Benchmarking na empresa Vitivinícola Proposta de Aplicação na Península de Setúbal Wine Business – Trabalho Individual Gestão Vitivinícola David Garrido Vaz Martins Rego Docentes: Professor Francisco Gomes da Silva Professor Manuel Belo Moreira SANTARÉM 2011 Wine Business – Gestão Vitivinícola David Rego ÍNDICE 1 – Introdução e Objectivos 3 2 – Vitivinicultura da Península de Setúbal 3 3 – Benchmarking: Definição e Objectivos 4 4 – Enquadramento e Proposta de Aplicação 5 5 – Conclusões 6 6 – Bibliografia 8 2 Wine Business – Gestão Vitivinícola David Rego 1 – Introdução e Objectivos A crescente globalização dos mercados permitiu uma maior aproximação de produtos, práticas e soluções tecnológicas que, nos diversos contextos alertam para a possibilidade de maior inovação e optimização dos recursos disponíveis. Esta realidade, torna indispensável que o empresário vitícola assuma uma postura de constante procura de competitividade, sob pena de ser pulverizado. Esta perspectiva de vital importância da gestão, enaltece a necessidade do gestor vitivinícola ter uma noção objectiva do seu posicionamento relativamente aos seus pares, numa óptica concorrencial que permita reflectir esse exercício comparativo na maximização dos seus indicadores, como por exemplo a Margem de Contribuição, Margem Bruta ou a Produtividade (Ferreira, 2010). O empresário agrícola deve conseguir reduzir os níveis de custo da sua produção e/ou optimizar os seus proveitos, de forma a maximizar o seu lucro e assim, ser competitivo no mesmo mercado. Este trabalho pretende apresentar uma proposta para aplicação de técnicas de benchmarking na gestão vitivinícola, enquanto ferramenta de apoio à tomada de decisão de produtores de uva na região da Península de Setúbal. 2 – Vitivinicultura da Península de Setúbal A Península de Setúbal estende-se por uma área de 1519 km2, podendo subdividir-se, do ponto de vista agrícola/vitícola em 2 manchas bem distintas. Uma zona de maior relevo onde predominam os solos argilocalcários e uma outra zona plana, onde predominam os solos de tipo arenoso, com variação altimétrica de 30 a 100m, representando esta zona cerca de 80% da área de vinha da Península (Fortuna et al., 2001). É sobre esta última que incidiremos, pois tanto a planura como o solo de tipo arenoso oferecem vantagens decisivas para a mecanização integral 3 Wine Business – Gestão Vitivinícola David Rego das operações culturais da vinha, permitindo alcançar custos de produção altamente competitivos à escala nacional e internacional. De acordo com dados do Anuário do IVV (1) encontravam-se na região 502 agentes económicos inscritos no Instituto da Vinha e do Vinho, considerados como activos. A área média por exploração é de aproximadamente 6 ha, sendo a região que apresenta maior valor médio de área/exploração no território nacional (alterna com Alentejo). Para fazer face às crescentes exigências técnicas da viticultura, foi criada em 1984, a Associação de Viticultores do Concelho de Palmela (AVIPE), cuja função de base visa o apoio técnico continuado dos seus associados. Em Março de 2011, de acordo com dados da AVIPE, a sua estrutura de associados activos, contabiliza um valor superior a 150 viticultores, com uma idade média aproximada de 45 anos, e uma área de exploração média de 18,5ha. 3 – Benchmarking: Definição e Objectivos Desde sempre as organizações e associações procuraram estudar a sua concorrência, com o propósito de adquirir conhecimento sobre a forma como realizavam as suas operações e produtos, ou para poderem comparar os seus indicadores (estrutura de custos, produtividade, horas de trabalho, entre outros). Estas análises eram efectuadas numa base de secretismo (Mesquita, 1999). O Benchmarking pode ser descrito como “um processo ou técnica de gestão através do qual as empresas ou organizações avaliam o desempenho dos seus processos, sistemas e procedimentos de gestão comparando-o com os melhores desempenhos encontrados noutras organizações.” (2) No Benchmarking a comparação e avaliação constituem um meio para apoiar o processo contínuo de melhoria, constituindo-se como uma forma de aprendizagem através da procura constante das melhores práticas e procedimentos. O exercício processa-se através da análise comparativa 4 Wine Business – Gestão Vitivinícola David Rego de resultados, definição de pontos críticos, recomendações e sua respectiva implementação. Os resultados devem ser traduzidos em indicadores que ilustrem a estratégia da empresa, sendo o seu objectivo a prossecução de vantagens competitivas. Desta forma o processo de Benchmarking conduz a dois tipos de resultados (Watson, 1995 cit in Ferreira, 2005): • Os benchmarks que são medidas de referência para o desempenho comparativo. • As melhores práticas (enablers) que são os métodos ou práticas de excelência que resultam em desempenhos superiores. 4 – Enquadramento e Proposta de Aplicação Contactada pelo autor deste trabalho, a AVIPE, através do seu corpo técnico, reconhece que a crescente melhoria de apoio aos seus associados deve passar também pelo fornecimento de orientações e informações que contribuam para a melhoria da gestão das explorações, facilitando as tomadas de decisão. Tendo já projectos no domínio da gestão em fase de candidatura, a presente proposta de aplicação de técnicas de benchmarking reveste-se de interesse sinérgico para esta Associação. Um formato exequível pode passar pela implementação de uma plataforma de dados suportada por software próprio (já existente na associação), onde deverão ser descarregados os dados pré-determinados pela AVIPE. Este tipo de formato foi testado por Ferreira, 2010 produzindo informação útil e de interpretação relevante. Esta plataforma deverá funcionar como uma ferramenta acessível para o gestor/empresário, permitindo de forma simples e instantânea, visualizar as suas actividades numa perspectiva comparativa com as dos melhores 5 Wine Business – Gestão Vitivinícola David Rego e entender quais os factores críticos onde poderá intervir para também se posicionar numa posição de topo. A qualidade da informação que é gerida na plataforma é um factor crítico, ficando o sucesso deste modelo dependente do compromisso e da sensibilidade dos agentes económicos em introduzir informação fidedigna, que possa gerar indicadores credíveis. Na análise comparativa dos resultados de diferentes produtores de arroz Ferreira P. (2010) considerou como indicadores claros e de fácil interpretação Margem de Contribuição (Total de Receitas – Total de Custos), Margem Bruta (Total Receitas – Custos Variáveis), Custos (Fixos e Variáveis), Receitas (Vendas e Ajudas) e a Produtividade. Uma vez definidos os indicadores devem ser criados critérios de ranking que, em função do critério de análise do utilizador permita uma seriação dos resultados e assim a aferição da actividade referência. Uma actividade de referência traduz o melhor resultado para cada indicador, representando a melhor meta a atingir em determinado momento. Este tipo de plataforma de informação visa apoiar os vitivinicultores da Península de Setúbal no domínio da gestão, permitindo um elevado apuramento e segmentação dos custos e receitas resultantes das diversas actividades. Esta abordagem deve possibilitar um melhor planeamento da actividade agrícola assim como uma constante e progressiva racionalização dos recursos utilizados, revertendo numa maior rentabilidade para o agricultor. 5 – Conclusões O fortalecimento do tecido empresarial, o reforço da capacidade agregadora e associativista, bem como o desenvolvimento de uma maior atitude empresarial, devem estar permanentemente associados a este tipo de abordagem sistemática. 6 Wine Business – Gestão Vitivinícola David Rego O utilizador pode recorrer à análise comparativa com outras actividades, como pode efectuar uma análise interna da sua estrutura de custos, retirando ilacções sobre a performance dos diversos sectores (ex: Talhão A mais rentável que Talhão B). Em análise com a AVIPE foi possível concluir que, para se tornar exequível, este tipo de plataforma deveria iniciar-se com um grupo piloto de produtores, extendendo-se aos restantes numa 2ª fase. Para que este instrumento possa ter sucesso no apoio a tomada de decisão, cada utilizador tem de estar bem ciente do volume de informação que deve facultar de forma continuada, pelo que se assume que numa 1ª fase apenas alguns associados deverão reunir as devidas condições para o efeito. A informação que é produzida deve cumprir determinados pressupostos para que possa permitir uma análise fiável. Os dados devem ser previamente uniformizados permitindo a sua imediata aplicação na comparação. Importa referir que em inúmeros casos, se evidencia a ausência de sistemas de custeio claros, ou a persistência em sistemas de aferição dos preços de transferência conducentes a interpretações deturpadoras da realidade. Este facto favorece a distorção da verdadeira eficiência ou ineficiência de alguns sistemas produtivos, permitindo uma condescente remuneração das matérias-primas a preços incompatíveis com a sustentabilidade produtiva. “ – melhor diagnóstico interno – “onde estamos e como estamos”. 7 Wine Business – Gestão Vitivinícola David Rego 6 – Bibliografia e Cibergrafia FERREIRA, P. (2005). Contributo para o desenvolvimento de técnicas de Benchmarking em gestão da empresa agrícola. FERREIRA, P. (2010). Benchmarking em gestão de empresa agrícola. Desenvolvimento e prática de uma plataforma para Benchmarking. MESQUITA, L. & ANTÓNIO, L. (1999). Benchmarking – Um instrumento para a melhoria do desempenho organizacional. Dissertação de mestrado em gestão global. SOUSA, A., GARCIA, V., VIEIRA, A. & CARDOSO, A. (2001). Os Vinhos da Península de Setúbal. Enciclopédia dos Vinhos de Portugal. 1 -http://www.ivv.min-agricultura.pt (17 Março 2011) 2- http://www.knoow.net (20 Março 2011). 8