Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Gestão Educacional Trabalho de Conclusão de Curso A LIDERANÇA DO GESTOR ESCOLAR E SUA IMPLICAÇÃO NO TRABALHO COLETIVO DA ESCOLA Autor: Márcia Regina Santiago Campos Orientador: Prof. MSc. Juarez Moreira da Silva Junior Brasília - DF 2015 Artigo de autoria de Márcia Regina Santiago Campos, intitulado “A LIDERANÇA DO GESTOR ESCOLAR E SUA IMPLICAÇÃO NO TRABALHO COLETIVO DA ESCOLA”, apresentado como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília, 29 de Junho de 2015, defendida e/ou aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: ____________________________________ Prof. MSc. Juarez Moreira da Silva Junior Orientador Lato Sensu em Gestão Educacional - UCB ____________________________________ Profa. Dra Paula Gomes Examinador Lato Sensu em Gestão Educacional - UCB MÁRCIA REGINA SANTIAGO CAMPOS A LIDERANÇA DO GESTOR ESCOLAR E SUA IMPLICAÇÃO NO TRABALHO COLETIVO DA ESCOLA Artigo apresentado ao Programa de PósGraduação Latu Sensu em Gestão Educacional da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Gestão Educacional. Orientador: Prof. Moreira da Silva Junior Brasília - DF 2015 MSc. Juarez A LIDERANÇA DO GESTOR ESCOLAR E SUA IMPLICAÇÃO NO TRABALHO COLETIVO DA ESCOLA. MÁRCIA REGINA SANTIAGO CAMPOS Resumo: Atualmente os conceitos de liderança deixaram de ser usados apenas em ambientes corporativos, passando a abranger a maioria das instituições que utilizam o trabalho coletivo em seu dia a dia, incluindo o ambiente escolar. Este artigo tem como objetivo compreender como a liderança exercida pelo gestor escolar interfere no trabalho coletivo da escola. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de caráter explicativo, por meio do levantamento bibliográfico sobre o tema em livros, periódicos e sites da internet. O referencial teórico foi organizado a partir de análises de conteúdos relevantes para o estudo. Verificou-se que, o gestor, desenvolvendo corretamente sua liderança, influencia de maneira positiva o trabalho coletivo da escola. Por outro lado, aquela precisa ser exercida de forma a abranger algumas habilidades especiais necessárias ao seu melhor desempenho. Conclui-se que, apesar da dificuldade encontrada no ambiente escolar para o desenvolvimento do trabalho coletivo, o gestor possui papel determinante nesse aspecto à medida que desenvolve positivamente o seu papel de líder. Palavras-chave: Liderança, trabalho coletivo, gestor escolar e líder. THE LEADERSHIP OF THE SCHOOL MANEGER AND ITS IMPLICATION IN THE COLLECTIVE WORK IN SCHOOL MÁRCIA REGINA SANTIAGO CAMPOS ABSTRACT: In contrast with the past, the leadership concepts are been used beyond the corporate environment nowadays, reaching the majority of collective work institutions in his daily activities, including the school environment. This essay has the objective of understand how the leadership of a school manager can interfere in the collective work of a school. The methodology applied was the explanatory research, by the bibliographic review in books, periodicals and internet sites. The referential theory has been organized by the analysis of relevant content for the research. It was observed that the manager, in the correct development of his leadership, has positive influence over the collective work in the school. However, it needs to be exercised in a way to comprehend some special skills to his best performance. In sum, despite of some difficulties in the development of collective work in the school environment, the manager has a key role in this aspect, when he positively develop himself as a leader. Keywords: Leadership; Colletive work; School Manager; Leader 5 1 INTRODUÇÃO É consenso que para gerar melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento das comunidades e a consequente transformação do Brasil em nação desenvolvida, será importantíssimo um salto de qualidade em nossa educação. Para que isso ocorra, são necessárias várias ações que extrapolam mudanças meramente curriculares, de modernização de equipamentos, de recursos didáticos ou de metodologias de ensino. É de suma importância uma nova relação entre a sociedade e as instituições educacionais, um novo significado para educação, para escola e para a aprendizagem. É fundamental que haja uma união entre as forças culturais presentes na escola e a comunidade para ser construído um projeto educacional que contemple essas mudanças. Nesse sentido, Luck (2011, p. 23) destaca que nenhuma ação setorial por si só é adequada e suficiente para promover avanços consistentes, sustentáveis e duradouros no ensino, e que dessa forma apenas consegue promover melhorias localizadas de curto alcance e curta duração. Daí porque a importância da gestão educacional na determinação desse novo destino, uma vez que, a partir de seu enfoque de visão de conjunto e orientação estratégica de futuro, tendo por base a mobilização de pessoas articuladas em equipe, permite articular as ações e estabelecer a devida mobilização para maximizar resultados. Assim, viu-se a necessidade de utilizar, atualmente, nas instituições educacionais (até pouco tempo atrás impensado) os mecanismos, instrumentos e conceitos gerenciais disponíveis nos setores produtivos como forma de promover o desenvolvimento dos conhecimentos e a formação de profissionais entendidos em gestão educacional (gestor escolar) capazes de promoverem as ações necessárias ao desenvolvimento da educação brasileira. Assim, termos como a liderança, passaram a fazer parte, não só de ambientes corporativos, mas também do ambiente educacional. Buscando oferecer uma contribuição ao debate, o tema escolhido para este artigo foi “A liderança do gestor escolar e sua implicação no trabalho coletivo da escola”. Levando em consideração que a liderança abrange os espaços em que o trabalho em grupo precisa ser desenvolvido, este estudo tem por objetivo compreender como a liderança exercida pelo gestor escolar interfere no trabalho coletivo da escola. Assim, estabeleceu-se como problema da pesquisa a seguinte reflexão: Como o gestor escolar desenvolvendo sua liderança pode interferir no trabalho coletivo da escola? A justificativa para o estudo do tema se revela, além do aspecto legal, em sua relevância social na medida em que o trabalho coletivo na escola possa ser mais desenvolvido a partir da postura assumida pelo gestor escolar de líder dentro da instituição educacional, promovendo a melhora na qualidade de ensino. Assim, espera-se que o artigo possa ser uma ferramenta para os gestores atuarem de forma diferenciada, de maneira a contribuir para o debate acerca das dificuldades enfrentadas e das possibilidades de soluções deste desafio, uma vez que se identifica a dificuldade encontrada em ambientes educacionais pra desenvolver o trabalho em grupo, de maneira que as soluções apresentadas possam mostrar-se como alternativas válidas para outros gestores. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de caráter explicativo, por intermédio do levantamento bibliográfico sobre o tema em livros, periódicos e sites 6 da internet. Com isso o referencial teórico foi organizado a partir de análises de conteúdos relevantes para o estudo. Para tanto, fez-se a revisão teórica dos conceitos associados ao tema. A pesquisa utiliza o método explicativo, por meio de técnicas de coleta de dados bibliográficos e documentais. O artigo apresenta-se dividido em três partes: Na primeira, apresenta-se o referencial teórico que fundamenta a investigação, buscando a abordagem dos principais autores sobre o tema liderança e trabalho coletivo. Na segunda, faz-se a análise e discussão dos resultados obtidos, procurando extrair as informações mais relevantes e instrutivas para a vivência prática do tema em estudo. Finalmente, na terceira traz-se um estudo dos principais resultados e de suas consequências e contribuições para aqueles que buscam aprimorar ou desenvolver o trabalho em grupo influenciado pela liderança do gestor escolar. Conclui-se que, apesar da dificuldade encontrada no ambiente escolar para o desenvolvimento do trabalho coletivo, o gestor possui papel determinante nesse aspecto à medida que desenvolve positivamente seu papel de líder. 2 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO GESTÃO E GESTOR ESCOLAR A gestão educacional foi reconhecida como parte fundamental para o desenvolvimento e melhoria da qualidade do ensino tão necessário ao crescimento e desenvolvimento do país como nação desenvolvida. A partir da década de 1990, a gestão educacional ganhou evidência na literatura e aceitação no contexto educacional e vem constituindo-se um conceito comum no discurso de orientação das ações de sistemas de ensino e das escolas. Conforme destaca Luck (2011, p. 35): Gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para a implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas, compromissado com os princípios da democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções própria, no âmbito de suas competências) de participação e compartilhamento (tomada conjunta de decisões e efetivação de resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações) e transparência (demonstração pública de seus processos e resultados). Essa realidade de gestão educacional supera a de administração educacional (muito utilizada na década de 1970) e constrói-se mediante alguns avanços, que delimitam bem as ações dos gestores escolares, refletindo essa tendência baseada nos princípios, principalmente, de democracia. Essa transição de administração para gestão fica bem definida, conforme Luck (2011), nos seguintes aspectos: a) da óptica fragmentada para a óptica organizada pela visão de conjunto; b) da limitação de responsabilidade para sua expansão; c) da centralização da autoridade para a sua descentralização; d) da ação episódica por eventos para o processo dinâmico, contínuo e global; e) da burocratização e hierarquização para a coordenação e horizontalização; e f) da ação individual para a coletiva. 7 A democratização dos processos de gestão da escola vem sendo amparados em suas bases legais como na Constituição Nacional e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9.394/96) que destaca: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Com essa mudança de paradigma de administração para a gestão também mudam a organização e as ações dos dirigentes escolares (os gestores escolares). Sendo assim, Luck (2011, p. 105) destaca como ações dos gestores escolares: direcionar o trabalho que consiste no processo intersubjetivo, exercido mediante liderança, para a mobilização do talento humano coletivamente organizado, para melhor emprego de sua energia e de organização de recursos, visando à realização de objetivos sociais. Ao gestor compete também envolver-se nos processos sob sua orientação, interagindo subjetivamente com os demais participantes, como condição para coordenar e orientar seus processos e alcançar melhores resultados. O gestor deve sempre promover a alteração contínua de ações e processos, para promover o desenvolvimento contínuo. Compete também ao gestor exercer ação de orientação, coordenação, mediação e acompanhamento, sendo sua maior responsabilidade a liderança para a mobilização de processos sociais necessários à promoção de resultados. As ações dos gestores escolares devem ser orientadas pelo princípio da descentralização e da tomada de decisão compartilhada e participativa, sendo a responsabilidade funcional definida a partir de objetivos e resultados esperados com as ações. Para isso, o processo de construção das aptidões cognitivas e atitudinais necessárias ao gestor escolar, segundo Wittmann (2000, p.95), alicerçam-se em três pilares ou eixo de formação: o conhecimento, a comunicação e a historicidade. O conhecimento é o objeto específico do trabalho escolar. Portanto, a compreensão profunda do processo de construção/reconstrução do conhecimento no ato pedagógico é um determinante na formação do gestor escolar. O segundo eixo de sua formação é a competência de interlocução. A competência linguística e a comunicativa são indispensáveis no processo de coordenação, da elaboração, execução e avaliação do projeto político-pedagógico. É fundamental a competência para a obtenção e sistematização de contribuições para que, no processo educativo escolar, a participação seja efetiva pela inclusão das contribuições dos envolvidos. Um gestor escolar tem como um dos fundamentos de sua qualificação o conhecimento do contexto histórico-institucional no qual e para o qual atua. Uma vez adquiridas essas aptidões, segundo Luck (2009, p. 15), o gestor escolar deverá desenvolver algumas competências a saber: 1. Garante o funcionamento pleno da escola como organização social, com o foco na formação de alunos e promoção de sua aprendizagem, mediante o respeito e aplicação das determinações legais nacionais, estaduais e locais, em todas as suas ações e práticas educacionais. 2. Aplica nas práticas de gestão escolar e na orientação dos planos de trabalho e ações promovidas na escola, fundamentos, princípios e diretrizes educacionais consistentes e em acordo com as demandas de aprendizagem e formação de alunos como cidadãos autônomos, críticos e participativos. 3. Promove na escola o sentido de visão social do seu trabalho e elevadas expectativas em relação aos seus resultados educacionais, como condição para garantir qualidade social na formação e aprendizagem dos alunos. 8 4. Define, atualiza e implementa padrões de qualidade para as práticas educacionais escolares, com visão abrangente e de futuro, de acordo com as demandas de formação promovidas pela dinâmica social e econômica do país, do estado e do município. 5. Promove e mantém na escola a integração, coerência e consistência entre todas as dimensões e ações do trabalho educacional, com foco na realização do papel social da escola e qualidade das ações educacionais voltadas para seu principal objetivo: a aprendizagem e formação dos alunos. 6. Promove na escola o sentido de unidade e garante padrões elevados de ensino, orientado por princípios e diretrizes inclusivos, de equidade e respeito à diversidade, de modo que todos os alunos tenham sucesso escolar e se desenvolvam o mais plenamente possível. 7. Articula e engloba as várias dimensões da gestão escolar e das ações educacionais, como condição para garantir a unidade de trabalho e desenvolvimento equilibrado de todos os segmentos da escola, na realização de seus objetivos, segundo uma perspectiva interativa e integradora. 8. Adota em sua atuação de gestão escolar uma visão abrangente de escola, num sistema de gestão escolar e uma orientação interativa, mobilizadora dos talentos e competências dos participantes da comunidade escolar, na promoção de educação de qualidade. O papel do gestor escolar não se resume meramente à administração do estabelecimento de ensino. Cabe a ele também ser um agente responsável por mudanças, para tanto é preciso incorporar esse gestor à modernização. Mudanças rápidas e velozes ocorrem em todos os setores, algumas são mais visíveis, como no caso da área tecnológica, e, precisam ser acompanhadas. É preciso entender que a educação não é uma área inerte, as transformações ocorrem à medida que seu foco - o aluno- interage com o mundo externo. Desse modo, Oliveira (2013) ressalta que o gestor da atualidade deve gerenciar com responsabilidade, motivação, preocupado com a formação continuada de sua equipe, interagindo com a comunidade escolar, atualizando-se e compartilhando conhecimentos. Gerenciar é tarefa de quem está à frente da empresa. A escola é uma empresa, que precisa administrar recursos, possui um grupo técnico (professores), um grupo administrativo e, cujo objetivo é atender e fornecer serviços especializados a sua clientela (alunos). O gestor, como gerente do processo educacional, precisa perceber o ambiente educacional e seus componentes, como uma organização que tem uma missão, um objetivo a ser alcançado e, recursos a serem administrados. O papel do gestor escolar, atualmente mudou muito em relação ao papel anterior de diretor escolar, cabendo-lhe várias atribuições, áreas e dimensões que em conjunto tornam possível a realização dos objetivos educacionais. Ao ter em mente uma visão de conjunto das dimensões de gestão escolar, cabe ao diretor, ao colocá-las em prática de forma integrada e interativa, ter em mente, também em conjunto, os fatores internacionalmente citados como responsáveis pelo sucesso educativo das escolas, segundo Ferrão et al (2001, apud Luck 2009, p. 28), a saber: i) liderança profissional; ii) visão e metas compartilhadas pelos agentes educativos; iii) ambiente de aprendizagem; iv) concentração no processo ensino-aprendizagem; v) ensino estruturado com propósitos claramente definidos; vi) expectativas elevadas; vii) reforço positivo de atitudes; viii) monitoramento do progresso; ix) direitos e deveres dos alunos; x) parceria família-escola; 9 xi) organização orientada à aprendizagem. Assim, liderar e planejar com a participação dos envolvidos no cenário escolar, organizando, dirigindo e controlando todo o processo administrativo, bem como utilizando-se de concepções e ferramentas administrativas e também pedagógicas, devem ser atribuições dos gestores escolares. Visar o alcance dos objetivos e metas deve ser sempre os objetivos do gestor escolar. Nesse sentido, Alonso (2002, p. 23) destaca que: Nunca é demais advertir que o trabalho de gestão não comporta separação das tarefas administrativas e pedagógicas nos moldes em que costuma ocorrer. Mesmo porque, o trabalho administrativo somente ganha sentido a partir das atividades pedagógicas que constituem as atividades-fim, ou propósitos da organização escolar. Assim vista a questão, torna-se inaceitável a divisão, muito frequente, de atribuições em que o diretor responde pelo trabalho administrativo rotineiro, burocrático e de representação, sem qualquer compromisso com o trabalho pedagógico, visto como responsabilidade exclusiva dos professores e especialistas do ensino. Com isso, as responsabilidades do gestor escolar são as mais variadas, pois é de sua responsabilidade as questões pedagógicas, financeiras e administrativas e precisa controlar e coordenar todos os setores do ambiente escolar, compreendendo sua atribuição como gestor, motivador e agente de transformação. Sendo assim, o gestor, na sua figura de líder, deve despertar o potencial de cada componente da instituição, transformando a escola num ambiente de trabalho contínuo, onde todos cooperam, aprendem e ensinam ao mesmo tempo. 2.2 O TRABALHO COLETIVO NA ESCOLA Atualmente, trabalhar coletivamente não é tarefa fácil. Grandes empresas utilizam a habilidade de trabalhar em grupo como parte significativa no processo seletivo de seus funcionários. Na verdade, saber trabalhar em conjunto, é condição necessária para a formação de um cidadão em uma sociedade democrática. No ambiente escolar, o trabalho coletivo constitui preocupação mais recente e nem sempre encontra aceitação por parte dos gestores ou mesmo dos professores que, pelo costume de trabalharem isoladamente, o consideram uma tarefa suplementar. Esta prática individualizada, e mais ainda a individualista e competitiva, empregada em nome da defesa de áreas e territórios específicos, tornam-se negativas para a realização dos objetivos organizacionais e sociais na educação, comportamento esse ainda muito observado em escolas e nos diversos setores de gestão dos sistemas de ensino. Nesse contexto Luck (2011, p. 93) destaca: Na escola, verifica-se o isolamento que professores assumem, em nome de sua autonomia didática, fechando-se em torno de sua turma ou de sua matéria, sem se esforçar por integrar o seu trabalho com os dos demais colegas e sem se esforçar em participar das questões abrangentes da escola, desconsiderando que é necessário trabalho conjunto para que a ação docente seja efetiva. Esse isolamento assumido pelos professores também pode ser observado em outras situações. Segundo Alonso (2003, p.100), a concepção do trabalho docente como atividade isolada e a fragmentação do ensino, em disciplinas ou séries, concorrem para fortalecer a separação, em vez da integração de ações que permitam o desenvolvimento de uma proposta educacional com objetivos comuns. Isso tudo é reforçado pelas características profissionais do professor assumidas no 10 processo de formação e estimuladas pelo ambiente de trabalho e pelo clima predominante na escola. Progressivamente este tipo de comportamento individualista passa a ser superado, uma vez que se desenvolve a compreensão das limitações e até mesmo do caráter pernicioso e nocivo de tais posturas, mediante o entendimento de sua inadequação e da necessidade de uma ação coletiva pela qual, no final, todos saem ganhando, aprimorando-se no exercício da democracia ativa e da socialização como forma de desenvolvimento ao mesmo tempo social e individual, de pessoas individualmente e coletivamente, e das instituições de que fazem parte. Essa transição é sustentada pela consciência do valor de alguns pressupostos, a seguir apresentados por Luck (2011, p. 95): a) o ser humano é um ser social e só se desenvolve plenamente, a partir de sua interação produtiva com as demais pessoas; b) a educação é um processo interativo-social orientado para a formação de pessoas como seres sociais; c) a educação é um processo marcado pela complexidade, por envolver inúmeras dimensões, demandando ação conjunta e articulada; d) a complexidade educacional demanda organizações escolares bem articuladas mediante ação conjunta e colaborativa; e) pessoas atuam de maneira mais feliz e produtiva, e realizam seu potencial, quando o fazem de maneira colaborativa, pela troca e compartilhamento; f) o acolhimento e aproveitamento da pluralidade e diversidade são condições de desenvolvimento pessoal e das organizações; g) uma sociedade democrática se realiza a partir de responsabilidade e práticas de construção conjunta; h) problemas globais e complexos demandam ação conjunta e articulada de pessoas com pluralidade de perspectivas. Além dos fatores destacados anteriormente por Luck (2011), outro fator incentivador do trabalho coletivo na escola diz respeito à democratização dos processos de gestão da escola, como já visto neste trabalho, que sustentam e acentuam a necessidade da ação coletiva compartilhada. Essa descentralização dos processos de organização e tomada de decisões em educação e a consequente construção da autonomia da escola demandam o desenvolvimento de espírito de equipe e noção de gestão compartilhada nas instituições de ensino, em todos os níveis. Por trabalho coletivo entende-se aquele realizado por um grupo de pessoas diretores, coordenadores, professores, funcionários, alunos, membros do Conselho de Escola e demais representantes da comunidade - que têm um compromisso com a causa da democratização da Educação Escolar no País, no Estado, no Município, e que atuam com o objetivo de contribuir para assegurar o acesso do aluno à Escola, sua permanência nela e a melhoria da qualidade de ensino. A esse respeito Ruiz (2008, p.225) destaca: Entende-se por trabalho coletivo e cooperativo na escola, aquele concretizado por um grupo de pessoas diversas (comunidade, alunos, professores, coordenadores, diretores) com um objetivo em comum. O trabalho só é coletivo quando, além de possibilitar a participação da coletividade na elaboração e na formulação de propostas, assim como na sua execução, propicia também a possibilidade de participação na tomada de decisão. É uma forma de trabalho que busca a democratização das relações no interior da escola. Esse trabalho é caracterizado pela articulação da equipe escolar em torno da função social da Escola, sintetizada na tentativa de "democratizar os conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade e construir o novo conhecimento". A realização do trabalho coletivo não supõe apenas a existência de profissionais que atuem lado a lado numa mesma Escola, mas exige educadores que tenham pontos de partida (princípios) e pontos de chegada (objetivos) comuns. 11 Assim, é importante destacar que algumas recomendações são importantes quando se pretende incentivar o trabalho coletivo no ambiente escolar. Essas medidas, segundo Alonso (2003, p. 102) devem ser tomadas pelos gestores escolares. A autora destaca a importância de um ambiente democrático onde as pessoas não se sintam pressionadas ou ameaçadas ao exporem as suas ideias. Outra recomendação é saber ouvir opiniões diferentes e aprender a lidar com a adversidade, necessário ao gestor para o desenvolvimento de uma proposta de trabalho coletivo. Outro ponto apontado foi o de que, os gestores escolares devem favorecer a emergência de lideranças entre os próprios membros do grupo, de forma que as pessoas não se sintam submetidas a alguma autoridade externa, mas, ao contrário, sintam-se livres para pensar e tomar decisões sem nenhuma inibição. A implementação do trabalho coletivo na escola acarreta inúmeras vantagens. Alonso (2003, p. 102) aponta que essas vantagens: Decorrem da utilização do trabalho coletivo como instrumento para os professores; porém, talvez o ponto forte dessa estratégia esteja em permitir que as pessoas aprendam a lidar com as diferenças existentes nos grupos organizados. Conviver com aqueles que pensam e agem de modos diferentes, respeitar suas opiniões e crenças e saber lidar com isso tudo em proveito próprio e do grupo requer o desenvolvimento de competências especiais fundamentais para viver num mundo globalizado repleto de contradições. Na medida em que faz parte das preocupações do professor formar pessoas para viver nessa sociedade, esse exercício poderá proporcionar-lhe a oportunidade de refletir sobre o assunto e descobrir as melhores formas de desenvolver tais competências em seus alunos. De outra parte, ao mesmo tempo em que o professor se torna parceiro dos colegas na busca de soluções para problemas comuns, ele amplia a sua formação e avança em termos de profissionalização. Dessa forma, cabe então ao gestor escolar e sua equipe diretiva desenvolver o ambiente adequado incentivando o trabalho coletivo dentro da unidade escolar, propiciando e usufruindo assim dos benefícios que essa coletividade desencadeia, refletindo principalmente na melhoria da qualidade de ensino ofertado na instituição. 2.3 LIDERANÇA E LÍDER A liderança, como era entendida em tempos passados, apresentava características que não conduzem ao sucesso nos tempos atuais. Aquilo que antes definia a liderança, não se aplica, portanto, ao momento social presente. Diversos setores mudaram e evoluíram por meio de pesquisas e estudos, e o mesmo ocorreu com a liderança. O mito do “líder nato” pertence ao passado e não resiste à moderna pesquisa. Foi perpetuado por aqueles que detinham autoridade hereditária, devido à frequência com que os filhos sucediam os pais, porém esses filhos eram treinados como líderes desde o berço. Nos primórdios da nossa cultura a liderança era necessariamente reservada a poucos. Uma das interrogações mais comuns acerca do tema refere-se à que área pertence o estudo sobre liderança? Segundo Mussak (2009, p.11) há várias: desde a antropologia, a sociologia, a psicologia – enfim, o humanismo de modo geral –, mesmo porque liderança não é cargo. Nas organizações existem cargos de gerente, diretor, supervisor, superintendente, mas não de líder, embora algumas empresas adotem essa denominação. Em princípio, liderança não é cargo, mas uma condição, um comportamento humano. 12 O conceito de liderança é muito complexo e está intimamente ligado ao conceito de líder e ao verbo liderar. Assim, Pigors (apud Beal, 1962 p. 29) comenta: A liderança é um processo de estímulo mútuo, pelo qual, por meio de ações recíprocas bem sucedidas, as diferenças individuais são controladas, e a energia humana que delas deriva, encaminhada em benefício de uma causa comum. Segundo a lógica dessa definição, o líder é a pessoa cujas ideias auxiliam o grupo a orientar-se na direção de seus objetivos. Nesse sentido, fica claro que a liderança deve orientar o grupo em favor de uma causa em comum. Alonso (2003, p. 104) destaca que a liderança possui seus efeitos de forma não tangíveis, que é um processo dinâmico e sempre se reverte em benefícios para o grupo. Comenta ainda que é um trabalho que requer sacrifícios e habilidades especiais, principalmente a capacidade de comunicação interpessoal e de interpretação dos desejos e das aspirações dos membros do grupo. Supõe também a capacidade de superação da diversidade grupal e a formulação de um pensamento comum que engloba as diferenças de pensamentos e aspirações, trazendo para o seu meio novas oportunidades. O líder lidera e não há líderes sem liderados, caracterizando seu principio básico de liderança que é seu caráter relacional. Diante da impossibilidade de considerar a liderança apenas uma função do indivíduo, as atenções se concentram no grupo, onde o líder se encontra em uma posição de proeminência e sobre o qual, conforme visto, exerce influência. Nesse contexto, segundo Penteado (1986, p.8): A descoberta do grupo como unidade de trabalho fez com que sua importância superasse a do indivíduo. Sendo a liderança fenômeno social, e tendo fracassadas as tentativas de caracterizá-la em termos apenas individuais, nada mais natural que se fizessem tentativas de compreendê-la não mais como função individual, e sim como função do grupo. Conceituouse, pois, a liderança mais como estrutura, pois fazia-se evidente que para a maioria dos grupos as relações interindividuais dentro do grupo são determinadas mais pela estrutura do grupo do que pela personalidade dos indivíduos. Compreendendo esse aspecto, a liderança é distribuída, não se concentra em uma única pessoa, mas se desloca de uma pessoa para outra dependendo da situação. A liderança assim compreendida é mais o ato, a estrutura, do que o homem, o individuo. O grupo, em conjunto, exerce a função dinâmica de liderança. Essa mudança na distribuição do poder, segundo Alonso (2003, p. 106) torna expressivo o papel das equipes. Uma equipe no sentido exato do termo distingue-se de um grupo de trabalho designado pelos superiores hierárquicos; ela é autônoma, define seus próprios objetivos e a melhor forma de atingi-los. Assim, fica claro que liderança é a função exercida pelo líder. Segundo Beal (1962), muitos líderes do passado foram chefes militares. A organização em que eles atuam é permanente e tão completamente preparada que os deveres e responsabilidades de cada nível de chefia estão previamente definidos. Com isso, até um indivíduo com poucas qualidades de líder pode trabalhar efetiva e eficientemente. O Líder desse tipo de grupo chama-se líder institucional, permanecendo também hoje em organizações governamentais. Outros tipos de líderes também foram classificados por Beal (1962): o líder chamado de líder passivo, por não despender nenhum esforço de sua parte para liderar, encontrando-se nessa posição apenas por apresentar certas qualidades, aptidões e características muito admiradas. Existe também o líder que se impõe quase inteiramente pelo magnetismo pessoal, é o chamado líder carismático, todas as grandes religiões foram fundadas por líderes desse teor e muitos políticos possuem tal qualidade. E o líder democrático que surge naturalmente no grupo a que pertence e não por atrair seguidores. É inevitável que sempre haja alguém cujas 13 ideias influenciem mais do que as dos outros. Nesse caso surge uma opinião comum de que esses indivíduos estão mais capacitados para o desempenho de certas funções. São líderes verdadeiramente democráticos. Algumas características foram listadas como recorrentes nos líderes, tentando desenhar uma personalidade-padrão pela psicologia. Inúmeros estudiosos apresentaram essas características e serão citadas as fundamentais para o líder moderno, descritas por Macarow (apud Penteado 1986, p. 30): 1) Inspira confiança nos subordinados; 2) Persistência e impulso em direção aos objetivos; 3)Habilidade para comunicar-se sem ser mal interpretado; 4) Disposição para ouvir com atenção: é outra habilidade da comunicação humana; 5) Sincero interesse pelos outros: este interesse deverá concretizar-se através do cuidado pelo bem-estar dos subalternos; 6) compreender as pessoas e as suas reações; 7) Objetividade: os sentimentos próprios e dos outros não devem influenciar demais nas decisões do líder; 8) retidão e sinceridade: Nunca minta a seu grupo. Mais do que qualquer outra habilidade de liderança, um verdadeiro líder deve ser um formador de equipes. Um líder de equipe deve ter uma missão que inspire o grupo. É preciso que o líder seja um visionário (um grande pensador) com planos que transmitam essa missão, o que significa que o líder deve ser um efetivo comunicador. Deve ser uma pessoa que se arrisca e que crie um ambiente de trabalho livre de críticas ásperas quando erros são cometidos. Ressaltando a importância dessas qualidades nos líderes, Bethel (1995, p. 200) destaca: O líder de equipe é sensível a todos os tipos de fatores, incluindo-se o sábio uso do poder, as habilidades de tomada de decisão, a capacidade de manusear e criar a mudança, e, é claro, precisa de um elevado senso ético para estabelecer padrões e comportamento. Sua coragem e compromisso em face das dificuldades podem ser as únicas coisas que mantém sua equipe unida as vezes. Eis porque um líder de equipe é tão importante. Abrange todas as qualidades de um líder. Quando você é um bom líder de equipe, pode formar equipes que se diferenciam. Nesse sentido, Moscovici (1999, p.17) concorda que a liderança de equipe é melhor exercida por pessoas que acreditam que precisam dos outros, para o êxito da missão comum e que contribuem integralmente com a sua parte no trabalho do grupo. Nesse sentido, destaca que pessoas autosuficientes, por mais competentes que sejam para a realização dos objetivos, dificilmente poderão exercer a liderança efetiva de uma equipe. Cita ainda que dificuldades e problemas existem em todas as equipes, porém se o líder encorajar o grupo e desfizer essa sensação de impotência, será restaurado o espirito de sucesso e autoconfiança da equipe. 2.4 LIDERANÇA NO AMBIENTE ESCOLAR Atualmente, os conceitos de liderança deixaram de ser usados apenas em ambientes corporativos, passando a abranger a maioria das instituições que utilizam o trabalho coletivo em seu dia a dia, incluindo dessa forma o ambiente escolar, que possui seu gestor escolar exercendo essa figura de líder dentro da instituição de ensino. Há muito vem se discutindo questões sobre liderança e como ocorre todo esse processo de liderar e ser liderado. Sempre que se estabelece um agrupamento humano, formal ou informal, em qualquer área de atividade, alguém estará liderando o processo em cada momento. A liderança pode ser compartilhada, pode ser alternada, mas nos grupos humanos, mesmo naqueles constituídos de duas 14 pessoas, ela sempre está presente. Portanto, exercer liderança e ser liderado são condições que caracterizam as relações humanas e portando esse processo não pode ser ignorado dentro das instituições de ensino. Nesse sentido, Luck (2014, p. 17) destaca que, todo o trabalho em educação dada sua natureza formadora, implica ação de liderança, que constitui na capacidade de influenciar positivamente pessoas, para que, em conjunto, aprendam, construam conhecimento, desenvolvam competências, realizem projetos, promovam melhoria em alguma condição, e até mesmo divirtam-se juntas de modo construtivo, desenvolvendo as inteligências social e emocional. Os conceitos de liderança e gestão são muito próximos e entendidos como complementares por alguns autores. Segundo Luck (2014, p. 95) a liderança corresponde à capacidade de influenciar pessoas individualmente ou em grupo, de modo que ajam voltadas para a realização de uma tarefa, a efetivação de um resultado, ou o cumprimento de objetivos determinados, de modo voluntário e motivado, a partir do reconhecimento de que fazem parte de uma equipe e que compartilham em comum responsabilidades sociais a que devem atender. Essa influencia na escola é conseguida a partir da mobilização dos membros da comunidade escolar socialmente organizada, em torno das responsabilidades educacionais para garantirem a efetividade do trabalho educacional. O conceito de gestão converge do entendimento proposto sobre liderança, pois compartilham de muitas ideias em comum, uma vez que gestão é indicada como um processo pelo qual se mobiliza e coordena o trabalho humano, coletivamente organizado, de modo que as pessoas em equipe, possam promover resultados desejados. Assim, segundo o programa de formação de gestores a distancia do Cedhap (apud Luck 2014, p. 96), temos o seguinte conceito para gestão escolar: A gestão escolar consiste no processo de mobilização e orientação do talento e esforços coletivos presente na escola, em associação com a organização de recursos e processos para que esta instituição desempenhe de forma efetiva seu papel social e realize seus objetivos educacionais de formação de seus alunos e promoção de aprendizagens significativas. Dessa forma, percebe-se que gestão e liderança apresentam vários elementos importantes e básicos em comum, tornando-os complementares, uma vez que gestão engloba outras atribuições (como, por exemplo, a gestão administrativa e a gestão de resultados) e pressupõe liderança em sua prática. Visto que, destaca Luck (2014, p. 17), todo o trabalho em educação dada sua natureza formadora, implica ação de liderança, que constitui na capacidade de influenciar positivamente pessoas, para que, em conjunto, aprendam, construam conhecimento, desenvolvam competências, realizem projetos, promovam melhoria em alguma condição, e até mesmo divirtam-se juntas de modo construtivo, desenvolvendo as inteligências social e emocional. Nesse sentido, pode-se considerar que a equipe de gestão da escola constitui uma equipe de liderança, cuja atuação necessita ser focada em processos específicos e resultados. LUCK (2014, p. 108) destaca que essa equipe de gestão deve atuar no sentido de: a) Promover e manter um elevado espirito de equipe, a partir de uma visão clara dos objetivos educacionais, missão, visão e valores da escola. b) Alargar os horizontes das pessoas que atuam na escola, a respeito de seu papel e das oportunidades de melhoria e desenvolvimento. c) Estabelecer uma orientação empreendedora e proativa na ação conjunta para a realização dos objetivos educacionais. 15 d) Criar e manter cultura escolar favorável e propícia ao trabalho educacional, à formação dos alunos e sua aprendizagem. e) Motivar e inspirar as pessoas no seu envolvimento em processos socioeducacionais cada vez mais efetivos, no interior da escola e na sua realização com a comunidade. f) Estabelecer e manter elevados nível de expectativas a respeito da educação e da possibilidade de melhoria contínua de seu trabalho e dos bons resultados na promoção da aprendizagem dos alunos e sua formação. g) Dinamizar um processo de comunicação e relacionamento interpessoal aberto, dialógico e reflexivo. h) Orientar, acompanhar e dar feedback ao trabalho dos professores na sala de aula, tendo como foco a aprendizagem. Assim, a equipe atuará no sentido de transformar-se além de equipe gestora, em equipe de liderança de fato. A formação da escola em uma organização de aprendizagem demanda efetiva e clara liderança do diretor escolar em estreita coliderança com seus colaboradores. Portanto, o diretor escolar é líder educacional que mobiliza e orienta a todos os envolvidos da comunidade escolar na facilitação do desenvolvimento de uma visão de conjunto sobre a educação, o papel da escola e de todos nela participantes, na articulação de esforços, no compartilhamento de responsabilidades conjuntas, na formação de uma cultura de aprendizagem, na integridade, na ética e na justiça expressas por equipes de trabalho continuamente acompanhadas, estimuladas e orientadas, segundo LUCK (apud Luck 2009, p. 84). A liderança se expressa como um processo de influência realizado no âmbito da gestão de pessoas e de processos sociais, no sentido de mobilização de talento e esforços, orientados por uma visão clara e abrangente da organização em que se situa e de objetivos que se devam realizar, com a perspectiva da melhoria contínua da própria organização, de seus processos e das pessoas envolvidas. Como destaques básicos do exercício da liderança na escola, LUCK (2009, p.85) aponta: • Disponibilidade em aceitar e expressar no trabalho com pessoas os desafios inerentes ao trabalho educacional, suas dificuldades e limitações, com um olhar para as possibilidades de sua superação. • Estimulação do melhor que existe nas pessoas ao seu redor, a partir de uma perspectiva proativa a respeito das mesmas e de sua atuação. • Clareza a respeito da missão, visão e valores educacionais, assim como da participação das pessoas nessa compreensão e sua expressão em suas ações. • Orientação com perspectiva dinâmica, inovadora e norteada para a melhoria contínua. • Exercício contínuo do diálogo aberto e da capacidade de ouvir. • Construção de oportunidades de participação e orientação para o compartilhamento de responsabilidades. • Cultivo de atitudes que acompanham a expressão de comportamentos de liderança. Duas importantes ramificações da liderança exercida no ambiente escolar merecem destaque, pois legitimam ainda mais o papel de líder do gestor aumentando a sua aceitação, são elas: A liderança compartilhada e a coliderança, exercidas na escola. É importante destacar que será tanto mais efetiva quanto mais disseminada for entre as pessoas que participam da comunidade escolar, pelo exercício da liderança compartilhada (entre todos os membros da comunidade escolar) e da coliderança (entre a equipe de gestão escolar). A liderança compartilhada, segundo LUCK (2009, p. 78) corresponde à prática de tomada de decisão e atuação colegiada por consenso (e não por votação) em que todos os participantes têm espaço e o usam para influenciar os rumos e as 16 condições do desenvolvimento que se pretende promover. Já a coliderança corresponde à atuação articulada de influência sobre os destinos da escola e seu trabalho, de forma planejada e intercomplementar, pelos membros da equipe de gestão da escola, como por exemplo, vice-diretor, coordenador pedagógico, supervisor escolar, orientador educacional e secretário da escola. Sobre essas modalidades de liderança, LUCK (2009, p. 78) orienta: Cabe destacar que a liderança compartilhada e a coliderança, para serem efetivas necessitam ser exercidas a partir do entendimento e orientação baseada na visão e missão da escola, nos seus objetivos formadores e valores orientadores de ação. Isto é, essa liderança se legitima a partir dessa compreensão comum. “Em vista disso, tanto a liderança compartilhada como a coliderança se expressam de forma articulada, a partir dos propósitos comuns, num contínuo processo de diálogo e de mediação”. Dessa forma, para garantir essa articulação e os bons resultados da liderança compartilhada e da coliderança, segundo Lück (apud Luck 2009, p. 78) cabe ao diretor agir no sentido de que elas sejam: i) desenvolvidas mediante a oportunidade do seu exercício, sem receio de perder espaço ou poder; ii) coordenadas, pois a liderança exercida por muitas pessoas sem coordenação pode resultar em uma desorientação, dado o risco de se perder o eixo e o foco central das ações; e iii) responsáveis, uma vez que todos e cada um que atuam na escola devem prestar contas de seus atos, em relação à sua contribuição para o bom funcionamento da escola voltado para a aprendizagem dos alunos. Nesse sentido o gestor precisa ficar atento quanto à maneira correta de delegar lideranças dentro da escola (coliderança), bem como em administrar corretamente a liderança compartilhada, de modo que sejam coordenadas e atinjam sempre os objetivos educacionais com o propósito de desenvolver a aprendizagem dos alunos. 3 METODOLOGIA: A metodologia cientifica utilizada nesta pesquisa bibliográfica de caráter explicativo, que utiliza técnicas de coleta de dados bibliográficos, documental, em sites e artigos científicos. A pesquisa foi realizada no período de Janeiro à Junho de 2015, na qual realizou-se consulta a livros na Biblioteca da Universidade Católica de Brasília (UCB) _ Campus de Taguatinga DF, bibliografias de teóricos especializados na área de estudo, na busca em sites de pesquisa em artigos e periódicos na internet e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9.394/96). Para o desenvolvimento desse trabalho foram utilizados 4 livros da série Cadernos de Gestão da autora Heloísa Lück para a base da pesquisa, além de outros livros da autora e outros autores também, conforme consta nos referenciais bibliográficos. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente trabalho buscou compreender como a liderança exercida pelo gestor escolar pode influenciar no trabalho coletivo da escola. Para isso, foram construídas quatro categorias para discutir os temas que compõe o artigo: Gestor e gestão escolar; 17 4.1 O trabalho coletivo na escola; Liderança e líder e Liderança no ambiente escolar. GESTOR E GESTÃO ESCOLAR Muito material foi encontrado, principalmente em bibliografias e artigos acadêmicos. A gestão escolar, apoiada principalmente na institucionalização da democracia, é caracterizada por um movimento a favor da descentralização e da democratização da gestão das escolas públicas. Movimento esse baseado nas reformas legislativas e que desenvolveu a gestão participativa nas escolas. Segundo Luck et al (2011, p.16): A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior participação de todos os interessados no processo decisório da escola, envolvendo-os também na realização de múltiplas tarefas de gestão. Esta abordagem também amplia a fonte de habilidades e de experiências que podem ser aplicadas na gestão das escolas. Por não haver uma única maneira de se implantar um sistema participativo de gestão escolar, identificamos alguns princípios gerais da abordagem participativa. Nos mais bem sucedidos exemplos de gestão escolar participativa, observou-se que os diretores dedicam uma quantidade considerável de tempo à capacitação profissional e ao desenvolvimento de um sistema de acompanhamento escolar e de experiências pedagógicas caracterizadas pela reflexão ação. Nesse sentido, entende-se que o trabalho educacional, por sua natureza, demanda um trabalho compartilhado, realizado a partir da participação coletiva e integrada de todos os membros das unidades de trabalho envolvidos. Portanto, tal gestão consiste no envolvimento de todos os que fazem parte direta ou indiretamente do processo educacional no estabelecimento de objetivos, na solução de problemas, na tomada de decisões, na proposição de planos de ação, em sua implementação, monitoramento e avaliação, visando os melhores resultados do processo educacional. Em relação ao gestor escolar, destaca-se que atualmente seu papel mudou muito em relação ao papel anterior de diretor escolar, cabendo-lhe várias atribuições, áreas e dimensões que em conjunto tornam possível a realização dos objetivos educacionais. Ao ter em mente uma visão de conjunto das dimensões de gestão escolar, cabe ao diretor, ao colocá-las em prática de forma integrada e interativa, ter em mente, também em conjunto, os fatores internacionalmente citados como responsáveis pelo sucesso educativo das escolas citado por Ferrão et al (2001, apud Luck 2009, p. 28), a saber: i) liderança profissional; ii) visão e metas compartilhadas pelos agentes educativos; iii) ambiente de aprendizagem; iv) concentração no processo ensino-aprendizagem; v) ensino estruturado com propósitos claramente definidos; vi) expectativas elevadas; vii) reforço positivo de atitudes; viii) monitoramento do progresso; ix) direitos e deveres dos alunos; x) parceria família-escola; xi) organização orientada à aprendizagem. 18 4.2 O TRABALHO COLETIVO NA ESCOLA Sabe-se que devido a diversos fatores, mas, principalmente à uma tendência burocrática e centralizadora, a participação e o trabalho coletivo não constituem uma prática comum nas escolas. Porém, a implantação de uma visão renovada de gestão escolar, acarretará a criação desse ambiente participativo nas instituições educacionais. Nesse sentido, LUCK (2009, p.86) destaca que formação de equipe não é um processo simples, que depende apenas da vontade e da intenção de promovê-la. Ela demanda conhecimentos, habilidades e atitudes especiais, mas antes e acima de tudo, o entendimento de que ela é responsabilidade do gestor escolar. Assim, Luck (2011, p. 79) comenta: O trabalho de articulação e desenvolvimento de habilidades e atitudes de participação constitui-se em uma condição fundamental do papel do gestor. Analisar a cultura escolar, seu modo de ser e de fazer, constitui-se em ação constante de gestores para orientá-la adequadamente. Para essa analise, deve-se examinar dentre outros aspectos: Como ocorre a participação dos professores na determinação do currículo, na determinação dos destinos da escola, na proposição e desenvolvimento do projeto pedagógico? Qual a natureza de sua participação? Quem participa desse processo, como e por quê? Qual a frequência dessa participação? Qual a estrutura e a dinâmica do processo participativo? Quais seus aspectos positivos e suas limitações? Como ocorrem as relações e as comunicações interpessoais? Que motivações as orientam? Essas são apenas algumas questões que se pode propor e cujas expressões devem ser analisadas em cada escola, como forma de entender sua dinâmica e superar suas limitações. Com isso, cabe ao diretor escolar ao focalizar desenvolvimentos individuais, fazê-lo de tal modo que esse se torne um conjunto da coletividade e geradores de transformações no grupo como um todo. Para que todos os profissionais que atuam na escola se constituam em uma equipe educacional, Luck (2009, p.87) cita diversas condições necessárias: i) o cultivo do mesmo ideário educacional; ii) o respeito pela legislação, normas e regulamentos educacionais; iii) o entendimento dos objetivos educacionais a nortearem as ações específicas de cada setor ou área de atuação; iv) a adequação de interesses pessoais aos interesses sociais e educacionais; v) a existência de práticas de comunicação, diálogo e relacionamento interpessoal abertos, frequentes e sistemáticas; vi) formação de redes de interação; iv) transformação de progressos individuais em progressos coletivos; viii) dinâmica de grupo equilibrada e diligente; ix) ação interativa com objetivos compartilhados, dentre outros aspectos; x) transformação de desenvolvimentos individuais em desenvolvimento coletivo. Respeitando o desenvolvimento dessas condições, e com a consequente formação de uma equipe educacional, o desenvolvimento do trabalho coletivo será facilitado dentro do ambiente escolar. 19 4.3 LIDERANÇA E LÍDER Os conceitos de liderança e líder são bem próximos e por vezes se confundem, segundo LUCK (2009, p.35), liderança é: O processo de influencia, realizado no âmbito da gestão de pessoas e de processos sociais, no sentido de mobilização de seu talento e esforços, orientado por uma visão clara e abrangente da organização em que se situa e de objetivos que deva realizar, com a perspectiva da melhoria contínua da própria organização, de seus processos e das pessoas envolvidas. Conforme visto, a liderança tem como sua verdadeira essência a influência. O homem que influencia os outros homens no grupo é o seu líder. Assim, Penteado (1986, p. 2) ressalta que essa influência pode manifestar-se sob diversas formas, desde o simples comando (o ato de mandar para que os outros obedeçam) até a complexa inspiração (impulso que leva os homens a fazer ou deixar de fazer alguma coisa que, eles sabem, o líder gostaria que fizessem ou deixassem de fazer). Nesse contexto, Bethel (1995, p. 22) destaca: Liderança é isso: influenciar os outros. Para diferenciarmo-nos e sermos líderes produtivos, precisamos influenciar os outros a pensar e agir, além de seguir. Devemos dar um exemplo que os outros optarão por seguir. E o segredo para conseguir essa escolha é a própria essência da liderança. Nesse sentido, é necessário que haja um objetivo em comum, para o desenvolvimento da liderança. O líder, visto também como o agente da liderança, deve possuir alguns princípios, segundo Montgomery (apud Penteado 1986, p. 28): 1) O líder precisa de uma grande, profunda e genuína sinceridade; 2) O líder deve dedicar-se absolutamente à causa que serve, sem nenhum pensamento de recompensa pessoal ou grandeza; 3) O líder deve ter a habilidade de comandar os acontecimentos à sua maneira – no compasso que ele quer; 4) A capacidade de comando do líder está muito ligada ao poder de tomar decisões, o qual, por sua vez, precisa de um “bocadinho de sorte”; 5) O líder precisa alimentar interesse autentico pelas criaturas humanas, que, no fim das contas, significam a sua matéria prima. Essas características, aliadas à outras, determinam o sucesso do líder frente a seus liderados. 4.4 LIDERANÇA NO AMBIENTE ESCOLAR Um fator crucial para o desenvolvimento da qualidade da escola e da melhoria da aprendizagem dos alunos é a liderança. Como destaques básicos do exercício da liderança na escola, Luck (2009, p. 76) aponta: • Disponibilidade em aceitar e expressar no trabalho com pessoas os desafios inerentes ao trabalho educacional, suas dificuldades e limitações, com um olhar para as possibilidades de sua superação. 20 • Estimulação do melhor que existe nas pessoas ao seu redor, a partir de uma perspectiva proativa a respeito das mesmas e de sua atuação. • Clareza a respeito da missão, visão e valores educacionais, assim como da participação das pessoas nessa compreensão e sua expressão em suas ações. • Orientação com perspectiva dinâmica, inovadora e norteada para a melhoria contínua. • Exercício contínuo do diálogo aberto e da capacidade de ouvir. • Construção de oportunidades de participação e orientação para o compartilhamento de responsabilidades. • Cultivo de atitudes que acompanham a expressão de comportamentos de liderança. Importante destacar que, segundo LUCK (2011, p. 124), como a liderança resulta de um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que devem ser desenvolvidos, é possível e necessário aumentar o controle sobre sua aprendizagem, mediante processos sistemáticos de observação-reflexão-prática, em vez de deixar que essa aprendizagem ocorra ao acaso e espontaneamente. 5 CONCLUSÃO Este artigo cujo título é “A liderança do gestor escolar e sua implicação no trabalho coletivo da escola” teve como problema central compreender como o papel de líder exercido pelo gestor escolar interfere no trabalho coletivo da escola? Para solucionar este problema, lança-se mão do objetivo geral que consistiu em compreender como a liderança exercida pelo gestor escolar interfere no trabalho coletivo da escola. Com base na pesquisa bibliográfica realizada, pode-se observar que os processos de democratização da gestão escolar cada vez mais evidenciam e destacam a participação de toda a comunidade escolar no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Com essa descentralização do poder dentro da escola cada vez mais orientado e necessário, todos os segmentos da comunidade escolar precisam estar preparados e acima de tudo, precisam ser orientados pelo gestor escolar para que trabalhem nesse sentido de equipe e grupo. Como a gestão democrática pressupõe a mobilização e organização das pessoas para atuar coletivamente na promoção de objetivos educacionais, o trabalho dos diretores escolares se assenta sobre sua competência de liderança, que se expressa em sua capacidade de influenciar a atuação de pessoas (professores, funcionários, alunos, pais, outros) para a efetivação desses objetivos e o seu envolvimento na realização das ações educacionais necessárias para sua realização. O trabalho coletivo tão difícil e deficitário em nossas instituições educacionais precisa ser cada vez mais incentivado e praticado pelos agentes gestores. Precisa se tornar uma prática rotineira nas escolas, uma vez que todas as orientações atuais convergem nesse sentido e as práticas centralizadoras já não possuem mais espaços nos ambientes escolares. Ambientes esses promotores de cidadãos mais comprometidos e formadores de opiniões que necessitam, bem como toda a comunidade escolar, de participação efetiva em todas as decisões da escola. Nesse sentido observa-se que atualmente o trabalho dos gestores escolares deve-se basear em sua capacidade de liderança, ou seja, de influência na atuação da comunidade escolar (professores, funcionários, alunos, pais), para a efetivação dos objetivos educacionais propostos pela escola. Haja vista que a gestão se 21 constitui em um processo de mobilização e organização do talento humano para atuar coletivamente na promoção dos objetivos educacionais. Com isso, fica claro que para todos que atuam com educação cabe o exercício de liderança pelos preceitos da liderança compartilhada e da coliderança em seus contextos específicos de trabalho. Levando-se em consideração que a educação é um processo social, qualquer trabalho na escola deve ser considerado segundo essa dimensão, da qual a liderança é um processo imanente. Pode-se dizer que o sucesso de todos e cada um está diretamente ligado a essa competência de liderança dos participantes da comunidade escolar. Contudo, pode-se afirmar que, a liderança constitui-se uma dimensão fundamental da gestão escolar. Tendo em vista que, sem o seu exercício, as ações do dirigente escolar se reduzem à dimensão administrativa do seu trabalho, de efeitos limitados e sem orientação para o necessário desenvolvimento e transformações pelas quais as escolas devem passar, para continuarem a desempenhar seu papel educacional em uma sociedade que sofre mudanças radicais continuamente e cuja dinâmica se acentua cada vez mais. Assim, conclui-se que, o exercício da liderança é fundamental ao processo educacional, de modo que possa superar sua tendência reprodutivista que limita enormemente a qualidade do ensino. A mobilização das pessoas para aprenderem em conjunto, vislumbrarem novos horizontes e novas práticas educacionais, desenvolverem o espírito de realização e entusiasmo, como parte da alegria de aprender e ensinar. Uma vez que o gestor escolar consegue estabelecer o incentivo e essa prática de grupo dentro da instituição de ensino, naturalmente ele deve desempenhar um papel de liderança, proporcionando assim o desenvolvimento do trabalho coletivo de fato dentro da escola. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALONSO, Myrtes. O Trabalho Coletivo na Escola. In: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Formação de Gestores Escolares para a Utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação. PUC-SP, 2002. p. 23-28. ALONSO, Mirtes et al. Gestão educacional e tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003. 164p. CORTELLA, Mario Sergio; MUSSAK, Eugenio. Liderança em foco. Campinas-SP: Papiros 7 Mares, 2009. BEAL, George M. et al. Liderança e dinâmica de grupo. Iowa-USA: Copyright, 1962. BETHEL, Sheila Murray. Qualidades que fazem de você um líder. São Paulo: Makron Books, 1995. 273p. BRASIL. Lei n° 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 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