ARTIGO ORIGINAL
ORIGINAL ARTICLE
Programas de promoção da saúde no sistema suplementar:
avaliação de profissionais e usuários
Promotion health system supplemental: evaluation of professionals and users
Programas de sistema de promoción de la salud extra: evaluación y los usuarios profesionales
Autores
Resumo
Mayara Lima Barbosa1
Suely Deysny de Matos Celino
2
Gabriela Maria Cavalcanti Costa1
1
2
Universidade Estadual da Paraíba.
Faculdade de Ciência Médicas.
Objetivo: Objetivou-se assimilar a avaliação de gestores, profissionais de saúde e usuários acerca das ações e
programas de PS e prevenção de doenças implementados pela operadora de plano de saúde. Métodos: Estudo
exploratório, qualitativo, realizado uma operadora de plano de saúde, nas cidades de João Pessoa, Recife e
Natal. Foram realizadas 36 entrevistas, associadas através de estratégia de triangulação e posterior analise de
conteúdo. Resultados: Da qual emergiram as categorias temáticas: avaliação dos programas e ações e avaliação
da execução. Conclusão: A avaliação dos programas esteve relacionada à redução dos custos assistenciais e a
melhoria da qualidade de vida. A avaliação sobre a execução revelou a satisfação dos envolvidos, embora entraves
organizacionais tenham sido relatados.
Palavras-chave: avaliação em saúde, prevenção de doenças, promoção da saúde, saúde suplementar.
Abstract
Objective: Goal was to assimilate the evaluation of managers, professionals and users about actions and PS and
disease prevention programs implemented by health plan provider. Methods: A exploratory and qualitative
study performed in health plan in the cities of João Pessoa-PB, Recife-PE and Natal-RN. The interviews were
transcribed and attached to each other through triangulation strategy. Later the technique of content analysis
was used. Results: The following thematic categories emerged: evaluation of programs and actions and evaluate
the implementation. Conclusion: The impacts were related to cost reduction assists and improved quality of
life. A review of the programs revealed the satisfaction of those involved, although organizational barriers have
been reported.
Keywords: disease prevention, health evaluation, health promotion, supplemental health.
Resumen
Objetivo: Dirigido a asimilar la evaluación de directivos, profesionales y usuarios sobre las acciones y los PS y
los programas de prevención de enfermedades aplicadas por el proveedor de plan de salud. Métodos: Estudio
cualitativo exploratorio un operador de un plan de salud, las ciudades de João Pessoa, Recife y Natal. Evaluación
de la aplicación y evaluación de los programas y acciones: Se realizaron 36 entrevistas, asociado a través de
la estrategia de la triangulación y el posterior análisis de contenido. Resultados: Que surgió de las categorías
temáticas: evaluación de los programas y las acciones y evaluar la aplicación. Conclusión: La evaluación de los
programas se relacionó con menores costos de cuidado de la salud y mejorar la calidad de vida. La evaluación
de la aplicación revela la satisfacción de los implicados, aunque se ha informado de las barreras organizativas.
Palabras-clave: evaluación en salud, prevención de enfermedades, promoción de la salud, salud complementaria.
Data de submissão: 12/11/2014.
Data de aprovação: 18/11/2014.
Correspondência para:
Mayara Lima Barbosa.
Universidade Estadual da Paraíba.
Rua Santo Antonio, nº 90, Santo
Antonio, Campina Grande, PB, Brasil.
CEP: 58406-025.
E-mail: [email protected]
DOI: 10.5935/2446-5682.20150009
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INTRODUÇÃO
Trinta e seis sujeitos participaram da pesquisa, entre os
três grupos de participantes. A coleta de dados foi realizada
através de entrevistas semiestruturadas adaptadas a partir
dos estudos empreendidos sobre PS e prevenção de doenças5.
As perguntas objetivavam conhecer a assistência praticada
pela operadora, bem como a avaliação de diversos aspectos
envoltos no programa.
Primariamente, todas as entrevistas foram transcritas e os
dados coletados com os diferentes atores foram associados
entre si através de estratégia de triangulação, que neste estudo
buscou a utilização de “múltiplas amostras de sujeitos para
pesquisar um mesmo assunto/tema”4 visando à ampliação
da compreensão acerca do fenômeno. Após essa etapa, foi
utilizada a técnica de análise de conteúdo para apreciação
dos dados das entrevistas6. A analise de conteúdo foi realizada
em etapas, a saber: na primeira fase os objetivos do estudo
foram retomados e o material para ser analisado foi organizado. Durante a segunda fase, foram elaboradas as categorias
e subcategorias, a partir do agrupamento das unidades de
registro e de contexto que possuíam o mesmo significado. Por
fim, a terceira fase correspondeu ao tratamento dos resultados
obtidos e sua interpretação.
Tendo em vista as falas obtidas nas entrevistas, emergiram
a seguintes categorias e subcategorias: avaliação dos programas e ações e avaliação da execução.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Estadual da Paraíba, apresentando CAAE
0770.0.133.000-11. Todos os sujeitos foram identificados
através de códigos, formados por letras do alfabeto grego e
brasileiro e números.
O setor de saúde suplementar surge em decorrência das
crises de ineficiência da Previdência Social, relacionadas ao
grande aumento de beneficiários, com consequente desqualificação da assistência médica praticada1. Esse tipo de
atenção médica privada, realizada através de convênios e
planos de saúde, direcionada a pessoas e/ou empresas que
pagavam pelos serviços foi regulamentada partir da publicação da Lei 9.656/1998 e pela criação da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), através da Lei 9.961/20002. Entre
as competências da agência, estão o controle e a avaliação
dos aspectos referentes ao acesso, manutenção e qualidade
dos serviços prestados, pelas operadoras de planos privados
de assistência à saúde2.
A ANS, como agencia regulamentadora,publicou a Resolução nº 94, que dispõe sobre os incentivos e critérios condicionados à adoção de programas de promoção da saúde - PS
e prevenção de riscos e doenças pelas operadoras de planos
de saúde2. O objetivo da regulamentação foi incentivar a reorientação dos modelos assistenciais vigentes, contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida dos usuários de planos
privados de saúde2.
Tal interesse da ANS surge em decorrência da percepção
queas práticas assistenciais nesse setor são baseadas tão
somente no modelo biomédico, havendo uma crescente
concentração de consultas médicas especializadas, exames
diagnósticos, terapias, internações e cirurgias que nem sempre
se traduzem em maior resolutividade e recuperação da saúde2.
Além disso, evidenciou-se crise financeira no setor suplementar, sendo necessário repensar a assistência praticada, a fim
de reduzir os custos assistenciais, sem contudo, desqualificar
a prestação do serviço em saúde3.
Nesse ínterim, objetivou-se assimilar a avaliação de gestores, profissionais de saúde e usuários acerca dos programas
ações de PS e prevenção de doenças implementados pela
operadora de plano de saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização dos sujeitos
Aamostra dogrupode gerentesé formada por três sujeitos
do sexo masculino e média de idade igual a 38,66 anos. Acerca
da formação em nível superior, dois gerentes cursaram Administração de Empresas e um gerente Ciências Contábeis. Todos
possuem pós-graduação, as áreas citadas foram: Gestão de
Planos de Saúde; Gestão de Sistema de Saúde e MBA Gestão
Empresarial. A média de tempo que atuam na empresa foi de
14,66 anos, sendo os últimos 7 anos dedicados também ao
trabalho nos programas de PS.
Foram entrevistados 21 profissionais, 06 do sexo masculino
e 15 do sexo feminino, com média de idade do grupo igual a
40,28 anos. Sobre a formação, 18 sujeitos afirmaram possuir
curso de graduação e 3 nível médio. Dentre os profissionais
com nível superior, 17 afirmam possuir pós-graduação. O tempo médio de atuação na empresa correspondeu à média de
11,5 anos, sendo 4,9 anos destinados aos trabalhos com a PS.
Participaram da pesquisa 12 usuários, apresentando média
de idade correspondente a 58,60 anos. Destes, 06 são do sexo
masculino e 06 do sexo feminino. No que se refere à formação,
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, realizado no período de novembro/2011 a junho/2012.
Foram selecionadas unidades clínicas estaduais, nas cidades
de João Pessoa/PB, Recife/PE e Natal/RN, de uma operadora
de plano de saúde nacional.
Os dados foram coletados em três grupos de sujeitos
representados por gerentes, profissionais de saúde e
usuários. O critério geral de inclusão4 para a seleção dos
gerentes e profissionais foi atuar no planejamento ou
execução de algum programa de PS e prevenção de doenças
proposto pela operadora há pelo menos seis meses. Entre
os usuários, estes deveriam participar de algum programa
de PS e prevenção de doenças e ter estado presente, no
mínimo, em três atividades/encontros desse programa no
último ano.
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9 afirmaram possuir curso superior e apenas 3, nível médio.
Todos os usuários entrevistados pertencem ao tipo de plano
destinado a funcionário/aposentado da instituição bancária
que contribui para o patrocínio do plano de saúde,o tempo
médio de adesão ao plano foi de 33,20 anos.
“A Operadora de precisa de mais profissional, mais gente
para trabalhar nessa unidade” ɤu6.
A respeito dos obstáculos referidos pelos sujeitos, há
reafirmação que os problemas inerentes a organização do
serviço, aliados aos entraves e limites na estrutura interferem
negativamente no desenvolvimento de algumas atividades,
resultando em insatisfação quanto ao grau de implantação de
programas9. A partir do momento que a empresa propõe uma
nova forma de praticar sua assistência, cria o compromisso
com a qualidade na execução, independente da redução de
gastos almejada8.
Contudo, a redução dos custos com a assistência é um
objetivo passível de ser alcançado a partir do modelo de
atenção à saúde implantado pela operadora de plano de
saúde estudada, sem prejudicar a assistência à saúde prestada
(ANS, 2008). Sobre esses aspectos, houve fala de todos os
sujeitos, afirmando que a redução dos custos operacionais tem
impactado positivamente a regulação econômica da empresa,
após a implantação do programa de PS e prevenção de doenças
na instituição.
“Os indicadores mostram que nossa atuação tem provocado
a diminuição da média de consultas na rede aberta. A média de
internação e de dias internados também tem diminuído. Essa
intervenção tem mostrado a redução de custo” αgu.
“Teve redução de custo grande, a gente teve uma redução
de sequelas e,no tratamento com doenças crônicas, houve
diminuição de custo; a questão de internação” αp8.
“Acho que reduz os custos, porque atacam antes das doenças se instalarem” αu2.
Os resultados dessa pesquisa assemelham-se aos fornecidos pela ANS, quando publicou o “Panorama das ações de
promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde
suplementar” e, constatou que entre as empresas que adotam
programas de PS e realizaram avaliações, a redução dos custos
assistenciais foi apresentada como principal resultado obtido10.
Esse fato está condicionado à melhoria das condições de vidas das pessoas envolvidas e consequente redução de agravos,
reduzindo os custos oriundos de assistências médicas11. Uma
vez que, eliminados os fatores de risco condicionados ao estilo
de vida, 80% dos agravos cardíacos, dos acidentes vasculares
encefálicos e da diabetes tipo 2 poderiam ser evitados, e ainda,
cerca de 40% dos cânceres poderiam ser prevenidos12.
Dessa forma, a mudança do modelo assistencial, através
da realização das ações dos programas de PS e prevenção de
riscos e doenças na saúde suplementar, implicam na melhoria
da qualidade de vida das pessoas, por acrescentar ao cotidiano
dos usuários modos de vida mais saudáveis (ANS, 2011). Sobre
a melhoria da qualidade de vida como percebidas por meio das
ações desenvolvidas, todos os gerentes apresentaram discurso
nesse sentido, corroborando com o discurso prestado pelos
profissionais e usuários.
“A gente percebe, os usuários comentam da melhoria da
qualidade de vida”ɤgu.
CATEGORIAS TEMÁTICAS
Avaliação dos programas e ações
A avaliação dos programas de PS e Prevenção de Doenças
deve ser atividade realizada continuamente, pois a redução de
gastos - objetivo visível das operadoras - não se encontra livre
de conflitos de interesse, e se não manejado corretamente,
poderá resultar em diminuição da qualidade de vida do usuário,
em decorrência da desassistência à saúde7.
Entre os gerentes das três unidades, houve avaliação positiva dos programas e ações de PS desenvolvidos, no sentido
de atender aos objetivos desejados, afirmativa que se mostrou
próxima aquelas fornecidas por parte profissionais e ainda foi
apresentada por usuários.
“São programas que buscam atender na saúde coletiva e
têm impacto muito concreto na QV das pessoas e na redução
de gastos na Operadora” αgu.
“A gente consegue visualizar que realmente há um efeito
positivo” α p4.
“Quem vem para cá vem satisfeito e sai satisfeito, por que
você tá adquirindo conhecimento, a respeito daquilo que você
tá vindo saber” αu2.
A eficiência constatada pelos atores da pesquisa converge
com outros estudos, visto que osprogramas que tendem a promover saúde e prevenir doenças têm sido bastante eficientes
para a redução de gastos no setor suplementar, sendo este enfoque responsável por convergir não apenas com os interesses
do mercado, mas também contribuir com a saúde dos usuários7.
Entre os usuários, os encontros para o desenvolvimento
dos programas de PS e prevenção de doenças são entendidos
como espaços que possibilitam a formação/fortalecimento de
vínculos de amizades e aquisição de novos conhecimentos, que
irão possibilitar a autonomia, ou seja, a possibilidade de cuidar
de sua própria saúde8.
Em contrapartida, a avaliação sobre os programas e ações
para outros profissionais e usuários demonstrou baixa satisfação em decorrência de entraves organizacionais e de recursos.
“Os programas são maravilhosos. O conteúdo e equipes
preparadas nós temos, mas não temos pernas suficientes para
abarcar todos os programas e realmente dar assistência aos
associados”ɤp1.
“A gente desprende muita energia, gastos e às vezes a
adesão não é aquela esperada, então isso é a parte negativa,
isso desestimula um pouco” αp1.
“Uma sugestão que faço é a abrangência dos programas.
Eles ainda não conseguiram abranger todo mundo” ɤu2.
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“Se você promove saúde vai ter melhor qualidade de vida”
ɤp1.
“Impacta na condição de vida do usuário, quem participa
tem um índice de vida melhor” ɤu6.
A respeito da elevação na qualidade de vida sentida pelos funcionários do plano e autorreferida pelos usuários, é
importante refletir sobre os quadros de adoecimentos, pois
estes geram custos para as empresas e estresse para o usuário.
Compreendendo que grande parte dos agravos que acometem
a população poderia ser evitada, essa situação de sofrimento
torna-se desnecessária.
A qualidade de vida advinda de programas de PS e
prevenção de doenças também tem se mostrado intimamente
relacionada à integralidade da assistência, visto que
potencializa a melhor vivência do usuário, possibilitando bem
estar e autonomia para o próprio cuidado e necessidade de
saúde8, estimula a adoção de hábitos de vida mais saudáveis11,
além de possibilitar o diagnóstico precoce de agravos à saúde,
preferencialmente quando sinais e sintomas ainda não estão
evidentes, realidade que a médio e longo prazo acarretará na
diminuição das internações e outros procedimentos de muito
maior custo7.
“Como em toda situação há limitações, há inseguranças,
às vezes a gente gostaria de tá fazendo mais, mas a gente não
consegue abraçar por que a demanda é grande e muitas vezes
a gente não consegue” ɤp2.
Limites de recursos utilizados para as ações de saúde é
uma realidade apontada tanto no setor público, quanto no
setor privado e foi abordado entre aqueles que executam
as ações. A falta de recursos adequados é um fator bastante
reconhecido, no que concerne a execução das atividades em
instituições de saúde, tendo se mostrado um grande entrave
nessas situações7.
Em apenas um discurso profissional, no estado α, considerou-se que a satisfação profissional também está relacionada
aos indicadores/cumprimento de metas e ao desempenho em
comparação a outras equipes.
“Muitas vezes há uma certa tensão quando você tá abaixo
de certo indicador, porque a gente faz uma comparação das
equipes. Ou as coisas melhoravam ou eu ia sair da (operadora
de saúde), eu já tava decidido a fazer isso, porque em toda
reunião, minha equipe tinha o pior indicador dos três, e eu era
chamado na gerência todo tempo” αp6.
Pode-se observar pela fala, que o estresse gerado a partir
da cobrança pelo alcance das metas, por vezes é bastante
incisivo e presente, chegando a levar o profissional a cogitar
a possibilidade de se desligar da empresa. A valorização do
profissional favorece a execução das atividades laborais,
apesar da recorrente baixa satisfação profissional em relação
ao reconhecimento do seu trabalho16. Sobre esse aspecto,
grande parte das avaliações empreendidas em sistema de
saúde está direcionada à verificação de metas e administração
de recursos17.
No que se refere à satisfação dos usuários,gerentes,
profissionais, os próprios usuários afirmaram que percebem
bons níveis de satisfação em relação ao programa de PS.
“Os beneficiários têm reportado inclusive por meio de
pesquisas, um grau de satisfação muito bom. A pesquisa
mostra se o atendimento é satisfatório, o cuidado é satisfatório
sobre a equipe, o atendimento, o retorno” αgu.
“Os usuários veem como uma atividade positiva da equipe;
sente feliz em saber preocupação da equipe com ele, se sente
importante, então isso é uma parte positiva na avaliação” αp1.
“Nós somos bem recebidos, bem atendidos, bem explicados, qualquer dúvida a gente vem aqui não tem problema,
eles ligam” αu5.
A literatura afirma que a satisfação dos usuários não
está relacionada a simples ocorrência do atendimento, ou a
presença de estrutura, médicos e preço adequados, considera
também o contentamento em relação a assistência qualificada,
resultante de uma atenção sanitária recebida18. Qualificar
a assistência constitui-se um dos pilares centrais das ações
advindas da reformulação do setor saúde.
Ainda ficou notório na entrevista do gerente ɤ que a
satisfação sentida pelos usuários em relação aos programas
Avaliação da execução
Avaliar a execução de um programa é atividade complexa,
visto que a boa execução das atividades em uma empresa
perpassa vários fatores, entre eles a satisfação13 e esta, por
sua vez, envolve vários aspectos, internos ou externos aos
atores envolvidos14.
Sobre os aspectos que revelam a avaliação da execução,
todos os gerentes e usuários dos estados inseridos na pesquisa
percebem bons níveis de satisfação entre os profissionais que
executam os programas e ações de PS. Essa realidade também
foi referida por profissionais.
“Eles têm um nível de satisfação de bom a ótimo, pela
relação e pelas discussões que a gente faz. Temos reuniões
semanais para tratar desses assuntos” αgu.
“Aqui tem muito empenho, tem um clima organizacional
muito bom, estrutura, então tudo isso influi, você gostar do
que faz e do ambiente de trabalho” αp1.
“Eu avalio que são bons, eles são interessados e envolvidos
naquilo que fazem” αu2.
A satisfação profissional presente neste estudo corrobora com a perspectiva de outros estudos em que se
afirma ser esse sentimento permeado por diversos fatores,
mas todos relacionados às atividades organizacionais e
suas adjacências, como por exemplo: o reconhecimento
de seu trabalho, a estrutura disponível para a execução
das ações, as relações interpessoais e a supervisão de seu
desempenho 15.
Em contrapartida, outros profissionais atuantes nos três
estados, revelaram limitações de recursos para execução do
trabalho, situação que interfere na própria satisfação.
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pode sofrer decréscimo relacionado a não adesão, em geral
resultante da falta de compreensão do novo modelo de atenção
desenvolvido. Essa percepção também esteve presente nos
discurso de profissionais do estado α.
“É difícil eles avaliarem uma coisa que eles não aderiram,
então essa é uma dificuldade que a gente tem, uma avaliação
menor” ɤgu.
“Ainda uma minoria de usuários, que era acostumada
com uma assistência que eles tinham, com essa mudança de
organização, são algumas mudanças que quem tá acostumado
com determinada coisa estranha e até afirma ah era bom
naquele tempo” αp4.
Acerca da compreensão e participação dos usuários a respeito da importância da PS e prevenção das doenças, afirmada
como entrave para a execução plena das atividades que o
plano propõe, há considerações que esses dois elementos são
fundamentais para o cumprimento adequado das atividades e
para que essa possa atingir os objetivos ambicionados, entre os
quais a autonomia e o empoderamento dos usuários18.
Há muitas possibilidades de intervenção que as operadoras
podem realizar a fim de promover a sensibilização e o incentivo dos
usuários para adesão dos programas e ações de PS. Em pesquisa
realizada pela ANS, as principais estratégias utilizadas pelos planos
de saúde para o alcance desse objetivo, são: envio de materiais
de divulgação (76,0%), ligações telefônicas (64,4%), propaganda
(57,4%), encontros e atividades lúdicas (52%) e acompanhamento
por profissional de saúde gerenciador (49,6%)10.
Por fim, um usuário afirmou que as atividades educativas
deveriam ser reformuladas, a fim de apresentarem mais modernidade na execução e temas mais relevantes e inovadores.
“E eu acho só não fico mais, porque eu acho muito ultrapassados, a forma e os temas. Os temas toda vez é aquela mesma
história, eu queria uma coisa mais moderna “αu3.
A inserção de um programa de PS e prevenção de doenças
em ambiente historicamente clínico se constitui um desafio
para as instituições promotoras7. Dessa forma, é essencial que
os profissionais de saúde assumam suas responsabilidades no
que se refere às mudanças na atenção à saúde
Depreende-se que, falhas nas ações do programa de PS
e prevenção de doenças são responsáveis pelo aumento
da procura da rede credenciada dos planos de saúde e que
simples ações, como imunizações programadas e formação de
grupos para usuários específicos, evitam o uso desnecessário
do sistema de saúde, mas para a real efetivação da nova forma
de praticar saúde, é condição primordial que as operadoras
absorvam essa realidade e destinem investimentos para
esse fim, e não apenas estejam voltadas para o marketing ou
acúmulo de capital19.
as ações de PS e prevenção de doenças em âmbito, historicamente, médico assistencial.
A melhora percebida da condição de vida é consequente da
diminuição do número de agravos que poderiam estar requerendo tratamento. Por sua vez, a redução de atendimentos com
fins terapêuticos resulta na redução dos custos assistenciais,
bastante almejada pelas empresas de planos de saúde.
Os melhores níveis de qualidade de vida associados à
instalação de ações e programas de PS foram percebidos pelos
gerentes e profissionais, mas essa semelhante percepção
advinda dos usuários é situação que merece destaque. Esse
deve ser o resultado primariamente esperado e estimulado
entre as operadoras de planos de saúde, pois é o eixo central
da reformulação do modelo assistencial. Não é salutar inverter
a ordem natural dos fatos, sob pena da economia pretendida e
intervir negativamente sobre a condição de vida dos usuários,
contrariando toda a essência da PS.
A avaliação sobre os programas e ações de PS, promovidos pelo plano, esteve relacionada aos bons níveis de saúde
da população, embora entraves organizacionais tenham sido
relatados. Deve-se considerar que o bom andamento de qualquer grande intervenção realizada está diretamente conexo ao
investimento empreendido.
Os resultados esperados não irão surgir em sua totalidade,
caso a assistência fornecida seja inadequada. Dessa forma, a
prestação de condições de trabalho satisfatórias é condição
básica para os bons resultados, principalmente na situação
evidenciada pelo estudo.
A baixa adesão dos usuários, presente em alguns discursos,
poderia sofrer intervenções para sua diminuição. Investimentos
direcionados para a melhoria da estrutura física e de recursos
humanos, associados à maior divulgação e esclarecimento
sobre os benefícios da PS na vida das pessoas, contribuiriam
certamente para a realidade.
É importante referir que este estudo contribui para
o planejamento das operadoras de planos de saúde que
pretendem fazer investimentos na área de PS e ainda aquelas
que já possuem programas e ações efetivamente implantados,
visto que é capaz de apontar falhas e acertos na execução
dessas atividades.
Deve-se enfatizar ainda que estudos na área de avaliação
de serviços de saúde podem contribuir para o aprofundamento
desse trabalho, garantindo melhores embasamentos.
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