0 Pressão (MPa) 4.0 Pressão (MPa) 0.9990 Fração Molar de Propano 3.0 2.0 curva de orvalho curva de bolha 1.0 3.0 2.0 curva de orvalho curva de bolha 1.0 0.0 0.9970 0.9975 0.9980 0.9985 0.9990 Fração Molar de Propano 0.9995 0.0 0.9980 0.9985 0.9990 0.9995 Fração Molar de Propano Figura 5.9 – VRD nos sistemas: (a) propano+naftaleno a 373,5K, (b) propano+1-metilnaftaleno a 373,0K, (c) propano+bifenil a 372,8K, (d) propano+difenil-metano a 372,2K. Note que o modelo adotado prevê a VRD para todos esses sistemas numa faixa estreita de composição. Cabe ainda ressaltar que não há evidência experimental da VRD para estes sistemas. 5.4 – Conclusões Nesta etapa da pesquisa, a predição do fenômeno da VRD utilizando a EdE PR foi formulada e implementada com sucesso. A regra de combinação clássica para EdE cúbica Capítulo 5 – Comportamento Retrógrado106 mostrou ser a melhor alternativa para a predição deste fenômeno que ocorre em condições de temperatura e pressão tão particulares. Outra observação interessante é a predição deste fenômeno em misturas binárias de diferentes famílias de compostos com estruturas moleculares distintas, o que pode indicar a generalidade do fenômeno da VRD. Neste trabalho, o fenômeno da VRD é simulado usando a formulação descrita acima com diversas regras de combinação para os parâmetros de energia ( a ij ) e co-volume ( b ij ). Uma conclusão interessante é que as regras de combinação clássicas (Equações 2.8 e 2.9) apresentaram a melhor concordância com os dados experimentais para todos os sistemas testados. Outra observação interessante é que muitas regras de combinação para b ij , com exceção da clássica, predisseram a existência de três fases em equilíbrio numa faixa estreita de temperaturas próximas a temperatura crítica do metano para o sistema metano+n-pentano, embora a literatura indique que n-hexano é o primeiro n-alcano a apresentar imiscibilidade líquido-líquido com o metano. Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas107 CAPÍTULO 6 – EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO ENTRE FASES ADSORVIDAS Este Capítulo trata do equilíbrio termodinâmico entre fases adsorvidas previsto por uma equação de estado. Na seção 6.1, apresenta-se uma breve introdução sobre a adsorção e fases adsorvidas. Na seção 6.2, apresentam-se as condições termodinâmicas para o cálculo do ponto crítico de um componente puro adsorvido. Na seção seguinte, apresentam-se os resultados para o equilíbrio de fases de misturas binárias adsorvidas. A realização desta etapa contou com a colaboração do Professor Vladimir Ferreira Cabral, da Universidade Estadual de Maringá, durante sua tese de doutorado. Por este motivo, o texto deste capítulo é similar ao do Capítulo 6 da tese de Cabral (2005). 6.1 – Introdução A adsorção é utilizada em muitos processos da indústria do petróleo e gás natural como, por exemplo, na remoção da coloração indesejável de óleos lubrificantes mediante o emprego de argilas ativadas e na purificação do gás natural através da remoção de compostos sulfurados. Em processos que envolvem a adsorção existem sistemas que apresentam mais de uma fase adsorvida, como, por exemplo, a adsorção de xenônio em cloreto de níquel (Robert e Larher, 1978). Desta forma, a modelagem da multiplicidade de fases adsorvidas em equilíbrio torna-se um desafio com relevância teórica e prática. A multiplicidade de fases adsorvidas em equilíbrio para misturas tem sido pouco estudada, possivelmente pelo fato da segregação espacial de fases adsorvidas não ser tão Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas108 evidente quanto à de fases volumares. Entretanto, a termodinâmica clássica não oferece qualquer restrição que proíba a coexistência de mais de uma fase adsorvida tanto para substâncias puras quanto para misturas. A partir desta constatação, Cabral et al. (2005) propuseram uma metodologia o para cálculo de multiplicidade de fases adsorvidas semelhante à metodologia para o cálculo de um flash multifásico. As especificações para o problema são a temperatura, o volume total disponível para as fases volumares, a área total disponível para a adsorção, a massa de fluido e a sua composição global. O flash é resolvido através da minimização da energia livre de Helmholtz. O modelo termodinâmico adotado para as fases adsorvidas foi uma equação de estado (EdE) baseada no modelo de gás reticulado bidimensional desenvolvido por Cabral et al. (2003) e, para as fases fluidas, a EdE de Peng e Robinson (PR) (1976). O objetivo desta etapa da pesquisa é realizar um estudo paramétrico utilizando o modelo de adsorção proposto por Cabral et al. (2003) visando a calcular o equilíbrio termodinâmico entre fases adsorvidas. Deste modo, pretende-se investigar os tipos de diagramas de fases que podem ser previstos utilizando esta metodologia. 6.2 – Cálculo do Ponto Crítico do Componente Puro Adsorvido Para estabelecer uma orientação sobre o comportamento de misturas adsorvidas, é interessante deduzir as condições termodinâmicas para o cálculo do ponto crítico de componentes puros na fase adsorvida. Este ponto é caracterizado por um ponto de inflexão horizontal na isoterma crítica da pressão de espalhamento em função da área molar. Desta forma, pode-se definir, para o ponto crítico, as seguintes condições matemáticas: Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas109 ∂ 2π ∂π 2 = 0 = ∂ Tcads ∂ Tcads (6.1) O pacote de álgebra computacional Thermath (Castier, 1999) foi usado para obter essas duas derivadas e para a resolução analítica da condição de ponto crítico, ou seja, a determinação da temperatura crítica de adsorção ( Tcads ) e da área molar crítica de adsorção ( ). Verifica-se a existência de múltiplas soluções para as equações da condição de ponto c crítico. Algumas dessas soluções resultam em valores negativos ou extremamente elevados das propriedades críticas e, portanto, impossíveis de serem fisicamente realizáveis. Em todos os problemas calculados para um determinado componente puro, somente uma solução resultou em valores possíveis para as duas varáveis críticas. Então, esses valores foram usados para calcular a pressão de espalhamento crítica ( πc ) correspondente à EdE para a fase adsorvida (Equação (2.60)). 6.3 – Metodologia para o Cálculo do Equilíbrio de Fases O procedimento computacional desenvolvido nesta etapa é muito semelhante ao desenvolvido no Capítulo 3 para equilíbrio de fases fluidas, e, portanto, não será transcrito novamente. Uma das modificações é a inclusão da EdE para fases adsorvidas desenvolvida por Cabral et al. (2003), cujo fundamento teórico está baseado na teoria do gás reticulado. O cálculo de equilíbrio de fases é determinado através das equações de isofugacidade entre os componentes das fases adsorvidas. As especificações utilizadas são idênticas às usadas em cálculos de pontos de bolha e orvalho de fases fluidas. A estabilidade das fases Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas110 adsorvidas é testada segundo o procedimento desenvolvido por Michelsen (1982a) com respeito ao surgimento de uma nova fase adsorvida. Cabe ressaltar que as especificações utilizadas nesses cálculos de equilíbrio são pouco usuais no contexto do cálculo de equilíbrio de adsorção. Na maioria das publicações, o equilíbrio entre uma fase fluida e uma fase adsorvida é considerado explicitamente. Aqui, a presença de uma ou mais fases fluidas em equilíbrio com as fases adsorvidas é implicitamente considerada. Todas as expressões das propriedades termodinâmicas e derivadas requeridas para o cálculo do equilíbrio de fases adsorvidas foram obtidas usando o programa Thermath (Castier, 1999). 6.4 – Resultados e Discussões Antes de apresentar os resultados para o cálculo de equilíbrio entre fases adsorvidas, vale a pena discutir algumas questões a respeito das conseqüências da existência de mais de uma fase adsorvida. A regra das fases de Gibbs para o equilíbrio fase fluida/fase adsorvida pode ser escrita da seguinte maneira (Cabral, 2005): F = 3 + nc - nv - na (6.2) na qual F é o número de graus de liberdade do sistema, na é o número de fases adsorvidas, nv é o número de fases volumares e nc é o número de componentes. Se o sistema apresenta apenas uma fase adsorvida em equilíbrio com uma fase volumar, a regra das fases determina que há, então, F = nc + 1 graus de liberdade. Neste caso, usualmente a composição e a pressão da fase volumar, conjuntamente com a temperatura do sistema são especificadas com intuito de determinar o equilíbrio de fases. Contudo, se o sistema apresenta apenas uma fase volumar e duas fases adsorvidas, o grau de liberdade do sistema é igual a F = nc . Neste trabalho, Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas111 especificam-se a temperatura e a composição de uma das fases adsorvidas para a realização do cálculo de equilíbrio de fases. Se uma medida experimental de equilíbrio de adsorção for realizada em uma condição tal que permita a coexistência de duas fases adsorvidas, a composição determinada nesse experimento provavelmente representaria a composição global das fases adsorvidas. Isto ocorre porque a quantidade adsorvida de cada componente do sistema não é calculada diretamente, mas sim através de balanço material na fase fluida. Para um melhor entendimento do que foi explicado, apresenta-se um pequeno exemplo. Considere a adsorção de uma mistura binária, composta por dois componentes hipotéticos, que são caracterizados na fase adsorvida pelos parâmetros dos componentes 1 e 2 apresentados na Tabela 6.1. Na fase volumar, o comportamento desses dois componentes foi modelado usando-se a EdE de PR. Nessa fase, os componentes do sistema são caracterizados utilizando, respectivamente, as propriedades críticas e o fator acêntrico do xenônio e do criptônio retirados de Poling et al. (1987). A Figura 6.1 apresenta o diagrama da pressão de espalhamento ( π ) do sistema como função das frações molares do componente 1 nas fases adsorvidas ( x1α e x1β ), na temperatura de 140 K. Esse gráfico é similar ao diagrama P-x,y para o equilíbrio líquido-vapor (mais detalhes sobre as características desse diagrama serão apresentadas nos próximos exemplos). Na pressão de espalhamento representada pelo ponto S, π = 1,74 × 10 −4 N/m, admite-se que haja duas fases adsorvidas, α e β , em equilíbrio com uma fase volumar, Admite-se ainda que a composição global das fases adsorvidas é representada pelo ponto S, na Figura 6.1, e que os estados das fases α e β são representados pelos pontos Q e R. Os pontos Q, R e S também são representados na Figura 6.2, a qual apresenta a isoterma de adsorção do sistema para a fração molar do componente 1 na fase volumar igual a y1 = 0,8682 . A curva tracejada na Figura 6.1 corresponde à curva apresentada na Figura 6.2. Nesta última figura, na condição de Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas112 baixa pressão, ambos componentes adsorvem independentemente e a quantidade adsorvida é proporcional à constante de Henry dos componentes puros. Contudo, um aumento na pressão provoca um crescimento abrupto da quantidade adsorvida e então, esta variável atinge um valor de saturação para pressões mais elevadas. Sendo assim, na pressão de 1.16 kPa, há duas fases adsorvidas que têm seu número de moles adsorvidos por kg de sólido dados pelos pontos Q e R. Uma análise conjunta das Figuras 6.1 e 6.2 mostra que, para uma composição constante na fase volumar, a pressão de espalhamento aumenta de maneira semelhante à pressão da fase volumar. A descontinuidade na Figura 6.2 indica uma transição de fase na fase adsorvida. Note que, para cada valor constante de y , é possível obter-se uma isoterma similar à Figura 6.2. A Tabela 6.2 apresenta os resultados do flash multifásico proposto por Cabral (2005) para a condição de equilíbrio na qual há duas fases adsorvidas em equilíbrio com uma fase volumar, ou seja, nesta tabela são apresentados os estados das fases adsorvidas representados pelos pontos Q e R e também a condição da fase volumar em equilíbrio com essas fases adsorvidas. Tabela 6.1 – Parâmetros do modelo de adsorção (Equação 2.60 e 2.61) para componentes hipotéticos ( λ = 8.443 × 104 m2/mol). Parâmetros Componentes ki (Pa-1) mi Uii(J/mol) 1 9,87× 10-6 2,0 3.946,2 2 9,87× 10-6 3,0 10.065,4 Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas113 Figura 6.1 – Pressão de espalhamento ( π ) em função da fração molar do componente 1 nas fases adsorvidas ( x1α e x1β ) na temperatura de 140 K. Figura 6.2 – Quantidade de matéria molar adsorvida em função da pressão da fase volumar do sistema na temperatura de 140 K. Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas114 Tabela 6.2 – Resultados do flash e a distribuição dos componentes em um sistema que apresenta duas fases adsorvidas e uma fase volumar. Número de mols em cada fase Componentes Fase vol. Fase ads. 1 Fase ads. 2 Total adsorvido 1 0,6269 0,0309 0,0422 0,0731 2 0,0951 0,0051 0,1997 0,2048 total 0,7220 0,0360 0,2419 0,2779 Frações molares em cada fase Componentes Fase vol. Fase ads. 1 Fase ads. 2 Total adsorvido 1 0,8682 0,8580 0,1743 0,2629 2 0,1318 0,1421 0,8257 0,7371 Pressão (kPa) e pressão de espalhamento (N/m) Fase vol. Fase ads. 1 Fase ads. 2 1,16 1,74× 10-4 1,74× 10-4 A seguir, apresentam-se os tipos de diagramas de fase, para misturas binárias, que podem ser descritos pela EdE baseada no modelo de rede bidimensional. 6.4.1 – Exemplo 1 Inicialmente, considera-se uma mistura binária na qual os componentes puros são caracterizados na fase adsorvida pelos parâmetros exibidos na Tabela 6.3. Nesta mistura, o primeiro componente é caracterizado como xenônio adsorvido em cloreto de níquel e o Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas115 segundo é um componente hipotético. Usam-se os dados experimentais de Robert e Larher (1978) para ajustar os parâmetros do xenônio adsorvido em cloreto de níquel na temperatura de 95,15 K. O comportamento da pressão de espalhamento em função da fração molar do componente 1 na fase adsorvida é ilustrado na Figura 6.3 para temperaturas acima e abaixo da temperatura crítica do xenônio. Na pressão de espalhamento representada pela linha ABC e para a temperatura de 215 K, há a coexistência de duas fases adsorvidas ( α e β ). Neste sistema, as composições das fases adsorvidas são representadas pelos pontos B e C. O estado da fase adsorvida α é dado pelo ponto B, na curva de ponto de bolha de adsorção (FBG), enquanto o estado da fase β é representado pelo ponto C, na curva de ponto de orvalho de adsorção (FCG). Finalmente, o ponto G representa o ponto crítico da mistura adsorvida. Note que o número de graus de liberdade do sistema é igual a F = 2 e, a priori, a temperatura do sistema já está fixada; assim, a especificação de mais uma variável termodinâmica define completamente o estado do sistema. Desta forma, se a composição de uma fase, por exemplo α β x , é especificada, os valores de equilíbrio da composição da outra fase adsorvida x , a pressão de espalhamento, a composição da fase volumar ( y ) e a pressão da fase volumar estão completamente determinadas. Tabela 6.3 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 1. ( λ =3,83 × 107 m2/mol). Parâmetros * Componentes ki (Pa-1) mi Uii(J/mol) Tcads (K) πc *(N/m) 1 9,50 × 10-6 2,0 3.955,3 128,6 2,18× 10-6 2 4,48× 10-6 5,0 5.946,2 248,5 1,25× 10-6 Calculada com a Equação (2.60) Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas116 Figura 6.3 – Diagramas da pressão de espalhamento ( π ) - composições das fases adsorvidas ( x1α e x1β ) para o Exemplo 1 nas temperaturas de 95, 145 e 215 K. 6.4.2 – Exemplo 2 O segundo exemplo trata do fenômeno de azeotropismo entre fases adsorvidas. A Tabela 6.4 apresenta os parâmetros usados nesta simulação. Tais parâmetros correspondem a duas substâncias hipotéticas. A Figura 6.4 mostra o diagrama da pressão de espalhamento para o comportamento azeótropico entre duas fases adsorvidas, em três diferentes temperaturas. Na temperatura de 385 K, o sistema está abaixo da temperatura crítica do componente 1. Para as temperaturas restantes, o sistema se encontra acima da temperatura crítica desse componente. Cada curva de ponto de bolha de adsorção exibe um máximo, como ilustrado na Figura 6.4, que coincide com o máximo na correspondente curva de ponto de Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas117 orvalho de adsorção. Normalmente, o comportamento azeótrópico em adsorção está relacionado com uma inversão na seletividade da adsorção dos componentes da mistura e esse fenômeno envolve uma fase volumar e uma fase adsorvida. Aqui, o comportamento azeotrópico envolve somente fases adsorvidas que apresentam a mesma composição. Dessa forma, considere um sistema composto por apenas uma fase adsorvida que possui a mesma composição do azeótropo de adsorção (ponto A na Figura 6.4). Na pressão de espalhamento do ponto B desta figura existem duas fases adsorvidas em equilíbrio que apresentam composições idênticas, mas diferentes áreas molares. Um aumento da pressão de espalhamento até o ponto C faria com que o sistema voltasse a ter apenas uma única fase adsorvida. Tabela 6.4 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 2. ( λ =8,44 × 104 m2/mol). Parâmetros * Componentes ki (Pa-1) mi Uii(J/mol) Tcads (K) πc *(N/m) 1 9,87× 10-6 4,0 10.000,0 389,9 1,20× 10-3 2 9,87× 10-6 2,0 14.865,4 483,3 3,17× 10-3 Calculada com a Equação (2.60) Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas118 Figura 6.4 - Diagramas da pressão de espalhamento ( π ) - composições das fases adsorvidas ( x1α e x1β ) para o Exemplo 2 nas temperaturas de 385, 395 e 405 K. 6.4.3 – Exemplo 3 Este exemplo apresenta um fenômeno, para adsorção, que é análogo à vaporização retrógrada dupla entre fases fluidas em equilíbrio. O fenômeno da vaporização retrógrada dupla é caracterizado pela existência de múltiplos pontos de orvalho, para uma determinada composição da mistura na fase adsorvida. Tal fenômeno é verificado, normalmente, em temperaturas próximas à temperatura crítica do componente mais volátil e em composições da mistura vizinhas a condição de componente mais volátil puro. Maiores detalhes sobre este fenômeno, para o caso de fases volumares, podem ser encontrados no Capítulo 5. Os parâmetros usados para caracterizar os dois componentes deste exemplo são apresentados na Tabela 6.5. O diagrama de fases, para os componentes 1 e 2, na temperatura de 193 K, é Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas119 apresentado na Figura 6.5. Este diagrama apresenta uma curva de ponto de orvalho de adsorção na forma de “S”, ou seja, em determinadas composições da mistura, logo abaixo da temperatura crítica de adsorção do componente 1, há a ocorrência de três pontos de orvalho. A Figura 6.6 apresenta o diagrama de fases do sistema composto pelos componentes 1 e 3 ilustrados na Tabela 6.5. Este diagrama de fases apresenta quatro pontos de orvalho para determinadas composições da mistura adsorvida. Tal fenômeno caracteriza uma vaporização retrógrada dupla adsorvida, que é análogo ao mesmo fenômeno exibido na vaporização retrógrada dupla de fases fluidas. Note que a temperaturas do sistema um pouco acima da temperatura crítica do componente 1, observa-se um comportamento retrógrado simples como evidenciado pela Figura 6.7. Tabela 6.5 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 3 ( λ =8,44 × 104 m2/mol). Parâmetros * Componentes ki (Pa-1) mi Uii(J/mol) Tcads (K) πc *(N/m) 1 9,87× 10-6 2,0 5.946,2 193,3 1,48× 10-3 2 9,87× 10-6 5,0 12.000,0 500,9 1,14× 10-3 3 9,87× 10-6 5,0 12.200,0 509.3 1,16× 10-3 Calculada com a Equação (2.60) Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas120 Figura 6.5 – Curva de ponto de orvalho de adsorção em forma de “S”. Figura 6.6 – Curva de ponto de orvalho de adsorção que caracteriza a vaporização retrógrada dupla. Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas121 Figura 6.7 – Comportamento retrógrado em fases adsorvidas. 6.4.4 – Exemplo 4 O último exemplo apresenta o equilíbrio entre três fases adsorvidas. Os parâmetros utilizados para caracterizar os dois componentes desta mistura são apresentados na Tabela 6.6. A Figura 6.8 ilustra o diagrama de fases para a mistura binária deste sistema. As características deste gráfico são similares àquelas de diagramas de equilíbrio líquido-líquidovapor normalmente verificados em sistemas que apresentam moléculas assimétricas. Na região I da Figura 6.8, há a coexistência de duas fases adsorvidas ( α + γ ). A fase adsorvida α tem características de um líquido, enquanto a fase adsorvida γ comporta-se como um vapor. O equilíbrio entre três fases adsorvidas ( α + β + γ ) é ilustrado, na Figura 6.8, pela linha tracejada αβγ . Nesta situação, as fases adsorvidas α e β comportam-se como dois líquidos e Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas122 a fase adsorvida γ possui características de um vapor. Na região II da Figura 6.8, há o equilíbrio termodinâmico entre as fases adsorvidas γ e β . Por último, na região III, existe o equilíbrio entre as fases α + β . Tabela 6.6 – Parâmetros do modelo de adsorção e propriedades críticas dos componentes do Exemplo 4 ( λ =8,44 × 104 m2/mol). Parâmetros Componentes ki (Pa-1) mi Uii(J/mol) Tcads (K) πc *(N/m) 1 9,87× 10-6 5,0 5.946,2 248,3 5,67× 10-4 2 9,87× 10-6 2,0 14.865,4 483,3 3,72× 10-3 * Calculada com a Equação (2.60) Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas123 T = 200 K π (N/m) 1.00e-2 1.00e-3 (ΙΙΙ) (ΙΙ) β α 1.00e-4 (Ι) γ α+β+γ 1.00e-5 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 x 1 α, x 1 β , x 1 γ Figura 6.8 – Diagrama de fases para o sistema que apresenta três fases adsorvidas em equilíbrio. 6.5 – Conclusões Nesta etapa foram realizados cálculos de equilíbrio entre fases adsorvidas através de um modelo de adsorção baseado na teoria do gás reticulado. As condições termodinâmicas para o cálculo do ponto crítico de substâncias puras adsorvidas foram derivadas e as expressões da temperatura crítica de adsorção ( Tcads ) e da área molar crítica ( ) c foram obtidas. Com estas variáveis, a pressão de espalhamento crítica ( πc ) para o modelo rede adotado foi determinada. Capítulo 6 – Equilíbrio Termodinâmico entre Fases Adsorvidas124 O modelo de rede utilizado descreve uma série de fenômenos complexos para fases adsorvidas tais como: azeotropismo, transições de fase retrógradas e duplamente retrógradas e equilíbrio entre duas fases adsorvidas densas, que são similares àqueles verificados no equilíbrio entre fases volumares. Entretanto, os cálculos apresentados aqui têm caráter especulativo, sendo necessários dados experimentais de adsorção de misturas para a confirmação dos tipos de comportamento de fases descritos pelo modelo. Cabe ressaltar, que ainda não existe informação experimental sobre este tipo de fenômeno. Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas125 CAPÍTULO 7 – FENÔMENOS CRÍTICOS ENTRE FASES ADSORVIDAS Este capítulo trata dos fenômenos críticos entre fases adsorvidas previstos por uma equação de estado (EdE) baseada num modelo de rede bidimensional. Na seção 7.1, apresenta-se uma breve introdução sobre o tema. Na seção 7.2, descreve-se a metodologia usada para obter os pontos críticos entre fases adsorvidas e na seção 7.3 os diagramas críticos obtidos por esta metodologia. 7.1 – Introdução O cálculo de pontos críticos representa um desafio aos modelos termodinâmicos, devido à extensa variedade de comportamentos de fases observados em altas pressões. A predição do comportamento crítico de fases ordinárias usando EdE está bem estabelecida, e, ainda hoje, é objeto de muitas publicações. Algumas reportam comparações diretas entre pontos críticos calculados e aqueles obtidos experimentalmente. Outras reportam estudos paramétricos, nos quais os parâmetros que caracterizam cada componente são alterados sistematicamente a fim de identificar os tipos de diagramas que podem ser previstos por um dado modelo termodinâmico. Um passo adiante nesta direção é a determinação dos diagramas global de fases que resumem todos os tipos de comportamento crítico que um modelo termodinâmico pode predizer. A maior parte deste tipo de estudo é realizada para misturas binárias e o critério de van Konynenburg e Scott (1980) é usado para classificar os diagramas críticos. Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas126 Ao contrário do equilíbrio entre fases ordinárias, existe muita pouca informação disponível na literatura sobre equilíbrio termodinâmico e fenômenos críticos entre fases adsorvidas para misturas, embora exista evidência experimental de que mais de uma fase adsorvida pode coexistir em equilíbrio e haja dados experimentais de pontos críticos para componentes puros adsorvidos. Neste contexto, destacam-se os trabalhos de Thomy e Duval (Thomy e Duval,1970; Regnier et al.,1979), e Larher e colaborabores (Robert e Larher, 1978; Larher, 1978; Larher e Gilquin, 1979; Larher e Terlain, 1980; Millot et al.,1982). Para misturas, parece não haver evidência experimental da coexistência de fases adsorvidas, mas cálculos usando simulação molecular predizem este tipo de comportamento em alguns sistemas (Xu et al., 2001 e Seimiya e Asada, 2005). Motivado por esta evidência indireta e por não haver barreira termodinâmica que impeça este tipo de comportamento, o objetivo desta parte do trabalho é o cálculo e a classificação de pontos críticos em misturas binárias adsorvidas. O algoritmo utilizado para este propósito é o de Hicks e Young modificado (Castier e Sandler, 1997a) reportado no Capítulo 3. Neste sentido, pretende-se calcular vários tipos de diagramas críticos, preditos pela EdE baseada no modelo de gás reticulado bidimensional, proposta por Cabral et al. (2003) e reportada no Capítulo 2. Este tipo de abordagem, usando um modelo bidimensional para as fases adsorvidas, é amplamente utilizado por vários autores como revisado por Cabral et al. (2005) e tratado no Capítulo 6. Pretende-se realizar um estudo paramétrico deste modelo com o objetivo de determinar fenômenos críticos entre fases adsorvidas e constatar se estes possuem comportamentos análogos àqueles de fases volumares. Aparentemente, não existe, na literatura, um método de cálculo de pontos críticos de fases adsorvidas, especialmente para Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas127 misturas. Pretende-se, também, analisar as transições entre os tipos de diagramas usando projeções temperatura-fração molar. 7.2 – Cálculo de Pontos Críticos entre Fases Adsorvidas A EdE proposta por Cabral et al. (2003) pode predizer diferentes tipos de pontos críticos, isto é, situações nas quais uma fase tipo vapor e uma fase tipo líquido colapsam e nas quais duas fases tipo líquido colapsam, de modo análogo aos pontos críticos líquido-vapor (LV) e líquido-líquido (LL) de fases volumares, respectivamente. Deve ser mencionado que, no contexto deste trabalho, quando se fala em uma mistura binária adsorvida, significa uma situação no qual existem dois componentes adsorvidos em uma matriz sólida. As interações entre as moléculas adsorvidas são consideradas no modelo como interações efetivas na presença da matriz sólida. Por esta razão, a composição, quantidade e número de componentes da matriz sólida não entram nos cálculos explicitamente. Nos diagramas críticos de misturas binárias adsorvidas é conveniente localizar as coordenadas críticas dos componentes puros. Entretanto, as propriedades críticas dos componentes puros adsorvidos não são parâmetros do modelo adotado. Por este motivo, é necessário calculá-las de acordo com o procedimento descrito no Capítulo 6. O cálculo dos pontos críticos de fases adsorvidas requer o logaritmo natural das fugacidades ( f̂ iads ) e suas primeira e segunda derivadas com respeito ao número de moles mantendo temperatura e área total constantes. A fim de verificar se o ponto crítico é globalmente estável, é necessário obter as derivadas do logaritmo natural do coeficiente de fugacidade com respeito ao número de moles mantendo a pressão de espalhamento e a temperatura constante. As raízes da área molar calculada pela EdE para fases adsorvidas Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas128 foram determinadas pelo procedimento desenvolvido por Topliss et al. (1988), o qual requer a primeira e segunda derivadas da pressão de espalhamento com respeito à densidade da superfície molar a temperatura constante. Expressões analíticas para todas estas propriedades termodinâmicas foram obtidas com o uso do programa de computação algébrica Thermath (Castier, 1999). O primeiro aspecto a ser esclarecido é o papel da fase volumar nos cálculos de pontos críticos entre fases adsorvidas. Aplicações práticas de equilíbrio de fases em sistemas contendo fases adsorvidas necessariamente têm ao menos uma fase volumar. Entretanto, dada a natureza diferente entre uma fase volumar e uma fase adsorvida, elas não tendem a se colapsar em uma única fase, como acontece com as propriedades de duas fases volumares quando o ponto crítico é alcançado. Neste trabalho, o termo ponto crítico refere-se à condição na qual as propriedades de duas fases adsorvidas tornam-se indistinguíveis. Os cálculos de ponto crítico são realizados sob a hipótese de que as fases críticas adsorvidas estarão em equilíbrio com uma ou mais fases volumares. Uma discussão sobre a relação entre as propriedades das fases volumar e adsorvida pode ser encontrada no trabalho de Cabral et al. (2005), que usou um algoritmo de flash para predizer a partição de componentes entre várias fases volumares e adsorvidas. Informação adicional pode ser encontrada em Cabral (2005), que analisaram o número de graus de liberdade em problemas de adsorção. A fim de apresentar as equações para o cálculo de pontos críticos usadas neste trabalho, considera-se a função de Helmholtz para um sistema contendo fases volumares e adsorvidas: A = A vol + Aads (7.1) Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas129 Na Equação (7.1), A vol e A ads representam as contribuições de todas as fases volumares e adsorvidas, respectivamente. Como neste trabalho objetiva-se a criticalidade de fases adsorvidas, a atenção concentra-se na função de Helmholtz para fases adsorvidas. O valor de A ads tem a conexão direta com a função de partição canônica Q(T, M, N) de um sistema de moléculas adsorvidas. As condições para um ponto crítico de uma mistura adsorvida podem ser obtidas por uma expansão em série de Taylor de A ads usando um procedimento análogo ao de Heidemann e Khalil (1980) para o caso de fases volumares. Entretanto, uma importante diferença é que as derivadas requeridas são tomadas a área total constante e não a volume total constante. As equações necessárias para caracterizar um ponto crítico são: Q c ⋅ ∆n = 0 (7.2) ∆n T ⋅ ∆n = 1 (7.3) C= ∑∑∑ i j k ∂ 3 A ads ∂n i ∂n j∂n k (7.4) ∆n i ∆n j ∆n k = 0 T,A Os elementos da matriz Q c estão relacionados com as fugacidades na fase adsorvida por: Qc,ij ∂ = ∂n i ∂A ads ∂n j T,A,n k ≠ j T,A,n k ≠i ∂f̂ ads = RT i ∂n j T,A,n k≠ j (7.5) Neste trabalho, o critério do plano tangente (Baker et al., 1982) desenvolvido por Michelsen (1982a) foi utilizado para fazer o teste de estabilidade global dos pontos críticos calculados em misturas adsorvidas. Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas130 Um importante aspecto das equações para o cálculo do ponto crítico é que o número de soluções de um sistema composicional é a priori desconhecido. No caso de pontos críticos de fases volumares, o problema mais estudado é o cálculo de pontos críticos LV, e o algoritmo de Heidemann e Khalil (1980) é amplamente utilizado para esta finalidade. Para cálculos mais gerais, o algoritmo de Hicks e Young (1977) é particularmente mais benéfico por conseguir calcular tanto pontos críticos LV quanto LL para uma mesma estimativa inicial. Neste trabalho, segue-se o procedimento computacional desenvolvido por Castier e Sandler (1997a). A extensão deste formalismo e deste procedimento para o cálculo de pontos críticos de fases adsorvidas é direta. As funções desempenhadas pela pressão e pelo volume molar no caso de pontos críticos de fases volumares são desempenhadas pela pressão de espalhamento e pela área molar no caso de fases adsorvidas. O retângulo de busca no algoritmo de Hicks e Young é, portanto, definido no plano temperatura-área molar. Maiores detalhes sobre o detalhamento matemático e implementação dos métodos de Hicks e Young e de Heidemann e Khalil podem ser encontrados no Capítulo 3. 7.3 – Resultados e Discussões Por causa da falta de informação sobre o comportamento crítico de fases adsorvidas, uma comparação direta com dados experimentais não é possível. Portanto, faz-se um estudo paramétrico a fim de determinar os tipos de diagramas críticos para misturas binárias adsorvidas que a EdE adotada consegue predizer. Para fazer isso, foram fixados os parâmetros do primeiro componente caracterizado por ajuste de dados experimentais de Robert e Larher (1978) para o xenônio adsorvido em cloreto de níquel na temperatura de 95,15 K. O segundo componente foi considerado como uma substância hipotética cujas propriedades são variadas de maneira sistemática. Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas131 7.3.1 – Diagrama do Tipo I Diagramas críticos do Tipo I possuem uma linha crítica contínua tipo LV entre os pontos críticos dos componentes puros e não há imiscibilidade tipo LL. Este tipo de diagrama ocorre em misturas binárias adsorvidas cujos componentes têm natureza química similar. Neste trabalho, usa-se uma analogia com a nomenclatura de van Konynenburg e Scott (1980) para classificar o comportamento das fases em misturas binárias adsorvidas. A Tabela 7.1 apresenta os parâmetros e as propriedades críticas dos componentes puros que formam a mistura binária que representa o comportamento de fase Tipo I, mostrado na Figura 7.1. Tabela 7.1. Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo I. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). Parâmetros Componente mi U ii (J / mol) Tc (K ) π c ( N / m) 1 2,0 3955,3 128,6 2,18 x 10-6 2 3,0 5946,2 213,4 2,12 x 10-6 Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas132 Pressão de Espalhamento (N/m) 3.0e-6 2.8e-6 2.6e-6 2.4e-6 2.2e-6 2.0e-6 120 140 160 180 200 220 Temperatura (K) Figura 7.1 – Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo I. (o) pontos críticos dos componentes puros. 7.3.2 – Diagrama do Tipo II Diagramas do Tipo II ocorrem em misturas binárias adsorvidas em que a assimetria é um pouco maior que as do Tipo I, e uma curva tipo LL pode ser observada a baixas temperaturas. Desta forma, este tipo de diagrama possui duas linhas críticas distintas. Uma delas é uma curva contínua tipo LV conectando os dois pontos críticos dos componentes puros. A outra é uma curva tipo LL que começa em um ponto crítico terminal superior (UCEP) e termina em altas pressões de espalhamento. A Figura 7.2 mostra um típico diagrama do Tipo II quando se aumenta o número de segmentos do exemplo do Tipo I (Tabela 7.2). Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas133 Tabela 7.2. Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo II. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). Parâmetros Componente mi U ii (J / mol) Tc (K ) π c ( N / m) 1 2,0 3955,3 128,6 2,18 x 10-6 2 5,0 5946,2 248,2 1,25 x 10-6 Pressão de Espalhamento (N/m) 5.0e-6 4.0e-6 3.0e-6 2.0e-6 1.0e-6 0.0 0 50 100 150 200 250 Temperatura (K) Figura 7.2 – Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo II. (o) pontos críticos dos componentes puros e ( ) UCEP. 7.3.3 – Diagrama do Tipo III Este tipo de diagrama ocorre em misturas adsorvidas muito assimétricas. Não existe linha contínua tipo LV que una os pontos críticos dos puros. Existe uma pequena curva crítica tipo LV que se inicia no ponto crítico do componente puro com menor temperatura crítica e se estende até um UCEP. A outra curva crítica se inicia no outro componente puro e segue até Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas134 elevadas pressões de espalhamento. Aumentando o número de segmentos do exemplo do Tipo II (Tabela 7.3), alcança-se este tipo de diagrama, como mostra a Figura 7.3. Tabela 7.3. Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo III. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). Parâmetros Componente mi U ii (J / mol) Tc (K ) π c ( N / m) 1 2,0 3955,3 128,6 2,18 x 10-6 2 9,0 5946,2 298,3 2,81 x 10-7 Pressão de Espalhamento (N/m) 8.0e-6 6.0e-6 4.0e-6 2.0e-6 0.0 120 160 200 240 280 Temperatura (K) Figura 7.3 – Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo III. (o) pontos críticos dos componentes puros e ( ) UCEP. 7.3.4 – Diagrama do Tipo IV Este tipo de diagrama de fase pode ser encontrado em uma estreita região no diagrama global de fases e possui três linhas críticas distintas. A primeira é do tipo LV e começa no ponto crítico do componente com menor temperatura crítica e termina em um UCEP. A Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas135 segunda é também do tipo LV e começa no ponto crítico do outro componente e se estende até um ponto crítico terminal inferior (LCEP). A terceira é do tipo LL e começa em um segundo UCEP e termina em elevadas pressões de espalhamento. A Tabela 7.4 mostra os parâmetros da mistura adsorvida que possui este tipo de comportamento de fases, como mostrado na Figura 7.4. Tabela 7.4. Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo IV. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). Parâmetros Componente mi U ii (J / mol) Tc (K ) π c ( N / m) 1 2,0 3955,3 128,6 2,18 x 10-6 2 8,0 6110,0 295,6 7,90 x 10-7 6.0e-6 3.0e-6 b) Pressão de Espalhamento (N/m) Pressão de Espalhamento (N/m) a) 5.0e-6 4.0e-6 3.0e-6 2.0e-6 1.0e-6 0.0 100 150 200 Temperatura (K) 250 300 2.8e-6 2.6e-6 2.4e-6 2.2e-6 2.0e-6 125 130 135 140 145 150 Temperatura (K) Figura 7.4 – a) Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo IV. b) Região ampliada em torno dos pontos críticos terminais. (o) pontos críticos dos componentes puros, ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas136 7.3.5 – Diagrama do Tipo V Assim como o diagrama do Tipo IV, este tipo tambem possui duas curvas críticas tipo LV. A primeira é do tipo LV e começa no ponto crítico do componente com menor temperatura crítica e termina em um UCEP. A segunda é também do tipo LV e começa no ponto crítico do outro componente e se estende até um LCEP. Diminuindo o parâmetro de energia do componente 2 no exemplo do diagrama do Tipo I (Tabela 7.5), encontra-se este tipo de comportamento de fases ilustrado na Figura 7.5. Tabela 7.5. Parâmetros do modelo e propriedades críticas da mistura binária adsorvida do Tipo V. ( λ = 3,83 x 107 m 2 / mol ). Parâmetros Componente mi U ii (J / mol) Tc (K ) π c ( N / m) 1 2,0 3955,3 128,6 2,18 x 10-6 2 3,0 1000,0 35,9 3,57 x 10-7 Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas137 5.0e-7 a) Pressão de Espalhamento (N/m) Pressão de Espalhamento (N/m) 2.5e-6 2.0e-6 1.5e-6 1.0e-6 5.0e-7 0.0 b) 4.5e-7 4.0e-7 3.5e-7 30 60 90 120 Temperatura (K) 35 36 37 38 39 40 Temperatura (K) Figura 7.5 – a) Diagrama pressão de espalhamento – temperatura de uma mistura adsorvida binária do Tipo V. b) Região ampliada em torno dos pontos críticos terminais. (o) pontos críticos dos componentes puros, ( ) UCEP e ( ) LCEP. A linha tracejada mostra a região LLV. 7.3.6 – Transição entre os diagramas de fases No diagrama global de fases existem contornos que separam as regiões com diferentes tipos de comportamento de fases. Cálculos diretos do diagrama global de fases via pontos tricríticos (TCP), pontos críticos terminais duplos (DCEP) e ponto crítico terminal a T = 0 K encontram-se além do escopo desta análise. Nesta tese, a transição entre os tipos de diagramas foi obtida por busca exaustiva. Por exemplo, a transição entre o Tipo I e V pode ser representada por um diagrama onde a linha trifásica no diagrama Tipo V se contrai até alcançar o TCP (Deiters e Pegg, 1989). Este TCP representa um ponto de inflexão horizontal na projeção T-x (van Pelt e de Loos, 1992) (Figura 7.6b). A Figura 7.6 mostra este tipo de transição que é alcançado diminuindo o parâmetro de energia de interação molar do componente 2 do exemplo do Tipo I (Tabela 7.1). Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas138 50 50 b) 48 48 46 46 Temperatura (K) Temperatura (K) a) 44 42 44 42 40 40 38 38 36 0.00 0.05 0.10 0.15 36 0.00 0.20 Fração Molar do Componente 1 0.05 0.10 0.15 0.20 Fração Molar do Componente 1 50 c) 48 Temperatura (K) 46 44 42 40 38 36 0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 Fração Molar do Componente 1 Figura 7.6 – Transição entre os Tipos I e V. a) Tipo I (U22 = 1064,70 J/mol). b) TCP (◊) como transição entre Tipo I-V (U22 = 1061,74 J/mol). c) Tipo V (U22 = 1061,00 J/mol). Outra transição envolvendo TCP ocorre entre os Tipos II e IV. A Figura 7.7 mostra este estado de transição (os parâmetros foram tirados da Tabela 7.4) no plano T-x. Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas139 200 200 a) b) 180 Temperatura (K) Temperatura (K) 180 160 140 160 140 120 0.85 0.88 0.91 0.94 0.97 120 0.85 1.00 Fração Molar do Componente 1 0.88 0.91 0.94 0.97 1.00 Fração Molar do Componente 1 200 c) Temperatura (K) 180 160 140 120 0.85 0.88 0.91 0.94 0.97 1.00 Fração Molar do Componente 1 Figura 7.7 – Transição entre os Tipos II e IV. a) Tipo II (U22 = 6040,00 J/mol). b) TCP (◊) como transição entre Tipo II-IV (U22 = 6059,38 J/mol). c) Tipo IV (U22 = 6065,00 J/mol). Outro estado de transição interessante acontece entre os Tipos III e IV via um DCEP (ponto onde a linha crítica toca a linha trifásica). A Figura 7.8 mostra este estado de transição (os parâmetros foram tirados da Tabela 7.4) no plano T-x. Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas140 200 200 a) b) 180 Temperatura (K) Temperatura (K) 180 160 140 160 140 120 0.85 0.88 0.91 0.94 0.97 120 0.85 1.00 Fração Molar do Componente 1 0.88 0.91 0.94 0.97 1.00 Fração Molar do Componente 1 200 c) Temperatura (K) 180 160 140 120 0.85 0.88 0.91 0.94 0.97 1.00 Fração Molar do Componente 1 Figura 7.8 – Transição entre os Tipos III e IV. a) Tipo IV (U22 = 6114,00 J/mol). b) DCEP () como transição entre Tipo III-IV (U22 = 6114,44 J/mol). c) Tipo III (U22 = 6115,00 J/mol). Com a equação baseada no modelo de rede bidimensional proposta por Cabral et al. (2005) não foram encontrados diagramas do Tipo VI ou qualquer outro com imiscibilidade tipo LL fechada. Explicações possíveis para este fato são que a EdE de Cabral et al. (2005) não consegue predizer este tipo de comportamento com a regra de combinação (Equação Capítulo 7 – Fenômenos Críticos entre Fases Adsorvidas141 2.60) utilizada ou o método de procura exaustiva não foi acurado suficiente para detectar este tipo de diagrama. 7.4 – Conclusões Pontos críticos de fases adsorvidas foram calculados usando uma EdE baseada na teoria de gás reticulado bidimensional. Observa-se que o modelo consegue predizer as condições nas quais duas fases adsorvidas, uma tipo vapor e outra tipo líquido colapsam formando uma única fase, bem como duas fases tipo líquido adsorvidas tornam-se indistinguíveis. Os diagramas de pontos críticos adsorvidos foram classificados fazendo uma analogia com a classificação de van Konynemburg e Scott para misturas binárias em fases fluidas. A classificação original é baseada em projeções das curvas críticas no plano pressãotemperatura: neste trabalho, usam-se projeções no plano pressão de espalhamento-temperatura para realizar classificação análoga. Diagramas do Tipo I ao V foram observados, porém nem o Tipo VI nem tipos superiores foram encontrados. O plano temperatura-fração molar foi utilizado para exemplificar a transição de fases entre alguns diagramas. Estes resultados ampliam as observações anteriores que sugerem a possibilidade de comportamentos de fases interessantes para misturas adsorvidas. Entretanto, dados experimentais são necessários para confirmar a predição destes diagramas críticos de fases adsorvidas. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas142 CAPÍTULO 8 – CÁLCULO DE PONTOS CRÍTICOS EM MISTURAS Este Capítulo apresenta o cálculo de pontos críticos de misturas. Na seção 8.1, faz-se uma breve introdução sobre o tema. A seção 8.2 apresenta a metodologia adotada para os cálculos dos pontos críticos. As seções 8.3.1 e 8.3.2 mostram, respectivamente, os resultados para misturas binárias e multicomponentes. Na seção 8.4, são apresentadas as conclusões dessa parte do estudo. 8.1 – Introdução Os cálculos de equilíbrio de fases de misturas na região crítica são um problema de grande interesse, pois a forma da localização dos pontos críticos fornece a informação básica necessária ao entendimento da topologia do comportamento das fases. Medidas experimentais nesta região são muito difíceis e restritas. Adicionalmente, existem grandes diferenças entre os dados experimentais reportados na literatura para os mesmos sistemas. Neste contexto, o objetivo desta parte do trabalho é fazer um estudo do comportamento crítico de séries homólogas de hidrocarbonetos predito por diferentes equações de estado (EdE), comparando as predições com dados experimentais disponíveis na literatura. Ademais, também são calculados os pontos críticos de misturas multicomponentes usando a mesma metodologia. As EdE escolhidas para este estudo foram: • A clássica EdE de Peng-Robinson (PR)(Peng e Robinson, 1976) Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas143 • A EdE de Peng – Robinson com os parâmetros estimados (PR-f) baseados no ajuste de dados de pressão de vapor e volume de líquido saturado dos componentes puros. (Voutsas et al., 2006) • A EdE SAFT original (Huang e Radosz, 1991) • A EdE PC-SAFT original (Gross e Sadowski, 2001) • A EdE com os parâmetros PC-SAFT re-estimados (PC-SAFT-f) para acertar as propriedades críticas dos componentes puros da mistura (Cismondi et al., 2005). 8.2 – Metodologia As condições termodinâmicas para o cálculo do ponto crítico em misturas são determinadas resolvendo as formas quadrática e cúbica da expansão em série de Taylor da energia livre de Helmholtz. Neste trabalho, os pontos críticos da mistura são calculados utilizando o método de Hicks e Young modificado (Castier e Sandler, 1997a). Em todos os cálculos, os parâmetros de interação binária dos componentes da mistura foram admitidos iguais a zero ( k ij = 0 ) a fim de efetuar todos os estudos comparativos sem parâmetros correlacionados. Maiores detalhes sobre esta metodologia podem ser encontrados no Capítulo 3. 8.3 – Resultados e Discussões A fim de fazer um estudo comparativo do desempenho de diferentes EdE nos cálculos de pontos de misturas, pretende-se dividir esta análise em duas etapas. Na primeira, visa-se calcular os pontos críticos que compõem os diagramas de fases de misturas binárias de séries homólogas de hidrocarbonetos com cada EdE escolhida e classificá-los obedecendo a Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas144 terminologia proposta por van Konynenburg e Scott (1980). Na segunda, calculam-se os pontos críticos de misturas multicomponente com cada EdE adotada. Os parâmetros das EdE para as substâncias puras utilizadas neste Capítulo são apresentadas no Apêndice II. 8.3.1 – Diagramas de fases de misturas binárias de hidrocarbonetos Reservatórios de gás natural são geralmente constituídos principalmente de metano e hidrocarbonetos leves até uma fração C6+, podendo também ter uma fração de dióxido de carbono, ácido sulfídrico, nitrogênio, etc. Tendo em vista a necessidade de se estudar o comportamento crítico de misturas binárias que compõem o gás natural, pretende-se, nesta seção, estudar as séries homólogas dos n-alcanos desde o metano (C1) até o n-decano (n-C10). 8.3.1.1 – Misturas de metano+n-alcanos Nesta etapa, discutem-se os tipos de diagramas de fases que podem ser preditos pelas EdE escolhidas para a série homóloga das misturas binárias formadas por C1+n-alcanos variando do etano (C2) até o n-decano (n-C10). 8.3.1.1.1 – Mistura metano+etano A Figura 8.1 mostra os diagramas de fases nos planos Pressão – Temperatura (P-T) e Temperatura – Fração molar (T-x). Note que todas as EdE produzem diagramas do Tipo I segundo a classificação de van Konynenburg e Scott (1980). Na comparação com os dados experimentais, percebe-se que a EdE PR e a PR-f tiveram desempenhos similares e conseguiram a melhor concordância, seguidas pelas EdE PC-SAFT-f e PC-SAFT. A EdE Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas145 SAFT obteve o pior desempenho, podendo ser justificada pelas grandes discrepâncias na 80 340 75 320 70 300 Temperatura (K) Pressão (bar) predição dos pontos críticos dos componentes puros. 65 60 55 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 50 45 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 280 260 240 220 200 180 40 200 220 240 260 280 300 Temperatura (K) 320 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.1 – Diagramas de fases para a mistura metano+etano. Dados experimentais: (Hicks e Young, 1975). 8.3.1.1.2 – Mistura metano+propano A Figura 8.2 mostra os diagramas de fases P-T e T-x para o sistema metano+propano (C1+C3). Note que, assim como no sistema C1+C2, todas as EdE produzem diagramas do Tipo I. Na comparação com os dados experimentais, percebe-se novamente que a EdE PR e a PR-f tiveram desempenhos similares e conseguiram a melhor concordância. Apesar da EdE PCSAFT ter obtido um desvio significativo ao ponto crítico do C3 puro, em média, esta EdE obteve um desempenho melhor que sua similar, a PC-SAFT-f. A EdE SAFT novamente obteve o pior desempenho. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas146 110 400 105 100 95 350 Temperatura (K) Pressão (bar) 90 85 80 75 70 65 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 60 55 50 300 250 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 200 45 40 35 150 200 250 300 350 400 Temperatura (K) 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.2 – Diagramas de fases para a mistura metano+propano. Dados experimentais: (Hicks e Young, 1975). 8.3.1.1.3 – Mistura metano+n-butano Este sistema, metano+n-butano (C1+n-C4), já foi estudado neste trabalho, no Capítulo 5, que estudava o comportamento retrógrado de misturas. Aqui pretende-se analisar o tipo de diagrama de fases este sistema apresenta. van Pelt et al. (1993) calcularam o diagrama de fases deste sistema com a EdE SPHCT e o classificaram como Tipo V, embora os dados experimentais o classifiquem como Tipo I. Neste trabalho, todas as EdE estudadas encontraram, para este sistema, diagramas críticos do Tipo I (Figura 8.3). No confronto com os dados experimentais, as EdE PR e PR-f têm desempenhos similares e melhores que as demais EdE. Note que as todas EdE, com exceção da SAFT, possuem uma suave mudança de inclinação na diagrama T-x próximo do C1 puro. Esta mudança pode ser um sinal de que no próximo componente da série homóloga, estas EdE podem predizer imiscibilidade líquidolíquido (LL) (Polishuk et al., 1999a). Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas147 500 140 450 120 Temperatura (K) Pressão (bar) 400 100 80 Exp. Experimental Experimental PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 60 40 350 300 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f Exp. 250 200 20 150 200 250 300 350 400 Temperatura (K) 450 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.3 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-butano. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), (∫) Elliot et al. (1974), () Kahre (1974). 8.3.1.1.4 – Mistura metano+n-pentano Nesta seção discutem-se os diagramas de fases do sistema metano+n-pentano (C1+nC5). Cabe ressaltar que este sistema também foi estudado no Capítulo 5 na análise da vaporização retrógrada dupla. As EdE PR e PR-f produziram diagramas críticos do Tipo V para esta mistura, como é apresentado nas Figuras 8.4 e 8.5, respectivamente. Note que esta região de imiscibilidade LL é tão pequena que só é perceptível no diagrama T-x. Polishuk et al. (1999a) também encontraram este tipo de diagrama com as EdE cúbicas PR, PRSV, SRK, Patel-Teja e Trebble-Bishnoi. As EdE PC-SAFT e PC-SAFT-f surpreenderam ao apresentar diagramas do Tipo IV (Figuras 8.6 e 8.7, respectivamente). Não foi encontrado nenhum relato na literatura desta classificação para este sistema. A EdE SAFT conseguiu predizer o diagrama Tipo I, como mostra a Figura 8.8. Embora esta mistura seja classificada como do Tipo I experimentalmente, existe uma linha de pesquisadores que acreditam que a topologia real deste sistema (Tipo I ou Tipo V) ainda não está satisfatoriamente esclarecida (Polishuk et Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas148 al., 1999a). Quanto ao desempenho destas EdE, a PR e a PR-f obtiveram os melhores resultados, quando confrontados com os dados experimentais. 180 500 450 150 Temperatura (K) Pressão (bar) 400 120 90 350 300 250 60 200 30 180 230 280 330 380 430 150 480 0.0 0.2 Temperatura (K) 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.4 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 180 500 450 150 Temperatura (K) Pressão (bar) 400 120 90 350 300 250 60 200 30 180 230 280 330 380 Temperatura (K) 430 480 150 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.5 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas149 500 180 400 Temperatura (K) Pressão (bar) 150 120 90 60 300 200 100 30 0 0 100 150 200 250 300 350 400 450 0.0 500 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar de metano Temperatura (K) Figura 8.6 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PC-SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 500 180 400 Temperatura (K) Pressão (bar) 150 120 90 60 300 200 100 30 0 0 100 150 200 250 300 350 Temperatura (K) 400 450 500 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar de metano Figura 8.7 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE PC-SAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas150 550 180 500 150 Temperatura (K) Pressão (bar) 450 120 90 400 350 300 250 60 200 150 30 180 230 280 330 380 430 Temperatura (K) 480 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.8 – Diagramas críticos para a mistura metano+n-pentano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chu et al. (1976). 8.3.1.1.5 – Mistura metano+n-hexano A mistura de metano+n-hexano (C1+n-C6) é a primeira que apresenta imiscibilidade LL detectada experimentalmente (Lin et al., 1977) e classificada como Tipo V. Muitos autores já estudaram este sistema com diferentes EdE: Castier e Sandler (1997a) utilizaram a PRSV com a regra de mistura de Wong e Sandler; Polishuk et al. (1999a) utilizaram as EdE cúbicas PR, PRSV, SRK, Patel-Teja e Trebble-Bishnoi; Huron (1976) utilizou as EdE cúbicas RK e SRK e McCabe et al. (1998) utilizaram a EdE SAFT-VR. Todas estas EdE confirmaram TipoV para este sistema. Neste trabalho, as EdE PR e PR-f predizem um comportamento de fases do Tipo V (Figuras 8.9 e 8.10) e as EdE PC-SAFT e PC-SAFT-f apresentam novamente o diagrama do Tipo IV (Figuras 8.11 e 8.12). Segundo Scott (1972), existe uma curva crítica LL meta-estável neste sistema, o que caracterizaria um diagrama do Tipo IV, ainda não comprovado experimentalmente. A EdE SAFT apresenta um diagrama de transição I-V neste sistema, como pode ser observado na Figura 8.13. Repare que próximo ao C1 puro, a curva Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas151 crítica do diagrama T-x apresenta uma inflexão horizontal, caracterizando a proximidade do ponto tricrítico da mistura. Nenhum cálculo foi executado para a localização direta do ponto tricrítico, esta conclusão foi obtida graficamente. Quanto ao desempenho, a EdE PR obteve boa concordância no diagrama P-T, o que já não é observado no diagrama T-x. Esta é a EdE com melhor estimativa do UCEP. A EdE PR-f superestima os pontos críticos da mistura, mas é a EdE com melhor resultado para o LCEP. 550 205 500 175 Temperatura (K) Pressão (bar) 450 145 115 85 400 350 300 250 55 200 150 25 170 220 270 320 370 Temperatura (K) 420 470 520 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.9 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas152 550 225 500 185 Temperatura (K) Pressão (bar) 450 145 105 400 350 300 250 65 200 150 25 170 220 270 320 370 420 470 0.0 520 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.10 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 600 205 175 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 145 115 85 400 300 55 200 25 100 130 180 230 280 330 380 Temperatura (K) 430 480 530 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.11 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PC-SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas153 600 205 500 175 Temperatura (K) Pressão (bar) 145 115 85 400 300 200 55 100 25 0 130 180 230 280 330 380 430 480 530 0.0 0.2 Temperatura (K) 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.12 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE PC-SAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 550 205 500 175 Temperatura (K) Pressão (bar) 450 145 115 85 400 350 300 250 55 200 25 150 170 220 270 320 370 420 Temperatura (K) 470 520 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.13 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-hexano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Poston e McKetta (1966), () pontos críticos líquido-vapor (Lin et al., 1977) e () pontos críticos líquido-líquido (Lin et al., 1977). Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas154 8.3.1.1.6 – Mistura metano+n-heptano Este sistema, metano+n-heptano (C1+n-C7), apresenta um comportamento de fases peculiar. Chang et al. (1966) estudaram este sistema e perceberam que a curva crítica líquidovapor é interrompida pela presença de n-heptano sólido próximo da temperatura crítica do C1 puro. Desta forma, a curva crítica deste sistema não atinge o LCEP, sendo classificado como diagrama do Tipo III, apesar da curva crítica não terminar em pressões elevadas. Neste trabalho, as EdE PR, PR-f e SAFT obtiveram diagramas de fases com uma curva crítica contínua, sendo então classificados como Tipo V, como mostrado nas Figuras 8.14, 8.15 e 8.16, respectivamente. Assim, o menor ponto crítico estável da curva crítica líquido-vapor que começa no ponto crítico do n-C7 puro pode ser considerado um LCEP. As EdE PC-SAFT e PC-SAFT-f apresentaram diagramas de fases do Tipo IV (Figuras 8.17 e 8.18). Quanto ao desempenho das EdE, mais uma vez as EdE PR e PR-f obtiveram os melhores resultados, quando confrontadas com dados experimentais. Note que, embora a EdE PC-SAFT-f acerte os pontos críticos dos componentes puros da mistura, ela subestima os pontos críticos da mistura na região de alta pressão como pode ser verificado no diagrama P-T da Figura 8.18. No caso da EdE SAFT, que possui um desvio acentuado na predição dos pontos críticos dos puros, o diagrama é deslocado para direita em toda faixa de P-T. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas155 600 235 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 205 175 145 115 400 300 85 200 55 100 25 170 220 270 320 370 420 470 0.0 520 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.14 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 600 265 225 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 185 145 105 400 300 200 65 25 100 170 220 270 320 370 420 Temperatura (K) 470 520 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.15 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 255 600 210 500 Temperatura (K) Pressão (bar) Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas156 165 120 400 300 200 75 100 30 170 220 270 320 370 420 470 520 0.0 570 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.16 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 600 250 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 200 150 100 400 300 200 50 0 100 130 180 230 280 330 380 430 Temperatura (K) 480 530 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.17 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PC-SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas157 600 250 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 200 150 100 400 300 200 50 100 0 0 130 180 230 280 330 380 430 480 Temperatura (K) 530 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.18 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-heptano com a EdE PC-SAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975), () Chang et al. (1966), (∫) Chen et al. (1976). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 8.3.1.1.7 – Mistura metano+n-octano O sistema metano+n-octano (C1+n-C8) possui apenas dois pontos críticos experimentais reportados na literatura. Por causa disso, o estudo comparativo do desempenho das EdE para esta mistura fica prejudicado. Este sistema também apresenta uma interrupção na curva crítica pela presença da fase sólida, característica que os demais sistemas formados com os termos seguintes desta série homóloga também possuem. As EdE PR, PR-f e SAFT apresentaram diagramas de fases do Tipo V similares aos do sistema C1+n-C7, como mostram as Figuras 8.19, 8.20 e 8.21, respectivamente. Já a EdE PC-SAFT apresentou um diagrama do Tipo III (Figura 8.22), mas com características distintas do diagrama Tipo III obtido experimentalmente para o sistema C1+n-C7 e de onde se acredita que os demais sistemas desta série sigam este mesmo padrão. No diagrama predito pela EdE PC-SAFT a curva crítica, que Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas158 se inicia no ponto crítico do n-C8 puro, termina em pressões muito elevadas. A EdE PCSAFT-f apresenta novamente o diagrama do Tipo IV (Figura 8.23). 600 290 250 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 210 170 130 400 300 90 200 50 100 10 170 220 270 320 370 420 470 520 0.0 570 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.19 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 600 290 250 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 210 170 130 400 300 90 200 50 100 10 170 220 270 320 370 420 Temperatura (K) 470 520 570 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.20 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas159 700 290 250 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 210 170 130 500 400 300 90 200 50 100 10 170 230 290 350 410 470 530 0.0 590 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.21 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 700 250 600 Temperatura (K) 300 Pressão (bar) 200 150 100 50 500 400 300 200 0 100 130 180 230 280 330 380 430 480 530 580 0.0 0.2 Temperatura (K) 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.22 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PC-SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas160 280 600 240 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 200 160 120 400 300 80 200 40 0 100 130 180 230 280 330 380 430 480 530 Temperatura (K) 580 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.23 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-octano com a EdE PC-SAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 8.3.1.1.8 – Mistura metano+n-nonano Para o sistema metano+n-nonano (C1+n-C9) todas as EdE reproduziram o mesmo tipo de diagramas de fases do sistema anterior, (C1+n-C8). Os resultados para este sistema são mostrados nas Figuras 8.24 a 8.28. Assim como no sistema C1+n-C8, poucos pontos críticos experimentais são reportados na literatura. Por causa disso, o estudo comparativo do desempenho das EdE para esta mistura também ficou prejudicado. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas161 700 330 290 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 250 210 170 130 500 400 300 90 200 50 100 10 170 220 270 320 370 420 470 520 0.0 570 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.24 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 700 330 290 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 250 210 170 130 500 400 300 90 200 50 100 10 160 210 260 310 360 410 460 Temperatura (K) 510 560 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.25 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas162 700 320 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 270 220 170 500 400 300 120 200 70 100 20 150 200 250 300 350 400 450 500 550 0.0 600 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.26 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PC-SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP. 700 350 300 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 250 200 150 500 400 300 100 200 50 100 0 100 150 200 250 300 350 400 450 Temperatura (K) 500 550 600 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.27 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE PC-SAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas163 700 330 290 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 250 210 170 130 500 400 300 90 200 50 100 10 160 210 260 310 360 410 460 510 560 Temperatura (K) 610 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.28 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-nonano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 8.3.1.1.9 – Mistura metano+n-decano Os resultados das simulações para este sistema (C1+n-C10) são apresentados nas Figuras 8.29 a 8.33. Todas as EdE mantiveram a mesma classificação quanto ao tipo de diagramas de fases apresentados nos dois últimos sistemas anteriores a este. A Tabela 8.1 mostra um resumo com a classificação dos diagramas de fases para cada sistema estudado em cada EdE. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas164 700 370 330 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 290 250 210 170 130 500 400 300 90 200 50 100 10 150 200 250 300 350 400 450 500 550 0.0 600 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.29 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PR. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. 700 370 330 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 290 250 210 170 130 500 400 300 90 200 50 100 10 150 200 250 300 350 400 450 Temperatura (K) 500 550 600 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.30 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PR-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas165 700 370 600 320 Temperatura (K) Pressão (bar) 270 220 170 500 400 300 120 200 70 100 20 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 0.0 650 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.31 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PC-SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP. 700 400 350 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 300 250 200 150 500 400 300 100 200 50 100 0 100 150 200 250 300 350 400 450 Temperatura (K) 500 550 600 650 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Figura 8.32 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE PC-SAFT-f. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas166 700 370 330 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 290 250 210 170 130 500 400 300 90 200 50 100 10 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 0.0 650 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do metano Temperatura (K) Figura 8.33 – Diagramas de fases para a mistura metano+n-decano com a EdE SAFT. Dados experimentais: (•) Hicks e Young (1975). ( ) UCEP e ( ) LCEP. Tabela 8.1 – Resumo dos diagramas críticos da série metano+n-alcanos. PC-SAFT PC-SAFT-f SAFT PR PR-f C1+C2 Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I C1+C3 Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I C1+n-C4 Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I C1+n-C5 Tipo IV Tipo IV Tipo I Tipo V Tipo V C1+n-C6 Tipo IV Tipo IV Tipo I-V Tipo V Tipo V C1+n-C7 Tipo IV Tipo IV Tipo V Tipo V Tipo V C1+n-C8 Tipo III Tipo IV Tipo V Tipo V Tipo V C1+n-C9 Tipo III Tipo IV Tipo V Tipo V Tipo V C1+n-C10 Tipo III Tipo IV Tipo V Tipo V Tipo V Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas167 8.3.1.2 – Misturas de n-alcanos+n-alcanos Nesta etapa, discutem-se os tipos de diagramas críticos que podem ser preditos pelas EdE escolhidas para a série homóloga das misturas binárias formadas por n-alcanos+nalcanos variando do etano (C2) até o n-decano (n-C10). A Tabela 8.2 mostra os sistemas estudados nesta seção. Algumas combinações foram excluídas pela falta de dados experimentais disponíveis na literatura. Em todos os sistemas analisados, não há evidência experimental de imiscibilidade LL em nenhuma das misturas formadas por estes compostos, ou seja, todas as misturas que compõem a Tabela 8.2 apresentam diagramas do Tipo I. Os resultados são apresentados em diagramas de fases P-T e T-x para estas misturas segundo as EdE escolhidas e estão no Apêndice I deste trabalho. Todas as EdE estudadas neste trabalho obtiveram diagramas Tipo I de acordo com a classificação experimental. A EdE PR foi a que obteve melhor concordância com os dados experimentais em quase todas as misturas. Por outro lado, a EdE SAFT foi a que obteve os maiores desvios em relacão aos dados experimentais. Cabe ressaltar que a EdE PC-SAFT-f obteve boa concordância com os dados experimentais a partir das misturas propano+n-alcanos, melhorando o desempenho a cada sistema. Por outro lado, as EdE PR-f e PC-SAFT obtiveram desvios cada vez maiores a medida que aumentava a cadeia da série homóloga. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas168 Tabela 8.2 – Misturas binárias de n-alcanos calculadas. C2 C3 n-C4 n-C5 n-C6 C3 Tipo I n-C4 Tipo I Tipo I n-C5 Tipo I Tipo I Tipo I n-C6 Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I n-C7 Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I n-C8 Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I n-C9 Tipo I n-C10 Tipo I n-C7 Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I 8.3.2 – Pontos críticos de misturas multicomponentes Na seção anterior, foi analisado o comportamento das fases em misturas binárias. Nesta etapa, pretende-se analisar o desempenho das EdE escolhidas na predição das propriedades críticas de misturas multicomponente de interesse para a indústria do petróleo. Para isso, foram adotadas 29 misturas multicomponentes retiradas do artigo de Peng e Robinson (1977). As misturas são formadas basicamente por n-alcanos variando de C1 a n-C9. Algumas misturas apresentam também traços de nitrogênio em sua composição. A Tabela 8.3 apresenta a composição molar das misturas adotadas e as Tabelas 8.4 e 8.5 mostram os resultados obtidos em cada mistura para cada EdE utilizada. A comparação com os dados experimentais obtidos de Peng-Robinson (1977) é feita utilizando o desvio relativo percentual das temperaturas e pressões críticas calculadas (Equações 8.1 e 8.2). Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas169 DR Pc % = DR Tc % = Pc − Pcexp Pcexp Tc − Tcexp Tcexp (8.1) *100 (8.2) *100 A fim de examinar a desempenho das EdE nas misturas selecionadas, definimos a média dos desvios relativos para a pressão e temperatura críticas: Med Pc % = Med Tc % = ∑ i ∑ i Pci − Pci,exp Pci,exp Tci − Tci,exp Tci,exp *100 *100 (8.3) (8.4) Note que a EdE PR-f obteve o menor desvio percentual médio, na predição da pressão crítica (2,056%), seguida pelas EdE PR (2,330%), PC-SAFT-f (4,012%), PC-SAFT (4,920%) e SAFT (14,69%). Na predição da temperatura crítica, a EdE PC-SAFT-f obteve o menor desvio percentual médio (1,079%), seguida pelas EdE PR (1,303%), PR-f (1,524%), PC-SAFT (1,852%) e SAFT (7,647%). Estes resultados apontam as EdE PR e PR-f como as mais precisas, dentre as EdE adotadas, no cálculo de pontos críticos das misturas escolhidas. Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas170 Tabela 8.3 – Composição molar das misturas (Peng e Robinson, 1977). N° 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 C1 0,415 0,360 0,4530 0,4115 0,4345 0,9100 0,9590 0,9500 0,9450 C2 0,429 0,726 0,514 0,801 0,612 0,615 C3 nC4 0,373 0,171 0,412 0,542 0,545 0,5005 0,5030 0,3414 0,3421 0,3276 0,3398 0,6449 0,6168 0,1376 0,2542 0,2547 0,2554 0,4858 0,3316 0,0835 0,4330 0,0560 0,0012 0,0260 0,0001 0,0260 0,0078 0,0260 0,0081 0,0052 0,6626 0,1093 0,1057 0,7075 0,0669 0,0413 0,0508 0,2019 0,2029 0,2033 0,2038 0,3977 0,2926 0,1997 0,1015 0,3573 0,2629 0,1794 0,316 0,388 0,223 0,043 0,9430 0,0270 0,0074 0,0049 nC5 nC6 0,064 0,271 0,296 nC7 0,198 0,103 0,074 0,135 0,117 0,089 nC8 nC9 N2 0,043 0,095 0,0465 0,0855 0,3165 0,3326 0,2359 0,1192 0,0726 0,1730 0,2357 0,1213 0,0613 0,0490 0,0330 0,0150 0,0160 0,0160 0,2465 0,0616 0,1353 0,1881 0,0713 0,0657 0,008 0,0010 0,2176 0,1925 0,1779 0,1656 0,0608 0,0369 0,0332 0,0027 0,022 0,0140 Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas171 Tabela 8.4 – Pressões críticas das misturas. N° 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 Média Pexp 66,12 76,05 64,05 81,01 71,56 70,60 86,74 92,04 92,32 97,97 56,02 41,88 38,80 74,12 51,13 45,06 89,63 53,41 49,32 51,80 54,56 30,93 137,48 137,00 72,20 56,24 65,36 78,46 55,78 PR 62,917 74,806 62,272 83,034 70,488 69,450 85,139 89,695 89,677 93,309 55,402 41,679 37,936 73,711 50,543 44,213 88,582 54,697 49,930 52,938 56,559 30,844 144,890 145,560 70,031 55,663 64,377 78,105 58,397 Desvio % -4,844 -1,636 -2,776 2,498 -1,498 -1,629 -1,846 -2,548 -2,863 -4,758 -1,103 -0,480 -2,227 -0,552 -1,148 -1,880 -1,169 2,410 1,237 2,197 3,664 -0,278 5,390 6,248 -3,004 -1,026 -1,504 -0,452 4,692 2,330 PR-f 64,132 75,909 62,854 84,613 71,416 70,193 85,497 90,516 90,091 94,092 55,468 41,816 38,260 75,111 50,619 44,379 89,009 54,422 49,691 52,709 56,347 31,815 146,830 146,020 70,123 55,778 64,530 78,290 57,848 Desvio % -3,007 -0,185 -1,867 4,448 -0,201 -0,576 -1,433 -1,656 -2,414 -3,958 -0,985 -0,153 -1,392 1,337 -0,999 -1,511 -0,693 1,895 0,752 1,755 3,275 2,861 6,801 6,584 -2,877 -0,821 -1,270 -0,217 3,707 2,056 SAFT 74,073 89,739 74,274 99,213 82,870 81,890 91,799 95,417 95,888 98,714 66,539 50,590 46,121 86,636 60,773 53,604 95,420 63,205 56,542 61,125 66,763 36,589 149,050 147,580 79,074 67,088 75,243 87,862 71,583 Desvio % 12,028 18,000 15,963 22,470 15,805 15,992 5,832 3,669 3,865 0,759 18,777 20,798 18,869 16,886 18,860 18,961 6,460 18,339 14,643 18,002 22,366 18,296 8,416 7,723 9,521 19,289 15,121 11,983 28,331 14,690 PC-SAFT 67,580 79,523 66,441 88,219 74,730 73,595 84,942 88,960 89,126 92,371 59,354 46,027 42,561 78,349 54,533 48,570 88,133 54,526 50,277 53,018 56,168 36,274 147,290 145,890 72,742 59,541 67,696 79,157 56,522 Desvio % 2,208 4,567 3,733 8,899 4,430 4,242 -2,073 -3,346 -3,460 -5,715 5,951 9,902 9,693 5,706 6,656 7,790 -1,670 2,089 1,940 2,351 2,947 17,278 7,136 6,489 0,751 5,869 3,574 0,888 1,330 4,920 PC-SAFT-f 61,021 74,045 61,209 81,694 67,928 67,108 79,779 83,419 83,879 86,815 54,440 41,496 37,941 65,919 49,767 44,088 83,214 53,813 49,568 52,371 55,577 30,797 136,610 135,440 66,674 55,663 62,680 75,026 55,668 Desvio % -7,712 -2,636 -4,436 0,844 -5,075 -4,946 -8,025 -9,367 -9,143 -11,386 -2,820 -0,917 -2,214 -11,064 -2,666 -2,157 -7,158 0,755 0,503 1,102 1,864 -0,430 -0,633 -1,139 -7,654 -1,026 -4,100 -4,377 -0,201 4,012 Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas172 Tabela 8.5 – Temperaturas críticas das misturas. N° 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 Média Texp 438,15 385,92 400,37 391,48 421,48 415,92 322,03 322,03 313,70 313,70 397,15 428,81 450,20 423,15 405,87 417,92 313,70 199,26 193,87 196,53 199,54 541,26 310,53 308,42 387,03 385,42 376,42 313,70 201,09 PR 440,18 389,68 404,36 395,82 425,91 420,65 327,70 328,19 321,60 321,95 404,27 430,61 450,65 425,42 410,61 419,68 316,28 201,16 195,55 198,87 201,96 540,60 321,57 320,38 394,37 388,80 381,26 318,40 202,38 Desvio % 0,463 0,974 0,997 1,109 1,051 1,137 1,761 1,913 2,518 2,630 1,793 0,420 0,100 0,536 1,168 0,421 0,822 0,954 0,867 1,191 1,213 -0,122 3,555 3,878 1,896 0,877 1,286 1,498 0,642 1,303 PR-f 441,59 391,02 405,44 397,36 427,50 422,16 328,61 329,01 322,46 322,73 405,45 431,49 451,28 427,01 411,54 420,58 317,10 201,25 195,73 199,06 202,15 542,13 321,82 320,74 395,28 389,84 382,28 319,24 202,26 Desvio % 0,785 1,322 1,266 1,502 1,428 1,500 2,043 2,167 2,792 2,879 2,090 0,625 0,240 0,912 1,397 0,636 1,084 0,999 0,959 1,287 1,308 0,161 3,636 3,995 2,132 1,147 1,557 1,766 0,582 1,524 SAFT 464,87 415,13 427,22 423,77 451,96 446,23 348,26 348,21 342,63 342,59 426,31 450,88 470,62 452,09 431,62 439,88 337,06 214,02 207,06 211,34 215,66 563,58 356,22 354,69 416,59 409,86 402,86 338,53 218,04 Desvio % 6,098 7,569 6,706 8,248 7,232 7,287 8,145 8,130 9,222 9,209 7,342 5,147 4,536 6,839 6,344 5,255 7,447 7,407 6,804 7,536 8,079 4,124 14,714 15,002 7,638 6,341 7,024 7,915 8,429 7,647 PC-SAFT 446,39 394,17 409,91 400,05 431,59 426,33 327,03 327,08 320,27 320,29 410,35 438,10 459,17 430,78 416,97 426,68 315,18 201,45 196,15 199,31 201,96 552,91 313,33 312,10 397,56 394,41 385,43 319,11 201,08 Desvio % 1,881 2,138 2,383 2,189 2,399 2,503 1,553 1,568 2,094 2,101 3,324 2,166 1,992 1,803 2,735 2,096 0,472 1,099 1,176 1,415 1,213 2,152 0,902 1,193 2,721 2,333 2,394 1,725 -0,005 1,852 PC-SAFT-f 440,74 391,00 405,02 397,60 426,54 421,27 324,60 324,63 318,24 318,25 404,62 430,74 450,87 409,81 410,75 420,00 313,21 200,73 195,38 198,60 201,25 541,06 316,19 314,32 392,75 388,80 380,90 316,65 200,08 Desvio % 0,591 1,316 1,161 1,563 1,201 1,286 0,798 0,807 1,447 1,450 1,881 0,450 0,149 -3,153 1,202 0,498 -0,156 0,738 0,779 1,053 0,857 -0,037 1,823 1,913 1,478 0,877 1,190 0,940 -0,502 1,079 Capítulo 8 – Cálculo de Pontos Críticos em Misturas173 8.4 – Conclusões Nesta etapa, foi feito um estudo comparativo do desempenho de cinco EdE tanto para o cálculo de diagramas de fases de misturas binárias de hidrocarbonetos quanto para a predição das coordenadas críticas de misturas multicomponentes. No cálculo dos diagramas de fases, foi adotada a classificação de van Konynenburg e Scott (1980) para determinar o tipo de diagrama de fases que cada mistura da série homóloga de n-alcanos apresentava. Percebe-se que, na série homóloga formada por metano+n-alcanos, variando do etano ao n-decano, existe a mudança do tipo de diagrama de fases pelo surgimento de imiscibilidade líquido-líquido. As EdE adotadas conseguiram predizer tipos de diagramas de fases que nem sempre estavam de acordo com a indicação experimental. Quanto ao desempenho, as EdE PR e PR-f chamam a atenção por apresentar bons resultados tanto na predição de diagramas de fases quanto na predição das coordenadas críticas de misturas multicomponentes. Por outro lado, a EdE SAFT apresentou o pior resultado em comparação aos dados experimentais em todas as misturas selecionadas, de onde se conclui que esta EdE não é indicada para cálculos de pontos críticos de misturas de hidrocarbonetos sem a utilização de parâmetros correlacionados ( k ij = 0 ). Uma observação interessante é que, dentre os modelos testados, os de forma funcional mais simples foram os que apresentaram o melhor desempenho. Capítulo 9 – Gás Natural174 CAPÍTULO 9 – CÁLCULO DE EQUILÍBRIO DE FASES EM RESERVATÓRIOS DE GÁS NATURAL Este Capítulo reporta o cálculo de equilibrio de fases em reservatórios de gás natural. Na seção 9.1, apresenta-se uma introdução sobre o tema. A seção 9.2 mostra a metodologia utilizada para o cálculo do equilíbrio de fases. Na seção 9.3, faz-se um estudo comparativo na predição do equilíbrio de fases em reservatórios de gás natural e na seção 9.4 são apresentadas as conclusões. 9.1 - Introdução O diagrama de fases de reservatórios de gás natural é uma importante ferramenta prática na engenharia do petróleo tanto em operações de recuperação de campos de gás natural em pressões elevadas quanto em certos processos de refinaria envolvendo componentes do gás natural sob elevadas condições de pressão. Diagramas de fases PressãoTemperatura (P-T) precisam ser calculados numa ampla faixa de pressões e temperaturas, incluindo a região crítica da mistura. Para determinar a curva na região crítica, é essencial o conhecimento das coordenadas de três pontos: o ponto crítico (ponto terminal das curvas de pontos de bolha e orvalho da mistura), o ponto “cricondembárico” (ponto de maior pressão no diagrama) e o ponto “cricondentérmico” (ponto de maior temperatura no diagrama). Estes são representados na Figura 9.1 pelos pontos C, D e E, respectivamente. O procedimento experimental para determiná-los é difícil e caro e, portanto, existe a motivação para desenvolver e aplicar modelos termodinâmicos capazes de predizer as condições de reservatórios com precisão. Capítulo 9 – Gás Natural175 Figura 9.1 – Diagrama de fases P-T para uma mistura. Devido aos avanços na tecnologia de sísmica e perfuração nos últimos anos, várias descobertas de reservatórios de óleo e gás em águas profundas têm sido feitas. Como resultado do crescimento da profundidade destes reservatórios, há algumas características diferentes em relação aos reservatórios de óleo e gás em campos tradicionais. Devido a essas profundidades, os chamados reservatórios hiperbáricos devem ter pressões acima de 100 MPa e temperaturas acima de 470 K (Floter et al., 1997). Além disso, os reservatórios são caracterizados por uma composição peculiar. Embora os fluidos desses reservatórios hiperbáricos tenham altas concentrações de metano, eles também contêm quantidade significativa de hidrocarbonetos pesados. Independentemente de problemas técnicos na exploração, o comportamento das fases destes fluidos provenientes de reservatórios hiperbáricos pode causar problemas durante a produção e processamento. A natureza Capítulo 9 – Gás Natural176 assimétrica destes fluidos leva a pressões de bolha e/ou de orvalho muito elevadas. Outro problema que pode ser encontrado é a precipitação de hidrocarbonetos pesados devido à diminuição da pressão ou temperatura. Do ponto de vista da produção de gás natural, o conhecimento da curva de pontos de orvalho é uma ferramenta fundamental para o controle da operação. Por se tratar de uma mistura multicomponente, seu comportamento de fases é, geralmente, complexo. Alguns dos principais componentes da misturas, tais como o metano e nitrogênio, estão sempre no estado supercrítico nas condições dos reservatórios. Então, o desenvolvimento de modelos confiáveis e precisos não é tarefa simples. Neste contexto, a utilização de equações de estado (EdE) torna-se peça chave para a modelagem das propriedades termodinâmicas. EdE cúbicas são amplamente utilizadas na indústria do petróleo para modelar comportamento de fases de sistemas complexos devido à sua simplicidade computacional aliada aos bons resultados obtidos com elas (Valderrama, 2003). O objetivo desta parte do trabalho é comparar a aplicabilidade de duas EdE na predição do comportamento de fases em reservatórios de gás natural. Dentre as várias EdE cúbicas existentes, a EdE de Peng-Robinson (PR) (Peng e Robinson, 1976) foi escolhida como representante das equações semi-empíricas. Das EdE baseadas em modelos moleculares da termodinamica estatística, a PC-SAFT (Gross e Sadowski, 2001) foi escolhida por ser uma das modificações mais recentes da bem-sucedida teoria SAFT (Chapman et al, 1990). Capítulo 9 – Gás Natural177 9.2 - Metodologia As condições de equilíbrio de fases são determinadas resolvendo as equações de igualdade de fugacidades para ambas as especificações de pontos de bolha e orvalho, a fim calcular o diagrama P-T das misturas de gás natural. Os pontos críticos da mistura são calculados utilizando o método de Hicks e Young modificado (Castier e Sandler, 1997a). Em todos os cálculos, os parâmetros de interação binária dos componentes da mistura foram admitidos iguais a zero ( k ij = 0 ) a fim de efetuar todos os estudos comparativos sem parâmetros correlacionados. Maiores detalhes sobre esta metodologia podem ser encontrados no Capítulo 3. 9.3 – Resultados e Discussões Para este estudo, foram selecionadas 19 misturas sintéticas representativas de reservatórios de gás natural (GNS). Elas foram escolhidas por terem todos os seus componentes discretizados, ou seja, sem agrupamentos de frações pesadas (C6+, por exemplo). Isso facilita a comparação das EdE porque elimina o efeito da técnica de caracterização das frações pesadas. Em suas respectivas referências originais, os GNS são formulados de tal forma que apresentem características do reservatório de gás natural real como, por exemplo, a massa molar média, densidade e composições similares. As Tabelas 9.1 e 9.2 apresentam as composições em base molar dos GNS utilizados neste trabalho. As Figuras 9.2 a 9.20 mostram as simulações dos diagramas de fases e sua comparação com os dados experimentais. Os parâmetros das equações de estado (EdE) para as substâncias puras utilizadas neste Capítulo são apresentadas no Apêndice II. Capítulo 9 – Gás Natural178 Tabela 9.1 – Composição (% molar) dos GNS. GNS1a GNS2b GNS3b GNS4c GNS5d 1,559 25,908 69,114 2,620 0,423 0,105 0,104 0,034 0,023 0,110 GNS6d 0,772 1,700 84,446 8,683 3,297 0,293 0,589 0,084 0,086 0,050 GNS7a GNS8a N2 CO2 C1 94,085 81,4 60,0 89,0 93,505 84,280 C2 4,468 7,0 2,972 10,067 C3 1,008 4,028 i-C4 4,0 1,050 0,597 n-C4 13,5 31,0 1,465 1,028 i-C5 1,4470 n-C5 n-C6 n-C7 n-C8 n-C10 0,051 9,0 a Morch et al. (2006); bUrlic et al. (2003); cBlanco et al. (2000); dJarne et al. (2004). GNS9a GNS10a 96,611 93,600 2,630 1,527 1,475 0,385 1,490 1,490 0,795 Tabela 9.2 – Composição (% molar) dos GNS. GNS11a 0,618 0,187 98,9430 0,082 0,065 0,050 GNS12a 0,313 0,202 90,4183 8,038 0,801 0,081 0,123 0,010 0,0079 0,0047 0,0011 GNS13a 2,80 0,20 96,6159 0,18 0,1029 0,0499 0,0095 0,0166 N2 CO2 C1 C2 C3 i-C4 n-C4 i-C5 0,017 n-C5 n-C6 0,032 0,0160 n-C7 0,0027 0,0054 n-C8 0,0033 0,0038 n-C10 a Ávila et al.(2002a); bÁvila et al.(2002b). GNS14a 6,90 0,51 88,1882 2,72 0,85 0,17 0,32 0,0850 0,0940 0,119 0,0258 0,0180 GNS15a 5,651 0,284 83,3482 7,526 2,009 0,305 0,520 0,120 0,144 0,068 0,0138 0,011 GNS16b GNS17b GNS18b GNS19b 0,67 89,9584 8,22 0,90 0,11 0,13 0,0084 0,0032 0,48 88,7634 8,54 1,68 0,22 0,29 0,0182 0,0084 0,862 86,4838 9,832 2,388 0,183 0,231 0,0139 0,0063 0,410 96,4654 2,510 0,213 0,184 0,197 0,0096 0,0100 0,0010 O diagrama de fases para o GNS1, Figura 9.2, apresenta boa concordância com os dados experimentais na curva de orvalho para ambas EdE em pressões baixas até o ponto cricondentérmico. A partir desse ponto, a discrepância em relação aos dados experimentais aumenta à medida que a pressão aumenta. Note que a EdE PC-SAFT possui uma melhor performance, em média, por toda a extensão dos dados experimentais. Como os dados experimentais não alcançam o ponto cricondembárico, torna-se difícil analisar o desempenho das EdE para este ponto bem como para o ponto crítico da mistura. Capítulo 9 – Gás Natural179 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 200 220 240 260 280 Temperatura (K) Figura 9.2 – Diagrama de Fases do GNS1. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. A Figura 9.3 mostra o diagrama de fases para o GNS2. Neste caso, percebe-se que a EdE PR apresenta melhores resultados quando comparados com os dados experimentais para a curva de pontos de bolha e orvalho. Note a elevada discrepância com relação ao ponto crítico experimental da mistura. O desvio relativo percentual (Equações 8.1 e 8.2) para a EdE PR é de 15,0% para temperatura crítica (Tc) e de 15,6% para a pressão crítica (Pc). Já a EdE PC-SAFT apresenta 9,9% para Tc e 22,1% para Pc. A Figura 9.4 apresenta o diagrama de fases para o gás GNS3. Para este caso, percebese que a EdE PC-SAFT tem um comportamento médio melhor que a EdE PR. Percebem-se, também, pequenos desvios para as coordenadas críticas da mistura. A EdE PR aponta desvios de 3,9% para Tc e 1,7% para Pc contra 0,5% para Tc e 4% para Pc da EdE PC-SAFT. Capítulo 9 – Gás Natural180 30 Pressão (MPa) 25 20 15 10 5 0 150 200 250 300 350 400 450 Temperatura (K) Figura 9.3 – Diagrama de Fases do GNS2. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson, ( ) PC-SAFT e (∆) Experimental. 20 Pressão (MPa) 15 10 5 0 150 200 250 300 350 400 450 500 Temperatura (K) Figura 9.4 – Diagrama de Fases do GNS3. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson, ( ) PC-SAFT e (∆) Experimental. Capítulo 9 – Gás Natural181 O diagrama de fases para a GNS4, Figura 9.5, apresenta o mesmo comportamento do diagrama apresentado na Figura 9.2, ou seja, boa concordância com os dados experimentais na curva de orvalho para ambas EdE em pressões baixas até o ponto cricondentérmico. A partir desse ponto, a discrepância em relação aos dados experimentais aumenta à medida que a pressão aumenta. Note, também, que a EdE PC-SAFT possui uma melhor performance, em média, por toda a extensão dos dados experimentais. Na Figura 9.6, ambas EdE simulam um comportamento de fases do gás GNS5 com elevada discrepância com os dados experimentais. Note que a EdE de PR apresenta uma discordância menor, mas ainda alta, que a EdE PC-SAFT. Nasrifar et al. (2005) mostraram que, para a EdE PR, o uso de parâmetros de interação binária melhora sensivelmente a predição deste reservatório. A mesma tendência pode ser observada na EdE PC-SAFT, segundo Martinez e Hall (2006). No gás GNS6 (Figura 9.7), ambas EdE simulam um comportamento de fases com boa concordância com os dados experimentais da curva de pontos de orvalho, incluindo os pontos cricondentérmico e cricondembárico. Na Figura 9.8, observa-se, para ambas EdE, boa concordância em baixas pressões no gás GNS7. Note que EdE PC-SAFT prevê o ponto cricondentérmico com mais precisão que a EdE PR como também é observado no GNS8 (Figura 9.9). Capítulo 9 – Gás Natural182 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 210 230 250 270 Temperatura (K) Figura 9.5 – Diagrama de Fases do GNS4. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 210 220 230 240 250 260 270 Temperatura (K) Figura 9.6 – Diagrama de Fases do GNS5. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Capítulo 9 – Gás Natural183 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 210 220 230 240 250 260 270 Temperatura (K) Figura 9.7 – Diagrama de Fases do GNS6. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 210 230 250 270 Temperatura (K) Figura 9.8 – Diagrama de Fases do GNS7. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Capítulo 9 – Gás Natural184 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 210 220 230 240 250 260 270 Temperatura (K) Figura 9.9 – Diagrama de Fases do GNS8. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Os gases GNS9, GNS10 e GNS11 (Figuras 9.10, 9.11 e 9.12) possuem comportamentos de fases muito semelhantes. Nestes, ambas as EdE conseguiram boa concordância com os dados experimentais em pontos de orvalho a baixas pressões até o ponto cricondentérmico. Note a elevada precisão da EdE PC-SAFT na predição do ponto cricondembárico na Figura 9.12. Mais uma vez a EdE PC-SAFT obteve, em média, menor discordância que a EdE PR para este grupo de reservatórios. Para o gás GNS12 (Figura 9.13) ambas EdE não conseguem bons resultados na predição do ponto cricondembárico, apesar da EdE PC-SAFT conseguir resultados satisfatórios na curva de pontos de orvalho até o ponto cricondentérmico. Já no GNS 13 (Figura 9.14), observa-se uma melhor concordância da EdE PC-SAFT por toda curva de pontos de orvalho. Capítulo 9 – Gás Natural185 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 210 230 250 270 Temperatura (K) Figura 9.10 – Diagrama de Fases do GNS9. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. 12 Pressão (MPa) 10 8 6 4 2 0 210 230 250 270 Temperatura (K) Figura 9.11 – Diagrama de Fases do GNS10. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Capítulo 9 – Gás Natural186 7 6 Pressão (MPa) 5 4 3 2 1 0 190 200 210 220 230 240 250 Temperatura (K) Figura 9.12 – Diagrama de Fases do GNS11. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. 8 Pressão (MPa) 6 4 2 0 200 205 210 215 220 225 230 Temperatura (K) Figura 9.13 – Diagrama de Fases do GNS12. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Capítulo 9 – Gás Natural187 7 6 Pressão (MPa) 5 4 3 2 1 0 190 200 210 220 230 240 250 Temperatura (K) Figura 9.14 – Diagrama de Fases do GNS13. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. O gás GNS14 (Figura 9.15) tem comportamento de fases similar ao GNS12 e também as ambas EdE não conseguem bons resultados na predição do ponto cricondembárico. Já no GNS 15 (Figura 9.16), observa-se uma melhor concordância da EdE PC-SAFT por toda a curva de pontos de orvalho, assim como no GNS 13. Os dados experimentais que caracterizam o gás GNS16 (Figura 9.17) apresentam uma característica peculiar. Note que os valores experimentais de pressão nos pontos cricondentérmico e cricondembárico são similares, o que torna a simulação ainda mais difícil para uma EdE sem parâmetros de interação ajustados a partir de dados experimentais de mistura. Neste caso, nenhuma das EdE conseguiu predizer estes pontos com precisão adequada. Capítulo 9 – Gás Natural188 12 Pressão (MPa) 10 8 6 4 2 0 190 210 230 250 270 Temperatura (K) Figura 9.15 – Diagrama de Fases do GNS14. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 210 230 250 270 Temperatura (K) Figura 9.16 – Diagrama de Fases do GNS15. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Capítulo 9 – Gás Natural189 8 Pressão (MPa) 6 4 2 0 200 205 210 215 220 225 230 Temperatura (K) Figura 9.17 – Diagrama de Fases do GNS16. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Os gases GNS17, GNS18 e GNS19 (Figuras 9.18, 9.19 e 9.20) possuem comportamentos de fases similares. Nestes reservatórios, a EdE PC-SAFT obteve melhor concordância, em média, com os dados experimentais. Capítulo 9 – Gás Natural190 8 Pressão (MPa) 6 4 2 0 180 190 200 210 220 230 240 Temperatura (K) Figura 9.18 – Diagrama de Fases do GNS17. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. 10 Pressão (MPa) 8 6 4 2 0 200 210 220 230 240 250 Temperatura (K) Figura 9.19 – Diagrama de Fases do GNS18. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. Capítulo 9 – Gás Natural191 7 6 Pressão (MPa) 5 4 3 2 1 0 180 190 200 210 220 Temperatura (K) Figura 9.20 – Diagrama de Fases do GNS19. Curvas: (–) Peng-Robinson, (--) PC-SAFT e (•) Experimental. Pontos críticos: ( ) Peng-Robinson e ( ) PC-SAFT. 9.4 – Conclusões Neste Capítulo a simulação de reservatórios de gás natural sintético (GNS) foi realizada com sucesso. A utilização de duas equações de estado (EdE), uma cúbica e uma não-cúbica, possibilitou uma boa uma análise do comportamento de fases destes reservatórios. Dos 19 GNS simulados, algumas conclusões foram obtidas: • A EdE PC-SAFT mostra-se superior à EdE Peng-Robinson na maioria dos casos; • Ambas EdE conseguem predizer os pontos de orvalho a baixas pressões até o ponto cricondentérmico com quase a mesma qualidade, embora a EdE PC-SAFT produza valores mais próximos dos dados experimentais; • O ponto cricondembárico foi subestimado pelas duas EdE na maioria dos casos; Capítulo 9 – Gás Natural192 • As curvas de pontos de bolha preditas pelas duas EdE são muito similares na maioria dos casos. Havia dados experimentais de pontos de bolha disponíveis apenas para as misturas GNS2 e GNS3 e a qualidade de predição dos dois modelos testados foi similar nesses casos. • O cálculo do ponto crítico dos reservatórios estudados serviu como ferramenta auxiliar na análise dos resultados. Capítulo 10 – Conclusões e Sugestões193 CAPÍTULO 10 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES Neste capítulo, apresentam-se, na seção 10.1, as conclusões finais e, na seção 10.2, as sugestões para trabalhos futuros. 10.1 – Conclusões Esta seção destina-se a relatar as conclusões finais, de natureza genérica, sobre o comportamento das fases em altas pressões. Nesta tese, procedimentos para o cálculo do equilíbrio de fases em alta pressão utilizando diferentes equações de estado foram desenvolvidos. Foram obtidos pontos críticos em misturas multicomponentes e análises de diagramas de fases em misturas assimétricas de interesse para a indústria do petróleo. Ademais, cálculos de equilíbrio e pontos críticos entre fases adsorvidas foram realizados com sucesso. A comparação dos resultados obtidos através dos programas desenvolvidos nesta tese com dados experimentais e simulações de outros autores parece indicar que as implementações realizadas estão corretas, tanto no caso do cálculo dos diagramas de fases quanto no cálculo dos pontos críticos. A análise do fenômeno da vaporização dupla, reportada no Capítulo 5, foi realizada com sucesso e mostrou que as regras de combinação clássicas para os parâmetros a e b de Capítulo 10 – Conclusões e Sugestões194 uma equação de estado cúbica fornecem os melhores resultados dentre as regras selecionadas para a equação de estado de Peng e Robinson (1976). Os cálculos do equilíbrio termodinâmico e de pontos críticos entre fases adsorvidas foram expostos no Capítulo 6 e 7, respectivamente. A equação de estado para adsorção, baseada num modelo de rede bidimensional proposto por Cabral et al. (2003), foi capaz de predizer diferentes tipos de diagramas de fases, análogos aos obtidos em fases volumares. Apesar da termodinâmica clássica não oferecer barreiras para a execução destes cálculos, ainda não há dados experimentais disponíveis na literatura que possibilitem confirmar as predições obtidas neste trabalho. No capítulo 8, equações de estado, cúbicas e de base molecular, foram testadas tanto na predição de diagramas de fases segundo a classificação de van Konynenburg e Scott (1980) quanto na predição das coordenadas críticas de misturas multicomponentes. Os sistemas escolhidos foram misturas binárias de hidrocarbonetos (séries homólogas) e misturas multicomponentes também formadas principalmente por hidrocarbonetos. Dentre as equações de estado analisadas, a equação de Peng-Robinson foi a que obteve o melhor desempenho geral entre as misturas selecionadas e a equação SAFT (Huang e Radosz, 1991) foi a que obteve os maiores desvios em relação aos dados experimentais. A análise do comportamento de fases em misturas que caracterizam reservatórios de gás natural foi realizada com sucesso e reportada no Capítulo 9. Fez-se um estudo comparativo do desempenho de duas equações de estado, Peng-Robinson e PC-SAFT (Gross e Sadowski, 2001), no cálculo de diagramas de fases incluindo a região crítica. Concluiu-se que a PC-SAFT obteve um desempenho melhor do que a de EdE de Peng-Robinson em quase Capítulo 10 – Conclusões e Sugestões195 todas as misturas analisadas. Note-se que não foram utilizados parâmetros de interação binária para estas misturas com a finalidade de comparar o poder preditivo dos modelos. Uma comparação baseada no uso de valores ajustados dos parâmetros de interação binária não foi realizada. O estudo realizado neste trabalho (principalmente os Capítulos 8 e 9) mostra a dificuldade de encontrar uma equação de estado que consiga gerar predições satisfatórias tanto para uma ampla faixa de misturas de hidrocarbonetos e suas respectivas composições quanto para uma ampla faixa de pressão e temperatura de cada sistema. Mudando a composição da mistura ou a condição de trabalho (temperatura e pressão, por exemplo) uma equação de estado que estava funcionando bem, pode passar a apresentar grandes desvios ou vice-versa. Portanto, apesar dos avanços teóricos importantes que levaram a modelos como SAFT e suas variantes, a modelagem do comportamento de misturas complexas de hidrocarbonetos ainda permanece como um problema desafiante, ainda que bastante estudado. Um dos benefícios deste trabalho está na capacidade, com os programas desenvolvidos, de testar diferentes equações de estado na predição de comportamento de fases e de fenômenos críticos em misturas. 10.2 – Sugestões Nesta seção, apresentam-se as sugestões para trabalhos futuros. Muitas destas podem ser aplicações diretas das metodologias aplicadas no presente trabalho. O estudo do comportamento retrógrado reportado no Capítulo 5 poderia ser estendido utilizando outras EdE e/ou outras regras de misturas como a de Wong e Sandler. Isto Capítulo 10 – Conclusões e Sugestões196 possibilitaria analisar a fenômeno da vaporização retrógrada dupla em misturas polares, por exemplo. O cálculo de diagramas de fases adsorvidas poderia ser estendido utilizando outros modelos para o cálculo de equilíbrio de adsorção. Uma sugestão seria o estudo do modelo de adsorção de moléculas poliatômicas desenvolvido por Nitta et al. (1984) a fim de investigar quais os tipos de diagramas de fases este modelo consegue predizer. O estudo dos pontos críticos reportados no Capítulo 8 poderia ser estendido para outras misturas de interesse na indústria do petróleo, como, por exemplo, misturas de dióxido de carbono+n-alcanos, nitrogênio+n-alcanos e água+n-alcanos. Sabe-se, da literatura, que estes sistemas apresentam transições de fases e azeótropos à medida que se aumenta a cadeia de carbonos. Com o avanço da tecnologia em exploração e produção de petróleo, tornou-se possível perfurar poços em águas profundas, onde altas temperaturas e altas pressões são encontradas. Perfurando reservatórios nestas condições, podem surgir problemas que não são conhecidos em reservatórios convencionais. Um dos problemas pode ser o efeito de Joule-Thompson. O cálculo deste efeito usando diferentes equações de estado em reservatórios de petróleo pode gerar resultados interessantes. Outra sugestão seria a implementação da localização direta dos pontos tricríticos para testar o desempenho de diferentes EdE em cálculos de pontos críticos de ordem superior. Referências197 REFERÊNCIAS ABU-EISHAH, S. I. Prediction of critical properties of mixtures from the PRSV-2 equation of state: A correction for predicted critical volumes. International Journal of Thermophysics, v. 20, p. 1557-1574, 1999. AICARDI, F.; VALENTIN, P.; FERRAND, E. On the classification of generic phenomena in one-parameter families of thermodynamic binary mixtures. Physical Chemistry Chemical Physics, v. 4, p. 884-895, 2002. ALDER, B. J.; YOUNG, D. A.; MARK, M. A., Studies in molecular dynamics. 10. Corrections to augmented van der Waals theory for square-well fluid. Journal of Chemical Physics, v. 56, p. 3013, 1972. ALFRADIQUE, M. F.; ESPOSITO, R. O.; CASTIER, M. Automatic generation of procedures for the simulation of multistage separators using computer algebra. 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Equações de estado utilizadas: • A clássica EdE de Peng-Robinson (PR)(Peng e Robinson, 1976) • A EdE de Peng – Robinson com os parâmetros estimados (PR-f) baseados no ajuste de dados de pressão de vapor e volume de líquido saturado dos componentes puros. (Voutsas et al., 2006) • A EdE SAFT original (Huang e Radosz, 1991) • A EdE PC-SAFT original (Gross e Sadowski, 2001) • A EdE com os PC-SAFT parâmetros re-estimados (PC-SAFT-f) para acertar os componentes puros da mistura (Cismondi et al, 2005). Apêndice I 222 A.1 – Etano + n-alcanos 65 400 380 Temperatura (K) Pressão (bar) 60 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 55 50 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 45 360 340 320 40 300 300 320 340 360 380 400 0.0 0.2 Temperatura (K) 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do etano Figura A.1 – Diagramas de fases para a mistura etano+propano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 75 460 70 440 420 Temperatura (K) 65 Pressão (bar) Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 60 55 50 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 45 40 400 380 360 340 320 300 35 280 300 315 330 345 360 375 390 405 Temperatura (K) 420 435 450 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do etano Figura A.2 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-butano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 85 Apêndice I 223 0.8 1.0 500 80 75 450 Temperatura (K) Pressão (bar) 70 65 60 55 50 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 45 40 35 400 350 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 300 30 250 300 350 400 450 500 0.0 0.2 Temperatura (K) 0.4 0.6 Fração molar do etano Figura A.3 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-pentano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 550 95 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 80 65 50 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 35 450 400 350 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 300 250 20 300 350 400 450 Temperatura (K) 500 550 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do etano Figura A.4 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice I 110 224 600 550 95 Temperatura (K) 500 Pressão (bar) 80 65 50 400 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 350 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 35 450 300 20 250 300 370 440 510 580 0.0 0.2 Temperatura (K) 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do etano Figura A.5 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 120 650 600 100 Temperatura (K) Pressão (bar) 550 80 60 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 40 500 450 400 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 350 300 20 250 300 350 400 450 500 Temperatura (K) 550 600 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do etano Figura A.6 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-octano. Dados experimentais: Singh et al. (2000). Apêndice I 225 650 125 600 110 550 Temperatura (K) Pressão (bar) 95 80 65 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 50 35 500 450 400 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 350 300 250 20 300 340 380 420 460 500 540 580 0.0 620 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do etano Temperatura (K) Figura A.7 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-nonano. Dados experimentais: Singh et al. (2000). 140 700 120 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 100 80 60 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 40 500 400 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 300 20 200 300 370 440 510 Temperatura (K) 580 650 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do etano Figura A.8 – Diagramas de fases para a mistura etano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice I 226 A.2 – Propano + n-alcanos 55 460 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 440 Temperatura (K) Pressão (bar) 50 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 45 420 400 40 380 35 360 350 370 390 410 430 450 0.0 Temperatura (K) 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do propano Figura A.9 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-butano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 60 500 480 55 Temperatura (K) 460 Pressão (bar) 50 45 40 420 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 400 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 35 440 380 30 360 350 380 410 440 Temperatura (K) 470 500 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do propano Figura A.10 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-pentano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice I 227 0.8 1.0 540 65 520 60 500 Temperatura (K) Pressão (bar) 55 50 45 40 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 35 30 480 460 440 420 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 400 380 360 25 350 400 450 500 0.0 550 0.2 0.4 0.6 Fração molar do propano Temperatura (K) Figura A.11 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 70 600 Temperatura (K) 550 Pressão (bar) 55 40 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 500 450 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 400 25 350 350 395 440 485 Temperatura (K) 530 575 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do propano Figura A.12 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 80 Apêndice I 228 0.8 1.0 650 600 Temperatura (K) Pressão (bar) 65 50 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 35 550 500 450 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 400 20 350 350 400 450 500 550 600 0.0 Temperatura (K) 0.2 0.4 0.6 Fração molar do propano Figura A.13 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 90 700 650 75 Temperatura (K) Pressão (bar) 600 60 45 500 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 450 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 30 550 400 15 350 350 400 450 500 550 Temperatura (K) 600 650 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do propano Figura A.14 – Diagramas de fases para a mistura propano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice I 229 0.8 1.0 A.3 – n-Butano + n-alcanos 50 500 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 480 Temperatura (K) Pressão (bar) 45 490 40 35 470 460 450 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 440 430 30 420 410 440 470 500 0.0 Temperatura (K) 0.2 0.4 0.6 Fração molar do n-butano Figura A.15 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-pentano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 50 540 520 45 Temperatura (K) Pressão (bar) 500 40 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 35 480 460 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 440 420 30 400 420 450 480 Temperatura (K) 510 540 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do n-butano Figura A.16 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 50 Apêndice I 230 0.8 1.0 580 560 45 Temperatura (K) Pressão (bar) 540 40 35 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 30 500 480 460 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 440 420 25 420 520 450 480 510 540 400 570 0.0 Temperatura (K) 0.2 0.4 0.6 Fração molar do n-butano Figura A.17 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 620 55 600 50 580 560 Temperatura (K) Pressão (bar) 45 40 35 30 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 25 540 520 500 480 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 460 440 420 400 20 420 450 480 510 540 Temperatura (K) 570 600 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do n-butano Figura A.18 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice I 231 0.8 1.0 700 60 55 650 Temperatura (K) Pressão (bar) 50 45 40 35 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 30 25 600 550 500 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 450 400 20 420 465 510 555 600 0.0 645 0.2 0.4 0.6 Fração molar do n-butano Temperatura (K) Figura A.19 – Diagramas de fases para a mistura n-butano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). A.4 – n-Pentano + n-alcanos 540 45 530 520 Temperatura (K) Pressão (bar) 40 35 510 500 490 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 480 30 PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 470 460 25 465 480 495 510 Temperatura (K) 525 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do n-pentano Figura A.20 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-hexano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice I 232 0.8 1.0 580 45 560 Temperatura (K) Pressão (bar) 40 35 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 30 540 520 500 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 480 460 25 460 495 530 0.0 565 0.2 0.4 0.6 Fração molar do n-pentano Temperatura (K) Figura A.21 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 600 45 580 40 Temperatura (K) Pressão (bar) 560 35 30 540 520 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 500 PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 25 480 460 20 460 505 550 Temperatura (K) 595 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do n-pentano Figura A.22 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 45 Apêndice I 233 0.8 1.0 640 620 40 Temperatura (K) Pressão (bar) 600 35 30 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 25 580 560 540 520 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 500 480 20 460 460 500 540 580 620 0.0 Temperatura (K) 0.2 0.4 0.6 Fração molar do n-pentano Figura A.23 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-nonano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 50 660 640 45 620 Temperatura (K) 600 Pressão (bar) 40 35 30 560 540 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 520 PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 25 580 500 480 20 460 465 495 525 555 585 Temperatura (K) 615 645 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do n-pentano Figura A.24 – Diagramas de fases para a mistura n-pentano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice I 234 0.8 1.0 A.5 – n-Hexano + n-alcanos 40 570 560 550 Pressão (bar) Temperatura (K) 35 30 540 530 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 520 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 510 25 500 505 515 525 535 545 555 565 0.0 Temperatura (K) 0.2 0.4 0.6 Fração molar do n-hexano Figura A.25 – Diagramas de fases para a mistura n-hexano+n-heptano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 600 40 580 Temperatura (K) Pressão (bar) 35 30 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 25 560 540 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 520 500 20 500 520 540 560 Temperatura (K) 580 600 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do n-hexano Figura A.26 – Diagramas de fases para a mistura n-hexano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). 40 Apêndice I 235 0.8 1.0 660 640 620 Temperatura (K) Pressão (bar) 35 30 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 25 600 580 560 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 540 520 20 500 500 530 560 590 620 650 0.0 Temperatura (K) 0.2 0.4 0.6 Fração molar do n-hexano Figura A.27 – Diagramas de fases para a mistura n-hexano+n-decano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). A.6 – n-Heptano + n-octano 600 35 590 Temperatura (K) 580 Pressão (bar) 30 25 570 560 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 550 Exp. PC-SAFT SAFT PR PR-f PC-SAFT-f 540 530 20 535 555 575 Temperatura (K) 595 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 Fração molar do n-heptano Figura A.28 – Diagramas de fases para a mistura n-heptano+n-octano. Dados experimentais: Hicks e Young (1975). Apêndice II 236 APÊNDICE II – PARÂMETROS DAS EQUAÇÕES DE ESTADO Neste apêndice são apresentados os parâmetros das equações de estado (EdE) para as substâncias puras utilizadas neste trabalho que compõem os exemplos dos Capítulos 8 e 9. EdE utilizadas: • A clássica EdE de Peng-Robinson (PR) (Peng e Robinson, 1976) • A EdE de Peng – Robinson com os parâmetros estimados (PR-f) baseados no ajuste de dados de pressão de vapor e volume de líquido saturado dos componentes puros, (Voutsas et al,, 2006) • A EdE SAFT original (Huang e Radosz, 1991) • A EdE PC-SAFT original (Gross e Sadowski, 2001) • A EdE com os PC-SAFT parâmetros re-estimados (PC-SAFT-f) para acertar os componentes puros da mistura (Cismondi et al, 2005), Apêndice II Tabela A.II.1 – Parâmetros utilizados na EdE PR (Poling et al., 2000). Componente Metano Etano Propano n-Butano n-Pentano n-Hexano n-Heptano n-Octano n-Nonano n-Decano Dióxido de carbono Nitrogênio Tc (K) 190,56 305,32 369,83 425,12 469,70 507,60 540,20 568,70 594,60 617,70 304,12 126,20 Pc (Bar) 45,99 48,72 42,48 37,96 33,70 30,25 27,40 24,90 22,90 21,10 73,74 33,98 ω 0,011 0,099 0,152 0,200 0,252 0,300 0,350 0,399 0,445 0,490 0,225 0,037 Tabela A.II.2 – Parâmetros utilizados na EdE PR-f (Voutsas et al., 2006). Componente Metano Etano Propano n-Butano n-Pentano* n-Hexano n-Heptano n-Octano* n-Nonano* n-Decano Dióxido de carbono* Nitrogênio* *Voutsas (2006) Tc (K) 190,80 306,10 371,00 425,40 470,95 508,20 542,50 570,48 596,95 624,50 305,92 124,34 Pc (Bar) 45,800 48,700 42,500 38,100 33,904 31,100 28,700 25,718 23,948 22,900 75,280 31,080 ω 0,0092 0,0937 0,1524 0,2106 0,2541 0,3244 0,3745 0,4031 0,4500 0,4865 0,2027 0,0547 237 Apêndice II Tabela A.II.3 – Parâmetros utilizados na EdE PC-SAFT (Gross e Sadowski, 2001). Componente Metano Etano Propano n-Butano n-Pentano n-Hexano n-Heptano n-Octano n-Nonano n-Decano Dióxido de carbono Nitrogênio m 1,0000 1,6069 2,0020 2,3316 2,6896 3,0576 3,4831 3,8176 4,2079 4,6627 2,0729 1,2053 σ (A) 3,7039 3,5206 3,6184 3,7086 3,7729 3,7983 3,8049 3,8373 3,8448 3,8384 2,7852 3,3130 ε/κ (K) 150,03 191,42 208,11 222,88 231,20 236,77 238,40 242,78 244,51 243,87 169,21 90,96 Tabela A.II.4 – Parâmetros utilizados na EdE PC-SAFT-f (Cismondi et al., 2005). Componente Metano Etano Propano n-Butano n-Pentano n-Hexano n-Heptano n-Octano n-Nonano n-Decano Dióxido de carbono Nitrogênio m 1,0526 1,7460 2,1561 2,5139 2,9124 3,2820 3,6792 4,0381 4,4277 4,8278 2,7074 1,2750 σ (A) 3,6395 3,4739 3,6068 3,7204 3,7998 3,8686 3,9186 3,9694 4,0006 4,0221 2,5980 3,2585 ε/κ (K) 145,8900 181,3600 197,8600 211,4900 218,7000 224,7000 228,1800 232,0200 234,2255 236,0198 146,2700 87,9635 Tabela A.II.5 – Parâmetros utilizados na EdE SAFT (Huang e Radosz, 1990). Componente Metano Etano Propano n-Butano n-Pentano n-Hexano n-Heptano n-Octano n-Nonano n-Decano Dióxido de carbono Nitrogênio m 1,000 1,941 2,696 3,458 4,091 4,724 5,391 6,045 6,883 7,527 1,417 1,000 v∞ (mL/mol) 21,576 14,460 13,457 12,599 12,533 12,475 12,282 12,234 12,240 11,723 13,578 19,457 u0/κ (K) 190,29 191,44 193,03 195,11 200,02 202,72 204,61 206,03 203,56 205,46 216,08 123,53 238