Discurso tomada de posse Ex.mo Senhor Bastonário - Dr. António Marinho e Pinto Exmo. Senhor Presidente do Conselho Superior – Dr. José António Barreiros Ex.mo Senhor Vice-Presidente do Supremo Tribunal de Justiça – Conselheiro Dr. Henriques Gaspar Ex.mo Senhor Presidente do Tribunal da Relação de Coimbra – Dr. António Joaquim Piçarra Ex.mo Senhor Procurador Geral Distrital – Dr. Braga Temido Ex.mo Senhor Representante do Governador Civil do Distrito de Coimbra – Dr. Paulo Valério Exmo. Senhor Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra – Prof. Doutor Santos Justo Exmo. Senhor Presidente do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra Ex.mo Senhor Presidente das Varas Mistas de Coimbra – Dr. Paulo Correia Ex.ma Senhora Presidente do Tribunal do Trabalho de Coimbra – Dr.a Paula Roberto Ex.mo Senhor Director do DIAP de Coimbra Dr. Euclides Dâmaso Ex.mo Senhor Director Nacional Adjunto da Directoria de Coimbra da Polícia Judiciária – Dr. Pedro do Carmo Ex.mo Senhor Sub-Intendente da PSP de Coimbra Ex.ma Senhora Dr.a Domitília Gomes em representação da Autoridade para as Condições do Trabalho Ex.mo Senhor Dr. Victor Pereira Pinto em representação do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público Exma. Senhora Directora Executiva do Observatório da Justiça – Dra. Conceição Gomes Ex.mo Senhor Engº Celestino Quaresma, Ilustre Presidente da Região entro da Ordem dos Engenheiros Ex.mo Senhor Arquitecto Carlos Amaral em representação da Ordem dos Arquitectos Ex.mo Senhor Dr. Paulo Fonseca em representação da Ordem dos Farmacêuticos 2 Ex.mo Senhor Presidente do Conselho Distrital de Évora da O.A. Dr. Carlos D’Almeida Ex.mo Senhor Presidente eleito do Conselho Distrital de Lisboa da O.A. Dr. Carlos Pinto de Abreu Ex.mo Senhor Presidente eleito do Conselho Distrital do Porto da O.A. Dr. Guilherme Figueiredo Ex.mo Senhor Vice-Presidente do Conselho de Deontologia do Porto Ex.mos Senhores Presidentes do CDC Dr.s Francisco Faria, Andrade Porto, Rodrigo Santiago, António Arnaut e José Augusto Ferreira da Silva. Ex.mos Membros do Conselho Geral e do Conselho Superior da OA Ex.mos Membros do Conselho Distrital de Coimbra Ex.mos Membros do Conselho de Deontologia de Coimbra Exmo. Presidente do Centro Distrital de Estágio, Dr. Granja Bento Exmos. Membros da Comissão Distrital de Formação Exmos. Colegas Formadores Ex.mo Senhor Presidente do Conselho de Deontologia Meu Caro Horta Pinto O trabalho que desenvolveu como Presidente do Conselho de Deontologia foi de uma entrega verdadeiramente impressionante constituindo um exemplo de dedicação, isenção, ponderação e adequação quer na aplicação de sanções, quer no arquivamento de participações claramente injustificadas. É um trabalho penoso e desconfortável para todos os membros deste Órgão, mas essencial e imprescindível à dignificação da Advocacia. Os advogados do Distrito Judicial de Coimbra são-lhe devedores de gratidão, não só pela excelência no desempenho do cargo que agora finda, mas por todos os anos longos que, com elevação e empenho, esteve ao serviço da Ordem. Todos continuamos a contar consigo. Ex.mo Senhor Presidente do Conselho de Deontologia de Coimbra Meu Caro Jacob Simões A experiência colhida nos dois últimos mandatos, aliada às capacidades e qualidades que todos reconhecem são garantia de que o mandato agora iniciado, acompanhado de um conjunto de excelentes colegas, irá dar continuidade e reforçar o prestígio alcançado nos anteriores mandatos. 3 Não é fácil o encargo, mas sei que a qualidade dos membros do Conselho de Deontologia de Coimbra e a excelência do seu Presidente irão seguramente contribuir para o prestígio da Ordem dos Advogados Portugueses. Meu Caro Dr. Lucas da Silva, Não posso deixar de lhe manifestar a nossa profunda amizade e gratidão pela renovada confiança que nos deu ao aceitar ser de novo nosso mandatário. Desafio esse que aceitou de imediato, sabendo que iríamos fazer uma campanha eleitoral igual à anterior, com várias deslocações às mais diversas comarcas, mas nunca deixou de nos acompanhar e de provocar o debate nalgumas sessões mais apáticas. Sabemos que continuará a ser a nossa consciência crítica no desempenho do mandato e que nos fiscalizará e alertará sempre que nos desviarmos do caminho. Ana Ferreira, Paula Forjaz e Crespos Couto: a vossa solidariedade, empenho e dedicação ao Conselho Distrital não pode deixar de ser realçada no momento em que cessam funções. Sem a vossa colaboração leal não teria sido possível desenvolver várias das iniciativas e concretizar projectos que nos havíamos proposto. O CDC continua a contar com a vossa participação. Uma palavra de agradecimento para os colegas Delegados e Presidentes de Delegação que se encontram connosco e que se deslocaram de diversas comarcas. A constante e sistemática interacção do CDC com as Delegações e Delegados foi a mais marcante e gratificante de todas as actividades desenvolvidas. Obrigado a todos, pois sei o sacrifício que representa para vós a deslocação a Coimbra em dia de trabalho. Não posso esquecer as funcionárias e funcionário do CDC as quais têm desempenhado um trabalho essencial na melhoria da prestação de serviços e na preparação das diversas iniciativas que foram sendo realizadas, brilhantemente 4 orientadas pela Secretária Geral Dr.a Alexandra Aguiar e Silva, uma das mais competentes funcionárias que a Ordem tem ao seu serviço. Não posso igualmente esquecer os meus colegas de escritório e funcionárias, pois que, só com o seu sacrifício, a sua solidariedade e o seu incentivo me foi possível desempenhar o mandato que findou e iniciar um novo mandato. Estoulhes profundamente grato. Eduarda, Alexandra e Pedro, A vossa solidariedade e apoio têm sido de uma abnegação inexcedível. Não tem sido fácil, mas sei que estão dispostos a mais este sacrifício, prescindindo da minha presença que queria assídua. Renovo aqui a promessa anteriormente feita de vos compensar no futuro. Obrigado a todos os colegas que se quiseram associar a este evento. Esperamos ser merecedores da Vossa confiança. Ex.mo Senhor Bastonário Ex.mos Convidados Caras e caros colegas Minhas Senhoras e Meus Senhores Foi uma honra e um privilégio ter sido Presidente do CDC. É uma honra e um privilégio continuar a exercer essas funções pela renovada confiança que os colegas do Distrito Judicial de Coimbra em mim e nos colegas que me acompanham depositaram. Espero continuar a ser merecedor dessa confiança para que possa com renovada energia continuar a desempenhar as exigentes funções que este cargo comporta. É, igualmente, muito honroso ser, pela primeira vez na história da Ordem dos Advogados Portugueses, o CDC o primeiro a tomar posse. O trabalho do CDC é de todos conhecido, pelo que não vou aqui e agora fazer qualquer relatório ou prestar contas do mandato que findou. 5 Não posso contudo deixar de referir a concretização de 3 objectivos que reputávamos de fundamentais e pensamos ter conseguido alcançar O primeiro consistia no aprofundamento qualitativo, quantitativo e descentralizado da formação, não só no estágio, mas igualmente na formação contínua, a todos destinada. E muitas iniciativas de formação foram promovidas e realizadas por diversas delegações e agrupamentos de delegações, com qualidade e muita adesão por parte dos colegas. O segundo visava dar forma jurídica, nos termos estatutários, aos agrupamentos de delegações já instalados de facto, delegando neles diversas competências e incentivando a realização de iniciativas de formação, a participação empenhada nas reuniões com o CDC e a presença activa nas convenções das delegações. Por fim, conseguir que o CDC reforçasse o seu prestigio junto do CG, através da presença constante nas suas reuniões e da sua participação activa, frontal, leal e solidária, com apresentação de propostas concretas e de intervenções construtivas. Obviamente que este objectivo só poderia ser conseguido se o Bastonário Rogério Alves tivesse confiado em nós e fê-lo reconhecendo no CDC e no seu Presidente um parceiro útil, leal e solidário. Nem sempre conseguimos convencer o CG a subscrever as nossas posições mas nem por isso deixamos de ser escutados e de suscitar o debate vivo e participado. Senhor Bastonário, Tenho dito e redito, nas mais variadas circunstâncias, que um dos principais atributos da advocacia advém-lhe da sua dimensão social ao serviço do cidadão. A Advocacia constitui, por isso, um instrumento essencial para o exercício efectivo da cidadania, nomeadamente na vertente do acesso ao direito e à justiça. Para tal, a todos e a cada um dos advogados se exige que seja livre, independente, competente e corajoso. 6 Só uma advocacia forte potencia uma cidadania activa e esclarecida. Temos, por isso, lutado, no âmbito das competências atribuídas ao Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados (CDCOA), por uma Ordem forte e prestigiada de Advogados livres e independentes. V.a Ex.a Senhor Bastonário poderá contar com a colaboração institucional empenhada e leal do CDC, contribuindo com as nossas ideias e opiniões de forma frontal, como é nossa postura e foi a dos nossos antecessores. A circunstância feliz de ter podido reforçar uma equipa de colegas de elevado prestígio e competência dá garantia de que iremos manter o trabalho esforçado em todos os sectores de actividade do CDC. Todos acederam à primeira solicitação e todos manifestaram uma firme e inquebrantável vontade de trabalhar em prol da Ordem e dos Advogados ao serviço dos cidadãos. Tem por isso V.a Ex.a um conjunto de colegas dispostos a colaborar solidariamente com o CG em todos os assuntos para os quais entenda necessário o seu contributo. Ex.mo Senhor Bastonário Caras e Caros Colegas Minhas Senhoras e Meus Senhores Nunca exerci qualquer outra profissão, não tenho militância partidária e nunca trabalhei para a administração pública, sempre fiz advocacia em exclusivo ao serviço dos cidadãos e das empresas que demandam os meus serviços. Não tenho, por isso, outro interesse que não seja o reconhecimento do prestígio da minha própria profissão – a advocacia. É minha profunda convicção que o prestígio da advocacia se funda necessariamente em três vectores fundamentais: i) independência e liberdade, ii) competência e rigor na defesa dos legítimos interesses dos nossos constituintes ou patrocinados, e no iii) cumprimento das regras deontológicas. O momento histórico e o contexto sociológico que vivemos tem vindo a afectar de forma significativa o exercício da advocacia e por via disso o exercício esclarecido e consciente da cidadania. 7 Urge, por isso, fazer publicidade positiva da advocacia, transmitindo aos cidadãos que os advogados desempenham uma função social relevante. A advocacia portuguesa tem qualidade, é independente e está ao serviço do direito e da justiça, sendo indispensável na sua boa administração. É assim necessário e imprescindível, em toda e qualquer situação em que se discutam interesses com relevância jurídica, seja qual for o local e a sua natureza, a presença do advogado, porque só este detém a competência técnica para contribuir de forma elucidativa na formação esclarecida da vontade, seja no sentido de contratar, de transigir, de denunciar, de renunciar, enfim, de uma qualquer manifestação de vontade com influência na esfera jurídica do cidadão ou das empresas. Temos, por isso, sido contundentemente críticos dos meios alternativos de resolução de conflitos, bem como dos genéricos jurídicos disponibilizados em balcões do estado, porque dispensam a presença e o conselho avisado e esclarecedor dos advogados, prestando por isso um péssimo serviços aos cidadãos, susceptível de lesar os seus interesses mais relevantes. A justiça de balcão não é seguramente própria de um estado em que o primado do direito conforma e informa a vida jurídica dos cidadãos. A OA tem por isso um papel relevante a desempenhar nestas reformas. Preocupa-nos igualmente a reforma do mapa judiciário, pelas gravosas consequências que vai inevitavelmente trazer no acesso ao direito a aos tribunais por parte dos cidadãos. Também aí a Ordem tem um papel relevantíssimo a desempenhar, a benefício da cidadania. A recente reforma da Lei do acesso ao direito e aos tribunais necessita de ser urgentemente renegociada com o Ministério da Justiça. É uma reforma que poderá tornar-se a breve prazo na antecâmara do defensor público, com as inerentes limitações na sua liberdade e independência, assim se funcionalizando uma das mais gratificantes e honrosas missões da advocacia, 8 servir os mais necessitados com o empenho e zelo que só o advogado livre e independente sabe colocar ao serviço daqueles. Denunciamos, desde o início, com frontalidade e veemência a demagógica redução do período de férias judiciais. Esta reforma, não tendo melhorado coisa alguma, teve o efeito negativo de retirar aos advogados o direito ao descanso. Todos os restantes profissionais do foro têm, naturalmente, o seu período de gozo de férias, mas os advogados têm de continuar a trabalhar, sem que o sistema colha algum benefício desse seu labor. Defendemos, desde a primeira hora, que a solução estaria na suspensão dos prazos, nos processos não urgentes, durante o período que medeia entre 15 de Julho e 15 de Setembro. É óbvio que, neste período, por necessidade de gerir as férias de magistrados e funcionários, os tribunais trabalham ao mesmo ritmo que trabalhavam antes da reforma. Sabemos que o Senhor Bastonário partilha agora desta mesma visão, circunstância que facilitará a recuperação pelos advogados do seu direito natural ao gozo de férias. Também a situação dos menores em risco deve ter uma atenção redobrada por parte da Ordem. As Comissões são integradas por advogados que gratuitamente (são, aliás, os únicos profissionais nessas condições) prestam a sua colaboração com abnegação, mas há que dar mais operacionalidade e eficácia à sua intervenção, a benefício das próprias Comissões e dos menores. A intervenção da Ordem nesta sensível actividade é de extrema importância, a qualidade e excelência do futuro começa na forma como se tratam os jovens hoje e agora. A situação que se vive, ainda, nalgumas prisões não é própria de um estado em que a dignidade da pessoa humana é o seu primeiro desígnio. 9 Também aqui a Ordem continua a ter um papel relevante a desempenhar, designadamente através da sua Comissão dos Direitos Humanos, a qual neste e noutros assuntos tem vindo a prestigiar a essência da advocacia. O CDC, preocupado com a situação dos detidos, instalou há alguns anos, ainda no mandato do Presidente José Augusto Ferreira da Silva um Gabinete de Consulta Jurídica no Estabelecimento Prisional de Coimbra e mais recentemente um outro gabinete na cadeia regional, nos quais os advogados prestam consulta de forma gratuita. Estamos, igualmente, apreensivos com as tensões que se vivem no mundo judiciário. Todos os operadores judiciários têm o mesmo desiderato – servir os cidadãos – pelo que é minha profunda convicção que só com lealdade, solidariedade e respeito mútuo se pode servir a justiça e transmitir aos cidadãos a necessária confiança no sistema judicial. É certo que existem alguns, poucos, comportamentos patológicos, quer na judicatura, quer no ministério público, quer nos advogados, quer nos funcionários judiciais, mas entendo que tais comportamentos devem ser denunciados às respectivas entidades tutelares e não resolvidos em praça pública. O CDC tem denunciado com frontalidade e sem quaisquer receios esses comportamentos às respectivas entidades tutelares, com efeitos positivos. Creio que só deste modo se pode vir a estabelecer uma convivência sã tão necessária ao bom e eficiente funcionamento do sistema judicial. Tenho dito que se instalou um sistema depressivo com altas tensões no meio judiciário e que urge afastar as nuvens que pairam sobre todos nós. Tenho dito que a boa administração da justiça e a sua repercussão no cidadão e nas empresas dependem do bom relacionamento entre todos os operadores judiciários, com lealdade e sentido de missão no respeito pelas competências de cada um. 10 Há, pois, que encontrar meios de descongestionamento das relações entre os profissionais do foro para que o sistema judicial recupere a credibilidade e a autoridade de que carece. Este é um imperativo de cidadania. Senhor Bastonário, O CDC está, isto é, continua empenhado, fortemente empenhado, em trabalhar com vista ao prestígio da advocacia, proporcionando uma cada vez melhor formação, uma maior e mais profícua interligação com as suas Delegações, uma natural disponibilidade para discutir as reformas necessárias, enfim, para colaborar na permanente construção de uma Ordem dos Advogados Portugueses cada vez mais forte e mais respeitada. Disse.