UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES DINÂMICA DE GRUPOS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA AS CLASSES DE FISIOTERAPIA (A APROXIMAÇÃO DO ENSINO ACADÊMICO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL ) Melissa Maria Hermínia Barbosa da Silva Mestre: Marco A Larosa Outubro 2001 1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES DINÂMICAS DE GRUPOS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA AS CLASSES DE FISIOTERAPIA (A APROXIMAÇÃO DO ENSINO ACADÊMICO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL) Monografia apresentada Marco A ao mestre Larosa como requisito da disciplina de Metodologia da Pesquisa para conclusão da Pósgraduação Docência Superior Outubro 2001 no do curso de Ensino 2 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Mestre Larosa por incentivar à busca pelo conhecimento cientìfico e crescimento pessoal. Agradeço aos Mestres, que no decorrer deste curso, contribuíram de alguma forma para despertar o interesse pelo “Desafio de saber ensinar”, em particular: À Mestranda Cristie, e aos demais Mestres, Celso Sanchez, Ângela Venturi e Sheila, ao demonstrarem todas as características, humanas e teóricas, que os verdadeiros educadores deveriam ter. Agradeço aos mais recentes amigos, por dividirem comigo, durante esta jornada, todos os bons e maus momentos, sobretudo à Lívia Lima, Luciana Freitas, Isabel Almeida e Nilton Ferreira, por perseverarem ao meu lado, com palavras de ânimo e compreensão. Agradeço à Tia Lila e ao Tio Joselino, sem os quais este não seria possível, e também aos bons e velhos amigos pelo apoio e incentivo. 3 Aos que amo, especialmente, à Tia Luiza Andrade (in memorian) e a Tio Marco Barbosa (in memorian).’... A distância entre você e eu é só mera invenção” (Flávio Venturini). 4 RESUMO Esta análise vem propor o uso de dinâmicas de grupos como um dos principais recursos didáticos capazes de viabilizarem a transmissão do conteúdo curricular do curso de Fisioterapia, por serem estas, as que melhores se ajustam e atendem às necessidades teórico-práticas para aquisição da aprendizagem, através da investigação e abservação dos supostos benefícios e conseqüências que estas julgam promoverem, tais como os efeitos multifatoriais atribuídos à socialização. 5 METODOLOGIA A metodologia adotada para o desenvolvimento deste estudo, fora a pesquisa bibliográfica, e a observação do campo de estudo. A escolha pelo método de pesquisa bibliográfica, tendo-o como fonte de embasamento teórico para este estudo, deu-se pelo fato de que este é capaz de fornecer o número de dados, suficientemente eficazes, (mediante a facilidade de acesso para coleta dos mesmos que este propõe), a fazer jus ao intuito desta proposta, em retificar a crença pessoal, de que a implantação das dinâmicas de grupos, como recurso didático, sobretudo para o curso de Fisioterapia, consiste numa das melhores técnicas pedagógicas para aplicação deste conteúdo teórico-prático a serem ministradas no Ensino Acadêmico. A pesquisa bibliográfica também servirá de encalço para verificar a veracidade apresentada mediante a observação do campo de estudo, uma vez que a mesma possa obedecer a um cunho estritamente pessoal, desenvolvido a partir da experimentação deste recurso, enquanto “sujeito-objeto” integrado a este campo de estudo, através das experiências vividas durante o processo educacional para obtenção da formação profissional. E pela mesma, poderá então, viabilizar a possibilidade ou não de continuar sustentando a hipótese de grande relevância das dinâmicas de grupo para as classes de Fisioterapia, através da análise e a correlação objetiva com os dados teóricos obtidos, com o tema proposto, considerando sua abrangência, para por fim, ser postulado. 6 SUMÁRIO Introdução _________________________________ 8 CAPÍTULO I: O homem, a Sociedade e a Educação_____10 CAPÍTULO II: O conceito de Educação e sua Evolução _13 CAPÍTULO III: Dinâmicas de grupos: O Ensino Socializado para classes de Fisioterapia._____________________27 Conclusão _______________________________________43 Bibliografia Consultada ____________________________45 Bibliografia Citada ________________________________49 Anexos Índice __________________________________________53 Folha de avaliação 7 “No território do grupo há espaço para o múltiplo e para o singular...Há espaço para o viver... Viver em grupos é uma possibilidade... de ser facista, igual, vampirizado, modelizado, serializado, enquadrado, uniformizado, seguir regras e...possibilidades, no território do corpo, de entrar em relação, ser afetado, acolher, ser acolhido, tocar, ser tocado, compartilhar diferenças, encontrar novos sentidos, sentir, fazer novas conexões, metamorfosear, transmutar, ir e vir, entrar em contato com seu próprio desejo e...e...e... viver multiplicidades e singularidades. A gente aprende a olhar sendo olhada. A gente aprende a escutar sendo escutado. A gente aprende a viver em contato com outro vivendo... Só há vida onde há pelo menos mais um...mais uns...Nós...Vós...Eles...” (MULTIPLICIDADES e singularidades. Revista do Instituto Anthropos de Psicomotricidade. Rio de Janeiro) 8 INTRODUÇÃO A escolha do termo proposto deu-se pela necessidade de postular uma melhor adequação entre os recursos didáticos utilizados pelos docentes de Fisioterapia e o conteúdo curricular necessariamente teórico prático deste curso. Assim sendo, acredita-se que a utilização de Dinâmicas de grupos (como forma de viabilizar o estudo socializado) favorecem o processo de Ensinoaprendizagem, uma vez que facilitam a transmissão do ensino, visto que possibilitam a criação de inúmeras situações que melhor explorem o conteúdo a ser estudado em questão, e ainda vale ressaltar o seu caráter motivador já que, partindo do princípio, de que o homem é um ser sociável, ou que busca a socialização, a atuação em grupo propiciará uma ação recíproca entre seus membros, e posteriormente nos próprios resultados do trabalho, acarretando assim, não somente um melhor aperfeiçoamento do aluno, como favorecerá o aperfeiçoamento de automatismos motores e verbo-motores, a possibilidade do exercício e conseqüentemente a aquisição de habilidades e técnicas específicas mediante a interelação, da circulação de informações, conhecimentos e experiências entre os componentes do grupo. Cabe frisar também a importância desta técnica no que diz respeito a sua capacidade de promover simultaneamente a aquisição do aprendizado, como também favorecer o desenvolvimento da competência e a estruturação de uma conduta profissional futura, por que permite, mediante a aproximação do ensino acadêmico à prática do exercício profissional, através da simulação de experiências reais vividas entre outras vivências teórico-práticas propostas, o despertar de componentes intelectuais, cognitivos, emocionais e motores, das estruturas de base para 9 aprendizagem e ao mesmo tempo, que torna-se fundamental para gênese da construção de juízos de valor, da realidade, das capacidades de interpretação e decisão de forma objetiva, de convívio social e sobretudo aperfeiçoa o aluno no âmbito da comunicação e das relações humanas, desenvolvendo neste características essenciais para o Fisioterapeuta formado, visto que a capacidade de manter relações de comunicação interpessoal, seja atuando junto numa equipe de multiprofissionais ou em atendimentos isolados a pacientes, consiste ainda num dos grandes desafios para que sejam alcançadas a otimização do tratamento e prognóstico fisioterápico e conseqüentemente uma maior valorização deste profissional. 10 CAPÍTULO I O homem, a Sociedade e a Educação. 1.1 O Homem enquanto ser relacional. Segundo Charlesw Fourier (o primeiro pesquisador de psicologia de grupo); “O Homem pela sua natureza Psicológica, é um ser social, mais exatamente grupal” ( Albigenor, 2000, p. 7)¹. A vida é um permanente exercício de sociabilidade. Daí, ele ser um ser relacional, de diálogo, participação, de comunicação; portanto um ser social, que se traduz no cotidiano, através da convivência em grupo, e a partir dela, o Homem passa a concretizar sua existência. Surgem assim os fenômenos de grupos: pessoas que se junta, com objetivos definidos (ou não), desenvolvendo as mais diversas ações. Os especialistas afirmam, que grupos são aqueles que caminham juntos, mas não se afinam. Equipes compreendem seus objetivos e engajam-se em alcança-los de forma compartilhada. Portanto numa equipe, há a comunicação verdadeira, as opiniões divergentes são estimuladas de forma sadia, existe confiança mútua entre seus membros, as habilidades de uns possibilitam o complemento das habilidades dos demais. Na vida, na família, nas escolas ou grupos de trabalhos, as ações isoladas tornam difícil o alcance dos objetivos. Este fato se justifica através da ambivalência entre as ações e os valores propostos por novos fenômenos sociais que serão correlacionados posteriormente, ao mesmo tempo, em que se prega que o grande diferencial competitivo deste milênio serão as pessoas, os relacionamentos. A afetividade e a parceria, ainda se incentivam veementemente, sobretudo nas áreas educacionais, a competitividade e o talento individual. Ninguém é bom ou excelente sozinho: há sempre um referencial, um suporte, uma estrutura, alguém, que incentiva e impulsiona para a realização. O que faz um grupo ser uma equipe começa pelo líder. Líder este, que convive, cuida, sente. Líder que gera novos líderes. Hoje também há espaço para dar novo significado a esta condição, aliás o novo hoje, ocupa vários lugares... 11 Pensar em líder ou em grupo é algo que vai necessitar de extremo cuidado, visto que ainda não se tem a totalidade da compreensão do que engendra a multiplicidade de aspectos do indivíduo...cabe então repensar o indivíduo, para que se possa pensa-lo enquanto ser capaz de se tornar líder, equipe, sociedade. Então, ao mesmo tempo que serão mencionados conceitos, há que se ter em mente, que muitos deles estão em busca de novos ou mais amplos significados, visto que não se pode conceber o indivíduo e suas relações, sobretudo ao que se diz respeito ao processo ensino-aprendizagem, como um único circuito fechado, e sim uma infinidade de ciclos que envolvem todos aqueles que dele participam. 1.2. A Sociedade: Aspectos ou fenômenos contemporâneos. Não há como iniciar a proposta deste estudo, que é investigar a sala de aula, ou melhor, os seus componentes, enquanto mini-grupo social reproduzido através dela, perante o processo educacional, sem que anteriormente sejam feitas algumas ressalvas pertinentes ao contexto no qual tal processo de interação social está se desenvolvendo. Essa necessidade dá-se a partir do momento em que se quer sustentar o argumento de que este mini-grupo, ao qual, comporta a sala de aula representa uma pequena parcela do reflexo global da multiplicidade de aspectos e valores que compõem a sociedade. Na verdade, deve-se questionar a profundidade de tal intercâmbio. Não poderia este espelho ter dupla face? Ou seja, mini-grupo social não poderia refletir a sociedade? Principalmente no que diz respeito ao processo educativo? Uma “sociedade” desorganizada seria o fruto de um processo educativo falido? Se pensarmos desta forma, corremos o risco de defendermos velhos discursos que Infelizmente, é sabido que tal pensamento não será abandonado assim de uma ‘hora para outra”. Vertentes que sustentam os velhos determinismo, dentre outras ideologias, ainda são uma parcela bastante significativa na sociedade( como será demonstrado no próximo ide deste estudo). E inegável que ainda existam muito mais no que simples resquícios deste pensamento sendo veiculados na sociedade. Porém, contra esta corrente, é crescente a 12 ideologia que promulga a interdependência associada à capacidade de desenvolvimento da liberdade individual como a chave para o crescimento social. Assim sendo, sem as pretensões de realizar um estudo analítico de quaisquer ciência (o que não é o intuito deste), por observar os fatos atuais que se apresentam em nossa sociedade, a fim de não só situarmos o leitor ao contexto pelo qual, estes estão conjuntamente inseridos ao processo educativo, como também, leva-lo, ao final deste estudo, a tirar suas próprias conclusões. Atualmente vivenciamos um aspecto particular em nossa história, nunca tivemos tantas concentrações urbanas com inacreditável densidade populacional, onde esses exorbitantes agrupamentos humanos vêm pouco a pouco, perdendo o contorno de uma comunidade, e transformando-se em meros agrupamentos2. Independente do tamanho da cidade, embora seja bastante visível sobretudo nas metrópoles, estamos muito próximos do limite da suportabilidade, onde constantes confrontos de necessidades, carências e ganâncias, vêm sendo mantidos por uma forçada convivência3. Tal fenômeno não é necessariamente declarado, porém, ainda que “camuflado” por algumas ações oportunistas mencionadas mais adiante, fatalmente sabe-se que o mesmo está em rota de falência, através de rupturas e fraturas sociais cada vez maiores. O quê isto quer dizer? Quer dizer que há uma imensa diferença entre agrupamentos e comunidades: esta pressupõe partilha de interesses e cuidado protetor mútuo, enquanto aquelas se resumem a uma simples agregação de pessoas com raros objetivos comuns, pontuadas por sinais de filantropia, que na maioria das vezes, é calculista, interesseira e paliativa4. Então, mesmo diante destes aglomerados, pode-se observar uma nova manifestação, a presença da solidão voluntária ou involuntária, que serve mais como refúgio ou abandono do que, de fato, a liberdade de obter um momento reflexivo. Mas o ser humano, como preconiza muitos, não é um ser social? A quebra desta premissa traduz algo singular, solidão e solidariedade podem ser termos semelhantes, mas jamais em seus conteúdos: solidariedade vem de solidez, firmeza à vida coletiva, enquanto solidão traduz a idéia de ser ou estar por si mesmo. É a quebra do ideal de fraternidade e também da evolução. 13 Fenômenos separatistas como este, não revelam nada de novo para a história, obviamente, inúmeros movimentos sócio-políticos, econômicos e religiosos declarados, tristemente implantaram efeitos duradouros contidos in ou conscientemente em nossa cultura...dominação e segregação de raças, escravismo, anti-semitismo, apartheid... O mundo, inevitavelmente é guiado por “senhores do progresso e do retrocesso”5. A ordem que mantém essa forçada convivência vem do próprio controle coletivo, desde cedo, somos ensinados através do julgamento coletivo, a diferença da evidência visual do acontecer para o universo que se diz estar acontecendo garantem os enquadres à ordem estabelecida6. Para adaptação social, há um sutil pacto incompreensível que repreende, fornece o treinamento da omissão da visão e da negação. São as ditas prisões virtuais dos preconceitos, onde todos controlam todos, e onde este elo para suportar tal situação é mantido através da dita “sabedoria social” que reforça o pacto social dos oprimidos, é o masoquismo da adaptação social, “do normal”7. O processo educacional é condicionado pelas situações sociais, assim ta,bem como as condiciona (ou deveria), os padrões culturais que se constituem entre o indivíduo e a sociedade, resultam a prática educativa, há uma atuação mútua. Então, o sistema educacional de um país reflete fielmente todas as suas mazelas, desigualdades e contrastes. Nas salas de aula, reproduz-se o modelo de exclusão, social em maior ou menor grau, assim como as relações produtivas e humanas. Em recente pauta, questionava-se como poderiam ser apontadas soluções para a exclusão das classes sociais pobres ou minorias raciais nas universidades. Esta polêmica é apenas a “ponta do iceberg” de uma questão estreitamente relacionada ao aspecto sócio-econômico do país. Já fora aprovada a reserva de 50% de vagas para alunos da rede pública, agora o debate se faz acerca de reservas de vagas para os negros. No país multirracial como o nosso, seria justo então, que outros tantos grupos étnicos que contribuíram para delinear o perfil desta nação ao longo de quinhentos anos de miscigenação , também tivessem vagas reservadas. 14 Portanto, pode-se observar que esses critérios em prol dos “desfavorecidos”, será falho, visto que o próprio conceito de raça vem sido rediscutido em todo mundo com o avanço da ciência na área da genética humana8. Outro aspecto de suma importância revela a possibilidade deste regime funcionar para o aumento da estigmatização destes alunos, visto que tal “proteção” poderia os tornar vítimas ainda maiores do preconceito que já sofre. A fundamental questão deveria ser na verdade, de teor conceitual. Há que se melhorar toda vida escolar brasileira, ensino fundamental e médio. Como chegar ao ensino superior e permanecer à margem dele? Este problema pode ser atribuído pela não identificação dos educandos ao que lhe é ensinado, visto que o mec, secretarias de estado e município adotam um enfoque educacional universalista, e ao que referem grupos de movimentos negros, como exemplo, favorecem a identificação apenas de parcelas do grupo, uma vez que certas etnias são mais freqüentes nos conteúdos educacionais, o dito eurocentrismo, e segundo os mesmos, um enfoque na especialidade, pluralidade e diversidade, iniciaria desde uma inclusão conceitual até a própria inclusão acadêmica9. 1.3. Aspectos gerais dos determinismos na educação: Na verdade, o termo determinismo não está unicamente atrelado à educação. Pelo contrário, tal termo tem raízes profundas na história da humanidade e já serviu à diversas ciências, sendo, que da mesma forma fora criado e utilizado pelas mesmas, com a finalidade em comum de alimentarem principalmente os ideais de um sistema econômico que vigorasse em questão. O intuito de tais determinismos, sobretudo aqueles que permeiam a educação, é de continuar reforçando, ou melhor, não deixando de sinalizar, ainda que de forma codificada, antigos padrões equivocados e ilusórios, que por anos a fio, determinaram e atualmente determinam, os interesses prévios daqueles indivíduos que detém o poder. Ou seja, os determinismos continuam vigorando como resultado da equação causa-efeito de interações educacionais e econômicas anteriores, visto que permeiam a educação, recriando tais modelos agora, a favor do neoliberalismo. 15 O neoliberalismo combina a “ética de livre mercado” com política populista. O estado é fraco. Toma-se base para políticas sociais e guia de teorias da prática educacional. Há um estreitamento de relações entre o governo e a economia capitalista, e este deseja transmitir uma ideologia de eficiência e democracia, que em muito combina com o processo atual de globalização, que pretende transparecer uma universalidade econômica, tecnológica e social, competitiva e com melhoria da qualidade de serviços nestes âmbitos. Essa ideologia insiste em convencer-nos de que nada podemos fazer contra realidade social, ela é imobilizante. Intrinsicamente caminha sobretudo, com o processo educativo a fim de generalizar a concepção pedagógica, entorpecendo sua capacidade de viver e aprender com o diferente, criando descompasso com a formação científica e a ética destes docentes, pois eles serão agentes da construção de currículos e principalmente, fontes de reprodução ideológica, capazes de transmitirem formas culturais, econômicas, materiais, simbólicas, que serão bases para as relações de classe capazes de tentarem a resistência contra aos demais que escaparem à regra, e fugirem das normas ditadas pelo determinismo. Pode-se observar com clareza que o determinismo sempre atende a valores de um específico grupo ou grupos de dominantes, através das já ditas forças de reprodução ideológica, que criam a dita política de dominação. A real cultura dita comum, transmitida aos alunos na sala de aula, na verdade não consiste na participação e na formulação destes conceitos por uma maioria, visto que tais valores são impostos por uma minoria com o discurso de que a aquisição de tais saberes tornarão a todos “culturalmente” letrados. Não é uma cultura democrática, e o fato nos faz realmente questionar o que acontece, o que pode acontecer e o deveria ocorrer numa sala de aula, sabendo que o peso dessa responsabilidade, ou seja, a capacidade de informar e formas, que nos cabe, possibilitarão ou não a construção de uma sociedade mais democrática que possa ir de encontro a esses poderosos interesses conservadores. O determinismo continuou percorrendo um longo caminho paralelo à educação, como faz até hoje. Sempre atrelado ao sistema econômico, adequava-se conforme a necessidade de lhe prestar serviços, e mesmo passado o escravismo, o “capital humano” nunca deixou de ser valorizado, fazendo com que várias ciências continuassem enfocando segundo suas óticas, quase sempre radicais, pseudoconceitos 16 científicos que prestavam-se a interesses não só sociais econômicos, como também aos próprios. 1.4. A evolução do conceito de Educação: Inicialmente, o leitor poderá se questionar ao se deparar com tal premissa: A que quer se referir o termo evolução? À modificação do conceito ou sua extensão? Necessariamente, evoluir ou mudar, não são sinônimos de desconstruir ou desaprender. Assim como desaprender não quer extinguir a aquisição da capacidade de aprender algo novo. Tais afirmações não têm apenas valor simbólico de fazer jogos de palavras, transmitem a necessidade de uma pausa para reflexão, mais uma vez, e durante todo o estudo, caberão ressalvas melindrosas quando forem necessárias o uso de conceituações... A respeito do termo Educação, quer-se, concomitantemente, tanto desenvolver a construção deste conceito, quanto amplia-lo a vastidão de suas possibilidades. Para muitos o conceito educação atualmente reflete um incansável bombardeamento de informações, a quantidade em troca da qualidade de aquisição dos saberes; tudo isso em velocidade recorde. Reflexos dos novos tempos... A Educação pode sofrer análise de vários “pontos de vista”, porém está sob influência direta das condições socioculturais de cada época. Contudo, permanece a noção de que a ação educativa deve ser encarada como fato social, linear, constante, e que deverá ter significação futura, pois é visto que se realiza na Sociedade, pela e para mesma, ainda que tal ação, necessariamente, na prática, por inúmeras vezes não atinja tal meta. Isto porque vivenciamos um paradoxo. Conduzimos desejos socioculturais contemporâneos, através de uma estrutura cristalizada sob a influência de condições sociais “passamos”. Ou seja, quer se obter novas respostas, mas os estímulos são os mesmos... De fato, ao menos, evoluímos no sentido do reconhecimento da gama de fatores que interagem perante o processo educacional, com os indivíduos que neles 17 estão envolvidos. No entanto, este reconhecimento não os assegura de serem subjulgados durante o mesmo. O esteio para o crescimento (constante evolução) do educador e de sua prática, está justamente em sua tomada de consciência do real significado da palavra e educação: “do latim, educatione(m), ato de criar (instruir); o vocábulo latino educatio, onis, prende-se ao verbo educare aparentado com o ducere (conduzir) e educere (tira para fora, criar)”10 (Imídeo, 1969, p.103). Paulo Freire fala numa educação para a reprodução de uma sociedade, que visa a domesticação, e de outra, a da transformação que seria a busca da liberdade, investe na necessidade de renovação com a inovação, a criação de valores culturais para transformar a sociedade11. O próprio Freire preferia ser criticado como idealista, do que agregar-se à visão monocromática e fatalista da educação e do mundo. Aliás, para suportar a “coisificação” do sujeito, da Sociedade e da educação, todo educador deveria adotar o mesmo adjetivo. A urgência de viver o presente esgota as bases de solidariedade, em que cada um se afirma pela dureza de não ceder aos apelos alheios, há banalização dos comportamentos, estilos de vida (inclusive a própria). A substituição do conceito de sociedade, pelo de cultura, sobretudo, com a interminável propaganda da globalização, leva adiante o vício já existente do determinismo, porém agora agravado com o fenômeno que deseja padronizar os acordos intersubjetivos de cada cultura e grupo social. O educador deve estar ciente que a utilização da educação como ação coerciva por uma classe dominante, para imposição de sua ideologia, consiste uma violência simbólica, da qual, infelizmente, se é vítima inconscientemente. Em resumo, pode-se dizer: “É ilusão da pedagogia tradicional sustentar que é possível uma educação neutra, que só a educação neutra ou desinteressada é a verdadeira educação”12. Não há imunidade emocional para um ensinante, como será demonstrado à seguir, o dito “contágio emocional”, não tem noções ou restrições, à hierarquia dentro do processo educacional desenvolvido num grupo. O professor precisa ser visto com olhos humanos, e aprender (ou manter) também esta capacidade, e principalmente repensar o lugar que vem ocupando enquanto “pessoa” e profissional, buscando compreender a direção que o levará cada vez mais 18 próximo para a realização de seus sonhos e desejos íntimos, garantindo-lhe satisfação pessoal, para que esta, possa fornecer energia e entusiasmo (mesmo diante de obstáculos) da mesma forma à sua missão quanto educador. 19 CAPÍTULO II A Educação como fato social. 2.1 As finalidades e objetivos educacionais do ensino superior: Independente do tipo de graduação, é válido recordar que para a obtenção de êxito em quaisquer finalidades educacionais, deve-se considerar que as mesmas passam pela via única do processo de aprendizagem, que resulta do somatório de um aglomerado de fatores. Estes, para Alicia Fernandez, se organizam em níveis: Corporal (orgânico), na inteligência, e no desejo (este último presente no inconsciente do ser)13. De forma semelhante, Sara Paín, organizou também em níveis, os fatores que são passíveis de exercerem ou sofrerem interferência durante à aquisição do aprendizado: - O Primeiro é o próprio indivíduo, quanto suas características biológicas herdadas, ou seja, ontogênicas, no entanto acredita que o psiquismo é auto-construído conforme suas interações com o meio, de acordo com o desejo do próprio. - O outro nível corresponde a família, e os outros níveis posteriores, representaram aos outros tipos de interações que compõem o contexto social, cultural e econômico14. E ao demonstra-los tem-se o intuito de retificar que tais questões são igualmente importantes para compreender as futuras manifestações do educando (comportamento), da dinâmica interna do grupo, e dos possíveis vínculos criados com o ensinante e o aprendizado provenientes do ensino superior. Os objetivos do ensino superior, mesmo compreendidos nos fins da educação (salvo especificidades do curso), podem ser indicados de forma generalista em: avançados; Transmissão e discussão dos conhecimentos mais 20 - Investigação orientada para o incremento dos conhecimentos, o que segundo Victor Sanoy, não implica em abandonar a possibilidade de resultados práticos e imediatos ( Nérici, 1969, p.76)15; - Preparação científica e técnica para as profissões superiores, através do ensino à pesquisa, à busca pela cultura, ao desenvolvimento de aptidões e ao respeito à verdade; Constam ainda como funções universitárias: A) Função profissional – possibilitando o sujeito ao saber científico de sua ação profissional; B) Função criadora – estimular a imaginação no campo das letras, artes e ciências, tendo em vista novas fontes de expressão, comunicação e de produção; C) Função de investigação – estimular “atitude amigável” com as mudanças, possibilitando o atendimento de novas necessidades da vida social; D) Função cultural; E) Função social – atender às necessidades sociais da comunidade e do País. Segundo Leopoldo Maupas, a Universidade, em seus estudos, deve partia do particular (problemas concretos da comunidade), direcionar-se para o universal (estudo dos mesmos problemas em outras partes, em caráter geral) e voltar ao particular (visando atender e atenuar as dificuldades da comunidade)16. (Nérici, 1969, p.78) Nos dias atuais, faz-se necessário, que se desenvolvam ações didáticas e sociais no ensino superior, cada vez mais eficazes no propósito de aproximarem, sempre que possível, tal ensino acadêmico, ao exercício profissional, desenvolvendo a mentalidade moral e responsabilidade social deste futuro profissional, dando sentido humano e social a todos estudos realizados. Assim, a transmissão do conhecimento não deve ser encarada apenas como fim em si, mas como meio para o aprendizado de métodos e técnicas que levem o próprio estudante a elabora-lo ou reproduzi-lo. 21 2.2 A sala de aula como mini grupo social. A partir da observação de mudanças pessoais (sejam elas a nível cognitivo, emocional, atitudinal (percepções, conhecimentos, predisposição para ação integrada), comportamental (atuação, competência) de um indivíduo, enquanto parte de um grupo, da mesma forma, poderá se obter um bom número de informações sobre o mesmo. Isto porque um ser exerce influência sobre o outro, e é de tal forma responsável pelo que está acontecendo com ele, quanto o próprio. Gaiarsa relata: “...nunca alguém será o único culpado por uma briga. Nem por horas de felicidade. O que está ocorrendo é uma dança muito bem combinada (ou não !) de movimento, olhares, gestos e sons” (Gaiarsa, 2000, p.51)17. Tal fenômeno, mediante a ciência que o estude, poderá designa-lo conforme seus preceitos... para biologia, poderia ser chamado de fenômeno da recursão, alterobiose, na psicologia, a busca do indivíduo de coexistir com sua espécie, poderia significar o instinto de vida (Eros); existencialismo...A verdade contida em todos é uma só: A importância da interrelação entre os seres humanos é maior independentemente do nome ao qual esta receba. No entanto, é essencial frisar, que cada mini-grupo social, (neste caso, o pertencente a uma sala de aula), irá apresentar uma dinâmica interna, onde tal manifestação poderá apresentar valores e comportamentos necessariamente particulares ao mesmo, o que não o exclui de influências externas, ou seja, as relações individuais e interpessoais de um grupo seleto, pode concomitantemente, influenciar e ser influenciado pela coletividade. 2.2.1 Vínculos e interrelações do processo Ensino-Aprendizado: Para Mércia Moreira, as relações que se estabelecem dentro da sala de aula, serão, com certeza, reflexo da forma como o professor lida com o grupo-classe18. (Moreira, 2000, p.172). Essa afirmação é pelo menos um tanto quanto preocupante, visto que parece deletar as múltiplas facetas que podem coexistirem, atribuindo como ação determinante aquela que provém exclusividade do professor. 22 De fato, o professor é uma das figuras centrais deste mini-grupo social. Porém, da interação aluno-professor, poderão surgir uma grande variedade de papéis, dentre os quais, o mesmo poderá ou não ocupar o lugar de líder, assim como poderá não ser o único, tudo dependerá de sua flexibilidade perante o grupo. Liderança é um termo de sentido bastante amplo, ao mesmo tempo que é utilizado para desiguar aquele que comanda autoritariamente, também pode ser aplicado a quem conduz democraticamente um grupo. Daí a necessidade de se qualificar o tipo de liderança desejável na relação educando-educador, o que será realizado de forma mais cautelosa, posteriormente. Analisando a dinâmica interior de mini-grupos poderá encontrar o fenômeno da liderança, que segundo alguns autores, será expressa através através das relações de poder que se estabelecem entre seus líderes e liderados. De forma mais simplista, ou sintética, a teoria dos sistemas, poderia ilustrar tal fenômeno da liderança, onde parte de um sistema deve manter um intercâmbio de informações com as demais, ou seja, dar um feedback, visto que interage com ela, caso uma delas entre em desarmonia com o todo, deverá ser reajustada. French e Raven (1972), classificaram os diversos tipos observáveis na interação entre os indivíduos. São eles: 1. Poder legítimo: refere-se aquele instituído oficialmente. Baseia-se no reconhecimento do papel institucional do líder, de modo a conferir-lhe o direito de prescrever comportamentos. No caso da relação professor-aluno, este é levado a internalizar normas e aceitar todas as determinações do professor, desde a dinâmica do funcionamento do grupo, à disciplina, até todo o tipo de conteúdo curricular a ser tratado; 2. Poder de coerção: baseia-se no medo de punições; 3. Poder de recompensa: como próprio nome designa, fundase na expectativa de reforços positivos, recompensas; 4. Poder especializado: baseia-se no reconhecimento da capacidade de um indivíduo em determinada área de conhecimento. O professor exerce facilmente o poder por esta via, quando o aluno reconhece a sua competência profissional e segurança, na condução das tarefas; 23 5. Poder referente: funda-se na identificação do indivíduo com o outro, a partir de semelhanças de ponto de vista e valores, traduzindo uma ligação de afeto entre eles; Na realidade, são raros os tipos puros de poder. Há que se insistir, porém, na superioridade do poder especializado quanto à sua possibilidade de articulação com uma liderança mais democrática, centrada, sem que da mesma forma, o discente não deixe de desejar desenvolver as demais potencialidades que deverão compor o seu manancial. Se as classificações não são necessariamente vitais para este estudo, a compreensão destas relações e sobretudo a qualidade das mesmas serão. Essa qualidade está atrelada ao tipo de vínculo estipulado entre o aprendente a o ensinante, termos adotados por Alicia Fernandez, a fim de caracterizar o lugar que uma pessoa pode ocupar, ou seja, hoje um professor ensinante. Amanhã aprendente... Pois bem, ao se falar de vínculo, na verdade, está querendo se relatar como se é transmitida ou como se adquire o conhecimento. De forma sucinta, podemos relacionar quatro tipos de vínculos mais significativos: o sadio, o neurótico, o psicótico e o perverso. Eles ocorrem de forma intrapessoal, ou seja (inconsciente e consciente) e o intrarelacional (“eu” e outro). Há ainda o vínculo geracional, ou entre gerações e engloba os outros. No vínculo sadio, o ensinante não transmite todo o conhecimento, ele cria um “jogo” do não-dito, onde mostra-guarda o conhecimento, não nega acesso a ele, mas permite que o aprendente possa ter autonomia de pensamento, onde observando e questionando, possa ter suas curiosidades e criatividades aguçadas a fim de estabelecerem um vínculo que será “a ponte” para que sejam feitas as trocas dialéticas. Os vínculos não sadios podem ser decorrentes de inúmeros fatores, geralmente relacionados ao desencadeamento de sintomas característicos. No vínculo neurótico, o não dito não é revelado, e quando descoberto força ao aprendente a ocultá-lo, o que impede a possibilidade de trocas com o ensinante, “esconde” o conhecimento e não tolera o questionamento. O vínculo psicótico faz com que o ensinante desminta o aprendente, não autoriza o pensamento. 24 E por último, o vínculo de perversão transmite qualquer tipo de perversão pessoal ou de ensino pelo qual o aprendente tenha passado durante este processo, tendo como exemplo, ter apanhado para aprender. Os sintomas provenientes destes vínculos necessariamente não caracterizarão a personalidade deste indivíduo, isto é, um vínculo de aprendizagem de perversão não determinará uma personalidade perversa e assim por diante. 2.3 Representação dos papéis sociais. Todos os grupos adotam certas normas que funcionam como padrões para todos os participantes. A uniformidade do comportamento é procurada a fim de criar uma realidade social, uma forma de transmitir o consenso. Há o que pode-se chamar de potencial de retorno: admitir-se que cada participante de um grupo esteja pronto para aprovar ou desaprovar, em vários graus, os diferentes comportamentos que os outros possam apresentar, e dependendo das divergências do coletivo, atribuir-lhes as devidas conseqüências. Albigenor e Rose, especialistas em dinâmicas de grupo, são da mesma opinião que Gaiarsa, eles classificaram os possíveis papéis sociais a serem encontrados num grupo (estes serão descritos posteriormente), mas concordam que eles não podem ser rigidamente aplicados, e salientam que além do contexto, o indivíduo pode vir a se manifestar de formas distintas em diferentes grupos, e para tanto, antes de usar tais rótulos, os especialistas aconselham o bom discernimento do facilitador para interpretalos. A classificação dos papéis sociais se subdividem em: papéis construtivos (qualidades e virtudes) e não construtivos (ações nocivas ou defeitos) são eles: Papéis construtivos: 1. Conciliador: busca um denominador comum perante conflitos, revê sua posição e aceita buscar alternativas de soluções comuns a todos; 2. Mediador: intercede, resolve e alivia tensões entre outros membros do grupo diante de momentos difíceis; 25 3. Animador: demonstra afeto e solidariedade aos ouros membros do grupo, é ativo, entusiasta, contribui com sugestões e idéias; 4. Ouvinte interessado: acompanha atentamente as atividades do grupo e aceita as idéias dos outros. Fala menos, mas faz intervenções inteligentes, procurando sempre agregar papéis não construtivos: Papéis não construtivos: 1. Dominador: procura afirmar sua autoridade ou superioridade dando ordens incisivas manipulando todo ou parte do grupo sob a forma de adulação, status superior etc...a sua verdade é única e não aceita argumentação de terceiros; 2. Dependente: busca ajuda mostrando insegurança, autodepreciação, carência de apoio ou simpatia para com os outros; 3. Criador de obstáculos: discorda e opõe-se sem razão aparente, mantêm-se teimosamente negativo chegando até a radicalização. Obstrui o progresso do grupo; 4. Agressivo: ataca o grupo ou o assunto, fazendo ironia ou críticas agressivas, costuma utilizar franqueza depreciativa; 5. Vaidoso: procura chamar atenção sobre si de várias maneiras para afirmar sua superioridade e vantagens em relação aos demais; 6. Reivindicador: manifesta-se como porta-voz de outros, revelando seus verdadeiros interesses pessoais, preconceitos ou dificuldades. Aparentemente, transmite uma preocupação com os demais, embora busque vantagens pessoais; 7. Confessante: usa o grupo para extravassar seus sentimentos, preocupações ou filosofia, que nada têm a ver com a disposição ou orientação na situação momento; 8. Gozador: aparentemente agradável, entretanto evidencia seu completo afastamento do grupo ao exibir atitudes cínicas ou desagradáveis, indiferentes à preocupação do trabalho, também tem o interesse em chamar atenção para si19; 26 Diante deste universo de comportamentos, é evidente o extenso caminho a ser percorrido pelo ensinante a fim de desenvolver uma linguagem (e/ou comportamento) capaz de acessar senão todo o grupo, pelo menos uma boa parte dele, e assim poder desenvolver o convívio harmonioso com as divergências. 27 CAPÍTULO III Dinâmicas de grupos: O Ensino socializado para as classes de fisioterapia. A autêntica dinâmica de grupo, deveria ser, segundo L.O.Lima, a didática do futuro, porque supera aquilo que Paulo Freire considera de “caráter essencialmente narrativo” da relação professor-aluno, onde os alunos se localizam enquanto objetos, (pacientes que escutam), o sujeito narrador que é o professor. Na verdadeira dinâmica de grupo não há apenas locutores e ouvintes, mas interlocutores, cada qual em condições iguais de “dizer a sua palavra”20 (Balduíno, 2000, p.16). 3.1 O conceito de dinâmica de grupo: Toda atividade que se desenvolve com um grupo ( reuniões, grupos de trabalho, de treinamento, “workshops”...) que objetiva integrar, aprender, desinibir, refletir, apresentar, promover à aprendizagem ou incita-la, competir e aquecer, pode ser denominada dinâmica de grupo. Ou seja, o simples encontro de pessoas para buscar qualquer objetivo grupal é uma dinâmica de grupo. 3.1.1 O surgimento da dinâmica de grupo Por volta de 1912, Jacob Levy Moreno, um jovem estudante de medicina começou a observar crianças brincando num jardim. Acabava de opor-se a Freud que preconizava o distanciamento do terapeuta na relação com o paciente, caracterizando a palpável diferença de status. Moreno acreditava que relações entre os seres humanos, para serem profundas e verdadeiras, deveriam enfatizar a relação afetiva, de compreensão e comunicação completas, nos dois sentidos, baseada na empatia eu e o outro. Para Moreno, para se conhecer a dinâmica de grupo, é importante se determinar a sociometria deste grupo. As características e a importância de cada componente, bem como a rede de inter-relações (o nível de afetividade). 28 Carl Rogers foi o primeiro que realizou atividades através do processo terapêutico denominado terapia centrada no cliente, chamando este tipo de trabalho de grupos de encontro. Porém, foi com Kurt Lewin, em 1945, que surgiu a expressão dinâmica de grupos (Group Dynamics), explicando o conceito de dinâmica no sentido habitual da física, como o oposto à estática. Neste mesmo período, Kurt funda o centro de pesquisas para dinâmica de grupo, no instituto de tecnologia de Massachusetts21. (Albigenor, 2000, p.22). Em 1946, para minimizar conflitos raciais existentes nos EUA, o Estado de Connectitut (EUA) quis desenvolver um programa pedagógico, convidando Kurt Lewin, Ronald Lippiti, psico-sociólogo que com ele trabalhava, Leland Bradford, especialista em educação e formação de adultos, e Keneth Benne (Filósofo e padagogo). Durante esse encontro, a equipe postula o efeito benéfico, daquilo que mais tarde, se chamaria “feed-back”. Portanto, Kurt Lewin, a partir da construção da teoria dinâmica da personalidade, pautada nos conceitos da física é considerado o pioneiro da dinâmica de grupo. Criou ainda os “training group ou t-group” (denominados grupos de sensibilização ou de diagnóstico, este tem objetivo conseguir, por meio do grupo, mudar a conduta individual. O t-group, também dito grupo de formação foi continuado pelos discípulos de Lewin, após a morte de Kurt em 1956. Em 1960, Pierre Weil, auxiliado por Karl Frost e Célio Garcia, ensaiou no Brasil, o DRH (desenvolvimento em relações humanas), conjugando o processo de sócio análise com o objetivo. A dinâmica de grupo não se restringe, em seus temas e categorias ao âmbito da psicologia. Para Balduíno: “...Ela tem raízes na antropologia, na epistemologia genética, na neuro-linguística, nas ciências da linguagem, do conhecimento e da comunicação. Na sua dimensão de macrodinâmica de grupo, não pode dissociar-se da ciência política...a dinâmica de grupo tem vínculos profundos com a ecologia ( de Oikos: casa, mas Logos: discurso, ciência)”22 (Balduíno, 2000, p.15). 29 Na esfera didática, tem objetivos diversos, dentre os quais, os principais consistem em facilitar e enriquecer a aprendizagem, podendo obtê-los, conforme a escolha da aplicação da técnica adequada para o dado momento. 3.1.2 A definição das técnicas pedagógicas (e alguns de seus exemplos). Aplicar uma dinâmica de grupo é possibilitar o exercício de uma vivência. É um processo vivencial, um momento de laboratório, que pode ir além de uma simples desinibição até a elaboração e a reflexão de aprendizados aprofundados. A palavra técnica é dita como forma de variação das expressões “dinâmica de grupo” ou vivência, muito utilizadas por pessoas que trabalham com grupos. Refere-se apenas, a maneira pelo qual, será desenvolvido ou facilitado o trabalho no grupo, como o exercício será vivenciado, ou seja, um método ou procedimento a ser adotado. “A técnica utilizada como uma real necessidade do momento do indivíduo ou do grupo, parece uma verdadeira obra de arte, daquela que você, diante dela, pára e vê aflorar um novo mundo”23. (Castilho, 2000, p.25). as técnicas possuem um valor muito relativo, visto que obedecerão ao comportamento e aos objetivos desejados especificamente um grupo; com o intuito de respeitar sua singularidade. Pode-se então, com intuito ilustrativo apenas, citar alguns exemplos de técnicas a serem aplicadas nas dinâmicas de grupos, sublinhando sobretudo que, o que nelas importa, é a capacidade de desenvolver ou possibilitar a construção de convivências mais humanas, da descoberta de identidade e valores pessoais e grupais. Caba ainda relatar, que as mesmas podem receber uma tríplice divisão: técnicas pedagógicas, as técnicas ludopedagógicas e as técnicas de sensibilização. As pedagógicas, priorizam principalmente, o trabalho na sala de aula ou eventuais seminários para profissionais em que existe a necessidade de transmissão de informações e sua assimilação completa. Podem se unir as técnicas de sensibilização quando desenvolvidas com o intuito da integração social do aluno ou de um profissional em uma determinada atividade. Já as ludopedagógicas, são direcionadas para o desenvolvimento psicomotor da criança, mas não são exclusivas a tal função. 30 Segue consecutivamente, as sugestões fornecidas por Mbeal, Balduíno e Celso Antunes, agrupadas de forma sucinta para exemplificação: 1. Discussões em grupos pequenos – de cinco a vinte pessoas, ocorre livre troca de opiniões, sem hierarquização dos participantes; 2. O método do fracionamento – o mesmo ocorre em subgrupos por um curto espaço de tempo; 3. O método do grupo do cochicho – o mesmo ocorre, sendo que tal discussão se trava entre duas pessoas; 4. O simpósio; 5. A discussão em painel; 6. Painel com interrogadores; 7. Audiência de comissão; 8. O diálogo ou fórum; 9. A entrevista; 10. A preleção; 11. A discussão livre. A maioria destas modalidades não foram descritas por se apresentarem bastantemente freqüente nas salas de aula, onde é costumeiro que membros ou subgrupos, exponha temas perante aos demais, sendo estes seguidos ou não de debate ou questionamentos posteriores. Modalidades mais interessantes, e nem sempre utilizadas, constituem o método de Braistorming ou tempestade cerebral e a dramatização. No primeiro, espera-se que todos se expressem livremente, sem censura, apresentando soluções que lhes ocorram por mais absurdas que possam parecer. Tais contribuições consideradas a princípio estranhas, podem a partir da participação de todos, serem reforfuladas, e tornarem-se o ponto de partida para solução certa do problema proposto ou para construção de um consenso. A dramatização, assim como métodos de estudo de caso (entre outros descritos a posteriores) foram para este estudo, a grande fonte de motivação para que o mesmo tenha sido proposto, mediante a identificação direta desta técnica com a necessidade de serem encontrados recursos didáticos eficazes o bastante para abranger o 31 conteúdo curricular do curso de fisioterapia, onde a prática proposta por vezes, tornavase automatizada, e a partir da administração de tais técnicas, pode-se unificar o conteúdo teórico-prático ao caráter inovador e experimental, sem afasta-lo contudo da realidade, na qual imprevistos fazem parte, e não podem ser condicionados. Como próprio nome, na dramatização, representa-se de forma mais ou menos improvisada uma situação ou um problema. Cada participante da cena desempenha seu papel em uma situação hipotética, procurando copiar a realidade que está sendo dramatizada. Outras técnicas, como conferências ou oficinas (estas também apresentam-se de forma interessante para o curso de fisioterapia, visto que busca aperfeiçoamento de técnicas sob a orientação de mediadores competentes) são outros exemplos de se somam a gama de técnicas pedagógicas das dinâmicas de grupo a serem elegidas. 3.2 A definição do Ensino socializado Consiste na aplicação da idéia que o processo de aprendizagem, que é inegavelmente e essência pessoal, pode ser efetivado em um grupo, dando origem ao Ensino socializado. Ao invés de se procurar atender às diferenças individuais, procurase tirar proveito delas, partindo da interação social ou mental, inerente às situações em que, duas ou mais pessoas estão em contato social, e agem em função de um fim comum. Socializar portanto, não quer dizer nivelar, igualar, ou uniformizar, pelo contrário, quer dizer diferenciar, para que cada um possa dar sua contribuição no enriquecimento do grupo.“É preciso restabelecer a crença na igualdade entre os seres humanos, a partir da aceitação da diferença entre eles”24 (Engel, 9 de julho, folha SP). A posição que cada membro ocupa no grupo denomina-se status (o que não pode ser confundido com status social). O mesmo indivíduo pode ter vários status, tantos quantos os grupos de que ele é elemento integrante. Da mesma forma, tal componente também apresenta um papel neste grupo (como foram visualizados no capítulo anterior), este se refere ao comportamento, a forma de agir. Deste modo, é desejável que cada status corresponda de forma coerente a um papel (e vice-versa). 32 3.2.1 Professor: Líder ou facilitador de um grupo? Cada atividade, projeto ou evento que envolve pessoas, geralmente está permeado ou orientado por um planejamento que, naturalmente foi coordenado por alguém. Num trabalho específico com um grupo, existe um personagem imprescindível ao processo de desenvolvimento grupal, e este pode ser o próprio líder do grupo, ao qual pode ser chamado de facilitador (alguns autores também o denominam de animador, moderador ou coordenador). Então vejamos, o professor é um facilitador da dinâmica de grupos em sua sala de aula, porém, nem sempre será o líder de todos os grupos... O facilitador vai favorecer a comunicação, o conhecimento e o relacionamento entre os membros do grupo, diante de situações pertinentes ao trabalho que estiver sendo iniciado ou desenvolvido. Ele deve exercer o papel de educador, incentivador, buscando trabalhar habilidades e atitudes dos indivíduos para gerar comportamentos que possibilitem uma ação construtiva de aprendizagem, contudo, garantindo-lhes autonomia para desenvolvê-los. Tais características também podem ser atribuídas a um líder (ou não). Há vários tipos de liderança: O líder autocrático (autoritário, concentra sozinho o poder de decisão, não promove lideranças, mata o entusiasmo, e o ditador), o líder paternalista (mantém o grupo dependente através da super proteção, do assistencialismo, também não promove lideranças, não valoriza a iniciativa alheia); o líder “Laissez-Faire” (deixa correr, é aquele que não toma iniciativa alguma, não coordena, é inseguro, não existe nada definido. O grupo se desintegra, pelo desinteresse ou pelos conflitos que se criam). Em todos estes tipos não se pode encontrar a figura do facilitador. Então, como e quando o mesmo poderá estar ocupando o lugar de líder? O papel deste facilitador enquanto o mesmo apresenta o status de líder faz na presença da liderança democrática. O líder democrático (assim como o facilitador), valoriza as iniciativas do grupo, coordena, anima, favorece a participação e a cooperação e sobretudo favorece o surgimento de lideranças. Distribui o poder de decisão, exercendo-o de forma cooperativa, cria um “clima” de liberdade. 33 Os líderes democráticos, são indivíduos que desenvolvem relacionamentos a partir da fidelidade a si mesmos, utilizam suas aptidões sociais com integridade e acabam por permitirem que o mesmo se faça com os demais. Os outros líderes, ou melhor, dizendo, dirigentes, direcionam tais aptidões com o intuito de conseguir uma mudança de “persona” com notável plasticidade, à medida que captam sinais dos que o cercam a fim de produzirem um efeito controlador de acordo com os seus interesses. Então, conclui-se, que há o mito de que apenas um ou poucos membros do grupo podem exercer liderança. Há diferentes necessidades e momentos na vida de um grupo, e para aspectos diversos, a liderança pode ser exercida simultaneamente ou em rodízio, talvez se possa falar em liderança diversificada e múltipla. Acreditar que a capacidade para liderança seria inata nas pessoas é uma forma de preconceito que pode dar origem a situações de dinâmica autocrática, de dominação e dependência... 3.2.2 Os princípios ou critérios para se tornar um professor-facilitador de um grupo. Antes de tudo, o educador com o intuito de torna-se facilitador de dinâmicas de grupo (é bem verdade, que de certo modo já o é), deve pensar – que a metodologia aplicada sobre o processo ensino –aprendizagem tem como objetivo principal explorar e experiência. O foco não está no conteúdo que é ensinado exclusivamente, mas nos esquemas referenciais de quem aprende. Porque segundo Paulo Freire o sujeito do processo educativo rejeita a mera repetição do que fora escrito ou dito por outro. Para o bom desempenho do facilitador pode-se citar os seguintes requisitos básicos: 1. Saber ouvir e interpretar; 2. Ter habilidade para sintetizar (de forma clara e objetiva, os comentários pessoais e do grupo (isto se o momento exigir); 3. Estar sensível aos movimentos do grupo, percebendo-os e dando rumo mais adequado; 4. Procurar manter os comentários dentro do contexto vivenciado; 34 5. Estabelecer comunicação clara e objetiva, mantendo a coerência entre a verbalização e a postura profissional diante do grupo; 6. Manter sigilo sobre tudo que for abordado, durante as atividades grupais, não efetuando comentários para este ambiente; 7. Promover relacionamento agradável com todos os membros do grupo; 8. Estar aberto as opiniões contrárias; 9. compartilhar o comando das atividades do grupo; 10. Não subestimar o potencial do mesmo; 11. Evitar a “técnica” visto que toda dinâmica traduz um significado e uma conseqüência, sobretudo emocional para o grupo; 12. ser paciente; 13. Não se comprometer, passar crenças pessoais ou polemizar com alguém que está discordando; 14. Habituar-se a trabalhar proativamente, fazendo sempre uma checagem das tarefas que irão ser desenvolvidas no dia seguinte. 3.3 As repercussões das dinâmicas de grupos em seus participantes. Invarialvelmente, serão observadas, em qualquer grupo, condições distintas de calor humano, tensão, movimentos, restrição, crises... O clima do grupo pode variar desde sentimentos de satisfação e bem-estar, à gradações de tensão, estresse, frustação. Como facilitador deve-se estar sensível à estas reações, aceitando todos esses ciclos grupais como válidos, descobrindo como canalizá-los de maneira criativa. Na verdade, Gaiarsa relata que a dialética existente num grupo, não se faz somente entre os demais papéis representados num grupo, ela também ocorre individualmente, de acordo com o ambiente e o momento pelo qual está passando. Para ela, toda qualidade ou defeito tem vários opostos, e não um só (Gaiarsa, 2000, p.108). Cada tipo de emoção que vivenciamos predispõe uma ação imediata. Reações automáticas ficaram gravadas em nosso sistema nervoso, como supõem os biólogos, a partir da necessidade de sobrevivência ao longo da evolução da espécie, nos garantindo vasto repertório emocional. 35 A própria raiz da palavra emoção, do latim “movere”, acrescida do prefixo “e”, que denota afastar-se, indica que em qualquer emoção está implícita a propensão para um agir imediato 25 (Golemam, 1995, p.20). Sem o peso emocional, os contatos interpessoais ficam insossos. As emoções são importantes também para racionalidade, a faculdade emocional guia nossas decisões, capacitando ou incapacitando o próprio pensamento, à medida que a capacidade emocional aumenta, conseqüentemente ocorre o mesmo com a intelectual. Isso se dá porque dos centros emocionais (sistema límbico) surgiram áreas do neocórtex, (que detém a capacidade de ter sentimentos sobre os nossos sentimentos), e destas saem “circuitos” de ligação com outras partes do cérebro, incluindo centros de pensamento. As emoções refletem variações anátomo-fisiológicas, sejam estas momentâneas ou não, e podem caracterizar a “prova” visível ou palpável do processo mental. A noção Reicheana de neurose traduz-se em biopatia do encolhimento. A ansiedade é sinônimo de angústia (aperto, estreito). O coletivo pode favorecê-la apenas com o olhar. Todo o corpo tende a tensionar-se. Assim como no medo, todo o corpo tende a imobilizar-se em primeiro momento, depois torna-se inquieto e pronto para ação. A atenção fixa na ação imediata, portanto, promover um ambiente que favoreça tais manifestações não condiz com a possibilidade de promover um aprendizado significante, visto que tais sentimentos minimizam a capacidade de apreender tal conteúdo e transforma-lo. Já no ambiente que favorece afetividade, aconchego, sensação de felicidade, todas as manifestações fisiológicas cooperam para um bom aprendizado. Na sensação de felicidade, num clima harmonioso, toda atividade do centro cerebral é incrementada, o que inibe sentimentos negativos que geram preocupação. Todo corpo tem uma “resposta de relaxamento”, advinda do sistema parassimpático, provocando um estado geral de calma, satisfação, aumentando a energia existente, e conseqüentemente, a disposição para seguir em direção a uma grande variedade de metas. E por último, a tristeza, sentimento aparente em situações que propiciem uma decepção significativa ou perda, fracasso. Críticas realizadas de forma não construtivas, a não obtenção de resultados satisfatórios, ou a não interação com os 36 demais poderiam ilustrar tais situações. É inversamente proporcional a sentimentos “harmoniosos”, há uma queda geral de energia devido à diminuição da velocidade metabólica corporal, esse retraimento introspectivo é propositalmente “preparado” pelo corpo a fim de restaura-lo da frustação, poupando energia para planejar o recomeço. No entanto, este período deixa o indivíduo muito vulnerável. Tais fenômenos poderão ser correlacionados às repercussões mútuas que o grupo promove em seus participantes, de forma mais significativa, a partir da observação do relato subjacente. 3.3.1 Teoria do arrasto (contágio emocional) A sincronia entre professores e alunos indica a intensidade da relação entre eles. Essa sincronia reflete o engajamento entre parceiros, e este poderá ser positivo ou negativo, de acordo justamente com outro aspecto singular: o estado emocional de ambos. Ou seja, propõe-se que o estado emocional possa ser direcionado (em realidade, não somente ele, como veremos), por outra pessoa. Essa teoria é postulada por Bernieri e Rsethal, a partir de um processo biológico onde os ritmos biológicos são afetados, e é chamada em biologia de “Zeitgeber” ou teoria do arrasto26. Enviamos sinais emocionais sempre que interagimos e esses afetam diretamente aqueles com quem convivemos. As demonstrações de emoção, causam impacto imediato, principalmente quando tal demonstração tem pretensões previamente determinadas, e para produzir um impacto desejado. Ainda que cada indivíduo os interprete da mesma forma, cada qual terá seu “limiar” de sensibilidade, de percepção, os efeitos serão sortidos. Recaptulando: o convívio social pode alterar os ritmos biológicos e o estado emocional mutualmente dos componentes deste grupo. O fluxo constante de influências percorre caminhos multidirecionais deste “teia social”. Há a captação destes “estímulos”, o reconhecimento (ou não), e a transmissão dos mesmos27. Resta saber, dois aspectos; como este se propagam, e por que nem sempre são interpretados ou reconhecidos. E para as duas questões poderá ser dada a mesma resposta: o contágio emocional. 37 Tal termo, acredito que em boa parte dos leitores, remete à associações diretas com enfermidades, assuntos correlatos a práticas biológicas ou médicas, ou ainda, àquela que se refere à transmissão direta de um “agente”. Este último, na verdade, obedece a lógica ao qual se quer chegar. O contágio emocional ocorre em qualquer interação com o outro. Captamos e transmitimos modos um dos outros, algo como uma economia subterrânea da psique, quando tais trocas são “tóxicas” ou revigorantes. E por serem estes intercâmbios muito sutis, basicamente implícitos, por vezes não os reconhecemos. Então há um Feedback constante, um reforço contínuo de uma expectativa pela outra, e conforme o aprofundamento destes relacionamentos, ambos vão se alterando. Tal processo não poderia simbolizar o fenômeno biológico da epigênese? “origem atuando sobre origem”28 (Sanches, 2001). “Da mesma forma que me faço cada vez outro, posso ficar cada vez mais eu mesmo. Ou faço uma revolução, ou faço uma repetição”29. (Gaiarsa, 2000, p.119). Dando continuidade ao raciocínio de contágio emocional, pode-se sustentar a permissão de intercâmbio entre os indivíduos, no entanto, acredita-se que a transferência emocional (ou “estado de espírito”, se preferirem) se propaga no sentido da mais expressiva para a mais passiva (ou menos expressiva). Assim, como, postula-se que em algumas pessoas essa transferência faz-se mais facial ou rapidamente, visto que tal indivíduo se apresentaria mais susceptível por possuir uma sensibilidade inata capaz de tornar o seu sistema autônomo mais excitável (sistema marcador de emoções)30. (Sullins, 1999, p.337). Do emocional, o psicofisiologista Jonh Cacioppo, acredita que tais interações passem a se tornarem visíveis ou palpáveis no físico...imitação da mímica facial do outro, gestos e outros movimentos físicos diversos..., e estes também refletem o nível de interação, este tipo de análise é muito apreciado por aqueles que se interessam dita linguagem corporal e comunicação não verbal. O recurso do psicodrama em dinâmicas grupais utiliza técnicas como a do espelho, onde imitando certos comportamentos, possa se tomar consciência de si, visto que segundo o próprio Reich, é imitando ou descrevendo a outra pessoa, que está se mostrando a ela as suas defesas e identificações31.(Gaiarsa, 2000, p.103). E assim se está alterando o bioritmo. Adotando tensões mediante transferências emocionais, modifica-se o tônus muscular, a respiração, enfim todos os 38 sistemas reguladores do bioritmo. La Pierre menciona em seus livros, o que intitula de “diálogo tônico”, o que nada mais é do que este estado de trocas em busca do “acordo tônico”, estado fusional que reflete a mesma sintonia, semelhante a comunicação mãe e bebê, quando esta é satisfatória32. ( La Pierre, s/d). Então, a tal convivência forçada ditada pelo controle social mencionada inicialmente, não é meramente fruto de um pacto forjado para obter a adaptação, há fatores inerentes a ele, estes além de mais lógicos, são bem mais convincentes... 3.3.2 O consenso, a coesão e o conflito O professor pode preparar o grupo para a diferença, o imprevisível, o acaso. Desmistificar a associação do inesperado ao ameaçador ou maléfico, transmitir a idéia de que o acaso, (assim como o diferente) é transformador, e tem a função de desintegrar o sistema, mas de também reintegrá-lo, e por vezes, em uma forma melhor. A coesão de um grupo é diretamente proporcional à valência (ou o grau de atração) do grupo para cada um dos seus participantes. O valor que se atribui ao grupo decorre das características do próprio grupo (objetivos, atividades...) ou da necessidade de que se sente de pertencer a tal grupo, seja por que ele nos dá segurança ou gratifica de alguma forma. Torna-se mais atraente o grupo, quando sentimos que somos bem recebidos, que há mais cooperação do que competição entre os participantes, e que a interação é intensa. Do mesmo modo, a valência do grupo pode diminuir, se ele deixar de atender às nossas necessidades (por alterações ocorridas no âmbito pessoal ou no grupo), quando tal relação deixa de ser satisfatória, brechas para discórdias ou interferências no consenso anteriormente existente, dá-se origem ao conflito. Tal conflito, de uma forma ou de outra, vai reorganizar o grupo. Podem criar subgrupos dissidentes que tendem a separar-se do grupo original, assim como estes podem ou não destruir a organização mais ampla, dependendo serem ou não incompatíveis os objetivos que norteiam uns e outros. Em termos de adaptação ao grupo, pode-se visualizar o fenômeno da aceitação-rejeição. Decorrente sobretudo deste controle social. Caberá ao professor, 39 favorecer este processo, flexibilizando as normas grupais, mas para tal, primeiramente, deverá trabalhar em causa própria. Para criar a sintonia emocional com outro grupo ou pessoa, exige-se antes de tudo, o desenvolvimento do auto-controle e empatia.. essas competências sociais são eficazes para se tornarem o suporte necessário para criar a sincronia entre aprendente-ensinante. 3.3.3 O significado da inclusão/exclusão grupal. Saber lidar com as discordâncias para que estas não cresçam e prejudique a execução de um conteúdo ou trabalho que seja, consiste em utilizar a competência da empatia a fim de poder externar críticas construtivas, criar uma atmosfera onde a diversidade seja fonte enriquecedora para construção de novos saberes e não de discórdia. A flexibilidade do ensinante a lidar com tais questões deve refletir a ideologia do compartilhamento, da liderança não dominadora, onde o mesmo deve encarar a discórdia como fator de crescimento, quando contornado em bem estar comum a todos os membros deste mini grupo social. Então chegamos a um ponto crucial. Todo cuidado é pouco ao lidar com um grupo social, visto que desta interação poderá, conforme o mesmo for sendo direcionado, se obter resultados dos mais adversos surpreendentes e extremos. A atenção ao grupo, observando a natureza dos conflitos existentes (o benefício ou não do mesmo) e a postura desenvolvida ao motivar e emitir críticas. Os problemas de desempenho ou convívio num grupo, não surgem de repente. O educador como ser humano está sempre propondo seus valores, a comunicação entre ele e o educando portanto, não se limita a transmissão de conhecimento ou técnicas, (ainda que existam exceções, tal comportamento frio e impessoal retornaria ao lugar) da empatia/antipatia; seu comportamento transmite sinais subliminares da sua compreensão e visão de mundo, e mesmo que não seja utilizada a linguagem fônica, estará carregado de significações. Por isso frisamos tanto a importância de aspectos do contágio emocional. A empatia é alimentada pelo auto-conhecimento, é a base de muitas facetas e julgamentos morais. Significa “entrar no sentimento”, do grego empáthca, 40 inicialmente traduzida em inglês, e se refere a capacidade de perceber a subjetividade de outra pessoa, sentir o que o outro está sentindo, o que difere de simpatia, o que significa sentir junto. A importância deste mergulho profundo no outro faz-se porque as emoções raramente são postas em palavras, o corpo também pode entrar em desacordo com o que ele pensa e diz, no entanto, o professor que amplia sua sintonia com o aluno, poderá perceber “microdicas” que orientem a sua conduta como mediador deste no aprendizado. E para Rogers, é a partir daí que poderá tornar este aprendizado significante, não para fazer o aluno acumular informações simplesmente, mas de reorganizar toda sua vida, onde o professor irá deixá-lo “livre”. 3.4 A relevância deste percurso didático para o curso de fisioterapia. A didática é a ciência que pesquisa e experimenta novas técnicas de ensino, e tem como objetivo primordial, orientá-lo. A relevância do uso de dinâmicas de grupo, sobretudo nos cursos de Fisioterapia, inicialmente, tem como alicerce, alguns princípios da própria educação do adulto (ou dita processo andragógico): 1. O adulto aprende para aplicação imediata às atividades, executa para resolver problemas, e não simplesmente para acumular saberes de utilidade eventual futura; 2. Seu ritmo de aprendizado requer uma metodologia participativa, com uma linguagem direta e experiências concretas; 3. através do processo de aprendizagem, torna-se cada vez mais apto a se autodirigirem; 4. O adulto aprende estabelecendo conexões entre os conhecimentos adquiridos e suas experiências profissionais; 5. Sempre se cobra quanto ao seu desempenho no processo ensinoaprendizagem, (permite a estratégia de auto-avaliação); 6. Sua motivação se liga às expectativas de melhoria na carreira profissional e reconhecimento social; 41 Visto que o Fisioterapeuta futuramente fará parte de uma equipe de multiprofissionais, e o uso de tal recurso, que permitem a adoção de técnicas que favorecem a socialização, o trabalho em equipe, entre outras possibilidades, apenas por esse fato já atribuem benefícios ao ensino acadêmico que visa aproximação do exercício profissional, cada vez mais precocemente. Tal recurso favorece a criatividade, o que será de suprema importância para o futuro profissional de Fisioterapeuta para que este seja autêntico perante a eleição de uma enormidade de técnicas e abordagens com as quais desenvolverá o seu programa terapêutico, e deste dependerá a obtenção ou não do êxito. Uma vez que trabalha com o público (e outros profissionais, a experimentação do contato com outro, assim como diferentes pontos de vista, o libertará de preconceitos e esteriótipos, promovendo a análise crítica, a solidariedade, favorecendo a empatia através de viabilizar excelente treino em comunicação (em todos seus aspectos). Anteriormente , já fora mencionada a importância do conhecimento da técnica de dramatização para este estudo, uma vez que esta pode relacionar-se com as disciplinas que envolvem processos decisórios ;(usuais na prática Fisioterápica), desenvolvem a segurança dos educandos, através de uma pré prática do ensino real (simulada). A dramatização informal está penetrando rapidamente em diversos cursos do ensino superior, assim como a Fisioterapia, a medicina, odontologia (entre outras) são favorecidas através da análise dos indivíduos, perante o diagnóstico, tratamento e o exame clínico simulados em companheiros, ampliando o prisma de áreas que lidam com problemas humanos e sociais. O estudo de casos, iguala-se à dramatização, no âmbito de levar o aluno à compreensão de fatos que correspondem a uma determinada situação ao desenvolvimento de juízos de realidade e de valor, a partir da discussão de casos verídicos ou não, mas que têm sempre compromisso com o real, muitas vezes, tais casos não têm solução certa, serão analisadas as vantagens e desvantagens para a decisão (aliás como ocorre na vida real). Enfim, em dinâmicas de grupos não ocorre a competição interpessoal que frusta o derrotado, mas a disputa grupal que se apóia numa solidariedade de microunidade. Essas técnicas, além de motivadoras, contribuem para desinibição, 42 coerente avaliação dos progressos, fixação dos conhecimentos adquiridos, e principalmente, o fortalecimento da personalidade do envolvido. 43 CONCLUSÃO Há que se restaurar o convívio social, há que se restaurar a qualidade deste convívio social. Uma grande teia social, no mundo virtual, tem menor significado do que um único fio que conduz a um contato harmonioso com poucos. A caminhada humana está muito mareada pela competição de uns contra os outros. Os homens precisam descobrir que a dialética de sua história não é de competição, mas a do encontro. E não há melhor território para iniciar essa restauração, do que o próprio convívio dentro da sala de aula. A microdinâmica deste grupo social está inserida nos “constructos” da macrodinâmica global (da sociedade). Wallon nos deixa uma grande lição: “não é na solidão que os processos de desenvolvimento e aprendizagem ocorrerão, mas no encontro dialético com o outro enquanto socius inseparável do eu” (Moreira, 2000,p.30). Pessoas e grupos conscientes precisam ser elementos de transformação, e a mesma só ocorrerá se houver razões para isto, e se os mesmos conseguirem estabelecer uma comunicação clara entre si. O diálogo não se reduz à uma forma de comunicação, consiste numa real exigência existencial, a palavra autêntica não é soli-lóquio, mas sim encontro, intercâmbio, inter-ação, segundo Freire, que em sua pedagogia defendia o desafio de “aprender a dizer a sua palavra”. E é justamente neste sentido, que situa-se a perspectiva do uso da dinâmica de grupos como recurso didático; ele se faz interessante, à medida que 44 proporciona dimensões favoráveis ao desenvolvimento desta, e de outras (inúmeras) possibilidades e potencialidades inerentes ao ser humano. Cada aprendente tem a sua forma de raciocinar, reconhecer as diferenças é parte fundamental do saber pedagógico. O educador deve assumir seu status de “provocador” perante ao grupo. A metodologia escolhida por ela, (assim como os recursos didáticos utilizados), quando bem eleitos, são instrumentos capazes de oferecer experiências valiosas para o desenvolvimento da dinâmica interna de um grupo; ativando concomitantemente a ação interiorizada, à pesquisa intelectual, e favorecer a construção de uma consciência crítica, que possibilita a verdadeira comunicação entre os homens. Do respeito à individualidade, o estímulo à livre expressão, à criticidade, à curiosidade, pode-se vivenciar em conjunto os desafios impostos pela realidade, e atingir a coerência entre o pensar e o agir, contudo permitindo ( ou melhor, revolucionando) o conceito de erro, à busca de soluções para os conflitos. A verdadeira dinâmica de grupos, quando bem implantada oferece o desenvolvimento da vocação fundamental do homem, que é o vivenciar o “nós”. Não há espaços para narcisismos, contudo, faz do educando, o sujeito e não o objeto diante da Educação. Do encontro consigo mesmo, pode lançar-se no caminho da comunhão com o outro ou outros, eu busca da plena unidade humana. “No território do grupo há espaço para o múltiplo e para o singular...há o espaço para o viver”. Desta forma, pode-se sustentar a utopia de que se estará construindo uma sociedade mais humana e fraterna. 45 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. MILITÃO, A e R. Jogos, dinâmicas e vivências grupais: Como desenvolver melhor sua técnica. Rio de Janeiro: Quality mark, 2000.p 2. CORTELLA, M.S. A Ambigua solidão. Folha de São Paulo, p.15, 19 junho 2001. equilíbrio. 3. CORTELLA, M.S. A Ambigua solidão. Folha de São Paulo, p.15, 19 junho 2001. equilíbrio. 4. CORTELLA, M.S. A Ambigua solidão. Folha de São Paulo, p.15, 19 junho 2001. equilíbrio. 5. RENATO RUSSO e BIQUÍNI CAVADÃO. Múmias. Renato Russo (compositor). 6. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.56. 7. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.99. 8. FREIRE, N. Exclusão é reflexo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 02 de setembro 2001. Opinião. P.13. 9. JÚNIOR, H.C. Muito além das cotas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 02 setembro 2001. Opinião.p.13. 10. CARVALHO, I.M. O processo didático. Rio de Janeiro: ED. Fundação Getúlio Vargas, 1969. p.103. 11. GOLEMAN, D. Estado de Espírito. Trad. de Marcos Sanrrita. 75º ed. Rio de Janeiro: Objetiva. P.128. Título original: Interpersonal Synchrony. 12. WERNECK, V.R. A ideologia na educação: Um estudo sobre a interferência da ideologia no processo educativo. Rio de Janeiro: Vozes, 1989, cap.4 (p.77). 13. SCOZ, B.L. A psicopedagogia na versão multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. In: Seminário psicopedagógico do Nordeste, jul. 1969. 46 14. BOSSA, N.M . A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. p.24-39. 15. NÉRICI, I.G. Introdução à didática geral. Rio de Janeiro: Fundo cultural, 1969. p.76. 16. NÉRICI, I.G. Introdução à didática geral. Rio de Janeiro: Fundo cultural, 1969. p.78.. 17. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.51. 18. COUTINHO, M.T.C., MOREIRA, M. Psicologia da educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos. Minas Gerais: Lê, 1999. cap.6 (p,172). 19. MILITÃO, A e R. Jogos, dinâmicas e vivências grupais: Como desenvolver melhor sua técnica. Rio de Janeiro: Quality mark, 2000.p.14-15. 20. ANDREOLA, B.A. Dinâmica de grupo: didática da vida e jogo do futuro. Petrópolis: vozes, 2000. 21. MILITÃO, A e R. Jogos, dinâmicas e vivências grupais: Como desenvolver melhor sua técnica. Rio de Janeiro: Quality mark, 2000.p.22.. 22. ANDREOLA, B.A. Dinâmica de grupo: didática da vida e jogo do futuro. Petrópolis: vozes, 2000, p.15. 23. CASTILHO IN ANTUNES, C. Manual de técnicas: de dinâmicas de grupo, de sensibilização, de ludopedagogia. Petrópolis: Vozes, 1994, p.25. 24. ENGEL, W. Construindo uma Sociedade mais justa. Folha de São Paulo. São Paulo, 9 julho 2001, p.13. 25. GOLEMAN, D. Inteligência emocional: A teoria que redefine o que é ser inteligente. Trad. Marcos Sanrrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. p.20. 26. GOLEMAN, D: Teoria do arrasto. Trad. Marcos Sanrrita. 75ºed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. p.130. Título original : Damentals of Nonverbal / Behavior. 47 27. COUTINHO, M.T.C., MOREIRA, M. Psicologia da educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos. Minas Gerais: Lê, 1999. cap.6 (p,171). 28. SANCHES, CELSO. Aula da disciplina fundamentos biológicos da educação. Curso de Docência do Ensino Superior. UCAM. Rio de Janeiro, 28 setembro. 2001. 29. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.119.. 30. GOLEMAN, D. Estado de Espírito. Trad. de Marcos Sanrrita. 75º ed. Rio de Janeiro: Objetiva. P.337. Título original: Interpersonal Synchrony. 31. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.105.. 32. LAPIERRE, A, AUCOUTURIER, B. A simbologia do movimento: Psicomotricidade e educação. Trd. Márcia Lewis. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. cap.II. 33. SCHWARTZMAN, S. Os grandes temas da Educação. Jornal do Brasil, p.4, 3 jun.2001. Brasil. 34. FRIGOTTO, G., KUENZER, A. [ORG]. Educação e crise do trabalho: Perspectivas de final de século. Petrópolis: Vozes, 1998. 35. MOYSÉS, L. O desafio de saber ensinar. São Paulo: Papirus, 1994. 36. MOREIRA, A. [ORG]. Currículo: Políticas e práticas. São Paulo: Papirus, [199-00] 2ª ed. 37. MOREIRA, A .F., SILVA, T.T. Currículo, cultura e Sociedade. São Paulo: Cortês, 1994. 38. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: ed. Paz, 1996. 39. MACIEL, M. Pobreza e desigualdade. 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Rio de Janeiro: Quality mark, 2000.p 2. CORTELLA, M.S. A Ambigua solidão. Folha de São Paulo, p.15, 19 junho 2001. equilíbrio. 3. CORTELLA, M.S. A Ambigua solidão. Folha de São Paulo, p.15, 19 junho 2001. equilíbrio. 4. CORTELLA, M.S. A Ambigua solidão. Folha de São Paulo, p.15, 19 junho 2001. equilíbrio. 5. RENATO RUSSO e BIQUÍNI CAVADÃO. Múmias. Renato Russo (compositor). 6. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.56. 7. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.99. 8. FREIRE, N. Exclusão é reflexo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 02 de setembro 2001. Opinião. P.13. 9. JÚNIOR, H.C. Muito além das cotas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 02 setembro 2001. Opinião.p.13. 10. CARVALHO, I.M. O processo didático. Rio de Janeiro: ED. Fundação Getúlio Vargas, 1969. p.103. 11. GOLEMAN, D. Estado de Espírito. Trad. de Marcos Sanrrita. 75º ed. Rio de Janeiro: Objetiva. P.128. Título original: Interpersonal Synchrony. 50 12. WERNECK, V.R. A ideologia na educação: Um estudo sobre a interferência da ideologia no processo educativo. Rio de Janeiro: Vozes, 1989, cap.4 (p.77). 13. SCOZ, B.L. A psicopedagogia na versão multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. In: Seminário psicopedagógico do Nordeste, jul. 1969. 14. BOSSA, N.M . A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. p.24-39. 15. NÉRICI, I.G. Introdução à didática geral. Rio de Janeiro: Fundo cultural, 1969. p.76. 16. NÉRICI, I.G. Introdução à didática geral. Rio de Janeiro: Fundo cultural, 1969. p.78.. 17. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.51. 18. COUTINHO, M.T.C., MOREIRA, M. Psicologia da educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos. Minas Gerais: Lê, 1999. cap.6 (p,172). 19. MILITÃO, A e R. Jogos, dinâmicas e vivências grupais: Como desenvolver melhor sua técnica. Rio de Janeiro: Quality mark, 2000.p.14-15. 20. 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Psicologia da educação: Um estudo dos processos psicológicos de desenvolvimento e aprendizagem humanos. Minas Gerais: Lê, 1999. cap.6 (p,171). 28. SANCHES, CELSO. Aula da disciplina fundamentos biológicos da educação. Curso de Docência do Ensino Superior. UCAM. Rio de Janeiro, 28 setembro. 2001. 29. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.119.. 30. GOLEMAN, D. Estado de Espírito. Trad. de Marcos Sanrrita. 75º ed. Rio de Janeiro: Objetiva. P.337. Título original: Interpersonal Synchrony. 31. GAIARSA, J. A. O Olhar. São Paulo: Ed. Médicas, 2000. p.105.. 32. LAPIERRE, A, AUCOUTURIER, B. A simbologia do movimento: Psicomotricidade e educação. Trd. Márcia Lewis. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. cap.II. 52 ANEXOS 1. Controle de estágio; 2. Atividades extra-classe; 53 ÍNDICE Agradecimentos _________________________III Dedicatória _____________________________IV Resumo ________________________________V Metodologia ____________________________VI Sumário ________________________________VII Introdução ______________________________8 Capítulo I O homem, a sociedade e a educação _______________10 1.1 O homem enquanto ser relacional _____________________10 1.2 A Sociedade: Aspectos ou fenômenos contemporâneos ____11 1.3 Aspectos gerais dos determinismos na educação __________14 1.4 A Evolução do conceito de educação ___________________16 Capítulo II A Educação como fato social ________________19 2.1 As finalidades e objetivos educacionais do Ensino Superior_19 2.2 A sala de aula como mini-grupo social__________________21 2.2.1 Vínculos e inter-relações do processo Ensino- aprendizagem_______________________________________21 2.3 A representação dos papeís sociais-________________24 Capítulo III Dinâmicas de grupos: O Ensino socializado para as classes de Fisioterapia______________________27 3.1 O conceito de dinâmica de grupo _____________________27 54 3.1.1 O surgimento das dinâmicas de grupos ______________27 3.1.2 A definição da técnica pedagógica (e alguns de seus exemplos)__________________________________________29 3.2 A definição de ensino socializado _________________31 3.2.1 Professor: líder ou facilitador de um grupo? __________32 3.2.2 Os princípios (ou critérios ) para se tornar um professorfacilitador de um grupo_________________________________33 3.3 As repercussões das dinâmicas de grupos em seus participantes ___________________________34 3.3.1 Teoria do arrasto (contágio emocional) ______________36 3.3.2 O consenso, a coesão, e o conflito __________________38 3.3.3 O significado da inclusão/exclusão grupal ___________39 3.4 A relevância deste recurso didático para o curso de Fisioterapia _________________________40 Conclusão _____________________________43 Bibliografia consultada __________________45 Bibliografia citada ______________________49 Anexos Controle de estágio Atividades extra-classe 55 FOLHA DE AVALIAÇÃO UCAM INSTITUTO DE PESQUISA SOCIOPEDAGÓGICA PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU) DINÂMICAS DE GRUPOS COMO RECURSO DIDÁTICO PARA AS CLASSES DE FISIOTERAPIA (A APROXIMAÇÃO DO ENSINO ACADÊMICO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL) DATA DE ENTREGA: ___________________________ AVALIADO POR:___________________________________ GRAU:_____________________________________________ RIO DE JANEIRO, ______DE _______________DE________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ COORDENADOR DO CURSO