UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Marcelo da Silva Mello Dockhorn ESTRATÉGIA DE SERVIÇOS BASEADA NA RELAÇÃO COM O CLIENTE: UM ESTUDO EM PLANOS DE SAÚDE SÃO LEOPOLDO 2008 2 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Relação dos elementos envolvidos no campo da pesquisa......... 7 Figura 2: Estrutura do modelo "preventivista" proposto............................... 8 Figura 3: Relação entre os eixos de estudo sob o prisma da estratégia..... 10 Figura 4: Síntese do modelo conceitual da pesquisa ................................. 34 Figura 5: Fazes da Pesquisa....................................................................... 37 3 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 2 1.1 O Problema ...................................................................................................... 5 1.2 Objetivo geral ................................................................................................. 10 1.3 Objetivos específicos..................................................................................... 10 1.4 Justificativa ..................................................................................................... 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 13 2.1. Estratégia....................................................................................................... 13 2.2. Fidelização do Cliente .................................................................................. 21 2.3.O Valor ............................................................................................................ 24 2.4. Aprendizado Organizacional........................................................................ 30 2.5. A Pesquisa Existente no Tema Investigado............................................... 31 3 MÉTODO....................................................................................................... 33 3.1. A estrutura conceitual da pesquisa ............................................................. 33 3.1 Estrutura Conceitual da Pesquisa ................................................................ 37 3.2 A Investigação................................................................................................ 38 4 CRONOGRAMA ........................................................................................... 40 5 REFERÊNCIAS............................................................................................. 41 4 INTRODUÇÃO A humanidade, desde seus primórdios, se organiza em grupos com o intuito de atingir objetivos. Com o passar do tempo, essas estruturas têm se alterado, tornando-se mais complexas. Atualmente, a sociedade está repleta de organizações em seus mais variados estratos e segmentos. Assim, uma organização é uma coletividade criada para cumprir uma finalidade e está inserida em um ambiente, sendo que, para o cumprimento de seus objetivos e metas, as organizações interagem com o ambiente influenciando e sofrendo influências do mesmo (MANDELLI, 2003). O aumento da quantidade de organizações fez com que aumentasse também a concorrência entre as mesmas. Isso fez com que surgisse a necessidade, conseqüência, por de parte das estratégia. organizações, Para de Mintzberg planejamento (2001), e, estratégia por é imprescindível como ferramenta de gestão para as empresas. Para o autor, a estratégia é um planejamento, um modelo, onde se olha para fora da instituição, se olha de fora para dentro da instituição e se olha para todas as partes da instituição, e tem como função dar um rumo e focar os esforços. Já para Porter (2002), o maior engano que uma empresa pode cometer é não abordar corretamente os princípios da estratégia. Percebe-se, portanto, que além da busca por conhecimento e constante aprimoramento da organização, surge a necessidade do aprimoramento de técnicas de gestão. No caso das organizações da saúde, por terem o inicio do desenvolvimento de sua gestão mais recentemente, e por sua relevância para a qualidade de vida dos indivíduos, torna-se um campo atraente para a pesquisa, uma vez que instiga diversos questionamentos sobre como se dá a relação entre o comportamento do consumidor e a estratégia de serviços da organização. Tradicionalmente, o modelo de saúde no Brasil apresenta um caráter curativo (Associação Paulista de Medicina, 2004), que pode ser verificado a partir do comportamento comum observado, tanto no que diz respeito à pessoa que só procura um serviço de saúde quando esta doente, como à formação do profissional, que até pouco tempo era centrada na doença (paradigma hoje em 5 transformação). Desta forma, o contato entre o cliente e a organização se dá unicamente neste momento. Atualmente, o modelo assistencial está tomando novos rumos: a relação entre o cliente e a organização de saúde está se tornando mais ampla. Podese descrever este modelo dividindo-o em quatro momentos distintos, porém integrados: proteção, prevenção, cuidado e reabilitação e essa proposta pretende reduzir os custos do setor (PORTER & TEISBERG 2007). Assim, a forma tradicional de atuação do Sistema de Saúde no Brasil, segundo essa classificação, pode ser enquadrado como estando no terceiro momento: o cuidado. Nesse caso, o contato único que acontece entre a organização e o cliente é, em grande parte das vezes, insuficiente para que ocorra uma relação de lealdade e fidelização. A meta de expansão da relação entre a organização da saúde e seu cliente passa por um maior contato entre os atores, uma vez que o estreitamento das relações entre essas partes pode, e deve, gerar um aprendizado por parte da organização como intuito de melhorar suas ações. Assim, é possível que as ações estratégicas gerem um aumento na fidelização e lealdade do cliente, uma vez que essas estão diretamente relacionadas com a percepção, por parte do cliente, da qualidade dos serviços oferecidos. Essa percepção se concentra predominantemente na análise da interação com a empresa e não unicamente na qualidade técnica do serviço prestado. No caso específico do segmento, a interação entre empresa e cliente se dá, ainda, com os familiares que, em muitos momentos, têm grande poder de decisão sobre as ações do serviço. O desenvolvimento histórico das organizações de saúde se deu paralelamente ao desenvolvimento de grande parte do restante da indústria. Desta forma, a percepção do cliente e valorização do mesmo ocorre de forma distinta nos diferentes setores. Assim, poderão ser tomadas como parâmetros pelas organizações de saúde, as experiências desenvolvidas em outros mercados em relação ao desenvolvimento do relacionamento empresa/cliente. 1.1 O Problema 6 No Brasil, a saúde não foi pensada como um direito e sim como um “seguro” vinculado ao trabalho e, desta forma, vinculada à previdência. A partir dessa percepção, pode-se inferir que como “seguro” só é utilizado em casos emergenciais. Portanto, como a ênfase é na doença, e por conseqüência em seu tratamento, perde-se uma percepção global do cliente. Essa forma de entendimento da saúde é aqui denominada como modelo assistencialista. Porter & Teisberg (2007) faz um estudo sobre a realidade em que as organizações da área da saúde estão inseridas e afirma que os altos custos, a inconsistência de qualidade e as limitações de acesso à saúde demonstram que o sistema de saúde como um todo está aquém do desejado pelo mercado. Embora essas observações tenham sido feitas acerca do mercado americano, possivelmente, grande parte de suas constatações podem ser pertinentes e facilmente detectadas no mercado brasileiro. A área da saúde possui características bastante peculiares, principalmente no que diz respeito à relação empresa e o cliente, pois existe uma grande responsabilidade da organização em relação ao cliente e, segundo Londoño (2003), essa responsabilidade estende-se também à família à comunidade em geral. Até mesmo a nomenclatura usada é diferenciada, uma vez que na área de saúde a designação adotada para a pessoa a quem o prestador oferece seus serviços é paciente, ao invés de cliente. No entanto, a conotação dessa palavra talvez não seja a mais adequada para o que se propõe o presente, pois, segundo Ferreira (2004), paciente significa resignado, conformado, que espera serenamente um resultado; pessoa que padece vitima ou que sofre ou é objeto de ação. O que estabelece, no mínimo, uma posição passiva perante a situação de contato entre o prestador do serviço e quem recorre ao mesmo. Já a palavra cliente, segundo Leite (1958), representa a pessoa protegida, afiliado e deriva de uma forma primitiva, clvêre (grafia original), que pode ser traduzida como ouvir. Dessa forma, a designação cliente se aproxima mais do objetivo de se ter uma maior interação entre o prestador e a quem o serviço é prestado. Tal designação não pretende apenas uma alteração na forma como o individuo é tratado, mas sim uma alteração na forma de se perceber o indivíduo frente à situação da saúde como um todo. Passando de uma posição de paciente, na forma mais ampla desta palavra, para uma 7 posição de agente, que busca qualidade de vida através do auxilio da organização. Ou seja, alguém que sabe o que deseja e pode auxiliar a empresa a conseguir suprir suas necessidades e desejos. A partir destas observações, se sugere um estudo que possa contribuir para a compreensão e melhor relação entre o cliente e seu grupo influenciador de compra, sua fidelização agregando valor ao serviço e como conseqüência estratégica, a otimização dos recursos organizacionais, a partir da seguinte questão: COMO PLANOS DE “SAÚDE COMPLEMENTAR” PODEM AGREGAR VALOR AO SERVIÇO ATRAVÉS DO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE? Atualmente, a saúde, se percebida unicamente como atividade da iniciativa privada, apresenta uma relação, na grande maioria dos casos, que pode ser encarada como uma relação entre três diferentes atores. O Cliente/Paciente, a empresa prestadora do serviço (o Hospital/Clinica ou o Prestador individual) e a Empresa de Saúde Complementar ou, simplesmente, Plano de Saúde. Figura 1: Relação dos elementos envolvidos no campo da pesquisa. Os atores interagem exercendo influência mútua no mercado como um todo. Porter & Teisberg (2007) sugerem que se tem necessária uma mudança no modelo de gestão baseado em valor e não como atualmente ocorre, 8 baseado em custo. Sendo o valor verificado de forma ampla na experiência do cliente e não de forma pontual em determinada ação ou procedimento. Os referidos autores também vêem o ciclo de atendimento a partir de validação de risco de doença, passando pelo tratamento em si e finalmente, minimização de recorrências. Essas alterações na forma de percepção do modelo de gestão do negócio da saúde geram a proposição de um diferente Modelo de Gestão. proteção prevenção cuidado reabilitação Figura 2: Estrutura do modelo proposto desenvolvido a partir de Porter & Teisberg (2007) e Alma-Ata (1978). A declaração de Alma-Ata (1978) propõe uma nova forma de se pensar a saúde, independentemente de gestão, assim, aproximando-se as idéias de gestão propostas por Porter & Teisberg (2007), tem-se um novo panorama para a saúde. Desta forma, o problema de pesquisa pretende investigar as etapas apresentadas na figura 2. 1.1.1. Abrangência do estudo: A administração de um negócio de saúde é apontada por Londoño (2003) como complexa. Esta complexidade pode ser explicada como sendo resultante, entre outras coisas, da grande quantidade de profissionais com diferentes formações atuando no mesmo cenário, e o estresse envolvido no segmento. A proposta deste estudo, que procura verificar a contribuição do cliente na otimização dos recursos da organização, apresenta a seguinte amplitude de assuntos abordados: estratégica da organizacional (que representa a forma como será encarado o estudo), passando pela área de marketing (em especial a fidelização do cliente), e Cadeia de Valor. Se percebida a proposta de uma forma mais ampla, pode-se encarar a mesma como uma forma de tangebilização do intangível; ou seja, a mensuração da resolutividade do 9 conhecimento intangível encontrado com o consumidor e sua tangebilização através da adoção deste para a melhoria dos processos e otimização dos recursos existentes na organização. Isto é, a possibilidade de aprendizado organizacional a partir da percepção do cliente. Londoño (2003) propôs que a responsabilidade da empresa do segmento extrapola a responsabilidade pelo cliente, atingindo também sua família e, de forma mais ampla, a sociedade. A responsabilidade especificamente sobre a família do cliente pode ser transformada, para efeitos de pesquisa, em um aprendizado não só com o cliente, mas sim, com os familiares dos mesmos, que por muitas vezes podem exercer grande influência nas decisões do cliente. Porter (1992) deixa bastante clara a relação entre Estratégia e Marketing ao evidenciar a importância das atividades que apresentam relação da empresa com o cliente. O autor sugere que a empresa não tenha a visão simplista de apenas satisfazer as necessidades do cliente, ou ainda que a empresa observe unicamente o cliente para orientar suas ações, mas sim valorize as ações em que existe a interação entre a empresa e o cliente. A proposta de Porter (1992), embora não seja explícita, apontando para a valorização das relações entre a empresa e o cliente, e a possibilidade de melhoria da organização nesta relação, apresenta o aprendizado organizacional a partir da visão do cliente e da compreensão como elemento importante. O autor apresenta um estudo realizado nos Estados Unidos na área de saúde que aponta problemas na forma que ocorre a concorrência. A concorrência é percebida por Porter como uma concorrência destrutiva, que é baseada unicamente em custos. Os custos no segmento são apontados como elevados e, desta forma, é natural que as empresas busquem centrar neles seus esforços de otimização. Porter & Teisberg (2007) alerta que a busca pela redução de custos pode ter como resultado uma queda na qualidade do serviço, que provoca a insatisfação do cliente e, como uma conseqüência adversa ao esperado, um aumento no custo da operação. Por isso, embora, por vezes, vise fins lucrativos, a organização de saúde não pode, em nenhum momento, perder o foco em seu caráter social, que pode não parecer tão óbvio, mas que envolve de forma ampla a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares. 10 1.2 Objetivo geral IDENTIFICAR COMO PLANOS DE SAÚDE COMPLEMENTAR PODEM AGREGAR VALOR AO CLIENTE E ACIONISTA, A PARTIR DA MUDANÇA DE UM MODELO ASSISTENCIALISTA PARA UM MODELO PREVENTIVISTA (MODELO PROPOSTO) QUE INCLUA A CONTRIBUIÇÃO DO RELACIONAMENTO COM CLIENTE. Para tanto, é proposto que o estudo se baseie na compreensão de valor para cliente, fidelização e aprendizado com o mesmo, tudo sob a perspectiva da estratégia. Valor para o Cliente na estratégia de serviço Fidelização do Cliente Aprendizado Organizacional Figura 3: Relação entre os eixos de estudo sob o prisma da estratégia 1.3 Objetivos específicos • Identificar como ocorre o relacionamento entre um plano de saúde e os clientes. 11 • Identificar como planos de saúde percebem as possíveis contribuições dos clientes. • Analisar como os planos de saúde adotam o conhecimento gerado pelo cliente. • Propor como os planos de saúde podem fidelizar o cliente a partir do conhecimento gerado 1.4 Justificativa O problema da gestão de custos no Brasil apresenta particular relevância, frente à realidade social e econômica que se apresenta. A dimensão estratégica de custo é apontada como a forma de competição adotada pelo setor nos Estados Unidos. Segundo Porter (2007), essa forma de competição levou o sistema a uma baixa qualidade e elevação dos custos. Como alternativa Porter & Teisberg (2007) propõe uma nova forma de competição, baseada em valor, que segue os 8 seguintes passos: • O foco deve ser o valor para os pacientes, e não simplesmente a redução de custos. • A competição tem que ser baseada em resultados • A competição deve estar centrada nas condições de saúde durante todo o ciclo de atendimento. • O atendimento de alta qualidade deve ser menos dispendioso • O valor tem que ser gerado pela experiência, escala e aprendizado do prestador na doença/condição medica em questão. • A competição deve ser regional e nacional, não apenas local. • Informações sobre resultados têm que ser amplamente divulgadas para apoiar a competição baseada em valor. • Inovações que recompensadas. aumentam o valor têm que ser altamente 12 Ainda Segundo Porter & Teisberg (2007, p.98): “O objetivo certo para a assistência à saúde é aumentar o valor para os pacientes, ou seja, a qualidade dos resultados para o paciente em relação aos dólares despendidos”. Assim, surge a questão do que é valor para os pacientes? E como este valor do cliente pode contribuir para a organização. Segundo a Associação Paulista de Medicina (2004), no passado, de forma complementar aos serviços de saúde prestados pelas “casas de saúde” e “santas casas”, existia o paciente “particular” do médico, ou seja, o cliente do profissional da área. Atualmente, esse personagem se torna cada vez mais incomum, e os planos de saúde complementar assumiram, de certa forma, esse perfil de cliente. Em outras palavras, aquele perfil de consumidor que anteriormente pagava diretamente para o médico ou hospital, hoje, de um modo geral, tem um plano de saúde complementar. A relação que se dá entre o cliente e o hospital, médico ou qualquer outro profissional da área da saúde é de grande importância, é um amplo campo de estudos para a administração. De forma semelhante, a relação que se dá entre os planos de saúde complementar e as organizações prestadoras da saúde diretamente vinculadas aos tratamentos ou profissionais da área se apresentam como outro campo, porém estes não serão o objeto da análise. O campo escolhido para a realização do presente é a relação que se dá e é construída entre o cliente e a empresa de saúde complementar. Esta relação pode gerar conhecimento para a melhoria do setor de saúde complementar e, possivelmente, possa ser estendido ao restante das instituições da área da saúde. A percepção adequada de o que é valor para o cliente pode propiciar um direcionamento das estratégias organizacionais a fim de propiciar um modelo de gestão e competição mais próximo ao sugerido por Porter & Teisberg (2007), baseada fundamentalmente em valor e não em custos. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para a adequada realização do projeto proposto, é conveniente a adoção de três pilares, apresentados na figura 3: fidelidade do cliente, valor para o cliente, sob a ótica da estratégia. Assim, é importante a compreensão do cliente e, por fim, das operações que são o contato mais próximo entre a empresa e os clientes. 2.1. Estratégia Para Porter (1996), estratégia é a criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de atividades. Se houvesse somente uma posição ideal, não haveria nenhuma necessidade de estratégia. [...] A essência do posicionamento estratégico é escolher atividades que sejam diferentes dos rivais. (p.68) Segundo Porter (2002), estratégia é sinônimo de escolha. É preciso escolher quais as necessidades de quais clientes a empresa quer satisfazer. Assim, Agir estrategicamente é deixar alguns clientes insatisfeitos para que outros possam ficar verdadeiramente contentes. O autor ressalta ainda, que estratégia pode significar planejamento e posicionamento. É um modelo, um padrão que permite manter a coerência ao longo do tempo. O significado mais usual para o termo é o de planejamento, no entanto, outros significados adotados são: direção guia, modo de ação futura, trajetória para ir de um ponto a outro. Prahalad (1989), sugere que seja dada mais 14 atenção à estratégia como um todo, ou seja, uma análise do todo e de cada uma de suas partes de uma forma ao mesmo tempo holística e detalhada, propiciando um panorama adequado do que se apresenta. Atualmente pode-se verificar que existe por parte da grande maioria das organizações a percepção da necessidade algum tipo de estratégia para otimização de resultados. Para (Porter, 2002), ha a necessidade aproximação das relações entre fornecedores, organização, clientes e consumidores tornando as relações externas mais importantes para a sobrevivência da empresa. Isto é, os fornecedores e os clientes podem influenciar na tomada de decisões por parte da empresa Percebe-se, a partir da afirmação, a importância da relação, influência e a necessidade de interação entre a organização, o seu público consumidor e clientes, uma vez que a organização interage com o meio e precisa sobreviver. Se duas diferentes organizações idênticas em recursos atuarem no mesmo mercado, elas se diferenciarão entre si palas diferentes formas de alocarem os recursos e seus diferentes produtos oferecidos. Possivelmente, uma delas apresenta maior êxito que a outra. Qual seria a razão? Segundo a visão economista de Schumpeter (1956), inovar é o que move o capitalismo e estas inovações, quando ocorrem, propiciam a quem as implementa a geração de renda acima do que é possível se esperar se fossem realizadas apenas atividades ordinárias. Assim, pode-se assumir que a inovação representa importante relação com o êxito da organização. 2.1.1. Inovação na Gestão Além da tradicional percepção de que é necessária uma boa posição no mercado, acrescenta-se a necessidade de uma adequada alocação de recursos e, por fim, a necessidade de inovar. Hamel (2006) sugere e trata da necessidade da inovação no ambiente empresarial competitivo, levantando ao seguinte questionamento: “O que a diferencia de outras formas de inovação?”. Ainda sob a analise de Hamel (2006), a empresa precisa de ótimos produtos e ótimos profissionais. Para isso, a empresa deve cumprir ao menos um dos seguintes princípios: princípio novo, que desfia o pensamento ortodoxo de gestão; ser sintética e envolver processos e métodos, e ser parte de um 15 programa de melhoria continua. Baseada nesses princípios, uma realmente nova e radical forma de gerir tem um efeito potencializador das demais idéias, aumentando, assim, a chance de alavancar os resultados. A inovação, para Hamel (2006), é definida como um forte desafio em relação a princípios, processos e praticas tradicionais de gestão. O maior desafio para se tornar um inovador na gestão é produzir idéias realmente novas. Como inovar não é seguir uma fórmula, são sugeridos alguns elementos da inovação na gestão: compromisso com o grande problema de gestão; princípios novos que lancem luz sobre novas abordagens; desconstrução de dogmas da gestão; analogias com organizações atípicas que redefinam limites do possível (Hamel, 2006). Se a organização pode ser percebida e encarada como um sistema social, internamente existe um conhecimento tácito e explicito. Ou seja, o conhecimento formalizado e aquele que faz parte do ambiente organizacional e que está presente nos indivíduos. Seja qual for a forma do conhecimento, a difusão interna do conhecimento de um modo geral, provoca seu potencial desenvolvimento. A busca por uma formalização do conhecimento é conveniente, já que transforma o conhecimento tácito em explicito. A formalização do conhecimento provoca uma maior facilidade de sua difusão e propicia o seu desenvolvimento, através da criatividade das pessoas e criação de novo conhecimento tácito, assim pode-se repetir o ciclo. O conhecimento que gera a inovação não necessariamente tem a origem internamente à organização, é possível que o cliente contribua e aprenda com o produto. A experiência com o uso tem a capacidade de gerar grande qualidade de conhecimento, que a organização pode se utilizar para a melhoria de seus serviços. O conhecimento aplicado em um produto pede ser percebido através de uma de tecnologia, ou em um design que facilite sua utilização, que propicie uma redução em seu uso, que o torne mais eficiente ou mais atraente. Possivelmente, no que se refere ao produto à percepção do cliente em relação à mudança seja de grande importância. A otimização dos recursos pode se dar através da integração entre as diversas áreas de empresa. Berry, Hill e Klompmaker (1995) apontam o cliente como ponto inicial; em segundo momento, o produto e, como ultimo fator da seqüência, as decisões relativas aos processos. Segundo esta ótica, a opinião 16 do cliente é de grande valia para a adequação do produto ao mercado e para a adequada tomada e decisões referente à organização como um todo. Porém, os mesmos autores percebem que é possível o aprendizado organizacional a partir da percepção do cliente e a elaboração de estratégia a partir deste aprendizado. 2.1.2. Competitividade O tema competitividade surge como um complemento a visão estratégica, uma forma de aproximar os rumes estratégicos organisacionais ao operacional. Assim, a competitividade se apresenta sob dois aspectos comumente encontrados na literatura. O primeiro deles é relacionado a uma visão macroeconômica, vinculado a competitividade de nações e empresas de porte internacional, competindo em mercados globalizados. O segundo, tem uma percepção microeconômica. Para o presente é mais conveniente se adotar a definição relacionada ao olhar microeconômico. Segundo esta visão, Chudnovsky (1990, pg 8) Afirma que: “o sujeito - a firma - é claramente identificável e seus gestores são univocamente seus proprietários ou executivos por esses nomeados. Estes por sua vez fixam estratégias e tomam as decisões compatíveis que, em última instância, irão se refletir sobre o volume de vendas, entenda-se, na participação no mercado ou nas margens de lucro, até porque a longo prazo deve-se esperar uma correlação positiva entre essas duas grandezas.” De uma forma mais ampla, segundo Garelli (2000) competitividade é definida como a capacidade de atingir um rápido desenvolvimento sustentado (apud RAMOS, 2001). Haguenauer (1989) percebe a vê competitividade a sob dois aspectos. O Primeiro deles, competitividade vista como desempenho assim, se relaciona de forma objetiva com participação do mercado e o segundo como eficiência, a partir desta óptica, os fatores relevantes para tanto seriam: preços, qualidade, relação preço-qualidade, tecnologia, salários, e produtividade, relacionando às características gerais ou específicas da empresa. 17 Assim, pode-se perceber que a competitividade de uma empresa em seu mercado se relaciona a aceitação da mesma pelo mercado, refletida em sua participação no mesmo e em suas ações internas que refletem na otimização de seus recursos. Se percebida a partir de uma perspectiva mais ampla, a competitividade é um reflexo da interação e da adaptação da empresa ao meio. Um reflexo de como a empresa gere seus recursos, se relaciona com os clientes e como conseqüência obtém seus resultados. 2.1.2 VBR Dentro do tema estratégia, a VBR (Visão Baseada em Recursos) ou Resouce-Based View, é uma teoria que procura explicar porque as empresas alcançam ou não o sucesso, e se a estratégia é, realmente, uma fonte de vantagem competitiva (PROENÇA, 1999). Wernerfelt (1984), Montgomery (1995), Hunt (1997) e Barney (2002), sugerem que a capacidade de desenvolvimento de estratégias que gerem valor de difícil reprodução, gerem competitividade. Essa teoria surgiu a partir da obra realizada por Penrose, em 1959 (WERNERFELT 1984), na qual o autor acrescenta novos elementos que apresentam relevância na relação oferta e demanda e defende que as empresas têm sua sobrevivência, crescimento e sucesso vinculado a suas posses. A expressão “suas posses”, nesse caso, não necessariamente significam propriedade e sim acesso e possibilidades de efetivo uso. Sob outro ponto de vista, é uma proposta de valorização de aspectos internos e externos como fonte de vantagem competitiva. Ainda segundo a perspectiva do mesmo autor, os recursos das firmas continuam escassos, de acordo com a visão tradicional da economia, apontando os ativos tangíveis como fatores importantes para o desenvolvimento. Porém, possivelmente o aspecto de maior relevância seja a percepção de que os referidos ativos sejam percebidos como um potencial para o desenvolvimento e não como fatores de geração de desenvolvimento de 18 forma direta. Desenvolvendo-se essa perspectiva, percebe-se que a forma como a organização arranja seus ativos irá determinar sua vantagem competitiva. Ou seja, a vantagem competitiva se dá a partir dos ativos tangíveis, mas com determinância de seus arranjos, que são intangíveis. Percebendo que crescentemente o uso e a acessibilidade dos recursos se dá de forma cada vez mais comum, BARNEY (1991) ressalta o aspecto de a vantagem competitiva necessitar de recursos, sejam valiosos (sentido de explorar as oportunidades do ambiente em que a firma se encontra), raros (entre as firmas concorrentes), de difícil imitabilidade e não possuírem substitutos estrategicamente equivalentes. . Collis e Montgomery (1995) apresentam, por sua vez, um conceito sintético de VBR, apresentando uma abordagem não restrita apenas ao ambiente empresarial e sim assumindo a relevância do ambiente, estabelecendo o seguinte conceito: A RBV combina a análise interna dos fenômenos que ocorrem na firma (...) com a análise externa da indústria e do ambiente competitivo (o foco central das abordagens estratégicas mais recentes). (...) Os recursos não podem ser avaliados isoladamente, porque seu valor é determinado pela interação com as forças de mercado (p.119-120). Mais recentemente, Hamel (1990) e, posteriormente, de forma aprimorada Hamel (1995), utilizaram a noção de competência essencial. Ou seja, o que e empresa realmente faz ou sabe fazer. Já Teece et al. (1997), percebendo a grande velocidade das mudanças do período apresentam o conceito de capacidades dinâmicas, tratando da capacidade de ou habilidade de renovar as competências em adaptação ao meio. É a capacidade das empresas se renovarem ou modelarem suas competências e ativos que as possibilita manterem-se competitivas em ambientes dinâmicos. 19 2.1.3. As Operações As estratégias nas operações têm como objetivo a otimização do desempenho organizacional, para assim identificar “direcionadores” de vantagem competitiva. Ketokivi e Schroeder (2004) levantam como importantes as condições em que determinadas ações em particular, recursos ou arranjos estruturais se tornam valor para a empresa. Ou seja, é ressaltada a questão do momento propício, as condições do ambiente e ainda é ressaltada a relevância da estrutura organizacional, propícia ou não, para dada opção de estratégia. Slack (1990) complementa essa idéia propondo que as empresas adotem flexibilização para lidar com incertezas, tanto de curto como de longo prazo. A partir dessa forma de perceberas estratégias operacionais, pode-se inferir que a flexibilidade pode ser encarada como elemento estratégico e, assim, entre as possibilidades de adequação da firma encontra-se a possibilidade de alteração da alocação de recursos empregados nas operações. Grande parte dos estudos em estratégias operacionais estão vinculados à interpretação através da VBR que, segundo BARNEY (1991), representa a empresa como um conjunto de recursos superiores que proporciona vantagem competitiva ao longo do tempo elemento tempo. A diferente forma de alocação de recursos cria a heterogeneidade, e isto explicaria os diferenciais competitivos das organizações. Esses diferenciais seriam ativos tangíveis ou não (WERNERFELT, 1984 ... et al., 2007). Assim, Gagnon (1999) aponta que o foco do desenvolvimento de gestão de operações, baseado na VBR, busca o desenvolvimento de novas teorias e sua implementação. Porém, usualmente, este aprimoramento está voltado a questões e soluções especificamente voltadas às operações, tais como gestão da qualidade, just in time e certificações ISO, Desta forma pode-se perceber que as grandes diferenças entre estes dois setores distintos gera uma lacuna interna na organização. Segundo Morgan (2007), a integração da organização no processo de desenvolvimento de um novo produto está baseada na relação de dependência de recursos, verificando a natureza e a interdependência entre as relações nas tarefas desenvolvidas de forma conjunta. Ainda segundo o autor, a partir da análise 20 realizada, foi percebido que a integração entre o marketing e manufatura tem forte efeito sobre o retorno sobre investimento. Possivelmente, as afirmações de Morgan possam ser extrapoladas a outros momentos da organização que não somente ao desenvolvimento do produto. Assim, provavelmente, uma maior integração, com uma percepção mais holística da organização e possibilidade de mobilidade entre as áreas da organização, possa resultar em otimização de recursos empregados. Morgan (2007) aponta como barreiras ao processo a falta de comprometimento das lideranças, a falta de pessoal capacitado, a falta de especificações, as diferenças de linguagem, entre outras. Essas barreiras possivelmente estejam vinculadas à falta de comunicação na organização. Muitas vezes, a empresa se aproveita de melhorias oriundas do ambiente externo, como de fornecedores, canais de distribuição e clientes, porém, o fato de a empresa possuir tais informações não necessariamente significa que elas tenham seu máximo aproveitamento dentro da mesma. Mas, se a organização for percebida de forma ampla, como um todo, por cada uma das partes, com um objetivo comum e não como um aglomerado de setores concorrentes, possivelmente, haverá uma maior integração. Por esta razão, Padovese (2000) sugere que as empresas que buscarem uma maior integração terão como conseqüência uma alteração da percepção da gestão, passando de um ponto de vista da hierarquia funcional para uma estrutura de interdependência e inter-relação entre as várias unidades, atividades e processos dos vários processos de negócio. A necessidade de integração pode ser justificada, também, pela necessidade de respostas rápidas ao mercado que vem tendo crescentemente a velocidade de obsolescência de seus serviços e produtos aumentada (Vanti, 2004). Assim, a tomada de decisões na organização como um todo e em cada um de seus setores, possivelmente venham a obter melhores resultados organizacionais se forem levadas em consideração as diferentes perspectivas existentes nos diferentes setores da empresa. No caso da organizações de saúde, a competição deve estar centrada nas condições de saúde durante todo o ciclo de atendimento. Porter & Teisberg (2007) expõem que o valor de dado serviço é criado por quão bem eles 21 atendem os pacientes e, assim, a competição se dá ao nível de condição de saúde. Dessa forma, a percepção do cliente como um todo é importante, compreendendo de uma forma ampla a realidade deste, e não a saúde ou a doença. Assim, para o presente, estratégia que será adotado é a escolha que se difunde para todos os níveis da organização, levando em consideração o ambiente como um todo e pode gerar vantagens competitivas. 2.2. Fidelização do Cliente A percepção de BERWICK, GODFREY e ROESSNER (1990), existem inúmeras fontes para que exista a melhora do serviço de saúde, porém, a melhor são os próprios pacientes. O consumidor ou cliente pode ser encarado como a unidade básica do mercado, sua compreensão permite, portanto, um melhor conhecimento deste. A percepção dos clientes pode, mesmo que de forma imperfeita, representar a percepção do mercado, uma vez que o cliente percebe o valor dos produtos e serviços oferecidos ou consumidos e, a partir desta percepção, a organização pode procurar adequar seus recursos a fim de propiciar a otimização dos mesmos. 2.2.2. Relacionamento Empresa Cliente e Marketing de Relacionamento A idéia de Marketing de Relacionamento se adequada à linha de pensamento que, segundo Wilson (1995) era conhecido há muito tempo: a idéia de rede de relação entre empresa e cliente. Essa é uma percepção ampla que vê o cliente como parte deste ambiente de rede em que atua, influência e é influenciado. Esse envolvimento transforma um simples comportamento de compra em um indivíduo satisfeito em lealdade. Dessa forma, o valor percebido 22 pelo cliente não é apenas o valor oferecido pelo produto ou pelo serviço em si, mas sim o valor percebido através da relação entre o cliente e a empresa. Yan (1998) sugere que, em determinadas situações de compra, o cliente não tem elementos para avaliar de forma adequada muitos aspectos da compra, em especial aspectos técnicos, e isso pode eventualmente gerar insegurança. Mas a avaliação dos momentos de interação em si podem ser avaliados pelo cliente, e isto pode gerar valor a ele. O Marketing de Relacionamento é adequado a área em estudo, pois aspectos técnicos são de difícil avaliação e podem ser considerados premissas para que exista a possibilidade de fidelização do cliente. Autores como HUNT, (1994) e PERRIEN e RICHARD (1995) reconhecem a imprecisão do termo, mas assumem que esta nova forma de Marketing buscam a aproximação entre a empresa e o cliente. Morgan e Hunt (1994) mostram como variáveis de grande relevância o comprometimento e a confiança para o bom relacionamento entre cliente e empresa. A aproximação entre cliente e empresa pode, além de gerar a fidelização do cliente em si, gerar a possibilidade de compreensão do que é valor para o cliente e, como conseqüência, a aplicação para o mercado ao qual se deseja entender. Sob o ponto de vista de Marketing, essa relação faz sentido, porém precisa fazer sentido para a organização como um todo. A lealdade do cliente a uma empresa, esta relacionada com o produto (ou serviço) e pelo relacionamento que tem com a instituição e isto reflete nos resultados da organização (Wilcox e Gurau, 2003). 2.2.4. Cliente e Fidelidade Comumente, as empresas têm sua atenção voltada ao mercado e não ao cliente. Essa forma de perceber pode gerar a perda do próprio mercado, através de uma desatenção para com o cliente, que é a representação unitária do mercado. De uma forma geral, a fidelidade do cliente, a partir de Jacoby e Chesnut (apud McMULLAN e GILMORE, 2003), é um comportamento resultante de uma relação de preferência por alguma marca em detrimento às demais similares. 23 Esse comportamento é decorrente de um processo de avaliação e decisão e é delimitado por dado período de tempo. A percepção de Vavra (1993) mostra que um maior nível de satisfação do cliente leva a uma elevação no grau de retenção dos mesmos, uma fidelização do cliente e, como conseqüência, uma otimização de recursos através de maximização de lucros. Ainda segundo o mesmo autor, existem algumas características que confirmam esta afirmação: • 4% dos clientes insatisfeitos reclamam, entre os que não reclamam, uma média que varia entre 65% e 90% não retornam. • A conquista de novos clientes custa em média cinco vezes o custo de retenção de clientes • As empresas perdem normalmente entre 10% e 20% dos clientes por ano. • A rentabilidade individual de cada cliente tende a aumentar ao logo do ciclo de vida dos clientes retidos. Outra prática comum em muitas organizações é a ênfase na conquista de novo clientes e relativa negligência em relação aos já conquistados, dentro de uma percepção, muitas vezes equivocada, de que sua contribuição é certa. Desse modo onerando de forma indireta a venda. Os mercados, nos mais diversos segmentos, têm apresentado, nos últimos anos, um grande aumento na concorrência e uma crescente fragmentação do mercado. Kotler (1999) aponta a necessidade de as empresas terem estratégias voltadas para a manutenção de clientes. Cabe ressaltar, ainda, que segundo Vavra (1993) a relação empresa cliente é uma relação de troca, percebida por ambas as partes como justa de valor e informação que gera benefício a ambos. Vista dessa forma, é uma relação de escolha mútua. O autor observa como objetivos das ações da empresa que visam a fidelização a construção de relação duradoura com todos os clientes e adota como denominação o Pós-Marketing, que é o processo de proporcionar satisfação contínua e reforço aos indivíduos ou organizações que são clientes atuais ou já foram clientes. No caso específico do setor estudado, o conceito pode ser um pouco estendido, ou seja, não é apenas o retorno do cliente, mas sim um contato 24 mais próximo que propicie a prevenção de possíveis futuros retornos aos prestadores do serviço de saúde propriamente ditos. The Philosphy of Loyalty, de 1908, Josiah Royce; Reichheld (1996), (apud Lazarini 2005), propõe que a fidelização do cliente siga uma hierarquia, que tem como base os indivíduos, em um nível seguinte estão os grupos e, em ultimo nível, estão os valores práticos e princípios. O segmento observado apresenta o nível intermediário representado em muitos casos pela família do paciente, assim a partir de um dado plano familiar, é possível que surjam novos clientes individuais e, posteriormente, novo plano familiar. Lazarini (2005) aponta para a possibilidade de uma abordagem mais psicológica do cliente. Segundo esta percepção pode-se distinguir três componentes claramente discerníveis: cognitivo, afetivo e comportamental. O primeiro aspecto apontado, o cognitivo, se refere à forma como o indivíduo tem suas crenças e como estas são expressas, como é a visão particular, em especial, em relação ao produto ou serviço. O segundo aspecto ressaltado é o afetivo, ou seja, a forma positiva ou negativa que cliente sente o serviço ou produto. O ultimo elemento, o comportamental é decorrente dos dois anteriores. Essa seqüência apresentada descreve ainda a maneira através da qual se dá a adesão. Engel Blackwell e Miniard (1995) apresentam uma quarta etapa para a fidelização do cliente, na seguinte seqüência: os consumidores se tornam leais imediatamente em termos cognitivos, depois de forma afetiva; bem posteriormente, de maneira conativa, e, finalmente, de forma comportamental. Em cada etapa de fidelidade, o cliente apresenta uma vulnerabilidade característica, que deve ser percebida e contornada. 2.3.O Valor Inicialmente, o conceito de cadeia de valor é um conceito que se faz adequado ao presente estudo pois relaciona se percebe os diferentes elementos envolvidos no processo das relações, especificamente como os 25 clientes valorizam ou não o que a organização oferece ou deixa de oferecer em sua relação. 2.3.1. Valor para o Cliente A discussão sobre o tema teve origem, segundo Oliveira (2005), entre o final dos anos 70 e inicio dos anos 80 do século passado. Em 1986, o livro Creating Shareholder Value trouxe proeminência para o tema. Koller e Murrin (1990) afirmam que a criação de valor é algo altamente desejável por parte de uma empresa e reflete na obtenção de benefícios para acionistas, clientes, fornecedores, empregados, sociedade, entre tantos. O tema valor, nos últimos anos tem tomado crescente importância, porém os conceitos utilizados podem apresentar abordagens distintas. Em Mello (2008) são apresentados os três diferentes conceitos usualmente adotados para o termo. O primeiro deles é o mais adotado na literatura e representa o que o cliente ganha ao adquirir determinado produto ou serviço, é uma comparação entre o que o cliente gasta e o que recebe, ou seja, uma relação de custo-benefício. Essa relação refere-se a dinheiro, e os mais diversos aspectos de custos físicos ou psíquicos, ou seja, é algo não só objetivo como também subjetivo. O segundo é o valor dado pelo cliente para a organização como um todo durante todo o tempo em que o mesmo representa o papel de cliente. Essa percepção é uma forma de tangebilização do intangível, ou seja, qual o numerário representativo dos ativos intangíveis pertencentes à organização. O terceiro significado para valor apresentado por Mello (2008) é baseado na escola da psicologia social, aborda o aspecto do valor relativo à própria condição da existência humana em suas relações sociais, assumindo que as pessoas alcançam seus valores pessoais através de algumas ações ou atividades específicas, dentre as quais o consumo (p.39). 26 O conceito de valor pode ser divergente, ou seja, uma mesma palavra representar diferentes significados. Wittgenstein (2005) sugere que as palavras, "nomes", não têm representação por si só, mas o seu significado é construído através do uso adotado, variando de acordo com a comunidade onde o mesmo é adotado, variando significado ou sentido. Porém em uma visão pragmática e objetiva do significado de valor é possível a percepção de elementos em comum, entre eles. A tangebilização do intangível, através de uma interpretação do cliente se faz presente de forma mais ou menos forte nos diferentes conceitos. O segundo aspecto que pode ser verificado é a questão do valor percebido pelo cliente versos o que a organização oferece. Assim surge o quanto o cliente está disposto a pagar a pelos produtos ou serviços ofertados. Esta representação não representa apenas o que a empresa pode ou não receber em troca de seus serviços ou produtos, mas também, de forma menos explicita, o quão satisfeito um cliente está em relação a determinado produto, serviço, atendimento, serviço de pós-venda, ou seja, uma satisfação em relação à empresa como um todo. 2.2.1 Valor Percebido Pelo Cliente Valor percebido, tem procedência na Economia e na Psicologia. Primeiramente, sob o enfoque da Economia Clássica, o valor percebido pelo cliente tem relação com a sua utilidade, o que gera a demanda e, como conseqüência, existe a formação do preço. Para a Psicologia, esse conceito tem relação com os valores individuais de julgamento e escolha. O consumidor, baseado no principio básico da Economia, ou seja, nos recursos escassos e necessidades ilimitadas, distribui seus recursos de forma a obter o máximo de retorno possível com seus limitados recursos. Baseado nesse princípio, o preço está calculado não no custo do objeto, mas sim na sua utilidade. É possível verificar que, mesmo que não apresentado de forma explícita, o conceito de intangível está presente. Pode-se perceber que tal conceito em Economia tem relação com satisfação, expressa através da utilidade e da tentativa de maximização de 27 recursos. Kotler (1970) critica essa percepção por apresentar apenas aspectos relacionados à renda e à completa racionalidade do consumidor. O autor ressalta que isto é apenas uma pequena parte da "caixa preta" que considera o consumidor. Para Skinner (1966), a teoria behaviorista procura estudar o comportamento do consumidor, afirmando que o ser humano é “uma página em branco” que, ao longo do tempo, com seu desenvolvimento é preenchida, com a interação com o ambiente. Assim, os estímulos oferecidos pelo ambiente geram respostas que serão recompensadas ou punidas, reforçando ou extinguindo comportamentos. Desta forma, se aprenderia a repetir certos atos, enquanto deixar-se-ia de praticar outros, moldando o conjunto de comportamentos que, somados, constituem a conduta do individuo frente ao mundo. Ainda dentro das percepções psicológicas do consumidor, emerge a teoria cognitivista, que critica a relação direta entre os aspectos anteriormente mencionados e acrescenta outros elementos: o esperado (expectativas) e a relação com experiências anteriores, que estão relacionados com a satisfação. Se percebido a partir da ótica do Marketing, que se dá da mesma forma que a percepção da economia, a relação se dá na troca, mas é dada ênfase nas possibilidades de escolha do cliente. Além do fator utilidade, são levados em consideração fatores culturais ou individuais que influenciam na escolha do produto, além do preço. Segundo essa linha de pensamento, Richins (1994) afirma que algumas pessoas podem realizar escolhas por seu gosto pessoal independentemente do preço. Peter Druker, já em 1973, ressaltava a noção de “valor para o cliente”, onde o cliente é o valor central, de onde se originou a orientação do mercado. Porém, mais recentemente, essa visão passou a fazer parte de uma percepção mais ampla, sem perder, no entanto, a sua essência. Assim, Levitt (1990, p.), afirma que "a satisfação do consumidor é, para as empresas, o único meio de conseguir obter e manter clientes. Constitui, portanto, um objetivo imprescindível para as organizações." Outros autores, como Monroe (1990) concluem que a percepção dos “compradores de valor”, representa a troca “entre os benefícios ou a qualidade que eles percebem no produto relativo ao sacrifício que eles percebem ao 28 pagar o preço” (do produto). Oliver (1997) propõe que as expectativas, necessidades, qualidade, iniqüidade e arrependimento constituam padrões comparativos, que atuam em paralelo. Essa percepção ampla engloba as diversas faces percebidas anteriormente, conforme a teoria clássica da economia; aspectos como expectativas e arrependimento, oriundos da psicologia. O aspecto arrependimento se relaciona diretamente com as expectativas e experiências anteriores. E, por fim, ressalta que atuam como paralelo, ou seja, ambos os aspectos apresentam relevância para a compreensão do tema. Após a verificação dos conceitos e teorias abordadas pode-se supor que a satisfação do cliente, ou seja, o “valor percebido” pelo mesmo, está relacionado com os benefícios, custos tangíveis ou não específicos da relação de troca estabelecida. O cliente, assim, tem sua percepção e como conseqüência dá valor ao produto ou serviço após sua realização, baseado em suas experiências anteriores, cultura e com a transação realizada. A quantidade de variáveis envolvidas no ambiente organizacional é grande e muitas delas não podem ser controladas. Existe, no entanto, alguma possibilidade de controle ao se buscar a otimização do desempenho organizacional, que pode ser realizada pela adequação de recursos internos. Pode-se, ainda, encarar os clientes como uma variável de difícil controle ou incontrolável e as operações como controláveis. Sob esse ponto de vista, Gerwin (1986) que a organização que enfrenta as incertezas, no caso, os clientes, podem se flexibilizar para a otimização de seu desempenho. Os altos custos verificados no segmento estudado, de uma forma generalizada, não significam uma maior eficiência, resolutividade ou mesmo uma maior abrangência de cobertura para os clientes ou mesmo no volume desses. Segundo Porter & Teisberg (2007), existem diversas formas de gastos que não geram valor ao cliente. Londonõ (2003) aponta ainda a existência dos avanços tecnológicos e a complexidade de gerência. O desenvolvimento tecnológico, em grande parte das vezes, proporciona, paralelamente, uma elevação dos custos hospitalares, sendo que essa elevação se propaga por todas as instituições envolvidas nesta cadeia de serviços. Por outro lado, a grande quantidade de diferentes áreas profissionais explicam a complexidade do ambiente de gestão. Desta forma, 29 considerando-se as características do segmento, além da concorrência, os custos altos e crescentes enfrentados pelos diversos segmentos de mercado de instituições da área da saúde e a complexidade de gestão, torna necessária, o constante aprimoramento de suas técnicas de gestão. Assumindo-se o ponto de vista de vista de Nonaka (2005), em uma primeira análise, pode-se supor que o lucro é a razão fundamental da existência da empresa, mas não é a única. Na mesma obra, são ressaltados diferentes objetivos da organização que podem resultar em maximização de lucros. Isto é, a realização de bons serviços e a entrega de bons produtos podem gerar maximização de lucros, mas mais do que isso, fazem parte da cultura da empresa e ainda podem ser a razão da existência da organização. Se percebida de uma forma mais ampla, a cultura da empresa pode gerar a maximização de seus resultados. Segundo Porter & Teisberg (2007), outros fatores são apontados como relevantes, ainda relacionados com a prestação do serviço propriamente dito, como o tempo de recuperação e a qualidade de vida do paciente. O autor aponta alguns aspectos referentes à qualidade de vida, sejam eles: a independência, o controle da dor, a capacidade de locomoção e o bem estar emocional durante o tratamento. O foco dado ao valor e não aos custos, procura priorizar o que é valor para o cliente e não para o prestador do serviço. Essa percepção inverte a forma tradicional, onde o a valorização era dada aos serviços prestados, ao plano de saúde, ao médico ou hospitale não ao bemestar e satisfação real do paciente. Em suma, "Valor", é aqui encarado como a percepção de Rokeach (1968) onde apresenta como algo que guia julgamentos e ações, além das expectativas imediatas que podem ou não ser conscientes um “padrão de critérios”. Estes valores são apreendidos socialmente e direcionam crenças atitudes e comportamentos. 2.3.1. A Cadeia de Valor Propriamente dita Cadeia de valor definido por Kaplinsky (2000) é tida como um arranjo completo de atividades requeridas para viabilizar dado produto (ou serviço) 30 passando por todas as etapas, desde a concepção, passando pela produção, até a entrega ao consumidor final e sua disposição após o uso. Elementos teóricos Estratégia: serviços Autores e Operações Porter & Teisberg (2007) Porter (2002) Hamel (2006) O Cliente Kotler (1999) Vavra (1993) Morgan e Hunt (1994) Cadeia de Valor Skinner (1966) Kotler (1970) Druker (1973) Quadro 2: Autores para o modelo de pesquisa 2.4. Aprendizado Organizacional O aprendizado aqui apresentado se refere de forma generalista em relação ao aprendizado tanto tácito, como explícito, individual ou coletivo. Løwendahl et al. (2001) sugere que existem três componentes fundamentais para o processo de desenvolvimento do conhecimento: domínio das escolhas, prestação de serviços, e os recursos base da empresa. A empresa pode, em uma das formas de aprendizado organizacional, procurar gerir o conhecimento e buscar o aprendizado com o intuito de aumentar o nível de controle sobre seus ativos (Morris 2001) O conhecimento gerado e gerido pode proporcionar um aprendizado organizacional e assim, pode-se supor que se for adequadamente gerido é possível a gerar ou agregar valor para a organização. Seguindo-se essa linha de pensamento, o domínio do processo de aprendizado organizacional pode gerar, gerir, desenvolver e controlar seus recursos de forma mais efetiva e,conseqüentemente, gerar valor. 31 O processo de gestão do conhecimento e aprendizado institucional apresenta uma grande diferença em relação ao processo de gestão de bens tangíveis, já que, por sua natureza, eles não podem ser influenciados de forma direta. Esse processo se dá através da gestão de pessoas e processos e assim de forma indireta se gera o aprendizado organizacional. Desta forma o aprendizado organizacional se propõe a dar suporte à atuação profissional e apoio à tomada de decisões estratégicas, contribuindo de forma ampla para se atingir aos objetivos e metas organizacionais. 2.5. A Pesquisa Existente no Tema Investigado O tema investigado ainda apresenta campo propicio para o desenvolvimento cientifico. A relação entre o cliente e empresas de saúde não se da apenas através de empresas de saúde complementar, a partir disto é pesquisas no restante do segmento, ou na área de serviços podem apresentar relevância para o desenvolvimento do presente tema. A relação entre prestador de serviço de saúde e cliente se da em vários outros momentos. Assim, Borges 2007, realiza um estudo qualitativo e exploratório relacionando a gestão do conhecimento e o ambiente hospitalar; verificando como esta gestão pode propiciar a adesão do paciente cardíaco em tratamento, ou seja, como é possível a fidelização do cliente com a gestão do conhecimento. No estudo Mencionado, Borges 2007 verifica a necessidade de aproximação entre os níveis institucionais e os clientes, confirmando a constatação de Porter (2002), onde verifica a existência da necessidade de aproximação das relações entre a organização, clientes e consumidores ressaltando a importância das relações externas da empresa. Urdan e Huertas (2003) visitam o tema da percepção do paciente em relação à esfera da qualidade na realidade brasileira, e tem como campo consultórios médicos. No referido artigo Urdan e Huertas (2003) afirmam que a partir da visão de HOWARD, (1977) que as percepções dos pacientes são 32 subjetivas ou seja o que exerce influencia é o que é percebido e não a qualidade em sí. Urdan e Huertas (2003) concluem que:”Neste cenário, a ligação entre médico e paciente reclama uma mudança de foco, de transacional (dita como uma pseudo interação) para um genuíno relacionamento, marcado por maior envolvimento do paciente e compartilhamento bi-direcional” p.:11 e Apontam a necessidade de verificar novos aspectos desta relação. O estudo de Fosstenløkken (2003) que utilizou o modelo proposto consistiu em uma investigação qualitativa com o objetivo de obtenção de um panorama amplo e identificar as relações existentes. O elemento individual da pesquisa foi o profissional com experiência com o desenvolvimento do conhecimento. Foram realizadas pesquisa com interações de forma semi estruturada e observações das interações entre o profissional e o cliente. Embora o referido estudo não possibilite uma generalização ou conclusões claras, sugere que o cliente ou a interação da empresa cliente pode ser crucial para o desenvolvimento na gestão de serviços. São levantadas algumas questões sobre a relação com o cliente, como: O que é o ‘ideal’ para o cliente? Qual o tipo ideal de relação da empresa com o cliente? Ou como a empresa balanceia o conhecimento individual e as necessidades de desenvolvimento da empresa? 33 3 Método 3.1. A estrutura conceitual da pesquisa Para a presente pesquisa, o importante é a alteração da concepção do negócio de saúde e, em especial, a competição para o setor como um todo. Isto é, a busca pelo valor ao cliente do sistema. No caso da organizações de saúde, a competição deve estar centrada nas condições de saúde durante todo o ciclo de atendimento. Porter & Teisberg (2007) expõem que o valor de dado serviço é criado por quão bem eles atendem os pacientes e, assim, a competição se dá ao nível de condição de saúde. Dessa forma, a percepção do cliente como um todo é importante, compreendendo de uma forma ampla a realidade deste, e não a saúde ou a doença. O atendimento de alta qualidade menos dispendioso pode ser encarado como um melhor aproveitamento dos recursos existentes, tanto do ponto de vista tecnológico, como do da necessidade de uma melhoria do processo de gestão. Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico pode gerar uma redução de custo no processo de saúde como um todo e não apenas em intervenções pontuais e agudas. O valor tem que ser gerado pela experiência, escala e aprendizado do prestador na doença/condição média em questão. O valor pode ser gerado através de uma habilidade especifica da organização, e não da abrangência de seus procedimentos. Em primeira análise, pode-se supor que isso pode gerar uma redução de escala da operação, mas pode-se criar redes entre as organizações de forma a otimizar suas vocações. A competição deve se regional e nacional, não apenas local. Cada instituição deve buscar a sua vocação, não pensando apenas na comunidade onde esta inserida, mas de forma mais ampla com uma área de abrangência maior e assim buscando volume para a sua operação. As informação sobre os resultados têm que ser amplamente divulgadas, para apoiar a competição baseada em valor. O paciente tem sua decisão baseada em um conhecimento 34 prévio, que só pode ser obtido através da comunicação. A excelência de determinado serviço ou organização pode servir como auxilio para uma escolha se esta for do conhecimento do cliente. Esse conhecimento pode chegar de muitas formas ao cliente, entre elas, através do próprio médico. O importante é que essa informação chegue ao público visado. O modelo proposto para a análise e desenvolvimento de conhecimentos e processos de criação de valor nas empresas de serviços profissionais, modelo leva em consideração Escolhas estratégicas, a prestação do serviço e a base de recursos disponíveis da empresa tangíveis ou não. Løwendahl et al. 2001 assume que quanto melhor é a gestão dos recursos da empresa, melhor será o resultado, a autora assume que como tantos outros o conhecimento pode ser encarado como um recurso e da mesma forma que os demais quanto melhor for sua gestão melhor serão os resultados obtidos pela organização. A autora sugere que não é possível criar ou gerir o conhecimento em si, mas sim, as pessoas e processos, dos quais o conhecimento é gerado. Estratégia O que, Onde, Para quem, Como entregar? Expectativas do cliente Características da entrega Credibilidade da empresa Conhecimento Conhecimento Individual/ coletivo Tangível Serviço Cliente Intangível/Valor Tecnologia de entrega Tangível Viabilisadores Limitadores Aprendizado com o Cliente Execução Fidelização/Lealdade do Cliente Competência Organizaconal Figura 4: Síntese do modelo conceitual da pesquisa Conseqüências 35 Em uma fase de projeto, a definição estratégica escolhe: "O que" será oferecido como serviço, "Onde" ou seja a estrutura física como um todo, "Para quem" que representa a escolha de seu publico alvo e clientes em potencial. O planejamento da interação do cliente com a empresa, terá que conhecer as expectativas do cliente, ou o que o cliente espera, suas expectativas; e para uma adequada aceitação do dado serviço, a imagem que existe da empresa para o cliente. A estratégia aplicada a execução do projeto verifica o conhecimento disponível para a viabilização do serviço, a existência e disponibilidade da estrutura tangível da empresa e a tecnologia adequada para sua realização. Na adequada entrega do serviço: o cliente percebe o conhecimento individual e/ou coletivo, momento em que é propicia a troca de conhecimento. A poderá ocorrer troca de conhecimento e verificação dos valores por ambas as partes e sua avaliação. Esta interação baseada em valores, pode gerar conhecimento adequado a melhoria da entrega. Ao mesmo tempo o cliente tem contato com a estrutura tangível possibilitando a avaliação e sua possível adequação. A realização da estratégia em relação ao cliente, passando pela realização do serviço, apresente limitadores, que dificultam a realização de forma plena do idealizado. Ou seja, a percepção do cliente não necessariamente será planejado na estratégia da organização. Por outro lado, a partir da percepção do cliente, surgem viabilizadores, que indicam o que é possível ser adequado dentre as opções estratégicas para a aproximação do cliente. Como conseqüência disto, pode-se ou não gerar aprendizado na organização e como possível conseqüência a fidelização do cliente. Assim, a partir do quadro pretende criar uma análise da criação de conhecimento e valor. Este modelo é adequado tanto para processos como para a criação de serviços e possibilita a criação de valor para o cliente e ainda melhoria de processo, o que gera indiretamente a criação de valor, não só para o cliente, como para a própria empresa e todos os demais envolvidos. São ressaltados dois diferentes aspectos: em um primeiro momento, o cliente pode ser convencido a partir de determinada proposta de serviço 36 apresentada pela empresa, baseado no tipo do projeto e características da entrega. Sob outro pondo de vista, a credibilidade, o relacionamento e tradição, são relevantes para o êxito de projetos em áreas específicas do mercado. Assim alguns aspectos são relevantes. Qual o perfil de clientes priorizado pelo projeto, quais os fatores críticos para a entrega e desenvolvimento. A clareza dos objetivos estratégicos pode garantir o adequado apoio para o ciclo do desenvolvimento As inovações que aumentam o valor têm que ser altamente recompensadas. Algumas vezes, a inovação é associada ao aumento de custo. Isto acontece de forma particular se pensarmos na área de saúde. Porém, Porter & Teisberg (2007) ressalta que o problema não é a inovação em si, mas sim a falta de competição nos resultados, e a compreensão real da necessidade desta inovação. A partir do verificado pode-se propor os seguintes Pressupostos como parte da pesquisa: 1: As empresas da área de saúde se utilizam do conhecimento do cliente para otimizar os recursos da organização de forma estratégica. Em alguns segmentos do mercado, as organizações utilizam o conhecimento como uma forma de maximização de seus recursos, ou seja, existe a conscientização de que o consumidor tem algo mais a oferecer para a organização além de sua capacidade de consumo. O conhecimento pode estar presente de inúmeras formas na organização, da mesma maneira que pode ter inúmeras origens. Mais especificamente, o conhecimento gerado pelo consumidor tem a capacidade de influenciar estrategicamente a organização. 2: A estratégia gerada a partir do conhecimento do cliente influi nas operações da empresa. A estratégia organizacional está presente nos mais diversos níveis da organização, assim como a estratégia tem as mais diversas origens, o que a 37 organização conseguiu assimilar em nível estratégico a partir do consumidor se reflete diretamente nas operações da organização. De uma forma mais direta, o que o cliente percebe como se o valor se reflete diretamente sobre o serviço prestado pela organização. A adequação da metodologia é fundamental para a correta conclusão dos resultados da pesquisa a ser realizada. O processo seguido para se atingir objetivos válidos de forma objetiva e garantido resultados científicos deve ser adequado ao rumo a ser seguido, minimizando erros e embasando as decisões tomadas. (LAKATOS e MARCONI, 1991). Em um segundo momento, a interpretação cientifica dos dados levando em consideração a adequação do método deve ter presente os objetivos e limitações do estudo. Essa adequação é a forma mais correta de se conseguir controlar a pesquisa, segundo Roesch (1999). 3.1 Estrutura Conceitual da Pesquisa Inicialmente, a pesquisa tem por objetivo realizar a descrição de uma realidade existente no mercado de serviços de saúde. Assim, a pesquisa realizada será exploratória, transversal e única, segundo Hair (2005). A pesquisa será qualitativa e exploratória em empresas de saúde complementar, que tem por intuito a identificação dos elementos influenciadores do tema, bem como as variáveis envolvidas. Como instrumento de pesquisa será realizado um questionário semiestruturado que possibilite a identificação adequada das respostas em relação às hipóteses levantadas e, ao mesmo tempo, propiciando abertura para a identificação de novas variáveis relevantes. Apropriando a adequação da ferramenta à realidade do ambiente, bem como a viabilidade e adequação de sua interpretação. Em seguida, será realizada a preparação, o tratamento e a apresentação dos dados. Os Pressupostos inicialmente identificadas podem sofrer alterações em função da realidade ambiente encontrada no campo da pesquisa, porém inicialmente, tem-se: 38 Pressupostos 1 As empresas da área de saúde utilizam-se do conhecimento do cliente para otimizar os recursos da organização de forma estratégica. 2 A estratégia gerada a partir do conhecimento do cliente se reflete nas operações da empresa. Tabela 1: Pressupostos 3.2 A Investigação Conforme visto na figura 1, a relação se da entre Hospitais, Planos de Saúde (ditas Empresas de Saúde Complementar) e Clientes. Porém, o foco do estudo se Dara entre os clientes e as Empresas de Saúde Complementar. Os casos estudados, alvos do presente estudo, são empresas de saúde, especificamente planos de saúde complementar. O estudo será realizado em três cooperativas médicas, de diferente cidades do estado do Rio Grande do Sul. Com a intenção de representar o campo, serão estudadas as Unimeds do estado a partir de sua federação. Os casos estudados pretendem ser elucidativos do setor. Para que se possa obter respostas adequadas às expectativas do estudo, será solicitado que o respondente seja alguém que detenha o conhecimento em relação a relação cliente empresa em um nível estratégico. O estudo será dividido em dois diferentes momentos. O primeiro, um estudo de caso, da Unimed POA, que servirá ainda como pesquisa inicial, qualitativa para a segunda faze, quantitativa, que abrangerá a s demais filiadas da federação no estado. 39 1ª Fase, Estudo do Caso Unimed – Federação RS 2ª Fase, Quantitativa Unimed POA Unimeds Federadas Unimeds Federadas Unimeds Federadas Unimeds Federadas Figura 5: Fases da Pesquisa 40 4 CRONOGRAMA ETAPAS Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev 1ª etapa: PROJETO Concepção do Projeto X X Revisão de Literatura X X X X X X X X X X X X X X X 2ª etapa: TESTE Ajuste do instrumento e Pesquisa X 3ª: etapa PESQUISA Aplicação do questionário 4ª: etapa ANÁLISE DOS RESULTADOS Tratamento estatístico X 5ª. REVISÃO E ENTREGA Ajustes para a entrega X X X 6ª. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO FINAL Apresentação da dissertação X 41 5 REFERÊNCIAS Alma-Ata, URSS, Declaração de Alma-Ata 12 de setembro de 1978 Associação Paulista de Medicina, SUS: O que você precisa saber sobre o Sistema Único de Saúde, volume 1. São Paulo: Editora Atheneu, 2004 BARNEY, J. B. Firm resources and competitive advantage. Journal of Management, 17, p. 99 – 120, 1991. BARNEY, J. B. Gaining and sustaining competitive advantage. Upper Saddle River: NJ. Prentice Hall, 2002. BERRY W. L.; HILL T. J.; KLOMPMAKER J. E. International Journal of Operations and Production, v. 15, n. 3, p. 4-15, mar. 1995. BERWICK, D. M, GODFREY, A. B, ROESSNER, J. Curing health care - new strategies for quality improvement: a report on the National Demonstration Project on Quality Improvement in Health Care. San Francisco: Jossey-Bass, 1990. CARDOSO JUNIOR, W. F. A inteligência competitiva aplicada nas organizações do conhecimento como modelo de inteligência empresarial estratégica para implementação e gestão de novos negócios. 2003. Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção) – UFSC. Florianópolis, 2003b. CHUDNOVSKY,D., La Competitividad Internacional: Principales Questiones Conceptuales y Metodologicas; CEIPOS/Montevideo; mimeo (1990). Collis, D.; Montgomery, C., Competing on Resources: Strategy in the 1990s, in Harvard Business Review, jul./ago., p.118-128, 1995. Cunha, A. G. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa; 2ª ed. Nova Fronteira, Rio de janeiro 1997. Csikszentmihalyi, Mihaly The costs and benefits of consuming Journal of Consumer Research; Sep 2000; 27, 2; ABI/INFORM Global pg. 267 Ferreira A. B. H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa; 3ª ed 3ª imp. Editora positivo, Curitiba 2004. 42 KAPLINSKY, R. Spreading the gains from globalisation: what can be learned from value chain analysis?. IDS Working paper 110. Institute of Development Studies, 2000 LAKATOS, E. M. MARCONI, M. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 3ª.ed. São Paulo: Atlas,1991. Lazarini, L.C., Zilber, M. A. Estratégias dos Planos de Saúde no Brasil: Um Estudo Exploratório Leite J. F. M. & Jordão A. J. N. Dicionário Latino Vernáculo; 3ª ed. Editora Lux, Rio de Janeiro, 1958. Londoño M., Morera G., Laverde., P. Administração Hospitalar; 2ª ed. Editora Médica Panamericana, 2003. Løwendahl, B R., Øivind R, and Fosstenløkken S. M. Knowledge and value creation in professional service firms: A framework for analysis. Human Relations 54/7: 911–931 2001 MANDELLI, P., et al. A disciplina e a arte da gestão das mudanças nas organizações: como integrar estratégias e pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Mello, S. C. B.; Leão, A. L. M. S. Uma Revisão Crítica sobre o obre Uso de Diferentes Conceitos de Valor no Marketing, RAC-Eletrônica, v. 2, n. 1, art. 3, p. 37-53, Jan./Abril 2008 MINTZBERG, H., LAMPEL, J. & AHLSTRAND, B. Processo da Estratégia. 3ed 2001. MONTGOMERY, C. A., ed. Resource-based and evolutionary theories of the firm: towards a synthesis. Norwell, MA.: Kluwer Academic Publishers, 1995. MORGAN, Robert; HUNT, Shelby. The Commitment-Trust Theory os Relationship Marketing. Journal of Marketing, 58 (July), 1994. Morris, T ‘Asserting property rights: Knowledge codification in the professional service firm’. Human Relations 54/7: 819–838. 2001 Oliveira, E. S., Martin, D. M. L., Nakamura W. T. Direcionadores de Valor no Setor de Saúde no Brasil, 3' s anpad 2005 HAMEL, G, PRAHALAD, C.K “Strategic Intent”. Harvard Business Review, n.67, v.3, p.63-67. May-Jun. 1989. Hamel, G.; Prahalad, C. K., “The Core Competence of the Corporation”, Harvard Business Review, p.79-91, 1990. 43 HAGUENAUER,L; Competitividade: Conceitos e Medidas; TD IEI/UFRJ; n. 211; RJ 1989 Hamel, G. Competindo pelo futuro, Rio de Janeiro: Editora Campus, 1995. HAMEL, G. Inovação na gestão: o que é. Harvard Business Review, v.84, n.2, Fev, 2006. HUNT, Shelby D. Resource-advantage theory: an evolutionary theory of competitive firm behavior? Journal of Economic Issues, March, 1997 PORTER, M. E. A nova era da estratégia. IN: JULIO, C.A. & SALIBI NETO, J. (Orgs.). Estratégia e planejamento. São Paulo: Publifolha / Coletânea HSM Management, p. 21-38, 2002. PORTER, M.E. What is strategy? Harvard Business Review. p. 61-78, Nov./Dez. de 1996. PORTER, M.E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 6ª ed Rio de Janeiro: Campus 1992. PORTER, M.E. Repensando a Saúde: Estratégias para melhorar a qualidade e reduzir os custos. Bookman 2007. RAMOS, Rosário. Modelos de evaluación de la competitividad internacional. Uma plicación empírica al caso de las Islas Canarias. Tese (Doutorado) - Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, 2001. ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágios e de Pesquisa em Administração: Guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, 1999. Schumpeter. Ten Great Economists: from Marx to Keynes. George Allen & Unwin LTD, primeira edição. .1956 Teece, D.; Pisano, G.; Shuen, A., “Dynamic Capabilities and Strategic Management”, Strategic Management Journal, 18:7, p.509-533, 1997. ROKEACH, M. Beliefs, attitudes and values: a theory of organization and change. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1968. Siw M. Fosstenløkken, Bente R. Løwendahl and Øivind Revang; Knowledge Development through Client Interaction: A Comparative Study 324; 859, 2003 Vavra, T. G. Marketing de Relacionamento São Paulo: Atlas, 1993 WEBER, M. The theory of social and economic organization. New York: Free Press, 1997. 44 WERNERFELT, B. A Resource-Based View Management Journal, 5, p. 171 – 180, 1984. of the Firm. Strategic WERNERFELT, B. A resource-based view of the firm. Strategic Management Journal, 1984, 171-80 WILCOX, Pauline A.; GURAU Calin. Journal of retailing and customer services, Business modeling with UML: the implementation of CRM systems for online retailing. v. 10, p.181-191, 2003. Wittgenstein. L. (2005). Investigações filosóficas (3a ed.). Petrópolis: Vozes. YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos, 2a.ed, Porto Alegre, Bookman, 2001