RENATO DE LIMA DIAS
O PAPEL DA INFORMAÇÃO DE MERCADO
NA COMERCIALIZAÇÃO DE HORTIGRANJEIROS
NO DISTRITO FEDERAL
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do curso de Economia
Rural, para obtenção do título de
“Magister Scientiae”.
VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
JULHO - 1997
RENATO DE LIMA DIAS
O PAPEL DA INFORMAÇÃO DE MERCADO
NA COMERCIALIZAÇÃO DE HORTIGRANJEIROS
NO DISTRITO FEDERAL
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do curso de Economia
Rural, para obtenção do título de
“Magister Scientiae”.
APROVADA: 09 de junho de 1997.
Carlos Antônio Moreira Leite
Rosa Maria Olivera Fontes
Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale
(Conselheira)
João Eustáquio de Lima
Carlos Arthur Barbosa da Silva
(Orientador)
“Na época do homem das cavernas, o poder estava nas mãos dos que
detinham implementos de caça. Com o passar do tempo, nosso primo longínquo
descobriu que não mais precisava sair para se alimentar: ele começou a plantar
seus alimentos e a criar animais. O poder passou, então, para os que possuíam
terras produtivas, surgindo daí as grandes fazendas. Com a chegada da era
industrial, que aumentou as necessidades de ferro, carvão e outros minérios, o
poder transferiu-se, novamente, para os que detinham ou exploravam
os
recursos naturais. Como conseqüência, a mão-de-obra migrou das fazendas
para as cidades, onde estavam as fábricas. Essas indústrias começaram a
produzir equipamentos sofisticados, dando início à era do poderio militar. Após
duas guerras mundiais e outras tantas localizadas, o poder novamente trocou de
mãos, para a área financeira. Agora, estamos novamente num período de
transição - e talvez o mais significativo de todos. Estamos entrando na era do
poder da informação”.
Roberto Wong
A meu pai Mário da Silva Dias.
À minha mãe Elza Inácio de Lima Dias (in memoriam).
À minha esposa Márcia Távora de Souza Dias.
A meus filhos Leonardo, Juliana e Patrícia.
ii
AGRADECIMENTO
A Deus, pelo dom da vida.
À EMATER-DF, pela oportunidade a mim concedida para cursar o
Mestrado em Economia Rural na UFV.
A meus amigos Wilson Vaz de Araújo, Domingos Lelis Filho, Murilo
Xavier Flores, Aguinaldo Lelis e ao professor Flávio Augusto D′Araújo Couto,
pelo apoio.
Ao professor orientador Carlos Arthur Barbosa da Silva, pela valiosa
colaboração.
Aos professores conselheiros Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale e
Alberto Martins Rezende, pelo apoio e pela colaboração.
Ao professor João Eustáquio de Lima e a Júlio Cézar Oliveira Sant′Ana,
pelo apoio e pelas sugestões.
Ao corpo docente do Departamento de Economia Rural da Universidade
Federal de Viçosa, pelos ensinamentos proporcionados ao longo do curso de
Mestrado.
Aos funcionários do DER/UFV, pela colaboração e pela cordial
acolhida.
iii
Aos colegas de curso que, de alguma forma, contribuíram para a
realização deste estudo.
Aos colegas da EMATER-DF, pela colaboração no levantamento dos
dados da tese e pelo apoio.
Aos produtores rurais do Distrito Federal, pela colaboração e pela
paciência na realização das entrevistas.
A todos que compartilharam a minha passagem por Viçosa.
iv
BIOGRAFIA
RENATO DE LIMA DIAS, filho de Mário da Silva Dias e Elza Inácio
de Lima Dias, nasceu em Belo Horizonte, em 2 de janeiro de 1954.
Cursou o primário no Grupo Escolar Silviano Brandão, e o ginasial e o
colegial no Colégio Batista Mineiro, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Em 1980, graduou-se em Agronomia na Universidade de Brasília,
Distrito Federal.
Em 1987, especializou-se em Administração Rural na Universidade
Federal de Lavras, Minas Gerais.
Em 1995, iniciou o curso de Mestrado em Economia Rural no
Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa, Minas
Gerais.
v
CONTEÚDO
Págin
a
LISTA DE QUADROS ..........................................................................
ix
LISTA DE FIGURAS ............................................................................
xii
EXTRATO .............................................................................................
xiii
ABSTRACT ...........................................................................................
xv
1. INTRODUÇÃO .................................................................................
1
1.1. O problema e sua importância .....................................................
3
1.2. Objetivos ....................................................................................
8
1.2.1. Objetivo geral ........................................................................
8
1.2.2. Objetivos específicos .............................................................
8
2. REFERENCIAL TEÓRICO ...............................................................
9
2.1. A importância da informação ......................................................
9
2.2. Assimetria na distribuição da informação ....................................
11
vi
2.3. A qualidade da informação ..........................................................
2.4. A informação de mercado agrícola e sua influência no processo
de comercialização ......................................................................
13
Págin
a
14
3. METODOLOGIA ..............................................................................
19
3.1. Área de estudo ............................................................................
19
3.2. Fonte de dados e amostragem ......................................................
20
3.3. Modelo conceitual .......................................................................
25
3.4. Modelo analítico .........................................................................
27
3.4.1. Análise descritiva ou tabular ..................................................
28
3.4.2. Análise econométrica ............................................................
28
3.4.2.1. Relação entre renda bruta total e informação ...................
29
3.4.2.2. Probabilidade de obtenção de informação .......................
31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................
35
4.1. Análise descritiva ........................................................................
35
4.1.1. Caracterização da exploração hortícola no Distrito Federal ...
35
4.1.2. Canais de comercialização .....................................................
39
4.1.3. Caracterização do perfil dos produtores e dos comerciantes de hortigranjeiros ...........................................................
41
4.1.4. Caracterização da comercialização ........................................
46
4.1.5. Análise dos fatores limitantes à comercialização ...................
50
4.1.6. Informação de mercado .........................................................
51
4.1.7. Considerações sobre a Cimagri (Central de Informação de
Mercado Agrícola) ...............................................................
54
vii
4.2. Análise econométrica ..................................................................
57
Página
4.2.1. Relação entre renda bruta total e informação .........................
57
4.2.2. Probabilidade de obtenção de informação ..............................
59
5. RESUMO E CONCLUSÕES .............................................................
64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................
69
APÊNDICES .........................................................................................
73
APÊNDICE A ........................................................................................
74
DADOS DA EXPLORAÇÃO HORTÍCOLA NO DISTRITO
FEDERAL, 1996 ....................................................................................
74
APÊNDICE B .......................................................................................
76
QUESTIONÁRIOS .............................................................................
76
viii
LISTA DE QUADROS
Página
1
2
3
4
5
6
Principais núcleos rurais, destacando número de produtores,
área explorada e produção de hortigranjeiros no Distrito
Federal - 1996 ...........................................................................
22
Tamanho da população, número e percentual da amostra de
produtores e comerciantes entrevistados no Distrito Federal 1996 ..........................................................................................
24
Espécies hortícolas e áreas exploradas no Distrito Federal 1996 ..........................................................................................
37
Produtividade observada e preconizada da amostra das
principais espécies hortícolas cultivadas no Distrito Federal,
ano agrícola 1996 ......................................................................
38
Número de anos de exploração, declividade e fertilidade das
áreas exploradas com espécies hortícolas no Distrito Federal 1996 ..........................................................................................
39
Auto-avaliação dos produtores de hortigranjeiros do Distrito
Federal com relação à habilidade para comercializar a produção
- 1996 ........................................................................................
42
ix
Página
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Descrição de algumas características que distinguem os
produtores de hortigranjeiros do Distrito Federal - 1996 ............
43
Dados relativos à forma de exploração, destacando área média
explorada/intensidade de exploração/número de culturas
exploradas e produtividade média das culturas hortícolas no
Distrito Federal - 1996 .........................................................................................
44
Periodicidade da comercialização dos produtos hortigranjeiros
no Distrito Federal - 1996 .........................................................
47
Principais locais de comercialização dos produtos
hortigranjeiros no Distrito Federal - 1996 ..................................
48
Principais condições de pagamento adotadas
pelos
comerciantes de produtos hortigranjeiros do Distrito Federal
(atacado e varejo) - 1996 ....................................................................................
48
Principais itens indicados pelos produtores como
instrumentos potenciais de apoio à comercialização de
produtos hortigranjeiros no Distrito Federal - 1996 ................
50
Principais fatores limitantes à comercialização dos produtos
hortigranjeiros no Distrito Federal, citados pelos produtores
rurais - 1996 ..............................................................................
51
Principais fontes de informação citadas pelos produtores como
referência à comercialização dos produtos hortigranjeiros no
Distrito Federal - 1996 ..............................................................
53
Relação entre volume de informação e renda bruta total/ha 1996 ..........................................................................................
53
Nível de informações dos produtores sobre o sistema formal de
informação de mercado agrícola - Cimagri, 1996 ......................
55
Principais informações desejadas e efetivamente utilizadas
pelos produtores de hortigranjeiros, como referência para a
comercialização no Distrito Federal - 1996 ...............................
56
Avaliação das características das informações prestadas pela
Cimagri aos produtores de hortigranjeiros no Distrito Federal 1996 ..........................................................................................
56
x
Página
19
20
21
1A
Parâmetros do modelo estimado para a relação entre renda
bruta total e informação de mercado ..........................................
58
Parâmetros estimados do modelo logit para a disponibilidade de
informação de mercado .............................................................
60
Relação entre área média explorada e renda bruta total das
culturas hortícolas no Distrito Federal - 1996 ............................
62
Área média explorada, número de vezes que a área é explorada
no ano, número de culturas exploradas no ano, renda bruta
total, renda bruta por ha explorado, renda bruta da cultura com
maior retorno por ha, renda bruta da cultura com menor retorno
por ha - 1996 .............................................................................
74
xi
LISTA DE FIGURAS
Página
1
Processo de gerenciamento das informações entre usuários
e fornecedores ...........................................................................
11
Esquema de competição perfeita, destacando a atuação do
governo no caso de informação assimétrica mediante o
Programa Central de Informação de Mercado Agrícola Cimagri .....................................................................................
16
3
Modelo do desempenho do mercado agrícola ............................
18
4
Mapa do Distrito Federal dividido em núcleos rurais .................
21
5
Modelo conceitual de planejamento e gerência do processo
de comercialização, considerando o ambiente interno e externo
do negócio agrícola ..................................................................
26
Diagrama esquemático dos canais de comercialização de
produtos hortigranjeiros, Distrito Federal - 1996 .......................
40
2
6
xii
EXTRATO
DIAS, Renato de Lima, M.S., Universidade Federal de Viçosa, julho de 1997. O
papel da informação de mercado na comercialização de hortigranjeiros
no Distrito Federal. Professor Orientador: Carlos Arthur Barbosa da Silva.
Professores Conselheiros: Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale e Alberto
Martins Rezende.
Os produtores rurais estão, freqüentemente, buscando informações
precisas e de confiança para diminuir riscos e incertezas inerentes ao processo de
produção e comercialização. Dentro desse contexto, o mais comum é observar a
utilização de fontes informais de informações (os próprios produtores são a
principal fonte utilizada), possivelmente em razão da pouca tradição na utilização
de outras fontes e da deficiência na divulgação dos serviços prestados por fontes
mais estruturadas. O fato importante a ser destacado é que cada vez mais a
informação de mercado torna-se um diferencial (é uma fonte de poder); em
virtude disso, a percepção sobre a relevância da informação está mudando,
principalmente em decorrência das condições econômicas. Neste estudo, o
problema central foi analisar a informação de mercado agrícola e o seu efeito
sobre a comercialização de produtos hortigranjeiros no Distrito Federal, tendo
por referência a região de abrangência do programa Cimagri
(Central de
Informação de Mercado Agrícola). A análise baseou-se em informações
xiii
secundárias, obtidas junto às instituições públicas que atuam no setor agrícola, e
em dados primários, obtidos mediante a aplicação de questionários. Estes foram
interpretados pela utilização da análise tabular, agregando os resultados em
números absolutos e relativos, e pelo uso de análises, utilizando modelo de
regressão convencional e modelo em que a variável dependente é categórica
(modelo logit). Segundo os resultados, a avaliação dos produtores sobre a
utilização da informação de mercado como suporte ao processo de
comercialização está relacionada com o uso atual que é feito dela. Como o valor,
a demanda e a habilidade na interpretação da informação variam entre os
produtores, diferenças sistemáticas ocorrem no desempenho comercial de cada
produtor. Os resultados também mostraram que a renda bruta total obtida da
atividade hortícola foi positivamente influenciada pelo maior volume de
informação, criando um diferencial de mercado. Já os resultados das variáveis
que influenciam a probabilidade de os produtores disporem de maior volume de
informações de mercado indicaram diferenças no grau de influência de cada uma,
visto que educação, credibilidade profissional, telefone e sistema de informação
foram as mais importantes. O conjunto das variáveis analisadas permite que se
busquem estratégias que visem aumentar a disponibilidade de informações e que
haja implicações na eficiência do mercado.
xiv
ABSTRACT
DIAS, Renato de Lima, M.S., Federal University of Viçosa, July 1997. The role
of market information in the horticulture commercialization at Federal
District. Adviser: Carlos Arthur Barbosa da Silva. Committee Members:
Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale and Alberto Martins Rezende.
Farmers are often searching for precise and reliable information aimed at
decreasing the risks and uncertanties concerning horticulture production and
commercialization. A common procedure is the use of informal sources of
information (farmers themselves are often the main one), which may be due to
lack of tradition in using other sources or insufficient diffusion of better
structured sources. It should be emphasized that since market information has
increasingly become a differential factor (a source of power), the perception of
its importance has also changed, mainly because of economic conditions. This
study aims to analyze agricultural market information and its effect on the
commercialization of horticultural products in the Federal District, using as
reference the region covered by the program Cimagri (Agricultural Market
Information Center). The analysis was based on data obtained from public
institutions linked to the agricultural sector and through questionnaires. Table
analysis was used to interpret these data with results given in absolute and
relative numbers. Analyses using the conventional regression model and logit
xv
model, in which the dependent variable is categorical, were also used. According
to the results, the farmers’ evaluation of market information as a support to the
commercialization process is closely related to how farmers themselves presently
use it. Since value, demand and ability to interpret information can vary among
farmers, their commercial performances also present systematic differences. The
results also show that the total gross yield obtained from horticultural activity
was positively influenced by a larger amount of information thus creating a
market differential. The variables which increased the probabilities of farmers to
obtain market information from a greater number of sources showed differences
in relation to their importance, with education, professional reliability, telephone
and information system being the most important. The analysis of the combined
variables allows to seek strategies aimed at increasing the availability of
information and improving market efficiency.
xvi
1 . INTRODUÇÃO
A agricultura atual enfrenta desafios cada vez mais complexos em face
a um contexto sócio-econômico competitivo e dinâmico. O desenvolvimento
sustentado do segmento agrícola pressupõe, de um lado, a geração
tecnologicamente adequada da produção (alimentos e matérias-primas) e, de
outro, a rentabilidade desta, relacionada com o bom desempenho econômico da
comercialização.
Os avanços tecnológicos obtidos por meio do desenvolvimento das
pesquisas permitiram ao setor agrícola dispor de melhores condições para
produzir, o que pode ser evidenciado pelos efeitos que resultaram de duas
grandes eras tecnológicas na agricultura: a mecânica e a química. A era
mecânica, de 1920 a 1950, permitiu aos produtores rurais a transição da tração
animal para a mecânica e aumentou em muito a capacidade produtiva. A era
química, de 1950 a 1980, permitiu elevar ainda mais essa capacidade produtiva,
ao ampliar a habilidade dos produtores em controlar pragas e doenças e ao
aumentar o uso de fertilizantes químicos. Atualmente, a agricultura está sendo
movida por um novo grande salto tecnológico - a era da biotecnologia e da
tecnologia da informação. Os impactos dessas novas eras na agricultura poderão
ser mais profundos que os experimentados tanto na era mecânica como na
1
química (Office Tecnology Assesment - OTA, 1986, citado por GRAZIANO DA
SILVA, 1995).
Embora não se possa afirmar que todos os problemas para se produzir
estejam resolvidos, é fato que, em razão das facilidades permitidas pelas
tecnologias de produção disponíveis (apoiados nos trabalhos de Pesquisa e de
Extensão Rural), a limitação de produção é relativamente menor do que a de
comercialização, à medida que ocorrem o desenvolvimento econômico e o
crescimento da oferta agrícola, mais evidentes para pequenos e médios
produtores.
A complexidade crescente da comercialização agrícola, na qual aos
produtos devem-se incorporar atributos como qualidade, custo reduzido,
satisfação de consumidores cada vez mais exigentes e disponibilidade adequada
para atender à demanda etc., determina que se disponha de um sistema de
informação eficiente, capaz de analisar e interpretar o comportamento do
mercado. É importante que esses conhecimentos gerados resultem em soluções
concretas, que permitam aos produtores comercializar, adequadamente, sua
produção.
Nesse contexto, a informação qualificada é fundamental e deve ser
oportuna, ter conteúdo adequado e ser confiável. Entretanto, ela é um meio e não
um fim, devendo, portanto, sofrer alterações permanentes para facilitar o
processo de decisão (SHIOZAWA, 1993).
A maioria dos programas de informação de mercado existentes (por
exemplo, Sistema de Informação de Mercado Agrícola - SIMA, do Ministério da
Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária) trabalha, basicamente, com
informações de preços e de procedência dos produtos. Entretanto, dadas a
dificuldade e a extensão do processo de comercialização, entendido como a
“transferência do produto agrícola por parte de uma série de agentes e
instituições desde o local de produção até o consumo final”, é importante que os
produtores disponham de um volume maior de informações, antes e depois
da etapa de produção, as quais possam ser decisivas quanto aos retornos
econômico-financeiros esperados (AGUIAR, 1996).
2
Acredita-se que um estudo que analise o papel da Informação de
Mercado Agrícola, um dos elementos básicos do processo de comercialização,
possa contribuir para assegurar a utilidade e a qualidade dessa informação, de tal
forma que a capacidade de tomada de decisão do usuário esteja sempre se
aprimorando, convergindo para a melhoria da renda agrícola.
1.1. O problema e sua importância
Nem sempre os agentes envolvidos no processo de comercialização têm
informações completas a respeito das variáveis econômicas relevantes para as
escolhas ou decisões com que se defrontam. Freqüentemente, alguns agentes
possuem mais informações do que outros.
A assimetria na distribuição da informação é uma característica de
muitas situações de negócios, já que alguns agentes de mercado têm maior acesso
a informações, o que pode resultar em desvio de eficiência do mercado. Esse
desvio pode ser atenuado por meio da implantação ou da melhoria de um serviço
de informação.
Uma das principais dificuldades que os produtores rurais encontram,
principalmente os pequenos e os médios, na comercialização adequada de sua
produção, ou seja, na melhoria dos retornos econômico-financeiros para sua
atividade, decorre, dentre outras causas, do fato de terem pouca informação sobre
o processo de comercialização agrícola. SCHNEIDER (1990), analisando dados
sobre a comercialização, verificou que os pequenos produtores dispõem ou
utilizam menor número de informações, ficando, assim, dependentes dos agentes
de mercado para comercializar sua produção.
O efeito imediato dessa pouca informação, além do isolamento do
produtor com relação às opções para escoamento da produção, é a falta de
eficiência na tomada de decisão e o aumento da incerteza. Como assinala
PINAZZA (1994), para o tomador de decisão, é a informação que organiza a
visão imediata da conjuntura e auxilia a definir, com mais segurança, preços,
compras, vendas e investimentos.
3
As implicações, no longo prazo, são o desestímulo à atividade, a redução
da rentabilidade, o aumento no nível de inadimplência, a redução no uso de
tecnologia e a diminuição da competitividade, dentre outros.
Entretanto, não se pode colocar toda a responsabilidade da pouca
informação sobre os produtores rurais, pois nem sempre o acesso à informação,
que é uma das fontes de “poder de mercado”, definido por KOCH (1980) como a
habilidade para influenciar preços, quantidades e práticas de comercialização do
mercado, está prontamente disponível (por exemplo, preço, quantidade,
qualidade demandada pelo mercado, nível de consumo etc.). Tal poder, muitas
vezes, é usado como estratégia para aumentar a participação no mercado, a partir
do conhecimento de oportunidades, o qual possibilita uma posição privilegiada
na comercialização.
Muitas das decisões que devem ser tomadas durante todo o processo de
comercialização são baseadas em informação de mercados. Quando um serviço
de informação funciona bem, isto é, atende às necessidades dos usuários, o
mercado torna-se mais competitivo, as especulações diminuem e todos os agentes
envolvidos no processo, desde o produtor ao consumidor, tendem a auferir
maiores benefícios (REIS, 1979).
Assim, a atuação do Estado, por meio da sua rede de pesquisa, ensino e
assistência técnica, é muito importante na implementação de uma política de
informação. As experiências com programas de informação, efetivados pelo setor
público, têm uma longa história na agricultura. Sua justificativa baseia-se no
conceito de que a informação permite que o mercado trabalhe mais próximo da
estrutura de competição perfeita e na falta de recursos dos produtores rurais,
principalmente pequenos e médios, para o desenvolvimento de tais informações
(MARION e MUELLER, 1983).
Conforme Décsey (1990), citado por FRANÇA e REZENDE (1994), um
serviço de informação de mercado só pode desempenhar eficazmente seu papel
se proporcionar algum benefício direto e prático a seus clientes. Para que isso
seja alcançado, o sistema deve apresentar informações que tenham, como
4
características, veracidade, imparcialidade, agilidade, oportunidade, constância e
ampla difusão (MENDOZA, 1980).
A imparcialidade e a veracidade das informações conferem credibilidade
ao sistema. Segundo SILVA (1993), a agilidade e a oportunidade, em última
instância, determinam a utilidade de um sistema de informações. A agilidade está
ligada à rapidez com que os dados são coletados, processados e divulgados aos
usuários do sistema. Vale ressaltar que um serviço é oportuno quando as
informações processadas por ele estão disponíveis aos usuários, no momento em
que estes necessitem delas para tomar suas decisões.
Para que um serviço de informação atenda à qualidade de constância, ele
deve ser ininterrupto, de modo a não prejudicar seus usuários. Deve haver ampla
difusão dos dados, para que todos, ou a maior parte dos participantes do
mercado, tenham fácil acesso a essas informações.
Com as novas tecnologias da computação e da informação, segundo o
“Office of Tecnology Assesment”- OTA (1986), citado por GRAZIANO DA
SILVA (1995), os produtores rurais tornar-se-ão melhores gerentes de seus
recursos e de seus produtos, ou seja, tornar-se-ão melhores administradores e
comerciantes . E não é difícil perceber a razão dessa conclusão, visto que,
enquanto hoje um aumento nos rendimentos físicos de uma variedade ou raça
demora anos para ser obtido, fruto da necessidade de grandes investimentos em
pesquisa e em tempo para que sejam consolidados, apenas segundos são
necessários para se obter uma cotação de preços que pode alterar,
completamente, o resultado obtido por um produtor rural.
A comercialização dos produtos hortigranjeiros, dadas as imperfeições
do mercado e suas características de perecibilidade, ciclo rápido de produção e
complexas relações dos agentes no mercado, constitui-se numa atividade
dinâmica que, dentre outras necessidades, demanda amplas informações que
tornem possível reduzir riscos e permitam visualizar oportunidades que busquem
relativa estabilidade de renda.
A importância do papel da informação de mercado está, portanto, na
possibilidade de contribuir para que o processo de comercialização agrícola se
5
torne mais eficiente. De maneira especial, o setor de hortigranjeiros no Distrito
Federal, classificado como o mais importante em termos econômicos, na medida
em que consiga criar condições para a democratização das oportunidades de
mercado, dadas as diferenças no grau de atuação e organização dos diversos
participantes do mercado.
Em síntese, o papel da informação na comercialização reforça-se ainda
mais, quando se sabe que: a) As decisões de mercado são tomadas em um
ambiente caracterizado por riscos diversos (econômicos e climáticos); e b)
Existe substancial diferença de tempo entre o momento do planejamento da
produção e sua comercialização no mercado.
Dentro desse contexto, foi criada, em 1994, a Cimagri (Central de
Informação de Mercado Agrícola), uma iniciativa da Secretaria da Agricultura
do Distrito Federal por meio de um convênio entre a Emater/DF - Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural, e a Ceasa/DF - Central de Abastecimento.
Seu objetivo principal é levar ao produtor, ao técnico ou ao comerciante a
informação de mercado agrícola, visando tornar o processo de comercialização
de produtos hortigranjeiros em Brasília mais dinâmico e eficiente. Esse sistema
combina a informação e o uso da informática (rede de distribuição), como forma
de agilizar, facilitar e baratear o seu custo, ao mesmo tempo em que integra os
núcleos rurais do Distrito Federal.
O Programa trabalha com produtos hortigranjeiros, por se tratar dos
produtos de maior expressão econômica no Distrito Federal e em razão da
disponibilidade de dados relacionados com comercialização da Ceasa-DF.
Num primeiro momento, não se espera que cada produtor tenha um
terminal de computador, mas que a informação possa estar disponível por
intermédio dos escritórios locais da Emater-DF, que estariam diretamente ligados
à Central, tornando oportunas as informações.
A Cimagri,
além
de buscar atender às qualidades descritas
anteriormente (veracidade, imparcialidade, agilidade, oportunidade, constância e
ampla difusão), busca a abrangência das informações e as tendências do mercado
em termos de satisfação dos consumidores, tornando disponível aos produtores,
6
aos atacadistas ou aos varejistas os instrumentos capazes de facilitar a tomada de
decisão; e aos técnicos, condições de análises e orientação. Tratando-se de um
serviço de informações, espera-se que oriente a busca de soluções adequadas aos
problemas de comercialização agrícola, cabendo aos produtores, aos atacadistas
ou aos varejistas o poder de decisão. Sendo assim, o sistema deve tornar
informações disponíveis, e não tomar decisões que competem aos usuários da
informação.
Mais precisamente, a Cimagri tem o propósito, no Distrito Federal, de
ser um referencial para o setor agrícola. Sua importância está em tornar
disponível um conjunto de informações fundamentais para as atividades de
comercialização, proporcionando transparência ao processo, permitindo, cada
vez mais, que os produtores se tornem competitivos e contribua para que o
mercado funcione mais próximo da estrutura de competição perfeita, ou seja, que
produtores, atacadistas e varejistas disponham de condições para realizarem a
comercialização da produção com margens adequadas para cada segmento
envolvido.
O desafio da Cimagri está em garantir credibilidade a um sistema público
de informação e em tornar disponível um conjunto de informações de mercado
como referencial para a tomada de decisão, não somente preços. A utilização
eficiente de recursos públicos, a busca da qualidade e os retornos sociais deverão
estar sendo continuamente analisados, como forma de garantir sua permanência.
Essas considerações demonstram a importância de analisar e identificar o
papel da informação de mercado agrícola como um dos componentes básicos no
processo de comercialização, de forma a permitir o aperfeiçoamento e o aumento
da capacidade de tomada de decisão dos usuários e, conseqüentemente, a
melhoria da renda agrícola.
7
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo geral
O objetivo principal deste estudo é analisar a informação de mercado e o
seu papel como fator orientador da comercialização agrícola, tomando por
referência a região de abrangência do programa “Central de Informação de
Mercado Agrícola - Cimagri”, da Secretaria da Agricultura do Distrito Federal.
1.2.2. Objetivos específicos
Especificamente, pretende-se:
a) Caracterizar o processo de comercialização de produtos hortigranjeiros no
Distrito Federal.
b) Identificar os tipos de informações que produtores, atacadistas e varejistas do
Distrito Federal (público alvo da Cimagri) levam em consideração para
comercializarem produtos hortigranjeiros.
c) Verificar a forma como essas informações (fontes, freqüência de fluxo) são
obtidas e interpretadas por produtores, atacadistas e varejistas.
d) Verificar a forma como as informações de mercado afetam o desempenho dos
produtores em relação à comercialização e quais variáveis explicam a
obtenção de informações pelos produtores.
e) Analisar a importância atual e potencial da Cimagri como instrumento capaz
de dinamizar o processo de comercialização de hortigranjeiros no Distrito
Federal.
8
2 . REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. A importância da informação
Como afirma DUBNER (1996), a informação permite compartilhar o
conhecimento. Portanto, trata-se de recurso tão importante quanto os recursos
humanos, financeiros e tecnológicos.
A ênfase na informação como fator de melhoria ou limitação na tomada
de decisão, ou seja, a separação do que é manipulado (informação) daquilo que
produz a manipulação (a tecnologia da informação), é mais recente do que se
pode imaginar. A ainda limitada sensibilidade pela importância da informação
faz com que se tenha pouca consciência do seu impacto, valor ou custo
(DAVENPORT, 1994).
O conceito de informação envolve um processo de redução de incerteza.
A idéia de informação está intimamente ligada à noção de seleção e escolha. Ela
é o resultado da modelagem, formatação, organização e conversão de dados
numa forma que aumente o nível de conhecimento das pessoas nela interessadas.
Na sociedade moderna, a importância da disponibilidade da informação ampla e
variada cresce, proporcionalmente, ao aumento da complexidade da própria
sociedade (STRATER et alii, 1979).
9
A compreensão do conceito de informação está envolvida em outros dois
conceitos: o de dados e o de comunicação. Dado é o registro de determinado
evento ou ocorrência. Quando um conjunto de dados possui um significado, ou
seja, reduz a incerteza ou aumenta o conhecimento a respeito de algo, tem-se
uma informação. E, por
fim,
quando
uma
informação é transmitida e
compartilhada (e compreendida) por uma ou mais pessoas, tem-se a comunicação
(CHIAVENATO, 1993; BERNARDES, 1993 ).
Os dados são vistos como de natureza real, enquanto a informação é
subjetiva e relevante somente para o seu usuário. Sua capacidade de aumentar o
nível de conhecimento de quem a recebe é o maior determinante do seu valor.
Embora conceitualmente separados, dados e informação são claramente
relacionados, ou seja, dado é a matéria-prima da qual o bem acabado,
informação, é produzido.
A informação pode-se apresentar de duas formas, a saber: formal e
informal. A informal inclui opiniões, julgamentos, palpites, boatos, experiências
pessoais, etc.. Ela é necessária para complementar a informação formal e, na
ausência desta, pode ser utilizada em sua substituição. Em todos os casos, o seu
valor é determinado somente pelo usuário. Entretanto, de alguma forma, ela
sempre será importante como parte total do requerimento informacional. Por
outro lado, a informação formal inclui requerimentos estruturados, necessários ao
processo de tomada de decisões, que se baseia, necessariamente, nas informações
disponíveis, oportunas, de conteúdo adequado e confiável (STRATER et alii,
1979; BIO, 1985).
A informação tem três principais funções. Primeiro, fornecer ao tomador
de decisão probabilidades para seleção de respostas. Segundo, servir como
representação de uma situação (cenário). Terceiro, reduzir o número de
alternativas para resolução de um problema (STRATER et alii, 1979).
É importante ressaltar que não é a tecnologia de informação que constitui
a vantagem estratégica, embora possa torná-la oportuna, e sim a própria
informação, mas é necessário também dizer que não basta ter a informação, é
10
preciso ser capaz de gerenciar o seu uso, transformando oportunidades em
retornos econômicos (DAVENPORT, 1994).
Os processos de gerenciamento das informações devem, portanto, incluir
toda a cadeia de valores da informação, ou seja, o processo deve começar com a
identificação das necessidades de informação (geralmente, o aspecto mais
negligenciado do processo), passar pela coleta, armazenagem, distribuição,
recebimento e uso da informação (Figura 1). Ao se observarem essas etapas, a
relação entre a informação prestada e as decisões ou medidas tomadas com base
nessa informação pode ser compreendida e melhorada.
Identificação
das necessidades
e exigências de
informação
Coleta e
aquisição
da
informação
Categorização e
armazenamento
de
informações
Formatação
das
informações
Disseminação
e distribuição
das
informações
Análise
e uso
da
informação
Fonte: DAVENPORT (1994).
Figura 1 - Processo de gerenciamento das informações entre usuários e fornecedores.
2.2. Assimetria na distribuição da informação
Com acesso a apropriadas informações para ajudar a decisão, cenários
alternativos podem ser avaliados a priori para a decisão de produção ou decisão
de comercialização (mercado).
O papel da informação na tomada de decisão dos usuários (pessoas e
organizações) tem se tornado cada vez mais evidente em microeconomia, através
dos anos. Todavia, relativamente poucos modelos tratam a informação como uma
variável explícita.
11
O fundamento teórico do papel da informação no mercado tem
progredido, seriamente, desde o importante artigo de Stigler ( “The Economics of
Information”, 1961, citado por SPORLEDER, 1983), o qual, explicitamente,
reconhece a informação como um recurso escasso e rico. O fundamento de
Stigler tem estendido, através do tempo, o papel da informação como um
problema geral de maximização da lucratividade mediante a busca da informação
ótima.
Entretanto, informações sobre variáveis econômicas relevantes para as
escolhas podem ser assimétricas, ou seja, existem diferentes níveis de informação
a respeito das características e possibilidades de sucesso entre as partes
envolvidas num empreendimento. Geralmente, alguns segmentos no mercado
possuem vantagens informacionais e delas fazem uso, segundo sua capacidade e
habilidade, usufruindo economicamente de tal situação (PINDYCK e
RUBINFELD, 1994).
Mercados agrícolas são caracterizados por informações desiguais, com
produtores, principalmente médios e pequenos, que demandam menos
informações de mercado. Como os diversos participantes do mercado agrícola
não têm informação completa a respeito do comportamento de cada um, os
preços praticados acabam não refletindo o que seria legítimo na comercialização
da produção, com margens adequadas a cada segmento envolvido.
Por
outro
lado,
a
distribução
assimétrica
da
informação
na
comercialização dos produtos agrícolas afeta a capacidade de os atacadistas e
varejistas preverem o nível de oferta dos produtos de que necessitam. Assim,
desenvolvem mecanismos que garantam a oferta de produtos, buscando
mercadorias de outras praças, o que desorganiza o mercado local, resultando em
sérias conseqüências aos produtores.
A assimétrica na distribuição da informação na comercialização de
produtos agrícolas, além de gerar externalidades aos participantes do mercado
(produtores; intermediários - atacadistas e varejistas; consumidores), ou seja, à
medida que possibilita a ocorrência de excesso ou insuficiência desses produtos
12
no mercado, explicita a conveniência da existência de sistemas de informação de
mercado atuantes.
2.3. A qualidade da informação
Fundamentalmente, a qualidade das informações só pode ser avaliada à
medida que elas atendam às necessidades a que se destinam, melhorando as
decisões econômicas (CHAVAS e POPE, 1984).
A qualidade das informações pode ser multidimensional, não
quantificável em relação a alguns aspectos, e pode conter considerável elemento
de subjetividade (HIRSHLEIFER, 1973).
A adequação de uma informação às necessidades requer o preenchimento
de três requisitos: forma, idade e freqüência. A forma diz respeito ao conteúdo
adequado, à apresentação e à confiabilidade; a idade é determinada pelo tempo
de existência da informação em relação aos fatos relatados, o qual pode oscilar
de segundos a meses ou anos; e a freqüência diz respeito à periodicidade com
que a informação é produzida (BIO, 1985).
Ainda segundo BIO (1985), as informações de qualidade devem
apresentar, como características, a possibilidade de serem comparadas, isto é,
confrontar o que foi planejado com o realizado ou planejado em períodos
anteriores; a confiabilidade, de forma que se possa ter segurança na decisão; a
geração em tempo hábil, de maneira a estarem tão próximas do acontecimento
quanto possível; o detalhamento adequado, para que possam estar de acordo com
as necessidades do usuário; e, finalmente, a relevância, de modo a se destacarem
o que é importante.
A produção de informações de qualidade é, atualmente, reconhecida
como um benefício básico que pode ser obtido pelo planejamento. Entretanto,
não existem regras predeterminadas para a sua geração, a não ser aquelas que se
relacionam com os objetivos e planos a serem atingidos (DAVENPORT, 1994).
13
A rigor, o maior ou menor grau de qualidade das informações dependerá
da identificação clara das necessidades e da possibilidade de aumentar o nível de
conhecimento dos usuários, tornando suas decisões mais seguras.
2.4. A informação de mercado agrícola e sua influência no processo de comercialização
Autores como Harrison et alii (1976), citados por MENDOZA (1980),
observaram que os planejadores econômicos prestam muito mais atenção aos
investimentos físicos destinados a aumentar a capacidade de produção em
projetos industriais e agrícolas. A maior parte dos aspectos de comercialização,
excluindo investimentos em infra-estrutura básica de transporte, geralmente é
relegada a papel secundário e de adaptação ao processo de desenvolvimento. Dáse pouca atenção ao crédito, à assistência técnica e à capacitação para melhorar
os sistemas de comercialização.
MENDOZA (1980) afirma, ainda, que não está correto estabelecer
divisões específicas entre produção e comercialização, já que em muitas das
decisões importantes dos produtores e industriais é incluído algum planejamento
da produção em função das oportunidades do mercado. Isto serve para
compreender que, no mercado, a comercialização é uma atividade de grande
amplitude e crescente complexidade.
Na prática, parece evidente que, além de outros fatores, o nível de
informação de mercado agrícola é reconhecido como um componente vital de
ajuda ao produtor rural no processo de formação de expectativas e tomada de
decisão. Essa busca de melhores condições de decisão é uma característica
comum a todos os modelos de sistemas de informação agrícola (VALE, 1995).
Dentro do sistema capitalista de produção, o acesso ao recurso da
informação de mercado agrícola é limitado e assimétrico. Isto se dá em razão do
custo de obtenção, formatação, disseminação, do poder de mercado que a
informação proporciona aos seus detentores e do baixo nível educacional/
cultural, principalmente de pequenos e médios produtores. As conseqüências
14
mais visíveis dessas características são a instabilidade de renda e as dificuldades
enfrentadas por agentes com menor acesso ao recurso.
Sabe-se, pela teoria microeconômica, que em mercados perfeitamente
competitivos os produtos são homogêneos. A participação dos agentes
econômicos é tão pequena em relação à dimensão do mercado, que suas decisões
não têm nenhum impacto sobre o preço de mercado. Pode-se entrar e sair do
mercado sem restrições. Existem mobilidade de bens e de recursos da economia
e pleno conhecimento da economia pelos agentes econômicos (PINDYCK
e RUBINFELD, 1994).
Os mercados agrícolas aproximam-se deste modelo. Entretanto, na
realidade, o acesso à informação pode ser assimétrico, distanciando no tempo os
vários segmentos de mercado. Em nível teórico, caso as informações sejam
razoavelmente acessíveis, variações reais de preços podem iniciar-se em qualquer
nível de mercado (varejo, atacado ou produtor). Sabe-se também que, em face à
relativa inelasticidade tanto da oferta como da demanda de produtos agrícolas, os
preços ao produtor tendem, em geral, a variar, proporcionalmente, mais do que
nos demais níveis. Por outro lado, mesmo sob concorrência, é possível que a
informação não seja uniforme ao longo dos canais de comercialização.
Ao reconhecer-se a existência de imperfeições que possam impedir os
indivíduos de seguir as opções dadas pelas suas escolhas racionais, o governo
pode promover acesso à informação como forma de diminuir o hiato entre a
distribuição real e a distribuição desejada de informação e, ao menos em parte, da
renda agrícola. Significa, em outras palavras, dar condições para o produtor
“caminhar com as próprias pernas” e competir em nível de mercado.
Assim, a atuação do governo por meio de programas específicos
(Figura 2), tornando disponível e, ou, regulamentando o uso da informação, é de
fundamental importância, considerando que existe a possibilidade de os
requisitos dos mercados competitivos provavelmente apresentarem desvios da
eficiência, em virtude, principalmente, de três razões básicas: informação
incompleta, poder de mercado e externalidades.
15
Se os agentes de mercado tiverem informações incompletas a respeito
dos preços de mercado ou da qualidade do produto, o sistema não operará
eficientemente. Por exemplo, a falta dessas informações poderá estimular os
produtores a ofertarem quantidades excessivas de determinados produtos e
quantidades insuficientes de outros. Por outro lado, se os agentes de mercado
tiverem poder de mercado, existe a possibilidade de eles afetarem os preços de
forma lucrativa, possibilidade esta que se refere tanto ao poder monopolístico
quanto ao monopsonístico. Finalmente, as externalidades ocorrem se a atuação
de um agente exerce efeito indireto sobre outros. Quando as externalidades se
encontram presentes, o preço de um produto não reflete, necessariamente, seu
valor social. Conseqüentemente, poderão ser produzidas quantidades excessivas
ou insuficientes, de tal forma que o resultado seja a ineficiência do mercado.
Mercado
Produto
homogêneo
Livre entrada
e saída
Mobilidade de
bens e recursos
Pulverização
da produção
Informação
imperfeita
Atuação
da
Cimagri
Figura 2 - Esquema de competição perfeita, destacando a atuação do governo no
caso de informação assimétrica mediante o Programa Central de
Informação de Mercado Agrícola - Cimagri.
16
A oferta de serviços de informação de mercado pelo governo ocorre,
então, não porque este seja um bem público, mas porque provoca externalidades
positivas que podem reduzir as ineficiências de mercado, além da necessidade de
imparcialidade (PINDYCK e RUBINFELD, 1994).
Por outro lado, o sistema torna-se mais eficiente quando centrado na
importância da informação para o usuário. Nesse sentido, considera-se
importante a abrangência, de forma a contemplar maior número possível de
informações (sem sobrecarga) que sejam úteis, sem perder de vista a qualidade e
a oportunidade, possibilitando um atendimento individualizado aos tomadores de
decisão.
Partindo-se do fato de que as propriedades rurais têm características
singulares, individuais, que, se observadas, tornarão mais eficiente a
apresentação de alternativas, dentre as várias possíveis, o resultado final recairá
em melhor decisão para aquele momento. Isso permitiria uma previsão, com
certo grau de precisão, dos impactos das medidas adotadas como desejáveis e,
ou, necessárias. Aliás, como observado por GARCIA (1978), as informações de
mercado são responsáveis, em grande parte, pela estabilidade de preços dos
produtos agrícolas, sendo também um incentivo básico para se atingir a
eficiência econômica.
Contudo, é importante salientar que, apesar de a comercialização ser
colocada
como
um
dos
elementos
determinantes
das
condições
de
desenvolvimento das atividades agropecuárias e de suas relações com os demais
segmentos do setor, a comercialização de hortigranjeiros caracteriza-se como
uma das que mais desfruta da condição dominante de atacadistas e varejistas
(rede de supermercados), fruto da pouca informação dos pequenos e médios
produtores (MALUF, 1992).
Segundo DIAS (1979), o que reforça a estrutura oligopsonista nesse
mercado é o fato de que a decisão sobre onde vender e a perspectiva de preço do
produto, em situação de pouca informação, dependem dos vínculos existentes
entre os produtores e os vários intermediários no processo.
17
Do exposto anteriormente, pode-se deduzir que existe relação de causa e
efeito entre informação de mercado e renda bruta total, e relação de dependência
da comercialização agrícola e a informação. Em resumo, há correlação circular
entre essas três variáveis em direção à busca de eficiência (Figura 3).
Renda
Comercialização
Informação de
mercado
Figura 3 - Modelo do desempenho do mercado agrícola.
O modelo pressupõe que a disponibilidade de informação, sua rapidez e
sua igualdade de distribuição aos agentes de mercado sejam indutores da busca
da eficiência do sistema. Portanto, o melhor desempenho do mercado seria,
dentre outros fatores, em razão do nível de informação que permitiria aumento da
renda que, por sua vez, permitiria o aumento no nível de informação (CALDAS,
1988).
Pode-se concluir, portanto, que a utilização da informação de mercado é
um dos principais instrumentos de modernização da comercialização agrícola. A
percepção da sua importância contribui para o aumento de sua utilização.
Acredita-se que os esforços despendidos, no sentido de torná-la disponível,
devem ter em vista a crescente importância estratégica da informação de
mercado, que melhora, substancialmente, o gerenciamento do processo de
comercialização e, em conseqüência, a renda do negócio agrícola.
18
3 . METODOLOGIA
3.1. Área de estudo
A área considerada neste estudo abrange o Distrito Federal e engloba a
área urbana e os núcleos rurais.
O Distrito Federal ocupa uma superfície de 5.814 km2. Geograficamente,
está situado no Estado de Goiás, no Planalto Central, cuja altitude, que varia de
entre 1.200 a 1.300 m, serve de divisor de águas de três das mais importantes
bacias fluviais do Brasil: Bacia do Paraná/Bacia Platina; Bacia do São Francisco
e Bacia do Tocantins/Bacia Amazônica.
Na área do Distrito Federal e nas imediações nascem outros rios,
destacando-se o rio São Bartolomeu, o rio Descoberto, da bacia do Paraná; o rio
Preto, da bacia do São Francisco; e o rio Montana, da bacia do Tocantins. Os rios
Descoberto e Preto servem de limites do Distrito Federal, a oeste e a leste,
respectivamente.
A cidade de Brasília está situada em terras drenadas pelo rio Paranoá,
afluente do São Bartolomeu, cujas águas foram barradas para formar o “Lago do
Paranoá”, na cota 1.000 m, com área aproximada de 40 km2.
A estrutura fundiária do Distrito Federal, resultante da política de
Colonização Oficial, está representada pela existência de 5.962 imóveis que
19
ocupam uma área total de 241.316 ha, dos quais 3.788 imóveis, com menos de
10 ha, ocupam 12.307 ha (5,1% do total); 2.101 ocupam 131.168 ha (54,4% do
total), com áreas variáveis de 10 a 500 ha; e 73 imóveis, com área superiores a
500 ha, ocupam 97.841 ha (40,5% do total ), situação não muito distanciada da
estrutura agrária do país como um todo (TAVARES et alii, 1991).
A escolha dos Núcleos Rurais1 para os propósitos deste estudo obedeceu
a três critérios, a saber: área plantada, volume de produção e número de
produtores envolvidos na atividade.
As áreas a que se referem o estudo cobrem os Núcleos Rurais de
Alexandre Gusmão, Brazlândia, Ceilândia, Jardim, PAD/DF, Planaltina,
Pipiripau,
Rio Preto,
Sobradinho,
Tabatinga, Taquara e Vargem Bonita
(Figura 4). São áreas onde a exploração de hortigranjeiros é relevante, havendo,
porém, variações na extensão da área plantada e no volume da produção em cada
uma das regiões citadas, em razão das espécies cultivadas, da tecnologia utilizada
e do conhecimento do produtor sobre oportunidades de mercado (Quadro 1).
3.2. Fonte de dados e amostragem
Nesta pesquisa, utilizaram-se dados primários e secundários. A fonte de
dados secundários utilizada nas análises deste estudo é a Central de Informação
de Mercado Agrícola (Cimagri), Brasília-DF, uma iniciativa da Secretária da
Agricultura do Distrito Federal, por meio de um convênio entre Emater-DF e
Ceasa-DF.
1
Áreas destinadas à produção agropecuária, exploradas por meio de um contrato de arrendamento junto
ao governo do Distrito Federal, por um prazo de 15 anos renováveis por igual período. Na sede dos
núcleos rurais existem escola, posto de saúde, escritório da Emater e, em alguns locais, posto de
revenda de insumos agrícolas e mercado do produtor.
20
Banana
Batata
Beterraba
Boi
Cenoura
Frango
Galpão
Limão
Milho Verde
Ovos
Pimentão
Repolho
Tomate
Figura 4 - Mapa do Distrito Federal dividido em núcleos rurais.
Quadro 1 - Principais núcleos rurais, destacando número de produtores, área
explorada e produção de hortigranjeiros no Distrito Federal - 1996
Núcleo rural
N.o de produtores
Área explorada (ha)
Produção (t)
Alexandre Gusmão
Brazlândia
Ceilândia
Jardim
PAD-DF
Pipiripau
Planaltina
Rio Preto
Sobradinho
Tabatinga
Taquara
Vargem Bonita
175
172
62
39
22
60
108
45
96
24
80
81
1.183,50
864,00
362,90
244,00
432,80
136,65
297,23
225,18
154,96
131,20
220,52
404,79
27.808,00
20.336,00
11.411,60
6.938,00
9.081,40
3.843,70
6.165,50
6.037,86
4.421,98
2.819,20
4.589,40
14.587,45
Total
964
4.657,73
118.040,09
Fonte: Emater-DF.
A coleta de dados primários, obtida mediante aplicação de questionário,
buscou identificar: a) O que é importante informar; b) Quando informar; c)
Como fazer a informação chegar ao interessado; d) Se produtores e comerciantes
identificam a informação de mercado como um fator orientador da
comercialização agrícola.
Os questionários aplicados foram submetidos a um teste prévio
com seis entrevistados (dois produtores, dois atacadistas e dois varejistas), o que
possibilitou melhor adequação aos propósitos estabelecidos. O modelo dos
questionários utilizados é apresentado no Apêndice B, e a versão final dos
questionários aplicados abrange os seguintes aspectos principais:
22
• Caracterização do produtor/propriedade;
• Informações de mercado;
• Atuação de um sistema formal de informação.
Consideraram-se, como universo espacial do estudo as áreas rural e
urbana do Distrito Federal. Como público-alvo foram considerados todos os
produtores
de
hortigranjeiros,
varejistas
e
atacadistas,
escolhidos,
respectivamente, por amostragem aleatória e estratificada espacialmente por
núcleos rurais, por área urbana atendida e por escritórios da Emater-DF.
Para determinação do tamanho da amostra dos produtores de
hortigranjeiros, de forma que os dados sejam representativos, adotou-se a
fórmula de amostra aleatória estratificada com alocação ótima, admitindo-se uma
amplitude de ± d, em torno da média (neste caso, utilizou-se a produção
agrícola), e usando um intervalo de 95% de confiança, que, em termos
estatísticos, corresponde a dois desvios-padrão (KAMEL e POLASEK, 1976):
d=
∑ αs βs
N
Z,
(1)
em que αs - proporção das propriedades no estrato; βs - desvio-padrão no estrato
da variável produção de hortigranjeiros; d - amplitude (2% sobre a média da
produção de hortigranjeiros); N - tamanho da amostra; Z - nível de significância.
Para determinação do tamanho da amostra para atacadistas e varejistas,
de forma a garantir que os dados sejam representativos, visto que se dispunha
somente de informação sobre quantidade e distribuição espacial dos
estabelecimentos comerciais e havia limitação de tempo e recursos, adotou-se,
neste estudo, o percentual de 15% sobre o número total de estabelecimentos
cadastrados para cada categoria pesquisada, o que permitiu ter uma visão
bastante representativa desses agentes de mercado.
Essa definição relativamente arbitrária do tamanho da amostra é
justificável em virtude do tipo de informação desejada. A aplicação de critérios
estatísticos mais rígidos requereria o conhecimento prévio do grau de
variabilidade dos itens a serem estimados, assim como a definição de um nível
23
aceitável de precisão para as estimativas. Assim, optou-se pelos critérios
pragmáticos sugeridos por TOLLENS (1976) e por SPENCER (1976), para
situações de escassez de recursos e desconhecimento prévio da variabilidade.
Com base nesses procedimentos, foram selecionados e entrevistados os
agentes de mercado, nas diversas categorias, conforme indicado no Quadro 2.
Quadro 2 - Tamanho da população, número e percentual da amostra de produtores e comerciantes entrevistados no Distrito Federal - 1996
Especificação
População
Entrevistados
Produtores
1.a região
2.a região
3.a região
4.a região
964
347
165
192
260
38
14
06
08
10
3,9
4,0
3,6
4,2
3,8
Atacadistas
93
14
15,0
140
80
60
21
12
09
15,0
15,0
15,0
Varejistas
Sacolão
Supermercado
%
Fonte : Dados da pesquisa.
Obs.: Regiões e população entrevistada, em cada núcleo rural.
1.a região compreende os núcleos rurais: Alexandre Gusmão (8), Brazlândia (6).
2.a região compreende os núcleos rurais: PAD-DF (1), Ceilândia (2) e V. Bonita (3).
3.a região compreende os núcleos rurais: Jardim (2), Planaltina (3) e Rio Preto (3).
4. a região compreende os núcleos rurais: Pipiripau (2), Sobradinho (3), Tabatinga (2) e Taquara (3).
24
3.3. Modelo conceitual
Desenvolveu-se o modelo de análise utilizado, tendo como pressupostos
básicos a interação das diversas etapas do negócio agrícola e as influências do
ambiente externo. Essas interações
propiciam as bases necessárias para o
processo de comercialização.
Na Figura 5, têm-se a análise integrada do ambiente externo e interno e a
necessidade de informação para a tomada de decisão. Observa-se que, dadas as
complexas relações que envolvem o negócio agrícola, o conhecimento que se
obtém por meio das informações sobre o comportamento do mercado é de vital
importância, visto que oferece aos agentes de mercado (produtores, comerciantes
etc.) a possibilidade de conhecer alternativas e o estabelecimento de estratégias
para a atuação eficiente na comercialização.
Assim, é fundamental uma visão global do negócio agrícola que
privilegie todas as relações com os diversos ambientes, de maneira que o
planejamento de cada etapa do processo de comercialização possa incorporar um
conjunto de dados e informações suficientes que permitam a identificação das
oportunidades e potencialidades do mercado.
Na Figura 5, tem-se, então, que a análise do ambiente interno envolve
ações que estão mais próximas do negócio agrícola e que são mais claramente
observadas. De forma geral, essas ações estariam ligadas, num primeiro
momento, à definição das possibilidades do empreendimento, ou seja, aquilo que
se espera conseguir com as decisões tomadas; num segundo momento, as ações
anteriores à produção, ou seja, as providências que devem ser tomadas para a
geração adequada da produção agrícola; e, finalmente, ações posteriores à
produção, que se referem às medidas necessárias à venda desta produção e ao
alcance dos resultados esperados, que se explicitam com a melhoria dos
rendimentos econômicos da atividade.
Em relação ao ambiente externo, este envolve forças que afetam as
decisões do ambiente interno e que são mais difíceis de serem percebidas como
parte integrante do processo. O ambiente externo é composto de quatro forças
25
Relações com
o ambiente
sócio-econômico
Relações com
o ambiente
tecnológico
Expectativas do empreendimento
Ações anteriores à produção
*Época de plantio
*Quantidade a ser plantada
*Tecnologia a ser utilizada
*Custo de produção
*A quem se destina a produção
etc.
Informação
necessária
Produção agrícola
Tomada
de
decisão
Ações posteriores à produção
*Relações com o mercado
*Logística de distribuição
*Estratégia frente à concorrência
*Atendimento ao cliente etc.
Resultados alcançados
( Renda )
Relações com
o ambiente
político/legal
Relações com
o ambiente
ecológico
Figura 5 - Modelo conceitual de planejamento e gerência do processo de comercialização, considerando o ambiente interno e externo do negócio
agrícola.
26
principais: o ambiente sócio-econômico, constituído por fatores que afetam o
poder de compra (renda disponível) e os padrões de gasto do consumidor
(hábitos e preferências); o ambiente tecnológico, que consiste num meio
favorável à criação de novas tecnologias que possibilitam a geração de novas
oportunidades de mercado; o ambiente político, constituído por leis, instituições
governamentais e grupos de pressão que influenciam e limitam as atividades
econômicas dos participantes do mercado; e o ambiente ecológico, que envolve a
utilização dos recursos naturais e a sua forma de exploração que preserve o meio
ambiente e permita a produção agrícola contínua e de qualidade.
A conjugação de esforços no campo das ciências agrárias, economia,
administração, meio ambiente e mercado permite observar mais claramente que a
gestão dos negócios agrícolas sobre o que produzir, quanto produzir, como
produzir, bem como para quem se destina a produção, não está somente
circunscrita a fatores internos da propriedade rural, mas a outros fatores externos
relevantes, como formulação da política econômica e agrícola, condições
climáticas, preservação do meio ambiente, organização da produção e
conhecimento do mercado. Nesse contexto, cada uma das ações realizadas ao
longo do processo está relacionada com as demais. Portanto, o arranjo estratégico
e criativo permitido pelo uso da informação determina, então, as oportunidades
de mercado e a possibilidade de rentabilidade do empreendimento.
A partir dessa visão, procedeu-se à coleta e à posterior análise de dados,
para
identificar
as
relações
entre
informação
de
mercado
agrícola,
comercialização e renda bruta total da atividade hortícola no Distrito Federal.
3.4. Modelo analítico
O método para avaliar os efeitos da informação de mercado agrícola
sobre a comercialização, que possibilite aumento de renda ao setor hortigranjeiro
e que dê sustentação à produção, tomou como base o ponto de vista do usuário
do sistema, neste caso o produtor rural que produz para o mercado.
27
Este estudo procurou fazer uma comparação entre os produtores de
hortigranjeiros do Distrito Federal, que, em razão do acesso a maior volume de
informações, alteraram o processo de comercialização e criaram “novas formas
de trabalho”, aumentando sua competitividade e rentabilidade (por exemplo,
investiram na qualidade e na diversificação da produção), e aqueles produtores
que continuaram a utilizar práticas antigas (por exemplo, não observaram gostos
e preferências do consumidor), as quais não lhes permitiram participação mais
efetiva no mercado, em termos do retorno econômico.
Foram utilizadas, neste estudo, a análise tabular, agregando dados em
números absolutos e relativos, e a análise econométrica, utilizando o modelo de
regressão convencional e o modelo no qual a variável dependente é binária
(modelo logit).
3.4.1. Análise descritiva ou tabular
A análise tabular foi usada para verificar o comportamento de
indicadores selecionados de informação, bem como para determinar as variações
ocorridas nesses indicadores. Dessa forma, obtém-se uma descrição do perfil da
informação utilizada pelos usuários na tomada de decisão, como parte do
processo de comercialização de produtos hortigranjeiros.
3.4.2. Análise econométrica
A análise econométrica utilizada neste estudo foi estruturada em duas
etapas. Na primeira etapa, buscou-se relacionar a renda bruta total da atividade
hortícola, um dos fatores mais importantes de análise do comportamento do
empreendimento agrícola, com a informação de mercado agrícola e outras
características do processo de comercialização. Na segunda etapa, procurou-se
identificar as variáveis que afetam a probabilidade de os produtores disporem de
mais informações de mercado e, portanto, estarem mais aptos a tomar decisões
adequadas à eficiência econômica do negócio agrícola.
28
3.4.2.1. Relação entre renda bruta total e informação
Os modelos de análise de regressão, que utilizam exclusivamente
variáveis independentes qualitativas, podem ser representados da seguinte
forma geral (GUJARATI, 1988):
K
Yi = α0 + ∑ αjDji + ui ,
(2)
j=1
em que Yi = variável dependente; Dji = variáveis independentes qualitativas; αj =
parâmetros estimados; ui = erro aleatório.
Neste estudo, a análise de regressão, utilizando variáveis independentes
dummy, buscou descrever uma situação em que a variação na intensidade da
informação de mercado (variável qualitativa do desempenho da comercialização)
influencia a rentabilidade da atividade. Desse modo, postula-se que a
rentabilidade (renda bruta total) da comercialização de hortigranjeiros é
influenciada pela informação de mercado e por características do processo de
comercialização. O modelo utilizado tem a seguinte forma:
RBi = αo + α1Di + α2NLCi + α3CVi + ui ,
(3)
em que a equação (3) é estimada por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO),
fazendo-se as pressuposições usuais sobre o termo de erro aleatório.
A variável dependente considerada foi a Renda Bruta Total (RB),
definida como renda da venda dos produtos hortigranjeiros, medida em reais por
hectare explorado. Essa variável mede o desempenho econômico da atividade
agrícola comercial. A hipótese assumida é que o produtor que dispõe de maior
volume de informações consiga renda mais satisfatória no seu empreendimento.
As variáveis independentes consideradas foram:
D: É uma variável binária, que assume o valor 1 (um) ou 0 (zero),
relacionada com a probabilidade de os produtores disporem, respectivamente, de
maior ou menor volume de informações. As respostas às questões do
questionário sobre o número de fontes utilizadas, número de meios utilizados e
29
freqüência na comercialização permitiram a classificação dos produtores em dois
grupos de interesse. Um índice que combinou essas variáveis foi definido da
seguinte forma :
IVIi =
INFi + INM i + IFC i
3
, i = 1... 38 produtores
(4)
em que IVIi = Índice do volume de informação, definido pela média dos índices
das variáveis utilizadas; INFi = Índice do número de fontes (local de onde se
origina a informação, por exemplo, Atacadistas, Ceasa, Cimagri, Emater,
Vendedores de insumos, etc.), definido pela razão do número de fontes em
relação a sua média; INMi = Índice do número de meios (forma utilizada para
obtenção da informação, por exemplo, rádio, jornal, revista, televisão,
publicações, etc.), definido pela razão do número de meios em relação a sua
média; IFCi = Índice de freqüência de comercialização (periodicidade de
ocorrência da comercialização, por exemplo, diária, semanal, mensal, etc.),
definido pela razão da freqüência de comercialização em relação a sua média.
O valor estabelecido como limite para a classificação foi a média do
índice calculado (IVI). A variável recebeu o valor 1 (um) quando os produtores
dispunham de maior volume de informações, isto é, acima da média, e 0 (zero),
caso contrário.
NLCi: É uma variável dummy e está relacionada com a estratégia de
comercialização. Espera-se que o produtor que disponha de mais alternativas
para comercializar sua produção (número de locais de comercialização) consiga
renda mais satisfatória do seu negócio. Ela assume o valor 1 (um), se o produtor
utiliza mais de um local para comercializar sua produção, e 0 (zero), caso
contrário.
CVi: É uma variável dummy e está também relacionada com a estratégia
de comercialização. Ela assume o valor 1 (um), se o produtor comercializa com
prazos de pagamento de até uma semana, e 0 (zero), se os prazos são superiores a
uma semana.
ui: Erro aleatório, pressuposto ~ N ( 0, σ2).
30
A hipótese básica do estudo é que a informação guarda relação positiva
com a renda bruta total. Aumentando a disponibilidade atual de informações,
criando oportunidade de acesso e mudando qualitativamente esse recurso,
aperfeiçoa-se a habilidade dos agricultores em tomar decisões que melhorem o
seu desempenho na comercialização da sua produção, aumentando sua renda.
3.4.2.2. Probabilidade de obtenção de informação
Dentre os modelos adequados à análise de variáveis dependentes
qualitativas, destacam-se os modelos logit e probit, que são muito similares na
sua forma. Neste estudo, é utilizada a análise logit, cuja técnica proporciona
simplicidade na estimação empírica do modelo e facilidade no entendimento e na
utilização dos resultados encontrados. Além disso, as estimativas dos parâmetros
são assintoticamente não-viesadas, consistentes e eficientes (PINDYCK e
RUBINFELD, 1991). Ainda como afirma BATTE et alii (1990a), o modelo logit
é de uso mais popular para estudos de economia agrícola.
O modelo logit tem sido usado largamente em análises nas quais a
variável dependente é qualitativa. BATTE et alii (1990a, 1990b) utilizaram-no
em pesquisas cujo objetivo foi a avaliação do uso da informação de mercado
pelos produtores de fruta do estado de Ohio e pelos produtores de grãos do MeioOeste dos Estados Unidos.
Pelo modelo logit, a probabilidade de ocorrência de um evento como
função de variáveis independentes pode ser especificada da seguinte forma geral:
Pi =
1
1+ e
− ( β 1 + β 2 Xi )
.
(5)
Se Pi é a probabilidade de ocorrência de um evento, então (1 - Pi) é a
probabilidade de não-ocorrência.
1 - Pi =
1
1+ e
(β 1 +β 2 Xi )
.
(6)
31
Portanto, pode-se escrever :
Ρi
1 + e β1 + β2 X i
=
1− Ρi 1 + e − ( β1 + β 2 X i )
= e β1 + β 2 X i .
(7)
Tomando-se o logaritmo natural de (7), obtém-se o modelo logit de
probabilidade
L i = ln (
Pi
) = β1 + β2Xi ,
1− Pi
(8)
em que P i = probabilidade de ocorrência do evento considerado; Xi = variáveis
independentes; β = parâmetros a serem estimados; e = base do logaritmo
neperiano.
A variável dependente dessa equação de regressão é o logaritmo da
vantagem relativa de uma particular escolha que seria feita. O modelo logit
assegura que P estará sempre compreendido no intervalo (0, 1), independente
dos valores que β1 + β2Xi possam assumir. Para valores muito altos, P tenderá
para 1 (um) e, para valores muito pequenos, P tenderá para 0 (zero).
Neste modelo, Pi não é observável. Observa-se Y= 1, se o evento ocorre
e Y = 0, caso contrário. Pode-se mostrar que E(Yi) = Pi e que Pi pode ser
estimado com base nas informações de Y binário.
A estimação dos parâmetros do modelo logit é feita pelo método da
máxima verossimilhança. Detalhes sobre esse procedimento foram discutidos por
PINDYCK e RUBINFELD (1991).
O modelo proposto permite identificar os fatores que afetam a
probabilidade de um produtor ser mais informado, relativamente à média do
grupo. Algumas características que determinam a probabilidade de os produtores
disporem de maior volume de informação puderam ser verificadas.
A
variável
dependente
utilizada
no
modelo
representa
a
probabilidade (P) de os produtores disporem de mais informações de mercado
agrícola, relativamente à média dos valores do grupo. Mas esta variável, não
sendo observável, tem a variável Y, que recebeu o valor 1 (um), quando os
32
produtores dispunham de maior volume de informações, isto é, acima da média, e
0 (zero), caso contrário.
As variáveis independentes consideradas foram:
EDU: Representa o nível de instrução dos produtores, que assume o
valor 1 (um) para o nível de instrução acima do primeiro grau e 0 (zero), para
níveis inferiores. A hipótese assumida é que os produtores com maior nível de
instrução teriam maior probabilidade de dispor de maior volume de informações.
EXP: Mede a experiência (em anos) do produtor na comercialização de
produtos hortigranjeiros. Espera-se que maior número de anos dedicado à
atividade estaria associado à maior probabilidade de os produtores disporem de
maior volume de informação.
CP: Diz respeito à credibilidade de profissionais que atuam junto aos
produtores, prestando informações que melhorariam o desempenho da
comercialização. Ela assume o valor 1 (um), se o produtor acredita que as
informações melhorariam o desempenho da comercialização, e 0 (zero), caso
contrário. Tal credibilidade, hipoteticamente, representaria maior probabilidade
de os produtores disporem de mais informações.
TEL: Diz respeito à disponibilidade de telefone na propriedade rural. Ela
assume o valor 1 (um), se o produtor possui telefone na propriedade rural, e 0
(zero), caso contrário. Como hipótese de trabalho, a disponibilidade de telefone
representaria maior probabilidade de os produtores disporem de mais
informações de mercado.
SI: A variável mede o número de produtores que conhecem um serviço
formal de informações de mercado. Assume o valor 1 ( um ), se o produtor
afirma conhecer, e 0 (zero), caso contrário. Presumiu-se que os produtores que
conhecem um serviço de informações teriam maior probabilidade de ter mais
informações de mercado.
AEX: Esta variável mede a área explorada com culturas hortícolas.
Presumiu-se que maiores áreas estariam associadas ao maior volume de produção
e, portanto, ao maior risco na comercialização, em razão do alto nível de
33
perecibilidade e das características de inelasticidade dos produtos agrícolas. A
hipótese assumida é que aumentos na área plantada, sem uma avaliação criteriosa
das possibilidades de comercialização, estariam associados à probabilidade de o
produtor desconhecer o funcionamento do mercado e, portanto, dispor de menor
volume de informações.
34
4 . RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo relatam-se os resultados do estudo. As informações
obtidas permitiram a observação de diversos aspectos relevantes ligados ao
processo de comercialização, conforme poderá ser verificado a seguir. Na
primeira parte, apresenta-se uma análise tabular dos dados, com o objetivo de
caracterizar os produtores de hortigranjeiros do Distrito Federal no que se refere
à produção, comercialização e níveis de informação. Na segunda parte,
apresenta-se uma análise econométrica que busca mostrar a relação entre a renda
bruta total e a variável informação de mercado e a relação entre a probabilidade
de o produtor obter informação de comercialização e variáveis características de
sua exploração.
4.1. Análise descritiva
4.1.1. Caracterização da exploração hortícola no Distrito Federal
A área cultivada com hortigranjeiros no Distrito Federal é de,
aproximadamente, 4.600 ha, com 964 produtores distribuídos em núcleos
35
rurais (Quadro 1), a uma distância média de 40 km do “Plano Piloto”, formando
o chamado “cinturão verde” em torno das áreas urbanas.
A área média explorada pelos produtores entrevistados na região do
Distrito Federal é de 5,4 ha. Como os ciclos culturais são relativamente curtos e
dadas as características de rotatividade e diversificação desse tipo de exploração,
esta área é cultivada 2,2 vezes durante o ano, o que eleva a área efetivamente
explorada para 11,9 ha/ano. Isto caracteriza a horticultura como intensiva na
utilização da terra e, conseqüentemente, intensiva na utilização de insumos e
mão-de-obra, de forma quase ininterrupta, ao longo do ano (Apêndice A).
Observa-se, no Quadro 3, que a área explorada da amostra é ocupada por
grande variedade de culturas, destacando-se a cenoura (89,5 ha), a beterraba
(41,4 ha ), a alface (24,5 ha), o milho verde (25 ha), o repolho (36,2 ha), o tomate
(26,4 ha) e o pimentão (15,6 ha), no grupo das principais. Além destas, existem
outras, secundárias, que ocupam o restante da área, 72,3 ha (16,8%), e que têm
menor expressão em relação às anteriores.
As produtividades variam muito em função da cultura explorada
(sementes/mudas utilizadas; variedades, etc.), época de plantio, fertilidade do
solo, tecnologia utilizada e, principalmente, experiência dos produtores na
administração da atividade (Quadro 4).
A falta de organização do setor, os fatores climáticos e a disponibilidade
de informação são fatores que determinam o excesso ou a escassez de oferta dos
produtos hortigranjeiros em determinados períodos do ano e, conseqüentemente,
as oscilações de preços, o que não difere muito do restante do País. O marcante
do mercado de hortigranjeiros é que a produção e a comercialização ocorrem o
ano inteiro, características essas também observadas por KURIHARA et alii
(1993).
Esses dados revelam e confirmam a necessidade de utilização de uma
tecnologia diferenciada e avançada, aliada ao uso intensivo de insumos,
conhecimentos técnicos e informação de mercado acima da média, tendo em
vista o dinamismo e as exigências da exploração dos produtos hortigranjeiros.
36
Quadro 3 - Espécies hortícolas e áreas exploradas no Distrito Federal - 1996
Culturas
Abóbora-japonesa
Alface
Batata-inglesa
Beterraba
Brócolis
Cenoura
Feijão-verde
Jiló
Milho verde
Morango
Pepino
Pimentão
Repolho
Tomate
Outras
Total
Área explorada
( ha )
N
Porcentagem em
relação à área total (%)
32,00
24,50
20,00
41,40
8,20
89,50
9,70
9,55
25,00
11,50
9,06
15,65
36,20
26,40
72,30
(3,30)
(2,55)
(1,44)
(3,22)
(1,47)
(0,91)
(9,17)
(0,98)
(0,88)
(1,22)
(1,84)
(0,91)
-
1
7
1
14
6
20
5
10
4
10
8
14
17
20
38
7,4
5,7
4,6
9,6
1,9
20,8
2,3
2,2
5,8
2,7
2,1
3,6
8,4
6,1
16,8
430,96
-
-
100,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Obs.: Valores entre parênteses representam os respectivos desvios-padrão.
N - número de observações (com repetição).
37
Quadro 4 - Produtividade observada e preconizada da amostra das principais
espécies hortícolas cultivadas no Distrito Federal, ano agrícola 1996
Culturas
N
Produtividade observada
(ton./ha)
_____________________________________________
Mínima
Abóbora-italiana
Alface
Beterraba
Cenoura
Jiló
Morango
Pepino
Pimentão
Repolho
Tomate
6
7
13
19
10
9
8
13
17
19
5,4
6,3
11,0
14,7
12,8
20,0
16,0
10,0
15,0
24,0
Média
Máxima
7,2
17,5
16,8
21,0
19,2
25,0
24,0
25,0
30,0
50,0
11,3
22,4
25,2
33,6
28,8
30,0
40,0
40,0
48,0
80,0
Produtividade
preconizada
pela E.R.*
( ton./ha )
6
14
20
20
20
25
20
25
30
50
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
8
18
25
25
25
30
30
35
40
60
Fonte: Dados da pesquisa/Emater-DF.
N - número de observações.
*E.R. -Extensão Rural no Distrito Federal.
Por outro lado, a produção de produtos hortigranjeiros apresenta algumas
características que a distinguem das demais atividades agrícolas. Os produtores
exploram áreas pequenas, com vários anos de cultivo (normalmente fazendo
rotação com outras espécies), com níveis de fertilidade de médio a alto, com
declividades
pequenas.
Utilizam
insumos
modernos,
como
corretivos,
fertilizantes, defensivos, irrigação, cobertura plástica, etc. (Quadro 5).
Em geral, os produtores usam a diversificação como estratégia,
plantando, em média, 5,4 culturas/propriedade/ano, basicamente por dois
motivos: garantir melhores oportunidades de mercado e diminuir o risco inerente
às explorações agrícolas, principalmente em se tratando de horticultura, dado o
38
Quadro 5 - Número de anos de exploração, declividade e fertilidade das áreas
exploradas com espécies hortícolas no Distrito Federal - 1996
Núcleo rural
N.o de anos de
exploração da terra
Declividade média
(%)
Fertilidade
média
Alexandre Gusmão
Brazlândia
Ceilândia
Jardim
PAD-DF
Pipiripau
Planaltina
Rio Preto
Sobradinho
Tabatinga
Taquara
Vargem Bonita
25
25
10
10
15
15
20
15
10
15
15
35
2
2
1
1
1
2
2
2
3
2
2
0,5
média/alta
média/alta
média
média
média
média/alta
média/alta
média/alta
média
média/alta
média/alta
alta
Fonte: Emater-DF.
Fertilidade (teor de nutrientes):
Fósforo disponível (ppm): 0-5 (baixo); 6-10 (médio); > 10 (alto).
Potássio disponível (ppm): 0-25 (baixo); 26-50 (médio); >50 (alto).
às explorações agrícolas, principalmente em se tratando de horticultura, dado o
seu alto grau de perecibilidade e dadas as oscilações bruscas de preços.
4.1.2. Canais de comercialização
Em relação aos canais de comercialização, os principais caminhos
percorridos que caracterizam o processo de comercialização dos produtos
hortigranjeiros estão esquematizados na Figura 6. Os círculos da figura
representam as origens, os destinos e os pontos de intermediação do canal. A
39
OEST
PR
INT
CONS
AT
VA
PR - produtores;
INT - intermediários;
AT - atacadistas (Ceasa/Feira de Atacado da Ceilândia);
VA - varejistas (supermercado, sacolão, outros);
CONS - consumidor; OEST - outros estados.
Figura 6 - Diagrama esquemático dos canais de comercialização de produtos
hortigranjeiros, Distrito Federal - 1996.
perecibilidade dos produtos determina canais de comercialização curtos para
reduzir perdas.
O principal destino da produção é a Ceasa, que responde por 47,4%, e os
supermercados, em segundo lugar, com 23,9%. O fluxo de vendas obedece,
basicamente, à seqüência produtor-atacadista-varejista-consumidor. De forma
geral, são os produtores que tomam a iniciativa no processo, dirigindo-se aos
locais de comercialização.
Embora não tenha sido possível quantificar os diversos canais, observouse que a escolha dos produtores está relacionada com o conhecimento disponível
sobre custos e exigências de cada opção. Na entrega a atacadistas, principal
opção, estão envolvidos custos de classificação, padronização e transporte. Na
entrega aos supermercados, além dos custos anteriores, estão envolvidos também
40
custos de promoção e reposição de perdas, razão por que, apesar de
aparentemente mais rentável, esta é uma opção menos utilizada.
Com poucas exceções, verificou-se que os produtores são dependentes
do que ocorre à Ceasa e aos supermercados, para direcionar suas estratégias de
produção e comercialização.
Finalmente, observou-se que a presença do fluxo em direção a outros
estados é uma opção restrita a alguns produtores que dispõem, dentre outros
atributos, de maiores níveis de informação.
4.1.3. Caracterização do perfil dos produtores e dos comerciantes de hortigranjeiros
Os produtores dedicam-se, basicamente, ao plantio de culturas
comerciais. Mantêm cultivos ao longo de todo o ano, e os plantios são,
normalmente, escalonados (plantam em intervalos de tempo diferentes e, ou,
utilizam variedades diferentes), evitando a concentração da colheita em períodos
muito curtos, o que dificultaria a comercialização.
Observou-se, também, que os produtores que estão administrando as
propriedades que exploram a horticultura têm idades na faixa de 30 a 50 anos
(76,3%), baixo nível de escolaridade (73,7% têm até o primeiro grau completo),
e boa experiência na atividade, já que 84,2% têm mais de 10 anos dedicados à
atividade.
Eles têm a atividade agrícola como ocupação principal, o que lhes
permite presença permanente na propriedade, visto que 84,2% são proprietários
das terras que exploram e 15,8% meeiros. Normalmente, não têm um sistema
formal de registros de suas atividades produtivas e administrativas, o que
dificulta em muito a tomada de decisão.
No que se refere às decisões sobre a comercialização da produção, que,
em última instância, definem a rentabilidade da atividade, observa-se que falta
habilidade aos produtores para desempenhar essa função em aspectos básicos,
tais como aproveitamento das potencialidades e oportunidades de mercado
41
(Quadro 6). Parece que há falta de tradição na utilização regular e estruturada de
informações nesta área, relativamente às áreas relacionadas com produção. Os
produtores utilizam o preço como principal referência de mercado.
Quadro 6 - Auto-avaliação dos produtores de hortigranjeiros do Distrito Federal
com relação à habilidade para comercializar a produção - 1996
Especificação
N
Freqüência percentual ( % )
Grande habilidade
14
36,8
Pequena habilidade
24
63,2
Total
38
100,0
Fonte: Dados da pesquisa.
N - número de observações.
No Quadro 7 encontram-se algumas características que distinguem os
produtores de hortigranjeiros no Distrito Federal. Percebe-se que a amostra de
produtores deste estudo é relativamente homogênea. As características analisadas
(idade, experiência... etc.) estão agrupadas entre 58 e 100% de ocorrência para
todos os itens destacados em cada atributo, o que sugeriria, em princípio,
desempenhos gerenciais e econômicos semelhantes. Entretanto, a importância
ponderada de cada uma dessas características é uma função definida para cada
produtor e para cada situação de negócio, ou seja, os produtores poderão tomar
decisões diferentes, mesmo dispondo de condições semelhantes na atividade
42
Quadro 7 - Descrição de algumas características que distinguem os produtores de
hortigranjeiros do Distrito Federal - 1996
Especificação
Telefone
Experiência na atividade
Nível de instrução
Idade
Categoria
Ocupação principal
Local de residência
Atributo
N
%
Na propriedade
Entre 10 e 20 anos
Até o primeiro grau
Entre 30 e 50 anos
Proprietário
Na horticultura
Na propriedade
22
24
28
29
32
38
38
57,9
63,2
73,6
76,3
84,2
100,0
100,0
Fonte : Dados da pesquisa.
N = número de observações com repetição.
agrícola. Essa especificidade torna difícil e arriscada qualquer tentativa de
quantificação de características que são claramente qualitativas.
No Quadro 8 encontram-se os dados relativos à forma de exploração.
Pode-se observar que a estratégia da maioria dos produtores é o plantio de uma
área entre 3 e 4 ha, os quais buscam, por meio da intensidade de exploração e da
diversificação de culturas (até um número que permita eficiência gerencial),
reduzir os riscos de produção e o risco de preço. Mais detalhes encontram-se no
Apêndice A.
Em relação aos atacadistas especializados em produtos hortícolas,
observou-se que eles têm nível médio de escolaridade, considerando-se que
50,0% possuem o primeiro grau completo e 35,7%, segundo grau completo. Têm
ainda boa experiência comercial, tendo em vista que 92,8% possuem mais de seis
anos de prática na atividade.
43
Quadro 8 - Dados relativos à forma de exploração, destacando área média explorada/intensidade de exploração/número de culturas exploradas e produtividade média das culturas hortícolas no Distrito Federal - 1996
Número de vezes
Número de
Produtividade
que a área é
culturas
média
explorada/ano exploradas/ano kg/ha explorado*
Área plantada
N
%
Abaixo de 3 ha
11
28,9
2,1
4,4
23.150,10
Entre 3 e 4 ha
19
50,0
2,5
5,4
23.919,55
Acima de 4 ha
8
21,1
1,9
7
20.990,63
Total
38
100,0
-
-
-
Fonte: Dados da pesquisa.
N - número de observações.
* Produtividade ponderada.
No que se refere às decisões de comercialização, os comerciantes são
muito ágeis, tanto no que diz respeito à compra quanto à venda.
Aproximadamente, 60% do movimento comercial dos atacadistas é realizado
diariamente. Utilizam as informações sobre a oferta da produção, como principal
estratégia para planejar suas intervenções no mercado, em 64,3% dos casos.
Por outro lado, não medem esforços para atender à clientela, mesmo que
isto signifique reduzir, temporariamente, suas margens de lucro e que haja
necessidade de buscar produtos em outras praças, dada a sazonalidade da oferta,
já que consideram o atendimento à demanda fundamental para a sua manutenção
no negócio. Cerca de 30% busca parte dos produtos que são comercializados fora
do Distrito Federal.
Em virtude da grande concorrência e do nível de perdas, que gira em
torno de 20%, segundo informações dos atacadistas, 64,3% desses comerciantes
consideram a lucratividade do negócio relativamente pequena.
44
Eles têm nos supermercados e nos sacolões os seus principais clientes, e
os produtores e intermediários são seus principais fornecedores. Atuam,
principalmente, dentro da Ceasa-DF e na Feira de Atacado de Ceilândia.
Comercializam acima de 300 mil toneladas/ano no Distrito Federal, e o prazo
para acertos financeiros dos produtos adquiridos junto aos fornecedores gira em
torno de sete dias, em 64,3% dos casos.
No varejo, observa-se que os comerciantes que administram os sacolões,
que são estabelecimentos especializados na comercialização de hortigranjeiros,
têm baixo nível de escolaridade, levando em consideração que 66,7% apresentam
até o primeiro grau completo e não dispõem de muita experiência, pois 58,3%
apresentam menos de cinco anos de prática na atividade.
Existe grande rotatividade nesse tipo de comércio, com entrada e saída
freqüente de novos comerciantes, o que, provavelmente, explica a menor
experiência nesse tipo de comércio.
No
que
se
refere
às
decisões
sobre
comercialização,
esses
estabelecimentos atuam como opção de comercialização direta para produtores e
como canal alternativo de atendimento ao consumidor. Adotam uma
especificação menos rígida de classificação e qualidade dos produtos
hortigranjeiros adquiridos, já que têm nos preços o seu maior atrativo.
Os varejistas têm, como fornecedores, os atacadistas, os produtores e os
intermediários, e comercializam em torno de 2.000 a 15.000 kg/semana. O prazo
para acertos financeiros dos produtos adquiridos junto aos fornecedores gira em
torno de sete dias, em 58,3% dos casos.
Já nos supermercados, os gerentes que administram os departamentos de
hortigranjeiros
apresentam
nível
médio
de
escolaridade,
levando
em
consideração que 55,6% têm primeiro grau completo e 44,4% apresentam
segundo grau completo ou superior. Dispõem de boa experiência, pois 55,5%
apresentam mais de seis anos de prática na atividade, sendo que, destes, 33,3%
desenvolvem suas atividades há mais de 10 anos.
No que se refere às decisões tomadas sobre comercialização, esses
estabelecimentos atuam ativamente, aproveitando as oportunidades de mercado.
45
Utilizam as informações sobre preço e qualidade dos produtos como principais
estratégias para planejar suas intervenções no mercado, em 66,7 e 33,3% dos
casos, respectivamente.
Adotam uma especificação mais rígida de classificação e qualidade dos
produtos adquiridos, pois consideram os produtos hortigranjeiros como grande
atrativo na disputa do mercado consumidor. Trabalham com níveis de perdas
inferiores a 10%, utilizando a estratégia de reposição a intervalos curtos. Na
verdade, repassam parte das perdas que teriam.
Embora tenham, como fornecedores, os atacadistas, os produtores e os
intermediários, a preferência é pelos atacadistas, considerando-se o volume, a
variedade e a constância na entrega. Em alguns casos, também atuam através de
centrais de compra. Comercializam em torno 5.000 a 20.000 kg/dia, o que lhes
dá grande poder de negociação. O prazo para acertos financeiros dos produtos
adquiridos junto aos fornecedores gira em torno de 35 dias, em 89% dos casos.
4.1.4. Caracterização da comercialização
A comercialização agrícola consiste no processo de transferência das
matérias-primas agrícolas e de alimentos, desde o produtor até o consumidor.
Para que consiga cumprir essa finalidade, a comercialização deve incluir o
planejamento dos bens e serviços desde antes do início da produção até a venda
ao consumidor.
Nesse contexto, verifica-se que a comercialização de produtos
hortigranjeiros é muito dinâmica. No Quadro 9, observa-se que o maior fluxo de
comércio ocorre com periodicidade semanal. Cerca de 60% dos produtores
utilizam as vendas semanais, principalmente às segundas e às quintas-feiras. Isso
ocorre principalmente em razão da alta perecibilidade da maioria dos produtos
hortícolas, que não sofrem, em geral, nenhum tipo de processamento (exceto
padronização e classificação), o que determina um período muito curto de
comercialização. Essas características reforçam a necessidade de os produtores
46
Quadro 9 - Periodicidade da comercialização dos produtos hortigranjeiros no
Distrito Federal - 1996
Especificação
N
Freqüência percentual (%)
Diariamente
10
26,3
Semanalmente
23
60,5
Outros
5
13,2
Total
38
100,0
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações.
estarem muito bem informados sobre o comportamento do mercado, para
minimizarem tanto as perdas físicas quanto as econômicas.
Outro fato importante são as opções de locais de comercialização. No
Quadro 10 , pode-se verificar que grande parte dos produtores tem a Ceasa como
o principal local de comercialização. Cerca de 47,4% utiliza a Ceasa para escoar
o seu produto, vindo, em segundo lugar, os supermercados, com 23,9%. Essa
constatação reflete a força dos atacadistas no comércio de hortigranjeiros no
Distrito Federal, e está relacionada com o fato de os produtores, de modo geral,
ainda não estarem organizados e devidamente informados para atender às
exigências de qualidade e quantidade exigida pelos supermercados e por outros
canais de comercialização. Portanto, a organização dos produtores, em nível de
oferta, torna-se condição de êxito numa estratégia de desenvolvimento rural.
No que se refere aos prazos de pagamentos, estes variam de acordo com
o local de comercialização e perecibilidade dos produtos. Os produtos mais
perecíveis (folhagem), de modo geral, têm prazos menores. No Quadro 11,
47
Quadro 10 - Principais locais de comercialização dos produtos hortigranjeiros no
Distrito Federal - 1996
Especificação
Ceasa
Supermercado
Sacolão
Feira da Ceilândia
Propriedade rural
Outros
N
%
18
9
7
5
5
7
47,4
23,9
18,4
13,2
13,2
18,4
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações com repetição.
Quadro 11 - Principais condições de pagamento adotadas pelos comerciantes de
produtos hortigranjeiros do Distrito Federal (atacado e varejo) 1996
Atacado
Especificação
Varejo
Supermercados
Sacolões
N
Freq. (%)
N
Freq. (%)
N
Freq. (%)
A vista
1
7,1
-
-
4
33,3
A prazo
Semanal
Quinzenal
Mensal
8
3
2
57,2
21,4
14,3
1
8
11,1
88,9
3
4
1
25,0
33,3
8,4
Total
14
100,0
9
100,0
12
100,0
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações.
48
podem-se observar as estratégias adotadas. Em geral, os atacadistas adotam como
prazo mais comum o período de uma semana, em 57,2% dos casos;
os supermercados têm como prazo mais comum o período de um mês, em 88,9%
dos casos; e, finalmente, os sacolões adotam prazos variados para seus acertos
financeiros.
Nota-se, durante o transcorrer das entrevistas, que a estratégia de
pagamento a prazo, na maioria das vezes, funciona como forma de garantir
freqüência na entrega, já que, a cada nova entrega, é feito o acerto da entrega
anterior. Dessa forma, o produtor tem sempre crédito a receber, ficando, na
maioria das vezes, na dependência do comprador.
Quando se procura observar a situação geral dos produtores, constata-se
que apenas 25% afirmaram efetivamente receber pagamento a vista (com até sete
dias de prazo) da venda de sua produção, enquanto os outros 75% realizam seus
acertos financeiros com prazos mais longos, que variam de 15 a 35 dias.
Por outro lado, analisando o Quadro 12, relativo aos itens que poderiam
potencialmente auxiliar os produtores no processo de comercialização, observase que o sistema de informação aparece como a principal opção. Cerca de 97,4%
dos produtores consideram esta opção como uma forma interessante de apoio à
comercialização; em segundo lugar, aparece a organização da produção, com
68,4%. Esses dados demonstram que os produtores estão começando a mudar sua
visão de integração ao mercado, como forma de diminuir riscos e melhorar a
renda da atividade.
49
Quadro 12 - Principais itens indicados pelos produtores como instrumentos
potenciais de apoio à comercialização de produtos hortigranjeiros
no Distrito Federal - 1996
Especificação
Sistema de informação
Apoio à organização da produção
Eliminação de intermediários
Crédito para comercialização
N
Freqüência percentual (%)
37
26
14
7
97,4
68,4
36,8
18,4
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de produtores com repetição.
4.1.5. Análise dos fatores limitantes à comercialização
De modo geral, dos vários fatores que limitam a comercialização citados
na literatura, observou-se, na amostra deste estudo, que eles podem ser
relacionados principalmente com: a) Pouca informação de mercado; b) Falta de
oportunidade da informação; e c) Avaliação incorreta das informações
disponíveis.
Sendo assim, a identificação desses fatores limitantes torna-se um
poderoso instrumento para se traçarem estratégias que visem reduzir essas
dificuldades e que permitam atuação eficiente no mercado. No Quadro 13,
destaca-se a falta de planejamento da produção em cerca de 84,2% dos casos,
como principal fator limitante à comercialização; em segundo lugar, aparece a
presença eventual no mercado, em 81,6% dos casos. O exame desses fatores
mostra que ineficiências na geração, na transmissão e na análise das informações
resultam na utilização deficiente dos recursos produtivos (por
produzir
50
exemplo,
Quadro 13 - Principais fatores limitantes à comercialização dos produtos hortigranjeiros no Distrito Federal, citados pelos produtores rurais -1996
Especificação
Sim
Falta de planejamento da produção
Presença eventual no mercado
Falta de informação de preço
Desconhecimento do mercado
Dependência do comprador
Quantidade pequena de produção
Custo de produção
Distância do local de comercialização
Não
N
%
N
%
32
31
26
23
22
12
8
7
84,2
81,6
68,4
60,5
57,9
31,6
21,1
18,4
4
5
12
15
16
24
26
28
10,5
13,2
31,6
39,5
42,1
63,2
68,4
73,4
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações com repetição.
fora dos padrões de mercado) e, ou, na perda dos recursos utilizados (por
exemplo, excesso de produção) e, conseqüentemente, em menor receita.
4.1.6. Informação de mercado
A informação de mercado tem importante função no processo de
comercialização, uma vez que proporciona aos produtores maior conhecimento
sobre o comportamento do mercado.
É importante salientar que a percepção sobre a relevância da informação
de mercado mudou muito nos últimos anos, dentre outros motivos em razão das
condições econômicas. Por outro lado, o desenvolvimento da tecnologia da
informática e dos meios de telecomunicação aumentou o potencial de melhoria
da medição, processamento e oportunidade na disseminação da informação.
51
De modo geral, o que se observa é que os produtores têm acesso às
informações de mercado, embora se saiba que elas tendem a ser assimétricas ao
longo dos diversos canais de comercialização, o que torna as relações de mercado
muito complexas. Mesmo assim, cerca de 92% dos produtores afirmaram dispor
de alguma fonte de informação e, pelas características de comercialização dos
produtos hortigranjeiros, com uma freqüência semanal em 97% dos casos.
Entretanto, deve-se destacar que, como o valor, a demanda e a habilidade
na interpretação da informação variam entre os produtores, sistemáticas
diferenças ocorrem no uso das fontes de informação que variam entre fontes
muito informais (contatos pessoais) até fontes altamente formalizadas (sistemas
de informação).
Verifica-se, no Quadro 14, a utilização de variadas fontes formais e
informais, sendo os próprios produtores rurais a principal fonte de informação.
Cerca de 92% dos produtores utilizam esta fonte; em segundo lugar, destacam-se
a Ceasa e os vendedores de insumos, com 65,8%; e, em terceiro, a Emater-DF,
com 57,9%. Vale a pena salientar a pouca importância dada à fonte Cimagri
(fonte formal), com 13,2%, o que pode ser atribuído à falta de tradição na
utilização de sistemas de informação e à ineficiência no processo de divulgação
dos serviços prestados.
Outro fator importante a ser analisado é a relação entre a renda bruta
total da exploração agrícola e a informação de mercado (detalhes no Apêndice
A), representada neste estudo pelo plantio de culturas hortícolas.
Os dados referentes à renda bruta total por hectare explorado
apresentaram diferenças expressivas entre os produtores, diferenças estas
relacionadas com o tipo e intensidade de exploração agrícola e com a habilidade
dos produtores na venda dessa produção, fruto de informações que lhes
permitiram tomar decisões adequadas ao longo de todo o processo de
comercialização.
Observa-se, no Quadro 15, que os produtores que dispuseram de mais
informações de mercado apresentaram maior nível de renda por hectare
52
explorado. A análise da amostra deste estudo mostra que a informação cria
um
Quadro 14 - Principais fontes de informação citadas pelos produtores como
referência à comercialização dos produtos hortigranjeiros no
Distrito Federal - 1996
Especificação
Produtores
Ceasa-DF
Vendedores de insumos
Emater
Atacadistas
Varejistas
Cimagri
Outros
N
Freqüência percentual (%)
35
25
25
22
17
11
5
2
92,1
65,8
65,8
57,9
44,7
28,9
13,1
5,26
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de produtores com repetição.
Quadro 15 - Relação entre volume de informação e renda bruta total/ha - 1996
Volume de informação
Renda bruta total/ha (R$)
N
Produtores com maior volume de informação
11.025,50
(3.187,64)
20
Produtores com menor volume de informação
6.338,50
(3.943,03)
18
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações.
Obs.: 1. Os números entre parênteses são os respectivos desvios-padrão.
2. O volume de informação foi definido no item 3.4.2.1, deste trabalho.
53
diferencial de mercado. Em outras palavras, existe relação positiva entre o
volume de informação e a renda bruta total. Nessas condições, pode-se afirmar
que as informações estão cumprindo sua função no processo de comercialização,
sendo aproveitadas, racionalmente, pelo menos por parte dos produtores da
amostra estudada.
CALDAS (1988), analisando a informação de mercado para pequenos
produtores de algodão do Projeto Jaíba - MG, não achou significância entre esta
variável e a renda, para produtores recém-assentados. Entretanto, este quadro se
modificava, quando comparado aos produtores mais antigos do projeto,
confirmando os resultados deste estudo.
4.1.7. Considerações sobre a Cimagri (Central de Informação de Mercado
Agrícola)
A demanda dos produtores por informações tem aumentado nos últimos
anos, em razão da grande complexidade do mercado. Entretanto, ainda é pequena
a percepção dos produtores para os benefícios que as informações de mercado
podem lhes proporcionar. Relativamente, poucas fontes de informação são vistas
como potencialmente úteis para a tomada de decisões de mercado e,
aparentemente, existe pouca credibilidade nas informações que são geradas.
Percebe-se, no Quadro 16, que a Cimagri - Central de Informação de
Mercado Agrícola, que atua junto aos produtores de hortigranjeiros do Distrito
Federal, é pouco utilizada como referência para decisões sobre comercialização,
já que apenas 13,2% a utilizam. Nesse contexto, verifica-se que a atuação dos
sistemas formais de informação, apesar de todo esforço despendido, ainda
precisa evoluir muito, buscando, mediante um sistema de comunicação mais
atuante e de informações oportunas e atualizadas, despertar nos usuários a
importância da informação como diferencial de mercado.
Outro aspecto relevante na análise da atuação dos sistema de informação
e, em particular, da Cimagri refere-se à sua atuação em sintonia com as
necessidades e desejos dos usuários.
54
Quadro 16 - Nível de informações dos produtores sobre o sistema formal de
informação de mercado agrícola - Cimagri, 1996
Especificação
Conhece
Utiliza
N
%
N
%
Sim
Não
19
19
50,0
50,0
5
33
13,2
86,8
Total
38
100,0
38
100,0
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações.
No Quadro 17, observa-se que as informações mais desejadas diferem
daquelas efetivamente utilizadas, o que pode ser um indicativo da baixa
utilização do sistema pelos usuários. Este é, provavelmente, o maior desafio do
sistema Cimagri e de outros do gênero, que devem buscar oferecer informações
úteis à tomada de decisão na área de mercado, considerando a existência de
variada demanda por tipos de informação.
Na verdade, a avaliação do produtor sobre adequação, desempenho e
utilidade do sistema de informação está muito relacionada com o uso atual que
este faz do sistema. No Quadro 18 , este fato pode ser facilmente observado pelos
produtores que estão utilizando o sistema. Duas análises podem ser feitas. Num
primeiro momento, observa-se que os produtores consideram importante a
atuação do sistema de informação e, num segundo momento, claramente verificase que este ainda está aquém das necessidades e dos desejos desses usuários.
55
Quadro 17 - Principais informações desejadas e efetivamente utilizadas pelos
produtores de hortigranjeiros, como referência para a comercialização no Distrito Federal - 1996
Tipos de informação
Área plantada
Alternativas de mercado
Preços atualizados
Oferta local e de outros estados
Preferências do mercado
Condições climáticas
Desejadas
%
Utilizadas
%
17
12
10
8
4
3
44,7
31,6
26,3
21,0
10,5
7,9
5
18
7
5
3
13,2
47,4
18,4
13,2
7,9
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações com repetição.
Quadro 18 - Avaliação das características das informações prestadas pela
Cimagri aos produtores de hortigranjeiros no Distrito Federal 1996
Muito
Pouco
Especificação
N
%
N
%
Compreensível
Importante
Confiável
Disponível
Freqüente
Suficiente
5
5
4
3
3
2
100,0
100,0
80,0
60,0
60,0
40,0
1
2
2
3
20,0
40,0
40,0
60,0
Fonte: Dados da pesquisa.
N = número de observações.
56
Finalmente, pode-se concluir que, apesar de se estar num momento de
transição, uma fase de aprendizado tanto para quem utiliza quanto para quem
coleta, processa, analisa e distribui a informação, é fato que a comercialização
moderna não pode prescindir desse instrumento, que permite transparência e
agiliza as interações de mercado.
4.2. Análise econométrica
A análise econométrica utilizou o modelo de regressão convencional,
com variáveis independentes qualitativas, relacionando a renda bruta total da
atividade hortícola com as características associadas ao processo de
comercialização e, em particular, à informação de mercado (variável qualitativa),
que tem importante papel no resultado econômico da comercialização.
Posteriormente, utilizando-se o modelo logit (variável dependente categórica),
procurou-se identificar as variáveis que influenciam a probabilidade de os
produtores disporem de maior volume de informações de mercado.
4.2.1. Relação entre renda bruta total e informação
O modelo estimado procurou relacionar a renda bruta total obtida da
atividade hortícola com a informação de mercado agrícola. O sucesso na
comercialização da produção pode ser representado por uma função de variáveis
que relacionam a característica econômica renda bruta total com a informação de
mercado. As variáveis RB, D, NLC, CV, definidas anteriormente, relacionam-se
de acordo com a seguinte equação:
RBi = βο + β1Di + β2NLCi + β3CVi + ui.
(9)
As estimativas dos parâmetros do modelo são apresentadas no Quadro
19.
57
Quadro 19 - Parâmetros do modelo estimado para a relação entre renda bruta
total e informação de mercado
Variável
Coeficiente
Constante
D
NLC
CV
5142,0
4566,4
1541,7
2711,6
t
5,260***
4,161***
1,350*
2,093**
R2 = 0,4065; F = 7,762.
* Significativo a 10%.
** Significativo a 5%.
*** Significativo a 1% (teste unicaudal).
Os resultados apresentados no Quadro 19 mostram que as variáveis D
(volume de informação), NLC (número de locais de comercialização), CV
(condição de venda) são significativas, a 10% ou menos de probabilidade,
apresentam os sinais esperados e estão influenciando, positivamente, a renda
bruta total da atividade dos produtores de hortigranjeiros no Distrito Federal.
O R2 de, aproximadamente, 0,41 sugere que boa parte da variância do
modelo é inexplicada. O resultado é razoável, em razão do pequeno número de
observações e por tratar-se de um corte seccional. O teste F, significativo a 1% ,
atesta a significância do R2.
A variável dummy, relativa ao nível de informação de mercado dos
produtores de hortigranjeiros no Distrito Federal, confirmou a hipótese básica
deste estudo, assumida, inicialmente, pela relação de sua influência sobre a
renda, ou seja, ceteris paribus, produtores com mais informações conseguem
realizar melhor comercialização, obtendo, portanto, maior rentabilidade em suas
atividades. As outras variáveis NLC e CV também confirmaram a hipótese de
sua influência sobre a renda.
58
Em síntese, o modelo estimado confirmou a hipótese, assumida,
anteriormente, a respeito da influência da informação de mercado e das outras
características sobre a renda dos produtores de hortigranjeiros do Distrito
Federal.
4.2.2. Probabilidade de obtenção de informação
O modelo estimado procurou relacionar a probabilidade de os produtores
disporem de mais informações de mercado agrícola com as variáveis EDU, EXP,
TEL, SI, CP, AEX, definidas anteriormente, de acordo com a seguinte relação:
LN (P/1 - P) = αo + α1EDU + α2EXP + α3CP + α4TEL + α5SI + α6AEX,
(10)
sendo as variáveis definidas como: P = probabilidade de os produtores disporem
de mais informações de mercado; 1-P = probabilidade de os produtores disporem
de menos informações de mercado; αj = parâmetros estimados j = 0, 1, ..., 6.
As estimativas dos parâmetros do modelo são apresentadas no Quadro
20.
Os resultados apresentados no Quadro 20 mostram que as variáveis
EDU, EXP, CP, TEL, SI, AEX influenciam, significativamente, a probabilidade
de os produtores disporem de mais informações e também a mudança de
probabilidade com a alteração dessas variáveis.
Aproximadamente, 76% das observações para todos os produtores são
corretamente previstas e todos os parâmetros são estatisticamente significativos,
a 10% ou menos de probabilidade (teste unicaudal ).
Para todos os produtores de hortigranjeiros, a probabilidade de os
produtores disporem de mais informações adequadas às suas necessidades de
comercialização aumenta com o nível educacional . Um aumento no nível
educacional, do nível baixo para o segundo grau, leva a uma mudança de 7,3%
na probabilidade de os produtores disporem de mais informações de mercado
agrícola. Esse parâmetro estimado sugere que os produtores, com adicional nível
59
Quadro 20 - Parâmetros estimados do modelo logit para a disponibilidade de
informação de mercado
Variável
Coeficiente
estimado
Educação (EDU)
Experiência (EXP)
Cred. Profissional (CP)
Telefone (TEL)
Sistema de Informação (SI)
Área explorada (AEX)
Constante
1,8076
0,11056
2,4216
1,7935
1,9838
-0,11934
-5,3013
Teste t
1,5551*
1,7620**
2,2521**
1,7419**
2,0281**
-1,5609*
-2,8349***
Mudança de
probabilidadea
0,0730
0,0045
0,0978
0,0724
0,0801
-0,0054
-
R2 Maddala = 0,3765; R2 McFadden = 0,34145; Predição correta = 76,32%.
a
Mudança de Probabilidade é calculada pela média para as variáveis contínuas, ÁREA
EXPLORADA e EXPERIÊNCIA. A Mudança de Probabilidade para todas as variáveis
binárias é avaliada de 0 a 1.
Obs.: Cálculo de Mudança de Probabilidade => dPi/dXiK = β$ K ( 1 − P$ i ) P$ i
* Significativo a 10%.
** Significativo a 5%.
*** Significativo a 1%, teste unicaudal.
educacional, podem aumentar o entendimento sobre a complexidade do processo
de comercialização e buscar mais e melhores informações, com vistas a diminuir
os riscos inerentes à atividade.
A variável experiência tem sinal positivo e apresenta-se estatisticamente
significante para explicar a probabilidade de os produtores de hortigranjeiros
disporem de mais informações de mercado, necessárias ao processo de
comercialização. Produtores, geralmente, tornam-se mais previdentes com a
experiência e procuram acercar-se de mais informações para aumentar a
probabilidade de sucesso na comercialização. Entretanto, neste estudo, o
resultado na mudança de probabilidade de os produtores disporem de mais
60
informações com o aumento no nível de experiência é de apenas 0,45 %, para
cada ano de experiência.
A variável credibilidade profissional apresentou sinal positivo e foi
estatisticamente significante. A mudança de probabilidade de 9,8% mostrou ser a
característica mais importante para os produtores. Seu nível de significância mais
elevado é, provavelmente, por ser mais relevante para a decisão dos produtores
que, geralmente, dispõem de poucas referências para comercializarem sua
produção.
A disponibilidade de telefone na propriedade rural mostrou-se positiva e
estatisticamente significativa. Uma razoável interpretação é que um instrumento
de comunicação como o telefone “reduz distâncias” e o tempo necessário para
que os agentes de mercado possam interagir, tornando mais transparentes e
dinâmicas as relações de mercado. Neste estudo, a mudança de probabilidade de
os produtores disporem de mais informações com a existência de telefone na
propriedade rural foi de 7,2%.
O conhecimento de um serviço formal de informação de mercado, que
consiste de um conjunto de dados analisados e interpretados sobre o
comportamento e tendências do mercado, mostrou-se positivo e estatisticamente
significativo. A mudança na probabilidade de 8% indica ser esta a segunda
característica mais importante na determinação da possibilidade de os produtores
de hortigranjeiros disporem de mais informações de mercado.
A área explorada, ao longo do ano, com culturas hortícolas mostrou-se
negativa e estatisticamente significativa. O aumento do tamanho da área
explorada diminui em -0,54% a probabilidade de os produtores disporem de mais
informações. A explicação para este fato está relacionada, possivelmente, à
característica de inelasticidade da oferta dos produtos agrícolas. Em particular
neste estudo, por tratar-se de culturas hortícolas com alto grau de perecibilidade,
existe a possibilidade de que um aumento da área plantada, sem uma avaliação
criteriosa das possibilidades de comercialização (geralmente um aspecto que não
é levado em consideração), adicione maiores riscos à comercialização, reduzindo
61
a renda por hectare explorado, como demonstrado no Quadro 21, redução esta
que pode estar relacionada também com a capacidade gerencial dos produtores.
Quadro 21 - Relação entre área média explorada e renda bruta total das culturas
hortícolas no Distrito Federal - 1996
Área explorada
N
%
Renda bruta média/ha
(R$)
Abaixo de 3 ha
11
28,9
10.698,27
Entre 3 e 4 ha
19
50,0
8.707,98
Acima de 4 ha
8
21,1
7.019,77
Fonte: Dados da pesquisa.
N = Número de observações.
Em resumo, o modelo identifica algumas variáveis que potencialmente
influenciam a probabilidade de os produtores disporem de mais informações de
mercado. Os resultados indicaram diferenças no grau de influência que cada uma
das características apresenta, o que permite definir estratégias que busquem
aumentar a disponibilidade de informações.
Os resultados das análises de algumas variáveis destacadas pelos estudos
de BATTE et alii (1990a, 1990b), ao utilizarem o modelo logit, indicaram que a
influência destas na utilização da informação apresentou divergências para as
várias situações de negócio. A variável educação, para os produtores de frutas,
apresentou-se com sinal negativo e significante, a 10%. Essa situação, segundo
os autores, indica a probabilidade de os produtores com níveis mais altos de
62
educação, cientes da complexidade do mercado, estarem avaliando as
informações como pouco adequadas e relutando na utilização de informações que
não apresentavam precisão e confiabilidade. Para os produtores de grãos, a
variável apresentou-se não significativa, sendo, portanto, desconsiderada.
No caso da variável idade, uma proxy para a variável experiência, esta
mostrou-se positiva e significativa, a 10%, para o caso dos produtores de frutas,
indicando, segundo os mesmos autores, que os produtores mais experientes
demandam maior volume de informações. Novamente para os produtores de
grãos, ela não se apresentou significativa.
A credibilidade profissional analisada para os produtores de frutas
apresentou-se positiva, porém não-significativa. Para os produtores de frutas,
com relação às outras variáveis, esta se mostrou menos importante.
Finalmente em relação à variável área explorada, observou-se sinal
negativo e estatisticamente significativo, a 10%, para os produtores de grãos.
Esse resultado indica a probabilidade de maiores riscos à comercialização, com o
aumento do tamanho do negócio agrícola, considerando o acesso desigual às
informações de mercado.
Dessa forma, observa-se que existem semelhanças e divergências nos
resultados encontrados nos trabalhos de BATTE et alii (1990a, 1990b),
comparativamente ao estudo acerca dos produtores de hortigranjeiros do Distrito
Federal. Esse fato tende a ser um indicativo da importância de cada uma dessas
características em relação a cada situação de negócio.
63
5. RESUMO E CONCLUSÕES
O aperfeiçoamento da utilização da informação de mercado é um dos
fatores determinantes na melhoria da comercialização. Para que este
aperfeiçoamento possa existir, é importante que se entenda a informação como
vantagem estratégica e que se desenvolvam mecanismos que promovam melhoria
na coleta, no processamento, na análise e na disseminação das informações de
mercado, os quais estejam identificados com as necessidades dos usuários.
O que se busca, tornando disponível a informação, é oferecer meios que
auxiliem a tomada de decisão de mercado, contribuindo para o aprimoramento
do processo de comercialização dos produtos agrícolas.
A melhoria do processo de comercialização tem importância ímpar, dada
a necessidade de que a atividade agrícola apresente uma lucratividade
conveniente às suas necessidades, ou seja, que permita a remuneração adequada
dos investimentos realizados, para que a produção, ao longo dos anos agrícolas,
possa desenvolver-se para incorporar ganhos por aumento de produtividade e,
com isso, acompanhar o crescimento da demanda.
Essa importância é salientada, também, pela necessidade de organização
da produção, buscando maior equilíbrio entre oferta e demanda dos produtos
agrícolas, para comercializá-los com margem adequada de lucro.
64
Sendo assim, este estudo teve por finalidade básica melhorar o
entendimento sobre a comercialização e analisar o papel da informação de
mercado agrícola na comercialização dos produtos hortigranjeiros no Distrito
Federal, dando ênfase à relação entre informação e renda bruta total da atividade
e às características que determinam a probabilidade de os produtores disporem de
maior volume de informações.
O universo pesquisado restringiu-se aos produtores de hortigranjeiros no
Distrito Federal; portanto, essas conclusões são específicas a este universo.
Este estudo partiu da hipótese de que o produtor com maior volume de
informações de mercado agrícola dispõe de melhores perspectivas para a
comercialização de sua produção, com rendimentos econômicos mais
satisfatórios da sua atividade.
Pelos resultados obtidos mediante análise tabular do modelo de regressão
convencional, com utilização de variáveis independentes qualitativas e do
modelo logit, pode-se concluir que:
• As possibilidades da comercialização dos produtos hortigranjeiros variam em
razão de os produtores disporem de mais ou menos informações de mercado
ao longo dos canais de comercialização. A informação permite que se
visualizem as oportunidades e se desenvolvam estratégias de atuação para a
venda da produção agrícola, a diferentes níveis de lucratividade;
• Muitos usuários não têm acesso às informações mais estruturadas ou não
sabem fazer análises sobre o comportamento do mercado. Portanto, tornar as
informações mais acessíveis, no formato desejado pelos usuários, é um dos
caminhos para possibilitar decisões de mercado mais eficazes;
• A maioria dos produtores faz uso de fontes informais de informação para
comercialização de sua produção. As fontes mais formais são relativamente
pouco utilizadas, dada a pouca percepção da sua utilidade e dada a deficiência
na divulgação;
65
• Os produtores que estão utilizando informações de mercado (mesmo por
mecanismos não-estruturados), e sabem da sua importância, têm conseguido
resultados mais satisfatórios em termos de renda bruta total;
• A perecibilidade dos produtos hortigranjeiros determina a utilização de canais
de comercialização curtos para reduzir perdas. O principal fluxo de vendas
obedece, basicamente, à seqüência produtor/atacadista/varejista/consumidor;
• A maioria dos produtores utiliza a diversificação e o escalonamento de plantio
como estratégias de comercialização. O objetivo é, respectivamente, garantir
melhores oportunidades de mercado e evitar a concentração da colheita em
períodos muito curtos, o que dificultaria a comercialização;
• Existe relação positiva entre volume de informação de mercado e renda bruta
total obtida da atividade hortícola, o que reforça a importância de se
aumentarem os esforços para tornar disponível a informação de mercado;
• Para crescer e melhorar, os Sistemas de Informações de Mercado dependem,
fundamentalmente, da credibilidade, que se manifesta à medida que se consiga
identificar os problemas enfrentados pelos usuários e se conheça o tipo de
informação desejada;
• A informação de mercado é muito desejada, mas ainda é muito pouco utilizada
em virtude do nível cultural, da deficiência na divulgação, da deficiência na
atualização e da falta de credibilidade;
• A Central de Informação de Mercado Agrícola - Cimagri, apesar dos esforços
despendidos, ainda não conseguiu ser uma referência para o produtor
comercializar sua produção.
Esses resultados demonstram que existe grande potencial na utilização da
informação de mercado como suporte para a melhoria do processo de
comercialização. Entretanto, não se pode deixar de reconhecer que os sistemas
formais de informação ainda estão muito distantes da realidade de grande parte
66
dos usuários, já que ainda não são percebidos como ajuda efetiva à tomada de
decisão para a comercialização.
Especificamente sobre a atuação da Cimagri, apesar de falhas, constatase que é uma tentativa válida, visto que pode aumentar a quantidade de
informações de mercado e criar uma fonte relativamente segura de dados. O
importante, portanto, é visualizar o processo como um todo, e o fato concreto é a
existência de um sistema de informação, o que já é um grande avanço. A
utilização da informação como apoio à comercialização encontra-se em plena
evolução nos últimos anos; portanto, um bom sistema de informação de mercado
deve ser dinâmico e ter como meta o equilíbrio sobre o que os usuários gostariam
de obter, com o que eles realmente necessitam e com o que é possível oferecer.
Por outro lado, este estudo, por meio das relações identificadas entre
informação e variáveis que potencialmente influenciam a probabilidade de os
produtores disporem de mais informações, pode contribuir para criar estratégias
mais adequadas à atuação da Cimagri e de outros programas do gênero, os quais
possam contribuir para despertar nos usuários a importância da informação como
diferencial de mercado. Isto implicaria tornar mais ativa a participação do usuário
e reorientar a atuação da Cimagri em termos de trabalhar melhor a quantidade, a
qualidade, a oportunidade e, principalmente, a disseminação da informação de
mercado, para que ela tenha a mesma importância que é dada à difusão do
conhecimento sobre a tecnologia de produção. Para o usuário, é fundamental
estar consciente de que, estando informado, ele pode visualizar as possíveis
oportunidades e ter um posicionamento privilegiado na comercialização. Para o
sistema como um todo, essa percepção melhora sua imagem junto a esses
usuários e permite sua continuidade como instrumento de auxílio à
comercialização.
Finalmente, tais resultados sugerem que estudos futuros possam tentar
identificar se a necessidade de informações de mercado dos produtores de
hortigranjeiros do Distrito Federal está relacionada com o tipo de cultura
explorada e com o volume comercializado. Pode-se pensar, também, na
necessidade de informações para outros segmentos agrícolas e outras regiões do
67
País e na forma como este instrumento pode ajudar a modernizar as relações de
mercado. Uma série de estudos, portanto, pode e deve ser executada para que se
conheçam melhor o processo de comercialização e a potencialidade de uso da
informação.
68
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72
APÊNDICES
APÊNDICE A
DADOS DA EXPLORAÇÃO HORTÍCOLA NO DISTRITO FEDERAL 1996
Quadro 1A - Área média explorada, número de vezes que a área é explorada no
ano, número de culturas exploradas no ano, renda bruta total, renda
bruta por ha explorado, renda bruta da cultura com maior retorno
por ha, renda bruta da cultura com menor retorno por ha - 1996
Propriedade
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Área média
explorada
por ano
4
36
4
11
4
5
8
6
8
3
2
20
5
3
4
N.o de vezes
que a área é
explorada
no ano
1,5
2
2,8
2
3
2
1
1
1,4
1,6
1,9
2,3
1.5
2
2,3
N.o de
culturas
exploradas
no ano
Renda bruta
total
6
3
8
7
3
2
5
6
6
3
6
10
6
8
6
59.530,00
189.600,00
112.200,00
171.600,00
175.800,00
48.000,00
75.500,00
70.000,00
77.600,00
53.050,00
19.820,00
199.650,00
33.525,00
50.632,50
74.620,00
(R$)
Renda bruta
por ha
explorado
(R$)
9.921,67
2.633,33
9.929,20
7.626,67
17.580,00
4.800,00
9.437,50
11.666,67
7.054,55
11.287,23
5.215,79
4.293,55
4.325,81
8.655,13
8.711,63
Renda bruta Renda bruta
da cultura
da cultura
com menor
com maior
retorno (ha) retorno (ha)
20.000,00
6.000,00
78.000,00
30.000,00
54.000,00
5.000,00
30.000,00
22.400,00
25.600.00
20.000.00
12.000,00
7.800,00
7.500,00
60.000,00
21.000,00
2.400,00
600,00
3.200,00
2.500,00
9.600,00
4.500,00
2.500,00
8.400,00
3.600,00
3.900,00
4.000,00
1.400,00
1.600,00
1.500,00
1.800,00
Continua...
74
Quadro 1A, Cont.
Propriedade
Área média
explorada
por ano
N.o de vezes
que a área é
explorada
no ano
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
3
1,5
1,5
2
1
3
2
2
1,5
4,5
4,5
3
1,5
7
4
6
3
10
2
4,5
4,5
7
2,5
3,6
3
2,4
2
2
3
2,4
3
1,8
2
2
4,2
1,8
3,1
2
3
2,4
1.6
2
2,4
2
1,7
3,2
Média
5,38
2,23
N.o de
culturas
exploradas
no ano
Renda bruta
total
4
5
4
4
1
5
6
4
3
7
7
7
7
6
5
5
8
16
4
3
5
5
5
138.740,00
49.320,00
53.150,00
28.590,00
40.000,00
146.350,00
35.916,00
90.600,00
17.430,00
58.200,00
58.100,00
67.015,00
15.030,00
243.900,00
58.540,00
116.700,00
62.590,00
186.720,00
35.800,00
82.000,00
23.120,00
26.480,00
85.500,00
5,45
-
Fonte: Dados da pesquisa.
75
(R$)
Renda bruta
da cultura
com maior
retorno (ha)
Renda bruta
da cultura
com menor
retorno (ha)
12.728,44 31.680,00
10.383,16 19.200,00
14.763,89 76.000,00
7.147,50 12.500,00
20.000,00 20.000,00
15.405,26 26.250,00
7.545,38 19.800,00
15.100,00 32.000,00
6.577,36 64.200,00
6.466,67 32.000,00
6.349,73 80.000,00
5.361,20 10.500,00
5.465,45 19.200,00
11.450,70 100.000,00
7.317,50 16.800,00
6.483,33 14.000,00
8.573,97 30.000,00
11.455,21 21.000,00
14.795,00 32.000,00
7.454,55 30.000,00
2.433,68
3.000,00
2.206,67
4.000,00
10.687,50 30.000,00
4.000,00
2.100,00
4.500,00
3.150,00
20.000,00
3.600,00
500,00
4.500,00
3.000,00
2.000,00
1.500,00
720,00
2.400,00
2.400,00
4.000,00
4.900,00
640,00
1.200,00
7.000,00
4.000,00
1.600,00
960,00
2.000,00
Renda bruta
por ha
explorado
(R$)
5.893,35
-
-
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIOS
QUESTIONÁRIO 1 - DIRIGIDO A PRODUTORES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
PESQUISA
O PAPEL DA INFORMAÇÃO DE MERCADO NO PROCESSO DE
COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA: UMA ANÁLISE DO SETOR DE
HORTIGRANJEIROS DE BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL
Responsável: Renato de Lima Dias
Orientador: Carlos Arthur Barbosa da Silva
Conselheiros: Alberto Martins Resende
Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale
As
informações
contidas
nesta
Pesquisa
serão
usadas,
exclusivamente, para fins acadêmicos e terão caráter estritamente
confidencial.
76
Entrevista com o usuário da Cimagri
Área rural do Distrito Federal
Entrevista N.° ................
Data .............................
Hora ........................
Nome do entrevistador .................................................................................
Nome do revisor...........................................................................................
Data ............................
77
DIRIGIDO A PRODUTORES
I. Dados Pessoais do Produtor
Nome ....................................................................................................................
Sexo ............... Estado Civil ..................... Idade .............. Telefone ....................
Nível de instrução .................................................................................................
Há quanto tempo trabalha com horticultura? .........................................................
Esta é sua ocupação principal? ..............................................................................
Categoria: Proprietário ______; Meeiro ______
Residência: Na propriedade ______; Outros (..................................) _____
Endereço ...............................................................................................................
II. Informações sobre a Propriedade
Nome ....................................................................................................................
Localização ...........................................................................................................
Área da propriedade (ha) ......................................................................................
Área média explorada/ano (ha) .............................................................................
Número de vezes que a mesma área é plantada durante o ano ...............................
Planilha de Rendimento Anual
Cultura
Área (ha) Produção
Preço
R$/unid.
Total
78
Receita
R$
Custo
R$
Margem
Bruta R$
III. Informações de Mercado
1) O(a) Sr.(a) tem acesso a informações de mercado agrícola para a
comercialização de sua produção durante o ano?
(Não: 1; Sim: 2)
_____
(Se sim, especifique a freqüência: semanal - 1; quinzenal
______
- 2; mensal - 3; outros - 4 )
2) Que tipo de informação, relativa à comercialização de sua produção, o(a)
Sr.(a) gostaria de receber, que não está recebendo no momento?
3) Comparado com outros produtores de sua área, como o(a) Sr.(a) considera a
sua habilidade para comercializar a sua produção?
a - Grande habilidade
( )
b - Pequena habilidade
( )
4) Se o(a) Sr.(a) fosse consultar um especialista, quando considerasse mudanças
em sua maneira de fazer a comercialização de sua produção, antes de tomar a
decisão sozinho(a), o(a) Sr.(a) considera que sua confiança na decisão:
a - Não mudaria
( )
b - Aumentaria
( )
5) Que fontes são utilizadas pelo(a) Sr.(a) como referência principal para
comercialização de sua produção?
6) Qual destas fontes são utilizadas pelo(a) Sr.(a) como apoio à comercialização
de sua produção?
(mais raramente - 1; mais freqüentemente: 2)
a - Outro Produtor
( )
b - Cimagri
( )
c - Ceasa-DF
( )
d - Vendedor de insumos
( )
e - Atacadistas
( )
f - Varejistas
( )
g - Emater-DF
( )
h - Outros (especificar) ---------------------------( )
7) Qual das fontes anteriormente citadas é a mais utilizada pelo(a) Sr.(a), como
referência principal para comercialização de sua produção?
79
8) Onde normalmente o(a) Sr.(a) comercializa sua produção (Período de
Safra/Entressafra)?
9) Onde o(a) Sr.(a) acha que conseguiria comercializar sua produção, com
melhor lucratividade, se tivesse acesso a diferentes fontes e, ou, a quantidades
de informações?
(mais raramente - 1; mais freqüentemente - 2)
a - Supermercado
( )
b - Atacadista da Ceasa-DF
( )
c - Feira Livre
( )
d - Mercado varejista
( )
e - Outros (especificar) ---------------------------( )
10) Que informações são utilizadas pelo(a) Sr.(a) como principais referências
para comercialização de sua produção?
11) Quando o(a) Sr.(a) planeja comercializar sua produção, quais dessas
informações são utilizadas como apoio à sua decisão?
a - Preço atual
( )
b - Preços passados
( )
c - Esperança no preço futuro
( )
d - Preferência do mercado (dos consumidores)
( )
e - Outros (especificar) ---------------------------( )
12) Qual das informações citadas anteriormente é a mais utilizada pelo(a) Sr.(a),
como principal referência para comercialização de sua produção?
13) O(a) Sr.(a) considera importante dispor de informação sobre preço do
produto, para tomar decisões sobre a sua comercialização?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Se sim, porquê?
Se
não:
Qual
informação
é
importante?
Especificar
_____________________
Porquê?
14) O(a) Sr.(a) considera importante observar as preferências do consumidor para
planejar todo o processo de comercialização de sua produção?
(Sim - 1; Não - 2)
_____
Porquê?
80
15) Quais meios o(a) Sr.(a) utiliza, em relação às informações de mercado, para
comercialização de sua produção?
16) Quais desses meios o(a) Sr.(a) utiliza para se informar
comercialização de sua produção?
(mais raramente - 1; mais freqüentemente: 2)
a - Revistas especializadas
(
b - Rádio
( )
c - Televisão
(
d - Publicações da Emater-DF
( )
e - Outro Produtor
(
f - Informes da Cimagri
(
g - Publicações da Ceasa-DF
(
h - Outros (especificar) ---------------------------(
sobre a
)
)
)
)
)
)
17) Em que época a informação de mercado é mais importante, de forma a tornar
o processo de comercialização mais eficiente?
(mais raramente - 1; mais freqüentemente - 2)
a - Antes do plantio
( )
b - Na época do plantio
( )
c - Na época da colheita
( )
d - Quando vende o produto
( )
e - Outros (especificar) ---------------------------( )
18) Condições mais comuns de venda da produção:
1 - a vista
2 - a prazo
(se a prazo, especifique: semanal - 1; quinzenal - 2; mensal - 3)
19) Com que freqüência o(a) Sr.(a) comercializa sua produção?
(mais raramente - 1; mais freqüentemente - 2)
a - Diariamente
b - Semanalmente
c - Quinzenalmente
d - Mensalmente
e - Outros (especificar) ----------------------------
______
______
(
(
(
(
(
)
)
)
)
)
20) Que decisões são tomadas pelo(a) Sr.(a) quando os preços dos produtos estão
baixos, considerando a produção atual e a produção futura?
21) Quais dessas decisões o(a) Sr.(a) toma quando o preço do produto está baixo?
81
(mais raramente - 1; mais freqüentemente - 2)
a - Não planta
b - Planta uma área menor
c - Planta a mesma área
d - Aumenta a área plantada
e - Outros (especificar) ----------------------------
(
(
(
(
(
)
)
)
)
)
22) O(a) Sr.(a) encontra dificuldades para comercializar sua produção quando o
mercado é abastecido também com produção de outros estados?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Porquê?
23) O(a) Sr.(a) tem alguma sugestão para resolver este problema? Qual?
Especificar.
24) Quais dessas medidas o(a) Sr.(a) acha que poderia auxiliar na comercialização de seus produtos?
a - Apoio ao associativismo
( )
b - Crédito para comercialização
( )
c - Sistema de informação
( )
d - Eliminação de intermediários
( )
e - Outros (especificar) ---------------------------( )
25) Como o(a) Sr.(a) forma a expectativa de preço, ou seja, os preços que irão
vigorar na futura comercialização de sua produção?
a - Preços passados
( )
b - Tamanho da área plantada
( )
c - Produção de outros estados
( )
d - Condições climáticas
( )
e - Outros (especificar) ---------------------------( )
26) O(a) Sr.(a) recebe assistência técnica na comercialização?
(Não - 1; Sim - 2)
De quem? Especificar.
Com que freqüência? Especificar.
_____
27) Quais são os fatores que mais limitam a comercializar de sua produção?
28) Quais desses fatores são os mais limitantes à comercialização de sua
produção?
82
(mais raramente - 1; mais freqüentemente - 2)
a - Dependência do comprador
b - Falta de informação de preço
c - Falta de conhecimento do mercado
d - Presença eventual no mercado
e - Falta de volume de produção
f - Custo de produção elevado
g - Distância dos centros consumidores
h - Falta de planejamento da produção
i - Outros (especificar ) ________________________
(
(
(
(
(
(
(
(
(
)
)
)
)
)
)
)
)
)
IV. Informações específicas sobre o Cimagri
1) Que tipo de informações o(a) Sr.(a) recebe mais freqüentemente da Cimagri
(diretamente ou pelos técnicos do Serviço de Extensão Rural - Emater)?
2) Qual é o nível de compreensão dessas informações proporcionadas pela
Cimagri?
Pouco compreensível (1)
Muito compreensível (2)
3) Qual a importância dessas informações para auxiliá-lo na comercialização da
sua produção?
Pouco importante (1)
Muito importante (2)
4) As informações da Cimagri são confiáveis na tomada de decisões para vender
a produção?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Porquê?
5) As informações da Cimagri estão disponíveis na ocasião em que o(a) Sr.(a)
precisa?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Com a freqüência (repetição) adequada?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Porquê?
6) As informações recebidas da Cimagri são suficientes para o(a) Sr.(a)
comercializar sua produção?
7) Existem algumas dificuldades que tornam as informações geradas pela
Cimagri de difícil uso?
83
(Não - 1; Sim - 2)
Se sim, quais?
_____
8) O(a) Sr.(a) teria outros comentários sobre as informações prestadas pela
Cimagri?
9) Quais são as sugestões do(a) Sr.(a) para melhorar o trabalho de divulgação das
informações prestadas pela Cimagri?
84
QUESTIONÁRIO 2 - DIRIGIDO A COMERCIANTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
PESQUISA
O PAPEL DA INFORMAÇÃO DE MERCADO NO PROCESSO DE
COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA: UMA ANÁLISE DO SETOR DE
HORTIGRANJEIROS DE BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL
Responsável: Renato de Lima Dias
Orientador: Carlos Arthur Barbosa da Silva
Conselheiros: Alberto Martins Resende
Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale
As
informações
contidas
nesta
Pesquisa
serão
usadas,
exclusivamente, para fins acadêmicos e terão caráter estritamente
confidencial.
Entrevista com o usuário da Cimagri
Área rural do Distrito Federal
Entrevista N.° ................
Data .............................
Hora ........................
Nome do entrevistador .................................................................................
Nome do revisor...........................................................................................
Data ............................
85
DIRIGIDO A COMERCIANTES
I. Dados Pessoais do Entrevistado
Nome ....................................................................................................................
Há quanto tempo trabalha com produtos hortícolas ...............................................
Tipo de comércio ..................................................................................................
Endereço .................................................................................. Telefone .............
Nível de instrução .................................................................................................
II. Avaliação das Fontes de Informação
1) Qual a sua opinião sobre a comercialização de hortigranjeiros no Distrito
Federal?
2) O(a) Sr.(a) considera a comercialização de produtos hortigranjeiros um bom
negócio no Distrito Federal, em relação à lucratividade?
3) Que tipo de informações o(a) Sr.(a) considera importante para se planejarem
as aquisições de produtos hortigranjeiros?
4) Onde o(a) Sr.(a) consegue as informações de que necessita para planejar sua
comercialização?
(fontes formais e informais)
5) Com que freqüência o(a) Sr.(a) realiza as aquisições dos produtos que são
comercializados?
6) Qual a forma de pagamento que o(a) Sr.(a) utiliza para aquisição desses
produtos?
1 - à vista
2 - a prazo
____
(se a prazo, especifique: 1- diária; 2 - semanal; 3 - quinzenal; 4 - mensal) ____
7) Que dificuldades o(a) Sr.(a) encontra para adquirir produtos hortigranjeiros no
Distrito Federal?
8) Quais dessas dificuldades o(a) Sr.(a) encontra para adquirir produtos
hortigranjeiros no Distrito Federal?
86
a - Falta de qualidade
b - Falta de padronização
c - Falta de classificação
d - Freqüência da oferta irregular
e - Outros (especificar) ---------------------------------
(
(
(
)
)
(
(
)
)
)
9) Qual a procedência dos produtos adquirido pelo(a) Sr.(a)?
(Especificar, em ordem de importância, pelo volume de aquisição)
a - Direto do produtor
( )
b - Feira de Ceilândia
( )
c - Ceasa-DF
( )
d - Outros (especificar) ............................
( )
10) O(a) Sr.(a) considera importante dispor de um serviço de informação de
mercado que identifique a oferta de produtos hortigranjeiros? Porquê?
III. Avaliação das Informações Geradas pela Cimagri
1) O(a) Sr.(a) conhece o serviço de Informação de Mercado Agrícola prestado
pela Cimagri no Distrito Federal?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Se sim, utiliza-o? Porquê?
2) Se sim, com que freqüência?
a - diária; b - semanal; c - quinzenal; d - mensal
3) As informações da Cimagri são confiáveis para o(a) Sr.(a) tomar decisões de
compra da produção de hortigranjeiros no Distrito Federal?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Porquê?
87
4) Avalie
as informações prestadas pela Cimagri quanto às seguintes
características:
Sim
Não
Oportunidade
Qualidade
Freqüência
Confiabilidade
Quantidade
Importância
Necessidade
5) Qual é o nível de compreensão das informações proporcionadas pela Cimagri?
Pouco compreensível (1)
Muito compreensível (2)
6) Que tipo de informação o(a) Sr.(a) gostaria de receber, que não está recebendo
no momento, que facilitaria o seu trabalho de comercialização dos produtos
hortigranjeiros no Distrito Federal?
7) Que informações o(a) Sr.(a) gostaria de receber diariamente, semanalmente,
mensalmente e anualmente?
8) Que outras observações o(a) Sr.(a) teria sobre as informações de mercado
prestadas pela Cimagri?
9) Quais as sugestões o(a) Sr.(a) teria para melhorar os serviços prestados pela
Cimagri?
10) O(a) Sr.(a) percebe alguma alteração no processo de comercialização na área
em que comercializa?
(Não - 1; Sim - 2)
_____
Se sim, cite pelo menos duas:
11) Quais são as sugestões do(a) Sr(a) para melhorar o trabalho de divulgação
das informações prestadas pela Cimagri?
88
O Papel da Informação de Mercado na Comercialização Agrícola : Uma
Análise do Setor de Hortigranjeiros do Distrito Federal
Apêndice
Área média explorada, número de vezes que a área é explorada no ano, número
de culturas exploradas no ano, renda bruta total, renda bruta por ha explorado,
renda bruta da cultura com maior retorno por ha, renda bruta da cultura com
menor retorno por ha - 1996
Propriedade Área média
explorada
por ano
N.o de
vezes que
a área é
explorada
no ano
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
4
36
4
11
4
5
8
6
8
3
2
20
5
3
4
3
1,5
1,5
2
1
3
2
2
1,5
4,5
4,5
3
1,5
7
4
6
3
10
2
4,5
4,5
7
2,5
1,5
2
2,8
2
3
2
1
1
1,4
1,6
1,9
2,3
1.5
2
2,3
3,6
3
2,4
2
2
3
2,4
3
1,8
2
2
4,2
1,8
3,1
2
3
2,4
1.6
2
2,4
2
1,7
3,2
Média
5,38
2,23
Fonte: Dados da pesquisa.
N.o de
culturas
exploradas
no ano
Renda
bruta total
6
3
8
7
3
2
5
6
6
3
6
10
6
8
6
4
5
4
4
1
5
6
4
3
7
7
7
7
6
5
5
8
16
4
3
5
5
5
5,45
Renda
bruta por
ha
explorado
(R$)
Renda
bruta da
cultura
com maior
retorno
(ha)
59.530,00
189.600,0
112.200,0
171.600,0
175.800,0
48.000,00
75.500,00
70.000,00
77.600,00
53.050,00
19.820,00
199.650,0
33.525,00
50.632,50
74.620,00
138.740,0
49.320,00
53.150,00
28.590,00
40.000,00
146.350,0
35.916,00
90.600,00
17.430,00
58.200,00
58.100,00
67.015,00
15.030,00
243.900,0
58.540,00
116.700,0
62.590,00
186.720,0
35.800,00
82.000,00
23.120,00
26.480,00
85.500,00
9.921,67
2.633,33
9.929,20
7.626,67
17.580,00
4.800,00
9.437,50
11.666,67
7.054,55
11.287,23
5.215,79
4.293,55
4.325,81
8.655,13
8.711,63
12.728,44
10.383,16
14.763,89
7.147,50
20.000,00
15.405,26
7.545,38
15.100,00
6.577,36
6.466,67
6.349,73
5.361,20
5.465,45
11.450,70
7.317,50
6.483,33
8.573,97
11.455,21
14.795,00
7.454,55
2.433,68
2.206,67
10.687,50
20.000,00 2.400,00
6.000,00
600,00
78.000,00 3.200,00
30.000,00 2.500,00
54.000,00 9.600,00
5.000,00 4.500,00
30.000,00 2.500,00
22.400,00 8.400,00
25.600.00 3.600,00
20.000.00 3.900,00
12.000,00 4.000,00
7.800,00 1.400,00
7.500,00 1.600,00
60.000,00 1.500,00
21.000,00 1.800,00
31.680,00 4.000,00
19.200,00 2.100,00
76.000,00 4.500,00
12.500,00 3.150,00
20.000,00 20.000,00
26.250,00 3.600,00
19.800,00
500,00
32.000,00 4.500,00
64.200,00 3.000,00
32.000,00 2.000,00
80.000,00 1.500,00
10.500,00
720,00
19.200,00 2.400,00
100.000,0 2.400,00
16.800,00 4.000,00
14.000,00 4.900,00
30.000,00
640,00
21.000,00 1.200,00
32.000,00 7.000,00
30.000,00 4.000,00
3.000,00 1.600,00
4.000,00
960,00
30.000,00 2.000,00
-
5.893,35
(R$)
-
Renda
bruta da
cultura
com menor
retorno
(ha)
-
Download

RENATO DE LIMA DIAS O PAPEL DA INFORMAÇÃO DE