Habitação e Cidade Volume 5 Pós-Graduação da Escola da Cidade Organizadores Luis Octavio de Faria e Silva Ruben Otero Prefácio dos organizadores Este quinto volume da publicação anual Habitação e Cidade, que é um desdobramento do curso de Pós Graduação lato sensu de mesmo nome oferecido pela Escola da Cidade, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na cidade de São Paulo, está organizado em três partes que se complementam. Numa primeira parte, há uma série de artigos que tratam de Políticas Habitacionais, alguns de maneira panorâmica e outros focalizando algum período, programa ou espaço urbano decorrente. Entendemos fundamental a observação contínua e cuidadosa de ações empreendidas quanto à Habitação em nosso país já que novos contextos permitem compreensão mais acurada de relações e circunstâncias passadas que muito têm a nos ensinar, algo afirmado com pertinência pela arquiteta Ana Paula Koury em seu texto aqui apresentado. Nesse sentido, experiências brasileiras são observadas pela arquiteta Eulalia Negrelos, pela economista Anacláudia Rossbach, pelas arquitetas Nilce Aravecchia e a já citada Ana Paula Koury, fazendo com que nosso olhar se torne mais consciente e preciso, e que se compreenda a cidade decorrente das ações empreendidas. O arquiteto Gustavo Rebord nos esclarece sobre a experiência argentina quanto às Políticas Habitacionais naquele país, algo que permite uma visualização comparada no que diz respeito ao caso brasileiro e que nos aproxima e permite uma união de forças no sentido de conquistar um Habitat pleno e sustentável em nossas cidades na América e no mundo. 3 A segunda parte da publicação traz algumas discussões sobre o desenho urbano e, portanto, desenho de nosso habitat, urbano, que desejamos seja facilitador e até mesmo incentivador de uma vida aprazível, em harmonia com os ciclos naturais e conquistado através de uma orquestração dos agentes envolvidos em sua produção. A forma desse habitat e a maneira de viabilizá-la é objeto de investigação do concurso Ensaios Urbanos, promovido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) da Prefeitura de São Paulo – alguns projetos premiados que contam em suas equipes com professores da Escola da Cidade estão aqui reproduzidos, antecedidos de um texto do arquiteto Daniel Montandon, responsável pelo concurso e também professor da Escola da Cidade, no qual apresenta e comenta a iniciativa e sua nova modelagem de concurso, que contou com a participação do IAB São Paulo. O arquiteto Valter Fabietti, colaborador contumaz do curso Habitação e Cidade, comenta na sequência, a busca pela boa forma urbana que serve de pano de fundo para ações como o concurso Ensaios Urbanos e para projetos em bairros precários, questão central entre nós e tema da terceira parte desta publicação. Antes da referida parte final, são apresentados alguns projetos realizados no 1º módulo do curso em sua edição de 2013, em que são ensaiadas formas de se inserir Habitação conjugada com outros usos em um contexto urbano existente, mas em vias de rápida transformação. Também ali se reflete sobre a forma da cidade e, fundamental, sobre o desenho que articula espaços privados com espaços públicos – no fundo, tema básico do concurso Ensaios Urbanos, que trouxe resultados que apontam para a equação no sentido de garantir espaços públicos vívidos e, portanto, sedutores e seguros. A já acima anunciada terceira e última parte da publicação traz projetos realizados pelos alunos do curso em 2013 para áreas precárias de Córdoba, na Argentina, e de São Paulo – no caso paulistano dedicou-se a algumas comunidades do Perímetro de Ação Integrada (PAI) chamado Morro do S4, na zona sul da cidade, enquanto duas áreas de Córdoba foram objeto de estudos: uma delas muito próxima de seu Centro tradicional, um reduto de resistência de movimentos de moradia (La Maternidad) e outra que representa a precarização urbana recente vivida na Argentina, ocupação entre vias de mobilidade de escala regional, com consequentes problemas de acesso e outros como alagamentos por bloqueio de drenagem em função de terraplenos para infraestrutura de grande porte, além de problemas quanto à salubridade e estabilidade das construções realizadas (Los Artesanos). Acreditamos que este novo volume da série Civilização América contribuirá para a discussão sobre o tema da Habitação entre nós, que se deseja generosa, e para uma crescente consciência de nossas possibilidades, que nos fará avançar rumo a uma condição igualitária. 4 Antes das três partes descritas da publicação, temos um texto produzido a partir das aulas proferidas em 2013 no curso, que vai em busca do que teria sido o raciocínio empreendido naquela edição, compondo uma espécie de balanço que tem se tornado uma constante e que, dada a possibilidade de vir a auxiliar reflexões vindouras, nos atrevemos a dividir com leitores interessados na discussão que empreendemos. 5 Índice 09 Habitação e Cidade – algumas considerações Luis Octavio de Faria e Silva Parte 1 Políticas Habitacionais e Cidade decorrente Housing Policies and Resulting City 21 Recentes Políticas Habitacionais no Brasil Eulalia Portela Negrelos 37 Las políticas públicas de vivienda en Argentina desde principios del siglo XX a la actualidad Germán Gustavo Rebord 47 As outras dimensões da Política Habitacional no Brasil Anacláudia Rossbach 57 Habitação e cidade como projeto coletivo: a Divisão de Engenharia do Instituto dos Industriários (1937-1960) Nilce Aravecchia Botas 65 Decifra-me ou devoro-te: O enigma da política habitacional e urbana e o Sistema BNH Ana Paula Koury Parte 2 Desenho Urbano Urban Design 79 Desenhos para o zoneamento de São Paulo Daniel Todtmann Montandon 89 Projetos participantes do concurso “Ensaios Urbanos” em cujas equipes há professores da Escola da Cidade 119 Forma urbana e cidade informal Valter Fabietti (título original Forma urbana e città informale, tradução Luis Octavio de Faria e Silva) 129 Projetos realizados pelos alunos do curso Habitação e Cidade (edição 2013) no período de atelier do módulo 1 Parte 3 Projetos para áreas urbanas precárias Projects for precatious areas 167 169 195 240 Projetos realizados pelos alunos do curso Habitação e Cidade (edição 2013) nos períodos de atelier dos módulos 2, 3 e 4 Módulo 2 La Maternidad & Los Artesanos - Córdoba, Argentina Módulos 3 e 4 Morro do S4 - São Paulo, Brasil English Version 7 Habitação e Cidade Algumas Considerações Luis Octavio de Faria e Silva O curso “Habitação e Cidade” promove aulas e investigações propositivas que trazem a cada edição um raciocínio sobre as questões que compõem seu título. O presente texto vai em busca do raciocínio promovido em 2013 – é, portanto, empenho no sentido de encontrar o cerne do que se tratou. Espera-se que possa contribuir, junto aos artigos que se seguem nesta publicação, esclarecendo sobre caminhos possíveis para avançar na obtenção de condições de moradia digna e plena para todos nossos semelhantes. O espaço de morar – a moradia ou habitação – reflete a dinâmica de ações, movimentos e princípios daqueles que nele moram. Assim, transformações sociais e tecnológicas acarretam diferenças no modo de morar e consequentemente no espaço da moradia. A moradia, ou habitação, não se restringe ao abrigo contra as intempéries já que morar pressupõe uma escala mais abrangente, com conexões e espaços agregadores de propriedade comum, coletivos e públicos, que possibilitam o habitar num sentido pleno. A habitação contemporânea, em função da condição de a grande maioria das pessoas no planeta terem hoje um modo de vida decorrente de habitarem áreas metropolitanas, é influenciada pela coexistência de diversos meios de comunicação e obtenção de informações, equipamentos que tornam as atividades mais rápidas, além de refletir novos formatos de grupos domésticos. Tipologias de arranjo dos espaços e de mobiliário tendem a ser mais flexíveis e 9 multifuncionais na moradia contemporânea. A questão do armazenamento, por exemplo, se apresenta de forma diversa do que foi no passado. O desenho do espaço da habitação em todas as suas escalas – o que inclui o desenho do bairro e da cidade – é objeto de investigação intensiva especialmente desde o início do século XX, ainda que ações ordenadas no sentido de produzi-lo a partir de princípios previamente definidos sejam identificáveis desde a Antiguidade, o que já indica convicções e experiências acumuladas. O arranjo de materiais e técnicas com objetivo de produzir moradia, inclusive, é algo que se confunde com o surgimento da humanidade. Face à condição contemporânea, contando com todo o conjunto de experiências acumuladas, qual o desenho a ser defendido para a habitação, para a cidade? Numa condição como a brasileira, como se preparar para a urbanização em curso e que parece estar por vir? Diversidade e projeto participativo parecem ser prerrogativas atuais inegociáveis – somos variados e há que se perguntar o que querem as pessoas. Como lidar, nesse sentido, com o legado que temos nas realizações e discussões decorrentes quanto à forma da cidade, dos bairros e da moradia? Weissenhof, bairro de habitação moderna do início do século XX, relacionado às pesquisas do Deutsche Werkbund, foi uma sistematização de possibilidades de habitação contrapostas à forma de se morar até então. Justapõem-se ali o desejo de adensamento no sentido da otimização da infraestrutura perceptível na proposta de edifício de apartamentos, casas geminadas em fileira que parecem querer garantir certo sentido de comunidade e casas unifamiliares associadas à ideia de cidade jardim. Os bairros novos na cidade de Frankfurt sob o comando de Ernst May1 levam adiante propostas dessa nova forma de morar – projetados com critérios científicos mas privilegiando densidade relativamente baixa, ecoando de certa maneira a visão de cidade jardim de Howard, onde o desenho urbano produz es- FIGURA 1 – Weissenhof Siedlung, Stuttgart, Alemanha 10 paços segregados, obstaculizados de maneira a garantir familiaridade para os moradores e certo receio para visitantes e intrusos. Na Alemanha, esses bairros chamados siedlungen não são tão explícitos na segmentação do espaço, mas estão distantes da perspectiva de superquadras de acesso franqueado defendidos como premissas por arquitetos seguidores dos CIAM do entre guerras, que conclamavam a cidade aberta, com habitação produzida pelo Estado em larga escala e com qualidade. Ora subúrbios algo agrários como os siedlungen, que tiveram reflexos na produção dos IAPs no Brasil, ora bairros jardim com profusão de ruas sem saída e residências unifamiliares, ora conjuntos monumentais como os hoffes vienenses, que representavam e celebravam a vida coletiva, ora a superquadra que dissipa o retalhamento do terreno por demarcações, apontando para a propriedade coletiva do chão urbano, modelo amplamente defendido no Brasil onde o movimento moderno na arquitetura, por outro lado, não foi coeso como quiseram alguns historiadores, esses modelos alternam-se e se justapõem no desenho da cidade, esse composto de movimentos e pausas, congestionado inicialmente pela produção industrial e consequente expansão urbana. FIGURA 2 – Westhausen Siedlung, Frankfurt, Alemanha Habitação social, antes moradia operária, moradia popular ou econômica, item programático da luta operária especialmente desde o século XX, num primeiro momento tratada exclusivamente (frequentemente de maneira preconceituosa) como questão de saúde, torna-se aos poucos uma prioridade na construção da cidade, onde o desenho de novos conjuntos que são cada vez mais compreendidos como importante parte dela se apropriam daqueles modelos de desenho urbano, resultando desde um Westhausen Siedlung em Frankfurt até Kiefhoek em Rotterdam (projetado pelo arquiteto Oud2), conjuntos paradigmáticos no estudo da produção de habitação pelo Poder Público. Desde então existe a questão da obtenção de terras para produzir habitação social – a falta de acesso ao solo urbano pelos pobres associada à busca por áreas onde 11 produzir habitação movimentaram Políticas Habitacionais que pressupõem então a instituição de Bancos de terras, algo praticado na Frankfurt sob May e por COHABs pelo Brasil nas últimas décadas. Na cidade alemã, é adquirida porcentagem significativa de terras em solo urbano; no caso brasileiro, foram compradas muito frequentemente terras baratas distantes das redes de infraestrutura. FIGURAS 3, 4 e 5 – Kiefhoek, Rotterdam, Holanda O desenho da habitação e o desenho da cidade são no fundo um só, imbricados que estão se vistos a partir de suas especificidades. A cidade, como nos lembra o arquiteto Jaime Leirner3, uma ossatura de vida, movimento e trabalho, precisa de ações a partir de visão solidária e estratégica, entendendo o planejamento como processo e tendo compromisso com a simplicidade e com a imperfeição. Nesse sentido, ao observar as cidades latino-americanas, percebemos simultaneidades e paralelismos que podem nos esclarecer sobre caminhos a tomar. Na América Latina da virada do século XIX para o XX, países exportadores de produtos agropecuários vêem surgir uma sucessão de planos de industrialização não implementados nas suas sociedades patriarcais em dissolução. Reflexos da posterior crise de 1929, dezenas de revoluções transformaram a região, que recebe também um novo fluxo de imigração proveniente da Europa fragilizada pelas guerras mundiais. Nas décadas de 1930 e 1940, quando o norte da América Latina tinha vínculo maior com os EUA e o sul do continente se mantinha mais ligado à Europa, ideias sobre cidades americanas e européias são aplicadas nas reflexões e planos sobre cidades latino-americanas. No chamado reformismo dessas décadas nasce a ideia de cidade latino-americana como atrasada e na qual grandes conjuntos habitacionais são instalados como propaganda de um suposto progresso e cele- 12 bração de uma sistematização de princípios modernistas na arquitetura. Em função da ambiguidade na ideia de progresso defendida e de perdas percebidas na passagem para a condição moderna, vão surgir na região, especialmente a partir da década de 1960, movimentos de reação contra os efeitos dissolventes da Modernidade, nos quais a autoconstrução vai ser defendida como menos conflitiva do que os grandes conjuntos na transformação das cidades latino-americanas. Há uma diferença marcante no ritmo de transformação nos países da região: no México, na Argentina, no Brasil e na Venezuela se investe com mais vigor nos tais grandes conjuntos habitacionais enquanto num primeiro momento na Colômbia surgem Políticas que favorecem ações de ajuda mútua e autoconstrução. À revelia dessas ações, no entanto, quem faz a cidade latino-americana de fato é o pobre por iniciativa própria, privada. Os anos 1960 de um lado vêem a defesa da volta à noção de comunidade e de outro o chamado desenvolvimentismo em que, por exemplo, no Brasil a Habitação é pensada como indústria voltada para sua produção, algo que se percebe na observação do que é financiado pelo BNH, resultante da distensão havida no golpe militar brasileiro de 1964. Nessa mesma década, em Lima, onde estudos sobre as barriadas são realizadas já há algum tempo, surge o importante projeto do PREVI4 que busca novos princípios para o desenho da moradia, voltados para a recuperação da noção de comunidade como algo perdido na transição da condição tradicional para a sociedade moderna que explicitava um choque cultural muito evidente nas barriadas em Lima ou nas favelas do Rio de Janeiro e, ainda que mais tênue, também visível nas villas miseria de Buenos Aires. Na década de 1970 multiplicam-se as favelas no Brasil. Os anos 1980 e 1990 viram a disseminação de políticas neoliberais com privatização dos serviços públicos e a Habitação promovida pelo Estado pareceu sumir do debate. Ausência de Políticas Habitacionais de escala abrangente e urbanização precária se somam e a questão da Habitação se mostra cada vez mais associada às ações nas favelas que abrigam contingente significativo de moradores da cidade brasileira e também de cidades dos outros países latino-americanos. Em São Paulo nesses anos 1980 e 1990 são realizados projetos para as favelas visando uma urbanização parcial e gradual, sendo que até então as ações eram apenas no sentido de erradicá-las. A partir dos anos 2000 objetiva-se para seus bairros precários uma urbanização plena e integração com o entorno próximo e com a cidade como um todo. Foram no Rio de Janeiro as ações pioneiras no sentido de integrar a favela na cidade. Ali se está inclusive mais adiantado nesse esforço face ao que 13 parece por vezes ser uma oposição cidade contra favela. Na disputa pelo território, favela e cidade persistem, inclusive, sendo vistas por muitos como racionalidades distintas. Recentemente, porém, além de no Rio de Janeiro e em São Paulo, o planejamento inclusivo tem sido praticado na forma de planos integrados com inserção de Habitação também em Curitiba e Belo Horizonte. No Brasil, com cidades partidas onde se sucedem ações transformadoras desconexas, ligadas com frequência ao sistema financeiro, as favelas mantêm o estigma de invasoras. Há um conflito urbano-ambiental na cidade brasileira que é explicitado nas favelas e segue muito em função da pouca clareza na legislação, fazendo pensar na necessária compatibilização do desenvolvimento social e preservação da qualidade do meio ambiente. Não há como tratar das megacidades com que nos deparamos, onde surgem os bairros precários, sem pensá-las por fragmentos, ainda que a partir de um raciocínio geral. Nesse sentido, ações transformadoras para os bairros precários devem buscar novos cenários, sem abrir mão de sonhos, mas observando onde estão seus centros de vida comunitária para valorizá-los, estabilizando seus espaços abertos, reforçando acessos existentes ou insinuados, introduzindo a vegetação em todos os níveis para possibilitar uma paisagem enobrecida. Há, nas proposições para esses bairros e para a cidade de forma geral, a possibilidade de novos paradigmas em relação às experiências, por exemplo, de um Weissenhof ou do PREVI. Pode-se pensar na produção de espaços públicos que permitam apropriação lúdica, com sinalização especialmente desenvolvida, estratégias criativas e atualizadas para lidar com os resíduos sólidos, entre outras ações renovadoras. No mundo contemporâneo, vemos diferentes maneiras de atuação quanto aos bairros precários. Em alguns países como Peru e Bolívia há uma tendência em exclusivamente regularizá-los – no Brasil também há instrumentos nesse sentido ainda que o horizonte seja o de regularização de mãos dadas com reassentamento e construção de novas unidades. O reassentamento como prioridade tem sido prática comum na China e em menor escala em Angola, que segue os passos chineses, mas também na Índia – há também uma forte orientação no Ministério da Cidade brasileiro no sentido de privilegiar essa prática para lidar com os bairros precários. Políticas de financiamento da casa própria produzida via mercado imobiliário são vertentes fortes no Chile, no México, na África do Sul e no Brasil com o PMCMV. O desejado mas difícil Planejamento Integrado, defendido pelo Estatuto da Cidade, que foi copiado pela Índia, ainda segue como exceção. Há também modelos de baixo para cima, com programas baseados em mutirões, nas Filipinas e na Tailândia. Vemos, assim, que o caminho dos grandes conjuntos de um lado e a autoajuda de outro ainda de certa forma se mantém. O PMCMV Entidades, por exemplo, nasce a partir dos movimentos da época da prefeita Luiza Erundina em São Paulo, que num primeiro momento adotavam a autoconstrução como prática corrente. O modelo uruguaio que deu sustentação às cooperativas segue com premissas calcadas nessas práticas dos mutirões, algo que no Brasil se abandonou ainda que se mantenha a ideia da auto- 14 FIGURA 6 – implantação de trecho do conjunto PREVI, Lima, Peru gestão e organização comunitária como tão importantes quanto o projeto. Apesar das inegáveis conquistas do PMCMV quanto à instalação de novas unidades com redes de infraestrutura e mesmo de certa maneira quanto à distribuição de benesses que representa, não temos tido como efeito uma inclusão urbana num sentido mais amplo e o que se vê com freqüência é a repetição de velhos modelos de expansão das cidades em áreas distantes, pouco propícias e com projetos que não criam uma dinâmica urbana de fato, muito em função da ênfase na ação das construtoras/incorporadoras e não das entidades, ou mesmo decorrente da inexistência de outras linhas naquele programa de financiamento. De alguma maneira, o Chile promoveu dessa forma novos conjuntos sem a qualidade urbana devida, tendo acabado, pode-se dizer, com seus bairros precários. A Habitação social recente na Argentina tem sido tratada como parte de uma máquina estatal assistencialista, sem crítica ou debate sobre a cidade decorrente, e os resultados tem demonstrado também pouca qualidade urbana5. Não será possível prevalecer outra visão urbanística, com espaços agregadores – ágoras –centros adensados de atividades, com redes de infraestrutura minimizadas, com aproveitamento de águas de chuva, reuso, energia solar, redução de superfícies impermeáveis, áreas vegetadas conectadas, ruas pensadas como indutoras urbanas, pacificadas já que as cidades precisam de acesso a pessoas e não a veículos, com transporte coletivo simples, claro e não poluente? Que podem nos ensinar experiências recentes de desenho urbano atualizado como aquelas que vemos em Amsterdam – Almere, ilhas de Java, Borneo e KMSM, pesquisa de grande diversidade de tipologias de Silodam projetada pelo grupo MVRDV ou os projetos contemporâneos na China como Jiading New Town? As Políticas Públicas de Habitação no Brasil devem ser baseadas em indicadores sociais e em função de cenários desejados para a melhoria das condições de ha- 15 FIGURA 7 – vista da Ilha de Java, Amsterdam, Holanda FIGURA 8 – perspectiva Jiading New Town, China bitabilidade. Nesse sentido, insegurança da posse, o acesso inadequado a água segura, saneamento e outras redes de infraestrutura, baixa qualidade estrutural das edificações, congestionamento quanto à densidade familiar devem ser observados. Para enfrentar esses indicadores, objetivo das Políticas, será possível um Plano de Habitação na escala do país ou será que Planos de Habitação deveriam ser pensados na escala dos municípios ou dos Estados? Após décadas sem um Programa Habitacional de escala abrangente, no Brasil se iniciou o PMCMV6 que teria atropelado a busca por um Plano Nacional de Habitação. A compreensão daquele plano hoje vigente e dos ajustes necessários para que a Habitação seja produzida na sua acepção plena, é nossa tarefa atual no Brasil para que não nos deparemos em breve com um passivo na forma de conjuntos habitacionais e cidades insustentáveis, verdadeiros “tiros no próprio pé”. Notas 16 1 Ernst May (1886-1970), arquiteto alemão, ocupou cargo público em Frankfurt am Main entre 1925 e 1930, quando realizou plano regulador da cidade e vários projetos para bairros residenciais como Westhausen, Romerstadt, Praunheim e Hobenblick. 2 Jacobus Johannes Pieter Oud (1890-1963), arquiteto holandês que se notabilizou por experimentação de caráter modernista no projeto da habitação coletiva e social – participou do Weissenhof e desenvolveu o projeto de Kiefhoek Housing Development em Rotterdam (1928-1930) 3 Ideias apresentadas pelo arquiteto Jaime Leirner em aula proferida no curso Habitação e Cidade da Escola da Cidade em 4 de Junho de 2013 http://escoladacidade.org/ bau/jaime-lerner-interface-tecnica-politica-no-planejamento-das-cidades/ 4 PREVI “Proyecto Experimental de Vivienda”, AD Architectural Design 4 (1970), projeto experimental de habitação realizado em Lima entre 1966 e 1968. Houve um concurso do qual participaram vários arquitetos de destaque, entre os quais alguns vinculados ao chamado Team X, que promulgava uma grande revisão de paradigmas face ao urbanismo resultante da Carta de Atenas. 5 Informações apresentadas pelo arq. Gustavo Rebord em aulas proferidas no curso Habitação e Cidade na Escola da cidade http://escoladacidade.org/bau/gustavo-rebord-politica-habitacional-america-latina/ 6 Para compreender o Programa PMCMV consultar: lei 11977 – 2009, lei 12424 – 2011, decreto 7499 – 2011, além das portarias 168 – 2013 e 518 – 2013. Há, nesse programa de financiamento, uma linha que contempla entidades e outra que se orienta para a produção de unidades pelo mercado imobiliário. Regras como área máxima da unidade, necessária acessibilidade plena, custos máximos a serem praticados, dimensionamento dos condomínios, questões referentes a espaços coletivos, equipamentos e algo de infra-estrutura são encontrados nesse material apontado. 17 18 PARTE 1 Políticas Habitacionais e Cidade decorrente Housing Policies and Resulting City 19 Recentes Políticas Habitacionais no Brasil1 Eulalia Portela Negrelos Este artigo resulta de palestra cujo conteúdo se refere a um processo longo de trabalho de pesquisa pessoal e está baseado em diversas fontes próprias e de colegas que, como Nabil Bonduki, vêm pesquisando sobre a habitação no Brasil. Várias das ideias aqui desenvolvidas têm o suporte das referências bibliográficas indicadas ao final. Para incrementar a transcrição para o formato de artigo tomei a liberdade de desenvolver algumas ideias de referências que se somam às já indicadas na palestra. São artigos de minha autoria resultado de pesquisas em andamento no IAU-USP, onde atuo como professora e pesquisadora. Agradeço à Escola da Cidade a oportunidade de oferecer estas reflexões para o debate acadêmico. Periodização da Política Habitacional no Brasil A reflexão sobre as recentes políticas habitacionais no Brasil requer, em função do método de abordagem histórica, uma recuperação da trajetória dessas políticas, nem sempre públicas como veremos adiante, e que, ao longo do século XX estiveram vinculadas a sistemas e regimes políticos, conjunturas econômicas muito diferentes e, fundamentalmente, às especificidades da intensa urbanização brasileira. É fundamental ampliar a compreensão da intervenção pública – estatal – sobre a problemática habitacional, principalmente das camadas populares, à luz da intensa urbanização, sobretudo a partir da década de 1970, conforme indicado no gráfico a seguir. 1 Palestra proferida no Curso de pós-graduação lato sensu Habitação e Cidade, Escola da Cidade, 13 de junho de 2013. 21 Gráfico 1 - Evolução da População Urbana e Rural no Brasil – 1900-2000 (BONDUKI, 2009) Com intensas ações públicas vinculadas ao higienismo, o Estado regulamenta a produção habitacional privada, visando o controle sanitário, apesar de inexistir a produção estatal de habitação, predominando a exploração privada rentista. Os aluguéis são regulados pelo mercado, seja em vilas operárias (bairros operários fechados) produzidas por industriais e algumas mútuas de trabalhadores ou em cortiços (habitação coletiva precária de aluguel). Figura 1 - Proposta de “planta do tipo de cortiço urbano”, em relatório da Comissão de Exame e Inspeção dos Cortiços, 1893. (BONDUKI, 1998) 22 Figura 2 - Vila Economizadora - Conjunto de casas de aluguel produzidas pela Mútua Economizadora Paulista, 1907. (BONDUKI, 1998) Figura 3 - Primórdios da produção em série - Sobrados na Rua Barão de Jaguara, Mooca, projeto de Gregori Warchavchik, 1929. (BONDUKI, 1998) II - Origens da habitação social (1930-1964) - Desenvolvimentismo e intervenção do Estado para “proteger o trabalhador” A partir do trabalho de Bonduki (1998), entendemos que com Getúlio Vargas (1930-1945) se deram as origens da intervenção do Estado em matéria de habitação popular, intervindo diretamente sobre o sistema rentista de oferta de moradia popular o que levou, em 1942, à implementação da Lei do Inquilinato, que congelava os aluguéis. A produção estatal da habitação deu-se fundamentalmente através dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP) e da Fundação da Casa Popular (FCP), criada apenas em 1946, com projetos marcados pela adoção dos princípios do Movimento Moderno. 23 A produção de habitação foi limitada às corporações autárquicas de trabalhadores sindicalizados e fortemente controlados pelo Estado, o que levou a uma “exclusão” de demanda. Com o início da intensificação da urbanização no Brasil ocorreu o crescimento da cidade “informal” em loteamentos periféricos (cuja venda em prestações foi facilitada), favelas, mocambos, alagados, ocupações irregulares e clandestinas. A política de habitação através dos IAP apresentava os seguintes componentes: 1. Recursos em grande quantidade – fundos dos IAP recolhidos do salário dos trabalhadores como contribuição previdenciária. 2. Previsão de um organismo unificador dos IAP e seus fundos: ISSB-Instituto de Serviços Sociais do Brasil, representando uma política redistributiva (antecipando o INPS de 1964). 3. Previdência social universal. 4. Serviços assistenciais (superando o corporativismo sindical). 5. Criação de uma poderosa agência habitacional – FCP – representando a institucionalidade da política. 6. Capacitação técnica – alta qualidade dos projetos. 7. Reconhecimento público sobre a importância da questão (quadro de crise de habitação + pressão social que acelerou a produção do período 45/54). 8. Vontade política do governo. Os institutos foram criados por categoria profissional (entre 1933-38 eram 6: marítimos, bancários, comerciários, industriários, motoristas, petroleiros, estivadores) – quase todas de marca moderna. Todos eles estavam ligados ao MTIC–Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que geria e financiava o sistema que era de capitalização. Os recursos arrecadados podiam ser investidos para garantir aumento dos fundos, o que permitiu a priorização de investimento em projetos estratégicos (Cia. Siderúrgica Nacional, Fábrica Nacional de Motores e a construção de Brasília, entre outros). Tal ação pode ser avaliada como perversa, pois eram recursos de trabalhadores, nunca inadimplentes, financiando projetos estatais e privados, voltados ao desenvolvimento econômico. Entre 1937 e 1964, os institutos produziram 142.127 unidades habitacionais (BONDUKI, 1998, p. 128), sendo que entre 1946 e 1964, foram 124.025 unidades habitacionais (BONDUKI, 1998, p. 115). A FCP foi criada em 1946 por Eurico Gaspar Dutra, a partir de projeto varguista, operando até 1964. Em seu anteprojeto encontramos: a centralização da gestão (alterado); fontes permanentes de recursos; articulação entre produção de moradia e desenvolvimento urbano; criação de empréstimo compulsório por 30 24 anos, garantindo recursos baratos e contínuos (alterado). A não centralização da gestão, de forma populista, resultou na criação de diversos órgãos estaduais (BONDUKI, 1998, p. 122). Sua produção foi de 143 conjuntos com 16.964 unidades habitacionais. A importância dessa atuação estatal através dos institutos influenciou a formulação das diretrizes da política habitacional fomentada pelo Banco Nacional de Habitação- BNH, criado em 1964, após o golpe militar. Figura 4 - Conjunto Realengo, RJ; o primeiro do Brasil – 1939-1942, 2300 unidades, de Carlos Frederico Ferreira. (BONDUKI, 1998). Figura 5 - Conjunto Residencial da Baixada do Carmo, São Paulo/SP. Attílio Corrêa Lima e equipe. Projeto original com 4.038 UH, década de 1940. (BONDUKI, 1998) Figura 6 -Conjunto Residencial Armando de Arruda Pereira (Japurá) – IAPI – São Paulo/SP, Eduardo Kneese de Melo, 245 UH, décadas de 1940/1950. (BONDUKI, 1998) Figura 7 - Contracapa do jornal Correio Paulistano, 1946, sobre a autoconstrução em loteamentos periféricos em Vila Matilde, zona leste de São Paulo/SP. (BONDUKI, 1998). 25 III - SFH/BNH e a consolidação de uma política habitacional (1964-1986) No período militar, através do Sistema Financeiro da Habitação-SFH, do BNH, e das Companhias de Habitação-COHAB, se produziu extensão de cidade com a equação de terra pública, recursos públicos, habitação massiva e urbanização periférica. (NEGRELOS e FERRARI, 2013) Com a extinção da FCP e dos IAP inicia-se um período marcado por uma concepção tecnicista para enfrentar os problemas sociais dos quais a habitação era elemento especial. Ocorre a criação de forte estrutura institucional, baseada no componente financeiro das ações e centralizada no BNH, que geria dois sistemas de atuação integrados, o SFH e o Sistema Financeiro do Saneamento-SFS, atuante no desenvolvimento urbano. A habitação é o eixo da política urbana do regime, disseminando-se a ideia da casa própria em detrimento do aluguel ou outro tipo de garantia de acesso à moradia, buscando legitimação para a nova ordem junto à população que habitava precariamente em favelas, cortiços e casas alugadas. A captação dos recursos para o sistema era realizada junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço-FGTS, criado em 1966, como poupança compulsória. O BNH tinha atribuições de orientação, disciplina e controle das ações para a promoção da habitação; para aplicar os instrumentos de operação direta das ações em 1967 foi estruturada uma rede de agentes operadores e promotores, as COHAB, de abrangência regional, com produção através de licitação pública de pacote completo de projeto e obra. A racionalidade necessária às construtoras e a demanda governamental de produzir o maior número de moradias foram articuladas na formação de “bancos de terras”, principalmente grandes glebas, muitas vezes ainda rurais, nas periferias das grandes cidades, para a produção de megaconjuntos habitacionais (“cohabs”) construídos com os chamados “projetos-padrão” no esquema terraplenagem+unidade mínima, enquadrando o empreendimento no padrão de maior retorno financeiro (Figuras 8 e 9) (NEGRELOS, 2012). Figuras 8 e 9: Conjunto Dale Coutinho - COHAB-Santos/SP. Foto aérea e Implantação. Imagens Aéreas – Banco de Imagens da Baixada Santista. Em: <www.imagensaereas.com.br> Acesso em 13/06/2012; e arquivo em AutoCAD cedido pela COHAB–ST convertido em jpg, respectivamente. 26 A nova política habitacional, de componente financeiro, mostrou resultados excludentes (apesar de sua divulgada intenção de incluir o máximo de trabalhadores em casas próprias em bairros novos e com infraestrutura e equipamentos) (Figuras 10 e 11) uma vez que era centralizada, com condições financeiras extremamente desfavoráveis para os mutuários, sobretudo após 1973 quando o país entra na crise do “milagre brasileiro”, em um quadro de inflação crescente e correção monetária, congelamento de salários e ausência de subsídios. Figuras 10 e 11 - Conjunto Pe. José de Anchieta – Itaquera IA – 1983. Cedidas pela COHAB-SP. (NEGRELOS, 2012) Figuras 12 e 13 - Produção convencional de conjuntos habitacionais com extrema racionalização. Revista Projeto, Suplemento Especial “Da Utopia à Construção”, 1991. (NEGRELOS, 1998) e Bonduki (2009). De 1964 a 1986 foram financiados cerca de 4,3 milhões de unidades novas, das quais 2,4 milhões com recursos do FGTS, para o mercado popular, e 1,9 milhões com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), para o mercado de classe média (BONDUKI, 2007). No início da década de 1980 as favelas estão consolidadas e em constante adensamento, os imóveis encortiçados se expandiram da área central para lotes de periferia e diminuem as possibilidades fundiárias do esquema lote periférico-autoconstrução-casa própria, pois o padrão periférico de crescimento urbano e a solução habitacional inerente a ele esgotaram suas possibilidades de expansão, na escala em que vinham se dando, principalmente no município de São Paulo (BONDUKI, 1992), além de outros municípios da Região Metropolitana de São Paulo-RMSP. 27 Figuras 14 e 15 - Loteamento periférico – Osasco/ SP – década de 1970 (BONDUKI e ROLNIK, 1979) IV - Transição democrática – Contextualismo Crítico; Redemocratização e desestruturação da política nacional de habitação. Experiências alternativas de projeto e participação popular (1980-2000) O sistema BNH/COHAB se altera em 1986, quando as atribuições do Banco passaram à CEF. Nesse momento, movimentos de moradia e suas assessorias técnicas consolidam suas críticas aos conjuntos habitacionais massivos e periféricos produzidos no período anterior, intensificando a disseminação de teorias críticas ao Movimento Moderno e defendendo o que se conhece como “retorno à cidade” (GORELIK, 1996). No quadro de ruptura com o projeto moderno e de experimentação de novos tipos de produção da moradia, se recupera do mundo rural a ideia de “mutirão”, num sentido de valorização da vida comunitária para alcançar, ao contrário daquilo que se criticava nos conjuntos massivos, mais identidade com o espaço da moradia e com a comunidade envolvida. Figuras 16 e 17 - Favela Recanto da Alegria, Santo Amaro, São Paulo/SP Projeto para mutirão com “maquetomóvel”, 1983. (LABHAB - Belas Artes). Favela Heliópolis, São Paulo/SP. Construção em mutirão, 1991. Foto de Negrelos, 1991. 28 A mobilização dos movimentos sociais também foi intensa no Movimento Nacional da Reforma Urbana-MNRU nos anos 1980, com a emenda popular que constitui o Capítulo da Política Urbana, artigos 182 e 183 da Constituição Federal-CF de 1988, num quadro de baixo nível de investimentos federais em moradia e saneamento. Os novos conjuntos e intervenções integradas em favelas ou novas áreas, promovidos oficialmente com a participação de associações comunitárias e assessorias técnicas desde 1980 até hoje, justificam uma construção da relação do morador com a elaboração de seu novo espaço em uma produção arquitetônica e urbanística relacionada a vários ideários, desde os mais tradicionais como a casa geminada ao longo da rua, até o bloco disposto de forma aberta no assentamento, passando pela quadra fechada formada pelo edifício que se volta todo para dentro. Figuras 18 e 19 - Heliópolis I, São Paulo/SP. 1990/92. Arq.º Luis Espallargas Gimenez. (PMSP) (ANDRADE; BONDUKI; ROSSETTO, 1993) 29 A produção habitacional da PMSP no município, de 1989 e 1992, defendeu o direito das coletividades populares à arquitetura e a um tratamento global de seus bairros de acordo com suas necessidades materiais, políticas e socioculturais, viabilizou o desenho de um amplo rol de alternativas urbanísticas e arquitetônicas discutidas diretamente com os usuários, desde variadas leituras do projeto moderno ao “novo urbanismo” (LAMAS, 1993), explorando possibilidades de novas formas urbanas (NEGRELOS, 1998). Nessa gestão, ocorreu a valorização da Superintendência de Habitação Popular Popular-HABI, com inovadora política habitacional e aumento de recursos orçamentários, com os princípios norteadores do direito à arquitetura e à cidade, desenvolvendo programas operados em cogestão dos recursos com associações comunitárias, incentivando a regularização da posse da terra. V - Novas políticas federais dos anos 2000 – Ministério das Cidades – PAR – Programa de Arrendamento Residencial e PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida. A atuação do Governo Federal em matéria habitacional nos anos 1990 foi muito limitada, sobretudo em função do avanço do neoliberalismo, expresso nas privatizações de serviços públicos. Com estrutura institucional débil, desarticulada e instável, além de rigor para conceder financiamento, exclusão das baixas rendas e falta de financiamento ao setor público que afeta as áreas de saneamento e urbanização de assentamentos precários, o Estado assiste ao crescimento das necessidades habitacionais com agravamento da desigualdade e da violência urbana; enquanto isso, o SBPE não investe em moradia para as classes de rendas médias e baixas. Após 13 anos da aprovação da CF em 1988, intensas negociações foram realizadas no Congresso Nacional para a aprovação da regulamentação do capítulo da Política Urbana, em julho de 2001, Lei Federal 10257 e Medida Provisória 2220 sobre regularização de assentamentos em áreas públicas. Em 2000 o MNRU já havia alcançado a inclusão do direito à moradia como preceito constitucional. O Estatuto da Cidade-EC regulamenta inúmeros instrumentos para fazer valer a função social da propriedade privada e da cidade, no sentido de garantir o direito à moradia e regularizar as ocupações de terra; além disso, obriga a formulação e aprovação de Planos Diretores Participativos-PDP com una série de critérios (municípios com mais de 20.000 habitantes, por exemplo). Para a campanha presidencial de 2002, o Partido dos Trabalhadores-PT elaborou o “Projeto Moradia”, pactuado com vários setores da sociedade atuantes na área de habitação, sendo a base do programa de Lula para habitação e política urbana. O 30 Projeto estrutura complexa estratégia para equacionar o déficit habitacional, propondo uma política nacional e não um plano de governo, articulando os três níveis de governo, movimentos sociais, empresários, entidades da sociedade e demais segmentos vinculados à habitação, para enfrentar os desafios do setor. Os anos 1990 e 2000 serão marcados, no campo urbano-habitacional, pela implementação de Operações Urbanas Consorciadas-OUC, com articulação entre poder público e mercado, desenvolvendo os denominados Grandes Projetos Urbanos-GPU; tais projetos são entendidos como dispositivos capazes de articular três grandes objetivos na cidade e na região metropolitana: 1. Reconfigurar o espaço metropolitano como território de investimentos ligados à transformação territorial metropolitana; 2. Imprimir um novo conjunto de valores ao centro da cidade para superar o ambiente considerado de “abandono” e “marginal”, incompatível com a reconfiguração da metrópole como lugar de atração de investimentos; 3. Reconstituir o território da periferia urbana, que ainda oferece terrenos para sua conversão, assim como atividades consideradas “obsoletas” que podem ser substituídas por novos usos e atividades e cujo parque habitacional pode ainda ser remodelado, seja por reforma seja introduzindo novas atuações habitacionais junto com empresas produtivas. (NEGRELOS, 2005). Na reestruturação produtiva que ocorre no Brasil, sobretudo a partir de finais da década de 1980, não se encontra apenas a indústria, o comércio e os serviços, mas também a forma de produção da cidade que se expande cada vez mais de forma horizontal, com expansão habitacional em condomínios horizontais periféricos. Essa produção da cidade está denominada por Reis F.º e Tanaka (2007), como “fragmentada e dispersa”. Seria, então, nesse padrão de cidade fragmentada e dispersa que, no final da década de 1990, são formulados novos programas habitacionais federais, como o Programa de Arrendamento Residencial-PAR-CEF, de 1999; sua produção é contextualizada, mas agora pela iniciativa privada da construção civil que projeta condomínios, verticais ou horizontais, no padrão forma-condomínio, ou seja, novos conjuntos de pequeno porte segregados por muros. Do ponto de vista urbano, e segundo resultados parciais de nossa pesquisa (NEGRELOS, 2012), a maior parte desses conjuntos é periférica nas cidades de porte médio e, no município de São Paulo, sua localização é diferenciada dada a conformação do mercado imobiliário: ausência de grandes áreas periféricas, reconstrução em terrenos centrais anteriormente utilizados por indústrias, entre outras características. Do ponto de vista imobiliário e da proposição dos novos empreendimentos de habitação para as classes de menor poder aquisitivo, muita coisa continua a mesma. Um modelo resiste, dada a manutenção da relação pendular do preço da terra periférico x central, como nos fazem refletir alguns empreendimentos do programa federal vigente, como em São Carlos/SP, que são implementados em terra privada (Figuras 20 e 21). 31 Figuras 20 e 21 - Conjunto Residencial Oscar Barros, PAR, São Carlos. (LESSA, 2009). Conjunto Residencial Jardim das Torres, PAR, São Carlos (LESSA, 2009). No início de 2009, o Ministério da Cidade recebe a versão final do Plano Nacional de Habitação- PLANHAB, em fevereiro, elaborado de forma participativa desde a primeira gestão do Governo Lula, com os seguintes eixos estratégicos: a) Modelo de financiamento e subsídios; b) Política urbana e fundiária; c) Desenho institucional; d) Cadeia produtiva da construção civil. (BONDUKI, 2009) O PLANHAB detalha a nova Política Nacional de Habitação desse período, com os seguintes princípios: • • • • • Habitação digna como direito e vetor de inclusão social garantindo padrões mínimos de qualidade, infraestrutura básica, transporte coletivo e serviços sociais. Função social da propriedade urbana buscando implementar instrumentos de reforma urbana para combater a retenção especulativa de solo e garantir acesso à terra urbanizada. Questão habitacional como política de Estado - o poder público é agente indispensável na regulação urbana e no mercado imobiliário, na provisão da habitação e na regularização dos assentamentos precários. Gestão democrática com participação popular, controle social e transparência das decisões e procedimentos. Subordinação das ações em habitação à política urbana. O PLANHAB, como instrumento de planejamento habitacional e fundamentado em política nacional, deixa, entretanto, de ser implementado, em função do lançamento do Programa Minha Casa Minha Vida PMCMV, em março de 2009, com previsão inicial de um milhão de unidades até 2010. Com abrangência nacional e recursos do Fundo de Desenvolvimento Social-FDS, a produção do programa retoma a produção massiva de habitação, periférica e adensada, na tipologia habitacional unifamiliar horizontal, conforme se apreende das Figuras 22 e 23, no município de São Carlos. 32 VI - A trajetória recente de habitação social no município de São Paulo a partir de 2001 – a prática consolidada de remodelação de favelas. Figuras 24 a 27: Conjunto Alexandre Mackenzie, Complexo Jaguaré. São Paulo/SP, Arq.º Marcos Boldarini. Foto de Fabio Knoll, 2009 e planta cedida por Boldarini. Novos projetos de habitação em favelas no município de São Paulo, principalmente a partir da gestão 2001-2004 recebem incentivos institucionais e orçamentários obtidos junto ao governo federal, produzindo projetos de remodelação de bairros populares, com propostas formuladas e, muitas, finalizadas e ampliadas nos dois governos seguintes – 2005 a 2012. São projetos de nova atuação em favelas, mesclando edifícios novos para reassentamento com recuperação de moradias em bom estado. Com o advento, em 2006, de normativa nacional sobre recuperação de áreas degradadas ambientalmente ocupadas por assentamentos precários (Resolução CONAMA 369), foi possível intervir de forma intensiva na recuperação ambiental de assentamentos informais com possibilidade efetiva de manutenção da população que não se encontra em risco de morte ou perda material. Esses novos projetos retomam parâmetros modernos para os edifícios, agora na cidade sem atributos da modernidade, numa tendência quase simbólica da retomada projetual do ideário moderno, que, para habitação social, praticamente se extingue na década de 1970. (NEGRELOS, 2010) A escala e as dimensões de conjuntos habitacionais modernos como os dos IAP e os da gestão 1989-1992 são, de alguma maneira, retomadas (Figuras 24 a 27; 28 e 29). Os novos conjuntos atuam na “costura da cidade”, preenchendo vazios e potencializando a infraestrutura disponível, reorganizando espaços considerados marginais com o reconhecimento do direito de moradia aos ocupantes de favelas; e, quando não é possível construir na malha consolidada, se orienta o crescimento em áreas mais periféricas com um elevado padrão habitacional, de construção e de vida coletiva. 33 Figuras 22 e 23: Jardim Zavaglia, S. Carlos/SP, PMCMV, 2009/2010, PMSC/RPS Engenharia Ltda. Foto e Planta. Fontes: Camila Ferrari, Maio/2012, com intervenção em imagem cedida pela Prefeitura de São Carlos. Em: <http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/habitacao-morar/154835-mapas-loteamentos-cidade-distritos. html> Acesso em 13/06/2012, respectivamente. Figuras 28 e 29. Conjunto Parque do Gato, centro de São Paulo/SP, concepção arq.ºs Wagner Germano e Teresa Herling, projeto executivo Peabiru – Trabalhos Comunitários e Ambientais. http://fubango.blog.uol. com.br/images/Martagato1.jpg, acesso em 14/03/2010. http://bbs.keyhole.com/ubb/ubbthreads.php, acesso em 14/03/2010. Foto de Marcos Issa/Argosfoto A “nova economia urbana”, demarcada pelo processo de reestruturação técnico-produtiva a partir do final dos anos 1980 no Brasil, demanda e provoca transformações no espaço (dos ricos e dos pobres). Buscamos contribuir na compreensão desse processo de produção de novas formas urbanas: os componentes que tem se modificado, as tipologias de novas configurações habitacionais, as novas características morfológicas da habitação social, estatal, com a articulação de agentes privados, o que mudou na sua relação com a cidade. 34 Referências ANDRADE, C.R.M. de; BONDUKI, N.G.; ROSSETTO, R. Arquitetura e Habitação Social em São Paulo. 1989-1992. Livro que acompanha a Mostra “Arquitetura e Habitação Social em São Paulo 1989-1992”, integrante do Núcleo Cidade e Território – 2.ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, agosto 1993. BOLDARINI ARQUITETOS. Projetos para a PMSP-SEHAB-HABI, no período 2005-2009-2012. BONDUKI, N.G. Das origens da habitação social no Brasil ao Plano Nacional de Habitação. Apresentação em power point em debate no DAU – EESC – USP, São Carlos, SP, 06/05/09. _________. Política de vivienda e inclusión social en Brasil: revisión histórica y nuevas perspectivas en el gobierno de Lula. In: ESPINOSA, Jaime Erazo. (Org.).Inter/secciones urbanas: origen y contexto en América Latina. Quito: Flacso Ecuador/Ministerio de Cultura, 2009, v. p. 95-135. _________. Origens da habitação social no Brasil. Arquitetura Moderna, Lei do Inquilinato e Difusão da Casa Própria. São Paulo: Estação Liberdade: FAPESP, 1998. _________. Habitação & Autogestão. Construindo Territórios de Utopia. Rio de Janeiro: FASE, 1992. BONDUKI, N.G.; ROLNIK, R. Periferias: ocupação do espaço e reprodução da força de trabalho. São Paulo: FAU-USP:FUPAM, 1979. GORELIK, A. O moderno em debate: cidade, modernidade e modernização. In: MIRANDA, W.M.(org.). Narrativas da modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999, p.55-80. LAMAS, J.M.R.G. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, 1993. LESSA, A.L.B. A negação da cidade em configurações habitacionais contemporâneas. Três casos em São Carlos/SP. São Carlos: EESC-USP-SAP, Inic. Cient. (PEP/ USP-PRG), 2009. NEGRELOS, E.P.; FERRARI, C. Resiliência de tipologias habitacionais e urbanas do alojamento popular no Brasil. In Anais do XV ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR - Desenvolvimento, planejamento e governança. 30 anos da ANPUR, Recife, 2013. NEGRELOS, E.P. O desafio da produção massiva da habitação social no Brasil. Perspectivas atuais. O Caso de São Paulo. In Anais do 1.º Congresso Iberoamericano de Solo Urbano. Malvinas Argentinas, Província de Buenos Aires, Argentina, 2012. _________. Habitação Social Pós-1964 no Município de São Paulo. Contribuições ao Debate sobre o Moderno e a Produção da Cidade. In Anais do XI SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO. A CONSTRUÇÃO DA CIDADE E DO URBANISMO: IDEIAS TÊM LUGAR? Vitória, Espírito Santo, 5 a 8 de outubro de 2010. _________. Técnica e Estratégia Política. Grandes Projetos Urbanos na RMSP. São Paulo: FAU-USP, Tese de Doutorado, 2005. _________. Remodelação de bairros populares em São Paulo e Madrid, 1976-1992. Projeto e Participação Popular. São Paulo: FAU-USP, Dissertação de Mestrado, 1998. REIS F.º, N.G.; TANAKA, M.M.S. (org.). Brasil – estudos sobre dispersão urbana. Apoio: LAP – Laboratório de Estudos sobre Urbanização, Arquitetura e Preservação, FAPESP: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. São Paulo, 2007. 35 Las políticas públicas de vivienda en Argentina desde principios del siglo XX a la actualidad Germán Gustavo Rebord Introducción En el presente trabajo, se realiza un recorrido histórico desde principios del siglo pasado hasta la actualidad, recuperando los modos y respuestas que se brindaron desde el Estado, al problema de la vivienda en Argentina. Se parte del concepto de que las políticas públicas son el resultado de un proceso social, económico y político, donde el Estado toma posición frente a un determinado tema. Para ello, dentro del aparato gubernamental se accionan mecanismos que viabilizan u obstaculizan las acciones necesarias, en función de intereses e influencias internas y externas al gobierno. Frente a esto, Miriam Rodulfo (2003) manifiesta que “Las estructuras de orden político, técnico y burocrático no son asépticas y actúan condicionando la naturaleza de las decisiones públicas. No hay en lo público, un poder político o burocrático ajeno o aislado de las cuestiones económicas o sociales que afectan a individuos y grupos. Antes bien, el ejercicio de éste poder es permeable a los complejos procesos, relaciones y pujas existentes entre los intereses públicos y privados, los que se expresan a través de los actores que detentan la capacidad de tomar decisiones y tiñen los contenidos, instrumentos y prioridades de las políticas públicas”. 37 Teniendo en cuenta el concepto precedente, se presentan las respuestas brindadas desde el Estado en cada momento histórico, considerando el tejido contextual, el modo de comprensión del problema por parte de la sociedad, y los actores predominantes. En forma paralela, se encuadra a cada una de estas políticas dentro de un paradigma de pensamiento, correspondiente a su lógica de acción. Por razones prácticas, se ubica cronológicamente a las distintas políticas y su período de mayor aplicación, las cuales no tienen fecha definida de inicio ni finalización. Tienen un surgimiento, luego se modifican o permanecen en el tiempo, según el marco político y los lineamientos que enuncien los paradigmas de pensamiento vigentes. Se hace necesario aclarar que los programas y proyectos de vivienda, producto de un determinado momento, conviven con las nuevas respuestas al tema, superponiéndose miradas y acciones. Ciudad Evita Barrio los Perales 1947 Primer Ciclo Las grandes ciudades de Argentina, desde 1850, recibieron enormes contingentes de población como producto de dos fenómenos: la migración interna de población rural, y la inmigración europea. Ante estos movimientos demográficos masivos, los conventillos se constituyeron en la primera respuesta a la carencia de vivienda. En ellos habitaba una familia por habitación, compartiendo los servicios sanitarios y de cocina. La primera intervención del Estado en la temática habitacional, fue fijar la regulación en el precio de los alquileres, modificando la postura del gobierno liberal, el cual consideraba que la necesidad de alojamiento era un problema individual, dependiente de la oferta y la demanda. Hacia octubre de 1915, se crea mediante la Ley 9677, la Comisión Nacional de Casas Baratas, con la misión de orientar en materia de hábitat, aplicar exenciones impositivas, y realizar construcciones experimentales, como elementos 38 ejemplificadores, modelos a ser imitados por la iniciativa privada. Raúl Fernandez Wagner (2007), expone que “paralelamente también se organizarían algunos fondos -en sociedades filantrópicas- para promover la construcción de “viviendas obreras”, o también llamadas “viviendas modelo” o “viviendas higiénicas”1. Estas acciones tuvieron un escaso impacto cuantitativo. Ante la insuficiencia de viviendas, las familias comenzaron a instalarse en áreas periféricas de baja calidad ambiental, auto produciendo su hábitat de manera informal. A partir de mediados de la década del ‘40, con la llegada del Partido Justicialista al poder, se impulsa un modelo de desarrollo basado en la sustitución de importaciones, con un Estado planificador e intervencionista. Algunas acciones destacables llevadas adelante por este gobierno son, la construcción masiva de vivienda, la generación de un nuevo aparato burocrático y administrativo, y la sanción de un conjunto de leyes de incidencia en el mercado habitacional, tales como: -Ley 13512, de propiedad horizontal -Ley 14005, de venta de lotes en mensualidades -Ley 2962, que modifica la carta orgánica del Banco Hipotecario Nacional Este conjunto de acciones directas e indirectas, proveyó de vivienda a clases medias y medias bajas, logrando concretar el derecho de acceder a la ciudad y todos sus servicios por parte de los obreros, como sujetos de derechos sociales. Segundo Ciclo 1968-1979, Proyecto urbano General Savio (Lugano I y II) El contexto histórico de este ciclo, sostiene como modelo de desarrollo la industrialización sustitutiva de importaciones, basada en el impulso de la industria pesada. Esto trajo aparejado un proceso de urbanización acelerado, con intensificación de la migración rural - urbana. Rodulfo (2003) se refiere a esta situación de la siguiente manera: 1 Las comillas pertenecen al autor. 39 “El escenario habitacional, estaba dominado por un modelo de desarrollo caracterizado por provocar fuertes movimientos migratorios, atraídos por el crecimiento y diversificación de las actividades urbanas que transformaron a las ciudades hasta concentrar el 87 % de la población nacional en un proceso en el que, amplios sectores de la población nacional quedaron excluidos”. Como consecuencia de esto, las ciudades se ven desbordadas por los nuevos habitantes urbanos, quienes deben resolver el alojamiento por sí mismos, ya que la economía formal no llega a incorporarlos. De esta manera, la cantidad de familias en asentamientos informales crece cuantitativamente, y lo mismo ocurre con el número de villas. La actitud de los gobiernos democráticos es cambiante, pues por momentos apoya brindando servicios, y en otros organiza desalojos masivos en los asentamientos. A partir de 1966, el gobierno de facto a nivel nacional da comienzo a un programa de erradicación de villas, bajo la idea de implementar el desarrollo comunitario, pero controlado por el Estado. Para esta política de erradicación, se crearon viviendas transitorias, donde fueron alojadas las familias mientras se construían las viviendas definitivas, hecho que no se cumplió. Hacia fines de este período puede verse, al decir de Oscar Yujnovsky (1984), que “El fracaso de los proyectos encuentra sin duda su causa última en la imposibilidad estructural de resolver el problema de la situación habitacional deficitaria de los sectores de menores recursos sin una política que atienda a la transformación de la sociedad argentina”. En cuanto a la política de vivienda para sectores medios y medios bajos, se ejecutan programas universales de vivienda llamados llave en mano, centralizados en el órgano nacional. Debido a esto, no se toman en cuenta las particularidades del usuario, ni tampoco se le da participación en ninguna etapa del proceso. A su vez, se producen modificaciones en el sistema de financiación de la vivienda en dos sentidos: por un lado, cambiando el origen de los fondos, y tomando créditos de la banca internacional; por el otro, adaptando el aparato administrativo del Estado a estas nuevas formas de financiamiento. Tercer Ciclo Las décadas del ‘70 y del ‘80, constituyen un momento histórico convulsionado, tanto a nivel nacional, como internacional. En lo económico, predomina un contexto inflacionario y recesivo, con amplio descontento de los sindicatos y los movimientos obreros. A fines de los ‘70, co- 40 Lotes con Servicios y Mejoramiento de Barrios (radicación) mienza un cambio de modelo en manos de los gobiernos militares, tomando medidas de corte liberal. Pero, ante su incapacidad de satisfacer la demanda con las políticas que se implementan, el problema de la vivienda se agrava. Esto llevó a que se desarrollen paralelamente, dos líneas estratégicas contrapuestas. Por un lado, se crea en 1972 el Fondo Nacional de la Vivienda (FONAVI), que captaba fondos aplicando un gravamen sobre el salario, que eventualmente pagarían los empleadores; su existencia se extendió por más de 30 años. La planificación y ejecución de esta política se mantuvo en la esfera nacional, hasta que en 1976 se incorporan los organismos ejecutores a nivel provincial. Luego, en 1983, se descentraliza en los Institutos Provinciales de Vivienda - IPV. Por el otro, emerge una estrategia innovadora, basada en nuevas ideas promovidas a nivel internacional. Vale mencionar a John Turner (1977), quien cambia el punto de vista del problema de la vivienda, manifestando que a ésta se la debe entender como proceso social, y no sólo como un producto. Por su parte Ernst Schumacher (1978), generó una línea de trabajo en pos de la invención de nuevas tecnologías para la vivienda, a la que llamó tecnologías apropiadas. La realización de la Primera Cumbre de la Naciones Unidas sobre Asentamientos Humanos, Hábitat I (1976), se fundamentó en estos puntos de vista, recomendando a los gobiernos implementarlos y apoyarlos desde las políticas públicas. Estos avances, que recayeron en una consideración más prioritaria de los asentamientos informales, dieron origen a políticas que se denominaron alternativas, en las cuales la población pasó ser parte involucrada en la decisión y la gestión de la construcción de su hábitat. Las políticas alternativas, se centran en solucionar y optimizar el hábitat construido por los propios pobladores; para ello, se generaron programas que atendieron la regularización de la tenencia, la provisión de infraestructura y el mejoramiento de vivienda. Conceptos como progresividad, 41 vivienda evolutiva, pie de casa, vivienda semilla, fueron incorporándose en los equipos técnicos de asesoramiento. También las formas de producción se diversificaron, combinando la ayuda muta, el esfuerzo propio, el trabajo cooperativo entre otras. Cuarto ciclo En las últimas dos décadas del siglo XX, se producen importantes transformaciones económicas y políticas, basadas en un nuevo paradigma de desarrollo. Se adoptaron ideas neoliberales en la economía, y se introdujeron cambios en las formas de producción. Ejemplo de dichos cambios, son las recomendaciones del Consenso de Washington, impulsadas por el Fondo Monetario Internacional (FMI) y el Banco Mundial (BM), entre otros. Estas promueven reducir el déficit fiscal y el gasto público; liberar las importaciones y todo tipo de restricciones al comercio; viabilizar las inversiones extranjeras; privatizar las empresas estatales; abolir las regulaciones que impiden el acceso al mercado; restringir la competencia. Actuación del Prog Promeba en Córdoba con provisión de nucleo sanitario En Argentina, el gobierno democrático de Carlos Menem (1989-1999), se orientó a la privatización de los servicios públicos, la desregulación del mercado laboral, y la promoción del ajuste en los gastos del Estado. “El fin del estado benefactor, provoca un paulatino abandono del principio de responsabilidad social de lo público hacia el problema habitacional, construido como resultado de casi un siglo de lucha social. Ello permite desvincular al Estado de la responsabilidad en la provisión de los servicios habitacionales, para dar lugar a una mayor transferencia al mercado, mediante la restitución del principio de responsabilidad individual, frente al problema del alojamiento”. (Fernandez Wagner, 2007) La política habitacional puso su foco en el financiamiento de la demanda, promoviendo el rol del Estado como facilitador del mercado. Además, para contrarrestar los efectos negativos del ajuste -incremento de la desocupación y la pobreza- fijó como objetivo para sus políticas, un alivio de la pobreza urbana, que 42 posibilite la gobernabilidad de la ciudad, sin conflictos sociales que impidan la movilidad y reproducción de los capitales. Al respecto, Rodulfo (2007) plantea que la política habitacional se centró en los siguientes aspectos: -Descentralización del FONAVI hacia la jurisdicción local -Articulación de distintos niveles de Estado para la intervención asociada -Diversificación de operatorias según tipo de demanda -Predominancia de la vivienda individual como respuesta, y aparición de la llamada solución habitacional -Focalización de las inversiones, en los territorios donde es necesario paliar los efectos negativos de la política económica -Viabilización del crecimiento del mercado de hipotecas Entre las principales acciones sucedidas en este período se encuentran: -Privatización del Banco Hipotecario Nacional -Cambios en el origen de los recursos del FONAVI -Aplicación del Decreto 690/92, que permitió mayor diversidad de soluciones habitacionales, para sectores de menores ingresos, con la participación de entidades intermedias -Creación del Programa Nacional Arraigo, para la regularización de las tierras fiscales ocupadas y desafectadas de su uso -Implementación del Programa Nacional de Mejoramiento de Barrios PROMEBA y del programa Rosario Hábitat, con el fin de integrar los asentamientos a la ciudad formal, financiados por el Banco Interamericano de Desarrollo (BID) -Implementación del Programa Nacional de Mejoramiento Habitacional e Infraestructura Quinto ciclo Argentina entra al nuevo siglo con una crisis económica, política y social que desencadena la salida prematura del gobierno de la Alianza por el Trabajo, la Justicia y la Educación. 6000 viviendas en Santiago del Estero Barrio Campo Contreras Programa Federal / Programa de Erradicación de Villas en Córdoba, llamado Mi casa, mi vida 43 La cuestión social se manifiesta en cifras alarmantes, mostrando las consecuencias del modelo; el desempleo alcanza el 18%; la clase media protesta mediante los cacerolazos. Ante la pérdida de puestos de trabajo, los desocupados se organizan produciendo los primeros cortes de ruta, autodenominándose movimientos piqueteros. El 20 de diciembre de 2001, se produce el estallido social que generó el final de una época y un modelo. Más adelante, en el año 2003, el nuevo gobierno plantea un desarrollo nacional con objetivos como la expansión del mercado interno, la generación de empleo y la redistribución del ingreso. En cuanto a lo habitacional, sus pilares son la construcción de viviendas y la obra pública, financiadas desde el Estado nacional. Sobre esto, Rodulfo (2007) dice que “la producción de vivienda es así, un factor que contribuye a asegurar niveles de actividad y empleo en el tiempo y en el territorio, hasta tanto se generen condiciones de reactivación de otros sectores productivos”. La política de vivienda vuelve a centralizarse en el nivel del poder ejecutivo nacional, generando una diversidad de programas: -Programa Federal de Construcción de Viviendas, con subprogramas de construcción con municipios, y de urbanización de villas y asentamientos precarios -Programa Federal de Mejoramiento Habitacional - Mejor Vivir -Programa Habitacional de Emergencia de construcción con cooperativas -Continuación de ejecución del PROMEBA -Programa de Crédito Argentino del Bicentenario para la Vivienda (PROCREAR) Conclusiones Las políticas públicas habitacionales, son una representación de la incidencia de las ideologías y los paradigmas imperantes, sobre las formas de resolver la cuestión de la vivienda. Debido a esto, se hace posible visualizar una evolución en el tiempo de las concepciones sobre cómo deben ser la solución y las formas de acceso a ésta. Pero también inciden los arreglos institucionales, los distintos sectores involucrados, y la posición que toma el gobierno cuando el problema se convierte en cuestión de Estado. De la lectura cronológica, se desprende que el concepto de vivienda sufrió constantes transformaciones en sus estándares. El paso de la vivienda mínima con ambientes multifunción, a la vivienda digna del peronismo con ambientes diferenciados para la nueva familia nuclear; la incorporación del concepto de hábitat, en el cual la vivienda es parte de un contexto urbano, a la solución habitacional neoliberal, llegando luego a la visión del hábitat como un derecho humano. Frente a esto, el hábitat urbano ha cobrado una complejidad y diversidad tal, que 44 necesita de una política urbano habitacional que garantice equidad socio-espacial en el acceso a ciudad. La mercantilización de la vida urbana y el encarecimiento del suelo, atentan contra el acceso y permanencia en la ciudad de las personas, por lo que ya no es posible hablar de obtención de vivienda en los términos históricos. Es necesario que sobre el proyecto arquitectónico, confluya de manera articulada una diversidad de herramientas como, planificación estratégica, economía urbana, instrumentos fiscales, estrategias socio-organizativas, de modo de tender hacia un verdadero proyecto urbano habitacional para toda la ciudadanía. Bibliografía Barrios, R. y Fernandez, N. (2012). (Con) vivir con el peronismo. Vivienda y ciudad durante el primer peronismo. Disponible en: http://redesperonismo.com.ar/ Cravino, A. (2009). Una historia sobre la transformación de la habitación popular en Buenos Aires (II). Del conventillo a las casas baratas, la casa chorizo y el cottage. En: revista virtual El Café de las ciudades. 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O continente lationamericano reúne os países com os maiores coeficientes de Gini do planeta, destaque para Guatemala, Honduras, Colômbia, Brasil, República Dominicana e Bolívia, enquanto os países menos desiguais como o Uruguai e a Venezuela ainda apresentam um coeficiente de Gini maior que Estados Unidos e Portugal, o país mais desigual da União Européia (ONU Habitat, 2012). Ainda segundo a ONU, ocorreu sim uma evolução positiva em termos de diminuição relativa da pobreza na região, com uma ligeira queda na concentração de renda em dez países, entre os quais está o Brasil, para além de Venezuela, Uruguai, Peru, Nicarágua, Honduras, Chile, El Salvador, México e Panamá; mas por outro lado outros países ainda apresentam um contexto de aumento das desigualdades, em um claro retrocesso com aumento da concentração de renda, como Costa rica, Paraguai, Colômbia, Equador, República Dominicana, Bolívia, Argentina e Guatemala (ONU Habitat, 2012). O gráfico (1) demonstra a tendência de queda do coeficiente de Gini no Brasil, já o gráfico (2) apresenta o crescimento da renda por decil de faixa de renda no período de 2004 a 2012, demonstrando um claro movimento de aumento de renda na base da pirâmide, ou seja nas faixas da população com menor poder aquisitivo. 47 Gráfico (1). Coeficiente de Gini – renda media familiar (2004 – 12).1 Fonte: Elaborado a partir de Ministério da Fazenda, 2013. Gráfico (1). Coeficiente de Gini – renda media familiar (2004 – 12)1. Fonte: Elaborado a partir de Ministério da Fazenda, 2013. Gráfico (2). Variaçãoda renda por faixa de renda (10%) no período 2004 -12. Fonte: Elaborado com base em BRAZIL, IBGE, 2013. Gráfico (2). Variaç da renda por faixa de renda (10%) no período 2004 -12. Fonte: Elaborado com base em BRAZIL, IBGE, 2013. O Brasil também é apontado por outras organizações internacionais como a OCDE2, o Banco Mundial, e o Fundo Monetário Internacional, como um ícone entre os países emergentes no quesito superação das desigualdades sociais, refletindo uma aceitação generalizada por essas instituições das políticas sociais implementadas pelas três esferas de governo com especial ênfase ao Programa Bolsa-Família e à política de aumento real do salário-mínimo. O país e suas políticas sociais ganhou destaque na nota técnica do Fundo Monetário Internacional de 2011 (Berg e Ostry, 2011) e também no recente lançado relatório da OCDE, Society at a Glance 2014, a organização apresenta a redistribuição de renda, como pilar central do modelo de 1O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo.Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza (fonte: www.ipea.gov.br). 2 Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. 48 crescimento econômico do Brasil, evidenciando a redução das desigualdades e a saída de milhões de pessoas da situação de pobreza, evidenciando o programa Bolsa-Família um modelo importante e adotado por diversos países como medida de redução de pobreza (OCDE, 2014:31). Este contexto de desigualdades sociais, claramente expostas em nossas cidades brasileiras, cujos traços de segregação territorial e espacial são bastante evidentes, é o grande pano de fundo para a implementação dos programas integrantes da política habitacional no Brasil. Uma análise mais profunda dos indicadores sociais no Brasil aponta para uma melhora significativa da abrangência das políticas sociais, como saúde, proteção social, emprego e educação com o incremento de alguns indicadores, como a redução do analfabetismo, melhor convergência entre idade e nível de escolaridade, frequência escolar e atendimento pré-escolar, entre outros. O indicador mais representativo, no entanto, em uma situação de crise econômica internacional desde 2008 é a redução do desemprego e o aumento dos empregos formais: em dezembro de 2013 a taxa de desemprego média nas regiões metropolitanas do Brasil era de 4,3% e o número de empregos formais criados entre 2002 e 2012 é de 18 milhões (Brasil, IBGE, 2103). A Política Nacional de Habitação 2003 – 2014 Após um hiato de 20 anos, sem uma política habitacional de âmbito federal e com escassos investimentos de governo em suas três esferas, o recém-criado Ministério das Cidades coordenou em 2004 a elaboração da Política Nacional de Habitação, estabelecendo diretrizes para a elaboração dos grandes pilares programáticos, o PAC – Urbanização de Favela (2007) e o Minha Casa, Minha Vida (2009), para além de outros programas concebidos e executados ao longo deste período, tanto para subsídios diretos como na forma de transferência orçamentária para estados e município. A instituição do SNHIS – Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social no ano de 2005 foi fundamental pra estabelecer os pilares institucionais para a execução da política habitacional, alavancando a criação e fortalecimento de conselhos participativos locais e órgãos setoriais, além de estimular o planejamento de longo prazo para enfrentar o problema da moradia nas três esferas de governo. O instrumento de planejamento em âmbito nacional é o Plano Nacional de Habitação – PLANHAB, elaborado no período 2007-08 de forma participativa promovendo alinhamento e consenso de representações da sociedade civil e entes públicos (movimentos sociais, setor privado, representações profissionais, instituições de pesquisa e academia) sobre as reais necessidades do país, recursos necessários e metas de atendimento para o período de 2008 a 2023. Fundamentais para evitar o agravamento do problema habitacional do país, a elaboração da política, lastreada no Estatuto da Cidade (Lei Federal de 2001), 49 Rio de Janeiro, Rocinha. Fonte: Atelier Metropolitano (Jorge Mario Jáuregui). com seus respectivos programas e marco legal vem tardiamente em um contexto de significativa precariedade habitacional no país, com grandes porções do território urbano do país ocupado por favelas e loteamentos irregulares, tecnicamente conhecidos por assentamentos precários, com expressivo número de domicílios localizados em situação de risco. Com o lançamento do PAC em 2007, os municípios passaram a contar com recursos expressivos significativos para implementação de infraestrutura e unidades habitacionais em assentamentos precários, mas simultaneamente são pressionados a se estruturar e organizar para ampliar a capacidade de planejamento e gestão dos investimentos disponíveis. Igualmente, o programa de subsídios habitacionais Minha Casa, Minha Vida – MCMV em 2009 trás consigo a possibilidade de aumentar a provisão habitacional para atender às necessidades habitacionais das cidades brasileiras, a partir de uma combinação de critérios nacionais e locais para a hierarquização dos atendimentos. O principal critério de priorização estabelecido para todo país é o atendimento a famílias em situação de vulnerabilidade física e social, agregando desta forma um instrumento poderoso para atendimento das famílias em situação de risco no país. A estimativa da Secretaria Nacional de Habitação (Ministério das Cidades) de população beneficiada pelo PAC é de 1,8 milhão de domicílios (de um total de 3 milhões residentes em favelas), e o MCMV gerou a produção de 1,2 milhão de novas unidades, com 2,8 milhões em andamento para atender a meta corrente de 3,4 milhões de moradias no país (SNH, 2013). A distribuição das unidades 50 por faixa de renda indica que 30% das unidades foram alocadas para famílias com renda mensal de até R$ 1.600, 65,9% entre R$ 1.600 e 3.275 e 6,8% até R$ 5.000 (SNH, 2013), convergente com o perfil socioeconomico do Brasil, mas ainda insuficiente para atender às necessidades representadas pelo, déficit e inadequação habitacional, e evitar a expansão de áreas de riso e assentamentos precários. Apesar do elevado patamar de investimentos gerados por estes dois programas, e os impressionantes resultados, ainda estamos longe de atender às necessicdades habitacionais e evitar a expansão de assentamentos precários em áreas não adequadas para moradia. Entretanto, elevar a velocidade e a escala de produção garantindo a sustentabilidade social, econômica e ambiental em nossas cidades é uma tarefa longe de ser fácil, pois vários fatores precisam ser levados em consideração, como por exemplo (i) a existência de trabalho social durante os perídos de pré e pós-ocupação; e (ii) instrumentos avançados de planejamento urbano para a disponibilização de terrenos para a moradia com boa inserção na malha urbana, ou seja: acesso a serviços, empregos, equipamentos públicos e lazer. Adicionalmente, em função das grandes densidades observadas em nossas cidades, a necessidade de verticalizar empreendimentos de habitação social traz desafios adicionais para viabilizar a fixação das famílias nas novas residências, como as despesas adicionais com manutenção e condomínio e serviços. Ou seja: não há como aumentar significativamente a produção de unidades habitacionais para a população de menor renda em contextos que não priorizem o planejamento e desenvolvimento urbano sustentável e de forma não articulada com programas robustos de desenvolvimento social e econômico. E embora grandes avanços possam ser observados nas três esferas de governo nestes últimos dez anos em termos de (i) planejamento urbano equitativo e sustentável; (ii) institucionalização da política habitacional e aumento de investimentos; (iii) estruturação de políticas e programas de inserção e desenvolvimento social e econômico; ainda existem grandes desafios para o país, principalmente relacionados à coordenação das políticas e sua execução local, em função da diversidade político-administrativa dos municípios do país, constitucionalmente designados para definir as diretrizes de uso do solo e expansão urbana. Os planos diretores municipais constituem o principal instrumento da política urbana e do planejamento das cidades brasileiras, a absorção do componente habitacional com o reconhecimento das precariedades existentes nos processos de debate e revisão dos planos diretores, é fundamental para que este processo de expansão urbana com reforço das nossas características históricas de desigualdade seja revertido. Nos Estados Unidos e em alguns países do continente europeu, mecanismos avançados de zoneamento inclusivo foram instituídos com o objetivo de aproveitar os avanços do mercado imobiliário no sentido de estimular a produção de habitação de interesse social de forma mais 51 integradas com mix de renda e usos nos territórios e até mesmo em um mesmo empreendimento. A política urbana no Brasil avançou significativamente no início da década de 2000 a partir da promulgação do Estatudo da Cidade em 2001, e depois com a criação do Ministério das Cidades e uma série de programas e campanhas com vistas a capacitar e estimular municípios para a elaboração de planos diretores, e instituição de instrumentos dos Estatuto da Cidade. Pode-se dizer hoje que houve um avanço, com a realização de planos diretores participativos e a implementação também majoritária do grande campeão do Estatuto das Cidades, as zonas especiais de interesse social. No entanto, já se passam quase dez anos e estes planos precisam ser revistos e avançar no desenho de instrumentos mais progressivos e que possam garantir a disponibilidade de solo urbano bem localizado para a provisão de habitação social. Sem que esta condição seja cumprida, dificilmente um programa como o Minha Casa, Minha Vida terá condições de ser implementado de maneira sustentável, atendendo às expectativas não só da população integrante do déficit e da demanda habitacional, mas também dos movimentos sociais e profissionais engajados e ativistas na promoção de cidades inclusivas e equitativas. As dimensões sociais e econômicas do Minha Casa, Minha Vida Para além dos quesitos físicos de qualidade e inserção urbana dos empreendimentos produzidos por meio da política habitacional em voga no país, outras dimensões devem necessariamente ser consideradas em uma análise mais aprofundada sobre seus impactos diretos para as famílias recipientes dos programas, e indiretos para a sociedade como um todo. Muito se fala sobre os benefícios econômicos em termos de geração de empregos e dinamização da econômica como um todo a partir da cadeia produtiva da construção civil, no entanto, há um reflexo importante e bem menos abordado, de redistribuição de riqueza no país. Em uma análise publicada no jornal Valor Econômico, o economista Marcelo Neri aponta para um avanço do capital residencial per capita de 42,1% desde 2003, com aumento acelerado a partir do lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida em 2009, e com grande impacto em termos de aliviar as desigualdades do país. Segundo ele a queda da desigualdade do capital residencial foi de 166% maior que a queda da desigualdade de renda da Pnad, com maiores ganhos destinados a grupos excluídos historicamente, como analfabetos, negros e empregados agrícolas (Neri, 2014). Sob a ótica do beneficiário, o grau de satisfação foi medido por uma pesquisa conjunta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Ministério das Cidades, na qual em uma escala de 0 a 10 os proprietários deram, em média, nota 8,8 às moradias. A nota maior foi de 8,9 par ao quesito aumento de bem estar, 52 seguido por 8,1 para o entorno das residências e 7,9 para custo das prestações3. Distante destas questões fundamentais, oO debate recente sobre a política de habitação no Brasil ressalta o protagonismo do principal programa de provisão habitacional, o Minha Casa, Minha Vida, na configuração das cidades brasileiras, acentuando tendências passadas de segregação e exclusão das populações inseridas nas faixas de renda representativas da base da pirâmide socioeconômica. Este debate revela, com razão, as grandes limitações de um programa habitacional enquanto instrumento majoritário de política urbana e no processo de construção de cidades mais equitativas e sustentáveis, ressalta igualmente a grande dificuldade encontrada pelo país para superar as mazelas históricas de desigualdades em nossa sociedade. Entretanto, uma análise mais aprofundada do contexto social, econômico e urbano do país e uma compreensão mais ampla dos impactos dos programas habitacionais, pilares da política nacional, em sua dimensão social e econômica, para além do ambiente construtivo em si pode indicar sim um avanço em relação às políticas anteriores: investimentos robustos que permitam um avanço gradual na convergência entre escala e qualidade, para além de uma contribuição mais efetiva no processo de desenvolvimento social e econômico de um Brasil menos desigual. Importante destacar o importante papel desempenhado pelo poder público municipal neste processo de promover a convergência entre escala e qualidade da produção habitacional nas cidades brasileiras. O principal instrumento consiste obviamente no plano diretor, que deve incorporar as necessidades habitacionais da população como pilar estrutural, e maximizar a utilização de terrenos vazios, ou subutilizados em processos integrados e sustentáveis de desenvolvimento urbano. Mecanismos mais sofisticados de zoneamento inclusivo também podem contribuir para aumentar a oferta de terras bem localizadas para habitação social; aplicado em alguns estados norte-americanos e em alguns países europeus, modelos diversos de inclusionary zoning podem constituir um instrumento eficaz para capturar ganhos de expansão do mercado imobiliário por meio da promoção de habitação social, nestes casos o importante é a contribuição em forma de terreno bem localizado e não apenas de recursos. Parcerias público-privadas para empreendimentos de uso misto, com um componente de habitação social também podem servir como incentivo para aumentar a produção de habitação de interesse social pelo setor privado, a partir de subsídios cruzados e incentivos do poder público, como por exemplo o poder de desapropriação, mudança de uso do solo, provisão de infraestrutura e acesso a serviços. Ou seja, apesar de termos no Brasil hoje um dos modelos de subsídios mais robustos do mundo, os recursos são insuficientes para garantir a oferta de habita3 Reportagem sobre o tema no Jornal Valor Econômico, disponível em: http://www. valor.com.br/brasil/3339440/beneficiarios-do-minha-casa-minha-vida-dao-nota88-moradias. 53 ção social em algumas áreas metropolitanas do país, sem tradição e histórico de modelos de gestão e governança consolidados. Enquanto o mercado imobiliário permanecer atrativo para o setor privado, o preço da terra e as oportunidades de negócios existentes constituirão um impeditivo para a expansão da oferta de habitação social em áreas mais próximas dos centros e com acesso a infraestrutura e serviços. Neste sentido, é necessário que o planejamento das cidades esteja fortemente voltado às necessidades habitacionais da população e que o poder público local estabeleça como prioritário a maximização da oferta de terra para habitação social liderando operações estruturadas, a partir de incentivos e mecanismos robustos como a desapropriação, revisão de zoneamento, apoio a processos de descontamização e oferta de infraestrutura e serviços. Bibliografia Berg A., Ostry J.(2011). Inequality and Unsustainable Growth: Two sides of the same coin?IMF Staff discussion note. Available at: https://www.imf.org/external/pubs/ft/sdn/2011/sdn1108.pdf. BRASIL, IBGE (2013). 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Brasil(2013).Cartilha Programa Minha Casa Minha Vida. Neri, M. (2014). O Valor da Casa Própria. Valor Econômico, 02 de abril de 2014. 54 Habitação e cidade como projeto coletivo: a Divisão de Engenharia do Instituto dos Industriários (1937-1960). Profa. Dra. Nilce Aravecchia Botas Este artigo pretende analisar a ação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI) na produção habitacional das décadas de 1940 e 1950, com o objetivo de iluminar as tensões entre a ação dos profissionais de arquitetura e de urbanismo e as características predominantes do Estado forjado a partir de 1930 no Brasil, na perspectiva de problematizar a relação entre autoria e trabalho coletivo. As reflexões aqui expostas integram a Tese de Doutorado “Entre o progresso técnico e a ordem política: arquitetura e urbanismo na ação habitacional do IAPI”, defendida na FAUUSP em 2011. O encontro entre distintas visões sobre habitação e cidade no interior do IAPI deu origem a projetos e obras de qualidade, apontando novos paradigmas de soluções habitacionais econômicas, consoantes com as discussões sobre habitação, arquitetura e cidade que permearam o meio técnico no segundo quartel do século XX. Em muitas situações os dirigentes do Instituto envolveram-se nas discussões teóricas, desencadeando a contratação de engenheiros e de arquitetos, que compartilhavam ideias semelhantes. Aspectos de qualidade construtiva dos empreendimentos, e da noção de habitação como serviço público que incluía equipamentos de uso coletivo e áreas de lazer, e de um padrão mínimo para a organização da planta das residências, eram constantes nos debates sobre habitação no período. O rebatimento dessas questões na ação habitacional do IAPI de certo foi influência da presença dos técnicos ligados às discussões impulsionadas pelo movimento moderno em arquitetura, em especial do arquiteto Carlos Frederico Ferreira, um dos primeiros profissionais chamados a trabalhar no Instituto. 57 O IAPI foi fundado em 1937 e no início de suas atividades de construção o grupo de profissionais era reduzido. Assim, ao mesmo tempo em que alguns projetos eram totalmente elaborados na Divisão de Engenharia do Instituto, outros eram encomendados a profissionais externos. Os Irmãos Roberto (Edifício Valparaíso de 1937 e um projeto não realizado para o Conjunto Residencial da Penha de 1940, ambos no Rio de Janeiro, e o Edifício Anchieta de 1941 em São Paulo), e os arquitetos Paulo Antunes Ribeiro (Conjunto Residencial da Mooca, 1946 em São Paulo) e Kneese de Mello (Edifício Japurá de 1945 em São Paulo) foram alguns dos arquitetos contratados. Tais procedimentos estavam relacionados aos interesses do Instituto de participar das transformações da arquitetura por meio de suas atividades de inversão imobiliária: • • • As edificações projetadas devem atender às posturas municipais em vigor e traduzir, tanto quanto possível, empreendimentos de destaque no meio local da construção civil (PEDRO, 1950:289). Os “empreendimentos de destaque” deveriam ser projetados por profissionais reconhecidos. Tais construções tratavam-se principalmente de edifícios para renda em locais nobres das capitais, mas no início das atividades do Instituto, também diziam respeito aos conjuntos habitacionais. As conexões entre o IAPI e os arquitetos engajados no movimento pela renovação da arquitetura nas décadas de 1930 e 1940 apontam um momento em que houve uma convergência entre a recolocação do papel da cultura por parte dos intelectuais e dos técnicos, e o projeto político que se consolidou na década de 1930. Mas é nesse mesmo processo, que se pode divisar a estruturação da Divisão de Engenharia do IAPI, a partir da contratação de profissionais para gerenciamento direto de projetos e de obras, eliminando em vários casos, a intermediação dos profissionais liberais e das construtoras. O processo de contratação de firmas era bastante criticado por alguns setores internos dos institutos de previdência, que viam na iniciativa do IAPI de manter um corpo técnico fixo, um grande exemplo a ser seguido, como revelou entrevista do arquiteto Moacir Fraga, do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Trabalhadores em Transportes e Cargas (IAPETEC), para Revista de Arquitetura em 1942. (A CONSTRUÇÃO [...], n.55, 1942). Fraga dizia que, pela administração direta dos órgãos de Estado podia-se relacionar, no processo construtivo, o conhecimento técnico e a prática. A gerência direta por parte do instituto ou órgão empreendedor, além de baratear as construções em relação ao sistema de empreita, também possibilitaria rapidez na solução de problemas, já que, os próprios funcionários dos institutos poderiam tomar decisões, conforme as exigências imprevistas no canteiro de obras. Esta orientação no interior do IAPI, a partir da constituição de um corpo profis- 58 sional, traduziu-se numa reinterpretação dos debates sobre a arquitetura moderna e a habitação. O resultado seria a transformação da linguagem assumida pela arquitetura produzida em série pelo Instituto, que se refletiu na produção dos outros institutos de previdência. O depoimento de Carlos Frederico Ferreira, arquiteto do IAPI, evidencia que os presidentes do IAPI, os engenheiros Plínio Cantanhede durante o Estado Novo e Alim Pedro no Governo Dutra, tiveram papel decisivo, escolhendo pessoalmente os arquitetos a serem contratados e proporcionando-lhes autonomia: O Getúlio criava a organização e depois dependia do presidente. Nós tivemos sorte, o IAPI era um dos melhor organizados. Os nossos presidentes, O Plínio e o Alim Pedro, eram esclarecidos. Contrataram ótimos arquitetos. Eles que escolhiam (Depoimento de Carlos Frederico Ferreira a Nabil Bonduki, 1994 citado por BONDUKI, 1998: 157). A diretriz de realizar empreendimentos representativos do ponto de vista arquitetônico também demandava a parceria com profissionais que estivessem engajados com a ideia de criar uma arquitetura representativa do Estado. Mas muitos dos técnicos da Divisão de Engenharia do IAPI ingressaram por meio de concurso público e entre os funcionários de carreira do Instituto destacam-se os que, de alguma forma, foram reconhecidos pela participação no movimento de renovação da arquitetura brasileira. O desenvolvimento de novas tecnologias construtivas, ou o envolvimento com a questão habitacional mesmo fora do IAPI, marcam a trajetória de algumas figuras marginais à história corrente da arquitetura brasileira. Com diferentes formações e trajetórias, o engenheiro Francisco de Paula Dias de Andrade e o arquiteto Helio Uchôa Cavalcanti, são nomes representativos daqueles que ligavam o IAPI aos setores intelectuais, e que estiveram juntos no projeto e no gerenciamento das obras das superquadras SQS 105 e SQS 305 em Brasília. Recém-formado engenheiro pela Escola Politécnica o engenheiro Francisco de Paula Dias de Andrade ingressou na Delegacia do IAPI em São Paulo em 1938, ano em que assina um artigo intitulado “Casas Operárias” na Revista Inapiários (ANDRADE, 1938:6-7). Voltando à universidade, diplomou-se engenheiro-arquiteto em 1951, iniciando carreira docente em 1959 na mesma Escola Politécnica, como assistente de Anhaia Mello (FISCHER, 2005:346). De 1956 a 1961 esteve na equipe de gerenciamento das obras das superquadras do IAPI em Brasília, cujo trabalho foi tema de sua livre docência1 como professor da Politécnica. Helio Lage Uchôa Cavalcanti formou-se na ENBA em 1934 e trabalhou como 1 ANDRADE, Francisco de Paula Dias de. Organização do Tempo e do Espaço em Brasília. Tese de livre docência. São Paulo: POLI-USP, 1962, citado por FISCHER, 2005: 346. 59 funcionário do IAPI ao mesmo tempo em que participou de vários projetos para outras esferas governamentais ou para o setor privado. O arquiteto, muito próximo a Oscar Niemeyer colaborou com ele no projeto do Instituto Técnico da Aeronáutica em São José dos Campos, do Parque do Ibirapuera em São Paulo e do Hospital Sul-América no Rio. Na área habitacional concebeu os projetos do Banco Hipotecário Lar Brasileiro em Goiânia, de 1952 (CAVALCANTI, 2001: 124). Depois deste trabalho é que se registra o projeto das superquadras do IAPI em Brasília, iniciado em 1956, e cujas características construtivas aproximam-se bastante da linguagem desenvolvida pelos arquitetos cariocas a partir da década de 1930. Mas, além desses nomes, a pesquisa do corpo técnico do IAPI, com a identificação de dezenas de engenheiros politécnicos, revelou que entre figuras representativas da arquitetura moderna brasileira, como Carmem Portinho, Affonso Eduardo Reidy, Attílio Corrêa Lima, Francisco Bolonha e mais adiante Vila Nova Artigas e outros, estiveram dezenas de anônimos que também contribuíram para a consolidação de um pensamento brasileiro sobre a problemática habitacional. Sabe-se, que por mais ativo e quantitativamente significativo o papel desses profissionais, seu engajamento não foi suficiente para resolver o problema da falta de moradia. Por outro lado, as realizações no campo da habitação durante as décadas de 1940 e 1950 são os resultados mais representativos da relação entre arquitetura e urbanismo que os debates do período buscaram deflagrar. Nos conjuntos habitacionais produzidos no período pode-se encontrar uma realização prática das formulações teóricas então feitas em torno da questão urbanística. Tais realizações não foram obra apenas dos adeptos do movimento moderno, mas também dos engenheiros, muitos dos quais, herdeiros das correntes do urbanismo científico do século XIX. O desenvolvimento do urbanismo científico na Alemanha foi intensamente marcado pela presença de engenheiros, para os quais era excessiva a preocupação com os aspectos sanitários e higiênicos. A questão dos fluxos também era primordial, refletindo-se em planos em que prevalecia a visão viária. Internacionalmente essa experiência foi incorporada como um grande pacote de instrumentos de controle do uso do solo dos quais fazia parte o “zoning” (zoneamento) (SIMÕES Jr, 2008). O zoneamento teve enorme repercussão inclusive no Brasil, onde será adotado principalmente a partir de sua reelaboração pelos americanos2. As teorias da “cidade jardim”, elaboradas por Ebenezer Howard na Inglaterra, também encontrou campo fértil na Alemanha e foi incorporado às formulações 2 Na sua origem alemã o zoneamento fazia parte de uma complexa estratégia para melhor distribuir os benefícios urbanos. Os teóricos do movimento moderno, sobretudo Hans Schimidt, pensam o zoneamento no âmbito de um sistema legal, que não se restringe a um conjunto de normas, mas é parte constituinte do Estado na regulação e estruturação da estabilidade social. Nos EUA foi transformado em instrumento eficiente para garantir a valorização das propriedades, assegurando os processos imobiliários já em curso nas cidades (FELDMAN, 2005: 79-82). 60 já instituídas, que ligavam as transformações físicas da cidade com inovações na legislação e na administração dos municípios. Pode-se afirmar que, no Brasil no início do século XX, em meio à profusão de propostas e realizações que se referenciavam na reforma do Barão de Haussmann de Paris, é possível identificar ideias que se aproximavam da urbanística germânica, ou do ideário “cidade jardim” (SIMÕES Jr, 2008; ANDRADE, 2009). O engenheiro Marcos Kruter, responsável pelo Conjunto Residencial Passo D’Areia, do IAPI, em Porto Alegre, junto com Edmundo Gardolinski, funcionário do IAPI, chegou a apontar nominalmente uma referência do urbanismo alemão. (FAYET & EQUIPE, 1995:25).3 Na perspectiva dos engenheiros a beleza estava relacionada à adequação da implantação aos terrenos e ao desenho paisagístico e à arborização, que, por sua vez, estava ligada à noção de salubridade. A tais concepções agregava-se o enfoque na eficiência e na racionalidade econômicas que se refletia na preocupação com os aspectos técnicoconstrutivos. Paralelamente, o movimento moderno em arquitetura, já bastante abordado pela historiografia corrente, engrossava o caldo de cultura e formação técnica, dando origem a um quadro de profissionais, cujas ideias, o quadro político e econômico gerado pela Revolução de 30, ajudou a transformar em realidade. A partir do IAPI, esse processo se materializou em trabalho coletivo tanto no escritório de projetos quanto no canteiros de obras. O espírito de equipe que gerou algumas singularidades no processo de construção dos conjuntos habitacionais do Instituto fica claro em crônica de Joel Lima4, na Revista Inapiários (a revista do IAPI) que trata do Conjunto do Realengo no Rio de Janeiro. Ele nomeia os engenheiros Altino Machado Silva, Sydney de Barros Barreto, Luiz Metre, Pedro Coelho de Souza, Hermilo Campelo, Deocleciano Rocha Filho, Marino Guimarães, responsáveis cada um por uma parte da obra: produção de blocos de concreto por uma máquina importada dos EUA e de outras peças pré-moldadas, instalações elétricas e hidráulicas, rede de água e esgoto, e gerenciamento dos operários. Por fim, fala de Carlos Frederico Ferreira: E, a essa altura, seria injustiça clamorosa silenciar o nome de Carlos Ferreira – esse poeta da arquitetura e do urbanismo, responsável não só pelo que há de 3 O escritório do arquiteto Carlos Maximiliano Fayet realizou levantamento do Conjunto Residencial Passo D’Areia em Porto Alegre, a serviço da Secretaria do Planejamento Municipal. Foram registrados e catalogados os tipos habitacionais e as modificações pós-ocupação. Também foi feita pesquisa histórica sobre o projeto e a construção do conjunto, incluindo entrevista com o Engenheiro Kruter. O objetivo do trabalho era embasar as discussões sobre preservação do patrimônio construído e formas de adaptação possíveis. 4 Joel Lima foi enviado ao Distrito de Obras do Realengo por Plínio Cantanhede, para trabalhar como auxiliar do engenheiro Altino Machado Silva, que era chefe do Distrito, no início da construção do conjunto (LIMA, 1943:12). 61 Fig. 1 Conjunto Residencial Moça Bonita – IAPI, Rio de Janeiro. Com projeto da equipe da Divisão de Engenharia do IAPI, sob coordenação de Carlos Frederico Ferreira, o conjunto foi construído no final da década de 1940. Os blocos repetem o tipo da etapa final do conjunto do Realengo, com varanda saliente, elemento vazado na vedação das caixas de escada e telhado em duas águas definindo a volumetria. A qualidade urbanística, com a presença de áreas verdes e ajardinadas, foi preservada. Foto: Stephan Norair Chahinian/ Arquivo do Grupo Pioneiros. Fig. 2 Conjunto Residencial da Penha, Rio de Janeiro. O projeto elaborado pela equipe da Divisão de Engenharia do IAPI foi concebido em 1947 e o Conjunto foi inaugurado em 1949. Na imagem pode-se notar a extensão das áreas públicas, com amplo espaço de lazer ao ar livre Foto: Stephan Norair Chahinian/ Arquivo do Grupo Pioneiros. Figs. 3 e 4 SQS 305 Brasília da qual participaram Hélio Uchôa e Francisco de Andrade. Projetada e financiada pelo IAPI, esta superquadra foi construída na primeira fase de implantação da nova Capital do país. Vê-se nitidamente os elementos que já compunham a gramática formal da consolidada arquitetura moderna brasileira. Foto: Nilce Aravecchia Botas/Acervo pessoal. 62 belo nesta Obra, mas, também, pelo que ainda vai surgir, dentro de poucos dias, na Vila Operária dos Industriários (LIMA, 1943: 12). Se até meados da década de 1940 esse trabalho de equipe concorria com as encomendas feitas a arquitetos de renome, dali em diante os empreendimentos seriam marcados por maior grau de reprodutibilidade e pela falta de autoria específica. Os conjuntos habitacionais nos subúrbios, formados em sua maioria por blocos de habitação longitudinais de dois a quatro pavimentos, compostos de apartamentos de dois e três dormitórios, desenharam uma parte considerável da paisagem do subúrbio carioca, além de pontuarem outras capitais e cidades importantes para o processo de urbanização brasileiro. Para o grupo que se reuniu no Setor de Engenharia do IAPI, sob a liderança de Carlos Frederico Ferreira, o elo entre o saber técnico próprio da formação dos engenheiros, com a renovação da linguagem arquitetônica, veicularia novas condições de urbanidade às moradias populares. Referências Bibliográficas A CONSTRUÇÃO das moradias proletárias. Revista de Arquitetura. Rio de Janeiro: n.55, Ano VIII, abr./ mai., 1942. ANDRADE, Carlos Roberto Monteiro de. O ideário cidade jardim na cultura urbanística paulistana e carioca na primeira metade do século XX. In: Anais do XIII Encontro Nacional da ANPUR. Florianópolis: UFSC, 2009. (cd-rom). ANDRADE, Francisco de Paula Dias de. Casas Operárias. Revista Inapiários. Rio e Janeiro: IAPI, n.6, abr., 1938. BONDUKI, Nabil Georges. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, Lei do Inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. BOTAS, Nilce C. Aravecchia. Entre o progresso técnico e a ordem política: arquitetura e urbanismo na ação habitacional do IAPI. Tese de Doutorado. São Paulo: FAU USP, 2011. CAVALCANTI, Lauro. Quando o Brasil era Moderno. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001. FAYET, Carlos Maximiliano & EQUIPE. Vila do IAPI: patrimônio cultural da cidade. Porto Alegre: Secretaria do Planejamento Municipal, 1995. FISCHER, Silvia. Os arquitetos da Poli: ensino e profi ssão em São Paulo. São Paulo: Fapesp, Edusp, 2005. PEDRO, Alim. O Seguro Social, A Indústria Brasileira, O Insti tuto dos Industriários. Relatório-estudo do presidente do IAPI, período de 1946 a 1951. Rio de Janeiro: IAPI, 1950. LIMA, Joel O. O Realengo que eu vi.... Revista Inapiários. Rio de Janeiro: IAPI, n.64, ago., 1943. REVISTA INAPIÁRIOS, n.6, 1938:6-7 SIMÕES JR., José Geraldo. A urbanística germânica (1870-1914). Internacionalização de uma prática e referência para o urbanismo brasileiro. Arquitextos, ano 9, Junho de 2008. Disponível em: http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.097/134, acess em jun., 2009. 63 Decifra-me ou devoro-te: O enigma da política habitacional e urbana e o Sistema BNH. Ana Paula Koury Nada pode ser mais comum aos cidadãos brasileiros do que a experiência da atual crise urbana. As dificuldades de mobilidade, o alto custo da moradia, a ausência de espaços de lazer, a violência, a decadência da sociabilidade, são parte cotidiana dos problemas enfrentados, principalmente pelos moradores das grandes cidades. O cidadão comum é levado a concluir que não há e nunca houve planejamento urbano no Brasil. Para qualquer profissional engajado no debate sobre a política urbana brasileira, a afirmação carece de verificação. Os instrumentos de planejamento e intervenção nas cidades brasileiras desenvolveram- se muito nos últimos anos, principalmente após a constituição de 1988 e a aprovação do Estatuto das Cidades em 2001. Para os especialistas, estudiosos da história do planejamento brasileiro, exatamente o inverso que é verdadeiro, sempre se planejou muito o desenvolvimento das cidades no Brasil. Qual é o problema do planejamento no Brasil? Os planos não foram efetivos? Mas será que o serão de agora em diante? Decifrar o enigma do planejamento no Brasil tem ocupado esforços de muitos grupos de especialistas em diferentes áreas do conhecimento. Este artigo pretende apresentar a operação do Sistema BNH ressaltando algumas experiências que não generalizaram-se naquele período mas que podem adquirir novos significados no atual estágio da política urbana brasileira. O Banco Nacional de Habitação foi criado em 21 de agosto de 1964, com claros 65 01-O Edifício Modular de Abrahão Sanovicz (1972) para a construtora Forma-Espaço seria implntado em diversos terrenos em Moema, Itaim Bibi, Santo Amaro. O projeto pode ser considerado um exemplo da aplicação dos princípios de coordenação modular como foram propostos pelo Centro Brasileiro da Construção, aplicados em soluções verticais adaptadas ao formato dos lotes urbanos. A imagem foi retirada do catálogo da obra do arquiteto, um presente do arquiteto à autora nos anos 1990, a publicação não possui número de páginas nem a identificação dos autores da foto. objetivos políticos e foi o maior e mais bem organizado instrumento da política habitacional e urbana brasileira atingindo a marca de cerca de 4,5 milhões de unidades financiadas em seus vinte e dois anos de funcionamento1. Dentro do sistema de política urbana foram elaborados 686 documentos de planejamento em oito anos. Desde a criação do Fundo de Financiamento para Planejamento Local (FIPLAN) em 1966 até a extinção do SERFHAU em 19742. A produção do BNH foi expressiva não apenas em quantidade, mas também, em alguns programas, sua atuação foi inovadora. A criação do Banco menos de cinco meses depois do golpe civil-militar gerou grandes expectativas em uma parte dos profissionais, engenheiros e arquitetos, pois anunciava que uma considerável soma de recursos estaria disponível para financiar a aquisição da moradia. Um problema urbano que ainda aguardava medidas efetivas. Em tese, a política habitacional permitiria dar vazão aos tantos ensaios de produção da casa realizados ao longo da história da habitação brasileira. Entretanto, a consolidação da política como foi implementada pelo banco, do ponto de vista da atuação profissional dos arquitetos, foi uma grande decepção exatamente pelo conservadorismo das soluções construtivas e também das práticas de projeto3. 1 AZEVEDO, Sérgio. Vinte e dois anos de política de habitação popular (1964-86): Criação, trajetória e extinção do BNH. in Revista de Administração Pública. numero 22 vol. 4. Rio de Janeiro: out-dez, 1988, p.116. 2 VIZIOLI, Simone Helena Tanoue. Planejamento Urbano no Brasil: A Experiência do Serfhau enquanto Órgão Federal de Planejamento Integrado ao Desenvolvimento Municipal. Dissertação de mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1998, p. 45 e 47. 3 Sanvitto em sua tese de doutorado aponta que ao contrário do que foi difundido os arquitetos envolveram-se projetando muitos dos conjuntos do BNH. O conservado- 66 Os conjuntos habitacionais formados pela repetição regular de pequenas casas em bairros periféricos produzidos por todo o país deram a identidade da atuação do Banco e ficaram conhecidas como o “projeto carimbo do BNH”. Foram, portanto, as críticas dirigidas a estes conjuntos as que mais generalizaram-se. Por um lado apontavam a péssima qualidade dos conjuntos. Instalados em áreas afastadas, sem infra estruturas e algumas vezes em terrenos impróprios. Muitos destes conjuntos foram entregues com acabamentos de baixa qualidade, o que resultava na deterioração rápida da unidade que, apesar de recém construída, logo demandava reparo. Por outro lado, as críticas também apontavam para uma política seletiva voltada para as classes com renda média, na prática acima de sete salários mínimos4. Muitas das críticas a atuação do BNH apoiaram-se em pesquisas consistentes como a de Gabriel Bolaffi5 e, em análises perspicazes do funcionamento político do sistema BNH como as de Lúcio Kowaric6 e foram muito importantes para a formação de alguns consensos sobre a política implementada pelo Banco7. Ambos os trabalhos explicaram a funcionalidade da atuação do Banco no aprofundamento do capitalismo concentrador e desigual garantido pelo regime autocrático de 1964. Todas estas considerações pertinentes sobre a atuação do Banco, apontadas pelos seus autores com o objetivo de melhorar a política habitacional brasileira na perspectiva da justiça social e da democracia de algum modo também contribuíram para a desmoralização do Sistema que precedeu ao seu encerramento em 1986. Passados vinte e oito anos justifica-se uma análise em uma outra perspectiva histórica, evitando os anacronismos que caracterizaram a generalização das críticas iniciais repetidas principalmente durante a luta pela afirmação da democracia no Brasil. O BNH não teve outro sentido senão ser um instrumento de planejamento econômico, político e social criado especialmente para atuar no sistema urbano e habitacional brasileiro. Como instrumento de planejamento geral, que foi desde rismo de muitas propostas, segundo a autora explica-se pela obediência irrestrita aos paradigmas da cidade moderna que teria impedido de procurar novas alternativas. SANVITTO, Maria Luiza Adams. Habitação Coletiva Econômica e a Arquitetura Moderna Brasileira 1964 - 1986. 2010. Tese (Doutorado em Arquitetura) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. p. 503. 4 Embora muitos conjuntos fossem dirigidos a faixa de 3 salários mínimos, o famoso estudo de Bollafi comprova a impossibilidade de aquisição dos financiamentos para as famílias com faixa de renda abaixo de sete salários mínimos. BOLAFFI, G. A casa das ilusões perdidas: aspectos socioeconômicos do plano nacional de habitação. Caderno Cebrap. São Paulo: Cebrap, n. 27, 1977. 5 Sobre a qualidade dos conjuntos do BNH BOLAFFI, G. (1977). 6 KOWARICK, L. Espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 7 Para uma discussão mais abrangente sobre a avaliação do Sistema BNH através das narrativas de época ver KOURY, Ana Paula . Construção social e tecnologias civis (1964 -1986): contribuição para um debate sobre política habitacional no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (ANPUR) v. 15, 2013. p. 167-182. 67 o início, o BNH priorizou o desenvolvimento regional e a desconcentração da rede urbana brasileira, atuando na zona rural, em cidades pequenas e médias e por isso mesmo esteve vinculado ao Ministério do Interior8. Isso não impediu que também atuasse nas grandes cidades aonde concentrava-se (e ainda hoje concentra-se) majoritariamente a carência de moradias. Entretanto explica, pelo menos em parte, que algumas proposições não tenham alcançado o êxito de conformar uma política intra-urbana naquele momento. A estrutura de funcionamento do Sistema BNH, como foi elaborada9, consistia em um fluxo administrativo que permitia o controle completo da política desde a captação dos recursos, o financiamento dos programas, a elaboração de pesquisas, projetos e ações de apoio até o acompanhamento e reinvestimento dos recursos. Os financiamentos dos programas vinham do Sistema Brasileiro de Poupança em Empréstimo10 e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço11. A aplicação dos recursos captados dividia-se pelos diferentes programas Habitação, Saneamento, Desenvolvimento Urbano e Desenvolvimento Comunitário. Os financiamentos eram garantidos por um sistema de fundos e de seguros. A execução e implementação dos programas, assim como a sua melhoria, apoiava-se em um suporte técnico que variava de acordo com a natureza do programa. Os dois programas de maior visibilidade foram o programa habitacional e o programa de desenvolvimento urbano. O Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau), responsável pelo programa de desenvolvimento urbano do Sistema BNH foi criado junto com o Banco em agosto de 1964 e inicialmente voltou-se apenas para a urbanização dos bairros onde seriam implantados os conjuntos habitacionais. Em dois anos o Serfhau tornou-se um instrumento da política de desenvolvimento urbano, o que foi viabilizado pelo FIPLAN12 criado em 1966 para financiar os Planos de Desenvolvimento Urbano Local Integrado. O Sistema de Desenvolvimento Urbano também conta- 8 O Sistema BNH foi criado sob a responsabilidade do Ministério do Planejamento e através do Decreto nº 60.900, de 26 de Junho de 1967foi remanejado para o Ministério do Interior junto com os demais bancos de desenvolvimento regional. Portanto, como perceberam os arquitetos desde o início, a atuação do BNH foi em um certo sentido “anti urbana” Ver depoimento de Alberto Xavier em KOURY, Ana Paula. Arquitetura Construtiva: proposição para a produção material da arquitetura contemporânea no Brasil. Tese de Doutorado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2005. 9 O esquema e alguma descrição do funcionamento encontra-se TRINDADE, Mário. Habitação e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Vozes, 1971 p. 101 a 144. Uma análise crítica aprofundada está em ARRETCHE, Marta. Intervenção do Estado e setor privado: o modelo brasileiro de política habitacional in Espaço & Debates, São Paulo, v. X, n. 31, p. 21–36, 1990. 10 A mesma lei 4380 de 21 de agosto de 1964, criou o BNH, o Serfhau, o SBPE e instituiu a correção monetária nos contratos imobiliários. 11 Criado pela lei no 5.107, de 13 de setembro de 1966. 12 FIPLAN- Fundo de Financiamento para Planejamento Local. 68 va com um órgão de Informação e com um Banco de Dados13 que fundamentavam os diagnósticos e orientavam as ações de desenvolvimento urbano. No caso da habitação embora não houvesse um órgão destinado a desenvolver projetos dentro do Sistema BNH, havia um Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento que deveria, além de realizar pesquisas de apoio à política habitacional, também orientar uma política de projetos. O Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento era composto por três órgãos, um deles destinado à realizar pesquisas socioeconômicas, o outro à pesquisa de materiais e métodos de construção e o terceiro à pesquisas junto ao setor industrial. A Cenpha foi o órgão voltado às pesquisa sócio econômicas e teve uma atuação bastante diversificada entre as quais realizou pesquisas sobre o uso do solo identificando terrenos disponíveis e a localização de populações vulneráveis. O órgão de pesquisa tecnológica e de sistemas construtivos foi Centro Brasileiro da Construção. Dedicado a estudar a coordenação modular, a racionalização do trabalho no canteiro de obras e o código de obras., Oo Centro procurou elaborar uma política de projeto difundida através de suas principais publicações, os Cadernos do CBC e o Boletim do CBC14. Ainda incluído no mesmo Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento havia o Centro de Coordenação Industrial que procurava orientar e inovar a indústria de materiais e componentes, a partir das aplicações desenvolvidas e testadas em projeto. Para apoiar a estrutura geral de execução dos programas financiados pelo Sistema BNH (habitação, saneamento, desenvolvimento urbano e desenvolvimento comunitário) foram criados três de sistemas subsidiários, um para a formação e treinamento de pessoal, outro para o apoio logístico e um terceiro voltado à pesquisa operacional. A formação e treinamento de pessoal incluía a capacitação de técnicos para operar o sistema de empréstimos, para gerir o sistema hipotecário, para analisar os projetos, para atuar no planejamento urbano e no desenvolvimento local e também cursos de formação de mão de obra para a construção civil. Já o apoio logístico destinava-se ao financiamento da indústria de materiais de construção à programação dos investimentos dos recursos do Banco e ao apoio ao mutuário do sistema. A pesquisa operacional incluía um banco de dados para o planejamento dos quatro programa e ainda realizava pesquisa de mercado de aluguéis, pesquisa de custos de materiais de construção e mão de obra e apoiava a realização de Censos Habitacionais. Origina-se do Sistema BNH um conjunto de experiências inovadoras que recen13 SIDUL- Sistema de Informações para o Desenvolvimento Urbano e Local. 14 Sobre o Centro Brasileiro da Construção ver KOURY, Ana Paula . Brazilian Construction Center: iniciative for management of the Brazilian housing construction industry (1969-1972). In: CARVAIS, R., GUILLERME, A., NÉGRE, V., SAKAROVITCH,J.. (Org.). Nuts & Bolts of Construction History. Culture, Technology and Society. 1ed. Paris: Picard, 2012, v. 2, p. 289-296. 69 temente tem sido valorizadas por uma série de estudos de caso15. Embora definitivamente não possamos tomar o todo pela parte e considerar a política do BNH como um todo inovadora, também não podemos deixar de registrar os experimentos que embora não generalizados podem adquirir novos significados no atual debate sobre política urbana e habitacional no Brasil. O BNH forneceu moradia para um grande contingente de população com renda média que inclui-se através dos financiamentos no amplo processo de urbanização brasileiro. No caso da cidade de São Paulo, esta foi uma tarefa em parte realizada pelos prógonos e epígonos da chamada “escola paulista”, que foram encarregados do projeto de muitas residências unifamiliares em bairros como Perdizes, Butantã, Santo Amaro, etc.16 Também desenvolveram padrões de moradia para a classe média paulistana através dos financiamentos do BNH muitas construtoras como a Hindi e a Formaespaço, que inovaram nos processos construtivos e nas soluções funcionais para este segmento do mercado habitacional17. Com o objetivo de elaborar uma política de projeto para a moradia popular o Centro Brasileiro da Construção realizou o Plano de Coordenação Modular. O ambicioso plano previa compatibilizar dimensionalmente os componentes produzidos industrialmente, e o projeto dos ambientes domésticos. Se aplicado, o plano resultaria em um grande avanço na qualidade do projeto, na produtividade dos serviços, nas etapas de projeto e execução e na redução de custos da obra. O objetivo principal do plano era estabelecer parâmetros dimensionais com base em estudos ergonômicos e de habitabilidade. O plano permitiria articular a indústria de materiais e componentes, as construtoras executantes das obras e os responsáveis pelo projeto e especificações em um sistema único de projeto. Embora sem conseguir alcançar seus objetivos principais no caso a política habitacional, o plano foi aproveitado para a produção de edifícios escolares pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo através da Companhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo (Conesp) atual Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). Teodoro Rosso idealizou o Plano com a colaboração de João Honório de Melo que posteriormente levou o modelo para a Conesp como diretor da Companhia no início dos anos de 197018. A expertise de projeto integrado a cadeia produtiva da construção civil encontrou espaço também no setor privado que construiu para os setores de renda média em São Paulo. O exemplo mais inovador do setor privado em São Paulo no sentido de racionalizar o sistema de projeto e execução das obras foi a empresa Merisa 15 VIZIOLI (1998), LUCCHESE (2004), KOURY (2005), FERREIRA (2007), SANVITO (2010) entre outros. 16 ACAYABA, Marlene M. Residências em São Paulo 1947 1975. São Paulo: Projeto, 1986. 17 Sobre a construtora Forma Espaço ver IMBRONITO, Maria Izabel. Três edifícios de habitação para a Formaespaço: Modulares, Gemini e Protótipo. Dissertação de mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo. São Paulo: 2003. 18 Entrevista de João Honório de Mello em KOURY (2005:127). 70 02- Canteiro Experimental de Narandiba apresentou muitas soluções para a produção de moradia. Acima estão as unidades Sun House produzidas pela Empresa Servlease em pré-fabricado de madeira com enchimento de poliuretano, uma tecnologia norueguesa. A imagem está no catálogo da exposição TABA/CEPED, 1978 p. 203. 03 - O projeto Cura foi explicado por Maria Cecília Lucchese em sua dissertação de mestrado, fartamente ilustrada e documentada. As imagens acima foram retiradas de um exemplar (LUCCHESE, 2004:79 e 86) reproduzindo respectivamente as páginas 4/03 e 4/33 do Centro Nacional de Pesquisas HabitacionaisCenpha/H.J.Cole Associados Planejamento e Empreendimentos- Projeto Cura Pesquisa Piloto: estudo de viabilidade para recuperação de áreas urbanas, modelo demosntração Vila Valqueire. Rio de Janeiro, CENPHA, 1972. A primeira imagem documenta as condições das habitações do bairro e a segunda o projeto de Cole para o centro comercial proposto como forma de ativação econômica do local. 04 - Um dos exemplos implantados do projeto Cura foi a urbanização da área junto à estação do Jabaquara. Renato Anelli no artigo Urbanização em rede:os Corredores de Atividades Múltiplas do PUB e os projetos de reurbanização da EMURB (1972-82) analisa o planejamento da cidade na década de 70 e a implantação do Cura Jabaquara entre outros projetos urbanos na cidade. O projeto é de autoria de Aflalo e Gasperini. Os primeiros estudos são de 1973. Para uma genealogia deste tipo de projeto de quadra aberta ver o artigo de Abilio Guerra Uma tipologia urbana rara em São Paulo. As imagens acima retiradas destes dois artigos e modificadas pela autora para ilustrar os argumentos enfatizados no texto. O croqui É dos autores do projeto 71 criada para desenvolver os projetos executivos contratados pela Construtora Forma Espaço, novamente com a colaboração de João Honório de Mello19. O objetivo de ativar a economia movimentando a cadeia da construção civil surtiu efeito e a política de formação de quadros e de desenvolvimento tecnológico do Sistema BNH embora tenha sido bastante criticada gerou um certo grau de inovação no setor da moradia em massa produzida no país. O Canteiro Experimental de Narandiba na Bahia em 1978 pode ser considerado um importante momento de experimentação tecnológicapara a produção de moradia em massa no país. Promovido pelo BNH tinha o objetivo de ser uma grande demonstração do que a iniciativa privada e as universidades poderiam sugerir como forma de produção da moradia popular. A maioria dos expositores apresentou soluções de pré-fabricação leve e racionalização do sistema convencional, sem abandonar os parâmetros de atuação do BNH, introduzindo apenas pequenas inovações técnicas que implicavam no emprego intensivo de mão-de-obra e no baixo investimento em equipamentos pesados. Na contramão da maioria das propostas de Narandiba, foi o protótipo realizado pela construtora Alfredo Mathias20, um projeto de unidade habitacional totalmente industrializada, que seria transportada pronta para o local de implantação. As propostas construtivas apresentadas em Narandiba demonstram a diversidade de empresas e de sistemas disponíveis para a solução da construção da moradia em larga escala no país. O sistema BNH movimentou o setor privado, não apenas para a produção de moradia. A renovação urbana promovida pelo capital privado entrou na política do Sistema de Desenvolvimento Urbano e Comunitário21 através da proposição do urbanista carioca Harry Cole para o projeto CURA Comunidades Urbanas de Renovação Acelerada. Cole participou da organização do Sistema BNH desde o seu início, convidado diretamente pelo Ministro do Planejamento Roberto Campos22. Em 1972 já em seu escritório de consultoria privada Cole desenvolve para o BNH o projeto Piloto de Vila Valqueire no Rio de Janeiro, a experiência deu origem ao que foi a normativa do projeto CURA no ano seguinte. O objetivo do projeto piloto proposto por Cole, e que não chegou a ser implantado, foi intervir em um loteamento de classe média com alguma infra estrutura instalada, mas com grande quantidade de lotes vazios impulsionando, através do investimento privado, o desenvolvimento 19 Ver IMBRONITO (2003: 15). 20 SANTOS, Demóstenes Magno. A História da Construtora Alfredo Mathias (19501985). Dissertação de mestrado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo: 2013. 21 ANELLI, Renato Luiz Sobral Urbanização em rede:os Corredores de Atividades Múltiplas do PUB e os projetos de reurbanização da EMURB (1972-82) Arqtextos (Vitruvius) São Paulo, 088.01ano 08, set. 2007. 22 LUCCHESE, Maria Cecilia, O arquiteto e urbanista Harry Cole. Revista Oculum Ensaios. Campinas: PUC, ago 2008. p. 67 a 78. 72 local. A dinâmica imobiliária gerada pela oferta dos terrenos seria capaz de atender via iniciativa privada o mercado em expansão nas cidades. 23 A sequência selecionada de exemplos tem como objetivo demonstrar situações, ainda que pontuais, nas quais o papel do BNH movimentou o setor privado encomendando projetos inovadores e que em alguns casos propôs o desenvolvimento de tecnologia como foi o caso de Narandiba, absorveu métodos de racionalização da produção da unidade habitacional como foi o caso da experiência da Merisa e de outras construtoras que inovaram nos processos de produção da moradia como foi também o caso da construtora, por exemplo da construtora Hindi24. O outro lado da moeda foi a ausência de generalização do atendimento da política às classes mais vulneráveis e com rendas mais baixas. Embora no caso do Rio de Janeiro tenha havido espaço dentro do Sistema de Desenvolvimento Comunitário e da Cenpha para abrigar experiências pioneiras na urbanização de favelas do Rio de Janeiro. Apesar disso, a iniciativa insere-se nos casos experimentais que não generalizaram-se como políticas compreensivas do BNH, mas que demonstram que houve uma disputa no interior do Sistema ao longo de seu funcionamento. O sofisticado sistema de produção habitacional e de planejamento urbano implementado em 1964 não foi apenas uma invenção do regime civil-militar mas um instrumento gestado na experiência brasileira desde a Fundação da Casa Popular como apontam vários autores25. A disputa e apropriação desta experiência contribuiu para empoderar o Estado que a institucionalizou à sua semelhança, e não sem motivo, ficou identificada a ele. A negação do Sistema BNH como instrumento administrativo válido para gerir os recursos públicos e privados na organização da base urbana do desenvolvimento brasileiro foi um grande prejuízo, bem como o seria a sua retomada sem um profundo ajuizamento crítico de sua funcionalidade dentro do padrão intensivo de acumulação de capitais franqueado pela política autocrática desenvolvimentista. 23 LUCCHESE (2004: 110) 24 ABUSSAMRA, Jorge. O Edifício residencial paulistano nos anos 70, 80 e 90: a arquitetura e o mercado imobiliário. Dissertação de mestrado. Universidade São Judas Tadeu. São Paulo, 2007. 25 ANDRADE E AZEVEDO (1981) , MELO (1991), BONDUKI E KOURY (2010) 73 Referências Bibliográficas ABUSSAMRA, Jorge. O Edifício residencial paulistano nos anos 70, 80 e 90: a arquitetura e o mercado imobiliário. Dissertação de mestrado. Universidade São Judas Tadeu. São Paulo, 2007. ACAYABA, Marlene M. Residências em São Paulo 1947 1975. São Paulo: Projeto, 1986. 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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1998. 75 76 PARTE 2 Desenho Urbano Urban Design 77 Desenhos para o zoneamento de São Paulo Daniel Todtmann Montandon1 Contexto O Zoneamento talvez ainda seja o principal instrumento de planejamento urbano utilizado nos municípios brasileiros. Mesmo não sendo a ferramenta reconhecidamente mais eficaz para o enfrentamento das desigualdades sociais e para a indução do desenvolvimento urbano, o Zoneamento sempre teve o pressuposto de controlar o uso do solo por meio de regras de parcelamento, uso e ocupação do solo. E muitas vezes esse instrumento acabou sendo aplicado de forma autônoma, dissociado do Plano Diretor. No caso paulistano, a partir de 2002, o Plano Diretor Estratégico (PDE) trouxe um arcabouço normativo que viabilizou a experimentação de instrumentos estratégicos para promover o desenvolvimento urbano de acordo com os preceitos do Estatuto da Cidade X Lei Federal n. 10.257/01, tais como as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), a Outorga Onerosa do Direito de Construir e o Conselho Municipal de Política Urbana. Quanto ao Zoneamento pós PDE, este foi revisado em 2004 e instituído de forma articulada aos Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras, reforçando o caráter descentralizado do planejamento e da gestão do Município. Não podemos afirmar que o Zoneamento instituído por meio da lei n. 13.885/04 tenha sido dissociado do PDE, Lei n. 13.430/02. Contudo, nos últimos dez anos, a falta de implementação de ações 1 Arquiteto e Urbanista (UNESP/Bauru), Mestre em Planejamento Urbano e Regional (FAUUSP), ocupa o cargo de Diretor do Uso do Solo e é Presidente da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano desde janeiro de 2014. 79 e instrumentos estratégicos previstos no plano, acabaram por dar espaço à produção e transformação desses territórios estratégicos de acordo com as regras do Zoneamento e não de projetos urbanos, conforme previa o PDE. Transcorridos dez anos de vigência do PDE, em 2013 chegou o momento de promover sua revisão, em atendimento ao ciclo decenal previsto no Estatuto da Cidade (o Plano Diretor deve ser revisto no mínimo a cada 10 anos). Neste sentido, ao longo de 2013, a Prefeitura da Cidade de São Paulo promoveu a revisão participativa do PDE, cuja coordenação ficou sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU). Em que pese os avanços trazidos pelo PDE de 2002, a cidade de São Paulo não passou por transformações urbanas de caráter estruturante previstas no plano nos dez anos de sua vigência, se considerarmos principalmente os territórios de transformação prioritária estabelecidos no plano (orla ferroviária, por exemplo). E ainda, algumas escolhas de investimentos públicos em infraestrutura foram na contramão da reversão do problema da mobilidade urbana, que sempre esteve pautada na prevalência do automóvel particular sobre o transporte público coletivo (um exemplo é a obra de alargamento das marginais dos Rios Pinheiros e Tietê). Este quadro apontou alguns desafios para a revisão do PDE em 2013, como o necessário enfrentamento do problema da mobilidade urbana não somente sob o viés setorial do serviço de transporte público urbano, mas sob o viés do ordenamento territorial. Isto é, que estrutura urbana São Paulo deve dispor para viabilizar a mobilidade urbana sustentável1. Em paralelo, outra questão enfrentada na revisão do PDE (e que deve ser tratada nas demais leis que o complementam) é a qualificação da forma urbana. Compreende-se que São Paulo carece de qualidade dos seus espaços públicos, dos espaços privados, da paisagem urbana em seu conjunto e principalmente da interação entre o público e o privado. Não que a cidade não disponha de qualidade da forma urbana, mas tal qualidade ocorre em pequena escala e apenas em determinados bairros. E não é por falta de leis que a cidade deixou de ter uma melhor forma urbana ou espaços públicos e edificados desejados pelo coletivo dos cidadãos. Tampouco por falta de projetos. Pode-se dizer que grande parte da produção imobiliária da cidade é resultante da aplicação de várias leis e normas (que muitas vezes tornam moroso e complexo o processo de licenciamento urbanístico). E essa produção foi feita com base em projetos, envolvendo arquitetos e diversos profissionais da construção civil. Neste quadro, acreditamos que um dos principais 1 Estamos considerando mobilidade urbana sustentável aquela que atende aos preceitos da Lei Federal n. 12.587/12. 80 problemas a serem enfrentados é que o Zoneamento, em algum momento, deixou de lado a busca pela melhoria da qualidade do espaço urbano, em seu conjunto, sejam os espaços públicos, seja o espaço edificado, seja o sentido público do espaço privado. Sob o pressuposto de se buscar a qualificação da forma urbana pela regulação do uso do solo (e no que couber a ela, sem superestimá-la), a SMDU e o Instituto de Arquitetos do Brasil Departamento São Paulo (IAB-SP) realizaram o Concurso Ensaios Urbanos: Desenhos para o Zoneamento de São Paulo, com o objetivo de subsidiar o debate da revisão do Zoneamento. Concurso Ensaios Urbanos O concurso teve o objetivo de promover uma reflexão junto aos arquitetos para subsidiar a revisão do Zoneamento. De início, cabe algumas considerações sobre sua concepção. O Termo de Referência do concurso, elaborado pela SMDU, identificou alguns elementos-chave a serem explorados nos ensaios para se avançar na melhoria da forma urbana. Ao estabelecer duas modalidades - padrões urbanísticos gerais de configuração urbana (1) e padrões urbanísticos específicos para unidades territoriais selecionadas (2) – foram reconhecidas duas dimensões de regulação: uma sistêmica, que dialoga com a organização de uma estrutura urbana em rede (os eixos de adensamento ao longo das linhas de transporte público coletivo de média e alta capacidade); e outra que pressupõe a adaptação da regulação aos elementos locais, cuja peculiaridade do lugar requer um tratamento específico. Por sua vez, a modalidade relativa ao regramento geral foi dividida em categorias (PMSP/SMDU/IAB, 2013): Categoria 1: estudos de configuração de corredores urbanísticos. Considera-se corredor urbanístico o eixo formado pela via em que é operado sistema de ônibus troncal, em via segregada ou não, englobando as calçadas, canteiros centrais, ciclovias, ciclo faixas e a totalidade das quadras lindeiras em relação à via do sistema troncal de ônibus. Categoria 2: estudos de configuração de tipologias edificadas de uso misto no mesmo lote, envolvendo obrigatoriamente o uso residencial. Categoria 3: estudos de configuração da frente dos lotes com as vias, com ênfase no tratamento da testada dos lotes e do pavimento térreo de modo a melhorar a fruição do espaço público e a interação do pedestre com o embasamento do edifício. 81 Categoria 4: estudos de configuração de lotes em territórios com elevadas declividades, considerando situações com acesso exclusivo por uma via e lotes com duas alternativas de acesso, na frente e no fundo do lote. Categoria 5: estudos de configuração de lotes e quadras de grandes dimensões, resultantes ou não do desmembramento e parcelamento de grandes glebas, inseridos ou não em Zoneamento predominantemente industrial, devendo ser considerado o uso misto nos novos lotes e a investigação das dimensões máximas de configuração das quadras. (PMSP/ SMDU/IAB, 2013, p. 4). Essas categorias demonstram alguns elementos que podem contribuir com a melhoria da forma urbana via regulação do uso do solo: a interface entre o logradouro público e o lote de modo a ampliar o espaço coletivo e a interação de pedestres com os usos e o sistema edificado; o uso misto no mesmo lote e na mesma quadra; a gestão de impactos urbanísticos por meio da regulação de lotes e quadras de grandes dimensões; a adoção da quadra como elemento de composição urbana. Se cotejarmos tais elementos com as premissas definidas pela SMDU, ficam mais evidentes quais são os atributos de qualificação da forma urbana que pretendem ser explorados (PMSP/SMDU/IAB, 2013): Premissas: Proporcionar: • • • • • • 82 contribuições objetivas, passíveis de implementação e aplicabilidade por parte das normas de parcelamento, uso e ocupação do solo; os estudos realizados para a modalidade 1 deverão observar e demonstrar sua capacidade para a replicabilidade; contribuições que possibilitem a implementação das diretrizes e inovações trazidas pelo Projeto de Lei do Plano Diretor (PL 688/13) quanto à normativa de uso e ocupação do solo e os demais instrumentos; otimização e qualificação urbanística em função de critérios de densidade demográfica e habitacional conforme localização; melhor fruição do espaço público e maior interação dos pedestres com o uso e ocupação dos lotes, considerando a configuração de um sistema de espaços públicos articulado com o sistema de mobilidade urbana e o sistema de áreas verdes; o uso misto no mesmo lote, especialmente a convivência do uso habitacional com outros usos, como serviços, comércio, institucional e serviços públicos; Explorar: • • • • a quadra e o conjunto de quadras como unidades territoriais de composição urbana; a paisagem como critério de configuração do sistema edificado, sendo identificadas unidades territoriais a serem objeto de tratamento normativo diferenciado; contribuições que expressem a noção da função social da propriedade como princípio do regramento do uso e ocupação do solo; a importância das centralidades em suas diversas escalas e modos de ocupação do território; Considerar: • • • • • • • o que a regulação do uso e ocupação do solo lida com a cidade existente e já construída, seja nos aspectos fundiários, construtivos, de disponibilidade de infraestrutura, de configuração do espaço público, entre outros; o município em sua totalidade, propondo contribuições que considerem a diversidade social, de oportunidades econômicas, culturais, serviços, entre outros; as diferentes possibilidades de configuração da estrutura fundiária, em termos de dimensionamento e conformação de lotes e glebas, para efeito de aplicação das normas propostas; preexistências e elementos locais de configuração urbana e geográfica; a interface entre o sistema edificado e os sistemas estruturadores, como viário, transporte público coletivo, hidrografia e áreas verdes; a vulnerabilidade ambiental e a aptidão física à urbanização, especialmente as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos; imóveis e bairros tombados pelo IPHAN, CONDEPHAAT e CONPRESP, considerando o entorno ampliado desses elementos como áreas de transição de padrões urbanísticos. (PMSP/SMDU/IAB, 2013, p. 6). Ou seja, o que se busca é uma regulação do parcelamento, uso e ocupação do solo que proporcione sentido público não somente ao espaço público, mas ao sistema edificado e ao território privado. Isso significa em trazer o passeio público para dentro do lote; criar multiplicidade de acessos aos lotes; instalar atividades no nível térreo que proporcionem interação e encontro de pessoas; proporcionar maior arborização nos lotes e logradouros; superar o protagonismo do automóvel, seja na via, seja no lote; limitar muros e fechamento de lotes; dentre outras medidas que proporcionem urbanidade na interface entre o público e o privado. 83 Resultados do concurso Dos 25 prêmios previstos (15 na modalidade 1, sendo 3 para cada categoria e 10 na modalidade 2), foram concedidos 10 prêmios e 4 menções honrosas (de um universo de 54 trabalhos entregues), como segue: Modalidade 1 (total de 8 prêmios e 3 menções honrosas): • • • • • Categoria 1: 3 premiados e 1 menção honrosa; Categoria 2: 1 menção honrosa; Categoria 3: 3 premiados e 1 menção honrosa; Categoria 4: nenhum premiado e nenhuma menção honrosa; Categoria 5: 2 premiados; Modalidade 2: 2 premiados e 1 menção honrosa. Embora o número de prêmios tenha sido reduzido, os trabalhos premiados avançaram em bons experimentos das premissas estabelecidas para o concurso. Cabe alguns comentários sobre esses experimentos. Quanto à interface entre o logradouro público e o lote, os ensaios identificaram não somente o uso não residencial como mecanismo de dinamização dessa interface (conceito de fachada ativa, estabelecido na proposta de revisão do PDE), mas regras de ocupação que limitam o uso do automóvel, alargam as calçadas, exploram a vegetação na frente do lote, preveem múltiplos acessos aos lotes e estabelecem formas de utilização coletiva do pavimento térreo. Talvez o trabalho que sintetize bem essa variação de experimentos seja o Projeto 04 da Categoria 3 da Modalidade 1, conforme Figura 1. Figura 1: Projeto 04, Categoria 3, Modalidade 1 (imagem da prancha 2) 84 Quanto à gestão de impactos urbanísticos em lotes e quadras de grandes dimensões, as equipes premiadas exploraram a quadra como unidade de desenho e composição urbana. Ou seja, os lotes e glebas de grandes dimensões acabam assumindo a dimensão de quadras e nesse contexto, a regulação urbana passa, então, a tratar de parâmetros de uso e ocupação sem ter o lote como referência, mas a quadra. E o desenho muda significativamente, uma vez que a volumetria, os espaços livres, as áreas verdes, a ampliação das calçadas e a proporção de usos residenciais e não residenciais acabam sendo tratados de forma harmônica, como se fosse um projeto urbano para cada quadra. Um dos trabalhos que ilustra bem isso é o Projeto 01, da Categoria 05 da Modalidade 1, conforme pode ser observado na Figura 2. Quanto ao regramento específico em função dos aspectos locais, o trabalho desenvolvido no Projeto 08 da Modalidade 2 trouxe uma contribuição significativa ao identificar as grotas como unidade do meio físico a ter um tratamento diferenciado, tendo sido proposto o instrumento da microárea (ou microzona) para a regulação da ocupação do território referente à área de influência da grota. Depreende-se que esta microzona funcione com uma espécie de plano de manejo do perímetro de influencia da grota. Embora pensada para determinados locais, essa proposta pode ser replicada nas diversas ocorrências de nascentes e cabeceiras de drenagem, como ilustrado na Figura 3. Em síntese, cabe uma leitura atenta de cada trabalho premiado para se compreender como os ensaios desenvolvidos dialogaram com a concepção de cidade almejada no novo Plano Diretor Estratégico aprovado por meio da Lei n. 16.050/2014. Figura 2: Projeto 01, Categoria 5, Modalidade 1 (imagem da prancha 2) 85 Por fim, cabe destacar que o Concurso não teve por objetivo premiar projetos a serem implementados, mas ensaios que tragam reflexões para a revisão do Zoneamento. Figura 3: Projeto 08, Modalidade 2 (imagem da prancha 4) Perspectivas para a revisão do Zoneamento Como desdobramento desse Concurso, a SMDU organizou o Atelier Ensaios Urbanos, envolvendo os cursos de Arquitetura e Urbanismo das universidades paulistas a explorarem as ideias, conceitos e experimentos advindos do concurso. Os trabalhos do Atelier deverão ser iniciados em Agosto de 2014 e pelo menos 14 cursos devem aderir ao projeto, podendo envolver até cerca de 1.500 alunos. Ao mesmo tempo, a SMDU realizará um processo amplamente participativo, de modo a construir uma proposta de revisão do Zoneamento que seja efetivamente democrática. Ainda é cedo para tirar conclusões de como será o novo Zoneamento. Neste momento, sabemos apenas algumas premissas que são bastante claras para nortear os trabalhos de revisão: buscar a qualificação da forma urbana, nos diversos temas e dimensões envolvidos; respeitar a concepção de ordenamento territorial estabelecida no novo PDE; promover um processo amplamente participativo; simplificar a compreensão da lei. 86 Referências bibliográficas PMSP/SMDU/IAB. Termo de Referência do Concurso Ensaios Urbanos: Desenhos para o Zoneamento de São Paulo. São Paulo, PMSP/SMDU/IAB, 2013. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano/>. PMSP/SMDU/IAB. Projetos Premiados. São Paulo, PMSP/SMDU/IAB, 2013. Disponível em: <http:// www.prefeitura.sp.gov.br//cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano/>. 87 Projetos participantes do concurso “Ensaios Urbanos” em cujas equipes há professores da Escola da Cidade Projects participating in the tender “Urban Essays” in whose team there are professors from the Escola da Cidade 89 MODALIDADE 2: PADRÕES URBANÍSTICOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES TERRITORIAIS SELECIONADAS Premiado Uma Área Específica, Um Problema Genérico A Specific Area / A Generic Problem Camila Paris, Ciro Pirondi, Fausto Chino, Luis Octavio de Faria e Silva, Luisa Zacche, Monica Drucker, Noelia Monteiro, Roseli Azevedo, Ruben Otero, Thais Malheiros Implantação 90 O NOVO PLANO DIRETOR para a cidade de SÃO PAULO representa um avanço importante na utilização mais racional da infraestrutura, promovendo soluções de mobilidade não motorizadas e transporte público, consolidando e densificando as áreas centrais. O projeto em estudo, porém, ainda contém vários elementos característicos dos planos anteriores que baseavam a organização da cidade em um problema de ZONEAMENTO e de LEGISLAÇÃO NORMATIVA, como resultado de COEFICIENTES E INDICADORES que não estão sustentados em uma ideia formal e espacial para a cidade. O fato de manter a base da legislação em conceitos como COEFICIENTES DE APROVEITAMENTO básico e máximo, compromete o desenho de uma cidade desejada, na medida em que quem de certa forma determina os coeficientes finais é o próprio poder econômico. O presente trabalho trata de explorar algumas hipóteses e estratégias de legislação urbanística que possam contribuir ao enriquecimento da discussão do Novo Plano Diretor, a partir de uma visão que conceba a cidade como o mais importante TERRITÓRIO DE PROJETO. A área selecionada, setor Norte dos bairros SANTA CECÍLIA - BOM RETIRO, não faz parte de uma unidade territorial ou paisagística especialmente qualificada, não possui também um patrimônio arquitetônico relevante, nem uma significativa importância histórica ou cultural. Porém, dois elementos fazem dela uma área de especial interesse: 1. 2. É PARADIGMÁTICA DOS TECIDOS PREDOMINANTES nas áreas centrais da cidade, que está em processo de transformação com o iminente perigo de apagar parte de uma rica história urbana e uma forma de usufruir a cidade sustentável e desejável; Encontra-se no Perímetro Expandido da OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA AGUA BRANCA e, como consequência da dinâmica urbana que já se manifesta na área, começaram a ser lançados novos empreendimentos imobiliários que reproduzem uma visão segregada da cidade e comprometem as qualidades urbanas preexistentes, ASSIM COMO ACONTECE EM OUTRAS ÁREAS DO CENTRO EXPANDIDO DE SÃO PAULO. O grande objetivo da proposta urbana é a PRESERVAÇÃO E POTENCIALIZAÇÃO DA IDENTIDADE da área sem impedir o desenvolvimento imobiliário, incorporando instrumentos normativos de promoção controlada. Esta abordagem poderá ser replicada em outras tantas na cidade de São Paulo, através das estratégias: 1. 2. 3. Incentivar USOS MISTOS (residência + comércio | residência + serviços); Promover a RUA como importante LUGAR DE ENCONTRO; PropiciaraaberturadosMIOLOSDEQUADRAcomoáreasdeusopúblicocontrolado; 91 4. 5. Definir o PEDESTRE como o grande protagonista da cidade; Propor um MODELO DE IMPLEMENTAÇÂO NO TEMPO que integre as novas edificações as preexistências construídas. Em complementação com os instrumentos de legislação urbana (coeficientes, índices e taxas), é proposta a priorização de uma MODELAGEM FORMAL na definição da imagem desejada para a área. Assim, partindo do aproveitamento máximo permitido, são estabelecidas diretrizes que contribuem ao desenvolvimento urbano da área respeitando as preexistências e o natural processo de substituição edilício sem rupturas. INSTRUMENTOS DE ORDENAÇÃO 1. Da formatação da lei . Coeficiente de Aproveitamento Máximo em função da proposta dos Novos Corredores Urbanos. (em concordância com o Plano Diretor: CA=4); . Manter os Recuos Frontais a partir dos 9m de altura e eliminar a obrigatoriedade dos recuos laterais para promover a continuidade morfológica das ruas; . Definição de gabaritos de altura diferenciados em função da importância e conformação das ruas: . Para a área em geral o gabarito máximo é de 12 andares; . Para os lotes com frente às Avenidas Rudge, Marques de São Vicente, Norma Peruccini Giannotti,Tomás Sergio e Presidente Castelo Branco, o gabarito máximo é de 18 andares. 2. Dos novos empreendimentos . Área máxima permitida para novos remembramentos de 2.500m² (aproximadamente 1/4 do quarteirão); . É proibida a construção de muros na divisa do lote com o logradouro público. Somente será permitida a colocação de grades com altura máxima de 1.80m; 3. Dos condomínios existentes Estímulo urbano para construir usos não residenciais no limite do lote com o logradouro público, sem serem contabilizadas no CA. O programa será chamado REURBANIZAÇÃO DE CONDOMÍNIOS e poderá ser replicado em outras áreas da cidade. 92 INSTRUMENTOS DE PROMOÇÃO E ESTÍMULO URBANO | PRÊMIOS 1. Da promoção de usos mistos . Exoneração do recuo frontal para edificações até uma altura de 9m; . Exoneração no calculo do CA para as edificações com fins comerciais e de serviço construídas nas áreas de recuo frontal. Esse incremento no potencial construtivo poderá chegar até o 20% do CA máximo; . Os empreendimentos existentes poderão ser enquadrados nas mesmas condições de exoneração do CA para usos não residenciais; . Se dispensa a necessidade de vaga para automóveis dos novos comércios e serviços menores de 100m² por serem considerados de abrangência local. 2. Da promoção de quadras mais permeáveis . Incremento do CA em 0,5 para as edificações que abram áreas internas do lote ao uso público podendo ser comerciais, de serviços ou de lazer. INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO PATRIMONIAL 1. Criação de CATÁLOGO DAS EDIFICAÇÕES DE INTERESSE URBANO mediante a elaboração de Fichas Técnicas Patrimoniais de avaliação de cada edificação; 2. Os proprietários dos edifícios catalogados como de interesse urbano terão INCREMENTADO SEU COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO EM 0,5 se eles mantiverem tais edifícios nos novos empreendimentos; AÇÕES DIRETAS | INTERVENÇÕES EM ÁREAS PÚBLICAS . Alargamento dos passeios; . Criação de áreas permeáveis e arborização nos logradouros; . Criação de pequenas praças de vizinhança; . Operações de projeto nas bordas da área (FERROVIA E VIADUTO); . Previsão de vias para ciclistas; . Colocação das redes de infra estrutura no subsolo; . Apoio aos moradores de rua. 93 proposta urbanística diagrama da quadra 94 perspectiva 1 perspectiva 2 perspectiva 3 95 MODALIDADE 2: PADRÕES URBANÍSTICOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES TERRITORIAIS SELECIONADAS Premiado Microáreas de proteção ambiental Microareas of environmental protection GESTO ARQUITETURA E URBANISMO Autoria Newton Massafumi Yamato | Tânia Regina Parma - arquitetos urbanistas Coordenação Newton Massafumi Yamato Consultor Prof. Dr. José Guilherme Schutzer Arquitetos e Urbanistas Guilherme Pinheiro Ramalho | Carolina Scatolini | Thais Piva Reyes Estudantes de Arquitetura Luiz Felipe Amado da Cunha grota do bixiga - contextualização 96 grota do bixiga - contextualização propósta - Microárea de proteção ambiental 97 proposta - zoneamento - cenário pretendido 98 replicabilidade 99 CATEGORIA 3 – CONFIGURAÇÃO DA FRENTE DOS LOTES COM AS VIAS Menção Honrosa Unidade Terrirorial Quadra Block Territorial Unit Autores: Felipe de Souza Noto/ Jordana Zola / Maira Rios / Paulo Emilio Ferreira Equipe: Adriana Matsufuji / Fernando Boari / Gabriela Ho / Lara Ferreira / Tamires Lima problemas e objetivos 100 MEMORIAL DA PROPOSTA A questão fundamental é a retomada da cidade pelo pedestre. Entende-se que o térreo da cidade é espaço privilegiado, território dos encontros, da troca, da vida pública. Esta proposta busca reorientar sua apropriação, identificando a necessidade de fazer valer a sua função social do chão da cidade, potencializando infraestruturas e qualificando o uso cotidiano do espaço urbano. A iniciativa privada precisa se configurar como agente de intervenções capazes de ampliar e qualificar o suporte físico (calçadas) e os elementos que configuram os limites entre os usos privados e públicos da cidade. Por meio da ampliação das áreas de domínio coletivo e de sua qualificação, garantindo usos diversos a apropriação pública efetiva dos espaços livres, a noção de fachada (como elemento de transição entre o lote e a rua) deve ser ampliada para uma ideia mais flexível de superfície, envolvendo os térreos e as faces do interior da quadra. São quatro os objetivos: Melhorias das calçadas Fazer valer a Lei de Calçadas que estabelece as responsabilidades individuais na manutenção e a configurações mínimas dos passeios. Ampliar incentivos às ações que ultrapassem os mínimos impostos em lei e que qualifiquem o espaço: arborização, coberturas contínuas e/ ou galerias, ampliação da malha pedonal e mobiliário urbano devem ser trabalhados dentro da lógica da quadra, não mais do lote. Ferramentas de gestão compartilhada são apresentadas para reverter o quadro de individualização da responsabilidade sobre as calçadas. Ampliação da malha pedonal Apresentar alternativas para a ampliação da rede pedonal existente e do sistema de mobilidade. Incentivos à abertura das quadras para passagens, galerias e servidões de passagem, visando ampliar, no miolo das quadras, as possibilidades de travessia. Ampliação da superfície de contato entre público (via) e privado (edifício) A disponibilização de áreas privadas ao uso público (miolo de quadra, flexibilização dos térreos, galerias comerciais e passagens), ampliando e diversificando os caminhos pedonais, antes reclusos à calçada e iniciando a ampliando a malha de áreas públicas, sobretudo em regiões de ocupação densa e homogênea. Qualificação da superfície de contato entre público (via) e privado (edifício) Os muros contínuos em condomínios residenciais devem ser inibidos por meio da obrigatoriedade de um número mínimo de eventos urbanos em cada testada 101 de quadra. Cada um destes eventos tem um potencial de qualificação do espaço específico: uma passagem pública é mais efetiva do que um acesso de automóveis, um acesso de um edifício habitacional é mais efetivo do que um acesso secundário de imóvel comercial. É necessária a qualificação destes eventos de modo a ser possível avaliar quais combinações seriam suficientes para garantir a sobrevivência e diversidade da vida pedonal. Para alcançar os objetivos elencados esta proposta apresenta novas ferramentas que podem se combinar com os instrumentos existentes (como a Lei de Calçadas, o Iptu Progressivo e o PEUC). São eles: Regulamentação a Estacionamentos, Nova Lei de Eventos e Nova Unidade Territorial Quadra. Nova Lei de Eventos Regulamenta a obrigatoriedade e implantação de número mínimo de eventos urbanos por frente de rua, com validade para todas as zonas mistas e zonas residenciais. Eventos urbanos são todos os acontecimentos no plano de contato entre o privado (edifício) e o público (calçada/rua). Os eventos podem ser classificados de acordo com seu potencial dinâmico. A distância entre eventos baseia-se no parcelamento do solo na região, de modo a garantir pelo menos um evento por frente mínima oficial de lote. De qualquer forma considera-se em novas ocupações a distância máxima de 20 metros entre eventos. Esta ferramenta apresenta-se como um recurso para incentivo (fiscal ou de outras naturezas) para investimentos que garantam maior número de eventos dinâmicos. Unidade territorial quadra (UTQ) Apresentação de alternativa de superação do lote como unidade territorial mínima, com a possibilidade de associação “condominial” de um ou mais lotes de uma mesma quadra. Esta nova unidade territorial se estabelece como uma ferramenta útil na gestão municipal, na medida em que pode se encarregar da mediação entre poder público e um coletivo de edifícios, especialmente no âmbito das subprefeituras. Ao mesmo tempo, a compreensão da cidade a partir de uma unidade territorial estendida legitima a concessão de incentivos mais vigorosos à iniciativa privada, considerando contrapartidas essencialmente de caráter coletivizante. A equação proposta é apresentar incentivos fiscais e urbanísticos para aqueles que se organizarem territorialmente, impondo exigências de retorno à cidade especialmente à própria quadra. Aumento de potencial construtivo e reduções dos valores de IPTU devem ser considerados na negociação. Há dois casos em que se imagina a aplicação da UTQ: áreas em transformação, com remembramento significativo de lotes (obrigatória para empreendimentos que 102 ocupem desde 25% da quadra) e áreas consolidadas na quais a associação entre lotes não tenha como objetivo um novo empreendimento. Contrapartidas: • • criar área de uso coletivo (com acesso público livre) correspondente a uma porcentagem da área do lote no pavimento térreo, que poderá ser coberta e destinada ao uso comercial. permitir o cruzamento público entre todas as vias com as quais fizer frente o conjunto de lotes; Outra estratégia possível é a transferência de potencial construtivo entre lotes de uma mesma UTQ. A operação pode tornar mais atraente o empreendimento e estimular a proteção do patrimônio banal da cidade construída. Recomendase que a transferência seja válida apenas para os lotes com imóveis que ocupem no mínimo 70% de seu potencial construtivo: não interessa o congelamento de imóveis com área construída muito aquém daquela regulada pelo Plano Diretor. Redes privadas O principal desafio a que esta proposta se dispõe é combater a natural tendência individualista do mercado imobiliário, que restringe seu campo de atuação aos domínios do lote. Evidentemente faltam instrumentos de orientados ao direcionamento coletivizante dos empreendimentos isolados (restritos ao lote). A Unidade Territorial Quadra é uma estratégia na procura por novos caminhos para o mercado, com estímulo a lógica coletiva na transformação da cidade. Neste sentido, propõe-se um conjunto de incentivos proporcionais ao grau de agrupamento alcançado: quanto maior o número de lotes participantes, maior a redução de imposto ou maior o potencial construtivo permitido. Para além, sugere-se a ampliação dessa proporcionalidade para uma possível associação entre diferentes UTQs contíguas, isto é, incentivos crescentes para empreendimentos organizados em rede. Vale a ressalva de que a regra pressupõe a proximidade territorial das quadras. O resultado esperado é a multiplicação de áreas livres e da malha pedonal conectando quadras, estabelecendo transformações positivas agora em escala de bairro. 103 instrumentos 104 sistema de apliczção de utq e lei de eventos na cidade 105 CATEGORIA 2 – ESTUDOS DE CONFIGURAÇÃO DE TIPOLOGIAS EDIFICADAS DE USO MISTO NO MESMO LOTE, ENVOLVENDO OBRIGATORIAMENTE O USO RESIDENCIAL Menção Honrosa Rearticulação da relação domínio privado e domínio público Re-articulation of the relationship between public and private domains Autores: Felipe de Souza Noto/ Jordana Zola / Maira Rios / Paulo Emilio Ferreira Equipe: Adriana Matsufuji / Fernando Boari / Gabriela Ho / Lara Ferreira / Tamires Lima A fórmula de Adiron, mecanismo introduzido na Lei de Zoneamento de 72 para que se pudesse aumentar os coeficientes originalmente definidos, cria em contrapartida, uma proporção inversa entre coeficiente de aproveitamento e taxa de ocupação do lote, definida por uma fórmula matemática. Esta determinação da lei não traz apenas as óbvias conseqüências para a tipologia arquitetônica do edifício mas também para a implantação do edifício no lote e sua relação com a cidade a sua volta. Partindo do princípio de que o empreendedor imobiliário vai optar sempre pelo C.A. máximo, os arquitetos, na hora da criação do projeto arquitetônico, trabalharão sempre com a T.O. mínima. A primeira e mais clara conseqüência da aplicação da fórmula de Adiron para a tipologia dos edifícios se refere à sua altura: o aumento da área construída em menor área de projeção faz com que a altura dos edifícios cresça em grandes proporções. A altura do edifício, por sua vez, influencia diretamente o tamanho dos recuos obrigatórios exigidos por lei. Apesar do zoneamento estabelecer recuos semelhantes para as principais zonas da cidade, o Código de Obras do Município estabelece faixas de ventilação e iluminação, livres de construções, que estão diretamente relacionados com o número de andares da edificação, e que acabam por se configurar como recuos muito mais restritivos que os estabelecidos pelo zoneamento. Apresenta-se aqui uma segunda conseqüência da fórmula de Adiron: com o aumento da altura dos edifícios as faixas de iluminação e de ventilação se tornam tão grandes e restritivas que não sobra outra opção para os arquitetos a não ser implantar o edifício no centro do lote. Uma terceira conseqüência da aplicação da fórmula de Adiron, menos perceptível mas de fundamental importância para a cidade, se refere ao uso do solo. Para 106 que não haja aumento na projeção do empreendimento e conseqüente diminuição do coeficiente de aproveitamento, a área do pavimento térreo não pode ultrapassar a área de projeção do pavimento tipo. Este fator, somado ao fato de o edifício estar implantado no centro do lote, desestimula o uso comercial do térreo por este estar situado longe da rua. É desta maneira que, após a Lei de Zoneamento de 72, o uso misto das edificações foi se extinguindo na cidade. Mesmo nas zonas que permitem usos diversificados dos seus lotes, essa diversidade se limitou apenas ao nível da quadra. Com a sistemática ocupação da cidade por empreendimentos imobiliários que buscam sempre o maior coeficiente, o uso misto vai ficando cada vez mais raro. A aplicação da fórmula de Adiron, associada às exigências de faixas de iluminação e ventilação pelo Código de Obras, foi determinante para a formação de uma tipologia característica praticada pelo mercado imobiliário ao longo dos últimos quarenta anos na cidade de São Paulo. Esta tipologia pode ser claramente observada em regiões de maior concentração de renda, como Moema, Itaim Bibi, Vila Olímpia, Vila Nova Conceição, Tatuapé, Vila Leopoldina, entre outros bairros que sofreram processos de verticalização nas últimas décadas e, portanto, foram edificados sob os parâmetros desta legislação. Trata-se de uma tipologia de torres altas e estreitas, fisicamente isoladas, ocupando uma pequena parte do lote, com diferentes alturas e diferentes afastamentos da rua e, na maior parte da cidade, de uso exclusivamente residencial. Sua implantação não é mais objeto de um desenho urbano, suas áreas externas se tornaram apenas espaços residuais, resultado do que sobra da implantação do edifícios no lote, sem comunicação com cidade ao seu redor. A boa qualidade arquitetônica individual de diferentes edificações não pode por si só dar boa forma ao tecido urbano. “Um conjunto de qualidade, se não for integrado num contexto, surge desarticulado e desprovido de verdadeira significação, tal como um conjunto de belas palavras não chega para constituir uma frase. O discurso arquitetônico pressupõe a relação dos edifícios com o espaço urbano e o seu enquadramento numa estrutura”1. O espaço remanescente da implantação do edifício no lote deve ser compreendido como articulação entre o domínio privado e o domínio público, pois estabelece com o espaço urbano um diálogo que pode ser positivo, possibilitando uma conexão, ou negativo, representando uma segregação. Propostas para os novos empreendimentos: I) Abolição da Formula de Adiron. II) Abolição das faixas de aeração “A” e iluminação “I” previstas no Código de Obras. III) Abolição dos recuos laterais para construções acima de 6 metros de altura. 1 LAMAS, José M. Garcia, Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação para Ciência e Tecnologia, 2000, p. 307 107 Justificativa A interdependência entre a forma do edifício e a forma urbana é uma das relações mais importantes entre a cidade e o projeto de arquitetura. O edifício, portanto, não pode ser entendido como um acontecimento isolado na cidade, mas como parte integrante de um complexo sistema de relações espaciais e formais com todo o espaço urbanizado à sua volta. Com a abolição da aplicação da Formula de Adiron, os empreendimentos ainda poderão atingir o coeficiente máximo previsto por lei através da Outorga Onerosa, mas não precisarão diminuir sua Taxa de Ocupação. Este fato possibilitará que o pavimento térreo não mais precise estar contido na projeção do edifício e poderá se aproximar do alinhamento do lote, incentivando o seu uso comercial pois também estará próximo à rua. O recuo obrigatório de 5 metros previsto no Zoneamento será o único a ser respeitado, mas deverá ser interpretado como espaço privado de uso público, sendo incorporado à calçada, proporcionando o seu alargamento e possibilitando as atividades relacionadas ao térreo comercial, como mesas para bares e restaurantes, vagas para estacionamento de veículos de clientes de lojas ou simplesmente espaço para a melhor fruição de pedestres. As Faixas “A” e “I” foram criadas para afastar os edifícios das divisas do lote mas acabaram por interferir de modo decisivo na tipologia edificada e, principalmente, na implantação do edifício no lote. A abolição das faixas permitirá que todo o empreendimento se aproxime do alinhamento com a rua e que sua implantação seja resultado de um projeto de desenho urbano. A abolição dos recuos laterais permitirá que o edifício ocupe toda a extensão da frente do lote, estabelecendo uma relação especial e formal com o edifício vizinho. A sucessão de edifícios implantados no alinhamento do recuo frontal e geminados entre si irá formar um “Plano Vertical” (a fachada contínua) paralelo ao logradouro, configurando um elemento morfológico determinante na forma e na imagem da cidade. Propostas para a cidade pré-existente: I) Para empreendimentos já construídos propomos a permissão de áreas construídas no alinhamento do lote com a rua, ou no alinhamento do recuo frontal, de uso obrigatoriamente comercial, com abertura para o logradouro público e acesso à população em geral e consideradas não computáveis até o limite de 20% da área total construída. Justificativa O tecido urbano da cidade de São Paulo já está consolidado na maior parte de seu território, sendo que grande parte dos empreendimentos foi construído seguindo a Lei de Zoneamento de 1972 que resultava numa tipologia de torres isoladas, implan- 108 tadas no centro do lote, sem relação com a rua. Para se atingir mais rapidamente os objetivos de instrumentos como a “Fachada Ativa”, é necessário que sejam criados meios de transformação sobre o patrimônio existente. Nossa proposta apresenta a possibilidade de um edifício existente construir áreas para uso comercial próximas a rua, que por um lado animam a vida pública nas calçadas e, por outro, se configuram como uma fonte de renda para o próprio condomínio. Dentro desta proposta é possível também lançar mão de incentivos fiscais, como a redução de IPTU de condomínios que recuarem os fechamentos de seus lotes, ampliando assim as calçadas para melhor fruição dos pedestres. PROPOSTA PARA NOVAS TIPOLOGIAS ÁREA COMERCIAL RECUO FRONTAL INCORPORADO A CALÇADA proposta para novsa tipologias 109 PROPOSTA PARA A CIDADE EXISTENTE ÁREA COMERCIAL RECUO FRONTAL INCORPORADO A CALÇADA porposta para a cidade existente PROPOSTA PARA A CIDADE EXISTENTE SITUAÇÃO EXISTENTE PROPOSTA PARA EDIFÍCIOS EXISTENTE TIPOLOGIA TÍPICA PRATICADA PELO MERCADO IMOBILIÁRIO ÁREA COMERCIAL RECUO FRONTAL INCORPORADO A CALÇADA FAIXA DE AERAÇÃO "A" FAIXA DE ILUMINAÇÃO "I" porposta para acidade existente 110 PROPOSTA PARA A CIDADE EXISTENTE SITUAÇÃO EXISTENTE PROPOSTA PARA EDIFÍCIOS EXISTENTE TIPOLOGIA TÍPICA PRATICADA PELO MERCADO IMOBILIÁRIO ÁREA COMERCIAL RECUO FRONTAL INCORPORADO A CALÇADA FAIXA DE AERAÇÃO "A" FAIXA DE ILUMINAÇÃO "I" grota do bixiga - contextualização 111 MODALIDADE 2: PADRÕES URBANÍSTICOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES TERRITORIAIS SELECIONADAS Menção Honrosa Adensamento com preservação da tipologia “Cidade Jardim” Intensification with preservation of the Garden City typology Autor: Silvio Oksman Equipe: Beatriz Vicino e Vanessa Mendes. bairros tombados e principais vias e ligação 112 O tombamento de bairros em São Paulo – Jardim América, Europa, Paulista, Paulistano e Pacaembu - é pauta de muitos debates. As diretrizes para preservação de bairros podem entrar em conflito com os critérios de desenvolvimento urbano caso não haja um diálogo entre os parâmetros estabelecidos pelos diversos instrumentos reguladores - Plano Diretor, LUOS (Lei de Uso e Ocupação do Solo) e resolução de tombamento. O momento da revisão do Plano Diretor de São Paulo se mostra muito oportuno para abordar esta sobreposição de normas e leis. Neste sentido a resolução de tombamento dos Jardins pode e deve ser revista à luz de novas propostas: aumento de densidade populacional, planos de mobilidade, e diversidade de usos, devem ser diretrizes que orientam uma possibilidade de desenvolvimento em consonância com o tombamento. Apesar das questões comuns aos bairros tombados, este trabalho vai se restringir a área dos Jardins - Jardim América, Europa, Paulista e Paulistano. Esta decisão se dá principalmente por serem cortados e circundados por vias que tem relevância metropolitana. O instrumento do tombamento já se mostrou ineficiente no sentido de preservar as principais vias que cruzam a área. Houve uma flexibilização dos usos, estabelecida através das Zonas de Centralidade Linear (ZCL) em Zonas Estritamente Residenciais Um (ZER1) definidas na LUOS, que não propôs nenhuma mudança das tipologias de ocupação, estas seguem atendendo as restrições impostas pelo tombamento. O que encontramos hoje são adaptações de imóveis residenciais para abrigar atividades comerciais e de serviço. Em grande parte, as construções transgridem a legislação: ocupam recuos, aumentam a área construída, ultrapassando as taxas e coeficientes estabelecidos. Chama atenção o fato de vias de importância metropolitana, que já não conservam o aspecto desejado de Bairro Jardim, continuarem sendo geridas por estas leis de tombamento. Como consequência observa-se a descontinuidade do tecido urbano com diversos lotes vagos e imóveis ociosos. É evidente, portanto, que o valor de “bairro jardim” que se deseja preservar já se perdeu, são vias com baixa arborização e tráfego intenso de veículos. As demais áreas dos bairros, adjacentes a estes eixos, ainda preservam este caráter, objeto do tombamento. Entende-se que é possível promover o adensamento a partir de verticalização controlada, com proposta de uso misto, aumentando a utilização da infraestrutura disponível. Considera-se que estas diretrizes também garantam a sua preservação nos termos em que hoje se apresentam. Tratam-se, portanto, de áreas de exceção dentro do perímetro de tombamento que se restringem aos lotes que têm frente para as vias destacadas. As diretrizes estabelecidas contribuem para a preservação da área estritamente residencial, do ponto de vista: 113 a) do uso, entende-se que a oferta de outros tipos de ocupação – serviços e comércios principalmente – são atividades que complementam a área habitacional; b) da tipologia, os critérios de gabaritos e recuos estabelecem uma relação harmônica com o bairro jardim que se intenciona preservar. TOMBAMENTO A resolução de tombamento dos jardins (Resolução 02/1986 da Secretaria de Estado da Cultura) preserva: a) O atual traçado urbano, representado pelas ruas e praças públicas contidas entre os alinhamentos dos lotes particulares; b) a vegetação, especialmente a arbórea, passa a ser considerada como bem aderente; c) as atuais linhas demarcatórias dos lotes, pois são também históricas estas superfícies, sendo o baixo adensamento populacional delas decorrente, tão importante quanto o traçado urbano. Este estudo de revisão das ZCL em ZER1 considera que estes eixos poderão ser adensados a partir da alteração das resoluções de tombamento dos bairros. As novas diretrizes estabelecem parâmetros que consideram as especificidades e características especificas de cada área. Alguns critérios específicos serão adotados em função dos diferentes caracteres das vias (largura da via, tipo de infraestrutura disponível, etc.). DIRETRIZES a)Taxa de ocupação: 70%; b) Coeficiente de aproveitamento máximo: 3; c) Taxa de permeabilidade: 15%; d) Gabarito máximo: 25m; e) Recuos: Frontal: 5m, com exceção dos trechos compreendidos no Jardim América, onde o recuo frontal será de 6m, com 50% de superfície permeável, com estacionamento proibido. Lateral: inexistente; Fundos: para os volumes de altura máxima de 6m não haverá recuo de fundo, para os volumes acima desta altura o recuo mínimo será de 10m. VAGAS DE ESTACIONAMENTO Em relação às vagas de estacionamento adotam-se os seguintes critérios propostos no novo plano: a) serão consideradas não computáveis as áreas cobertas, em qualquer pavimento, destinadas a carga e descarga, circulação, manobra e estacionamento de veículos, desde que o número de vagas de garagem observe os seguintes limites: nos empreendimentos residenciais, um total de até uma vaga de estacionamento por unidade habitacional; nos empreendimentos não residenciais, uma vaga de estacionamento para cada 100m2 de área construída computável, desprezadas as frações. b) A quota de garagem máxima será de 28m2 c) pode-se estabelecer a desobrigação de atendimento ao número mínimo de vagas de estacionamento de veículos para os usos não residenciais. d) O 114 numero de vagas que exceder os critérios acima estabelecidos entrarão no cálculo de área computável. USO HABITACIONAL Serão estabelecidos dois valores para Cota Parte Máxima: a) 20, para os corredores da Avenida Rebouças e Avenida Nove de Julho; b) 32, para os eixos das Ruas Estados Unidos, Groenlândia, Gabriel Monteiro da Silva e Avenida Brasil. Será estabelecida uma cota mínima de habitação por quadra, segundo os diagramas axonométricos. A intenção é de que ao longo dos eixos exista sempre uma quantidade mínima de edifícios residenciais.Para implantação de HIS e HMP fica estabelecido percentual mínimo de: a) 50% da área computável nos corredores da Avenida Rebouças e Avenida Nove de Julho; b) 30% da área computável nos eixos das Ruas Estados Unidos, Groenlândia, Gabriel Monteiro da Silva e Avenida Brasil. Não será permitido o remembramento dos lotes demarcados nos eixos com os lotes que permanecem sob a legislação de preservação de patrimônio cultural. CONCLUSÃO A proposta de cidade compacta, colocada nas diretrizes do novo plano diretor, se depara com situações consolidadas na cidade que por vezes podem ser um entrave. Com a proposta de verticalização dos eixos de mobilidade que atravessam a área dos jardins, ficou clara a possibilidade de adensamento com a preservação desta tipologia de “Cidade Jardim”, contornando a subutilização da infraestrutura existente adjacente aos bairros de baixa densidade. Os critérios adotados nesta proposta podem ser aplicados também para o bairro tombado do Pacaembu e para outras ZER1, tais como o Alto de Pinheiros, Alto da Lapa, Butantã. Estes bairros, apesar de não terem a incidência do tombamento, tem outra sobreposição de leis que merece ser revisada, pois ainda são regidos pelos critérios da Cia City, que os desenhou. zoneamento dos bairros jardins e áreas adjacentes 115 situação atual: fluxos metropolitanos proposta: zona de transição nos exios de fluo e interrupção do espaço urbano metropolitano cortes esquemáticos das diretrizes propóstas 116 axonométrica: Avenida Rebouças, avenida 9 de axonométrica: Avenida europa, gabriel julho e avenida brasil monteiro da silva e estados unidos fotomontagem: ensaios sobre o zoneamento 117 Forma urbana e cidade informal Valter Fabietti “O verdadeiro projeto urbano não inicia jamais com uma situação intocada e nunca prevê um término definitivo. Mais especificamente, raciocina em termos de processo, de protótipos, de guia, de incentivo. (...) Uma bem desenvolvida coleção de modelos capazes de integrar processo e forma seria de enorme utilidade para essa finalidade. Esses modelos e essas construções teóricas deveriam ser, todavia, suficientemente independentes e simples, de modo a permitir aquela contínua refundação de objetivos, análises e possibilidades que é típica do projeto urbano.” K. Lynch “Uma Teoria da Boa Forma da Cidade” MIT Press Cambridge MA 1981 As regras da forma Nos anos ’80 manifesta-se uma renovada atenção nos confrontos do controle da forma urbana, através de projetos que procuram mais a construção do “cenário urbano” do que definições formais da arquitetura 1. Trata-se de uma ampla experimentação que tem raízes nos anos ’60 e ’70, da qual emerge uma corrente disciplinar orientada para as tradições urbanísticas do início do novecentos. É no norte da América, em particular, e depois no Reino Unido que se manifesta uma crescente intolerância quanto aos métodos dominantes na projetação de novos conjuntos residenciais, não só nas periferias urbanas ou nos pequenos centros suburbanos, mas também nas grandes cidades. O foco dessa postura disciplinar é o aprofundamento da relação entre espaço coletivo e espaço privado, ou o controle da forma física do construído e da rela- 119 ção que se manifesta entre esta e o espaço público. Ao contrário de intervenções que enfrentam o tema de novos conjuntos apenas na escala do edifício, a utilização de regras formais na escala urbana permite melhor, afirma essa corrente de pensamento, a construção de ambientes variados, não banais ou repetitivos, e com valores estéticos amplamente partilhados. Trata-se de ambientes urbanos nos quais “uma riqueza de elementos, harmonizados entre si, presta-se melhor a responder a um amplo leque de expectativas e desejos de um público variado e, de outro lado, favorece a participação de uma ampla pluralidade de agentes produtores e usuários”. 2 Essa reinterpretação dos modos tradicionais se baseia na seguinte questão projetual: “o que significa um bom local para se viver?” 3 As experiências dos anos ’80 têm o mérito de evidenciar, através da aplicação de “smart codes”, a importância da codificação de comportamentos projetuais eficazes para se produzir ambientes urbanos de qualidade, não só do ponto de vista funcional mas também, e diria sobretudo, com respeito ao impacto perceptivo. Nesse quadro, como veremos adiante, inserem-se elementos de caráter higienista e ambiental, historicamente presentes na tradição disciplinar urbanística e revisitados através do princípio mais geral da sustentabilidade. Trata-se, em última análise, de uma espécie de retorno às tradições do projeto urbanístico, que assume um valor revolucionário com respeito aos paradigmas disciplinares dominantes daquele período: a reconsideração da qualidade formal da implantação urbana comporta o reconhecimento cultural das regras da forma e a definição de seu papel como procedimento. Não se trata apenas do capricho ou da sensibilidade do projetista, mas do significado objetivo da forma como valor estético tanto quanto técnico e construtivo. A partir das elaborações de Kevin Lynch até as elaborações de Krier e depois, através das proposições do new urbanism, de Duany, PLater-Zyberk, Punter, Parolek e outros, emerge uma corrente de pensamento que reformula e relança, de maneira sempre mais evidente, os sistemas de controle formal. Entre o final dos anos ’80 e início dos anos ’90 essa corrente se manifesta de maneira madura 4 articulando suas propostas em um amplo leque de instrumentos técnicos: diretrizes, manuais, regulamentos etc, aplicáveis nos mais diversos contextos. O uso do controle da forma se torna instrumental, até mesmo dominante, e se volta também para questões funcionais e, retomando uma antiga tradição da urbanística sanitarista, ambientais. Partindo da codificação de elementos formais (fachadas dos edifícios, recuos em relação aos limites do lote, distância entre o “invólucro” dos blocos edificados, relação entre a fachada e a via, entre volume edificado e seção da via, forma do rés-do-chão, materiais construtivos etc), chega-se à conclusão sobre a defi- 120 nição do papel que esses elementos têm na construção do ambiente urbano e, sobretudo, como podem influir no comportamento humano. Emergem, nesse novo modo de considerar a forma, definições e códigos que agem em diversas escalas: reflexões sobre os tipos edilícios, sobre regras de agrupamento destes e sobre a composição dos espaços, dos mais simples aos mais complexos e articulados, que levam à definição de composições urbanas consideradas verdadeiras e apropriadas 5. Nas entrelinhas dessa nova atitude ao se confrontar a forma que se insere uma interessante variante do conceito de sustentabilidade ambiental, resumida na questão: o controle da forma pode induzir à sustentabilidade ambiental nos projetos de transformação urbana? O espaço urbano representa o habitat dos cidadãos e pode modificar, em função de suas características, o modo com o qual as pessoas utilizam a cidade; induz no observador a percepção da riqueza de quem vive em uma determinada área, mas também mostra a possibilidade de usufruir de espaços de qualidade que podem conduzir a uma vida mais serena e, talvez, mais saudável. Em última análise, pode-se representar e defender a sustentabilidade com o espaço urbano. Face à pressão quanto à questão da relação entre a forma do espaço urbano e sustentabilidade, ocorre considerar uma “forma da sustentabilidade”, ou os instrumentos da projetação urbana capazes de fornecer um princípio de sustentabilidade “ambientalmente pertinente, economicamente conveniente e socialmente utilizável.”6 A projetação urbanística, desde Colin Rowe e de seus ensinamentos na Cornell University7 até o Congresso para um New Urbanism, produziu muitos instrumentos, internos ao processo de construção do espaço urbano, e que possibilitam explorar a relação entre edifícios individuais, não se fechando na arquitetura isoladamente, mas propondo uma visão de conjunto. Trata-se de algo de fato verdadeiro quando se considera que, nas experiências que fazem parte da vertente acima referida, é dirigida uma grande atenção à via e, em geral mais ainda, aos espaços intersticiais entre os edifícios. Em alguns casos, a codificação desses elementos é desenvolvida de maneira quase barroca, recorrendo à mensuração obsessiva do espaço público. Todavia, também nas experiências mais rigorosas manifesta-se a finalidade das propostas, que se resume no melhoramento qualitativo dos principais aspectos da vida social: falar, caminhar, sentar-se, negociar. Tudo de tal forma a oferecer um estilo de vida ambientalmente sustentável, reduzindo emissões de gases produtores do efeito estufa, fazendo mais eficiente o consumo energético, melhorando as condições de saúde humana e do ambiente natural (ar, água, solo). As experiências de projetação urbanística na escala local (neighbourhood planning) confrontam-se com o tema da diversidade funcional, no sentido de 121 1 - City of Knoxville. A Pocket Guide to Development on Knoxville’s South Waterfront, May 2006. http:// www.cityofknoxvillw.org/southwaterfront/related/draftcodepocketguide.pdf favorecer, nos domínios urbanos consolidados, comportamentos socialmente virtuosos além de ambientalmente sustentáveis. A forma exprime nessas experiências uma espécie de “inteligência urbana” (smart cities), preparada para tornar resilientes e sustentáveis as transformações da cidade. A sustentabilidade do desenvolvimento urbano apresenta diversos graus de complexidade. Em primeiro lugar, a articulação e a escala a que se refere. Certamente podemos e devemos considerar os recursos naturais empregados, tais quais os sistemas de áreas verdes, das águas superficiais e subterrâneas ou os corredores ecológicos, mas além desses, trabalhando em um ambiente antropizado, tanta importância quanto assumem a insolação dos espaços coletivos, o albedo ou os efeitos da mobilidade mecanizada e, em última análise, a conectividade (walkability) dos espaços urbanos: a inteligência urbana se depreende segundo o modo de usar a cidade. Formal vs Informal A projetação urbanística, assim como ocorre em outras disciplinas que têm na cidade e na cidadania o foco disciplinar (civitas e urbs)8, assume esses dois termos (e suas relações recíprocas) como horizonte de pesquisa, fomentando inclusive a redefinição dos próprios paradigmas disciplinares. O surgimento de uma exigência social de “sustentabilidade” (a construção de ecologias sociais ambientais, particularmente evidentes nos assentamentos informais, o combate às mudanças climáticas, a manutenção da saúde humana), a esperança de uma maior qualidade de vida na cidade (um local melhor para se 122 viver) estão gradualmente fazendo converter-se “em verde” os aparatos disciplinares. O escopo atual não é mais controlar o crescimento mas elaborar modelos de cidade capazes de enfrentar desafios futuros: o surgimento de novos estilos de vida, a reestruturação dos sistemas econômicos, a evolução, frequentemente não previsível, das condições ambientais, devido também às mudanças climáticas e, não menos importante, a rápida (e desigual) urbanização mundial. Onde o assentamento aparece totalmente privado de regras, não só formais, a relação entre forma e ambiente urbano se enriquece de complexidade, mas também de interesse disciplinar (além de social). É o caso dos assentamentos “informais”, a grande multiplicidade de zonas urbanas marginais (slum, favelas, baraccopoli, bidonville etc), habitados por uma vasta população de baixa renda ou totalmente indigente. É possível, nesse caso, recorrer ao controle da forma como instrumento de melhoria social? É possível, como afirma o new urbanism e os form-based codes, promover a melhoria social e fazer, portanto, do assentamento informal “um bom local para se viver”? Trata-se de uma questão complexa que envolve muitas competências e requer uma política de suporte 9. No esteio da mudança de orientação nas ações em favelas e suas intervenções necessárias para torná-las lugares habitáveis, muitos programas de intervenção foram desenvolvidos tendo como tema o projeto urbano para os assentamentos informais. Nesses casos, a hipótese é a de que a melhoria do espaço coletivo (através de políticas públicas) poderá funcionar como motor de uma requalificação mais generalizada. Algumas universidades brasileiras introduziram em seus programas de atelier e nas experiências didáticas a pesquisa de percursos louváveis de projetação urbana para a requalificação das favelas. Entre elas, particular interesse apresenta a experiência levada adiante pela “Escola da Cidade” de São Paulo que abriu, sobre o tema da projetação da forma na cidade informal, um curso de mestrado lato sensu denominado Habitação e Cidade, em cujo trabalho de atelier em 2012 se viram experimentações em soluções projetuais para a favela Jardim Colonial, objeto do volume 4 da publicação anual do mesmo curso. 2 - Guidelines Chinatown and Leather DIstrict, Boston USA 1 - City of Knoxville. A Pocket Guide to Development on Knoxville’s South Waterfront, May 2006. http://www. cityofknoxvillw.org/southwaterfront/related/ draftcodepocketguide.pdf 123 3 Complete communities toolbox. Guide to FBC. Delaware USA. http://completecommunitiesde.org/form-based-codes/ Para além da consolidação da unidade habitacional, essa experiência se debruça na melhoria da qualidade do espaço intersticial e ambientes imediatamente próximos. Surge, na observação dos trabalhos desenvolvidos no referido curso em 2012, a necessidade de definir tipologias flexíveis de implantação que se adaptem ao contexto, seja morfológico ou construtivo. Faz-se referência ali desde às relações que o conjunto da favela tem com a “cidade formal”, seja ao confronto, inevitável, com as condições de risco gerado pela “inadequação” do substrato morfológico -geológico sobre o qual se apóia o assentamento. No que diz respeito a este último tema mostram-se interessantes algumas soluções adotadas quanto à verticalização dos assentamentos, percursos externos e internos à área construída que exploram o declive do terreno para gerar conexões no tecido edificado da favela, explorando também sistemas ousados de áreas verdes para reduzir a densidade construtiva e para a estabilização do terreno. Uma particularidade das propostas formuladas nos projetos desenvolvidos no curso refere-se à relação do assentamento com a água. O risco hidro-geológico representa, sem dúvida, junto à implantação de infraestrutura (esgoto, rede de iluminação, coleta de lixo), um dos nós a se desfazer para o saneamento das favelas. Utilizar os fatores de risco como uma oportunidade projetual parece certamente algo de grande interesse: controlar os níveis hídricos com tanques de retenção integrados aos espaços públicos e espelhos d’água, liberar as áreas de maior declividade consolidando-as através de percursos e canais em degraus representam pontos fortes dos projetos para a favela desenvolvidos no curso. Considerações análogas podem ser feitas a respeito dos projetos para o “Concurso Nacional Ensaios Urbanos: desenhos para o zoneamento de São Paulo”, 124 apresentados nesta publicação. Os projetos assumem como foco a redefinição do espaço público, utilizado como instrumento de requalificação formal e funcional do conjunto construído. Não só o espaço coletivo define uma configuração formal e traça os limites da percepção urbana, mas configura lugares para uma “hipersocialidade” encorajando o encontro entre as pessoas. Com essa finalidade, a exploração projetual incita a redefinir, analogamente às mais recentes experiências norte-americanas 10, a walkability, através de um controle acurado dos resultados formais: a permeabilidade do construído torna-se assim instrumento de saneamento social além de físico. Trata-se de uma aceleração do processo natural de metamorfose da cidade, regulada aqui por códigos acurados de comportamento projetual (smart codes). É interessante ainda notar como os resultados formais são fortemente ligados aos usos da cidade: também nesse caso, a diversidade assume um papel social além de funcional e representa um reforço da walkability como instrumento de resgate social. Habitação e Cidade - Escola da Cidade Jardim Colonial, trabalho equipe 3 Habitação e Cidade - Escola da Cidade Jardim Colonial, trabalho equipe 3 125 Os trabalhos apresentados nesta publicação mostram, portanto, um avanço no longo caminho para uma compreensão plena da relação entre forma e cidade e permitem realizar, como ensaio, algumas reflexões. Ocorre,em primeiro lugar, evitar o risco de um uso instrumental da cidade informal para fornecer aos projetos um tempero de sustentabilidade social, alimentada também por uma “hipervalorização da forma”, atribuindo a esta um papel dominante e, em alguns casos, absoluto. Em segundo lugar, evitar o risco da “espetacularização da pobreza”, fazendo do assentamento informal um local de “safári” turístico. Mais do que qualquer outro risco, todavia, necessário evitar o maior: a idéia de inevitabilidade da desigualdade e, com essa, a diluição do projeto como uma simples prática estética. O controle da forma do espaço coletivo, ainda que não resolvendo os problemas decorrentes de uma condição precária do assentamento, representa indubitavelmente uma contribuição para fazer da favela senão um bom local para se viver, ao menos, mais simplesmente, um lugar para se viver. Notas 1. São desse período diversas ações projetuais orientadas ao controle da forma urbana como, nos EUA, o bairro Randolph em Richmond, o Master Plan para Battery Park City (1979), os “design guidelines” para a “South Residential Area” (Rector PLace, 1981) ou a definição de um novo modo de codificar a forma urbana (new urbanism) na intervenção de Seaside; também, no Reino Unido, o Master Plan para Canary Wharf. Ver, a esse propósito, A.P.Latini Falsariga per uma classificazione delle regole della forma nella nuova tradizione anglo-americana, in V.Fabietti, Forma urbana e valutazione ambientale, Sala Ed. Pescara 2013 2. Ibidem 3. P. Langdon, “A good place to live”, The Atlantic Monthly, Boston, 1988 4. O New Urbanism nasce oficialmente em um congresso em Davis em 1991 e é desse período a criação do Congress for New Urbanism http//:www.cnu.org/who we are. O escopo dessa associação é promover o desenvolvimento de bairros percorríveis a pé e de possibilitar o desenvolvimento de comunidades sustentáveis e “healthier living conditions”. Nasce em 2004 o Form Based Code Institut, que representa a evolução natural do New Urbanism e dos smart codes cuja primeira versão vem à luz em 2003. Cfr A. Latini, op cit 5. O exemplo de Seaside, realizado por Robert Davis em 1979 com masterplan de Andres Duany e Elizabeth Plater-Ziberk, é paradigmático também no uso cinematográfico que foi oferecido em “The Truman show” fazendo dele uma espécie de Shangri-lá moderna. 6. cfr. V. Fabietti Valutazione dell’ambiente urbano, in V. Fabietti, Forma urbana e valutazione ambientale, op cit. 7. Realizou-se recentemente em Roma junto à Facolta di Architettura di Roma Tre um interessante congresso sobre a figura de Colin Rowe e sobre seu papel na renovação da projetação urbana, com o título “Urban Design and the legacy of Colin Rowe”. Ver htpp://colinroweconference.wordpress.com 8. Aos termos civitas (cidadania) e urbs (cidade) se acrescenta um terceiro, polis, frequentemente utilizado como sinônimo de cidade. O termo polis, todavia, referia-se originalmente à cidade como lugar de participação mais que lugar físico, e refere-se, para o que aqui interessa, às políticas urbanas. 9. cfr nota 8 10. Aplica-se para toda a experiência conduzida por Dan Porolek para Cincinnati 126 Projetos realizados pelos alunos do curso Habitação e Cidade (edição 2013) no período de atelier do módulo 1 Projects made by the students of the course Housing and the City (edition 2013) in the atelier period of module 1 Foi adotada como objeto de observação e estudos uma área urbana no que se poderia chamar de borda do Centro expandido paulistano, vizinha (e com futuras reverberações) da Operação Urbana Água Branca, com algumas ZEIS demarcadas, junto à ferrovia num trecho que aguarda projeto para articulação de suas margens segregadas – área, portanto, que representa desafios e oportunidade para pensar a condição e possibilidades urbanas da cidade de São Paulo. Com condições diversas entre si, contando com temas como pré-existências, otimização de investimentos públicos, regulamentações (ainda que se tenha permitido críticas a restrições existentes e ensaios de sua flexibilização), alguns lotes na área em questão foram fornecidos para que os alunos indicassem possibilidades de implantação de Habitação num sentido pleno, ou seja, com a garantia de urbanidade e, portanto, de uma vida urbana que fosse estímulo a encontros e ampliação da consciência. 129 grupo 1 Beatriz Polizelli / Clélio Leme / Carlos Antonio / Gilberto Brunhari Conjunto residencial / barra funda – o entorno Área 2 a qual foi designada para desenvolvermos nosso projeto, apresenta aspectos privilegiados quanto à localização, na região central de São Paulo. Dotada de toda infra- estrutura urbana publica. Servida das principais vias estruturais da cidade, marginal tiete (1KM), Av. Pacaembu (1KM) Av. Rudge Rio Branco(500M)), avenida marques de são Vicente(600m), Metro leste/oeste na altura da estação Marechal Deodoro (800m), metro norte/sul estação luz (2km), estação de trem Barra funda(1,5km) e Rede de energia elétrica de baixa e alta tensão, abastecimento de água, rede de esgoto instalada, galeria de águas pluviais, ruas pavimentadas em toda região, áreas verdes, distribuída em 7 praças, escolas e faculdades no entorno. Por ser uma área que está em um dos pontos mais antigos da cidade de São Paulo encontra-se em estado de deterioração. Antigos galpões industriais, casas residências, térreas e sobrados com sua estrutura comprometida e abandonada. Esta situação tem despertado o interesse da especulação imobiliária em construções verticalizadas com finalidades residenciais e comerciais. Nesse sentido, optamos por desenvolver um projeto verticalizado com números diferenciados de pavimentos possibilitando melhor ventilação e iluminação natural, evitando uma padronização das torres. Ao observarmos o bairro e percebemos que ele necessita de infraestrutura particular, tais como: padaria, mercados, farmácias e comércio em geral, resolvemos então criar um projeto de uso misto, comercial no térreo e residencial nos demais pavimentos. As áreas de lazer: churrasqueira , playground e academia foram projetadas no térreo, internamente possibilitando privacidade e segurança aos seus usuários. O 9º pavimento destinado ao uso comum caracterizado como um espaço alternativo será usado para festas, estudos e jogos eletrônicos pois possui um amplo espaço de lazer coberto e uma ampla varanda descoberta. 130 barra funda - entorno tipologia 1 53,43 m2 tipologia 2 - 51,72 m2 implantação 131 pavimento tipo 9º pavimento 132 elevação elevação 133 grupo 2 Lyzandra Machado / Juliana Drahomiro / Denise Dalla Conjunto Vila do Bosque Bairro Barra Funda • Ferrovia antiga; • Industrialização (séc. 19 e 20); • Reduto de imigrantes e trabalhadores; • Galpões de fábricas; • Tentativa de transformar em região comercial há 18 anos; Situação atual • Vocação residencial e negócios; • Rede de transportes (metrô e trem); • Shopping, Sesc, Parque da Água Branca, Praça descuidada, estádio; • Galpões subaproveitados; • Baixa circulação de pessoas; • Déficit de áreas verdes e comércio de rua; • Alagamentos; • Dificuldade em atrair moradores apesar de ser próxima ao centro Operação Urbana Água Branca • 540 hectares; • Obras em drenagem e áreas verdes; • Melhoramento viário; • Incentivo ao padrão residencial médio; Melhoria das condições de mobilidade; • Recuperação da paisagem; • • Facilitar acesso às estações de metrô e ferrovia; • Transposição da via férrea; 134 Terreno área 3.866,5 m² quatro lâminas l/o distribuição dos conjuntos circulação arranjo 135 espaços livres área verde Planta baixa térrea 136 tipologia 1 tipologia 2 curva ascendente “morro” perspectiva 1 perspectiva 2 137 grupo 3 Camila Romano / Sandro de Mauro / Lara Ferreira / Joan Font Barra Funda • • • • • • • • • ÁREA 138 Preservação dos galpões existentes Diversidade de tipologias Implantação linear Uso misto + Moradia + Comercial + Co-working + Ateliê profissional liberal Áreas comuns + pátio semi-público CONCEITO TIPOLOGIAS 139 térreo pavimento 3 140 pavimento 1 pavimento 12 1. vista da rua do bosque 2. vista do pátio interno 3. vista da galeria perspectiva 141 grupo 4 Douglas Nascimento / Joana Penso / Mariana Ribeiro / Patrícia Fraga perspectivas e corte esquemático 142 implantação térreo 01. praça de acesso 01. praça de acesso 07. terraço jardim com acesso excluisivo para moradores 02. acesso edifício residencial 08. terraço de serviços 05. rampa de acesso à biblioteca e a galeria de comércio e 09. paineis solares serviço 1º pavimento 2º pavimento planta unidade planta tipo pavimento tipo 143 solstício de inverno_22/06_ 10h00 solstício de inverno_22/06_ 12h00 solstício de inverno_22/06_ 15h00 solstício de verão_22/12_ 10h00 solstício de verão_22/12_ 12h00 solstício de verão_22/12_ 15h00 modelo eletrônico 144 modelo eletrônico 145 grupo 5 Fabiana Kalaigian / Isabela Gardes / Daniela Facchin Localização 146 esquemas de implantação inserção no lote térreo 1º pavimento 2º pavimento 147 tipologias: 1, 2 ou 3 dormitórios e duplex pavimentos tipo edifício a pavimentos tipo edifício a pavimentos tipo edifício b 148 perspectiva perspectiva 149 grupo 6 Martin Benavidez / German Biglia / Artur Mei / Fernanda Sakano 150 151 área térreo 1º pavimento 2º pavimento 4º pavimento 152 fachada oeste fachada sul tipologia: tipologia: 3 dormitórios 2 dormitórios perspectivas 153 grupo 7 Caio Marçon/ Dhiego Torrano / Roberto Alves implantação térreo pavimento térreo + 0,90m planta auditório nível 4.68 corte esquemático 154 1 dormitório 34,43 m2 2 dormitórios 48,77 m2 lâminas tipo térreo pavimento tipo - escritório corte esquemático esquemas 155 corte longitudinal AA corte transversal BB 156 corte transversal CC perspectiva 1 perspectiva 2 perspectiva 3 157 grupo 8 Sylvia Facciolla / André Ribeiro / Cinzia Schiavon modelo implantação 158 térreo 1º andar andares superiores 159 vista modelo eletrônico 160 modelo eletrônico modelo eletrônico 161 162 163 164 PARTE 3 Projetos para áreas urbanas precárias Projects for precarious areas 165 Projetos realizados pelos alunos do curso Habitação e Cidade (edição 2013) nos períodos de atelier dos módulos 2, 3 e 4 Projects made by the students of the course Housing and the City (edition 2013) in the atelier period of modules 2, 3 and 4 Projetos para áreas urbanas precárias Já há algumas décadas percebe-se que áreas precárias da cidade precisam de projetos que considerem pré-existências – onde, portanto, relações sociais e espaciais conquistadas devem ser observadas com atenção e cuidado. Sabemos, assim, que hoje a construção do Habitat humano não significa apenas a produção de novas partes da cidade, conjuntos habitacionais que seguem necessários desde que não mais tratados como acampamentos destituídos das benesses da vida urbana – também, e talvez sobretudo, os projetos para as áreas precárias são o nosso gargalo na distribuição igualitária de acesso pleno à cidade e de recursos para parcela significativa da população das aglomerações humanas. Os projetos aqui apresentados vão nessa direção. Em Córdoba, Argentina, cidade que associamos a pesquisas havidas desde a década de 1960 sobre tecnologias construtivas facilitadoras da produção habitacional por ajuda mútua1, tem visto crescerem áreas ocupadas sem infraestrutura apropriada, cujas famílias têm sido convocadas a viver em conjuntos habitacionais distantes e desprovidos de dinâmica urbana, algo diante do qual resistem e que podemos perceber como mensagem de que querem viver na cidade e não num arrabalde fora de onde as possibilidades de fato estão. 1 O Centro Experimental de la Vivienda Economica (CEVE), ligado à antiga Universidade Católica de Córdoba, Argentina, inicia suas pesquisas em 1967 167 Os projetos aqui apresentados investigam como se pode lidar com as áreas chamadas La Maternidad, que segue ocupada ainda que cenário de contínuas remoções, e Los Artesanos que de certa maneira funda a possibilidade de se viver numa situação a princípio inapropriada. Com esta área – Los Artesanos – inevitável a reflexão sobre a adequação da permanência de uma ocupação não planejada ainda que, por outro lado, seja perceptível ali a fundação improvável de uma possibilidade de Lugar. Nos projetos para São Paulo, respostas ao que se viu nas comunidades junto ao córrego do Freitas, no Perímetro de Ação Integrada chamado Morro do S4, lidam-se com uma parte da metrópole paulistana que tem sido associada à Cultura dita periférica – Capão Redondo, Jardim Ângela, bairros vizinhos, têm mostrado à cidade através desde rappers a escritores2, uma vida com tempero próprio, que compõe drama, solidariedade e vontade de se colocar no tabuleiro da condição contemporânea. Segue chocante na maior e mais rica metrópole brasileira a existência de precariedades extremas em áreas como aquelas onde as comunidades estudadas estão instaladas ainda que, com uma necessária flexibilização de determinações e com pesquisas de meios e instrumentos mais condizentes para nelas se intervir, algo do encantamento dos seus recantos criados de maneira espontânea se possa valorizar e preservar – e, para isso, a presença intensiva e ininterrupta do Poder Público é ponto pacífico. Os projetos aqui apresentados mostram ensaios de caminhos possíveis para a articulação plena de duas formas urbanas que seguem de costas uma para a outra, cindidas ainda que complementares e interdependentes. 2 168 Mano Brown e Ferrez são exemplos de vozes dessa parte da cidade módulo 2 La Maternidad e Los Artesanos Córdoba, Argentina 169 La Maternidad grupo 1 André Ribeiro/ Caio Marçon/ Dhiego Torrano / Roberto Alves situação 170 implantação 171 implantação lâmina tipo lâmina tipo + pátios 3 dormitório 69m2 172 2 dormitório 55m2 1 dormitório 40m2 perspectiva 1 perspectiva 2 perspectiva 3 perspectiva 4 173 Los Artesanos grupo 2 Camila Romano / Sandro de Mauro / Lara Ferreira / Joan Font localização regularização 174 tipologia -estrutura metálica -modular -componentes pré fabricados -preenchimento alvenaria -autoconstrução -customização -incremental -2 e 3 pavimentos -uso misto 175 tipologias 176 intervenção corte rua principal corte rua tipo 177 Los Artesanos grupo 3 Douglas Nascimento / Mariana Ribeiro / Patrícia Fraga localização geral villa los artseaños 178 implantação pavimento tipo apartamento tipo térreo 179 esquemas perspectiva 1 180 perspectiva 2 perspectiva 3 perspectiva 4 181 La Marternidad grupo 4 Beatriz Polizeli / Clélio Leme / Fabiana Kalaigiana / Fernanda Sakano / Juliana Drahomiro / Lyzandra Machado esquema proposto: flxo e usos implantação 182 implantação térreo eixos transversair e longitudinais implantação cobertura eixos transversair e longitudinais 183 corte AA’ corte bb’ corte cc’ corte dd’ 184 perspectiva 1 perspectiva 2 perspectiva 3 perspectiva 4 185 Los Artesanos grupo 5 Martin Benavidez / German Biglia / Artur Mei / Isabela Gardes esquemas: construir o vazio 186 esquemas: construir o vazio planta corte corte 187 localização implantação 188 perspectiva 1 perspectiva 2 189 Los Artesanos grupo 6 Sylvia Facciolla / Cinzia Schiavon / Daniela Facchin / Carlos Antonio / Joana Penso 190 objeto de intervenção estudo de novas conexões da cidade formal com los artesanos 191 detalhamento área 01 detalhamento área 05 192 detalhamento área 06 detalhamento área 06 requalificação e realocação projeção detalhamento área 06 projeção visão modular detalhamento área 06 detalhe unidade habitacional detalhamento área 06 estudo volumétrico 193 módulo 3 Morro do S4 São Paulo, Brasil Planos Urbanísticos Urbanistic plans 195 grupo 1 Camila Romano / Sandro de Mauro / Lara Ferreira / Joan Font localização diagnóstico 196 diagnóstico diagnóstico 197 mobilidade habitação 198 corte do eixo transversal estratégia de intervenção urbana estratégia de intervenção urbana programa para o córrego programa para eixos transversais 199 grupo 2 Sylvia Facciolla / Cinzia Schiavon / Daniela Facchin / Carlos Antonio / Ágatha Morare/ Joana Penso mobilidade_ciclovias caminhos verdes_arborização 200 201 tratamento do córrego 202 esquemas 203 grupo 3 Caio Marçon/ Dhiego Torrano/ André Ribeiro/ José Ricardo Paoliello Jr./ Beatriz Polizelli / Clélio Leme / Lívia Silva localização estratégia análise 204 diagnóstico diagnóstico 205 intervenção percursos e conexões de pedestres 206 propósta 207 grupo 4 Lyzandra Machado/ Fabiana Kalaigian / Artur Mei / Juliana Drahomiro / Silvio Reichi / situação existente: levantamento favelas existente situação existente: levantamento áreas verdes 208 proposta implantação do trecho ampliado 209 corte aa existente corte aa proposto corte bb existente corte bb proposto proposta área de provisão 210 corte bb córrego corte bb alagamento a corte bb alagamento b corte ff existente corte ff proposto corte gg existente corte gg proposto corte hh existente corte hh proposto 211 grupo 5 Douglas Nascimento / Fernanda Sakano / Isabela Gardes / Mariana Ribeiro / Patrícia Fraga proposta 212 proposta- remoções 213 cortes proposta - jardim campo de fora / santo antônio 214 planta de bacias seção transversal vista parede do canal 215 grupo 6 German Biglia / Nathalie Artaxo/ Martin Benavidez 216 217 218 219 módulo 4 Morro do S4 - São Paulo, Brasil Desenvolvimento de anteprojeto específico no âmbito do Plano Urbanístico desenvolvido no módulo 3 Development of specific preliminary draft in the sphere of the Urbanistic Plan developed in module 3 221 grupo 1 Camila Romano / Sandro de Mauro / Lara Ferreira / Joan Font maNcha de remoção 222 construção pré-fabricada modular componentes pré-fabricados a serem usados nos módulos tipologias propostas 223 provisão de 235 unidades > 50% das unidades removidas 224 corte da via transversal fachada das unidades que faceiam o córrego 225 grupo 4 Lyzandra Machado/ Fabiana Kalaigian / Artur Mei / Juliana Drahomiro / Silvio Reichi / implantação 226 corte aa trecho ampliado corte bb trecho ampliado corte esquemático barragem tipo a vista a montante da barragem tipo a corte esquemático barragem tipo b vista a montante da barragem tipo b 227 perspectivas modelo - construção 228 modelo - construção construção 229 grupo 5 Douglas Nascimento / Fernanda Sakano / Isabela Gardes / Mariana Ribeiro / Patrícia Fraga localização 230 planta 1 pavimento planta 2 pavimento 231 planta 3 pavimento planta 4, 5, 6 e 7 pavimento 232 perspectiva 1 perspectiva 2 perspectiva 3 perspectiva 4 233 grupo 6 German Biglia / Nathalie Artaxo/ Martin Benavidez SITUAÇão 234 235 esquemas 236 perspectiva 1 perspectiva 2 perspectiva 3 perspectiva 4 perspectiva 5 perspectiva 6 237 239 Preface by the organizers This fifth volume of the annual publication Housing and the City, which is one result of the lato sensu graduate course with the same name, offered by the Escola da Cidade, School of Architecture and Urbanism in the city of São Paulo, is organized in three parts that complement one another. In the first part, there is a series of articles about Housing Policies, some in a panoramic way and others focusing on a period, program, or resulting urban space. We understand that the continuous and careful observation of the actions carried out about Housing in the country is fundamental, since the contexts allow for a more precise understanding of the past relationships and circumstances that have a lot to teach us, something said with great property by architect Ana Paula Koury in her text presented here. In this sense, Brazilian experiences are observed by architect Eulalia Negrelos, by economist Ana Cláudia Rossbach, by architects Paulo Bruna, Nilce Aravecchia and the already mentioned Ana Paula Koury, making us have a more precise and knowledgeable eye and that we understand the city that results from the actions that were performed. Architect Gustavo Rebord clarifies to us the Argentine experience regarding Housing Policies in that country, something that allows a comparative visualization in what refers to the Brazilian case and brings us closes and allows us to join efforts towards achieving a full and sustainable Habitat in our American cities and in the World. The second part of the publication brings some discussions about the urban design and, thus, the design of our urban Habitat, which we desire that should facilitate, and even stimulate, a pleasant life, in harmony with the natural cycles and achieved through an orchestration of the agents involved in its production. The form of this habitat and how to make it viable is the theme of investigation of the tender Urban Essays, organized the by Municipal Department of Urban Development (SMDU) of the Municipality of São Paulo – some awarded projects that have professors from the Escola da Cidade in their teams are reproduced here, preceded by a text from architect Daniel Montandon, responsible for the tender and also professor of the Escola da Cidade, in which he presents and comments the initiative and his new modeling of the tender, which had the participation of the São Paulo IAB. Architect Valter Fabietti, frequent collaborator of the course Housing and the City, comments, in the sequence, the search of the good urban form that serves as background for actions such as the tender Urban Essays and for projects in precarious districts, central issue among us and the them for the third part of this publication. Before this final part, some projects made in the first module of the course, in its 2013 edition, are presented, and in those forms of inserting Housing together with other uses in an existing urban context, but 240 in forms of rapid transformation, are attempted. Also there we have a reflection about the form of the city and, fundamentally, about the design that articulates private spaces with public ones – ultimately, the basic theme of the tender Urban Essays, which brought results pointing towards the equation in the sense of guaranteeing life public spaces and, then, safe and seducing. The already announced third and last part of the publication brings projects made by the students of the course in 2013 for precarious areas of Cordoba, in Argentina, and of São Paulo – in the case of São Paulo, it was dedicated to some communities in the Perimeter for Integrated Action (PAI), called S4 Hill, in the South zone of the city, where two areas of Cordoba were the theme of studies: one of them very close to the traditions downtown area, a stronghold of resistance of the housing movements (La Maternidad) and another one represents the recent turn towards urban precariousness experienced in Argentina, occupation between ways of mobility in a regional scale, with consequent problems of access and other, such as flooding due to the blocking of drainage by earthworks for large size infrastructure, besides health problems and problems of stability of the constructions made there (Los Artesanos). We believe that this new volume of the series Civilização América will contribute for the discussion about the question of Housing among us, which we want it to be generous and that make us advance towards an egalitarian condition and that promote growing awareness of our possibilities. Before the three parts of this publication, we have a text written from classes given in the course in 2013, which seeks what would have been the rationale of that edition, composing some sort of a balance that has become constant and that, given the possibility of helping future reflections, we dare to share with readers interested in the discussion that we had. Housing and the City – some considerations Luis Octavio de Faria e Silva The course “Housing and the City” gives classes and makes propositional investigations that, in each edition, make people think about the matters that form its title. This text seeks the reasoning promoted in 2013 – it is, then, an effort to find the core of what it was about. It is hope that it may contribute, together with the article that follow it in this publication, clarifying the possible ways to progress in achieving conditions of dignified and full housing to all our fellow inhabitants. The space to live – the dwelling or housing – reflects the dynamics of actions, movements, and principles of those who inhabit them. Thus, social and technological transformations cause differences in the way of living and, consequently, in the dwelling space. The dwelling, or housing, is not restricted to the shelter against the weather since living presupposes a broader scale, with connections and aggregating spaces of common property, collective and public ones, which allow fully inhabiting. The contemporary housing, due to the fact that most people in the planet have today a way of life resulting from inhabiting metropolitan areas, is influenced by the coexistence of several means of communication and means to obtain information, pieces of equipment that make activities faster, besides reflecting new forms of domestic groups. Typologies of the distribution of the spaces and of the furniture tend to be more flexible and multifunctional in the contemporary housing. The question of storage, for example, appears in a different way than it was in the past. The design of the housing space in all its scales – which includes the design of the district and of the city – is the theme of intensive investigation, especially since the beginning of the 20th century, even if ordered actions to produce it from preset principles can be identified since the ancient times, which already indicated conviction and accumulated experiences. The selection of materials and techniques aiming to produce the housing is, indeed, something that gets mixed with the appearance of humanity. In view of the contemporary condition, counting with the whole set of accumulated experiences, which design should be defended to the housing, to the city? In a condition as the Brazilian one, how to get prepared for the ongoing urbanization and to the one that seems to be coming? Diversity and participative project seem to be current nonnegotiable prerogatives – we are diverse and it is necessary to ask what the people want. In this sense, how to deal with the legacy we have in the resulting realizations and discussions as for the form of the city, districts, and of the housing? Weissenhof, modern housing district from the beginning of the 20th century, related to the investigations of the Deutsche Werkbund, was a systematization of housing possibilities confronted to the way of living then. There we have the juxtaposition of the desire for greater density in the sense of optimizing the perceptible infrastructure in the proposal of na apartment building, rows of semi-detached houses that seem to guarantee a certain sense of community and single-family houses associated to the idea of the garden city. The new districts of the city of Frankfurt under the command of Ernst May1 take ahead proposals of this new way of living – projected with scientific criteria, but favoring a relatively low density, somehow echoing the Howard`s view of the garden city, where the urban design produces segregated spaces, separated so as to guarantee familiarity to the inhabitants and a certain fear for visitors and intruders. In Germany those districts, called siedlungen, are not so explicit in the segmentation of the space, but are distant from the perspective of the superblocks of free access defended as assumptions by architects followers of the CIAM of the years between the wars, who advocated the open city, with quality housing produced in large scale by the State. Sometimes somewhat agricultural suburbs like the siedlungen, which had reflexes in the production of the IAPs in Brazil, sometimes garden districts with profusion of dead-end streets and single-family residences, sometimes monumental complexes such as the hoffes from Vienna, which represented and celebrated the collective life, sometimes the superblock which dissipated the cutting of the soil by markings, indicating to a collective property of the urban soil, a model widely advocated in Brazil where the modern movement in the architecture, on the other hand, did not have the cohesion affirmed by some historians, such models alternated and mixed in the design of the city, which is formed by movements and pauses, initially congested by the industrial production and then by the urban expansion. The social housing, previously housing for blue collar workers, popular or economic housing, a programmatic item in the struggle of the workers, especially since the 20th century, as first treated exclusively (and frequently in a prejudiced way) as a matter o health, becomes gradually a priority in the construction of the city, where the design of new complexes that are increasingly comprised as part of it take hold of those models of urban design, resulting in since a Westhausen Siedlung in Frankfurt up to a Kiefhoek in Rotterdam (projected by architect Oud2), paradigmatic complexes in the study of the housing production by the Public Power. Since then there is the issue of obtaining land for the production of social housing – the lack of access to the urban soil by the poor associated to the search for areas where to produce housing moved the Housing Policies that assumed, then, the institution of land banks, something practiced in Frankfurt under May and by the COHABs in Brazil in the last decades. In the German city a significant percentage of land in urban soil is acquired, whereas in the Brazilian case quite frequently cheap land far from the infrastructure networks is acquired. The housing design and the city design are, ultimately, only one, as they are united if seen from 241 their specificities. The city, as recalls architect Jaime Leirner3, is a skeleton of life, movement and work, and needs action from a compassionate and strategic view, understanding planning as a process and having a commitment with simplicity and imperfection. In this sense, when we look at the Latin-American cities, we realize simultaneousness and parallelisms that may clarify us on the path to follow. In Latin America at the turning of the twentieth century, countries that exported agricultural products see appear plans of industrialization that are implemented in the dissolving patriarchal societies. Reflexes of the later 1929 crisis, dozens of revolutions have transformed the region, which also receives a new flow of immigration from Europe that had become frail because of the World Wars. In the 1930’s and 1940’s, when the North of Latin America had greater links with the US and the South had greater links with Europe, ideas about American and European cities are applied in the reflections and plans about Latin American cities. In the so-called reformism of those decades there is the birth of the idea of the Latin America city as something backward and in which large housing complexes are installed as propaganda of a supposed progress and celebration of a systematization of modernist principles in architecture. Due to the ambiguity in the defended idea of progress and of the perceived losses in the passage for the modern condition, movements of reaction against the dissolving effects of Modernity will appear in the region, mainly from the 1960’s, in which self-construction will be defended as less conflictive than the large complexes in the transformation of the Latin American cities. There is a remarkable difference in the rhythm of transformation in the counties: in Mexico, Argentina, Brazil and Venezuela there is stronger investment in such large housing complexes, whereas in Colombia, at first, Policies that favor mutual actions and self-construction appear. Outside those actions, however, those who make the Latin-American city are, indeed, the poor, on their own private initiative. In the 1960’s from one side we have the defense of the return of the notion of community and, from the other, the so-called developmentalism, in which, for example, in Brazil Housing is thought as an industry focused on its production, something that is perceived when we see what is financed by the BNH (Housing National Bank), a result of the distension that happened in the Brazilian military coup of 1964. In this same decade, in Lima, where studies about the barriadas have been made for a while, the important project PREVI4 appears, seeking new principles for the design of the housing, focused on the recovery of the notion of community as something lost in the transition of the traditional condition to the modern culture, which made more evident a cultural clash in the barriadas from Lima or in the slums of Rio de Janeiro and, even if more subtle, also visible in the villas miseria from Buenos Aires. 242 Slums multiplied in Brazil in the 1970’s.The 1980’s and 1990’s saw the spread of neoliberal policies with the privatization of the public services and state-promoted Housing seemed to disappear from the debate. The absence of Housing Policies of a broad scale and precarious urbanization were added and the Housing problem is increasingly more associated to the action in the slums that house a significant contingent of inhabitants of the Brazilian city, as well as of cities of the other Latin-American countries. Projects for the slums are carried out in São Paulo in the 1980’s and 1990’s, aiming to a partial and gradual urbanization, and it has to be noticed that up until then action aimed only at eradicating. Since the 2000’s the objective for the precarious districts is their full urbanization and integration with the close surrounding and with the city as a whole. Rio de Janeiro saw pioneer actions aimed to integrate the slums into the city. We register more progress there in such effort, in view of the fact that sometimes there seems to be an opposition between the city and the slum. In the dispute for the territory, the slum and the city persist, and are even seen by many as district rationales. Recently, however, in addition to Rio de Janeiro and São Paulo, inclusive planning has been practiced as integrated plans with insertion of Housing also in Curitiba and Belo Horizonte. In Brazil, with torn cities, where disconnected transforming actions follow themselves, frequently linked to the financing system, the slums continue being stigmatized as invasive. There is an urban-environmental conflict in the Brazilian city which is made explicit in the slums and continues pretty much due to the lack of clarity in the legislation, making one think in the necessary adjustment between social development and preservation of the quality of the environment. It is impossible treating the megacities we face, where new precarious districts appear, without thinking about them by fragments, even if from a general reasoning. In this sense, transforming actions for the precarious districts must seek new situations, without giving up the dreams, but paying attention to where their centers of community life are to value them, establishing open spaces, reinforcing existing or unusual accesses, introducing vegetation in all levels to make possible for a dignified life. In the propositions for those districts and for the city in general there is the possibility of new paradigms regarding the experiences, for example, Weissenhof’s or PREVI’s. It is possible to think about the production of public spaces that permit ludical appropriation, with specially developed signaling, creative and updated strategies to deal with the solid waste, among other renovating actions. In the contemporary world we see different ways of working as for the precarious districts. In some countries such as Peru and Bolivia there is a trend of solely regularizing them – and in Brazil there are also instruments in this sense, still with a horizon that is the regularization walking side by side with the reallocation and the construction of new units. The reallocation as a priority has been a common practice in China, and in a lesser scale in Angola, which follows in in the Chinese steps, but also in India – there is also a strong guidance from the Brazilian Minister of the Cities to privilege this practice to deal with precarious districts. Financing policies of own home acquisition produced through real estate market are strong trends in Chile, Mexico, South African, and Brazil, with the PMCMV. The desired, yet difficult, Integrated Planning advocated by the City Statute, which was copied by India, is still an exception. There are also bottom-up models, with programs based on joint work, in The Philippines and in Thailand. Thus, we see that on one hand the choice of large complexes and on the other hand self-help are still the paths that persist. The PMCMV Entidades (My House, My Life Program – Entities), for example, is born from the movements from the period of Mayor Luiza Erundina’s administration in São Paulo, which at first adopted self-construction as current practice. The Uruguayan model that supported the cooperatives continues with assumptions based on those practices of joint work, something that was abandoned in Brazil, even if the idea of self-management and community organization remains as something as important as the project. Despite the unquestionable achievements of the PMCMV as for the installation of new units with infrastructure networks and even in a certain way the distribution of favors it represents, we have not had as its effect a broader urban inclusion and what we often see is the repetition of old models of expansion of the cities in distant little adequate areas, with projects that do not really create a urban dynamic, pretty much due to the emphasis in the action of the building constructors/developers and not of the entities, or even resulting from the inexistence of other lines in the same financing program. Somehow, Chile promoted new complexes without the necessary urban quality this way, having ended up with its precarious districts, it can be said. The recent social housing in Argentina has been treated as part of a state machine of assistencialism, without criticism or debate about the resulting city, and the results have also shown little urban quality5. Is it not possible to have the prevalence of another urbanistic view, with aggregating spaces – agoras – centers of activities of greater density, with minimized infrastructure networks, with the use of rain waters, reuse, solar energy, reduction of impermeable surfaces, connected areas of vegetation, streets conceived as urban inducers, pacified as cities need access to people and not to vehicles, with simple, clear, not pollutant public transportation? What can we learn from the recent design experiences of updated urban design as those we see in Amsterdam – Almere, Java Islands, Borneo and KMSM, an investigation of great diversity of typologies of Silodam projected by the MVRDV or the contemporary projects in China such as Jiading New Town? The Public Housing Policies in Brazil should be based on social indicators and according to desired situations for the improvement of the housing con- ditions. In this sense, lack of ownership safety, inadequate access to safe water, sanitation, and other infrastructure networks, low structural quality of the edifications, congestion as for the family density should be watched. To face those indicators, theme of the Policies, will it be possible to have a Housing Plan in the scale of the country or will it be that Housing Plans should be thought in the scale of the cities or of the States? After decades without a Housing Program of broader scale, the PMCMV6 started in Brazil, which would run over the search for a National Housing Plan. The understanding of that plan that is in effect today and of the necessary adjustment so that Housing is produced in its full sense is our current task in Brazil so that we are not soon faced with a passive in the form of housing complexes and unsustainable cities, a real case of causing more harm than good. (Endnotes) 1 Ernst May (1886-1970), German architect, held a public position in Frankfurt am Main between 1925 and 1930, when he made the regulating plan of the city and several projects for residential districts such as Westhausen, Romerstadt, Praunheim and Hobenblick. 2 Jacobus Johannes Pieter Oud (1890-1963), Dutch architect who became known for the modernist experimentation in the collective and social housing project – he participated of the Weissenhof and developed the project of Kiefhoek Housing Development in Rotterdam (1928-1930) 3 Ideas presented by architect Jaime Leirner in a class given in the course Housing and the City of the Escola da Cidade on June 4, 2013. Available at: http://escoladacidade.org/bau/jaime-lerner-interface-tecnica-politica-no-planejamento-das-cidades/ 4 PREVI “Proyecto Experimental de Vivienda”, AD Architectural Design 4 (1970), experimental housing project carried out in Lima between 1966 and 1968. There was a tender from which several prominent architects participated, among which some linked to the so-called Team X, which defended a large revision of paradigms in view of the urbanism resulting from the Letter of Athens. 5 Information presented by architect Gustavo Rebord in classes given in the course Housing and the City at the Escola da Cidade. Available at: http://escoladacidade.org/bau/gustavo-rebord-politica-habitacional-america-latina/ 6 To understand the PMCMV Program see: law 11977 – 2009, law 12424 – 2011, decree 7499 – 2011, besides the ordinances 168 – 2013 and 518 – 2013. In this financing program there is a line that contemplates entities and another one that is guided for the production of units by the real estate market. Rules such as maximum are of the unit, necessary full accessibility, maximum costs to be practiced, dimensioning of the condominiums, questions referring to collective spaces, pieces of equipment and something of infrastructure are found in the aforementioned material. 243 “Housing and the City”, 5th volume, Escola da Cidade, São Paulo Recent Housing Policies in Brazil1 Eulalia Portela Negrelos This article results from a lecture whose content refers to a long process of work of personal research and is based on several own sources and sources from colleagues who, such as Nabil Bonduki, have been researching about housing in Brazil. Several of the ideas developed here have the support of the bibliographic references indicated at the end. To increment the transcription for the format of an article I took the liberty of developing some ideas of references that add to those already indicated in the lecture. Those articles I produced are the result of ongoing research at the IAU-USP, where I work as a professor and researcher. I thank the Escola da Cidade for the opportunity of offering these reflections for the academic debate. Periodization of the Housing Policy in Brazil The reflection about the recent housing policies in Brazil, due to the method of historical approach, requires the recovery of the progress of such policies, which have not always been public as we will see in the sequence, and that, during the 20th century, have bee linked to political systems and regimes, very different economic assumptions and, basically, to the specificities of the intense Brazilian urbanization. It is fundamental to broaden the understanding of the public intervention – by the State – on the housing problem, mainly to the lower classes of the population, in the light of the intense urbanization, mainly starting in the 1970’s, as indicated in the following chart. I – Production by the market (1889-1930) – Agricultural-exporting economy – The State does not intervene in the social problem With intense public actions linked to hygienism, the State regulates the private housing production, aiming at the sanitary control, despite the inexistence of the state production of housing, and the prevalence of private exploration for rent. Rents are regulated by the market, whether in workers’ villages (closed workers’ villages) produced by industries and some mutual societies of workers or in tenements (called cortiços in Brazil). II - Origins of social Housing (1930-1964) – Developmentism and intervention of the State to “protect the worker” From the work of Bonduki (1998) we understand that with President Getúlio Vargas (19301945) we had the origin of the intervention of the State in the area of popular housing, directly intervening on the rent system of offer of popular housing which led to implementation of the Tenancy Law in 1942, which froze rents. The state housing production happened funda1 Lecture given in the lato sensu graduate course Housing and the City, Escola da Cidade, June 13, 2013. 244 mentally through Retirement and Pension Institutes (IAP) and the Popular House Foundation (FCP), created only in 1946, with projects marked by the adoption of the principles of the Modern Movement. The housing production was limited to the self-managed corporations of unionized workers and strongly controlled by the State, which led to an “exclusion” of demand. With the beginning of the intensification of the urbanization in Brazil there was the growth of the “informal” city in peripheral lots (whose sale in installments was facilitated), slums, mocambos (small villages), alagados (settlements in swamps), irregular and clandestine occupations. The housing policy through the IAP had the following components: 1. Large quantity of funds – funds from the IAP collected from the workers’ salary as social security contribution. 2. Forecast of a unifying entity of the IAP and their funds: ISSB – Brazil’s Institute of Social Services, representing a redistributive policy (anticipating the INPS of 1964). 3. Universal social security. 4. Assistance services (overcoming union corporatism). 5. Creation of a powerful housing agency – FCP – representing the institutional nature of the policy. 6. Technical training – high quality of the projects. 7. Public recognition of the importance of the problem (situation of housing crisis + social pressure that sped the production of the period between 1945 and 1954). 8. Political will of the government. The institutes were created per professional category (between 1933-38 there were 6: maritime, banking, commerce, industry, drivers, oil workers, dockers) – almost all from modern brands. All of them were linked to the MTIC – Ministry of Labor, Industry and Commerce, which managed and financed the system, a capitalization one. The funds that were obtained could be invested to guarantee an increase of the funds, which allowed the prioritization of investments in strategic projects (National Steelworks Company, National Factory of Engines, and the construction of Brasília, among other). Such action can be evaluated as perverse, for those were workers’ funds, never in default, financing sate and private projects, aimed at the economic development. Between 1937 and 1964 the institutes produced 142,127 housing units (BONDUKI, 1998, p. 128), from which 124,025 housing units were produced between 1946 and 1964 (BONDUKI, 1998, p. 115). The FCP was created in 1946 by President Eurico Gaspar Dutra, from a project by former President Vargas, and it operated until 1964. In its bill we see: management centralization (amended); permanent sources of funds; articulation between housing production and urban development; creation of compulsory loan for 30 years, guaranteeing inexpensive and continuous funding (amended). The non-centralization of the management, in a populist way, resulted in the creation of several state entities (BONDUKI, 1998, p. 122). Its production was 143 complexes with 16,964 housing units. The importance of that steady work through the institutes influenced the formulation of the guidelines of the housing policy, stimulated by the National Housing Bank (BNH), created in 1964, after the military coup. III - SFH/BNH and the consolitdation of a housing policy (1964-1986) In the military period there is an expansion of the cities with the equation of public land, public funds, mass housing and peripheral urbanization, through the Housing Financing System (SFH), of the BNH, and of the Housing Companies (COHAB). (NEGRELOS e FERRARI, 2013) With the extinction of the FCP and of the IAP we have the beginning of a period marked by a technically-oriented conception to face the social problems of which housing was a special element. There is the creation of a strong institutional structure, based on the financial component of the actions, which is centralized in the BNH, which would manage both systems that worked in integration, the SFH and the Sanitation Financing System (SFS), which worked in the urban development. Housing is the orientation of the urban policy of the regime, spreading the concept of the own house to the detriment of renting or any other type of guarantee of access to housing, aiming to legitimize the new order with the population precariously inhabited slums, tenements, and rented houses. Funds for the system were obtained from the Government Severance Indemnity Fund for Employees (FGTS), created in 1966 as a compulsory savings fund. The BNH had the attributions of guidance, discipline and control of the actions for the promotion of housing. To apply the instruments of direct operation of the actions a network of operating agents and promoters was structure in 1967, the COHAB, of regional coverage, with production through public tenders of the whole package and project and woks. The necessary rationality to the construction companies and the governmental demand to produce the biggest number of housing units possible were articulate in the formation of “land banks”, mainly large plots, often still rural ones, in the peripheral areas of the big cities, for the production of housing megacomplexes (so-called “Cohabs”), built using the “standard projects” in a system of earthworks plus minimum unit, adjusting the undertaking in the system of biggest financial returns (Figures 8 and 9) (NEGRELOS, 2012). The new housing policy, with a financial component, had excluding results (despite its manifest intention of including as many workers as possible in their own housing units in new districts with infrastructure and urban equipment) (Figures 10 and 11) since it was centralized, with extremely unfavorable financial conditions for the borrowers, mainly after 1973, when the country enters in the crisis of the “Brazilian miracle”, in a situation of growing inflation and monetary adjustment, freezing of salaries and absence of subsides. From 1964 to 1986 nearly 4.3 million new units were financed, from which 2.4 million with funds from the FGTS to the popular maker, and 1.9 million with funds from the SBPE (Brazilian Savings and Loan System) to the middle class (BONDUKI, 2007). In the beginning of the 1980s the slums are consolidated, and they are constantly becoming denser, the tenement residences have expanded from the central area to peripheral lots and there are less land possibilities for the scheme of peripheral lot plus self-construction plus own house, as the peripheral model of urban growth and the housing solution inherent to it consumed all its expansion possibilities, in the scale it was being produced, specially in the city of São Paulo (BONDUKI, 1992), but also in other municipalities in the São Paulo Metropolitan Area (RMSP). IV – Democratic transition – Critical contextualism; Re-democratization and destructuring of the national housing policy. Alternative experiencies of projects and popular participation (1980-2000) The BNH/COHAB system is changed in 1986, when the attributions of the Bank are transferred t the CEF (National Savings Bank). At that moment, housing movement and their technical advisors consolidate their criticisms to the mass peripheral housing complexes produced in the previous period, intensifying the defense of theories criticizing the Modern Movement and prosing what is known as the “return to the city” (GORELIK, 1996). In the situation of rupture with the modern project and of experimentation of new types of housing production, the idea of the “mutirão” (joint effort) is recovered from the rural world, in a way to valorize community life to reach greater identity with the housing space and with the community involved, to the contrary of what was criticized in the mass complexes. The mobilization of the social movements was also intense in the National Movement of Urban Reform (MNRU) in the 1980s, with the popular constitutional amendment that creates the Chapter of Urban Policy, articles 182 and 183 of the Federal Constitution of 1988, in a situation of low level of federal investments in housing and sanitation. The new complexes and integrated interventions in slums or new areas, officially carried out with the participation of community associations and with technical advisors since the 1980s until today, justify the construction of the relationship of the inhabitant with the elaboration of his new space in an architectural and urbanistic production related with several ideals, from the most traditional ones, such as the semi-detached house on the street, to the block openly placed in the settlement, passing by the closed block formed by the building which is totally turned towards itself. The housing production of the City Administration of São Paulo, between 1989 and 1992, defended the right of the collective popular groups to architecture and a global treatment of their districts according to their material, political, and socio-cultur- 245 al needs, making possible the design of a wide range of urbanistic and architectural alternatives directly discussed with the users, from several reading from the modern project to the “new urbanism” (LAMAS, 1993), exploring possibilities of new urban forms (NEGRELOS, 1998). During this administration, the Popular Housing Superintendence (Popular-HABI) was valued, with an innovative housing policy and increase of budgetary funds, having as guiding principles the right to the architecture and to the city, developing programs operated in co-administration of funds with community association, stimulating the regularization of the ownership of land. V – New federal policies in the 2000s – Ministry of the Cities – PAR – Program of Residential Renting and PMCMV – My House, My Life Program. The work of the Federal Government in the area of housing in the 1990s was very limited, mainly due to the progress of the neoliberalism, expressed by the privatization of the public services. With a weak, disarticulated and unstable institutional structure, besides stringent criteria to grant financing, the exclusion of the low incomes and the lack of financing of the public sector that affects the areas of sanitation and urbanization of precarious settlements, the State sees the growth of the housing needs with the worsening of the inequality and of the urban violence, while the SBPE does not invest in housing for the middle and lower classes. After 13 years of the approval of the Federal Constitution in 1988, intense negotiations were carried out in the National Congress for the approval of the regularization of the chapter of Urban Policy in July of 2001, Federal Law number 10257 and Provisional Measure number 2220 about the regularization of settlements in public areas. In 2000 the MNRU had already reached the inclusion of the right to housing as a constitutional precept. The City Statue (EC) regulates several tools to make the social function of the private and city property a reality, in the sense of guaranteeing the right to housing and regulating land occupations. Additionally, it makes the formulation and approval of Participative Master Plans (PDP) mandatory, with a series of criteria (municipalities with more than 20,000 inhabitants, for example). For the presidential campaign of 2002, the Workers’ Party (PT) elaborated the “Housing Project”, agreed upon with several sectors of society that worked in the housing area, which was the base of President Lula’s program for housing and urban policy. The project structures a complex strategy to equate the housing deficit, proposing a new national policy and not only a government plan, articulating the three levels of government, social movements, business community, entities from society, and other segments linked to housing, to face the challenges of the sector. The 1990s and 2000s will be marked in the urban-housing field by the implementation of the Urban Operations in Consortium (OUC), with articulation between the Public Power and the mar- 246 ket, developing the so-called Large Urban Projects (GPU). Such projects are understood as devices capable of articulating three major objectives in the city and in the metropolitan area: 1. Reconfiguring the metropolitan space as an area of investments linked to the metropolitan territorial transformation; 2. Providing a new set of values to the central area of the city to overcome the problem of the area that was considered “abandoned” and “marginal”, thus incompatible with the reconfiguration of the metropolis as a place for the attraction of investments; 3. Reconstituting the territory of the urban peripheral zone, which still offers land for conversion, as well as of activities considered “obsolete” that can be replaced by new uses and activities and whose housing area can still be remodeled, whether by renovation or by the introduction of new housing interventions together with productive companies. (NEGRELOS, 2005). In the productive restructuring that happens in Brazil mainly from the end of the 1980’s we see not only the industry, commerce, and services, but also the way of production of the city, which increasingly expands horizontally, with housing expansion in peripheral horizontal condominiums. That production of the city is called “fragmented and disperse” by Reis F.º and Tanaka (2007). Then, it is in the pattern of fragmented and disperse city that, in the end of the 1990s, that the new federal housing programs are formulated, such as the Housing Residential Program (PAR-CEF), of 1999. Its production is contextualized, but now by the private initiative of civil construction that projects vertical or horizontal condominiums, in the pattern of condominium-form, that is, new small-sized complexes segregated by walls. From the urban perspective, and according to partial research results (NEGRELOS, 2012), most of those complexes are located in the peripheral areas of middle-sized cities and, in the city of São Paulo, their location is different due to the specificity of the real estate market: absence of large peripheral areas, reconstruction in central areas previously used by industries, among other characteristics. From the real estate perspective, and the perspective of proposition of new housing undertaking for the classes with smaller buying power, a lot remains the same. A model resists, given the maintenance of the swinging relationship of the price of peripheral land versus the price of the central one, as some undertakings of the effective federal program make us think, such as in the city of São Carlos/SP, which are implemented in private areas (Figures 20 and 21). In February of 2009, the Ministry of the City received the final version of the National Housing Plan (PLANHAB), elaborated in a participative way since the first administration of President Lula, with the following strategic axes: a) Financing and subside model; b) Urban and land policy; c) Institutional design; d) Productive chain of the civil construction. (BONDUKI, 2009) The PLANHAB details the new National Housing Policy of that period, with the following principles: Dignified housing as a right and social inclusion vector, guaranteeing minimum standards of quality, basic infrastructure, public transportation and social services. Social function of urban property aiming to implement instruments of urban reform to fight the speculative retention of land and to guarantee access to urbanized land. Housing problem as a State policy – the public power is a fundamental agent in the urban regulation and in the real estate market, in housing provision and in the regulation of the precarious settlements. Democratic management with popular participations, social control, and transparency of the decisions and procedures. Subordination of the housing actions to the urban policy. The PLANHAB as an instrument of housing planning and founded on the national policy is not implemented, however, due to the launch of the My House, My Life Program (PMCMV), in March of 2009, initially foreseeing one million housing units until 2010. With national coverage and funds from the Social Development Fund (FDS), the program’s production resumes the production of mass, peripheral, high-density housing, in the single-family housing typology, as it can be seen in Figures 22 and 23, in the city of São Carlos. and potentiating the available infrastructure, reorganizing spaces considered as marginal ones with the recognition of the housing right to the inhabitants of the slums; and when it is not possible to build in the consolidated area, growth is guided towards more peripheral areas with a high level of housing, construction, and collective life. The “new urban economy”, marked by the process of technical-productive restructuring since the end of the 1980s in Brazil, demands and causes transformations in the space (of both the rich and the poor). We sought to contribute for the understanding of this process of production of new urban forms: the components that have been modified, the typologies of the new housing configurations, the new morphologic characteristics of the social housing, by the State, with the articulation of private agents, and what has changed in its relationship with the city. VI – The recent trajectory of social housing in the city of São Paulo since 2001 – The consolidated practice of the remodiling of slums. New housing projects in slums in the city of São Paulo, specially starting in the 2001-2004 administration, have received institutional and budgetary incentives, obtained from the Federal Government, producing projects for the remodeling of popular districts, with proposals formulated and, often, finalized and expanded in the two following administrations – 2005 to 2012. Those are projects for a new intervention in slums, mixing new buildings for resettlement and the recovery of residences in good state of preservation. In 2006, after the national normative about the recovery of environmentally degraded areas occupied by precarious settlements (CONAMA Resolution 369), it was possible to intervene more intensely in the environmental recovery of informal settlements with effective possibility of keeping the population that was not in a situation of risk of death or of material loss. Those new projects resume modern parameters for the buildings, now in the city without attributes of modernity, in an almost symbolical trend for the project resumption of the modern ideal, which, for social housing, is practically extinct in the 1970s. (NEGRELOS, 2010) The scale and the dimensions of the modern housing complexes, like those from the IAP and those of the 1989-1992 administration, are, somehow, resumed (Figures 24 to 27; 28 and 29). The new complexes actuate in “weaving the city”, filling voids 247 The housing public policies in Argentina since the beginning of the 20th century until the present times Germán Gustavo Rebord Introduction In this work we make a historical review since the beginning of last century until the current times, recovering the modes and responses that have been given from the State, to the housing problem in Argentina. We start from the concept that the public policies are the result of a social, economic and political process, in which the State takes a position in front of a certain theme. For such, in the governmental apparatus mechanisms that would make possible and hinder the necessary actions would be used, according to internal and external interests and influences. In FACE of that, Miriam Rodulfo (2003) manifests that “The structure of political, technical and bureaucratic nature is not aseptic and works conditioning the nature of the public decisions. The public power has no political or bureaucratic power separated or isolated from the economic or social issues that affect individuals and groups. On the contrary, the exercise of this power is permeable to the existing complex processes, relations and struggles between the public and private interests, which are expressed through the actors that hold the capacity to make decisions and taint the contents, instruments, and priorities of the public policies”. Bearing in mind the preceding concept, the responses provided by the State in each historical moment are presented, considering the contextual tissue, the way of understanding the problem by society, the predominant actors. At the same time, each of those policies is qualified in a thought paradigm, corresponding to its action logic. For practical reasons, the different policies and their period of greater application – which do no have a definite date of start or end - are placed chronologically. They appear, then are modified or remain over time, according to the political framework and the alignments that are enunciated by the existing thought paradigms. It is necessary to clarify that the housing programs and projects, product of a certain moment, coexist with the new responses to the problem, overlapping actions and perspectives. First Cycle Since 1850 the big cities of Argentina have received an enormous contingent of population as a result of two phenomena: internal migration of the rural population and the European immigration. Faced with those massive demographic movements, the conventillos (common rental houses) are the first response to the housing deficiency. One family inhabited each bedroom, and they shared sanitation and kitchen services. The first intervention of the Stat to the housing issue was established the regulation of the price of the rents, changing the attitude of the liberal government, which considered the need for housing and individual problem, depending on offer and demand. In October of 1915 Law 9677 created the Comisión Nacional de Casas Baratas (National 248 Commission of Inexpensive Houses), with the mission of giving guidance to the them o housing, applying exemptions and performing experimental constructions, as examples, which would be models to be copied by the private initiative. Raúl Fernandez Wagner (2007) says that “at the same time some funds would also be organized – in philanthropic societies – to promote the construction of “workers’ housing”, also called “model housing” or “hygienic housing”1. Those actions had little quantitative impact. Faced with the lack of housing, the families started settling in peripheral areas of low environmental quality, self-producing their habitat informally. Starting in the middle of the 1940’s, with the arrival of the Justicialista Party to power, a development model based on the replacement of imports is stimulated, with a planning and intervening State. Some actions worth mentioning that were carried out by this government are the mass housing construction, the generation of a new bureaucratic and administrative apparatus, and the enactment of a series of laws regulating the housing market, such as: -Law 13512, of horizontal property -Law 14005, of sale of lots in installments -Law 2962, which modifies the charter of the Banco Hipotecario Nacional (National Mortgage Bank) This set of direct and indirect actions provided housing to the middle and low classes, making the right to have access to the city and to all its services a reality to workers, who started having social rights. Second Cycle The historical context of this cycle has as its development model the industrialization for the replacement of imports, based on the stimulation of the heavy industry. This brought together an accelerated urbanization process, with intensification of the rural-urban migration. Rodulfo (2003) refers to this situation in the following way: “The housing situation was dominated by a development model characterized by causing strong migrating movements, attracted by the growth and diversification of the urban activities that transformed the cities, up to concentrating 87 % of the national population, in a process in which large sectors of the national population ended up being excluded”. As a consequence of this, the cities are flooded with new urban inhabitants, who must solve their housing problem by themselves, as the formal economy does not get to incorporate them. This way, the quantity of families in informal settlements grows quantitatively, and the same happens with the number of slums. The attitude of the democratic governments is irregular, as at moments it supports them providing them with services and at others organizes massive expropriations in the settlements. Since 1966 the government really starts a program of slum eradication under the idea of implementing the community development, but controlled by the State. Transition housing was created for this eradication policy, where the families were lodged while the final housing was built, something 1 Quotes by the author. that did not occur. In the end of this period it can be seen, in the words of Oscar Yujnovsky (1984), that “The failure of the projects finds, no doubt, its utmost cause in the structural impossibility of solving the problem of the deficient housing situation of the sectors with fewer resources without a policy that meets the transformation of the Argentine society”. As for the housing policy for the middle- and the lower-middle-classes universal housing programs are carried out, called llave en mano (key in hands), centralized in the national entity. Due to that, the specificities of the users are not taken into account, neither are them given participation in any stage of the process. On their turn, modification in the housing financing system are produced, in two ways: on one hand, changing the origin of the funds and taking credits from international banks; on the other hand, by adapting the administrative apparatus of the State to those new financing forms. Third Cycle The 1970’s and 1980’s are a complicated historical moment, both nationally and internationally. In the economy there is the predominance of a context of inflation and recession, with large dissatisfaction of the unions and of the workers’ movements. In the end of the 1970’s a change of model in the hands of the military governments starts, taking liberal-oriented measures. But, in view of their incapacity to meet the demand with the policies they were implementing, the housing problem worsens. This led to the simultaneous development of two opposing strategic lines. On one side, the Fondo Nacional de la Vivienda (FONAVI – National Housing Fund) is created in 1972, which obtains funds applying a tax on the salary, which would finally be paid by employers; its existence continued for more than 30 years. The planning and execution of this policy was kept in the national sphere, until in 1976 there was the incorporation of execution entities at province level. Then, in 1983, it was decentralized in the Institutos Provinciales de Vivienda – IPV (Province Housing Institutes). On the other side, an innovative strategy appears, based on new ideas carried out internationally. It is worth mentioning John Turner (1977), who changes the perspective of the housing problem, saying that it should be understood as a social process, and not only as a product. On his turn, Ernst Schumacher (1978) generated a line of work favoring the invention of new technologies for housing, which he called appropriate technologies. The holding of the First Summit of the United Nations about the Human Settlements, Habitat I (1976), was based on those points of view, recommending governments to implement them and support them with the public policies. Those advancements, which were translated into more priority given to informal settlements, originated the policies that were called alternative ones, in which the population started taking part in the decision and management of the construction of their habitat. The alternative policies are centered in solving and optimizing the habitat built by the inhabitants themselves; for such there was the generation of programs that met the regularization of the ownership, the provision of infrastructure and the housing improvement. Concepts such as progression, evolving housing, ground floor, seed housing (vivienda semilla) were incorporated in the technical consulting teams. The forms of production were also diversified, combining mutual help, own effort, cooperative work, among others. Fourth Cycle In the last two decades of the 20th century important economic and political changes happen, based on a new paradigm of development. Neolibeal ideas are adopted in economy and changes in the forms of production are introduced. Examples of such changes are the recommendations of the Washington Consensus, stimulated by the IMF and the World Bank, among others. Those aim to reduce the fiscal deficit and the public expenses, liberate imports and abolish all types of restrictions to commerce; make foreign investments possible; privatize state-owned companies; abolish the regulations that prevent access to the market or restrict competition. In Argentina, the democratic government of Carlos Menem (1989-1999) is oriented towards the privatization of the public services, deregulation of the labor market and the promotion of the adjustment of the expenses of the State. “The end of the benefactor state causes a gradual abandonment of the principle of the social responsibility from the public power towards the housing problem, built as a result of almost one century of social struggle. That allows dissociating the State from the responsibility to provide housing services and their greater transfer to the market, through the restitution of the principle of individual responsibility, in view of the housing problem”. (Fernandez Wagner, 2007) The housing policy had its focus on the financing of the demand, promoting the State’s role as market facilitator. Additionally, to balance the negative effects of the adjustment – growth of the unemployment and poverty – established urban poverty alleviation, as objective of its policies, which allows for the administration of the city without social conflicts that prevent mobility or reproduction of the capitals. About that Rodulfo (2007) proposes that the housing policy was centered on the following aspects: -Decentralization of the FONAVI to the local jurisdiction -Articulation of the several levels of the State for the joint intervention -Diversification of operators, according to the type of demand -Predominance of individual housing as response, and appearance of the so-called housing solution -Focusing of the investments in areas where it is necessary to alleviate the negative effects of the economic policy -Making possible the growth of the mortgage market 249 Among the main actions that happened in this period we have: -Privatization of the Banco Hipotecario Nacional -Changes in the origin of the funds of the FONAVI -Enactment of Decree 690/92, which allowed for greater diversity of housing solutions, for lower income sectors, with the participation of intermediating entities -Creation of the Programa Nacional Arraigo (National Roots Program) to regularize public land and remove it from its use -Implementation of the National Program of District Improvement (PROMEBA) and of the Rosario Hábitat Program, aiming to integrate settlements to the formal city, financed by the IBD -Implementation of the National Plan of Housing and Infrastructure Improvement Fifth Cycle Argentina enters the new century with an economic, political and social crisis which provokes the early departure of the government of the Alianza por el Trabajo, la Justicia y la Educación (Alliance for Work, Justice and Education). The social problem appears in alarming figures, showing the consequences of the model; the unemployment rate reaches 18%; the middle class protests by t so-called cacerolazos (pot-banging manifestations). In view of the growing unemployment the unemployed get organized producing the first road blockages, self-calling themselves movimientos piqueteros (picketing movement). On December 20, 2001, there is the social spark that generated the end of a period and of a model. Later, in 2003, the new administration proposes the national development with objectives such as the expansion of the internal market, job creation, and wealth redistribution. As for the housing issue, its pillars are housing construction and public works, financed by the State. About that Rodulfo (2007) said that “housing production is, then, a factor that contributes to guarantee levels of activity and employment at the moment and in the area, while other conditions for the reactivation of other productive sectors are generated”. The housing policy is once again centralized in the national executive power, generating several programs: -Federal Program of Housing Construction, with construction subprograms with municipalities and of urbanization of slums and precarious settlements -Federal Program of Housing Improvement - Mejor Vivir (Living Better) -Emergency Housing Program of cooperative construction -Continuation of the execution of the PROMEBA -Bicentennial Argentine Program of Credit for Housing (PROCREAR) Conclusions The public housing policies are a representation of the incidence of the ruling ideologies and paradigms over the ways of solving the housing problem. Due to that, it is possible to visualize an evolution of the conceptions about how those solutions must be 250 and of the forms of access to them over time. But also part of it are the institutional arrangements, the several sectors involved, and the position assumed by the government when the problem becomes a matter of State. From the chronological reading it is observed that the housing concept underwent constant transformations in its standards. It went from minimum housing with multifunctional environment to dignified housing in the Perón administration, with different environment for the new nuclear family; the incorporation of the habitat concept, in which housing is part of the urban context, to the neoliberal housing solution, then getting to the vision of the habitat as a human right. Faced with that, the urban habitat has assumed such complexity and diversity that it requires an urban housing policy that guarantees socio-spatial equality in the access to the city. The commoditization of the urban life and the increase in the cost of land are harmful to the access and permanence of the people in the city, so it is no longer possible to talk about housing obtainment in historical terms. It is necessary that the architectural project has an articulated convergence of a diversity of tools, such as strategic planning, urban economy, tax instruments, socio-organizational strategies, so as to tend towards a true urban housing project for all citizens. The other dimensions of the Housing Policy in Brazil Anacláudia Rossbach – Master in Political Economy by the PUC - SP Brazil: a country in transition, towards overcoming historical inequalities Our country is inserted in a continent that is the World Champion of inequality, according to the United Nations, not only in terms of wealth distribution, but also in terms of housing, access to goods, social and financial services. The Latin-American continent gathers the countries with the biggest Gini coefficients of the plant, with highlight to Guatemala, Honduras, Colombia, Brazil, Dominican Republic and Bolivia, whereas less unequal countries such as Uruguay and Venezuela still present a Gini coefficient higher than the United States ad Portugal, the most unequal country in the European Union (UN Habitat, 2012). Still according to the UM, there was indeed a positive evolution in terms of relative reduction of the poverty in the region, with a slight fall in the wealth concentration of ten countries, among which is Brazil, more than Venezuela, Uruguay, Peru, Nicaragua, Honduras, Chile, El Salvador, Mexico and Panama; but, on the other hand, other countries still present a context of increase of inequalities, in a clear movement backwards, with increase of wealth concentration in Costa Rica, Paraguay, Colombia, Ecuador, Dominican Republic, Bolivia, Argentina and Guatemala (UN Habitat, 2012). The chart (1) demonstrates the trend of fall of the Gini coefficient in Brazil. As for chart (2), it shows the growth of income per tenth of income range in the period between 2004 and 2012, demonstrating a clear movement of increase of wealth at the base of the pyramid, that is, in the population ranges of less buying power. Brazil is also indicated by other international organizations, such as the OECD1, the World Bank, and the IMF as an icon among the emerging countries in the topic of overcoming social inequalities, reflecting a generalized acceptance by those institutions of the social policies implemented by the three levels of government, with a special emphasis on the Family Stipend Program and on the policy of real increase of the minimum wage. The country and its social policies gained prominence in the technical note of the IMF from 2011 (Berg and Ostry, 2011) and also in the recently published OECD report, Society at a Glance 2014, the organization presents the wealth redistribution as a central pillar of the Brazil’s model of economic growth, showing the reduction of inequalities and the ascension of millions of people from a situation of poverty, which is evidence that the Family Stipend program is an important model and that it is adopted by several countries as a measure to reduce poverty (OECD, 2014:31). This context of social inequalities, clearly exposed in our Brazilian cities, whose traces of territorial and spatial segregation are quite evident, is the big background for the implementation of the programs 1 Organization for Economic Cooperation and Development. forming the housing policy in Brazil. A deeper analysis of the social indicators in Brazil indicates a significant improve of the coverage of the social policies, such as health, social protection, employment and education, with the increase of some indicators, such as the reduction of illiteracy, better convergence between age and level of education, school attendance, and pre-school attendance, among others. The most representative indicator, in a situation of international economic crisis since 2008, is the reduction of unemployment and the increase of formal employment: in December, 2013, the average unemployment rate in the metropolitan regions of Brazil was 4.3% and the number of formal jobs created between 2002 and 2012 is 18 million (Brazil, IBGE, 2103). National Housing Policy 2003 – 2014 After a gap of 20 years without a federal-leveled housing policy and with little investment from any of the three levels of government, the recently created Ministry of the Cites coordinated, in 2004, the elaboration of the National Housing Policy, establishing guidelines for the elaboration of the main program pillars, the PAC – Slum Urbanization (2007) and the My House, My Life Program (2009), besides other programs conceived and executed during this period, both for direct subsides, and as budgetary transfer to states and cities. The institution of the SNHIS – National System of Social Interest Housing in the year of 2005 was fundamental to establish the institutional pillars for the execution of the housing policy, bolstering the creation and strengthening of local participative council and sector entities, besides stimulating the long-term planning to face the housing problem in the three levels of government. The planning instrument in the national sphere is the National Housing Plan – PLANHAB, elaborated in the period 2007-08 in a participative way, promoting alignment and consensus of representations from civil society and public entities (social movements, private sector, professional representations, research institutions and the academia) about the real needs of the country, necessary funds and goals to be met for the period between 2008 and 2023. Fundamental to avoid the worsening of the housing problem in the country, the elaboration of the policy, based on the City Statute (Federal Law of 2001), with its respective programs and legal framework came late in a context of significant housing precariousness in the country, with large portions of the urban territory occupied by slums and irregular occupations, technically known as precarious settlements, with expressive number of domiciles located in situations of risk. With the launch of the PAC in 2007, the cities started having significant funds for the implementation of infrastructure and housing units in precarious settlements, but they are simultaneously pressed to get structured and organized to broaden the planning and management capacity of the investments available. Similarly, the program of housing subsides called My House, My Life – MCMV, from 2009, brings with it the possibility of increasing the housing 251 provision to meet the housing needs of the Brazilian cities, from a combination of national and local criteria for the hierarchization of the services. The main prioritization criteria established for the whole country is meeting families in situation of physical and social vulnerability, thus adding a powerful tool to serve families in risk situation in the country. The estimation from the National Housing Department (Ministry of the Cities) of people benefited by the PAC is 1.8 million domiciles (out of a total of 3 million residents in slums), and the MCMV generated the production of 1.2 million units, with 2.8 million ongoing ones to meet the current goal of 3.4 million residences in the country (SNH, 2013). The distribution of the units per income range indicates that 30% of the units were allocated to families with average income of up to R$ 1,600, 65.9% between R$ 1,600 and 3,275 and 6.8% up to R$ 5,000 (SNH, 2013), in line with the socio-economic profile of Brazil, but still insufficient to meet the needs represented by the housing deficiency and inadequacy, and to prevent the expansion of risk areas and precarious settlements. Despite the high level of investments generated by those two programs, and of its impressive results, we are still far from meeting the housing needs and avoid the expansion of precarious settlements in areas improper for housing. However, to increase the speed and scale of production guaranteeing social, economic, and environmental sustainability in our cities is a task that is far from being easy, as several factors have to be taken into account, such as, for example (i) the existence of social work during the periods of pre- and post-occupation; and (ii) advanced tools of urban planning to make land available for housing with good insertion in the urban network, that is, access to services, employment, public equipment, and leisure. Additionally, due to the great densities seen in our cities, the need of verticalize undertakings of social housing brings additional challenges to make the fixation of the families in the new residences viable, such as additional expenses with maintenance, condominium fees and services. In other words: there is no way to significantly increase the production of housing units for the lower-income population in contexts that do not prioritize sustainable urban planning and development and in a non-articulated way with sturdy social and economic development programs. And even though great advances can be seen in the three levels of government in those last ten years in terms of (i) equitative and sustainable urban planning; (ii) institutionalization of the housing policy and increase of investments; (iii) structuring of policies and programs of insertion and social and economic development; there are still major challenges for the country, mainly related to the coordination of the policies and their local execution, due to the political-administrative diversity of the municipalities of the country, constitutionally appointed to define the guidelines of use of soil and urban expansion. The municipal master plans are the main instrument of the urban policy and of the planning of the Brazilian cities, the absorption of the housing com- 252 ponent as a recognition of the existing precariousness in the processes of debate and revision of the master plans, is fundamental for the reversion of this process of urban expansion with the strengthening of our historical characteristics of inequality. In the United States and in some countries of the European continent, advanced mechanisms of inclusive zoning were created aiming to use the advances of the real estate market in order to stimulate the production of social interest housing in a more integrated way with the mix of income and uses in the areas and even in one single place. The urban policy in Brazil progressed significantly in the beginning of the 2000’s after the enactment of the Statute of the City in 2001, and then with the creation of the Ministry of the Cities and of a series of programs and campaigns to qualify and stimulate the municipalities to elaborate master plans, and the institution of the instruments of the Statute of the City. Today it can be said that there was progress, with the realization of participative master plans and the also great implementation of the most important aspect of the Statute of the City, the special zones of social interest. However, it has been almost ten years and those plans need to be reviewed and progress in the design of more progressive instruments that can guarantee the availability of well-located urban land for the provision of social housing. If this condition is not met, hardly will a program such as the My House, My Life be capable of being implemented in a sustainable way, meeting the expectations not only of the population that is part of the housing deficit and demand, but also of the active social and professional movements engaged in the promotion of inclusive and equitable cities. The social and economic dimensions of the My House, My Life Program Beyond the physical questions of quality and urban insertion of the undertakings produced by the housing policy effective in the country, other dimensions must be necessarily considered in a deeper analysis about its direct impacts on the families that receive the programs and about its indirect impacts on society as a whole. A lot has been said about the economic benefits in terms of employment generation and energization of the economy as a whole from the civil works constructive chain; however, there is an important and a lot less approached reflex, which is the wealth distribution in the country. In an analysis published in the Valor Econômico newspaper, economist Marcelo Neri indicates an advancement of the housing capital per capita of 42.1% since 2003, with fast increase since the launching of the My House, My Life program in 2009, and with big impact in terms of alleviating the inequalities in the country. According to him, the fall in the inequality of the housing capital was 166% higher than the fall of income inequality of the Pnad, with greater gains to historically excluded groups, such as the illiterate, the black, and the agricultural workers (Neri, 2014). Under the perspective of the beneficiary, the level of satisfaction was measured by a joint research of the Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA – Institute of Applied Economic Research) and the Ministry of the Cities, in which in a scale from 0 to 10 the owners ranked the residences 8.8, on the average. The highest score was 8.9 for the question about the increase of well-beings, followed by 8.1 for the surroundings of the residences and 7.9 for the cost of the installments2. Far from those fundamental questions, the recent debate about the housing policy in Brazil Distant from those fundamental questions, the recent debate about the housing policy in Brazil stresses the leading role of the main program of housing provision, the My House, My Life program, in the configuration of the Brazilian cities, stressing past trends of segregation and exclusion of the populations from the income ranges representing the base of the socio-economic pyramid. This debate reveals, appropriately, the large limitations of a housing program as major instrument of urban policy and in the process of construction of more equitable and sustainable cities and equality stresses the great difficulty found by the country to overcome the historical problems of inequality in our society. However, a deeper analysis of the social, economic and urban context of the country, and a broader understanding of the impacts of the housing programs, pillars of the national policy, in its social and economical dimension, beyond the constructive environment itself may indeed indicate some progress in relation to the previous policies: strong investments that allow a gradual progress in the convergence between the scale and the quality, beyond a more effective contribution in the process of social and economic development of a less unequal Brazil. It is important to highlight the role played by the municipal public power in this process of promoting the convergence between scale and quality of the housing production in the Brazilian cities. The main instrument is, obviously, the Master Plan, which should incorporate the housing needs of the population as a structural pillar, and to maximize the use of empty lots, or sub-used ones, in the integrated and sustainable processes of urban development. More sophisticated inclusive zoning mechanisms can also contribute to increase the offer of well-located land for social housing; applied in some US states and in some European countries, several models of inclusionary zoning can be an efficient tool to capture gains of expansion of the housing market by the promotion of social housing. In those cases, what matters is the contribution as well-located area and not only funds. Public-private partnerships for mixed-use undertakings, with a social housing component, can also serve as incentive to increase the production of social interest housing by the private sector, from mixed subsides and incentives from the public power, such as, for example, the power to expropriate, change of use of soil, provision of infrastructure and access to services. In other words, even though we have one of the most sound models of subside in the World in Brazil, the funds are not sufficient to guarantee the offer of social housing in some metropolitan areas of the country, without tradition or history of consolidated models of management and governance. While the real estate market remains attractive to the private sector, the price of land the existing business opportunities will be a hindrance for the expansion of the offer of social housing in areas closer to the centers and with access to infrastructure and services. In this sense, it is necessary that the planning of the cities is strongly aimed at the housing needs of the population and that the local public power establish the maximization of the offer of land for social housing as a priority, leading structured operations from strong incentives and mechanisms such as expropriations, zoning revision, support to decontamination processes, and offer of services and infrastructure. 2 Article about the topic in the Valor Econômico newspaper, available at: http://www.valor.com. br/brasil/3339440/beneficiarios-do-minha-casaminha-vida-dao-nota-88-moradias. 253 Housing and the city as a collective project: the Engineering Division of the Institute of the Industrial Workers (1937-1960). Prof. Dr. Nilce Aravecchia Botas Professor of the Department of History of the Architecture and Aesthetics of the Project - FAUUSP This article intends to analyze the action of the Institute of Retirement and Pensions of the Industrial Workers (IAPI) in the housing production of the decades of 1940 and 1950, aiming to shed light at the tensions between the action of the professionals of architecture and urbanism and the predominant characteristics of the State, forged since 1930 in Brazil, in the perspective of discussing the relationship between authorship and collective work. The reflections exposed here are part of the Doctoral Thesis titled “Between technical progress and political order: architecture and urbanism in the housing action of the IAPI”, presented in the FAUUSP in 2011. The meeting of different views on housing and the city inside the IAPI originated quality projects and works, pointing to new paradigms of economic housing solutions, in line with the discussions about housing, architecture, and the city that permeated the technical circles in the second quarter of the 20th century. In many situations the directors of the Institute got involved in the theoretical discussions, triggering the hiring of engineers and architects who shared similar ideas. Aspects of constructive quality of the undertakings, and of the notion of housing as a public service that included pieces of equipment of collective use and leisure areas, and of a minimum standard to organize the plan of the residences, were constant in the debates about housing in the period. The response to those questions in the housing action of the IAPI was certainly influenced by the presence of the technicians linked to the discussions bolstered by the modern movement in architecture, especially by architect Carlos Frederico Ferreira, one of the first professionals to be called to work in the Institute. The IAPI was founded in 1937 and in the beginning of its construction activities the group of professionals was small. So, while some projects were totally elaborated in the Engineering Division of the Institute, others were sent to external professionals. The Roberto Brothers (Valparaíso Building, from 1937 and a project that was not executed for the Penha Residential Complex, of 1940, both in Rio de Janeiro, and the Anchieta Building, of 1941 in São Paulo), and architects Paulo Antunes Ribeiro (Mooca Residential Complex, 1946 in São Paulo) and Kneese de Mello (Japurá Building of 1945 in São Paulo) were some of the hired architects. Such procedures were linked to the interests of the Institute in participating of the transformations in architecture through its activities of real estate inversion: The projected edifications must meet the effective municipal rules and translate, as much as possible, prominent undertakings in the local environment of the civil construction (PEDRO, 1950:289). The “prominent undertakings” should be projected by recognized professionals. Such constructions were mainly building for income production in 254 noble areas of the capital cities, but in the beginning of the activities of the Institute they also had to do with housing complexes. The connections between the IAPI and the architects engaged in the movement for the renovation of architecture in the 1930’s and 1940’s point to a movement in which there was a convergence between the replacement of the role of the culture by intellectuals and technicians and the political power that was consolidated in the 1930’s. But it is this very process, which can be seen in the structuring of the Engineering Division of the IAPI, since the hiring of professionals to directly manage projects and works, eliminating in several cases the intermediation of the independent professionals and of the construction companies. The process of hiring companies was strongly criticized by some internal sectors of the social security institutes, which saw in the initiative from the IAPI of having a steady technical team a great example to be followed, as it was revealed in the interview of architect Moacir Fraga, from the Institute of Retirement and Pensions of the Workers in Transportation and Cargo (IAPETEC), for the Arquitetura Magazine in 1942. (A CONSTRUÇÃO (The construction) [...], n.55, 1942). Fraga said that, by the direct management of the State entities, it was possible to relate, in the constructive process, the technical knowledge and the praxis. The direct management by the institute or undertaking entity, besides bringing the costs down in relation to the contract system, would also permit expedition in the solution of problems, since the employees of the institutes themselves could make the decisions, according to the unforeseen demands in the work site. This orientation inside the IAPI, from the formation of a professional team, was translated in a reinterpretation of the debates about modern architecture and housing. The result would be the transformation of the language assumed by the architecture produced in series by the Institute, which was reflected in the production of the other social security institutes. The account of Carlos Frederico Ferreira, an architect of the IAPI, makes it clear that the presidents of the IAPI, engineers Plínio Cantanhede during the period known as the New State and Alim Pedro during the Dutra Administration, had a decisive role, personally choosing the architects to be hiring and granting them autonomy: [President] Getúlio created the organization and then depended on the president. We were lucky; the IAPI was one of the best organized ones. Our presidents, Plínio and Alim Pedro, were men of vision. They hired excellent architects. They were the ones to choose (Account of Carlos Frederico Ferreira to Nabil Bonduki, 1994 quoted by BONDUKI, 1998: 157). The guideline of making representative undertaking from the architectural point of view also demanded the partnership with professionals who were engaged with the idea of creating a State-representative architecture. But many of the technicians of the Engineering Division of the IAPI were hired by a public tender and among the career employees of the Institute stand out those who, somehow, were recognized by the participation in the movement of renovation of the Brazilian architecture. The development of new constructive technologies or the involvement with the housing issue even outside the IAPI mark the trajectory of some figures that are marginal to the current history of the Brazilian architecture. With different backgrounds and histories, engineer Francisco de Paula Dias de Andrade and architect Helio Uchôa Cavalcanti are representative names of those who linked the IAPI with the intellectual sectors, and who were together in the project and management of the works of superblocks SQS 105 and SQS 305 in Brasília. Recently graduate engineer by the Polytechnic School engineer Francisco de Paula Dias de Andrade joined the Office of the IAPI in São Paulo in 1938, year when he signs an article titled “Casas Operárias” (Blue-Collar Worker’s Houses) in the Inapiários Magazine (ANDRADE, 1938:6-7). Back to the university, he graduated as engineer-architect in 1951, starting a teaching career in 1959 in the very Polytechnic School, as an assistant to Anhaia Mello (FISCHER, 2005:346). From 1956 to 1961 he was in the work management team of the superblocks of the IAPI in Brasília, whose work was the object of his habilitation thesis1 as professor of the Polytechnic School. Helio Lage Uchôa Cavalcanti graduated at the ENBA in 1934 and worked as an employee of the IAPI at the same time in which he participated in several projects to other governmental spheres or to the private sector. The architect, very close to Oscar Niemeyer, collaborate with him in the project of the Technical Institute of the Air Force in São José dos Campos, of the Ibirapuera Park in São Paulo, and of the Sul-América Hospital in Rio de Janeiro. In the housing area he conceived the projects of the Banco Hipotecário Lar Brasileiro (Brazilian Home Mortgage Bank) in Goiânia, of 1952 (CAVALCANTI, 2001: 124). After this work there is the registration of the project of the superblocks of the IAPI in Brasília, starting in 1956, and whose constructive characteristics are quite close to the language developed by the architects from Rio de Janeiro since the 1930’s. But, besides those names, the investigation of the technical staff of the IAPI, with the identification of dozens of polytechnic engineers, revealed that among representative figures of the modern Brazilian architecture, such as Carmem Portinho, Affonso Eduardo Reidy, Attílio Corrêa Lima, Francisco Bolonha and later Vila Nova Artigas and others, were dozens of anonymous names who contributed for the consolidation of a Brazilian thought about the housing problem. It is known that, no matter how active and quantitatively significant the role of those professionals, their engagement was not sufficient to solve the problem of lack of housing. On the oth1 ANDRADE, Francisco de Paula Dias de. Organização do Tempo e do Espaço em Brasília. Habilitation thesis. São Paulo: POLI-USP, 1962, quoted by FISCHER, 2005: 346. er hand, the realizations in the housing field during the 1940’s and 1950’s are the most representative results of the relationship between architecture and urbanism that the debates of the period tried to bring forth. In the housing complexes produced in the period it is possible to find a practical realization of the theoretical formulations then made around the urbanistic question. Such realizations were not only the wok of those who were adept to the modern movement, but also of the engineers, many of which were heirs of the currents of the scientific urbanism of the 19th century. The scientific urbanism developed in Germany was intensely marked by the presence of engineers, for whom the concern with the sanitary and hygienic aspect was excessive. The matter of the flows was also essential, being reflected in plans in which the road view prevailed. Internationally, that experience was incorporated as a great package of tools to control the use of the soil of which the “zoning” was part (SIMÕES Jr, 2008). The zoning had enormous initial repercussion in Brazil, where it will be adopted mainly after its re-elaboration by the Americans2. The theories of the “garden city”, elaborated by Ebenezer Howard in England, also found a fertile field in Germany and were incorporated to the already instituted formulated, which linked the physical transformations of the city with innovations in the legislation and administration of the cities. It is possible to affirm that in Brazil, in the beginning of the 20th century, amidst a profusion of proposals and realizations that made reference in the reform of the Baron of Haussmann of Paris, it is possible to identify ideas that get close to the German urbanistic, or to the ideal of the “garden city” (SIMÕES Jr, 2008; ANDRADE, 2009). Engineer Marcos Kruter, responsible for the Passo D’Areia Residential Complex, of the IAPI in Porto Alegre, together with Edmundo Gardolinski, employee of the IAPI, got to indicate nominally a reference of the German urbanism. (FAYET & TEAM, 1995:25).3 2 In its German origin, the zoning was part of a complex strategy to better distribute the urban benefits. Theorists of the modern movement, mainly Hans Schimidt, thought zoning in the sphere of a legal system, which is not restricted to a set o norms, but is part of the State in the regulation and structuring of the social stability. In the US it was transformed in efficient instrument to guarantee the valorization of the properties, guaranteeing the real estate processes already ongoing in the cities (FELDMAN, 2005: 79-82). 3 The office of architect Carlos Maximiliano Fayet made a survey of the Residencial Passo D’Areia Complex in Porto Alegre, for the Municipal Planning Department. The housing types and the post-occupation modifications were registered and cataloged. A historical survey about the project and the construction of the complex was also made, including and interview with Engineer Kruter. The objective of the work was to support the discussions about the preservation of the patrimony built and the possible forms of adaptation. 255 In the perspective of the engineer beauty was related to the adaptation of the implementation to the terrains and to the landscape drawing and to the presence of trees, which, on its turn, was linked to the notion of healthiness. The focus on efficiency and economic rationality, reflected in the concern with the technical-constructive aspects, were added to such conceptions. At the same time, the modern movement in architecture, already covered by the current historiography, joined the bulk of culture and technical formation, originating a team of professionals, whose ideas were helped to become reality by the political and economical situation generated by the Revolution of 1930. From the IAPI this process became reality in a collective work both in the office of projects and in the work sites. The team spirit that generated some singularities in the process of construction of housing complexes of the Institute is clear in the chronic of Joel Lima4, in the Inapiários Magazine (IAPI’s magazine) which refers to the Realengo Complex in Rio de Janeiro. He names engineers Altino Machado Silva, Sydney de Barros Barreto, Luiz Metre, Pedro Coelho de Souza, Hermilo Campelo, Deocleciano Rocha Filho, and Marino Guimarães, each one of them responsible for a part of the work: production of concrete blocks by a machine imported from the US and of other pre-molded parts, electrical and hydraulic installations, water and sewer network, and management of workers. Finally, it speaks about Carlos Frederico Ferreira: And, at that time, it would be a clear injustice to silence the name of Carlos Ferreira – this poet of architecture and urbanism, responsible not only by the beauty of this Work, but also by what is to come, in a few days, in the Vila Operária dos Industriários (Blue Collar Worker’s Village of the Industry Workers) (LIMA, 1943: 12). If until mid-1940’s that team work competed with orders made to renowned architects, since then the undertakings would be marked by a greater degree of reproducibility and by the lack of specific authorship. The housing complexes in the suburbs, formed mostly by two-to-four-storied longitudinal housing blocks, formed by two- and three-bedroom apartments, drew a considerable part of the landscape of the suburbs of Rio de Janeiro, in addition to appearing in other capital cities and in cities important for the Brazilian urbanization process. For the group that met in the Engineering Sector of the IAPI, under the leadership of Carlos Frederico Ferreira, the link between the theoretical knowledge proper to the training of engineers and the renovation of the architectural language would bring new conditions of urbanity to the popular housing. 4 Joel Lima was sent to the District of Works of the Realengo by Plínio Cantanhede to work as assistant of engineer Altino Machado Silva, who was the head of the District, in the beginning of the construction of the complex (LIMA, 1943:12). 256 Decipher or I devour thee: The enigma of the housing and urban policy and the National Housing Bank (BNH) System. Ana Paula Koury Nothing could be more common to the Brazilian citizens than the experience of the current urban crisis. The difficulties of mobility, the high cost of housing, the lack of leisure spaces, violence, and decadence of sociability are every day part of the problems that mainly the inhabitants of the big cities face. The common citizen is taken to conclude that there is no, and there has never been, urban planning in Brazil. To any professional engaged in the debate about the Brazilian Urban policy, the affirmation lacks verification. The planning and intervention instruments in the Brazilian cities have developed much in the last years, mainly after the 1988 Constitution and the approval of the Cities Statute from 2001. For experts and scholars of the history of the Brazilian planning, the truth is precisely the opposite – the development of the Brazilian cities has always been greatly planned. What is the problem of planning in Brazil? Have the plans not been effective? But will they be from now on? To decipher the enigma of the Brazilian planning has occupied efforts from many groups of experts in different areas of knowledge. This article intends to present the operation of the BNH System, stressing some experience that were not generalized in that period, but which can acquire new meanings in the current stage of the Brazilian urban policy. The National Housing Bank was created on August 21, 1964, with clear political objectives and was the biggest and best-organized instrument of the Brazilian housing and urban policy reaching the mark of nearly 4.5 million financed units in its twenty-two years of operation1. In the system of urban policy 686 planning documents were elaborated in eight years, from the creation of the Financing Fund for Local Planning (FIPLAN) in 1966 until the extinction of the SERFHAU in 19742. The production of the BNH was expressive not only in terms of quantity, but it was also innovative in some programs. The creation of the bank less than five months after the civil-military coup generated great expectation in a part of the professionals, both engineers and architects, for it announced a considerable sum of funds that would be available to finance the 1 AZEVEDO, Sérgio. Vinte e dois anos de política de habitação popular (1964-86): Criação, trajetória e extinção do BNH. in Administração Pública Magazine. number 22 vol. 4. Rio de Janeiro: Oct-Dec, 1988, p.116. 2 VIZIOLI, Simone Helena Tanoue. Planejamento Urbano no Brasil: A Experiência do Serfhau enquanto Órgão Federal de Planejamento Integrado ao Desenvolvimento Municipal. Marter`s Thesis. School of Architecture and Urbanism of the University of São Paulo, 1998, p. 45 e 47. acquisition of residences – an urban problem that still waited for effective measures. Theoretically, the housing policy would allow for the tests of the production of residences carried out during the Brazilian housing history. However, the consolidation of the policy implemented by the bank, from the perspective of the professional work of architects, was a great disappointment, precisely due to the conservativeness of the constructive solutions and also of the project practices3. The housing complexes formed by the regular repetition of small houses in districts in the outskirts of the cities that were produced all over the country gave the identity of the work of the Bank and got to be known as the “BNH-seal project”. Therefore, it was the criticism against those complexes the ones that were most generalized. On one hand, they indicated the horrible quality of the complexes installed in far-off areas, without infrastructure, and sometimes on inappropriate areas. Many of those complexes were delivered with low-quality finishing, which resulted in the quick deterioration of the unit that, despite having been recently built, soon demanded repairs. On the other hand, the criticism also indicated to a selective policy aimed at the middle classes, in practice above seven minimum salaries4. Many of the criticisms to the work of the BNH were supported by consistent investigations, such as Gabriel Bolaffi’s5 and by clever analysis of the political operation of the BNH system, as Lúcio Kowaric’s6 and were very important for the formation of some consensuses about the policy implemented by the Bank7. Both those works ex3 Sanvitto in his Doctoral Thesis indicates that, contrarily to what was popularized architects go Involved projecting many of the BNH`s complexes. The conservativeness of many proposals, according to the author, is explained by the total adherence to the paradigms of the modern city, which would have prevented the search for new alternatives. SANVITTO, Maria Luiza Adams. Habitação Coletiva Econômica e a Arquitetura Moderna Brasileira 1964 - 1986. 2010. Thesis (Doctor in Architecture) - Federal University of Rio Grande do Sul. p. 503. 4 Even though many complexes were aimed at the range of 3 minimum salaries, the famous study by Bollafi proves the impossibility of the acquisition of the financing for families whose Income was below seven minimum salaries. BOLAFFI, G. A casa das ilusões perdidas: aspectos socioeconômicos do plano nacional de habitação. Caderno Cebrap. São Paulo: Cebrap, n. 27, 1977. 5 Sobre a qualidade dos conjuntos do BNH: BOLAFFI, G. (1977). 6 KOWARICK, L. Espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 7 For a more comprehensive discussion about the assessment of the BNH System through the narratives of the time, see KOURY, Ana Paula . Constru- 257 plained the functionality of the operation of the Bank in the deepening of the unequal and concentrating capitalism guaranteed by the autocratic government of 1964. All those pertinent considerations about the work of the Bank, indicated by its authors aiming to improve the Brazilian housing policy in the perspective of social fairness and democracy somehow also contributed for the demoralization of the System that preceded its end in 1986. After twenty-eight years an analysis under another historic perspective is justified, avoiding the anachronisms that have characterized the generalization of the initial criticism, repeated mainly during the struggle for the affirmation of democracy in Brazil. The BNH did not have any other meaning than to be an instrument of economic, political and social planning created especially to work in the Brazilian urban and housing system. As a general planning tool, which it was since the beginning, the BNH prioritized the regional development and the deconcentration of the Brazilian urban network, working in the rural area, in small and average-sized cities and thus was linked to the Ministério do Interior (Homeland Department)8. Something that did not prevent that it also worked in the big cities were the lack of housing was (and currently still is) concentrated. That explains, at least partly, the reason why proposals of competitors of the BNH were not successful in forming an infra-urban policy at that moment. The structure of operation of the BNH system, as it was elaborated9, consisted of an administrative flow that allowed for the full control of the policy since the obtainment of the funds, the financing of the programs, the elaboration of research, projects, and support actions up to the follow-up and reinvestment of the funds. The financing of ção social e tecnologias civis (1964 -1986): contribuição para um debate sobre política habitacional no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (ANPUR) v. 15, 2013. p. 167-182. 8 The BNH System was created under the responsibility of the Planning Department and through Decree number 60.900, of June 26, 1967, and was reallocated to the Homeland Department together with the other regional development bank. Thus, as the architects have realized since the beginning, the work of the BNH was somehow “anti-urban” See Alberto Xavier`s comment In KOURY, Ana Paula. Arquitetura Construtiva: proposição para a produção material da arquitetura contemporânea no Brasil. Doctoral Thesis. School of Architecture and Urbanism of the São Paulo University, 2005. 9 The scheme and some descriptions of the operation can be found in TRINDADE, Mário. Habitação e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Vozes, 1971 p. 101 to 144. A deep critical analysis can be found in ARRETCHE, Marta. Intervenção do Estado e setor privado: o modelo brasileiro de política habitacional in Espaço & Debates, São Paulo, v. X, n. 31, p. 21–36, 1990. 258 the programs came from the Brazilian System of Savings in Loan10 and of the Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (Brazilian Special Fund of Investment for Workers` Indemnification)11. The application of the obtained funds was divided into the different programs: Housing, Sanitation, Urban Development and Community Development. The financing was guaranteed by a system of funds and insurances. The execution and implementation of the programs, as well as their improvement, was supported by a technical staff, which varied according to the nature of the program. The two programs of greater visibility were the housing program and the program of urban development. The Federal Service of Housing and Urbanism (Serfhau), responsible for the urban development program of the BNH System, was created together with the Bank in August, 1964, and initially was focused only on the urbanization of districts where the housing complexes would be implemented. In two years the Serfhau became a tool of the urban development policy, which was possible by the FIPLAN12, created in 1966 to finance the Plans of Integrated Local Urban Development. The Urban Development System also had an Information entity and a Database13 that supported the diagnoses and guided the actions of urban development. In the housing case, even though there was no entity to develop projects in the BNH System, there was a Research and Development System that should, in addition to research to support the housing policy, also guide a projects policy. The Research and Development System was formed by three entities, one of them aimed to carry out socio-economic research, the other research of materials and constructive methods, and the third one research of the industrial sector. The Cenpha was the entity aimed to carry out socio-economical research and worked in a much diversified way, among which researched the use of soil identifying available areas the localization of vulnerable populations. The entity of research of materials and constructive methods was the Centro Brasileiro da Construção (Brazilian Construction Center). Dedicated to study the modular coordination, the rationalization of the work in the worksite and the works code. The Center tried to elaborate a project policy made known through its main publications, the CBC Books and the CBC Bulletin14. Also 10 The same law number 4380 from August 21, 1964, created the BNH, the Serfhau, the SBPE and Instituted the monetary adjustment In the real estate contracts. 11 Created by law number 5.107, from September 13, 1966. 12 FIPLAN- Financing Fund for Local Planning. 13 SIDUL- System of Information for the Urban and Local Development. 14 About the Centro Brasileiro da Construção se KOURY, Ana Paula . Brazilian Construction Center: iniciative for management of the Brazilian housing included in the same Research and Development System was the Industrial Coordination Center that tried to guide the industry of materials and components and promote innovation, from the applications developed and tested in projects. To support the general structure of execution of the programs financed by the BNH System (housing, sanitation, urban development and community development) three subsidiary systems were created, one to qualify and train people, one for logistic support, and a third one focused on operation research. The qualification and training of people included the training of technicians to operate the loans system, to manage the mortgage system, to analyze projects, to work in urban planning and in local development and also course of adjustment of labor for civil works. The logistic support, on its turn, was for the financing of the materials and construction industry, programming of investment of the fund of the Bank and support to clients of the system. The operation research included a database for the planning of the four programs and also researched the market of properties for lease, cost of construction materials and labor, and supported the realization of Housing Censuses. A group of innovative experiences, which has recently been valued by a series of case studies15, was originated in the BNH System. Even though we cannot definitively consider the whole by a part and consider the BNH’s policy innovative as a whole, we must notice the experiments that, although not generalized, can acquire new meanings in the current debate about urban and housing policy in Brazil. The BNH provided housing to a large number of people of average income, which were included through financing in the ample process of the Brazilian urbanization. In the case of the city of São Paulo, that was a task that was partially performed by the progonos and epigonos of the so-called “São Paulo School”, who were responsible for the project of many single-family residences in districts such as Perdizes, Butantã, Santo Amaro, etc.16 They also developed the housing standards for the middle-class of São Paulo as the BNH financed several construction companies, such as Hindi and Formaespaço, which innovated in the constructive processes and in the functional solutions for this segment of the housing market17. construction industry (1969-1972). In: CARVAIS, R., GUILLERME, A., NÉGRE, V., SAKAROVITCH,J.. (Org.). Nuts & Bolts of Construction History. Culture, Technology and Society. 1ed.Paris: Picard, 2012, v. 2, p. 289-296. 15 VIZIOLI (1998), LUCCHESE (2004), KOURY (2005), FERREIRA (2007), SANVITO (2010) among others. 16 ACAYABA, Marlene M. Residências em São Paulo 1947 1975. São Paulo: Projeto, 1986. 17 About the Forma Espaço Construction Company, see IMBRONITO, Maria Izabel. Três edifí- Aiming to elaborate a project policy for popular housing the Centro Brasileiro da Construção performed the Modular Coordination Plan. The ambitious plan foresaw to have the dimensional compatibility of industrially produced components, and the project of the domestic environments. If applied, the plan would have resulted in great progress in the quality of the project, productive of the services, project and execution stages and reduction of work costs. The main objective of the plan was to establish dimensional parameters based on ergonomic and ability studies. The plan would permit articulating the materials and components industry, the construction companies carrying out the works and those responsible for the project and specifications in a single project system. Although it did not reach its main goals, in the case the housing policy, the plan was used for the production of school building by the Education Department of the State of São Paulo through the School Construction Company of the State of São Paulo (Conesp), currently the Foundation for the Development of the Education (FDE). Teodoro Rosso idealized the Plan with the collaboration of João Honório de Melo, who later took the model to the Conesp as the Director of the Company in the early 1970`s18. The expertise of an integrated project to the construction chain of construction also found room in the private sector that built for the midclass sector in São Paulo. The most innovative example of the private sector in São Paulo in the sense of rationalizing the system of project and execution of the works was the company called Merisa, created to develop the executive projects contracted by the Forma Espaço Construction Company, once again with the collaboration of João Honório de Mello19. The objective of activating the economy moving the construction chain had positive effects and the policy of training of personnel and of technological development of the BNH System, although heavily criticized, generated a certain level of innovation in the sector of mass housing produced in the country. The Experimental Worksite of Narandiba in the state of Bahia in 1978 can be considered an important moment of technological experimentation. Promoted by the BNH, it aimed to be a large demonstration of what the private initiative and the universities could suggest as form of production of popular housing. Most exhibitors presented light pre-cast solutions and rationalization of the conventional system, without abandoning the parameters of work of the BNH, introducing only minor technical innovations that implied in cios de habitação para a Formaespaço: Modulares, Gemini e Protótipo. Master’s Thesis in the School of Architecture and Urbanism of the São Paulo University. São Paulo: 2003. 18 Interview of João Honório de Mello in KOURY (2005:127). 19 See IMBRONITO (2003: 15). 259 the intensive use of labor and low investment in heavy equipment. Opposite to most proposals from Narandiba we had the prototype made by the Alfredo Mathias20 Construction Company, a project of totally industrialized housing unit, which would be transported ready to the implementation site. The constructive proposals presented in Narandiba demonstrate the diversity of companies and systems available for the solution of the large-scale construction of housing in the country. The BNH System moved the private sector, not only for the production of housing. The urban renovation promoted by the private capital entered the policy of the Urban and Community Development System21 through proposals of Rio de Janeiro Urbanist Harry Cole for the project of the CURA (Urban Communities of Accelerated Renovation). Cole participated in the organization of the BNH System since its beginning, having been directly invited by the Planning Ministry Roberto Campos22. In 1972, already in his private consulting office, Cole developed the Pilot Project of Vila Valqueire in Rio de Janeiro for the BNH – the experience gave origin to what was the norm of the CURA project in the following year. The objective of the pilot project proposed by Cole, and which did not get to be implemented, was to intervene in a middle-class lot with some installed infrastructure, but with large quantity of empty lots, bolstering, through private investment, the local development. The real estate dynamics generated by the offer of the lots would be capable of meeting, through the private initiative, the growing market in the cities. 23 The selected sequence of examples aimed to demonstrate situations that, although anecdotal, the role of the BNH moved the private sector purchasing innovative projects and that in some cases proposed the development of technologies, as it was the case of Narandiba, and it absorbed rationalization methods for the production of housing units, as it was the case with the experience of the Merisa Construction Company, as well as of other Construction Companies that innovated in the housing production processes, as it was also the case of the Hindi Construction Company24, for example. The other side of the coin was the absence of generalization of the service to meet the policy to the most vulnerable classes with lower income, although in the case of Rio de Janeiro there was room to house pioneer experiences of slum urbanization inside the Community Development System and in the Cenpha. Despite that, the initiative is inserted in the experimental cases that were not generalized as comprehensive policies of the BNH, but that demonstrate that there was a dispute inside the System during its operation. The sophisticated system of housing production and urban planning implemented in 1964 was not only an invention of the civil-military government, but rather an instrument born from the Brazilian experience since the Fundação da Casa Popular (Popular House Foundation), as several authors indicate25. The dispute and appropriation of this experience contributed to frame the State that institutionalized it to its image, and it was not without reason that it was identified to it. The denial of the BNH System as a valid administrative tool to manage the public and private funds in the organization of the urban base of the Brazilian development was a great loss, as well as it would be its resumption without a deep critical reasoning of its functionality inside the intensive system of capital accumulation granted by the autocratic policy of developmentism. 20 SANTOS, Demóstenes Magno. A História da Construtora Alfredo Mathias (1950-1985). Master’s Thesis. School of Architecture and Urbanism of the São Paulo University. São Paulo: 2013. 21 ANELLI, Renato Luiz Sobral Urbanização em rede:os Corredores de Atividades Múltiplas do PUB e os projetos de reurbanização da EMURB (197282) Arqtextos (Vitruvius) São Paulo, 088.01 Year 08, Sept. 2007. 22 LUCCHESE, Maria Cecilia, O arquiteto e urbanista Harry Cole. Revista Oculum Ensaios. Campinas: PUC, Aug 2008. p. 67 a 78. 260 23 LUCCHESE (2004: 110) cado imobiliário. Master’s Thesis. São Judas Tadeu University. São Paulo, 2007. 24 ABUSSAMRA, Jorge. O Edifício residencial paulistano nos anos 70, 80 e 90: a arquitetura e o mer- 25 ANDRADE E AZEVEDO (1981) , MELO (1991), BONDUKI AND KOURY (2010) DESIGNS FOR THE ZONING OF SÃO PAULO Daniel Todtmann Montandon1 Context Zoning is perhaps the main urban planning tool used in the Brazilian cities. Even though it is recognized as not being the most efficient tool to face social inequalities and to induce urban development, Zoning has always had the assumption of controlling the use of soil by rules of land division, use and occupation of the soil. And this instrument has often been used autonomously, dissociated from the Master Plan. In the case of the city of São Paulo, since 2002, The Strategic Master Plan (PDE) has brought a set of norms that made it possible for the experimentation of strategic tools to promote the urban development according to the provisions of the City Statute Federal Law number 10.257/01, such as Special Zones of Social Interest (ZEIS), the Onerous Grant of the Right to Build and the Municipal Council of Urban Policy. As for the Zoning after the PDE, it was revised in 2004 and implemented in an articulated way with the Strategic Regional Plans of the Sub-administrations, stressing the decentralized nature of the city planning and management. We cannot affirm that the Zoning implemented through law number 13.885/04 has been dissociated from thee PDE, Law number 13.430/02. However, in the last ten years, the lack of implementation of actions and strategic instruments foreseen in the plan ended up giving room to the production and transformation of those strategic territories according to the Zoning rules and not through urban projects, as foresaw the PDE. After ten years of effectiveness of the PDE, it was the moment to make its revision, in 2013, according to the ten-year cycle foreseen in the City Statute (the Master Plan has to be reviewed at least every ten years). In this sense, during 2013 the Administration of the City of São Paulo promoted the participative revision of the PDE, whose coordination was under the responsibility of the Municipal Department of Urban Development (SMDU). Despite the progress brought by the 2002 PDE, the city of São Paulo did not undergo the structuring urban transformations foresee in the plan during its ten years of effectiveness, if we consider mainly the priority transformation territories established in the plan (areas by the railroad tracks, for example). Additionally, some choices of public investment in infrastructure were opposed to the reversion of the problem of urban mobility, which has always been present in the prevalence of private vehicles over collective public transportation (one such example is the widening of the marginal avenues by the Pinheiros and Tietê Rivers). 1 Architect and Urbanist (UNESP/Bauru), Mater in Urban and Regional Planning (FAUUSP), he holds the position of Director of Soil Use and has been the President of the Commission of Protection of the Urban Landscape (CPPU) of the Municipal Department of Urban Development since January, 2014. This situation indicated some challenges for the revision of the PDE in 2013, such as the necessary confrontation of the problem of urban mobility not only under the perspective of the sector of urban public transportation services, but also under the perspective of territory ordering. In other words, which urban structure São Paulo should have to make urban mobility sustainable2. At the same time, another problem faced in the revision of the PDE (and which must be treated in the other laws that complement it) is the qualification of the urban form. It is understood that São Paulo lacks quality in its public spaces, in its private spaces, in the urban landscape as a whole and, mainly, in the interaction between the public and the private spaces. It is not that the city lacks quality of the urban form, but such occurs only in small scale and in certain districts. And it is not because of the lack of laws that the city ceased having a better urban form or the public and built spaces desired by the citizens. Nor is the lack of projects. It can be said that much of the real estate production of the city results from the application of several laws and norms (which often make the process of urbanistic licensing slow and complex). And such production was made based on projects, involving architects and several civil works professionals. In this situation, we believe that one of the main problems to be faced is that the Zoning of the city, at some moment, left to a side the search for improvement of the quality of the urban space, as a whole, whether public spaces or the built space, whether the public or the private ones. Under the assumption of seeking the qualification of the urban form by the regulation of the use of soil (and in what refers to it, without overestimating it), the SMDU and Institute of Architects of Brazil São Paulo Department (IAB-SP) have organized the Urban Essays Tender: Designs for the Zoning of São Paulo, aiming to subsidize the debate of the revision of the Zoning of the city. Urban Essays Tender The tender aimed to promote a reflection with the architects to subsidize the Zoning revision. Initially, it is worth making some considerations about its conception. The Term of Reference of the tender, elaborated by the SMDU, identified some key elements to be explored in the essays to progress in the improvement of the urban form. By establishing two types – general urbanistic pattern of urban configuration (1) and specific urbanistic patterns for selected territorial units (2) – two regulation dimensions were recognized: a systemic one, which dialogs with the organization of a networked urban structure (the intensification axes along the lines of collective public transportation of mid and high capacity); and another one which assumes the adaptation of the regulation to the local ele2 We are considering the sustainable urban kind as the one which meets the provisions of Federal Law number 12.587/12. 261 ments, whose specificity of the place requires a specific treatment. On its turn, the type regarding the general regulation was divided in categories (PMSP/SMDU/ IAB, 2013): Category 1: studies of configuration of urbanistic corridors. A urbanistic corridor is considered as the axe formed by the street in which the trunk bus system is operated, whether or not in segregated street, comprising the sidewalks, central media, bike lanes, and all blocks next to the street of the trunk bus system. Category 2: studies of configuration of built typologies of mixed use in the same lot, mandatorily involving residential use. Category 3: studies of configuration of the frontal part of the lots with the streets, with emphasis on the treatment of the facade of the lots and of the ground floor so as to improve the use of the public space and the interaction of the pedestrian with the foundation of the building. Category 4: studies of configuration of lots in areas with steep slopes, considering situations with exclusive access by one street and lots with two alternatives of access, in the frontal part and in the back of the lot. Category 5: studies of configuration of lots and blocks of large dimensions, whether or not resulting from divisions and of large lots, whether or not inserted in predominantly industrial Zoning, and the mixed use of the new lots should be considered as well as the investigation of the maximum dimensions of configuration of the blocks. (PMSP/ SMDU/IAB, 2013, p. 4). These categories demonstrate some elements that can contribute with the improvement of the urban form through the regulation of the use of the soil: the interface between the public place and the lot in order to expand the collective space and the interaction of pedestrians with the uses and the built system; the mixed use of the same lot and in the same block; the management of urbanistic impacts by the regulation of large-sized lot and blocks; the adoption of the block as an element of urban composition. If we compare those elements with the assumptions defined by the SMDU the attributes of the qualification of the urban form that should be explored become even more evident (PMSP/ SMDU/IAB, 2013): Assumptions: To provide: • Objective contributions, possible of being implemented, and the applicability on the part of the norms of land division, use and occupation of the soil; The studies performed for type 1 should • observe and demonstrate their capacity for reproduction; • Contributions that permit the implementation of the guidelines and innovations brought by the Bill of Law of the Master 262 Plan (PL 688/13) as for the regulation of use and occupation of soil and the other instruments; • Optimization and urbanisitic qualification due to the criteria of demographic and housing density according to the localization; Better use of the public space and greater • interaction of the pedestrians with the use and occupation of the lots, considering the configuration of a system of pubic spaces articulated with the system of urban mobility and the system of green areas; • The mixed use of the same lot, specially coexistence of the use for housing with other uses, such as services, commerce, institutional and public services; To explore: • The block and the set of blocks as territorial units of urban composition; The landscape as criterion of configura• tion of the built system, and territorial units are identified as object for a different regulating treatment; Contributions that Express the notion of • the social function of the property as a principle of the regulation of use and occupation of the soil; The importance of the centralities in their • several scales and forms of territory occupation; To consider: • • What the regulation for soil use and occupation prescribes for the existing and already built city, whether in the aspect of land law, constructive aspects, availability of infrastructure, configuration of the pubic space, among others; The city as a whole, proposing contribu• tions that consider the social diversity, economic, cultural and service opportunities, among others; The different possibilities of configura• tion of land structure, in terms of sizing and formation of lots and plots, for the purpose of application of the proposed norms; Preexistence and local elements of urban • and geographic configuration; The interface between the built system • and the structuring systems, such as streets, collective public transportation, hydrography, and green areas; Environmental vulnerability and physi• cal aptness to urbanization, specially in areas prone to the occurrence of large impact landslides, sudden floods, or correlated geological or hydrological processes; Properties and districts protected by the IPHAN, CONDEPHAAT and CONPRESP, considering the expanded surrounding area of those ele- ments as areas of transition of urbanitic patterns. (PMSP/SMDU/IAB, 2013, p. 6). In other words, what is sought is a regulation for land division, use, and soil occupation that provides a public meaning not only for the public space, but also to the build system and to the private territory. That means bringing the public area inside the lot; creating multiple accesses to the lots; installing activities on the ground floor that provide the interaction and gathering of people; providing greater tree coverage in the lots and public spaces; overcoming the protagonism of the automobile, whether on the street or in the lot; limiting walls and closing of lots; among other measures that provide urbanism in the interface between the public and the private space. Results of the Tender Out of the 25 foreseen awards (15 in type 1, from which 3 are for each category and 10 in type 2), 10 awards were granted and 4 honorable mentions (out of a universe of 54 works that were presented), as follows: Type 1 (total of 8 awards and 3 honorable mentions): Category 1: 3 awards and 1 honorable mention; Category 2: 1 honorable mention; Category 3: 3 awards and 1 honorable mention; Category 4: no award and no honorable mention; Category 5: 2 awards; Type 2: 2 awards and 1 honorable mention. Even though the number of awards was small, the awarded works progress in good experiments of the assumptions established for the tender. It is important to make some comments about those experiments. As for the interface the public space and the lot, the essays identified not only the non-residential use as a mechanism for making that interface more dynamic (concept of active facade, established in the proposal for the revision of the PDE), but rules of occupation that limit the use of vehicles, widen sidewalks, explore the vegetation in front of the lots, foresee multiple accesses to the lots and establish forms of collective use of the ground floor. Perhaps the work that well synthesizes that variation of experiments is Project 04 of Category 3 of Type 1, according to Figure 1. As for the management of urbanistic impacts on large-sized lots and blocks, the awarded teams explored the block as a unit of design and urban composition. In other words, the large-sized lots and plots end up assuming the dimension of block and, in this context, the urban regulation thus involves treating of parameters of use and occupation without having the lot as a reference, but rather the block. And the design changes significantly, once the volumetry, the free spaces, the green areas, the expansion of the sidewalks, and the proportion of residential and non-residential uses end up being treated harmoniously, as if it was an urban project for each block. One of the works that illustrates that well is Projects 01, of Category 05 of Type1, as it can be seen in Figure 2. As for the specific regulation due to local aspects, the work developed in Project 08 of Type 2 brought a significant contribution by identifying the grottoes as units of the physical environment to have a different treatment, and the instrument of the microarea (or microzone) was proposed for the regulation of the occupation of the territory of the area of influence of the grotto. It is understood that this microzone works as some kind of handling plan of the perimeter of influence of the grotto. Although thought for certain places, this proposal can be replicated in the several occurrences of springs and draining head, as shown in Figure 3. In summary, it worth reading each awarded work with great attention to understand how the essays that were developed dialogued with the desired conception of the city from the news Strategic Master Plan approved by Law number 16.050/2014. Finally, it is worth highlighting that the Tender did not aim to award projects to be implemented, but rather essays that would bring reflections for the Zoning revision. Perspectives for the Zoning revision As a result of this Tender, the SMDU organized the Urban Essays Atelier, involving the courses of Architecture and Urbanism of the universities of São Paulo to explore the ideas, concepts, and experimentations arising from the tender. The works of the Atelier should start in August, 2014, and at least 14 courses should join the project, which may involve up to nearly 1,500 students. At the same time, the SMDU will carry out a broadly participative process so as to build a revision proposal of the Zoning that is effectively democratic. It is still early to draw conclusions of how the new Zoning of the city will be. At this moment we just know some assumptions that are very clear to guide the revision works: to seek the qualification of the urban form, in the several topics and dimensions involved; to respect the conception of land order established in the new PDE; to promote a broadly participative process; to simplify the understanding of the law. 263 Urban form and informal city Valter Fabietti “True design never begins with a virgin situation, never foresees a completed work. Properly, it thinks in terms of process, prototype, guidance, incentive (...). A well-developed stock of models which integrated process and form would be of immense value of it. These models and theoretical constructs must be sufficiently independent and simple, however, to allow for that continuous recasting of aims, analyses, and possibilities that is inherent in the conduct of city design.” Kevin Lynch, “A theory of good city form” MIT Press Cambridge MA 1981 The rules of the form In the 1980`s there is a renewed attention to the confrontations of the control of the urban form, through projects seeking more the construction of the “urban setting” than formal definitions of architecture (1). It is an ample experimentation whose roots are in the 1960`s and 1970`s, from which a disciplinary current guided towards the urbanistic traditions of the beginning of the 1900`s appears. It is the North of America, especially, and later in the United Kingdom that we see a growing intolerance against the dominating methods in the projects of the new housing complexes, not only in the urban outskirts, but also in the big cities. The focus of this disciplinary attitude is the deepening of the relationship between the collective and the private spaces, or the control of the physical form of what is built in relation to what is manifested between it and the public space. Contrary to interventions that face the topic of new complexes only in the scale of the building, the use of formal rules in the urban scale, this current of thought affirms, permits the better construction of varied environments, not trivial or repetitive ones, and with broadly shared aesthetic values. Those are urban environments in which “a richness of elements, in harmony among themselves, better serves to respond to a broad array of expectations and desires of a diversified public and, on the other side, favors the participation of a wide pluralism of producing agents and users”. (2) That reinterpretation of the traditional forms is based on the following project question: “what is the meaning of a good place to live?” (3) The experiences from the 1980`s have the merit of making evident, through the application of “smart codes”, the importance of the codification of efficient project behaviors to produce quality urban environments, not only from a functional perspective, but also, and I would say mainly, regarding the perceptive impact. It is in that situation, as we will see later, that elements of hygienist and environmental elements are inserted, historically present in the urbanistic disciplinary tradition and revisited, mainly through the most general principle of sustainability. It is, ultimately, some kind of return to the traditions of the urbanistic project, which assumes a revolutionary value regarding the dominating disciplinary 264 paradigms of that period: the reconsideration of the formal quality of the urban implementation allows for the cultural recognition of the rules of the form and the definition of their role as a procedure. It is not only the whim or sensitivity of the designer, but the objective meaning of the form as an aesthetic value both technically and constructively. From Kevin Lynch`s elaboration until Krier`s and later through the proposals of the new urbanism, from Duany, PLater-Zyberk, Punter, Parolek and others, a new current of thought appears, which reformulates and re-launches, in an always more evident way, the systems of formal control. Between the end of the 1980`s and the beginning of the 1990`s this current appears in a mature way (4) articulating its proposals in a broad array of technical tools: guidelines, manuals, regulations, etc, applicable in the most varied contexts. The use of the control of the form becomes instrumental, even dominating, and also turns to functional questions and, resuming an old tradition of sanitary, environmental urbanism. From the codification of the formal elements (facades of the buildings, recesses regarding the limits of the lot, distance between the “envelope” of the built blocks, relationship between the facade and the road, between built volume and section of the road, form of the ground floor, constructive materials, etc), we get to the conclusion about the definition of the role that those elements have in the construction of the urban environment and, mainly, how they can influence in the human behavior. In this new way of considering the form we have the appearance of definitions and codes that operate in several scales: reflections about the types of buildings, about the rules of grouping of those, and about the composition of the spaces, from the simpler to the most complex and articulated ones, which lead to the definition of the urban compositions considered true and appropriate (5). Between the lines in this new attitude when confronting form is inserted a variation of the concept of environmental sustainability, summed up in the question: can the control of the form induce environmental sustainability in the projects of urban transformation? The urban space represents the habitat of the citizens and can modify, due to its characteristics, the way people use the city; it induces in the observer the perception of the richness of those who live in a certain area, but also shows the possibility of enjoying quality spaces which can lead to a calmer life and, perhaps, a healthier one. Ultimately, it is possible to represent and defend the sustainability with the urban space. In view of the pressure, as for the matter of the relationship between the form of the urban space and sustainability, it is important to consider a “form of sustainability”, or the instruments of the urban project capable of providing a principle of sustainability that is “environmentally pertinent, economically convenient, and socially usable.”(6) The urbanistic projection, from Colin Rowe and his teachings at Cornell University (7) up to the Congress for a New Urbanism, has produced many instruments internal to the process of construction of the urban space and that permit exploring the relationship between individual buildings, not restricted to architecture in isolation, but rather proposing a vision of the whole. It is something actually true when we consider that, in the experiences that are part of the trend referred to above, and it guided to great attention to the street and, in an even more general way, to the common spaces between the buildings. In some case, the codification of those elements is developed in an almost baroque way, using the obsessive measurement of the public space. However, also in the most rigorous experiences, the objective of the proposals appears, which is summed up in the qualitative improvement of the main aspects of the social life: to speak, to walk, to sit, to negotiate. Everything in such a way as to offer an environmentally sustainable life style, reducing emission of greenhouse-effect gases, making electric consumption more efficient, improving the conditions of human health and of the natural environment (air, water, soil). The experiences of urbanistic projection in the local scale (neighborhood planning) are confronted with the theme of the functional diversity, as favoring, in the consolidated urban domains, socially virtuous behaviors besides environmentally sustainable ones. The form expresses some kind of “urban intelligence” (smart cities) in those experiences, prepared to make the transformations of the city resilient and sustainable. The sustainability of the urban development has several levels of complexity. First, the articulation and the scale to which it refers. Certainly we can and must consider the natural resources that are used, such as the systems of green areas, surface and underground waters or the ecological corridors, but in addition to those, working in an anthropized environment, they assumed as much importance as insulation of the collective spaces, the albedo or the effects of the mechanized mobility and, ultimately, the walkability of the urban space: the urban intelligence is perceive from the way of using the city. Formal vs. Informal The urbanistic projection, as it happens in other areas that have as their focus the city and the citizenship (civitas and urbs)(8), assumes those two terms (and their reciprocal relationships) as investigation horizon, stimulating even the redefinition of the very disciplinary paradigms. The appearance of a social demand for “sustainability” (the construction of social-environmental ecologies, especially evident in the informal settlements, the combat to climatic changes, the maintenance of the human health), the hope for a better quality of life in the city (a better place to live) are gradually making the disciplinary devices “green”. The current scope is not to control the growth, but to elaborate city models capable of facing the future challenges: the appearance of new life styles, restructuring of new life styles, restructuring of economic systems, frequently not predictable, of the environmental conditions, also due to the climatic changes and, no less important, the quick (and unequal) world urbanization. Where the settlement appear totally deprived from rules, not only from the formal ones, the relationship between the form and the urban environment has plenty of complexity, but also of disciplinary (besides social) interest. That is the case of “informal” settlements, the great multiplicity of marginal urban zones (slum, favelas, baraccopoli, bidonville, etc), inhabited by a vast low-income or totally indigent population. Is it possible, in this case, to resort to the formal control as a tool for social improvement? Is it possible, as affirms the new urbanism and the form-based codes, to promote the social improvement and, thus, transform the informal settlement in “a good place to live”? It is a complex problem that involves many competences and requires a support policy (9). In the path of change of orientation in the actions in slums and the necessary interventions to make them inhabitable places, many intervention programs have been developed having as their theme the urban project for the informal settlements. In those cases, the hypothesis is that the improvement of the collective space (through public policies) can work as the engine of a more generalized requalification. Some Brazilian universities have introduced in their atelier programs and in their teaching experiences the research of laudable paths of urban projection for the requalification of the slums. Among those, the experience carried out by the “Escola da Cidade” from São Paulo has had great interest, which has opened a Latu Sensu Master’s Course about the projection of the form in the informal city, called Habitação e Cidade (Housing and the City), in whose atelier work experimentations in project solutions for the Jardim Colonial slum could be seen in 2012, theme of the volume 4 of the annual publication of that course. Beyond the consolidation of the housing unit, that experience delves into the improvement of the quality of the collective space and of spaces in the close vicinity. In the observation of the works developed in the aforementioned course in 2012 the need to define flexible typologies of implementation that adapt to the context, whether a morphological or a constructive one. There reference is made to the relationships the complex of the slum has with the “formal city”, whether by the inevitable confrontation, with the risk conditions generated by the “inappropriateness” of the morphological-geological substrate upon which the settlement is supported. Regarding this last topic, some interesting solutions that have been adopted, such as the verticalization of the settlements, external and internal ways to the built area that explore the slope of the are to generate connections in the built tissue of the slum, also exploring daring systems of green areas to reduce the built density an to stabilize the soil of the area. Something special in the proposals formulated in the projects developed in the course has to do with the relationship of the settlements with the water. The hydro-geological risk represents, no doubt, together with the implementation of infrastructure (sewer, public lights, garbage collection), one of the 265 main problems to be solved for the sanitation of the slums. To use risk factor as a project opportunity certainly seems to be something of great interest: controlling the hydric levels with retention tanks integrated to the public spaces and water beds, freeing the areas with steeper slope and consolidating them through the courses and canals in steps represent strong aspect of the projects for the slum developed in the course. Similar considerations can be made regarding the projects for the tender “Concurso Nacional Ensaios Urbanos: desenhos para o zoneamento de São Paulo” (National Tender of Urban Essays: designs for the Zoning of São Paulo), presented in this publication. The projects have as their focus the redefinition of the public space, used as an instrument of formal and functional requalification of the built complex. Not only does the collective space define a formal configuration and draw the limits of the urban perception, but it also configures places for a “hyper-sociality”, stimulating the gathering of people. Aiming such, the project exploration stimulates the redefinition, similarly to the most recent North-American experiences (10), the walkability, through a precise control of the formal results: the permeability of what is built thus becomes an instrument of social sanitation, besides the physical sanitation. It is an acceleration of the natural process of metamorphosis of the city, here regulated by precise codes of project behavior (smart codes). It is also interesting to notice how the formal results are strongly linked to the uses of the city: also in this case the diversibility assumes a social role besides a functional one, and it represents the strengthening of the walkability as an instrument of social recovery. The works presented in this publication show, thus, some progress in the long road to a full understanding of the relationship between form and city and permit making some reflections, as an essay. First, it occurs to avoid the risk of an instrumental use of the informal city to supply to the projects some social sustainability seasoning, also feed by an “over-valorization of the form”, attributing a dominating role to it and, in some cases, an absolute one. Secondly, to avoid the risk of “making poverty a spectacle”, transforming the informal settlement into a tourist “safari”. More than any other risk, however, it is necessary to avoid the greatest one of them all: the idea of inequalities cannot be avoided and, thus, the dilution of the project as a simple practice of aesthetics. The control of the form of the collective space, even though not solving the problems arising from a precarious condition of the settlement, undoubtedly represents a contribution to make a slum if not a good place to live at least and more simply a place to live. (1) Several project actions oriented to the control of the urban form are from this period, such as in the USA the Randolph district in Richmond, the Master Plan for Battery Park City (1979), the “design guidelines” for the “South Residential Area” (Rector Place, 1981) or the definition of a new way to codify the urban form (new urbanism) in the intervention of Seaside; also, in the United Kingdom, the Master Plan for Canary Wharf. 266 About this, see A.P.Latini Falsariga per uma classificazione delle regole della forma nella nuova tradizione anglo-americana, in V.Fabietti, Forma urbana e valutazione ambientale, Sala Ed. Pescara 2013 (2) Ibidem (3) P. Langdon, “A good place to live”, The Atlantic Monthly, Boston, 1988 (4) The New Urbanism is officially born in a congress in Davis in 1991 and the creation of the Congress for New Urbanism is from that period (http//:www.cnu.org/ who we are). The scope of that association is to promote the development of districts that can be covered on foot and to permit for the development of sustainable communities and of “healthier living conditions”. The Form Based Code Institute is born in 2004, which represent the natural evolution of the New Urbanism and of the smart codes, whose first version is produced in 2003. According to A. Latini, op cit (5) The Seaside example, carried out by Robert Davis in 1979 with a Master Pln from Andres Duany and Elizabeth Plater-Ziberk, is a paradigm also in the cinematographic use that was offered in “The Truman show” making it some kind of modern Shangri-La. (6) According to. V. Fabietti Valutazione dell’ambiente urbano, in V. Fabietti, Forma urbana e valutazione ambientale, op cit. (7) Recently in Rome, at the Facolta di Architettura di Roma Tre an interesting congress about Colin Rowe and his role in the renovation of the urban projection was organized, titled “Urban Design and the legacy of Colin Rowe”. See htpp://colinroweconference.wordpress.com (8) To the terms civitas (citizenship) and urbs (city) a third one is added, polis, frequently used as a synonym of city. The term polis, however, referred originally to the city as a place of participation rather than a physical place, and for what is concerned here it refers to urban policies. (9) According to note 8 (10) It is applied to the whole experience carried out by Dan Porolek for Cincinnati Estrutura do Curso Fabrizio Rigout Módulo 4 Adrian Gorilik Coordenadores Gustavo Rebord Palestrantes Luis Octavio de Faria e Silva Jaime Leirner Elisabete França Ruben Otero Marcelo Faiden Jose Maria Delapuerta Maria Teresa Fedeli Eulalia Negrelos Anaclaudia Rossbach Mario Yoshinaga Monitor Atelier Paulo Pellegrino Victor Minghini Alehandro Cohen Sergio Ludemann Cristian Nanze Analia Amorim & colaboradores Pedro Telecki Módulo 1 Palestrantes Banca Final Alexandre Delijaicov Eulalia Negrelos Joana Mello Carlos Barrado Regina Meyer Luis Espallargas Módulo 3 Aguinaldo Farias Paulo Bruna Palestrantes Nilce Aravecchia Pedro Araujo Lara Barbosa Luis Khel Ana Elena Salvi Violeta Kubrusly Jorge Jauregui Atelier Maria Teresa Diniz Luis Octavio de Faria e Silva Grupo de HABI Sul Ruben Otero Marcos Boldarini Maria Teresa Fedeli Juan Pablo Aschner Tassia Regino Banca Final Ana Elena Salvi Atelier Felipe Notto Robert De Paaw Módulo 2 Banca Final Violeta Kubrusly Palestrantes Ana Paula Koury Ines Moisset 268 Robert De Paaw Representantes Caixa Econômica PMCMV Atelier Luis Mauro Freire Marcos Boldarini Banca Final Luis Mauro Freire Analia Amorim Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 116 Habitação e cidade: curso pós-graduação lato sensu Escola da Cidade 2013. / Organização de Luis Octavio de Faria e Silva e Ruben Otero; tradução, Marco Antonio Castilho. – São Paulo: ECidade, 2014. 270 p. : il. ; 19 cm. – (Civilização América ; v.5). ISBN: 978-85-64558-08-3 1. Arquitetura. 2. Urbanismo. 3. Habitação. 4. Política Habitacional. 5. Gestão de cidades. I. Título. II. Série. CDD 711.4 Catalogação elaborada por Edina R. F. Assis Agradecimentos especiais a Anália Amorim e Ciro Pirondi, grandes incentivadores da série Civilização América, da qual faz parte esta publicação. 2014 Direitos reservados à Escola da Cidade São Paulo Associação Escola da Cidade – Arquitetura e Urbanismo Rua General Jardim, 65 São Paulo – SP HABITAÇÃO E CIDADE Tel. (11) 3258 8108 www.escoladacidade.edu.br Organizadores Ruben Otero Luis Octavio de Faria e Silva Projeto Gráfico Três Design Impressão Gráfica Flavio Motta 270