Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais – Perturbações do Espectro do Autismo Vila Real, Maio de 2005 1 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ “ Para a maioria das pessoas, a tecnologia torna a vida mais fácil; para a pessoa deficiente, a tecnologia torna as coisas possíveis”. Retirado de SANCHES (1991, p.121 ) 2 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA A E,B 1 de Vila Real nº7 tem 111 alunos matriculados, sendo 8 alunos com N.E.E., distribuídos por 6 turmas, a escola funciona em regime normal. Os alunos com N.E.E. são apoiados por 3 professores especializados. Trabalho efectuado por: Maria do Carmo Guedes Martins Quinteira Professora do Q.Z.P. Especializada em Educação Especial. Colocada na E,B 1 Vila Real nº 7, em funções de Apoio Educativo. Filomena Alice de Jesus Morais Ribeiro, Professora do Q.E.. Licenciada em 1º Ciclo do Ensino Básico. INDICE 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4 2. PAPEL DAS T.I.C. ..................................................................................................... 6 3. EQUIPAMENTOS / JOGOS EDUCATIVOS ......................................................... 9 4. DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ................................................................. 11 3 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 5. DESCRIÇÃO DO SOFTWARE ............................................................................. 12 6. PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO AUTISMO.................................................. 13 6.1.O QUE É O AUTISMO? ....................................................................................... 13 6.2. O QUE CAUSA O AUTISMO? ........................................................................... 14 6.3. QUAIS SÃO OS SINAIS CARACTERÍSTICOS DO AUTISMO?................. 14 6.4. COMO SE DIAGNOSTICA O AUTISMO? ...................................................... 16 6.5. O QUE PODE FAZER PARA MELHORAR A SUA SITUAÇÃO?................ 16 7. MODELOS DE INTERVENÇÃO .......................................................................... 18 7. 1. ESTIMULAR A CRIANÇA AUTISTA ............................................................. 20 8. CASO EM ESTUDO ............................................................................................... 22 8.1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO........................................................................... 22 8.2. CARACTERIZAÇÃO DO ALUNO .................................................................... 22 8.3. CARACTERIZAÇÃO EDUCATIVA ................................................................. 23 8.4. CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS................................................................ 24 8.5. PROGRAMA EDUCATIVO................................................................................ 24 9. CONCLUSÃO........................................................................................................... 25 10. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 26 1. INTRODUÇÃO Face à emergência do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (T.I.C.) no processo educativo de crianças com e sem Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) debruçamo-nos sobre “Tecnologias de Informação e Comunicação e 4 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo”, no sentido de partilhar com outros profissionais, hardware e software que se pode utilizar na prática educativa. As T.I.C. têm um papel facilitador no ensino aprendizagem. É preocupação de todos os profissionais de educação que todas as crianças possam “viver uma escola inclusiva”. A escola inclusiva só é para todos se a todos der resposta e as T.I.C. são a grande alternativa à aquisição de competências por parte das crianças com N.E.E.. O presente estudo tem como base as Perturbações do Espectro do Autismo e o uso das T.I.C.. As crianças portadoras desta perturbação embora apresentem dificuldades de se relacionarem e se comunicarem demonstram ter uma boa memória e capacidade de compreender procedimentos lógicos simples. Assim as T.I.C são um excelente recurso para desenvolver a capacidade de expressão, de criação e de aprendizagem de crianças autistas. 5 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 2. PAPEL DAS T.I.C. Assistimos hoje a uma integração da Tecnologia com os antigos métodos de ensino. Os professores recorrem cada vez mais ao PC para apresentar as materiais de forma aliciante e diferente. De mãos dadas com outros recursos as T.I.C. são um valioso contributo no processo ensino-aprendizagem de crianças com N.E.E.. O uso das T.I.C. na sala de aula traz possibilidades novas ao professor que pretende implementar novas estratégias de ensino. Segundo BELCHIOR et all (1993, p.13) “A utilização do computador não deve estar dissociada do currículo que o professor pretende implementar. Para se tirar o máximo partido do uso dos computadores é importante que as actividades feitas com o apoio deste sejam um complemento das actividades educativas gerais.” Deve aceitar-se este desafio e estar preparado para enfrentar o futuro da Educação. É necessário explorar as possibilidades que ele nos oferece, executar alguns programas , utilizar outros já existentes, reconhecer o software e identificar o que pode ser aplicado e qual a melhor forma de o fazer. O educador/professor está actualmente perante novos desafios e a auto formarse. Tal como nos diz RAIBLE ( 1996, p.42) “ Talvez nunca sejamos capazes de perceber completamente as novas auto-estradas da informação. Mas atenção: os nossos filhos são.” Os alunos também participam no processo de ensino-aprendizagem e em parceria com os educadores/professores , todos aprendem fazendo, que é o que acontece quando se trabalha com um computador. As crianças aprendem a trabalhar com muita facilidade com o computador devido à sua “plasticidade mental”. “... enquanto auxiliar de ensino poderá proporcionar simulações de actividades que de outro modo o aluno nunca teria oportunidade de experimentar.” segundo SPRINTHALL & SPRINTHALL (1993, p.272). As crianças estabelecem os primeiros contactos com os computadores através de jogos que funcionam como que uma ligação íntima com a máquina, oferecendo-lhe o 6 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ prazer de brincar, cativando-a, advertindo-a ao mesmo tempo que aprende a mexer e também a adquirir conceitos e regras , sem dar por isso. Em contraste com o ensino tradicional o ensino auxiliado pelas T.I.C. é potencialmente capaz de uma considerável adaptação, a cada aluno individualmente. Não é alternativa ao ensino humano dentro da sala de aula, é o professor quem orienta , coordena as actividades a desenvolver, como faz em relação a todos os outros materiais ao seu dispor. Tal como nos refere BELCHIOR et all (1993, p.16) a utilização do computador na escola deverá desenvolver as seguintes capacidades: “Comunicar ideias e informações de formas variadas; Aprender, armazenar, aceder, modificar e interpretar informação; Avaliar criticamente o conteúdo e a apresentação da informação proveniente de várias fontes; Efectuar investigações matemáticas e explorar representações no computador de situações imaginárias ou reais; (...) Incentivar uma aprendizagem pluridisciplinar assente em projectos de trabalho concreto; “Aprender a aprender” e a realizar progressivamente, actividades de investigação.” O computador é aquilo que nós quisermos ; pode ser quadro, caderno, manual, livro, Enciclopédia, dicionário, lápis, borracha, caixa de cores, um meio alternativo de comunicação,... “ Ler, escrever e contar, os três pilares das aprendizagens fundamentais , muito cedo mobilizaram a imaginação dos professores e conceptores de programas informáticas” tal como refere POUTS-LAJUS & RICHÉ (1999, p.86), nascendo daí programas especializados. Qualquer área pode beneficiar do uso das T.I.C. usando programas específicos ou as ferramentas mais genéricas tais como o processamento de texto, a folha de cálculo, correio electrónico, entre outros. Torna-se assim mais fácil veicular a teoria à prática. O vertiginoso desenvolvimento das T.I.C. abriu aos cidadãos possibilidades , até ao momento nunca sonhadas, de ver aumentados os seus níveis de conhecimento e a sua qualidade de vida. 7 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ Tal como refere RODRIGUES et all (1991, p. 112) “...o computador tende a ser entendido como a voz, o ouvido, o movimento que a deficiência subtraiu. O “ Admirável Mundo Novo” da informática está cheio de fantásticas promessas”. 8 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 3. EQUIPAMENTOS / JOGOS EDUCATIVOS As novas tecnologias deram origem ao aparecimento de equipamentos específicos para as pessoas com N.E.E.. É o que tem vindo a acontecer, e com o apoio de todos os Técnicos de Reabilitação, pretende-se desenvolver produtos e serviços que possam dar resposta semelhantes a diferentes necessidades dos utilizadores. O desenvolvimento desta área poderá originar o aparecimento de novas facilidades que ajudem na integração desta população. Devem continuar a ser desenvolvidos esforços no sentido da produção de novos equipamentos destinados à melhoria de sistemas de reabilitação e de ajudas técnicas. O sistema educativo é determinado pelo sistema social. É a sociedade que estimula ou censura a escola, pois é nesta que se reflectem a sua riqueza e a sua miséria . A escola tem o dever de combater estas desigualdades, ou seja, tornar mais curta e, até onde for possível, a distância que separa os alunos. Todos eles têm direito à educação, tal como nos refere a Declaração de Salamanca que reuniu de sete a dez de Junho de 1994, sendo seu principal objectivo proclamar a educação para “Todos”. Então é fundamental explorar cada vez mais, o mundo das T.I.C. para benefício de todos, em especial das crianças com N.E.E.. Tal como afirma SOUSA & ROCHA (1996, p.44) “o computador é uma ferramenta extraordinária, que promove o desenvolvimento das capacidades várias, como a coordenação visuo e audiomotora, a memória visual e o desenvolvimento do raciocínio lógico”. As T.I.C. são um grande apoio para a plena autonomia das pessoas portadoras de deficiência, quer no que diz respeito à comunicação, quer no desempenho de inúmeras tarefas. A utilização de software dá ao professor a possibilidade de criar aulas mais atractivas e as crianças adquirirem e consolidarem melhor os seus conhecimentos. O software educativo continua a ser usado nas nossas escolas, especialmente com alunos com N.E.E., de forma a adquirir noções “de saber-fazer, de repetição, de treino e de memorização” segundo POUT-LAJUS & RICHÈ-MAGNIER (1999, p.97). Este software permite vários níveis de dificuldade e dá oportunidade de escolha das várias adaptações, rato, manípulo, écran táctil e do teclado adaptado. 9 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ A atitude da criança face a um programa educativo verifica-se logo pela maior motivação em aprender, pela animação, pela boa compreensão das tarefas pedidas, pelo interesse em todas as fases do programa, pelo som, cores, imagens animadas,... Os jogos educativos são um recurso didáctico que temos de utilizar . 10 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 4. DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS São vastos os dispositivos e meios facilitadores da comunicação e do desenvolvimento. Assim podemos encontrar, entre outros, equipamentos como: • Roamer; • Teclado de conceitos. • CheapTalk; • LightWriter; • AlphaTalker; 11 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 5. DESCRIÇÃO DO SOFTWARE Os jogos podem ser utilizados na sala de aula como um prolongamento da prática habitual. Cada jogo tem um objectivo educativo concreto, mas simultaneamente lúdico. Da variedade de jogos educativos existente, seleccionámos alguns que utilizamos regularmente: • Passo a Passo • Abrakadabra • Jogos do Ursinho • Continuar a Aprender Através de Jogos • 102 Desafios • A Cabana do Papim • 101 Desafios • Baú dos Brinquedos • Aprender com os Números 12 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 6. PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO AUTISMO 6.1.O QUE É O AUTISMO? Filmes como “Rainman” fizeram muito para que o autismo fosse conhecido pelo grande público. O autismo está, de facto, no centro de um continuum de perturbações que partilham todas de características comuns mas que se manifestam de maneira muito diferente a nível individual. O autismo é uma deficiência grave que afecta a comunicação e a interacção com as outras pessoas mas também com o mundo. De acordo com MARQUES (2000, p.25) “ O termo autismo (…) pode ser definido como uma condição ou estado de alguém que aparenta estar invulgarmente absorvido em si próprio.”. O grau de autismo varia segundo um eixo que vai de severo a ligeiro, se bem que o efeito seja sempre grave. Uma pessoa pode ter autismo severo com graves dificuldades de aprendizagem e ser assim extremamente deficiente ou ter autismo ligeiro e inteligência normal ou elevada. A maioria das pessoas com autismo tem dificuldades de aprendizagem. O desenvolvimento da linguagem é muito variável no autismo. Certas pessoas têm linguagem desenvolvida tendo contudo limites de compreensão e dificuldades de linguagem, enquanto grande parte daquelas que têm autismo típico não falam. A hipersensibilidade aos barulhos, à luz e ao tacto, ao cheiro tal como uma fraca reacção à dor são muito frequentes. Lorna Wing (psiquiatra inglesa) após vários estudos, concluiu existir um traço distintivo do autismo isto é uma “Tríade de Impedimentos Sociais “ que se caracteriza por défices na interacção social, na comunicação e na imaginação, que variam ao longo do tempo tanto no seu grau de severidade, quanto na sua forma. Ao conjunto destes três sintomas deu-se o nome de Lorna Wing Tríade. Tal como refere JORDAN (2000, p.12) “ É esta tríade que define o que é comum a todas elas, consistindo em dificuldades em três áreas do desenvolvimento mas nenhuma dessas áreas, isoladamente e por si só, se pode assumir como reveladora de “autismo”. É a tríade, no seu conjunto, que indica se a criança estará, ou não, a seguir um padrão de desenvolvimento anómalo e, no caso de se registar uma deficiência numa das áreas a penas, ela poderá radicar numa causa completamente diferente.” 13 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ Deste modo para se classificar e definir o autismo Lorna Wing introduziu o conceito “Espectro do Autismo”, abrangendo todos aqueles que estão diagnosticados com autismo. A denominação “Espectro do Autismo” inclui: • Autismo clássico ou síndroma de Kanner • Síndroma de Asperger • Perturbação Desintegrativa da Infância • Autismo atípico • Traços autistas 6.2. O QUE CAUSA O AUTISMO? Ainda que as causas frequentes do Autismo não sejam inteiramente conhecidas, sabemos que se trata de uma deficiência de origem biológica que afecta o desenvolvimento do cérebro, de acordo com MARQUES (2000, p.59) “(…) o autismo resulta de uma perturbação de determinadas áreas do sistema nervoso central, que afectam a linguagem, o desenvolvimento cognitivo e intelectual e a capacidade de estabelecer relações.” Não é possível diagnosticar o autismo à nascença porque os comportamentos característicos não aparecem antes dos 18 a 36 meses de vida. Tendo como base NIELSEN (1999, p.39) “Durante os primeiros meses de vida, uma criança autista parece ser perfeitamente normal”, depois, entre os 18 meses e os 3 anos, a criança parece retrair-se e perder competências. Hoje sabemos que os pais não são responsáveis pelo autismo, mas sem, pelo contrário, são o maior recurso da criança. 6.3. QUAIS SÃO OS SINAIS CARACTERÍSTICOS DO AUTISMO? Não existe uma característica que por si só possa determinar o autismo mas sim um conjunto de dificuldades nos três domínios que caracterizam o autismo. Os problemas de interacção social: são as características mais evidentes do autismo. Acontece que as crianças autistas não respondem quando as chamam pelo 14 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ nome e evitam muitas vezes o contacto ocular. Têm dificuldade em compreender as pessoas, os gestos, o tom de voz ou a expressão facial e emoções. Parecem inconscientes dos sentimentos dos outros nem do impacto negativo dos seus comportamentos nos outros. Certas pessoas com autismo têm, por vezes, tendência à agressividade sobretudo quando estão num ambiente estranho ou perturbador, ou quando estão zangadas, frustradas ou sob o efeito da sua hipersensibilidade aos estímulos. Os problemas de comunicação: mais de metade das pessoas com autismo não falarão durante toda a sua vida. As que falam começam a falar tardiamente e referem-se a si próprias utilizando o seu nome em vez de utilizarem o “eu”. Utilizam a linguagem de maneira pouco comum. Algumas usam apenas uma palavra, outras repetem a mesma frase em qualquer situação. Podem falar de uma forma cantada e monocórdica a propósito de um número restrito dos seus temas favoritos, sem se preocuparem com o interesse da pessoa com quem falam. Independentemente da sua capacidade de falar, todas as pessoas com autismo têm problemas em compreender o sentido da comunicação. Problemas de comportamento: Ainda que as pessoas com autismo tenham a maior parte das vezes aparência física normal e bom controlo muscular, grande parte delas tem movimentos bizarros e repetitivos tais como balançar-se, tocar nos cabelos, ou comportamentos auto-agressivos tais como morder-se ou bater com a cabeça. Estes comportamentos derivam muitas vezes das suas dificuldades de comunicação ou de problemas em compreender o significado social dos comportamentos ou resultam ainda de uma sensibilidade exagerada a certos estímulos sentidos como penosos. A sensibilidade fora de comum ao tacto pode contribuir para a resistência às carícias. Certas pessoas com autismo tendem a repetir as mesmas actividades sem parar. Uma pequena mudança na rotina pode ser particularmente perturbadora. As crianças com autismo raramente brincam ao “faz de conta” ou seja têm dificuldade no jogo imaginativo ou no jogo simbólico. 15 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 6.4. COMO SE DIAGNOSTICA O AUTISMO? Como o autismo varia tanto relativamente aos sintomas com à gravidade, pode ser reconhecido. Não há um teste único que possa ser aplicado para se efectuar o diagnóstico. O continuum do autismo será melhor diagnosticado por uma equipa multidisciplinar de profissionais que utilizem instrumentos validados. Contudo, a detecção e o reconhecimento precoces são da maior importância porque a intervenção pode trazer uma grande diferença à qualidade de vida. O nível de funcionamento intelectual das pessoas com autismo é difícil de avaliar por causa dos défices a nível social e de linguagem que interferem com a avaliação. A maioria funciona de facto a nível de dificuldades de aprendizagem fracas ou moderadas. Uma minoria impressionante conhecida como “sábios” mostra competências extraordinárias, muito acima das competências ordinárias nos domínios da matemática, música, desenho e memória. O termo Síndroma de Asperger é muitas vezes utilizado para descrever as pessoas com comportamento autista mas com bom desenvolvimento da linguagem. 6.5. O QUE PODE FAZER PARA MELHORAR A SUA SITUAÇÃO? Se bem que não haja cura para o autismo, muito pode ser feito parta apoiar o seu desenvolvimento e melhorar a vida diária das crianças adultos com autismo. As terapias mais bem estudadas incluem a educação e as terapias compartimentais bem como intervenções clínicas. Há outras intervenções disponíveis mas poucas ou mesmo nenhuma tem estudos científicos que apoiem a sua utilização. Intervenções educacional e comportamental: Estas estratégias insistem na aprendizagem de competências no quadro ambiental e de um emprego de tempo bem estruturado. O programa educativo especializado (PEI), inclui o ensino e a aprendizagem das competências para o bem estar e o futuro da criança e pode melhorar as suas capacidades de comunicação e de interacção com os outros, reduzindo a gravidade e a frequência das perturbações do comportamento. Os interesses pessoais fornecem uma grande motivação para a aprendizagem. A educação deve começar tão breve quanto possível e não parar na adolescência ou na 16 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ idade adulta. As pessoas que têm melhores capacidades cognitivas e conseguem dominar as aprendizagens académicas têm necessidade de ser ajudados na organização das tarefas e para evitar distracções. Medicação: não há medicamentos que possam curar o autismo contudo, por vezes, uma medicação adequada pode melhorar a atenção e reduzir os sintomas incómodos e os comportamentos auto-agressivos. 17 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 7. MODELOS DE INTERVENÇÃO Tendo em conta que o autismo não tem cura é certo que a maior parte dos casos necessitam de apoio e supervisão para toda a vida. A intervenção educacional individualizada, encarada numa perspectiva evolutiva – adaptada às diversas fases do ciclo de vida do individuo – é o processo de intervenção considerado essencial, podendo diferentes modalidades terapêuticas funcionar como um complemento importante em diversas fases da vida da pessoa autista. O programa TEACCH (Tratamento e Educação de Crianças com Autismo e Problemas de Comunicação Relacionados) é “(…) um modelo de intervenção especificamente concebido para ser desenvolvido com crianças com perturbações do espectro do autismo.” , de acordo com MARQUES (2000, p. 91). TEACCH – é um programa que teve origem em 1996 nos Estados Unidos, na Universidade de Carolina do Norte, mais concretamente na Divisão de Psiquiatria. Desde então esta divisão tem servido como modelo para a estruturação de novos locais de atendimento a indivíduos Autistas. Abrange áreas como – avaliação, desenvolvimento do currículo individualizado, treinamento de habilidades sociais, de actividades vocacionais, aconselhamento para pais e formação sobre o Programa TEACCH a profissionais de Educação Especial. A principal orientação do programa é desenvolver a autonomia da criança com autismo nos três grandes meios sociais da sua vida – meio familiar, meio escolar, comunidade. O ensino estruturado é um dos aspectos pedagógicos mais importantes no TEACCH, minimiza os problemas comportamentais ao fazer com que o mundo em seu redor pareça previsível e menos confuso para a criança autista. Centra-se nas áreas fortes das crianças autistas - capacidades visuais, memorização de rotinas e interesses especiais – devendo ser adaptado aos diferentes níveis de funcionamento e às necessidades individuais de cada criança. É um sistema de organização do espaço, dos materiais e actividades, de forma a facilitar os processos de aprendizagem e a independência das crianças. Neste método o conceito de 18 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ independência assume um lugar de destaque pois a independência é fundamental para a vida da criança. O programa TEACCH reconhece o importante valor de preparar todas as crianças para um funcionamento positivo na sociedade. Cada criança poderá e deverá ser ensinada de acordo com o objectivo de ter sucesso no seu funcionamento, com as restrições mínimas possíveis. Ninguém com autismo deverá ser restringido à participação nas actividades educativas, mas a inclusão no meio requer um ensino apropriado. O s locais têm que ser escolhidos de modo a que o aluno seja capaz de fazer aprendizagens significativas e funcionais, e as actividades deverão ser baseadas numa avaliação individual das capacidades da criança, tendo em conta as suas potencialidades de funcionamento no meio em que se insere. A INCLUSÃO plena deverá ser oferecida a todas as crianças com autismo que sejam capazes de ter sucesso em meios plenamente integrados. A INCLUSÃO parcial e as instituições ficarão na retaguarda para aqueles alunos com autismo para os quais estes meios sejam mais significativos e apropriados às suas necessidades. A intervenção precoce no caso do autismo ainda é muito recente. No entanto, continua a ser uma questão problemática uma vez que o diagnóstico precoce é difícil e muitas vezes asa crianças só são identificadas tardiamente. Os melhores resultados com a intervenção terapêutica ou educacional obtém-se quando e intervenção tem inicio numa idade precoce e é também nesta fase que os pais são fundamentais. A intervenção deverá ser centrada na família envolvendo os pais em todo o processo de acompanhamento da criança desde o momento da avaliação inicial e ao longo de todo o processo de intervenção, com base em id (2000, p. 107) “(…) os modelos de intervenção com crianças incluíram os pais nos seus programas e, nalguns casos, passaram mesmo a desenvolver programas de treino para que os pais fossem ensinados a lidar melhor com os seus filhos (…)”. No desenvolvimento do programa devem estar envolvidos para além dos pais/família, os profissionais – professor do regular, professor de apoio educativo, psicólogo, terapeutas e outros. Os profissionais devem informar os pais sobre as diferentes modalidades do programa, orientando e aconselhando na gestão de comportamentos e no ensino estruturado, tendo sempre presente que o programa educativo deve ser elaborado conjuntamente por pais e profissionais. 19 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ É de salientar que em Portugal já existem doze salas a funcionar segundo o método TEACCH, tendo a primeira surgido em Coimbra. 7. 1. Estimular a criança autista A seguir apresentam-se algumas dicas que servirão para estimular a criança autista. São dicas gerais, sendo necessário adaptá-las a cada criança em particular, levando em conta a idade e as dificuldades da criança. 1 - Brincar na frente do espelho - se puder, tenha um espelho onde a criança se possa ver inteiro. Sente-se atrás dela e brinque de mostrar o seu cabelo, a sua boca etc. Dependendo da criança, será necessário segurar a mão dela e ajudá-la a colocá-la nas partes do corpo. Faça comentários do tipo, olha o ( cite o nome dele(a)) .Olha a mãe (e/ou prof.) o ( nome da criança) abraçados etc. Este exercício ajuda a criar a consciência do eu e dos outros. 2 - Rasgar papel. De início é comum ficar atrás da criança e segurar nas suas mãozinhas para pegar e rasgar o papel. Comece com pedaços grandes e vá diminuindo aos poucos. Este exercício ajuda na coordenação motora. Pode-se inventar uma brincadeira no final, tipo juntar os papelinhos e jogar do alto (chuvinha de papel!!). 3 - Brincar com massinha. Esta brincadeira auxilia a coordenação, mas normalmente os autistas estranham muito a massinha. Será preciso insistir passando a massinha de um recipiente para o outro com as mão ou com uma colher 4 - Pintura com as mãos - óptimo para estimular, deve ir dizendo as cores e deixar a criança mexer à vontade. Os trabalhos realizados devem ser expostos e mostrados à criança. 5 - Pegue em três latas de tamanhos diferentes ( pequena, média e grande) e faça um 20 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ furo na tampa de maneira a passar uma bola pequena. Brinque com a criança de por as bolas nas latas, reforce sempre as palavras Graaaande, mééédia, pequeeena. Depois empilhe também as latas. As bolas podem ser de pingue pong . 6- Dançar - Dançar auxilia muito as crianças, brinque de dançar com a criança, invente passos, mesmo que ele pareça não se interessar Ponha músicas de criança, chame os colegas para fazer uma roda. 7 - Tente jogar à bola, se puder chame alguém para ajudar. Se a criança não participa, peça para alguém ficar atrás dela e ajudar a pegar e jogar a bola. 8 - Um ambiente rico em estímulos pode ajudar, deixe o rádio ligado, numa altura média, se possível numa emissora que toque boa música , e em determinados períodos música clássica. É comum os autistas terem preferências por determinados sons, como voz mais grave, como as de locutor . 21 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 8. CASO EM ESTUDO A criança que serviu de base a este estudo foi integrada nesta escola com 7 anos de idade, no 1º ano de escolaridade. A turma é constituída por 20 alunos, pois tem na sua constituição um aluno com N.E.E. e todos frequentam a escola pela primeira vez. 8.1. Dados de identificação Nome – André Data de Nascimento – 27/07/1994 Ano de escolaridade – 4º ano • IDENTIFICAÇÃO FAMILIAR Nome do pai – Luís Nome da mãe – Maria Número de irmãos – uma (mais velha) • PERCURSO ESCOLAR Frequentou o Jardim de Infância e beneficiou de apoio domiciliário Entrou para o 1º Ciclo do ensino básico com 7 anos ( pediu adiamento de matricula) 8.2. Caracterização do aluno Resumo dos dados de anamnese O André desenvolveu-se normalmente até aos 14/15 meses de idade. No entanto a falta de interacção com os outros, a ausência do jogo de faz de conta e a possível falta de audição levou os pais a procurar um médico. Aos 17 meses foi operado aos ouvidos e 22 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ aos 3 anos foi-lhe diagnosticado uma Perturbação do Espectro do Autismo e aos 4 anos Epilepsia, sendo até hoje controlada com medicação. 8.3. Caracterização educativa O André é portador de perturbações do espectro do autismo. • Perturbações do nível e sequência do desenvolvimento Na área social/comportamental/emocional o André responde a tentativas dos outros interagirem com ele, mas não inicia a interacção. O André possui boas competências motoras, enquanto as capacidades sociais são fracas. • Perturbações do nível das respostas sensoriais Visuais – o André tem momentos em que olha fixamente para os objectos, outros em que parece não ver, fixa a sua atenção em reflexão de luminosidade, não mantém contacto visual directo. Auditivos – reage a sons agudos ( queda de objectos, batimentos fortes) raramente reage ao chamamento pelo seu nome (age como se fosse surda). • Perturbações da comunicação O André sofre de dislália grave por autismo. • Perturbações no estabelecimento de relações sociais. Dentro e fora da sala de aula a cooperação com os pares é feita de forma superficial. Há falhas no jogo de faz de conta, no contacto visual e no desenvolvimento de relações afectivas. Ausência do uso adequado dos objectos, preferência por objectos giratórios, apego inapropriado a objectos. Indica necessidades através de gestos, ri sem razão aparente, tem tendência ao isolamento • O André não é autónomo na sua higiene pessoal nem na alimentação e vestuário (embora à primeira vista não haja nenhuma razão aparente para tal). 23 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 8.4. Características associadas • Movimentos estereotipados e repetitivos (esfregar as mãos, batimentos com e sem objectos) • Problemas de imitação • Ausência da noção de perigo • Tem hiperactividade física 8.5. Programa educativo O programa educativo do André contempla propostas do Centro de Autismo de Coimbra com data de Abril de 2001, abrange as seguintes áreas: • Imitação • Percepção • Motricidade global e fina • Coordenação óculo-manual • Realização cognitiva • Desempenho verbal • Autonomia • Socialização • Informática – (CD-ROM jogos educativos) Ao longo deste ano lectivo reforçaram-se as áreas da autonomia (vestir, despir, comer, lavar as mãos e a cara, calçar e descalçar por considerar serem prioritárias e ainda não estarem assimiladas. 24 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 9. CONCLUSÃO De uma forma conclusiva poderemos afirmar que as T.I.C. tornam o dia a dia de pessoas com N.E.E. mais fácil, contribuindo para a preparação e reabilitação destas crianças. Quando estamos a trabalhar no mundo da Educação , principalmente com estas crianças, não nos podemos esquecer da envolvente pedagógica que deverá estar sempre presente. É neste enquadramento que surge o computador e os materiais a ele associados que se tornam interlocutores sempre disponíveis, desmistificados e humanizados com um papel preponderante no processo ensino aprendizagem contribuindo para a comunicação autonomia, a socialização, motricidade ..., estimulando o trabalho da criança e favorecendo a sua aprendizagem. Não se pode estabelecer uma distinção entre programas baseados na escola e programas baseados em casa, pois, na maior parte dos casos, o ensino e a aprendizagem têm que ter lugar em ambos os contextos para actuarem de forma eficaz na melhoria da qualidade de vida da criança, tanto no momento presente, como no futuro. Os professores têm que ajudar os pais a conceber programas que conduzam à aquisição de aptidões para a vida diária, bem como as que desenvolvam as brincadeiras e as actividades de lazer. Podem, ainda, comunicar quais as estratégias que verificaram ser mais eficazes ao lidar com a criança em casa. Sejam quais forem os programas adoptados, não podem limitar-se a modificar meramente os comportamentos (embora as técnicas de modificação dos comportamentos possam fazer parte dos programas); têm que incluir a compreensão das dificuldades sentidas pelas crianças devido ao seu autismo, e de quaisquer outras dificuldades adicionais de aprendizagem que tenham. Acresce que essa compreensão, mais do que qualquer outro facto, permite ao professor centrar a atenção nos pontos fortes e fracos da criança, e conceber programas capazes de intensificar tanto as suas aptidões como a sua interacção social. Não nos devemos esquecer nunca que para a criança com autismo este mundo é tão estranho para ela, como ela nos parece a nós, e que não há receitas milagrosas prontas a usar em qualquer situação. 25 Tecnologias de Informação e Comunicação e Crianças com Necessidades Educativas Especiais - Perturbações do Espectro do Autismo __________________________________________________________________________________________________________ 10. BIBLIOGRAFIA ANDITEC (2001). Produtos Disponíveis na Anditec. http://www.anditec.pt/Representadas/Intellitools/intellitools.htm. 02/04/2001 BELCHIOR, Margarida et all (1993). As Novas Tecnologias de Informação no 1º Ciclo do Ensino Básico. (1º Edição). Lisboa: Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação. CORREIA, Luís de Miranda ( 1999). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes Regulares. Porto: Porto Editora. JORDAN, Rita (2000). Educação de Crianças e Jovens com Autismo. 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